Credores voltam a adiar decisão sobre futuro da Dielmar
Assembleia de credores da Dielmar decidiu voltar a suspender os trabalhos até 10 de novembro. Em cima da mesa continuam duas propostas para reabilitar a empresa, mas com novos valores e condições.
Os credores da Dielmar decidiram esta terça-feira voltar a adiar a decisão final sobre o futuro da histórica empresa de vestuário de Alcains, no concelho de Castelo Branco, que se apresentou à insolvência no final de julho.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa, Marisa Tavares, adiantou ao ECO que os trabalhos foram suspensos até ao dia 10 de novembro “para os credores conseguirem analisar as duas propostas que estão em cima de mesa, de forma a avaliar se existem condições para avançar com alguma delas”.
Segundo a dirigente sindical, são ainda as mesmas propostas que já constavam do relatório entregue pelo administrador de insolvência, no início de outubro, no Tribunal do Fundão. “Uma das propostas é da Outfit 21, outra é em nome individual. Esta última empresa ainda não está criada, mas [o seu representante] disse na assembleia de credores ter dinheiro próprio para avançar com 10 milhões de euros”.
E terá sido esta proposta que “inverteu completamente o caminho” na assembleia dos credores que tinha sido anunciada como decisiva, depois de a reunião já ter sido suspensa a 6 de outubro. “O proponente [Cláudio Nunes] disse que tem capitais próprios para investir. Numa fase inicial deposita dois milhões e depois mais oito milhões de euros [aquando da tramitação legal]. Os credores vão ter de analisar esta proposta também e tentar ver se há ou não condições para avançar com alguma delas”, detalhou Marisa Tavares.
De acordo com a Lusa, a proposta da leiriense Outfit 21 também sofreu algumas alterações em relação à que tinha sido levada à última assembleia de credores. Ainda condicionada a uma resposta de financiamento da banca, desceu a oferta inicial de 670 mil para 410 mil euros, sendo que neste valor está incluído o pagamento dos salários de outubro aos trabalhadores.
Com impasse da venda, salários de outubro continuam em risco
O futuro da Dielmar voltou a ser adiado e, por isso, os mais de 240 colaboradores continuam sem ter a garantia de receber o ordenado deste mês. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa alerta que a decisão dos credores de adiar a assembleia “coloca em causa o pagamento dos salários do mês de outubro”.
Perante o impasse sobre o futuro da empresa e a falta de liquidez já assumida pelo gestor judicial, João Maurício Gonçalves, Marisa Tavares adianta ao ECO que vai voltar a “exigir ao Ministério da Economia um mecanismo que salvaguarde o pagamento dos salários”.
“Se existem estes interregnos e limitações durante todo o processo, têm de ser tomadas as medidas para que os trabalhadores não fiquem prejudicados. Se chegarmos a 10 de novembro e nenhuma das propostas for viabilizada pelos credores, os trabalhadores vão ficar com salários em atraso? Não pode ser. Tem de ser encontrado um mecanismo por parte do Ministério da Economia para que os trabalhadores recebam o vencimento de outubro”, pressiona Marisa Tavares.
Estado a “arder” com oito milhões de euros
No relatório que deu entrada no Tribunal do Fundão dia 1 de outubro, o gestor judicial sugeriu o fecho da Dielmar ou o adiamento da reunião de credores face ao “teor muito condicionado” das duas manifestações de interesse.
A reunião de credores que estava agendada para 6 de outubro acabou por ser suspensa até esta terça-feira com o objetivo de dar mais tempo para encontrarem uma solução viável para o futuro da histórica empresa de vestuário de Alcains, no concelho de Castelo Branco.
O administrador de insolvência, João Maurício Gonçalves, já tinha dito no final de setembro, que a venda da empresa de confeções Dielmar com a totalidade dos postos de trabalho era a melhor solução para a viabilização da companhia têxtil.
O anúncio de insolvência da Dielmar foi publicado no final de julho após quebras nas vendas devido à pandemia. Até março, a empresa liderada por Ana Paula Rafael faturou pouco mais de 700 mil euros, quando no ano anterior tinha registado um volume de negócios da ordem dos cinco milhões de euros.
A Dielmar era uma das maiores empregadoras da região da Beira Baixa e deixou uma dívida ao Estado de oito milhões de euros, à banca de cerca de seis milhões e ainda 2,5 milhões a fornecedores e 1,7 milhões à Segurança Social. O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse mesmo que o dinheiro público não serve para salvar empresários” e reconheceu que “se calhar” o Estado não vai recuperar o montante que tinha concedido à empresa.
(Notícia atualizada às 18h28 com mais informação)
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