Cerca de 40% das mulheres sentem-se stressadas ou exaustas diariamente no trabalho

Embora o valor tenha diminuído comparativamente aos 45% relatados no pico da pandemia, continua a ser superior aos 32% registados no período pré-pandemia.

A pandemia da Covid-19 surgiu que nem um tsunami, e a onda gigante abalou o progresso que se vinha a fazer na igualdade de género. As desigualdades entre homens e mulheres agravaram-se, levando ao retrocesso do papel da mulher nas empresas e à deterioração do seu bem-estar. Quase 40% das mulheres sentem-se stressadas ou exaustas diariamente, um valor superior aos 32% registados no período pré-pandemia, revela o ManpowerGroup no estudo “What Women Want (At Work)”.

“A saúde mental foi sem dúvida um dos mais importantes desafios que a pandemia trouxe. O isolamento causado pelos sucessivos confinamentos, a falta de contacto físico e de momentos de interação humana têm impacto a longo prazo no bem-estar das pessoas”, refere Rui Teixeira, chief operations officer do ManpowerGroup Portugal.

Ao mesmo tempo, os dados mostram que as mulheres, em específico, foram as que se viram sob uma maior pressão, e, apesar do alívio das restrições e do arranque de uma nova normalidade, os impactos ainda se fazem sentir.

“O foco que os líderes das organizações tinham em fazer progredir a equidade de género no pré-pandemia, não deverá desvanecer. Para assegurar um ambiente de trabalho igualitário e promotor do desenvolvimento de cada colaborador, os empregadores devem ser cada vez mais explícitos sobre o seu crescente dever de proteção e promoção do bem-estar social, fazendo da equidade de género uma das suas prioridades”, defende.

A análise do grupo especializado em recursos humanos revela que 39% das mulheres ainda se sentem stressadas ou exaustas diariamente, valor que traduz, no entanto, uma melhoria do nível de esgotamento em relação ao relatado no pico da pandemia, quando 45% das mulheres afirmavam sentir se mal psicologicamente no trabalho.

Não obstante, a percentagem é ainda superior à verificada no período prévio à pandemia, quando 32% das profissionais declaravam sentir-se desta forma.

Dar apoio

Os dados mostram que as mulheres têm saído da força de trabalho a um ritmo alarmante, criando uma necessidade urgente de os empregadores compreenderem melhor o que as mulheres procuram no trabalho para prosperar. Apoio de managers e equipas é o fator mais valorizado (80%) pelas mulheres em contexto laboral, seguindo-se oportunidades de evolução na carreira (70%).

Também a autonomia e flexibilidade são apontadas por 49% das profissionais, tal como o tempo de desconexão remunerado e apoio à saúde mental, preferência de 33% das inquiridas.

Do lado das empresas, 68% diz ter como foco a implementação de políticas de trabalho flexíveis, valor igual ao das que pretendem criar uma cultura inclusiva e modelos de patrocínio interno, isto é, uma estrutura de apoio dentro da própria empresa que promova e apoie a progressão de carreira das mulheres. São igualmente referidas a inclusão da equidade de género nos objetivos da liderança (67%), a mentoria/coaching (66%) e as ações de formação (66%).

Em matéria de benefícios, as profissionais priorizam os benefícios de saúde — que incluem a licença de maternidade e apoio em questões de fertilidade –, uma cultura aberta ao tema da saúde mental e do bem-estar — que contempla tempo de desconexão remunerado e ferramentas de apoio ao bem-estar emocional –, benefícios físicos/nutricionais e subsídios de suporte ao cuidado familiar, tanto no apoio a idosos como nos cuidados infantis.

Guia para apoiar as mulheres no trabalho

Para esbater desigualdades e criar uma proposta de valor única, o estudo partilha cinco passos que as empresas devem adotar para promoverem o bem-estar e o progresso das profissionais em contexto laboral.

Primeiramente, a estratégia deve passar pelo apoio às mulheres no equilíbrio entre o trabalho e as responsabilidades domésticas, o que pode ser conseguido, por exemplo, com a adoção de horários de trabalho flexíveis, sugere o ManpowerGroup.

Como segundo ponto, deve privilegiar-se o desempenho, independentemente da presença física no escritório, mas também contribuir para a progressão das mulheres para funções de liderança, apostando em funções de alto crescimento e oferecendo apoio à progressão na carreira.

Como últimos passos, a companhia sugere-se a criação de uma cultura inclusiva, bem como o assumir de responsabilidade, por parte das lideranças, sobre paridade de género, fazendo com que a mudança comece no topo.

O estudo “What Women Want (At Work)”, desenvolvido pelo ManpowerGroup, inquiriu 5.000 trabalhadores em cinco países (Austrália, França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos da América).

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