Nestlé paga bónus a produtores de cacau que mantenham filhos na escola
O objetivo da companhia é combater o trabalho infantil nas plantações de cacau. Famílias podem receber até CHF 500 (cerca de 480 euros) por ano, durante os primeiros dois anos do programa.
A Nestlé vai começar a pagar um incentivo monetário às famílias produtoras de cacau que optem por manter os seus filhos na escola, em vez de os colocarem a cuidar das colheitas. A iniciativa faz parte do programa “Income Accelerator”, que pretende melhorar os meios de subsistência dos produtores de cacau da cadeia de abastecimento da Nestlé e das suas famílias, ao mesmo tempo que permite avançar nas práticas de agricultura regenerativa e na igualdade de género.
“O nosso objetivo é ter um impacto adicional tangível e positivo no número crescente de famílias produtoras de cacau, sobretudo em regiões em que a pobreza é comum e os recursos são escassos, e ajudar a mitigar o défice do rendimento de subsistência que enfrentam”, começa por explicar Mark Schneider, CEO da Nestlé.
“Com o reforço dos nossos esforços para obtermos cacau de forma sustentável, iremos continuar a ajudar as crianças a irem para a escola, a capacitar as mulheres, a melhorar os métodos de produção e a facilitar os recursos financeiros”, acrescenta, citado em comunicado.
Será pago um incentivo monetário diretamente às famílias produtoras de cacau por determinadas atividades, tais como a colocação das crianças na escola e a implementação de boas práticas agrícolas. Ao implementarem estas práticas, as famílias podem receber até CHF 500 (cerca de 480 euros) por ano, durante os primeiros dois anos do programa. O incentivo será depois ajustado a um montante de CHF 250 (cerca de 240 euros) quando o programa apresentar resultados tangíveis.
O apoio monetário “não é pago consoante o volume de cacau vendido” e “inclui os produtores mais pequenos nos apoios que dá, não deixando ninguém para trás”, detalha a Nestlé.
Além disso, o programa também oferece incentivos financeiros às mulheres dos agricultores, que costumam ser responsáveis por despesas da casa e cuidar das crianças. “Ao dividir os pagamentos entre o agricultor e a sua esposa, o programa ajuda a capacitar as mulheres e a criar mais igualdade de género.”
Expandir a todas as famílias produtoras até 2030
Ao reforçar os resultados positivos de um programa-piloto de 2020 com mil produtores na Costa do Marfim, em 2022 a Nestlé irá implementar um programa de teste considerável com dez mil famílias no país, antes de alargá-lo ao Gana, em 2024.
“Depois disso, iremos analisar os resultados dessa fase de teste e adaptar o que for necessário, antes de expandirmos a todas as famílias produtoras de cacau na cadeia de abastecimento de cacau global da Nestlé até 2030”, garante a companhia suíça.
À medida que a Nestlé continua a aumentar os seus esforços ligados à sustentabilidade do cacau, a empresa planeia investir um total de CHF 1,3 mil milhões até 2030, mais do que triplicando o seu atual investimento anual.
As comunidades produtoras de cacau enfrentam grandes desafios, incluindo pobreza rural generalizada, aumento dos riscos climáticos e falta de acesso a serviços financeiros e infraestruturas básicas, como a água, cuidados de saúde e educação. Estes fatores contribuem para o risco de trabalho infantil em plantações familiares.
Em conjunto com os seus parceiros, incluindo governos, e reforçando este programa-piloto promissor, a nova iniciativa da Nestlé promete ajudar a lidar com estas causas de trabalho infantil. Através de um sistema de monitorização e resolução robusto, implementado desde 2012, a empresa já ajudou ou protegeu do risco de trabalho infantil 149.443 crianças e construiu ou remodelou 53 escolas.
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