Presidente dos CTT vê “boas notícias” nas escolhas do Governo para a futura concessão
As opções tomadas pelo Governo para a futura concessão do serviço postal acompanham reivindicações dos CTT. Há "compromisso" do Executivo para fechar o dossiê antes do fim do ano, diz João Bento.
O presidente executivo dos CTT disse esta sexta-feira que as decisões tomadas pelo Governo no âmbito da futura concessão do serviço postal universal são “boas notícias” para a empresa, destacando o facto de o Executivo passar a definir os critérios de qualidade, ao invés da Anacom, como acontecia até aqui.
Numa conferência telefónica com investidores, João Bento afirmou também que, apesar da dissolução da Assembleia da República e da queda do Governo, depois do chumbo do Orçamento do Estado para 2021, existe “um compromisso” da parte do Executivo para que o dossiê da nova concessão seja encerrado ainda antes do fim do ano, para o contrato entrar em vigor a 1 de janeiro de 2022.
“Esta semana foi conhecido e tornado público um novo passo para um contrato de concessão mais sustentável”, reiterou o gestor, salientando a “convergência” entre os CTT e o Governo nesta matéria e a “disponibilidade” do Executivo para aceder às reivindicações que eram feitas pela companhia.
De recordar que os CTT tinham ameaçado que não aceitariam prestar o serviço postal universal a partir de 2022 se os critérios de qualidade definidos pela Anacom se mantivessem os mesmos, e se não fosse encontrado um novo equilíbrio para uma maior “sustentabilidade financeira”.
Na quarta-feira, o ECO avançou que o Governo decidiu tirar à Anacom a competência de definir os indicadores de qualidade do serviço postal universal, cujos atuais, definidos pelo regulador, a empresa dizia serem “impossíveis” de cumprir. Fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação disse que o Governo “entendeu” que essa competência “devia ser sua”, sem adiantar qualquer justificação para essa opção.
Aos analistas e investidores, um dia depois de apresentar resultados, João Bento assinalou que também vai ser mudada a consequência para a empresa caso falhe os indicadores de qualidade na futura concessão. “O mecanismo vai ser por compensação de novas obrigações de investimento, em vez de penalizações de preço”, disse o presidente executivo. Até aqui, se os CTT falhassem os indicadores — como têm vindo a falhar sucessivamente –, a empresa era obrigada a baixar o preço do correio que é cobrado aos clientes.
São, por isso, “boas notícias” e “um passo muito importante” para o futuro dos CTT como empresa concessionária do serviço postal universal. Novos preços vão entrar em vigor já no início do próximo ano, que serão propostos pelos CTT, analisados depois pela Anacom, e, por último, fixados pelo Governo, explicou o executivo.
Nota para o facto de o Conselho de Ministros ter entendido que nenhuma outra empresa teria capacidade para prestar este serviço, pelo que decidiu que o mesmo deverá ser atribuído aos CTT por “ajuste direto”. Será agora definida o que a empresa disse ser um “comité de negociação” e, depois, os CTT serão “convidados” a apresentar uma proposta.
“Peak season” não assusta os CTT
O período de maior volume de encomendas está ao virar da esquina e têm surgido alertas de que, este ano, haverá escassez de produtos devido ao estrangulamento da cadeia de abastecimento e escassez de chips, matérias-primas e contentores.
Apesar deste cenário, o presidente dos CTT está “confiante” no que toca à chamada “peak season“, o período em que a empresa tem de processar e distribuir um volume de encomendas bastante superior ao normal.
Aos analistas, João Bento explicou que a companhia tem agora a capacidade de fazer melhores previsões sobre o volume de encomendas. “Temos a confiança de que o [segmento de] Expresso e Encomendas vai continuar a crescer”, afirmou.
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