Altri quer eliminar combustíveis fósseis, usar metade da água e cortar emissões em 60%
A empresa está a desenvolver o projeto Caima do Go Green, aprovado para a unidade de Constância, que vai permitir a independência de combustíveis fósseis a partir de 2024/2025.
Produzir uma tonelada de pasta de papel não é propriamente a atividade menos poluente do mundo. Em 2018, entre emissões diretas e indiretas de emissões de gases com efeitos de estufa, a Altri dava conta de 484 kg de CO2 equivalente, valor que, em 2020, desceu para 360 kg de CO2 por tonelada de polpa, e que a empresa quer reduzir para 268 kg até 2030.
No que diz respeito à energia primária consumida pela empresa, já hoje 91% é de origem renovável. “Aproveitamos todas as partes da madeira que não são próprias para fazer pasta e utilizamos para produzir energia. Até 2030 queríamos ser completamente independentes de combustíveis fósseis”, diz ao ECO a diretora Executiva de Sustentabilidade, Risco e Comunicação da Altri.
Para isso a empresa está já a desenvolver o projeto Caima do Go Green, aprovado para a unidade de Constância, que vai permitir a independência de combustíveis fósseis a partir de 2024/2025. “É um projeto grande. Temos, um investimento aprovado de cerca de 40 milhões de euros para instalar uma nova caldeira a biomassa na nossa fábrica em Constância, que vai substituir uma outra muito antiga. Vai ser a primeira fábrica na Europa a ser completamente livre de combustíveis fósseis. Esse é o nosso grande projeto neste momento”, remata Sofia Reis Jorge.
E se a redução de emissões poluentes e de combustíveis fósseis é importante, o gasto de água não fica atrás. Neste momento, em média para as três fábricas, a Altri está a gastar 20 metros cúbicos de água para produzir uma tonelada de pasta de papel.
Até 2030 o valor tem de descer para metade. Como? “Com as várias medidas internas que temos vindo a implementar e também com o investimento na unidade de tratamentos de águas residuais da fábrica da Figueira da Foz, que nos vai permitir uma reutilização da água residual no nosso processo”, garante.
A responsável lembra que nos anos 90 do século XX, ainda ninguém falava de medidas de redução do uso da água e neste setor já havia valores de uso de água extremamente baixos. “A Celbi, a unidade da Figueira da Foz, é um exemplo a nível mundial em termos de uso específico de água. Já está nos 15 metros cúbicos por cada tonelada”.
Na Biotek, em Vila Velha de Rodão, a Altri trata as águas do efluente da fábrica e cerca de 20% é reutilizado de novo no processo, o que permite captar menos água do rio e manter o gasto nos 20 m3 por tonelada. Na Europa, os valores dos concorrentes da Altri oscilam entre os 22 e os 32 metros cúbicos, bastante superiores tendo em conta que se trata de recurso escasso.
Outros objetivos da empresa passam por uma redução de 60% nas emissões poluentes de âmbito 1 e 2 até ao final da década e de 30% nas emissões de âmbito 3, as mais difíceis de combater porque dependem da cadeia de fornecimento.
“Vamos dar início a um projeto de sensibilização junto dos nossos parceiros, principalmente dos prestadores de serviços no setor dos transportes pesados de mercadorias, que é o que está mais longe da descarbonização. A frota nacional precisa de muito investimento, nomeadamente no transporte de madeira. Além de consumirem combustíveis fósseis, os camiões não têm o melhor desempenho, são antigos. Vai ser um osso duro de roer, mas estamos a começar”, garantiu ao ECO Sofia Reis Jorge.
A diretora executiva de Sustentabilidade, Risco e Comunicação da Altri dá o exemplo de um projeto, em parceira com a Luís Simões, em que passaram a transportar a pasta de papel num percurso de 20 quilómetros, até ao porto da Figueira da Foz, em camiões de 40 toneladas, o que permitiu duplicar a carga. “Eram menos camiões na estrada e menos emissões”, explicou.
Na parte florestal, a Altri está a recorrer a uma frota de máquinas híbridas. “Não se consegue mudar de um dia para o outro. Isto vai obrigar os nossos prestadores de serviços a modernizarem as suas frotas e a investirem. Vamos exercer uma grande pressão e induzir todos esses comportamentos em quem trabalha connosco”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Altri quer eliminar combustíveis fósseis, usar metade da água e cortar emissões em 60%
{{ noCommentsLabel }}