Portugueses são dos mais preocupados com uso de armas nucleares e terceira guerra mundial

  • Lusa
  • 8:55

Estudo de opinião realizado pelo Conselho Europeu das Relações Externas em 12 países mostra que "é o medo crescente de um conflito nuclear que capta mais claramente a nova ansiedade europeia”.

Os inquiridos portugueses foram os que demonstraram, num estudo de opinião realizado em 12 países europeus, ter mais receio sobre o uso de armas nucleares, uma eventual terceira guerra mundial e uma guerra europeia além da Ucrânia.

“A maioria dos europeus está a acordar para a realidade de que vive num mundo muito diferente. Embora o receio de um ataque russo ao território da NATO seja menos generalizado do que alguns analistas sugerem – embora seja sentido com intensidade em certos Estados fronteiriços, como a Polónia, a Estónia e a Roménia, bem como em Portugal – é o medo crescente de um conflito nuclear que capta mais claramente a nova ansiedade europeia”, indica o Conselho Europeu das Relações Externas (ECFR, na sigla inglesa) num estudo publicado esta segunda-feira.

Um dia antes do início da cimeira de dois dias da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa, o ECFR divulga um estudo de opinião que abrange 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.

Questionados sobre se estariam preocupados com potenciais acontecimentos, os inquiridos portugueses indicaram ter maior preocupação relativamente ao uso de armas nucleares (85%), a uma terceira guerra mundial (82%) e a uma guerra ainda maior em solo europeu além da Ucrânia (77%). Foram as percentagens mais altas entre os países ouvidos.

Em sentido inverso, os questionados portugueses demonstraram-se menos preocupados sobre uma eventual invasão russa do país (54%) e o desmembramento da União Europeia (UE) ou da NATO (65% e 66%, respetivamente).

Os inquiridos portugueses (que foram 1.010, ouvidos entre 16 e 28 de maio) também disseram estar mais inquietos que o Estado invista demasiado em defesa e descure outras políticas ou que não invista o suficiente e isso ponha em causa a segurança do país.

Quando ao Presidente norte-americano, Donald Trump, a maioria dos questionados em Portugal (54%) considera que o republicado afetou a relação entre a Europa e os Estados Unidos, mas tal ligação melhorará quando ele sair.

Os 12 países selecionados pelo ECFR para este estudo de opinião têm por base critérios como equilíbrio geográfico e a dimensão.

Os aliados da NATO reúnem-se na terça-feira e quarta-feira em cimeira na cidade holandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior.

Esta reunião de líderes e de ministros da NATO servirá para debater os acontecimentos mundiais e o seu impacto na segurança euro-atlântica, com os aliados a preparem-se para a guerra sem esperar que realmente ocorra.

Fala-se de uma meta de atingir 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) com gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.

Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.

Na passada quarta-feira, Mark Rutte saudou este anúncio português, afirmando que esta é “uma ótima notícia”, que chegou ainda antes do arranque da cimeira.

Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar – abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.

Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.

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Teerão ameaça alvos norte-americanos no Médio Oriente. EUA pedem “vigilância redobrada” aos cidadãos em todo o mundo

  • Lusa
  • 8:35

Porta-voz das forças armadas iranianas antecipa "operações poderosas e orientadas". Departamento de Estado aconselha cidadãos norte-americanos de todo o mundo a "exercerem vigilância redobrada".

O Irão voltou esta segunda-feira a ameaçar os Estados Unidos da América com uma ação militar em resposta ao ataque norte-americano sem precedentes contra as instalações nucleares iranianas.

O porta-voz das Forças Armadas iranianas, Ebrahim Zolfaghari disse que o “ato hostil” dos Estados Unidos vai alargar o âmbito dos alvos legítimos do Irão, provocando o prolongamento da guerra na região do Médio Oriente.

“Os combatentes do Islão vão infligir consequências pesadas e imprevisíveis através de operações poderosas e orientadas”, acrescentou o mesmo porta-voz numa mensagem difundida pela televisão estatal iraniana.

Anteriormente, um conselheiro do ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, afirmou que os Estados Unidos já não têm lugar no Médio Oriente e que devem esperar “consequências irreparáveis” na sequência do ataque de sábado à noite.

Ali Akbar Velayati, citado pela agência oficial Irna, avisou que as bases militares utilizadas pelas forças norte-americanas para lançar ataques contra as instalações nucleares iranianas podem vir a ser consideradas “alvos legítimos”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou Teerão a pôr fim ao conflito após o ataque surpresa realizado no sábado à noite com bombardeiros estratégicos B-2.

Os ataques visaram uma instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, bem como instalações em Isfahan e Natanz, onde a extensão dos danos ainda não foi avaliada.

Os acontecimentos do fim de semana aumentaram os receios de um encerramento do Estreito de Ormuz, ao largo da costa do Irão, por onde é transportado quase 20% do petróleo mundial. Esta segunda-feira, os preços do petróleo subiram quase 6%.

EUA pedem “vigilância redobrada” aos cidadãos em todo o mundo

As autoridades norte-americanas pediram aos seus cidadãos “vigilância redobrada” em todo o mundo, após os seus bombardeamentos contra instalações nucleares iranianas, que podem levar a retaliações do regime da República Islâmica.

Num aviso divulgado na noite de domingo nos Estados Unidos (madrugada de hoje em Lisboa), o Departamento de Estado “aconselha os cidadãos norte-americanos de todo o mundo a exercerem vigilância redobrada”.

A diplomacia de Washington aponta, em concreto, “o potencial para protestos contra cidadãos e interesses norte-americanos no estrangeiro”.

O aviso refere que o conflito lançado por Israel, em 13 de junho, contra o Irão resultou em interrupções nas viagens e no encerramento temporário do espaço aéreo em todo o Médio Oriente, e aconselha os seus cidadãos a que tenham “mais cautela”.

No domingo, os Estados Unidos ordenaram a retirada de famílias e funcionários não essenciais da sua embaixada em Beirute, “devido ao clima volátil e imprevisível na região”, segundo um comunicado da sua representação na capital libanesa.

Washington mantém também um alerta oficial desaconselhando todas as viagens para o Líbano, onde o grupo xiita Hezbollah, aliado de Teerão, condenou o ataque “bárbaro e traiçoeiro” norte-americano contra instalações nucleares iranianas, advertindo que pode arrastar a região e o mundo inteiro para uma “espiral desconhecida”, a menos que haja “ação internacional de dissuasão”.

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Hoje nas notícias: auditoria, contas públicas e hidrogénio

  • ECO
  • 8:06

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A partir de 2027, a PwC deverá substituir a EY como auditora da CGD, enquanto o Santander contratou uma auditora fora das big four. A redução do IRS e o reforço da despesa militar vão pesar 1,7 mil milhões de euros nas contas públicas. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta segunda-feira.

Mudanças na auditoria aos bancos: Caixa quer PwC, Santander contrata BDO

Desde que Paulo Macedo passou a liderar a Caixa Geral de Depósitos em 2017, a auditora responsável pela certificação das contas do banco público tem sido a Ernst & Young. Mas, como as regras dos revisores oficiais de contas impedem uma sociedade de estar mais de 10 anos naquelas funções na mesma empresa, a EY só poderá estar em funções até 2027, ano a partir do qual Paulo Macedo já propôs ao Governo selecionar a PwC para auditora. A PwC, por outro lado, está de saída do Santander, que já selecionou uma nova sociedade revisora oficial de contas para 2026 e 2027: a BDO, a quinta maior empresa mundial no mundo da auditoria.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Novas medidas do Governo pressionam contas em 0,6% do PIB

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, garante que “o país vai ter um excedente orçamental, a menos que aconteça algo absolutamente inesperado, quase ao nível de uma pandemia”. A estimativa do Governo aponta para um excedente de 0,3% do PIB em 2025, mas a descida do IRS em 500 milhões de euros e o reforço do investimento militar para cumprir a meta da NATO já este ano vão pressionar as contas públicas em 0,6% do PIB, cerca de 1,7 mil milhões de euros. A “tábua de salvação” pode ser uma receita extra proveniente de dividendos inesperados do Novobanco.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Projeto de 2,8 mil milhões no hidrogénio arranca em Sines em 2029

O projeto MadoquaPower2X, que visa a produção de hidrogénio renovável (H2) e de amoníaco renovável (NH3), deverá arrancar a produção em 2029, num investimento total de 2,8 mil milhões de euros. O promotor — um consórcio formado pelos portugueses da Madoqua Renewables, os neerlandeses da Power2X e os dinamarqueses da Copenhagen Infrastructure Partners (CIP) — planeia iniciar a construção no início de 2027 para estar concluída no final desse ano. Depois, ao longo de 2028, o projeto estará em fase de comissionamento.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Corrida da banca às garantias do Banco de Fomento para a exportação

O Banco de Fomento enviou 37 mil garantias pré-aprovadas a micro, pequenas e médias empresas, tendo sido descarregadas pelos bancos comerciais quase 200 mil no espaço de apenas 48 horas. Esta tática já tinha sido utilizada para acelerar a execução do BPF Invest EU e agora repete-se com a chegada do BFP Export, uma linha de 2,1 mil milhões de euros, numa primeira fase, com que Portugal procurou dar resposta aos impactos das tarifas anunciadas por Donald Trump.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso indisponível)

Disparam na Segurança Social pedidos para controlar reformas

Desde o início do ano, foram emitidas mais de 375 mil declarações pela Segurança Social com detalhes da carreira contributiva, isto é, com os valores descontados pelos trabalhadores, por mês ou por ano, e por entidade entidade patronal. A Declaração de Extrato da Carreira Contributiva passou a poder ser obtida online, permitindo não só a consulta mas também a impressão de todos os descontos, bem como a entrega do próprio pedido de revisão no caso de o beneficiário detetar falhas de informação. Esta informação é essencial, por exemplo, para a atribuição de prestações sociais ou a fixação do valor da pensão.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

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Clara Moura Guedes: “Acho que na liderança é preciso um pouco de loucura”

  • ECO
  • 8:00

De uma multinacional de cosmética ao mundo agropecuário: o percurso improvável de Clara Moura Guedes, CEO do Monte do Pasto.

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Quando Clara Moura Guedes chegou ao Monte do Pasto, em 2014, encontrou uma empresa agropecuária em profunda crise, com uma dívida de milhões de euros e uma história recente de instabilidade. Onze anos depois, a realidade do Monte do Pasto é outra: a empresa fatura milhões e exporta 90% da sua produção. O caminho não foi linear, e a forma como Clara Moura Guedes lidera revela muito sobre o seu percurso e sobre a visão que tem para o futuro.

Licenciada em Administração e Gestão de Empresas, Clara Moura Guedes nunca planeou entrar no setor agrícola. No podcast E Se Corre Bem?, assume que o seu percurso foi feito de desafios inesperados. “Acho que é difícil planear uma vida profissional e as coisas vão acontecendo. Pelo menos comigo foi assim. E os desafios foram surgindo — e eu gosto de desafios”, afirma.

Clara Moura Guedes, CEO da Monte do Pasto é a 35ª convidada do podcast E Se Corre Bem?

Começou por trabalhar na área financeira, mas não se identificou. “Fiquei traumatizada”, conta com humor. Pouco depois, entrou na L’Oréal, onde passou seis anos e ascendeu rapidamente.

Ao longo da conversa, Clara Moura Guedes reflete sobre a instabilidade que hoje marca os percursos profissionais, principalmente entre os mais jovens. “Estava a fazer recrutamento e impressiona-me ver currículos com um ano aqui, dois anos ali. Há pouco retorno nas funções. Acho que os portugueses são mal pagos.” Ainda assim, acredita que é possível criar contextos em que as pessoas se sintam motivadas — e é isso que procura fazer no Monte do Pasto.

"Acho que as mulheres têm um tipo de liderança um bocadinho diferente. Mais intuitiva, com alguma sensibilidade e mais emocional”

Clara Moura Guedes, CEO do Monte do Pasto

Clara Moura Guedes acredita que a gestão faz mais diferença do que o produto. “Quando estava na L’Oréal achava que os produtos eram tudo. Hoje não. Acho que a gestão é que muda uma empresa.” Por isso, assim que chegou, tomou uma decisão simbólica, mas importante: mudou o nome da empresa ao fim de 15 dias. “Achei que mudar o nome marcava uma nova etapa e era esse o meu objetivo.”

Sobre o seu estilo de liderança, diz preferir correr riscos a ficar paralisada. “Acho que na liderança é preciso um pouco de loucura e, sobretudo, estar disposto a correr riscos. Senão, além de não ter graça nenhuma, também será difícil conseguir alguma coisa.”

Enquanto mulher num setor ainda muito masculino, Clara Moura Guedes nota diferenças no estilo de liderança. “Acho que as mulheres têm um tipo de liderança um bocadinho diferente. Mais intuitiva, com alguma sensibilidade e mais emocional.” E considera que ainda faltam mulheres em cargos de decisão.

Quanto ao futuro, Clara Moura Guedes quer aumentar a implantação geográfica da empresa e diversificar os produtos. “Estamos a lançar uma gama de charcutaria de carne bovina, não de porco, que acreditamos que vai ter um potencial enorme nos nossos mercados de exportação.

E se algo não correr como previsto? “Tenta-se ir para outro caminho.”

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, na qual Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

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Portugal vai pedir empréstimos europeus a condições favoráveis para reforçar defesa

  • Lusa
  • 7:49

Tal como Polónia, França, Lituânia, Estónia, Roménia, Bulgária, Eslováquia, Grécia e Letónia, também Portugal já manifestou "forte interesse" em recorrer ao pacote de empréstimos SAFE.

Portugal e nove outros países da União Europeia (UE) já manifestaram à Comissão Europeia interesse em recorrer ao programa europeu de 150 mil milhões de euros em empréstimos a condições favoráveis para reforço da defesa.

A informação foi avançada à agência Lusa por fontes europeias, que indicaram que Portugal — assim como Polónia, França, Lituânia, Estónia, Roménia, Bulgária, Eslováquia, Grécia e Letónia — já manifestaram “forte interesse” em obter tais empréstimos.

As mesmas fontes salientaram que ainda não houve uma formalização, dado que o prazo para tal acontecer é final de julho, e que ainda não existem envelopes de alocação.

Em entrevista à agência Lusa publicada no fim de semana, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, admitiu que o Governo poderia recorrer ao programa e defendeu aquisições conjuntas na UE, nomeadamente para venda de um avião militar produzido em Portugal.

“É possível que […] se recorra ao SAFE, embora as condições de financiamento do SAFE, neste momento, não sejam particularmente mais favoráveis do que as condições de financiamento da República [portuguesa], mas estamos a analisar todas as alternativas que existem”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento.

A poucos dias da cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) – marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em segurança -, o governante apontou também que “há um avião militar que é produzido em Portugal e o [Ministério da] Defesa está, neste momento, a desenvolver acordos com outros países para a compra desse avião”.

A ideia seria não só que Portugal beneficiasse destes empréstimos comunitários (iniciativa designada como SAFE), mas que também fizesse parte de projetos europeus, podendo ainda vender equipamentos produzidos no país.

“O que o Ministério da Defesa está a fazer […] é a estabelecer protocolos com outros países para que esses países possam adquirir este avião que é produzido maioritariamente em Portugal”, assinalou Joaquim Miranda Sarmento na entrevista à Lusa.

O ministro das Finanças aludia ao KC-390, um avião bimotor produzido com componentes feitas em Évora e da empresa brasileira Embraer.

É um avião de transporte militar multifacetado para uso tático e logístico, que por ter alcance intercontinental pode ser usado em operações militares, designadamente da NATO.

No final de maio, o Conselho da UE adotou este pacote de 150 mil milhões de euros em empréstimos a condições favoráveis para compras conjuntas que reforcem a defesa comunitária, que os países podem solicitar a Bruxelas até final do ano.

Previsto está que este pacote de empréstimos, designado como SAFE, facilite compras conjuntas de material militar entre os Estados-membros e seja financiado através de dívida conjunta emitida pela UE e depois transferida sob a forma de créditos aos Estados-membros que os solicitarem.

Este novo instrumento europeu de crédito em circunstâncias extraordinárias é uma das medidas do plano de 800 mil milhões de euros para defesa na UE.

Ainda englobado nesse plano europeu estão 650 mil milhões de euros em espaço orçamental que os países podem ter para investir em defesa, após a ativação da cláusula nacional de salvaguarda das regras orçamentais da UE que permite excluir até 1,5% do PIB em gastos militares dos limites do défice. Lisboa já teve ‘luz verde’ de Bruxelas para o fazer.

Os 32 aliados da NATO reúnem-se na terça e quarta-feira em cimeira na cidade holandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 23 de junho

  • ECO
  • 7:36

Ao longo desta segunda-feira, 23 de junho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Pedido dos EUA para estacionar 12 aviões reabastecedores nas Lajes seguiu “procedimento habitual”

  • Lusa
  • 7:33

Ministério da Defesa refere que aviões que se encontram nos Açores são "aviões de reabastecimento aéreo", não se tratando de meios aéreos ofensivos. Pedido americano chegou na quarta-feira.

O Ministério da Defesa Nacional confirmou a presença de 12 aviões reabastecedores dos EUA na Base das Lajes, nos Açores, indicando que o pedido das autoridades norte-americanas foi feito na quarta-feira e que se tratou de um “procedimento habitual”.

Na sexta-feira, a Lusa tinha constatado que estavam na Base das Lajes, nos Açores, 12 aviões reabastecedores da Força Aérea norte-americana, mas fontes do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (EUA) não quiseram comentar se a presença destas aeronaves estava relacionada com a situação no Médio Oriente.

Esta presença levou a pedidos de esclarecimentos ao Governo por parte de vários partidos, nomeadamente PS, Bloco de Esquerda, PCP e Livre.

Em comunicado, o Ministério da Defesa Nacional veio hoje à noite confirmar a presença dos aparelhos aéreos, indicando que “no passado dia 18 de junho, [quarta-feira] os EUA solicitaram, através de nota diplomática, autorização para 12 aviões reabastecedores utilizarem a Base das Lajes, a qual foi concedida”.

“Nessa notificação, é referido que a missão das aeronaves é apoiar a Força Naval norte-americana no Atlântico”, acrescenta o ministério na mesma nota informativa.

A tutela liderada por Nuno Melo assegura que “este é um procedimento habitual” e sublinha que “ao abrigo do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA a utilização da Base das Lajes para o estacionamento ou trânsito de aviões militares está sujeito a autorização prévia do Estado português” e que o país “concede autorizações específicas, trimestrais ou permanentes de sobrevoo e aterragem, não apenas aos EUA, mas a muito outros países”.

Com base nestas autorizações, “o estacionamento de aeronaves militares é normalmente notificado com 72 horas de antecedência ou com antecedência mais curta, devido à imprevisibilidade de algumas missões”, explica o ministério.

O Ministério da Defesa Nacional refere ainda que os aviões que se encontram nos Açores são “aviões de reabastecimento aéreo”, não se tratando de meios aéreos ofensivos.

O Governo esclarece ainda que “não passam meios de combate norte-americanos pela Base das Lajes há mais de um mês” e que para além deste pedido, emitido, “pelas vias regulares e adequadas, não houve mais nenhum contacto por parte das autoridades dos EUA”.

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PME portuguesas têm dificuldade em ganhar dimensão. Só 3,4% subiram de escalão em cinco anos

Apenas 28% das empresas conseguiram crescer de forma consecutiva num período de três anos. Estudo da Associação BRP e Informa DB identifica 396 empresas com elevado potencial.

O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, sublinhou no debate do Programa de Governo a necessidade de “as pequenas empresas se tornarem médias empresas e as médias empresas se tornarem grandes empresas”. Um estudo divulgado pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP), revela que o tecido empresarial tem grande dificuldade em ganhar dimensão. Há, ainda assim, 396 empresas com potencial para dar o salto.

Só 3,4% das empresas conseguiram passar de micro a pequenas, de pequenas a médias e de médias a grandes entre 2019 e 2023, de acordo com o estudo “Ganhar dimensão para ser grande: O caso das empresas Adolescentes e Jovens Adultas”, elaborado pela Informa DB para a BRP. Tirando 0,7% que perderam dimensão, as restantes mantiveram-se no mesmo escalão de volume de negócios.

A percentagem mais baixa de empresas que saltou de escalão ocorre nas micro empresas (2,9%), mas é também muito reduzida nas pequenas (10,6%) e nas médias (9,5%). Nas pequenas, a percentagem das que naquele período de cinco anos baixaram de escalão é até ligeiramente mais elevada (11%) do que as que subiram.

O estudo classifica como “micro” as empresas com faturação até 2 milhões de euros, como “pequenas” as que têm um volume de negócios entre 2 e 10 milhões, como “médias” as que faturam entre 10 e 50 milhões e como “grandes” as que têm receitas acima de 50 milhões de euros.

O tecido empresarial português é composto quase na totalidade por microempresas e por pequenas e médias empresas (PME). Além disso, são muito poucas as que conseguem fazer crescer de forma consistente o volume de negócios ou subir de escalão de dimensão.

Associação BRP

“O tecido empresarial português é composto quase na totalidade por microempresas e por pequenas e médias empresas (PME). Além disso, são muito poucas as que conseguem fazer crescer de forma consistente o volume de negócios ou subir de escalão de dimensão”, assinala a BRP em comunicado.

Segundo o estudo, só 1,3% das 380 mil empresas portuguesas conseguiu crescer de forma consecutiva o volume de negócios nos últimos 10 anos, percentagem que sobe para 6,8% num período de cinco anos e 28% a 3 anos. Mesmo considerando apenas os anos de 2022 e 2023, nem metade (43%) conseguiu crescer as receitas de forma consecutiva.

A falta de crescimento do negócio reflete-se no emprego. Só 0,9% das empresas aumentaram a sua força de trabalho de forma consecutiva num período de cinco anos, 3,1% no espaço de três anos e 7,9% em 2 anos.

396 empresas com potencial para impulsionar o crescimento

A análise da Informa DB identificou 396 empresas que escapam ao retrato mais geral e têm “elevado potencial para impulsionar o crescimento económico” do país. Um universo constituído por empresas com entre 30 e 150 milhões de euros de volume de negócios, controlo nacional do capital, que não operam no setor imobiliário e revelam solidez financeira.

Designadas como “Empresas Adolescentes e Jovens Adultas”, geram um volume de negócios de 22 mil milhões de euros, empregam 94 mil trabalhadores e exportam 4,6 mil milhões de euros. As 396 empresas repartem-se entre 191 “Jovens Adultas” e 205 “Adolescentes”. O número destas últimas cresceu 42,4% face ao estudo realizado o ano passado, o que é explicado pela eliminação de um critério e o facto da edição anterior considerar o período de 2018 a 2022, onde “os impactos negativos da pandemia ainda estavam fortemente refletidos nos resultados de muitas empresas”.

Apesar da juventude implícita na designação, aquelas empresas têm, em média, entre 30 e 35 anos. “Mostra que são, em geral, empresas com uma longa história e que agora estão aptas para o seu próximo salto de desenvolvimento”. Dedicam-se sobretudo à indústria, atividades grossistas e retalho e estão localizadas de forma esmagadora nos distritos do litoral. Mais de um terço (36%) têm gestão familiar.

As Empresas Adolescentes e Jovens Adultas distinguem-se também por terem uma taxa de crescimento médio das receitas entre 2019 e 2023 (9,3%) superior ao conjunto do tecido empresarial (7,1%) e registarem uma rentabilidade dos capitais próprios mais elevada (15,6%). Mais de metade são exportadoras (57%), muito acima dos 11% do tecido empresarial nacional, e apresentaram um crescimento da produtividade de 8%, “o mais elevado entre todos os segmentos”.

O estudo identifica ainda um subgrupo de 63 empresas, com uma taxa de variação média do volume de negócios de 28,4%, que segundo o BRP podem “liderar a próxima geração de grandes empresas portuguesas”.

“Portugal precisa de mais empresas de grande dimensão. Apoiar PME com elevado potencial é essencial para aumentar a produtividade, a riqueza e os salários”, afirma o presidente da BRP, Carlos Moreira da Silva, citado em comunicado. A Associação vai contactar as 396 empresas identificadas para convidar os gestores a participarem no seu programa de Apadrinhamento, que os coloca em contacto com CEO das 43 empresas e grupos empresariais que integram a BRP, com o propósito de os ajudar a ultrapassar obstáculos e identificar novas vias de crescimento.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 7:05

INE revela dados dos preços das casas e indicadores da conjuntura e o Banco de Portugal divulga endividamento do setor não financeiro. Há ainda reunião de Conselho de Ministros.

A semana arranca com uma forte subida no preço dos combustíveis. O INE divulga dados sobre os preços das casas e os indicadores de conjuntura, enquanto o Banco de Portugal publica informação sobre o endividamento do setor não financeiro. Destaque ainda para a reunião do Conselho de Ministros.

Como evoluíram os preços das casas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar o índice dos preços da habitação relativos ao primeiro trimestre deste ano. No terceiro trimestre de 2024, o índice de preços da habitação registou o maior aumento em praticamente dois anos, uma vez que teve um acréscimo homólogo de 9,8%, dois pontos percentuais acima dos três meses anteriores, perfazendo o aumento de preços mais expressivo desde o quarto trimestre de 2022.

INE mede o pulso à economia

Também esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga os indicadores da conjuntura relativos a maio. No primeiro trimestre do ano, o crescimento da economia desacelerou para 1,6% face a igual período do ano passado.

Reunião de Conselho de Ministros

O Conselho de ministros vai reunir esta segunda-feira de manhã para debater o tema das migrações, que tem ocupado grande parte do discurso político no início desta nova legislatura. Segundo avançou o Expresso, o Governo vai alterar o regime que permite a cidadãos brasileiros e timorenses que entrem em Portugal como turistas, e, por isso, sem necessidade de visto, poderem pedir uma autorização de residência no país.

Banco de Portugal divulga endividamento do setor não financeiro

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar os dados sobre o endividamento do setor não financeiro, que inclui a dívida do Estado, das empresas e das famílias, relativamente a abril. Em março, o endividamento dos particulares teve um aumento de 1,1 mil milhões de euros, o que se traduziu num crescimento homólogo de 4,83%, o maior desde junho de 2019.

Combustíveis mais caros esta semana

Os preços dos combustíveis vão ficar mais caros esta semana. O gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá subir oito cêntimos e a gasolina deverá ter um agravamento de três cêntimos. Quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,615 euros por litro de gasóleo simples e 1,723 euros por litro de gasolina simples 95. O Governo afasta, para já, medidas para baixar preço da gasolina.

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“Estamos demasiado focados na exportação, mas essa é só a primeira fase da internacionalização”

Católica e Câmara do Comércio e Indústria apontam para outubro a terceira edição do programa de formação desenhado para acelerar a internacionalização das empresas portuguesas.

As empresas portuguesas estão “demasiado focadas na exportação”, mas essa é apenas “a primeira fase da internacionalização”. Quem o diz é Margarida Ramalho, diretora do programa criado pela Universidade Católica e pela Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa para apoiar as companhias nacionais a acelerar a sua presença além-fronteiras. A terceira edição está a ser preparada para arrancar em outubro.

“O valor efetivo é captado quando a empresa começa a avançar e a ter presença direta nos mercados estratégicos. Entrar nesses mercados, não tem de ser por investimento direto. Pode ser através de parcerias, alianças ou licenciamentos. Há várias alternativas que não são exploradas pelas empresas portuguesas“, sublinha a responsável, em conversa com o ECO.

E esse leque de opções é um dos pilares do programa de entrada na Academia CEO Future Ready, que pretende ajudar empresários, CEO e membros dos conselhos de administração na internacionalização das empresas que lideram.

O programa, explica Margarida Ramalho, consiste em cinco dias, durante os quais são explorados vários temas: além do já referido, os desafios da globalização e das cadeias de valor globais, a complementaridade e colaboração no seio das organizações, a governança e uma visão mais ampla da inovação (não só ao nível do produto, mas também nos processos e práticas de gestão).

O programa de formação serve para fazer uma reflexão estratégia. Abrimos o apetite. As pessoas têm de sair do curso a dizer que só sabem que não sabem nada

Margarida Ramalho

diretora executiva da Católica International Business Platform

“O programa serve para fazer uma reflexão estratégia. Abrimos o apetite. As pessoas têm de sair do curso a dizer que só sabem que não sabem nada“, realça a diretora, que detalha que é promovida uma lógica de aprendizagem ativa e cocriação. Ou seja, a ideia é que os próprios participantes partilhem entre si experiências, aprendendo e debatendo entre si.

“Neste âmbito, estamos também a fazer uma pool de casos. O primeiro será publicado em setembro, que é o caso da Sumol+Compal em Moçambique, uma experiência de investimento direto, porque o CEO e o chair estiveram disponíveis para aprender com os erros. Nos primeiros cinco anos, tudo correu mal e ajustaram-se”, conta Margarida Ramalho.

Depois de uma edição no verão do ano passado e outra no final de 2024, a Católica (através da Católica International Business Platform) e a Câmara de Comércio estão agora a preparar uma nova edição, que arrancará a 30 de outubro e será dirigida tanto a empresas maiores (que queiram acelerar a sua internacionalização), como mais pequenas (que queiram passar da exportação à efetiva internacionalização).

As empresas não podem ficar à espera que o contexto seja mais favorável. Têm de captar as suas oportunidades.

Margarida Ramalho

Diretora executiva da Católica International Business Platform e responsável deste curso

Damos prioridade às empresas familiares portuguesas, porque raras são as que, quando crescem, não vendem a capital estrangeiro. Isso dói-nos a alma”, acrescenta a diretora, em conversa com o ECO.

Depois de fazerem este programa (que decorre presencialmente e implica um investimento de quase três mil euros), os formandos tornam-se membros da Academia CEO Future Ready, uma comunidade de líderes empresariais. Já fazem parte 25 empresas, de acordo com Margarida Ramalho, que deixa ainda um recado, num momento marcado por instabilidade a nível internacional: “as empresas não podem ficar à espera que o contexto seja mais favorável. Têm de captar as suas oportunidades”.

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IA torna papel do contabilista e auditor “menos burocrático e mais estratégico”

A IA faz hoje parte da contabilidade e da auditoria, libertando os profissionais de tarefas rotineiras e tornando o seu papel mais estratégico. Mas não se pode confiar “cegamente” nesta tecnologia.

A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar em todas as áreas, transformando a sociedade e a forma como se trabalha. Uma revolução que os contabilistas certificados e os auditores já estão a viver, mesmo sem darem conta. De acordo com os especialistas ouvidos pelo EContas, já faz parte do dia-a-dia destes profissionais, sobretudo entre as empresas de maior dimensão, tornando o seu papel menos burocrático e mais analítico e estratégico, abrindo a porta à oferta de serviços mais personalizados e, dessa forma, a melhores honorários.

“A IA está a transformar de forma profunda praticamente todas as profissões, sendo que a área da contabilidade não é exceção”, afirma Hélio Silva, consultor da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), realçando que, “volvida sensivelmente uma década desde a revolução que o e-fatura operou na profissão”, levando os softwares de contabilidade a começarem a automatizar tarefas rotineiras, “a IA vem redefinir as competências exigidas e o valor estratégico que os contabilistas certificados podem oferecer aos seus clientes e demais stakeholders”.

Na revisão oficial de contas, esta revolução também já está em curso. “A IA já está a mudar a nossa profissão. Durante muito tempo, olhámos para a IA como algo longínquo, quase um conceito de ficção científica”, diz Virgílio Macedo, bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Hoje, “essa visão já não corresponde à realidade. A IA entrou na nossa rotina profissional e está a transformar a forma como analisamos dados, como avaliamos riscos, como organizamos as equipas e até a forma como nos relacionamos com os clientes”.

É neste cenário que muitos profissionais no setor da contabilidade e auditoria procuram “integrar a IA nos seus processos para melhorar a eficiência, a análise de dados e o apoio à decisão”, ao mesmo tempo que reduzem os erros, nota, por sua vez, Ana Ribeiro, Senior Sales Director da Sage Iberia. “Trata-se de uma mudança que revela não só resiliência do nosso tecido empresarial, mas também um posicionamento estratégico de adaptação e inovação, mesmo perante desafios económicos e operacionais”, acrescenta.

"A IA já está a mudar a nossa profissão. Durante muito tempo, olhámos para a IA como algo longínquo, quase um conceito de ficção científica. Hoje, essa visão já não corresponde à realidade. A IA entrou na nossa rotina profissional e está a transformar a forma como analisamos dados, como avaliamos riscos, como organizamos as equipas e até a forma como nos relacionamos com os clientes.”

Virgílio Macedo

Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas

Esta tecnologia permite, hoje, a “automatização de tarefas repetitivas e recorrentes” antes realizadas pelos contabilistas, sendo que “todos os documentos fiscalmente relevantes possuem QR Code” e a sua leitura permite classificá-los do ponto de vista contabilístico e incorporá-los em qualquer sistema integrado de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês), diz Hélio Silva, consultor da OCC, que tem o seu próprio ERP, o Toconline.

Por outro lado, possibilita o tratamento e a análise de dados em tempo real, gerando “dashboards de análise de forma totalmente automatizada, verificando desvios em tempo real, ao mesmo tempo que permite construir diversos cenários e prever o impacto dos mesmos na empresa”, acrescenta. A IA otimiza ainda a “governação e também reforça a segurança, impedindo acessos não autorizados a dados e aplicações confidenciais”, diz Ayise Trigueiros, SAP Solution Advisor e SAP Business AI Expert da SAP Portugal, frisando que a “automatização pode levar à substituição de funções mais operacionais, exigindo uma requalificação profunda da força de trabalho”.

Hélio Silva, da OCC, acredita, ainda assim, que as vantagens trazidas pelas máquinas não vão tirar o lugar aos humanos. “A IA não vai substituir os contabilistas — vai antes amplificar o seu valor. Cabe agora aos profissionais e entidades formadoras preparar a profissão para um novo papel: menos burocrático, mais analítico, mais estratégico”, diz. Uma posição partilhada pelos auditores. “A Revisão Oficial de Contas já não se limita a verificar documentos: é um processo contínuo, com maior componente analítica e valor estratégico. A IA é uma aliada nessa transformação, não um inimigo”, aponta o bastonário da OROC.

Formação é chave

Ainda há, porém, muito trabalho pela frente na adaptação a esta tecnologia. “Do ponto de vista prático, podemos assumir que as empresas de maior dimensão já utilizam a IA com um grau de adoção médio-alto, as micro e pequenas estarão ainda num grau de adoção baixo ou, na melhor das hipóteses, médio”, refere o responsável da ordem liderada por Paula Franco. Mas todos os contabilistas acabam por ter contacto com a IA. “A adoção acontece, em muitos casos, de forma indireta: os contabilistas utilizam funcionalidades baseadas em IA sem darem conta, através dos seus softwares de gestão”, diz ainda.

As Ordens têm ajudado os profissionais a adaptarem-se a esta nova forma de trabalhar, dando formações focadas nesta área. “A utilização de ferramentas baseadas na IA carece de literacia digital por parte dos trabalhadores das empresas de contabilidade que as usam. Pelo que a OCC irá estar atenta e reforçar as ofertas formativas nestas matérias, de modo a que o papel humano do contabilista certificado nunca seja minimizado ou substituível pela máquina”, refere Hélio Silva.

A adaptação à IA “exige preparação, literacia digital e, sobretudo, uma visão clara do papel do revisor no futuro, algo que a OROC tem vindo a defender com firmeza, através de iniciativas de formação contínua. A nossa missão é garantir que nenhum profissional fica para trás nesta transformação e que todos os revisores possam assumir um papel relevante, informado e valorizado na nova era digital”, diz, por outro lado, Virgílio Macedo, bastonário da OROC.

Serviços mais personalizados e mais bem pagos

A formação é importante, entre outros fatores, para saber identificar riscos associados a esta tecnologia. “O maior risco é confiar cegamente na IA. Classificações automáticas de faturas podem induzir erros se não forem revistas por humanos, sobretudo ao converter dados contabilísticos em declarações fiscais, onde a legislação portuguesa é particularmente complexa”, refere Hélio Silva, da OCC. “Acresce ainda a necessidade de acompanhar a evolução da legislação, já que falhas geradas por algoritmos poderão implicar responsabilidades legais”, alerta Ayise Trigueiros, da SAP Portugal.

“Com o desenvolvimento de agentes de IA mais sofisticados, os riscos aumentam e exigem salvaguardas adicionais. A construção destes sistemas deve assentar em sistemas baseados em modelos treinados com dados específicos do setor, em conformidade com as normas legais e éticas”, refere Ana Ribeiro, Senior Sales Director da Sage Iberia, apontando que é “igualmente crucial assegurar que a supervisão humana se mantém no centro do processo”.

Há ainda o risco de provocar desigualdade. “Quem tiver acesso à tecnologia e à formação avança e quem não tiver, fica para trás. Isso pode acentuar as assimetrias já existentes no setor. Além disso, há questões relevantes de cibersegurança, ética e responsabilidade sobre decisões automatizadas que ainda carecem de regulação mais clara”, nota o bastonário dos revisores. Ainda assim, garante, as “oportunidades superam largamente os riscos”.

"A IA permite ao contabilista oferecer serviços mais personalizados, como análises previsionais, apoio à decisão estratégica e consultoria fiscal proativa — áreas com maior valor acrescentado e que justificam honorários ajustados à nova realidade.”

Hélio Silva

Consultor da Ordem dos Contabilistas Certificados

“A adoção da inteligência artificial no setor da contabilidade representa uma oportunidade única para transformar profundamente o papel do contabilista. Estamos a falar de um setor historicamente sobrecarregado e com uma elevada pressão regulatória”, nota Tiago Costa Lima, Diretor de Gestão de Produto para Escritórios de Contabilidade e PME na Cegid.

Além da eficiência, a “IA permite ao contabilista oferecer serviços mais personalizados, como análises previsionais, apoio à decisão estratégica e consultoria fiscal proativa — áreas com maior valor acrescentado e que justificam honorários ajustados à nova realidade”, realça Hélio Silva, consultor da OCC. Além disso, o “risco de erro aritmético passa a ser diminuto, permitindo ao contabilista focar-se mais na componente fiscal”.

Está também a abrir a porta a novos serviços na auditoria. As chamadas “Big Four” estão agora numa corrida para lançar serviços de auditoria focados nesta tecnologia, numa altura em que os seus clientes procuram cada vez mais ter a garantia de que os sistemas de IA funcionam e são seguros. “A IA permite-nos trabalhar melhor, mais depressa e com maior profundidade. Permite libertar tempo dos revisores para se concentrarem no que verdadeiramente importa: a criação de valor acrescentado para os seus clientes”, frisa Virgílio Macedo, bastonário da OROC, concluindo que, “se for bem implementada, a IA vai valorizar o papel do ROC, nunca substituí-lo”.

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Novobanco vende resort de luxo em Cabo Verde que devia 90 milhões ao BES

Novobanco põe de novo à venda os imóveis e o malparado associados ao Vila Verde Resort, na Ilha do Sal, que foi desenvolvido pela Tecnisil, um dos grandes devedores do banco.

O Novobanco colocou de novo à venda um conjunto de imóveis e terrenos que integram o resort de luxo Vila Verde Resort, localizado na Ilha do Sal, em Cabo Verde, com o valor de cerca de 90 milhões de euros, segundo as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.

Os ativos integram o empreendimento que foi desenvolvido na cidade de Santa Maria pela Tecnisil. Esta promotora imobiliária arrancou com o projeto em 2006, mas foi arrastada pelas crises financeiras de 2007 e 2011, deixando as obras por completar e uma dívida de cerca de 93 milhões ao BES.

Os ativos e o malparado associados à Tecnisil acabaram por ser herdados pelo Novobanco quando o Banco de Portugal decidiu avançar com uma medida de resolução ao banco de Ricardo Salgado, em agosto de 2014.

Esta não é a primeira vez que o Novobanco – que não faz comentários sobre a operação — tenta desfazer-se da exposição à Tecnisil. Em 2019, foi incluída na carteira de grandes devedores Nata II (vendido ao fundo Davidson Kempner), acabando por ser retirada devido à baixa oferta do comprador por aqueles ativos. E voltou a colocar o portefólio ligado à Tecnisil no mercado há três anos, mas de forma individualizada, como adiantou o ECO na altura. Mas também não foi bem-sucedido em desfazer-se da exposição.

Na lista dos grandes devedores

Foi já nas mãos da Lone Star — que acabou de anunciar a venda do banco aos franceses do Groupe BPCE por 6,4 mil milhões de euros — que o Novobanco acelerou a venda de ativos problemáticos herdados do BES.

Entre 2016 e 2024, o rácio de malparado do Novobanco caiu dos 33,6% para os 4,1%, refletindo o esforço de limpeza do balanço aproveitando o mecanismo de capitalização contingente, criado em 2017 com o valor de 3,89 mil milhões de euros, concebido para cobrir as perdas relacionadas com malparado e outros despojos do antigo BES.

Entre os ativos problemáticos que ainda estão no balanço do banco encontram-se estes associados à Tecnisil. A promotora imobiliária surgia na lista dos grandes devedores da instituição em 2016, com uma dívida de 92 milhões e com banco a registar imparidades de 20% desse crédito, de acordo com o Correio da Manhã.

Atualmente, o resort está a ser gerido por outro grupo hoteleiro português, a Agua Hotels, que assumiu o controlo da operação em 2015, depois de a Tecnicil ter avançado com um plano de saneamento da imobiliária para resolver o problema da elevada dívida bancária.

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