Empresas na mira do instituto de governança melhoram desempenho

Está a crescer a implementação de boas práticas de governança entre as empresas que são avaliadas pelo Instituto Português de Corporate Governance, apesar da resistência a algumas recomendações.

Num ano de código “renovado”, com mais ênfase na sustentabilidade, as empresas monitorizadas pelo Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) conseguiram melhorar a prestação no que diz respeito às suas práticas de governança. O presidente da direção, João Moreira Rato, deteta contudo alguma resistência na aplicação de determinadas recomendações, que dão uma sensação de “perda de controlo” por parte dos principais acionistas sobre assuntos centrais.

Em 2023, 87% das recomendações do Código de Governança Societária do IGCP foram acolhidas, no universo de empresas monitorizadas. Este grupo, que é avaliado quanto às suas práticas de governança voluntariamente, é constituído não só pelas 16 empresas que integravam o índice bolsista PSI à data, como também por empresas tão distintas entre si como a Caixa Geral de Depósitos, Cofina, Flexdeal e Sporting Club de Portugal.

Face ao ano anterior, nota-se “uma evolução positiva quanto à percentagem global de acolhimento”, lê-se no relatório anual de monitorização, que aponta uma subida de quatro pontos percentuais face aos 83% alcançados em 2022. No entanto, olhando apenas às empresas do PSI, o cenário é de um decréscimo de quatro décimas, que dita um acolhimento de 94% em vez dos anteriores 95%.

Quanto à descida, embora ligeira, verificada no universo do PSI, João Moreira Rato desvaloriza. “Não daria muita importância a este decréscimo, pode facilmente vir de um caso específico. Basta alguém num ano ter decidido não seguir tão à letra uma recomendação, ou deixar de a seguir”, indica.

“O grau de acolhimento é elevado [apesar das exigências reforçadas]. Acho que essa é uma surpresa positiva”, considera Moreira Rato. Ao mesmo tempo, pode sugerir que a revisão do código chegou “atrasada” em relação às práticas, concede. Ainda assim, “o código desempenha um bom papel em cristalizar boas práticas. Ajuda a difundir um pouco mais, e a consolidá-las”, defende.

Recomendações mais rejeitadas relacionadas com medo de “perder controlo”

Após seis exercícios de monitorização concluídos, é possível “identificar já com um elevado nível de rigor as áreas onde o relato das boas práticas de governo das sociedades é mais robusto e aquelas que continuam a merecer maior atenção”, lê-se no relatório. O presidente da direção do IPCG esclarece que, onde existe “uma resistência grande” é no papel dos órgãos de fiscalização, no envolvimento destes na definição da estratégia, e na designação de administradores independentes.

Mas porquê? Na opinião de João Moreira Rato, a resistência estará relacionada com a raiz familiar de muitas das empresas nacionais, mesmo aquelas que estão cotadas no principal índice. Grande parte das empresas portuguesas, identifica, são controladas por um grupo muito fechado de acionistas, não possuindo um capital tão disperso no mercado como noutras geografias. Deste modo, “acionistas controladores podem ter medo de perder esse controlo”, quer através dos administradores independentes como através da constituição de comissões especializadas em matéria de risco, que terão palavra a dizer em assuntos muitos centrais.

Num debate que decorreu esta quarta-feira, no estúdio do ECO, a propósito da apresentação do relatório anual, Rui Pereira Dias, membro da CEAM — Comissão Executiva de Acompanhamento e Monitorização do IPCG, reforçou que existe uma “menor sensibilidade” por parte das empresas em Portugal para os temas da independência nos conselhos de administração, questão que associa também à concentração de capital das empresas nacionais.

Já Abel Sequeira Ferreira, diretor executivo da AEM — Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado, sublinhou na mesma ocasião que “não existe evidência empírica de que a existência de mais administradores formalmente independentes ou de mais comissões contribua para uma maior criação de valor nas empresas — sendo que a criação de valor é o objetivo de respeitar as boas práticas de governança. Nesse sentido, “há empresas que muito saudavelmente discutem” estas questões, sendo que algumas “até têm mecanismos que logram atingir os mesmos objetivos”, enquadrou.

Acionistas controladores podem ter medo de perder esse controlo [ao aplicar as recomendações com menor adesão]

João Moreira Rato

Presidente da direção do IPCG

Confrontado com o tipo de ação que o IGCP pode tomar para alterar este padrão, Moreira Rato afirma que “o IPCG tem de continuar a sua pedagogia, e mostrar às empresas que este tipo de mecanismos criam valor para o acionista“.

As duas recomendações menos acolhidas no âmbito do código foram a designação de uma comissão especializada para a nomeação dos membros dos órgãos sociais e a designação de um coordenador para os administradores independentes, ambas com uma percentagem de acolhimento de apenas 50%. Em terceiro lugar, com apenas 52% de adesão, ficou a recomendação de constituir uma comissão de acompanhamento e apoio às designações de quadros dirigentes.

Ainda no “top 10” das recomendações menos respeitadas encontra-se o apelo a que não exista um número inferior a um terço de administradores não executivos que cumpram os requisitos de independência, ou o diferimento do pagamento de remuneração variável por três ou mais anos, assim como a exigência da criação de uma comissão especializada ou de um comité composto por especialistas em matéria de risco.

Em oposição, há dez recomendações que são aplicadas pela totalidade das empresas monitorizadas. Neste grupo está a elaboração de atas das reuniões dos órgãos de administração e de fiscalização, a divulgação online da composição dos órgãos de administração, de fiscalização e das comissões internas e a “não-delegação” por parte do conselho de administração de tarefas como a definição da estratégia e tomada de opções estratégicas para a empresa. No mesmo nível estão ainda a fixação de remunerações nos órgãos de administração por parte de uma comissão própria para o efeito ou assembleia geral, tal como a liberdade da comissão de remunerações para contratar serviços de consultoria “necessários ou convenientes” para o exercício das suas funções. Por fim, todas as empresas fazem uma gestão de riscos, identificando-os e monitorizando-os.

Novas recomendações bem acolhidas

A mais recente versão do Código de Governo das Sociedades, em 2023, reforçou as recomendações no que toca à sustentabilidade e ao uso da inteligência artificial, tal como o ECO/Capital Verde avançou. No âmbito deste relatório de monitorização, conclui-se que as empresas acolheram de forma relevante as novas recomendações.

No que diz respeito à sustentabilidade, o Código de Governo das Sociedades adicionou a recomendação de que as empresas instituam processos para processar dados relacionados com a sustentabilidade ambiental e social, alertando o órgão de administração sobre os riscos em que a sociedade esteja a incorrer nessas matérias e propondo estratégias para a sua mitigação”. Em segundo lugar, recomenda que a empresa informe no reporte sobre o modo como as alterações climáticas são consideradas na organização e sobre como pondera a análise do risco climático nos seus processos de decisão.

O acolhimento destas recomendações situou-se, respetivamente, nos 85% e 79%. No contexto das empresas do PSI, o acolhimento é de 100% em ambas as recomendações.

No que toca à inteligência artificial, o código recomendava que a sociedade informe, no relatório de governo, sobre os termos em que foram utilizados mecanismos de inteligência artificial como instrumento de tomada de decisões pelos órgãos sociais. Esta recomendação teve uma taxa de acolhimento de 82% no universo total das empresas monitorizadas, subindo essa percentagem para 88% no caso das empresas que compõem o PSI.

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Local Summit debate o país para lá do Terreiro do Paço

O Local Summit serviu para discutir o território. Leia aqui as ideias defendidas por 12 autarcas, a academia, empresas, associações e a Ordem responsável pelo Anuário dos Municípios.

A primeira edição da Local Summit reuniu mais de duas dezenas de oradores e cerca de uma centena de convidados ao longo do dia de terça-feira, promovendo a abordagem de temas de grande relevo na vida dos municípios, com destaque para a missão autárquica, académica e empresarial. Os temas do trabalho realizado nos últimos anos, designadamente no atual mandato autárquico iniciado em 2021, e da expectativa relativa ao ano que se aproxima e ao ciclo 2025-2029, mobilizaram autarcas, empresas e instituições a participar num evento que juntou 12 autarcas, empresas, a academia e diversas instituições de relevo no país.

Em debate estiveram os temas da Retenção e Atração e Talento; Smart Cities – As Cidades do Amanhã Começam Hoje; Marketing Territorial e como Promover com Sucesso uma Autarquia – Casos de Sucesso; o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses; O Poder Local como Dinamizador da Atividade Empresarial; O Poder Local e as Novas Dimensões do Turismo e Os Desafios do Interior.

António Costa, diretor do ECO, anunciou na ocasião o lançamento de uma parceria entre o Local Online e órgãos de comunicação social regionais. Projeto inserido na estratégia do ECO de trazer visibilidade aos temas económicos e de desenvolvimento das regiões e autarquias, vai permitir projetar a nível nacional o trabalho dos municípios, empresas, entidades regionais e associações empresariais, entre outras. As primeiras parcerias foram realizadas com o jornal O Mirante, da região do Ribatejo, e com o algarvio O Barlavento.

Veja abaixo as principais ideias debatidas ao longo do dia.

  • António Costa, Diretor do ECO

Queremos que esta iniciativa se transforme num ponto de discussão de política, políticas públicas e do papel das autarquias nestas. A primeira edição da Local Summit é, não por acaso, realizada a um ano das eleições autárquicas de 2025. Consideramos que este é o momento ideal para dois pontos de discussão, a avaliação do que foi feito neste ciclo político e a preparação atempada do que vai ser a discussão política sobre o que poderá e deverá ser o próximo ciclo autárquico do país.

António Costa, diretor do ECO, anunciou a realização de uma parceria entre o Local Online e meios regionais, para projeção nacional de temas locais. Os primeiros parceiros são os jornais O Barlavento e O MiranteHugo Amaral

 

  • Filipe Anacoreta Correia, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

O nosso tempo é o tempo das cidades, da proximidade local, da descentralização. Isso traz-nos grande responsabilidade. Que descentralização, que transferência de competências, o que esperamos das câmaras? Temos manifestado alguma desconfiança em relação a algum tipo de descentralização que conta com as câmaras apenas para tarefas, por vezes de gestão de património imobiliário, por exemplo. Fala-se tanto da descentralização da saúde e da educação, e quando vemos, o que se espera das câmaras é apenas arranjar edifícios.

Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, destacou que “Embora vivamos num tempo global, este é também o tempo do poder local”

 

Retenção e Atração de Talento

  • Bruno Amorim, Administrador da Casa Mendes Gonçalves

Temos de atrair talento novo e que está fora do país, dar às pessoas um propósito e um projeto, mais do que a questão salarial. Esta é importante, temos de pagar mais, mas temos sobretudo de apresentar um propósito. As pessoas reveem-se no propósito, querem fazer parte, ter um projeto de carreira e de vida.

É urgente aumentarmos o nível salarial em Portugal; o salário médio das pessoas é muito baixo, quando temos um dilema que é a crise da habitação. Quase que é impossível arrendar uma casa.

  • Filipe Araújo, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto

Nesta última década, o Porto cresceu muito, criou dezenas de milhares de postos de trabalho, atraiu muitas empresas. Temos hoje no Porto empresas com mais de 1.500 trabalhadores. Há uma grande transformação da cidade. A cidade tem claramente uma grande população, também muito derivado disso. As oportunidades atraem muita gente.

Temos uma série de ingredientes em que conseguimos ser muito competitivos também numa escala nível global. As cidades competem por talento a nível global e temos que nos habituar a isso.

  • Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Há gente muito qualificada a entrar [no país], mas em nichos. Não estamos a falar de grandes números. Há muitas pessoas a entrar, com altas qualificações que não estão em idade ativa, têm mais de 65 anos. São reformados dos países europeus.

Não temos dados exatos da imigração, mas se pensarmos que 30% do stock de imigração é brasileira, 10% vêm do Indostão, e os setores preferenciais são agricultura e turismo, percebemos os perfis de que estamos a falar. Se olharmos para o tipo de imigração que estamos a receber e o tipo de saídas que estamos a ter, há um défice de qualificação. A emigração é altamente qualificada. Há cerca de 50 mil pessoas a sair por ano, a esmagadora maioria entre 18 e 35 anos, mais de metade com ensino superior. Temos de perceber quais são as qualificações que estão a sair, as que estão a entrar, em idade ativa ou não ativa. Não acredito que o trabalho esteja feito em Portugal em termos de finura destes dados. A Fundação Francisco Manuel dos Santos está disponível para fazer este trabalho.

  • Ricardo Rio, Presidente da Câmara Municipal de Braga

Portugal está na moda, as cidades portuguesas estão na moda em termos internacionais.

Nunca vamos conseguir competir pelos níveis salariais. Portugal, infelizmente, não está nesse campeonato, não tem bons níveis salariais. Temos de oferecer outros atributos, como qualidade de vida, boa habitação. Há questões intangíveis, que nos levaram a atrair muita gente, e que desvalorizamos no dia-a-dia. Por que é que muita da comunidade brasileira, grande parte pessoas mais qualificadas, com mais recursos económico, optaram por vir para Portugal? Por uma palavra: segurança.

Olho para a realidade de um concelho como Braga e vejo que aquilo que nos pode levar a atrair pessoas é posicionar-nos na escala inovadora com bons indicadores de atributos. Temos de tentar dar visibilidade à dinâmica da cidade, à qualidade de vida que a cidade proporciona.

Smart Cities – As Cidades do Amanhã

  • Frederico Rosa, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro

No Barreiro, gostamos muito de incrementar a ideia de bairro, É para nós importante o conceito base de que cidade queremos. Queremos uma cidade onde as pessoas se encontrem. O Barreiro tem uma experiência na luta antifascista, e era muito importante esses locais de convívio.

No que diz respeito aos bairros comerciais digitais, estamos com um investimento na ordem de 1,5 milhões de euros, sendo que 1,1 milhões é fruto do PRR. Mais que dinheiro ou tecnologia, queremos focar-nos muito no last mile.

  • Jean Barroca, Partner da Deloitte

Em Portugal, nunca houve dinheiro, agora há dinheiro e tem de ser já. A falta de preparação para se saber onde vai investir e a urgência de o aplicar é um problema. Mais vale fazer bem e pouco e depois voltar a fazer novamente, do que estar a fazer à pressa e mal

  • Cláudia Carocha, Head of Projects and Innovation da BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável

É preciso trabalhar tudo como um todo. As empresas têm trabalhado cada vez mais com o setor público, também devido aos novos mecanismos de financiamento, que permitem experimentar novas tecnologias. Há uma maior abertura nos privados, mas também nas autarquias. Temos visto uma grande tendência desta colaboração, de fazer estas pontes, de partilha de dados.

Marketing Territorial – Casos de Sucesso

  • Carlos Coelho, Especialista em marcas

A marca territorial tem de ser capaz de se afirmar tendo em consideração as sensibilidades e os públicos, mas cada vez mais numa perspetiva concorrencial.

  • Hugo Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra

Temos de apostar menos em cimento e mais em conhecimento. Através da marca e do marketing temos de apostar no que faz perdurar as nossas políticas. o marketing não pode ser visto numa logica de curto prazo.

  • João Leite, Presidente da Câmara Municipal de Santarém

Todos os orçamentos em marketing e comunicação [nas autarquias] são sempre residuais. A boa gastronomia, o cavalo e o touro são a marca de Santarém. Tudo isso faz parte do nosso marketing territorial.

Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses

Paula Franco, Bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, destacou a diferença e primeiro Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses e o atual, cerca de oito vezes maiorHugo Amaral
  • Paula Franco, Bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados

Cada vez mais, o poder local e central tem de reter talentos. Isto é o grande desafio que se põe. O investimento, por via do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], que trouxe novas escolas através da descentralização, faz com que ter mais pessoal e com salários melhores seja uma necessidade.

Neste momento, as autarquias não são um problema nas contas nacionais. As contas das autarquias estão mais sustentáveis. Os municípios estão melhor do que a restante Administração Pública. Não se pode querer delegar competências, descentralizar e não trazer receitas atrás. Este é um desafio, mas é uma questão de contas. É um equilíbrio entre custos e receitas.

O Poder Local como Dinamizador da Atividade Empresarial

  • Mário Passos, Presidente da Câmara Municipal de Famalicão

Existe naquele território um ADN empreendedor nato. Há vários anos, olhámos para estas potencialidades, por forma a aproveitar o que fazem as pessoas, empresários e colaboradores das empresas. As empresas eram muito individualizadas, muito fechadas, cada uma funcionava para si. Praticamente não se conheciam umas às outras. O que fizemos foi abrir portas nas empresas, criando redes. Se tivermos mais liberdade para decidir, estaremos a dar maior contributo para o país.

  • Francisco Rocha Gonçalves, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

Vivemos num país que não faz o suficiente para crescer. Quem governa tem medo de decidir. Se todas as instituições do Estado se movessem com a celeridade que as câmaras municipais se movem, seria diferente. Não é suposto que o político seja um cão de loiça para decorar gabinete. Ou pomos a mão na massa, ou o investimento não acontece.

  • Pedro Ginjeira do Nascimento, Secretário-Geral da Associação Business Roundtable Portugal

A criação de riqueza é um bem público. Só há crescimento de receitas sustentável se houver crescimento de riqueza. Isto tem de estar na cabeça de todos os funcionários públicos. Os funcionários públicos estão cá para servir o público, e não apenas para servir a burocracia.

  • Rogério Carlos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Aveiro

É importante a participação dos políticos da câmara para desbloquear, designadamente ao nível do licenciamento. Há 11 anos, Aveiro não era credível, ninguém confiava em nós. Nem para vender um prego fiado, quanto mais empresários e investidores. Eu não tenho medo de usar as palavras, as câmaras têm que cooperar com os empresários. Só assim se consegue ultrapassar os problemas. Qualquer investidor, quando vê um município arrojado, quer lá instalar o seu negócio.

O Poder Local e as Novas Dimensões do Turismo

  • André Gomes, Presidente da Região de Turismo do Algarve

No nosso trabalho, entidades regionais de turismo, os municípios têm um papel fulcral. Connosco e em articulação, para fazerem reestruturação de produto que dê resposta aos anseios e procura de tantos mercados diferentes que nos procuram.

No que diz respeito ao Algarve, há uma vantagem perante outros competidores, nomeadamente a nível internacional. Mais do que uma obrigação por duas resoluções de Conselho de Ministros, também podemos encontrar uma oportunidade [na redução do consumo de água] para tornar a nossa economia e atividade mais resilientes. Entre campanhas dirigidas aos dirigentes e turistas, encontrámos uma resposta ao desafio de gestão da água. Isto é um trabalho que tem de ficar para a frente. Vamos continuar a implementar estas medidas no setor de turismo para fazer face a este desafio.

  • Bernardo Trindade, Presidente da Associação Hoteleira de Portugal

Não é por acaso que, hoje, mercados como os EUA, que lideram o crescimento em Lisboa e Porto, têm particular significado, com poder aquisitivo e disponibilidade imensa para visitar o país. O que é importante é ter noção de que um visitante de outro país, quando vem a Portugal, vem para fruir um conjunto vasto de realidades, e pode de facto ser um instrumento essencial para a coesão nacional.

  • Francisco Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Coruche

Para nós, território, é muito importante, que consigamos dar respostas na dimensão da sustentabilidade. Estamos a falar de uma região que não está massificada. É importante percebermos que os municípios e os seus presidentes mandam muito pouco, porque são tutelados por entidades que condicionam a atividade como as direções regionais ou as APA desta vida – que são tecnocratas.

Não é só a sustentabilidade ambiental que é importante, mas também a económica e social. Um território tem que ter paisagem e estas componentes de atratividade, com muito procura, em termos turísticos, mas tem que ter pessoas. A nossa grande luta é trazer pessoas para estes territórios que estão em perda de população. É preciso gente, para trabalhar e para se fixar neste território.

  • Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé

O futuro é desafiante, vão sempre surgindo novos destinos noutros pontos do globo, e às vezes estamos tão contentes com o que temos que achamos que somos os melhores em tudo. Nós concorremos com diferentes destinos, disputamos um público global que viaja. As tendências mundiais apontam para o crescimento do turismo, e cada vez haverá mais gente a viajar. O interesse por viajar e conhecer novas culturas e novos destinos não abrandou. As camadas mais jovens continuam a ter o desejo de viajar e conhecer novas culturas e, por outro lado, as gerações nas quais estou a entrar, vão viajar até mais tarde. Isto alargou muito o número de pessoas a viajar. Quando se utiliza o conceito de massificação, eu vejo pela positiva. Não só economicamente, há mais gente no mundo com capacidade financeira para viajar, o que significa que está a viver melhor. Não é só um conjunto de privilegiados, como no passado, que pode viajar.

  • Marta Cabral, CEO da Rota Vicentina

É importante discutir onde estão os turistas, o que vão consumir, como se comportam. Os problemas [ao nível do turismo] não estão a ser resolvidos pelo poder Central. A nossa aflição não é colocar o produto no mercado. A nossa grande preocupação é até que ponto liberalizamos as camas do alojamento local, o turismo está a comer camas para outras atividades.

Os Desafios do Interior

  • Carlos Condesso, Presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo

Falta investimento público por parte da administração central. Tem de haver essa coragem política, com um choque fiscal para o interior. Queria deixar aqui um grito de alerta para que se promova a coesão territorial, económica e social. Todos os governos falharam, da direita à esquerda, mas todos falam de boca cheia sobre o despovoamento. O interior não é sinónimo de ser inferior, temos é de travar esta luta e combate pelo interior, porque infelizmente há um país a duas velocidades.

Há muitos desafios que o interior tem e um deles é que se cumpra aquilo que a Constituição diz: todo o cidadão tem direito a cuidados de saúde. Damos todos os apoios possíveis [às empresas], mas se não tivermos médicos, acreditem que não vai haver investimentos. Como é que posso fixar população e empresas se sabem à partida que apenas há um médico de família para 5.000 utentes?

  • João Grilo, Presidente da Câmara Municipal de Alandroal

Num país pequeno como Portugal não se devia falar em interior. Num país onde houvesse um pensamento mais sério sobre as assimetrias, nem haveria esta discussão. Ou por limitações de acessibilidades ou de autonomia [governativa e de gestão], acabamos por sentir que estamos demasiado longe do centro de decisão.

A atratividade tem vindo a aumentar. Muitas pessoas descobriram o interior através da pandemia. Tem havido mais procura, investimento, temos recursos do Orçamento do Estado. Além dos residentes, temos segundos residentes, visitantes e um conjunto de pessoas que colocam pressão no território, mas que depois não são contabilizados para devolver retorno em termos de capacidade de atuação.

  • Luís Leite Ramos, Vice-Reitor da UTAD

Um país sem reformas no ensino superior vai ter problemas gravíssimos, porque existe um grande risco de perder uma grande franja de empregos e de conhecimento científico.

A nossa parte passa por diversificar e inovar, ir à procura dos alunos, mas esperamos que os governos tomem as decisões necessárias para reformular este modelo que está em fim de ciclo e sem condições para enfrentar o que aí vem.

Assista aqui à conferência

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IPCG espera chegar até 38 empresas monitorizadas em 2025. “Gostava que fossem muito mais”, mas “não querem”, diz presidente

No próximo ano, o Instituto Português de Corporate Governance espera alargar em pelo menos duas empresas o universo que acompanha. Em paralelo, vai começar a preparar uma nova revisão do código.

O presidente da direção do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), João Moreira Rato, vê como próximos passos para o exercício de avaliação das práticas de governança, que está nas mãos deste instituto, uma revisão do código atual e a junção de mais empresas ao universo monitorizado. No próximo ano, conta angariar uma a duas novas empresas. “Vamos continuar a monitorizar esta revisão. E, no próximo ano, vamos iniciar a discussão para atualizarmos o código para 2026“, afirmou o presidente do instituto na apresentação do Relatório de Acompanhamento e Monitorização, que teve lugar esta quarta-feira no estúdio do ECO. A última atualização do Código de Governo das Sociedades, desenvolvido e aplicado pelo IPCG, foi feita em 2023.

A Comissão de Acompanhamento e Monitorização (CAM), além de monitorizar a aplicação do código atual ao longo do próximo ano, vai analisar se o enquadramento legislativo e regulatório se alterou significativamente, tanto em Portugal como a nível europeu, e se há novas boas práticas a surgir com relevância para serem implementadas. Em paralelo, este órgão irá refletir sobre se o grau de exigência deve subir nalguns parâmetros. No final deste balanço, deverá obter-se uma versão melhorada do código atual, explica o presidente da direção.

João Moreira Rato, presidente da direção do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG)Hugo Amaral/ECO

Os esforços futuros desta comissão concentrar-se-ão também em captar mais empresas para o universo em monitorização. “Temos tido uma nova empresa a cada ano, gostávamos de [para o ano] trazer uma ou duas. Já estamos a falar com empresas nesse sentido”, indica o líder do instituto. No entanto, concede, não é uma tarefa fácil, apesar de o IPCG estar “ativamente” a tentar angariar mais empresas. “Gostava que fossem muito mais que uma ou duas. Mas as empresas não querem. Muitas não se sentem preparadas. Contactámos muito mais empresas do que as últimas que se juntaram“, esclarece.

Gostava que fossem muito mais que uma ou duas. Mas as empresas não querem. Muitas não se sentem preparadas. Contactámos muito mais empresas do que as últimas que se juntaram.

João Moreira Rato

Presidente da direção do IPCG

Segundo o mesmo, “há muitas empresas que não são emitentes, privadas, algumas familiares, que têm vindo a evoluir nesta área e estão preparadas”. No entanto, “têm sempre receio de entrar a zero e ficar mal na monitorização. “Apesar de quererem usar o processo para melhorar, muitas empresas preferem ter trabalho feito antes de serem monitorizadas“, explica.

O IPCG monitoriza atualmente 36 empresas, das quais apenas duas não são cotadas. O grupo é constituído não só pelas 16 empresas que integravam o índice bolsista PSI à data, como também por empresas tão distintas entre si como a Caixa Geral de Depósitos, Cofina, Flexdeal e Sporting Club de Portugal. Estas empresas sujeitam-se ao acompanhamento do IPCG de forma voluntária.

Na opinião de João Moreira Rato, “é importante que as empresas que são líderes setoriais e que têm alguma dimensão deem o exemplo”, para que as boas práticas de governança se possam generalizar na economia.

Pedro Maia, presidente da Comissão de Acompanhamento e Monitorização (CAM)Hugo Amaral/ECO

Na apresentação do relatório anual, que teve lugar esta quarta-feira no estúdio do ECO, Pedro Maia, presidente da Comissão de Acompanhamento e Monitorização (CAM), reconheceu que os temas tratados são “muito importantes” mas que têm sido desenvolvidos num “universo muito confinado”. “A corporate governance [governança corporativa] não é exclusiva de sociedades cotadas“, sublinhou. O objetivo em relação às restantes empresas portuguesas é “conseguir fazer um caminho idêntico ao que se fez com as sociedades cotadas”, até porque “será um contributo muito importante para a economia, conseguirmos expandir para outras realidades [empresariais]“, acredita.

No âmbito de um debate se se seguiu à apresentação do relatório, e confrontado com a hipótese de ser criado um código de governança mais simples, mais dirigido a empresas de média dimensão, Rui Pereira Dias, membro da CEAM — Comissão Executiva de Acompanhamento e Monitorização, mostrou reservas. “Se porventura houvesse por parte do mercado uma procura por um instrumento desses, até se poderia fazer essa reflexão. Mas não vejo do lado das empresas essa pulsão“, afirmou.

Rui Pereira Dias, membro da CEAM – Comissão Executiva de Acompanhamento e Monitorização do Código de Governo das Sociedades do IPCGHugo Amaral/ECO

Da sua perspetiva, “há que olhar para o código como ele está e saber que algumas recomendações não fazem sentido para empresas mais pequenas”. Rui Pereira Dias acredita que o melhor ponto de partida será selecionar quais as empresas que, não sendo cotadas, já estão em boas condições de aderirem ao código.

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Metade dos estudantes deslocados em Lisboa e Porto sem contrato de arrendamento

Há apoios para estudantes deslocados mas, sem contrato de arrendamento ou recibos de renda, universitários não conseguem aceder aos subsídios. Metade dos deslocados estão nessa situação.

Metade dos estudantes universitários deslocados para as regiões da Grande Lisboa e Grande Porto dizem não ter contratos formais de arrendamento e avisam que os senhorios não passam recibos de renda, o que limita o acesso a apoios e “cria uma grande situação de vulnerabilidade”. O cenário é traçado pelo think tank EDULOG, que num novo estudo revela, ainda, que só 3% dos estudantes que concorrem a uma vaga em residências universitárias conseguem efetivamente um lugar.

“Dos estudantes deslocados, expostos aos custos da habitação temporária, 48% não possuem contrato formal de arrendamento e 51% afirmam que o senhorio não emite recibos de renda“, lê-se no estudo divulgado esta quinta-feira, que detalha que, do total de universitários em Lisboa e no Porto, 38,1% são deslocados.

Alberto Amaral, coordenador científico do conselho consultivo do EDULOG e antigo reitor da Universidade do Porto, salienta, em declarações ao ECO, que, face à subida dos preços dos quartos para estudantes, o Governo anterior até criou apoios específicos, mas, sem contratos de arrendamento nem recibos, os universitários não têm acesso a esses subsídios.

Pior, para este especialista, é “muito difícil” resolver esta situação, uma vez que “não vê” como poderia ser viável a fiscalização por parte da Autoridade Tributária (AT).

Por outro lado, embora as residências universitárias tenham um “papel crucial” na vida destes estudantes que estão a viver temporariamente nestas duas regiões do país que são “sujeitas a grande pressão mobiliária”, os dados mostram só uma minoria consegue um lugar.

Embora as residências universitárias tenham um papel crucial para os estudantes deslocados, a oferta é insuficiente, o que agrava a dificuldade de acesso a alojamento de qualidade e a preço acessível.

EDULOG

“A oferta é insuficiente, o que agrava a dificuldade de acesso a alojamento de qualidade e a preço acessível. Apenas 3% dos estudantes que concorrem a uma vaga numa residência universitária obtêm lugar“, sublinha o referido think thank.

Uma das recomendações do EDULOG é a criação de mais alojamento subsidiado, mas Alberto Amaral avisa que as residências não se constroem de um dia para o outro. Por exemplo, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), estão a ser financiadas novas residências, mas ainda estão a ser construídas, sublinha o mesmo especialista.

Ainda assim, os níveis de satisfação dos estudantes com as condições de alojamento nessas residências são “relativamente positivos”, especialmente no Porto, mostra este novo estudo.

Já na Grande Lisboa, os níveis de satisfação são um pouco mais baixos, “indicando uma possível carência na infraestrutura das residências e um maior descontentamento com os custos associados“, lê-se no estudo.

Menos de 18% têm acesso a bolsas de estudo

O estudo divulgado esta quinta-feira mostra também “uma dependência significativa do suporte familiar para cobrir as despesas de alojamento, alimentação e transporte“, sendo que 66,5% dos estudantes da Grande Lisboa e do Grande Porto dependem mesmo de ajuda familiar para frequentar o ensino superior.

Há um outro dado a destacar, neste âmbito: apenas 17,8% desses estudantes têm acesso a bolsas de estudo, “uma percentagem considerada insuficiente para responder às necessidades da população estudantil deslocada”, assinala o EDULOG.

O coordenador científico Alberto Amaral alerta que há dois problemas no que às bolsas de estudo diz respeito: não apenas a cobertura é baixa, como também uma parte significativa cobre apenas as propinas, não dando resposta, por exemplo, às despesas de transporte e alimentação dos beneficiários.

Assim, o think tank recomenda o aumento das bolsas de estudo e a revisão dos critérios de elegibilidade para “melhorar significativamente a experiência dos estudantes, diminuindo o peso das despesas pessoais e permitindo um maior foco nos estudos”.

Alberto Amaral esclarece que é preciso aumentar o limite dos rendimentos das famílias que dá acesso a bolsa, já que hoje, como estão as regras, é preciso “ser praticamente indigente” para ter a bolsa máxima, afirma o ex-reitor.

Maioria usa transportes públicos

Já quanto à mobilidade destes estudantes, o transporte público é o meio mais utilizado, com 75,4% dos estudantes, na Grande Lisboa, e 58,4%, no Grande Porto, a recorrerem a este tipo de transporte para as deslocações diárias.

“No Grande Porto, os estudantes deslocam-se mais a pé (18,4%) do que na Grande Lisboa (10,5%), e entre os meios de transporte, o metro e o autocarro urbano são os mais utilizados em ambas as regiões, sendo o metro particularmente importante na Grande Lisboa (48,1% dos estudantes o utilizam) e no Grande Porto (com um uso de 39,5%)”, detalha o estudo, que indica ainda que em Lisboa há maior insatisfação quanto à cobertura e qualidade da rede de transportes.

Assim, os especialistas recomendam a expansão e melhoria dos serviços de transporte e da infraestrutura de ciclovias nas áreas da Grande Lisboa e do Grande Porto, o que proporcionaria “maior conveniência, mas também promoveria opções de transporte sustentáveis, alinhando-se com as expectativas e necessidades dos estudantes”.

Este think tank enquadra-se na Fundação Belmiro de Azevedo. O objetivo é, nomeadamente, “contribuir para a construção de um sistema de educação de referência” e a informação das políticas públicas “para a inovação e mudança na Educação”.

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Seguro de saúde só é dedutível em IRC se cobertura for idêntica para todos os trabalhadores

  • Lusa
  • 20 Novembro 2024

Custos com a inclusão de familiares no seguro também não serão dedutíveis pela empresa sendo estes suportados pelo trabalhador. Se for a empresa a suportá-los, serão considerados remuneração acessória

As despesas de uma empresa com um seguro de saúde atribuído aos trabalhadores apenas podem ser dedutíveis para efeitos de IRC se a cobertura for idêntica para todos, refere a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

A dúvida fiscal consta de um pedido de informação vinculativa, agora divulgado, com um contribuinte a pretender saber se o seguro é dedutível como gasto, para efeitos de IRC, sendo usado o critério da antiguidade como base para oferecer diferentes coberturas aos trabalhadores.

Além desta dúvida, o contribuinte em questão quer também saber qual o tratamento fiscal se a apólice incluir elementos do agregado familiar de alguns trabalhadores, sendo este encargo com a inclusão de familiares debitado ao seu salário.

Perante este contexto, a AT esclarece que as despesas com o seguro de saúde não podem ser dedutíveis para efeitos do IRC, porque as condições “não serão idênticas para todas as pessoas seguras, caso a opção seja a do critério da antiguidade” e não resultando esta diferenciação de critérios estabelecidos por Convenção Coletiva de Trabalho.

“De facto, para um seguro de saúde, não se afigura que a diferente antiguidade dos colaboradores constitua uma justificação aceitável” para efeitos do disposto no artigo do código do IRC que delimita alguns dos gastos dedutíveis.

Além disso, esclarece a AT, os custos com a inclusão de familiares no seguro também não serão dedutíveis pela empresa sendo estes suportados pelo trabalhador. Já se for a empresa a suportá-los, serão considerados como remuneração acessória, fazendo parte do vencimento do trabalhador (“constando no recibo respetivo”), pelo que o gasto será dedutível para a empresa, mas tributado como rendimento de trabalho ao funcionário para efeitos de IRS.

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Lucros e receitas da Nvidia duplicam, mas ações acumulam perdas no mercado after hours

  • ECO
  • 20 Novembro 2024

A gigante tecnológica norte-americana apresentou resultados acima dos esperados para o trimestre. "A era da inteligência artificial está a avançar a todo vapor", salienta o CEO Jensen Huang.

A gigante tecnológica Nvidia registou lucros de 19,3 mil milhões de dólares e receitas de 35,08 mil milhões de dólares no terceiro trimestre deste ano, mais do que duplicando os resultados (+111%) face ao mesmo período no ano passado.

Mas nem isso poupou as ações de perdas acima de 2,5% no início do mercado after hours (após o fecho do mercado).

Não obstante a valorização anual, a subida do volume de negócios abrandou face aos três trimestres anteriores. Uma análise por segmento mostra que as receitas do principal contribuidor, os centros de dados, aumentaram 112% para 30,8 mil milhões de dólares, em termos homólogos, enquanto no gaming e na inteligência artificial (IA) para computadores cresceram perto de 15%, para 3,3 mil milhões.

A era da inteligência artificial está a avançar a todo vapor, impulsionando uma mudança global para a computação da Nvidia”, referiu o CEO Jensen Huang, citado em comunicado ao mercado, acrescentando que “a procura pelo Hopper e a expectativa pelo Blackwell – em plena produção – são incríveis”.

A fabricante de chips vai distribuir o próximo dividendo trimestral de 0,01 cêntimos por ação a 27 de dezembro e a todos os acionistas registados a 5 de dezembro.

Antecipando o quarto trimestre, a Nvidia disse esperar uma receita de 37,5 mil milhões de dólares, com variação próxima de 2%, o que fica ligeiramente acima das expectativas de Wall Street, que eram de 37 mil milhões.

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Metro de Lisboa pede desculpas por identificar ativistas em relatório ambiental

  • Lusa
  • 20 Novembro 2024

Em causa está a referência no Relatório de Conformidade Ambiental a três ativistas cujas redes sociais terão sido monitorizadas pela empresa, por se oporem ao projeto previsto para o Jardim da Parada.

O Metropolitano de Lisboa lamenta ter identificado três mulheres no relatório de conformidade ambiental do prolongamento da Linha Vermelha, em consulta pública, apresentando “desculpas publicamente” às ativistas, que se queixaram à Comissão Nacional de Proteção de Dados.

Em comunicado, a transportadora esclarece que o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (Recape) do prolongamento da Linha Vermelha, entre São Sebastião e Alcântara, é “um documento extenso e exaustivo e integra obrigatoriamente um plano de comunicação” e que, no documento, em consulta pública até 5 de dezembro, “consta indevidamente o nome de três cidadãs”.

“O Metropolitano de Lisboa lamenta e apresenta as suas desculpas publicamente por este facto e, de imediato, decidiu implementar alterações orgânicas e procedimentais com o objetivo de que situações desta natureza não voltem a ocorrer”, lê-se na nota.

Segundo a transportadora pública, o plano de comunicação “tem por objetivo acompanhar a pluralidade de ideias e as manifestações da sociedade, por forma a assegurar o melhor esclarecimento e recolha de contributos relativos ao investimento público, preservando e motivando a pluralidade de opiniões”.

“A liberdade de expressão é um direito inalienável e nunca foi intenção do Metropolitano de Lisboa pôr em causa esse direito constitucional”, concluiu-se na nota.

Em causa está a referência no Recape a três ativistas cujas redes sociais terão sido monitorizadas pela empresa, por se oporem ao projeto previsto para o Jardim da Parada.

“Posso adiantar que já fizemos queixa online à Comissão Nacional de Proteção de Dados. Quanto à queixa ao Ministério Público, estamos a organizá-la”, indicou na terça-feira à Lusa Margarida Vicente, uma das três ativistas.

Segundo uma notícia do Público, o Metro de Lisboa terá “vigiado, desde 2022, a atividade nas redes sociais de três ativistas” que se opõem à construção no Jardim da Parada da estação de Campo de Ourique, inserida no plano de expansão da Linha Vermelha entre São Sebastião e Alcântara.

As ativistas são membros do Movimento Salvar o Jardim da Parada, criado com o propósito de contestar o traçado previsto para a obra.

O jornal refere que a monitorização das três cidadãs consta no plano de comunicação do Recape, no qual a contestação dos grupos de ativistas ao traçado e impacto previsto são considerados como “ameaças”, no âmbito de uma análise comparativa.

Contudo, num esclarecimento enviado à Lusa também na terça-feira, o Metropolitano negou “categoricamente a existência de qualquer tipo de vigilância indevida ou ilícita às redes sociais de qualquer parte interessada” no projeto de prolongamento da Linha Vermelha.

“O que está em causa é, tão-somente, o normal acompanhamento e a análise das referências públicas feitas ao referido projeto de expansão da rede do Metropolitano de Lisboa, na comunicação social e nas redes sociais, por todas as partes interessadas, incluindo cidadãos e grupos de cidadãos, em particular os que mais têm contribuído para o debate público sobre este empreendimento”, argumentou a empresa.

O financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência prevê um investimento no Metro de Lisboa de 400 milhões de euros para esta expansão da Linha Vermelha e 250 milhões de euros para a nova Linha Violeta (metro ligeiro de superfície), que ligará o Hospital Beatriz Ângelo por Odivelas a Loures, num total de 650 milhões de euros.

Já a Linha Circular, com inauguração prevista no segundo semestre de 2025, vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede e duas novas estações (Estrela e Santos), unindo as linhas Amarela e Verde num novo anel circular no centro de Lisboa.

Além da construção de duas novas estações será remodelada a estação existente no Cais do Sodré. O investimento previsto na construção desta linha é de 331 milhões de euros.

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Minas antipessoais dos EUA são “muito importantes” para a defesa da Ucrânia

  • Lusa
  • 20 Novembro 2024

Exército russo tem utilizado estes explosivos "extensivamente" em território ucraniano desde a invasão em larga escala em 2022, com "pelo menos 13 tipos de minas antipessoais implantadas".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as minas terrestres antipessoais fornecidas por Washington a Kiev, sob críticas de várias organizações não-governamentais (ONG), são “muito importantes” para travar o avanço do exército russo no leste do país.

O líder ucraniano congratulou-se com o fornecimento de uma nova parcela de ajuda militar norte-americana, que inclui minas antipessoais terrestres “muito importantes (…) para travar os ataques russos”, à medida que o exército de Moscovo avança contra as tropas ucranianas, menos numerosas e menos bem armadas.

Na terça-feira, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou a doação à Ucrânia de pelo menos 275 milhões de dólares (260 milhões de euros) em novas armas.

Várias ONG criticaram a decisão dos Estados Unidos, qualificando-a de “injustificável” e sublinhando as consequências destas armas proibidas internacionalmente para os civis, a longo prazo, apesar de se destinarem a travar o avanço russo em território ucraniano.

Enterradas ou escondidas no solo, as minas antipessoais explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elas, causando frequentemente mutilações ou mesmo a morte.

As minas “não distinguem entre soldados e civis” e continuam a explodir muito depois de terem sido colocadas, podendo afetar agricultores ou crianças, lamentou Alma Taslidzan, da ONG Handicap International, em entrevista à agência noticiosa francesa AFP.

Cerca de 164 Estados e territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram a Convenção de Otava de 1997 sobre a proibição e eliminação das minas antipessoais, mas nem a Rússia nem os Estados Unidos ratificaram a convenção.

O exército russo tem utilizado estes explosivos “extensivamente” em território ucraniano desde a invasão em larga escala em fevereiro de 2022, com “pelo menos 13 tipos de minas antipessoais implantadas”, segundo um relatório publicado hoje pelo Landmine Monitor.

Este último abastecimento de material militar ocorre numa altura em que as preocupações sobre o agravamento do conflito têm aumentado.

No passado fim de semana, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, concedeu à Ucrânia autorização para disparar mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano contra a Rússia, à qual, o Presidente russo, Vladimir Putin, reagiu com o alargamento da doutrina russa sobre o uso de armas nucleares.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.

Rússia tomar medidas contra rendimentos dos “agentes estrangeiros”

Também esta quarta-feira, os deputados russos aprovaram uma lei que proíbe as pessoas designadas como “agentes estrangeiros” – muitas vezes opositores ao regime – de gastarem na Rússia os seus rendimentos provenientes da produção cultural ou intelectual.

As pessoas e organizações declaradas “agentes estrangeiros” na Rússia, muitas das quais vivem atualmente no exílio, estão já sujeitas a pesadas restrições administrativas, sob ameaça de sanções e mesmo de prisão.

Segundo o novo texto, que deve ser aprovado em segunda e terceira leituras antes de ser enviado à Câmara Alta do Parlamento, serão também obrigados a abrir uma conta bancária especial para a qual será transferida a sua remuneração por atividades intelectuais.

Estes indivíduos e organizações só poderão utilizar o dinheiro se forem retirados do registo de “agentes estrangeiros”. Esta medida aplica-se, em particular, às dezenas de artistas e autores afetados por este estatuto, que consideram “infame”.

“Os agentes estrangeiros deixarão de poder enriquecer à custa do país e dos seus cidadãos”, congratulou-se Vyacheslav Volodin, presidente da Duma, a câmara baixa do Parlamento, após a votação de hoje.

“As medidas que foram tomadas destinam-se a impedir que os traidores enriqueçam”, prosseguiu, criticando os que deixaram a Rússia desde fevereiro de 2022, data do início da agressão à Ucrânia, acrescentando que as somas em questão poderiam também ser transferidas para o Estado russo.

A lista de “agentes estrangeiros” inclui atualmente 493 pessoas, incluindo celebridades como os escritores Lyudmila Ulitskaya e Boris Akunin, bem como proeminentes jornalistas e opositores. Um deles, o cantor de ‘rock’ Dmitry Spirin, disse à AFP que a votação de quarta-feira não foi um “choque” nem uma “surpresa”.

“Era de esperar que, mais cedo ou mais tarde, viessem a isto para ganhar dinheiro”, analisou o antigo vocalista do grupo Tarakany, que deixou a Rússia em 2021 e vive atualmente na Argentina. Dmitry Spirin, crítico de Vladimir Putin, opôs-se nomeadamente à ofensiva russa na Ucrânia em 2022, bem como à anexação por Moscovo da península ucraniana da Crimeia em 2014.

Segundo Spirin, o regime russo está a utilizar esta legislação para “colocar obstáculos no caminho” das pessoas designadas como “agentes estrangeiros”, impedindo-as “de viver em paz, mesmo fora do território russo”. O cantor considera que a lei, se entrar em vigor, terá poucos efeitos concretos na vida quotidiana dos “agentes estrangeiros” que vivem fora da Rússia.

Introduzida em 2012, a lei sobre “agentes de estrangeiros” tem sido progressivamente reforçada e alargada para silenciar qualquer dissidência, em especial desde o início do ataque em grande escala à Ucrânia.

No final de 2021, algumas semanas antes desta ofensiva, a organização não-governamental Memorial, um pilar da defesa dos direitos humanos e guardiã da memória dos crimes soviéticos, foi proibida sob o pretexto de ter violado a lei sobre “agentes estrangeiros”.

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Manuel Serrão fica sujeito apenas a Termo de Identidade e Residência. MP pedia caução e proibição de acesso a fundos

Ministério Público tinha pedido caução de 500 mil e proibição de acesso aos fundos e de exercício de funções, mas juíza manteve apenas Manuel Serrão sujeito a Termo de Identidade e Residência.

Primeira derrota do Ministério Público no caso da Operação Maestro. O Ministério Público tinha pedido quatro novas medidas de coação para Manuel Serrão – proibição de contactos com órgãos decisores, proibição de exercício de funções, proibição de acesso a fundos comunitários e caução de 500 mil euros – mas a juíza apenas manteve o Termo de Identidade e Residência. O ECO sabe que a juíza de instrução considerou os argumentos da defesa do empresário, a cargo de Pedro Marinho Falcão, viáveis e acabou por decidir contra o MP no processo chamado de Operação Maestro.

O empresário Manuel Serrão é suspeito de fraude na obtenção de fundos europeus de 40 milhões de euros. Até aqui, os arguidos estão já sujeitos ao Termo de Identidade e Residência (TIR).

O Ministério Público (MP) considera o empresário portuense e vogal da Associação Selectiva Moda “o principal mentor” de um alegado esquema na obtenção de subsídios comunitários que levou a Polícia Judiciária a realizar, no dia 19 de março de 2024, 78 buscas no âmbito desta operação, na qual são também suspeitos o jornalista Júlio Magalhães, António Sousa Cardoso, que liderou a Associação de Jovens Empresários, e António Branco e Silva.

A investigação sustenta que, pelo menos desde 2015, Manuel Serrão, António Branco e Silva e António Sousa Cardoso, “conhecedores das regras de procedimentos que presidem à candidatura, atribuição, execução e pagamento de verbas atribuídas no âmbito de operações cofinanciadas por fundos europeus, decidiram captar, em proveito próprio e das empresas por si geridas, os subsídios atribuídos à Associação Selectiva Moda e às sociedades No Less e House of Project — Business Consulting”.

As operações terão sido “cofinanciadas, através, designadamente, da apresentação e utilização como documentos de despesa aos projetos submetidos, com vista ao respetivo reembolso, faturas suspeitas de se tratar de negócios simulados, sem correspondência a serviços prestados nos projetos, ou, ainda faturas com valores sobrefaturados”, frisa o MP, num despacho judicial.

Segundo a investigação, as entidades beneficiárias controladas pelos suspeitos, “através da montagem de justificações contratuais, designadamente referentes a prestações de serviços e fornecimento de bens ou serviços”, obtiveram a aprovação e pagamento de incentivos no valor global de, pelo menos, 38.938.631,46 euros, através de 14 projetos, cofinanciados pelo FEDER.

O MP sustenta que os três suspeitos “obtiveram o comprometimento de pessoas da sua confiança, do seio do seu círculo de amizades”, como o jornalista Júlio Magalhães, “mas também do mundo empresarial, e em particular da área do setor têxtil, casos de Paulo Vaz, João Oliveira da Costa e Mário Genésio”.

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Generali reduz dívida soberana de Itália e Fitch mantém rating elevado de A+

  • ECO Seguros
  • 20 Novembro 2024

A agência acaba de atualizar a sua nota sobre a seguradora italiana e todas as principais subsidiárias. A exposição à dívida soberana de Itália reduziu-se e menor sinistralidade melhoram as operações.

Com perspetivas positivas, a agência de rating Fitch confirmou o Insurer Financial Strength (IFS) da Assicurazioni Generali S.p.A., casa-mãe da Generali em Portugal, e das suas principais subsidiárias em ‘A+’ (Forte). A agência também reafirmou o Issuer Default Rating (IDR) de Longo Prazo da Generali em ‘A’.

Segundo a Fitch, “as classificações refletem a capitalização muito forte do grupo, o baixo índice de alavancagem financeira, o risco de concentração de investimentos soberanos, ainda elevado, mas reduzido, e o perfil empresarial muito sólido da Generali”. Acrescenta que “a perspetiva positiva reflete a classificação soberana de Itália, uma vez que esta afeta a avaliação do perfil da indústria, o ambiente operacional onde a seguradora atua e a qualidade de crédito da carteira de investimentos da Generali”

A Fitch considera a capitalização da Generali como ‘Muito Forte’, com uma taxa de Solvência II (S2) de 220% no final de 2023 (final de 2022: 221%). No final dos primeiros nove meses de 2024, a taxa de Solvencia II era de 209%. A pontuação Prism Global da Generali manteve-se como ‘Muito Forte’ no final de 2023, baseada nas contas IFRS 17, que incluem a margem de serviço contratual (CSM) como uma fonte adicional de capital disponível. “Espera-se que a Generali mantenha a sua força de capital a médio prazo”, considera a agência.

O índice de alavancagem financeira calculado pela Fitch (FLR) permaneceu estável em 15% no final de 2023. A previsão é que o FLR permaneça amplamente inalterado até ao final de 2024 e que diminua até ao final de 2025, após a Generali emitir 750 milhões de euros em notas subordinadas de nível 2, em setembro de 2024, para pré-financiar parte das notas perpétuas subordinadas de mil milhões de euros, cujo primeiro resgate ocorre em novembro de 2025.

A avaliação do risco de investimentos e ativos da Generali é influenciada pela grande, embora mais reduzida, exposição à dívida soberana italiana. Esta exposição cria um risco significativo de concentração e potencial volatilidade na adequação de capital, o que a Fitch considera uma fraqueza na classificação. No entanto, a seguradora tem reduzido progressivamente a sua exposição a títulos italianos nos últimos cinco anos para proteger o capital de solvência da volatilidade dos spreads governamentais italianos.

A exposição aos títulos soberanos italianos caiu para 39 mil milhões de euros no final de 2023 (em 2022 eram 43 mil milhões), equivalente a 0,6 vezes o património consolidado dos acionistas incluindo o CSM (Em 2022 era de 0,7 vezes). No final do primeiro semestre de 2024, a Generali possuía 36 mil milhões de euros em títulos soberanos italianos. Espera-se que este risco de concentração diminua ainda mais até ao final de 2024.

A Generali é o terceiro maior grupo de seguros da Europa por prémios, nota a Fitch, Possuindo uma posição de liderança em importantes países da Europa Ocidental, bem como uma presença significativa na Europa Central e Oriental e na Ásia. “O perfil de negócios do grupo beneficia do seu grande porte e ampla diversificação geográfica, de produtos, grupos de clientes e canais de distribuição” avalia a agência.

O lucro operacional da seguradora em 2023, calculado sob IFRS 17, aumentou para 6,9 mil milhões de euros (em 2022 era de 6,4 mil milhões), beneficiando principalmente de um desempenho muito forte no setor não-vida. O rácio combinado calculado pela Fitch melhorou para 92,8% em 2023, qaundo em 2022 era de 94,2%, devido a descontos mais acentuados, crescimento do volume e uma melhor taxa de sinistralidade O retorno sobre o capital (ROE) calculado pela Fitch foi de 13,5% em 2023, considerado muito forte. Espera-se que o ROE permaneça em níveis semelhantes em 2024.

Nos primeiros nove meses de 2024, a Generali reportou um resultado operacional mais elevado de 5,4 mil milhões de euros, melhor que os 5 mil milhões de igual período de 2023, suportado por um melhor desempenho nos segmentos de vida e gestão de ativos e património, além de beneficiar de aquisições recentes, como as operações europeias da Liberty. No setor de não vida, o rácio combinado reportado foi de 94,0%, face a 94,3% em igual período do ano passado, com uma melhoria na taxa de sinistralidade mais do que compensando um efeito menor de descontos.

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TVI compra direitos televisivos dos jogos do Moreirense

  • + M
  • 20 Novembro 2024

Acordo entre estação de televisão e clube de futebol do concelho de Guimarães é válido a partir da próxima época desportiva e por três anos. Inclui publicidade no estádio e patrocínio nas camisolas.

A TVI chegou a acordo com o Moreirense Futebol Clube para transmitir nos canais do grupo os jogos em casa do clube minhoto. Este acordo marca o regresso do campeonato de futebol à televisão em sinal aberto já a partir da próxima época desportiva e por um período de três anos. Até ao momento não foi possível apurar o valor deste negócio.

Além dos direitos de transmissão, o acordo inclui a venda de publicidade nas primeiras linhas em redor do estádio, bem como a presença do logótipo da TVI na frente das camisolas dos jogadores do clube, avança o grupo dono também da CNN Portugal e do V+TVI.

Com esta iniciativa, que marca o regresso do campeonato de futebol à televisão em sinal aberto, “a TVI reforça a sua aposta estratégica na transmissão de eventos desportivos em direto, consolidando-se como uma referência na promoção do desporto e na oferta de conteúdos de alta qualidade”, prossegue o comunicado.

O acordo marca então o regresso de jogos da liga portuguesa à televisão em sinal aberto, o que não acontecia há mais de uma década, agora com uma transmissão de quinze em quinze dias. Para além de transmitidos na TVI, a aposta no futebol deve reforçar também o V+TVI, canal generalista lançado em agosto no cabo e que faz do comentário de futebol um dos seus principais pilares.

Tudo faremos para garantir que os espectadores encontrem nos canais TVI aquilo que necessitam, seja na informação, entretenimento, ficção ou desporto. A nossa vontade é que a TVI continue a singrar nos caminhos que tem vindo a trilhar e que a sua liderança se solidifique”, afirmava José Eduardo Moniz na apresentação do canal, em agosto, prometendo a estação relatos dos jogos dos três maiores clubes portugueses e programas de análise e debate sobre a atualidade futebolística nas noites de segunda a domingo.

Recorde-se que os canais em sinal aberto deixaram de transmitir os jogos da Liga dos Campeões (UEFA Champions League) esta época. Os direitos de transmissão foram divididos entre dois canais por cabo – Sport TV e DAZN (Eleven) – sendo que este último foi o detentor em exclusivo dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões durante os últimos seis anos.

Pedro Morais Leitão, CEO do grupo Media Capital, revelou na altura ao +M que a TVI concorreu para tentar assegurar direitos de transmissão das competições europeias e que, inclusivamente, fez uma proposta de preço “16% acima do preço praticado nas épocas 2021/2022 a 2023/2024”. No entanto, os direitos acabaram todos por ser comprados pela Sport TV e pela DAZN.

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Fidelidade alerta clientes para emails fraudulentos

Clientes da Fidelidade estão a ser alvo de um ataque de phishing com intenção de lhes extorquir informação financeira. A companhia alertou as potenciais vítimas sobre como agir perante a ameaça.

A Fidelidade está a alertar os seus clientes para o facto de estarem a ser enviados mails fraudulentos em nome da companhia para os seus clientes. O objetivo dos piratas informáticos é “tentar obter dados financeiros, utilizando de um link malicioso”, avisa a seguradora.

A mensagem fraudulenta tem esta imagem:

A Fidelidade solicita a quem recebeu esta mensagem que “não interaja com a mesma e que a elimine de imediato”.

​A Fidelidade informa que não solicita senhas ou dados sensíveis por e-mail, SMS ou hiperligação, recomendando que os utilizadores de correio eletrónico devem “sempre verificar o remetente de todos os emails, antes de clicar em hiperlinks”.

A companhia ​acrescenta que, em caso de dúvida, os clientes devem contactar pelo telefone 217 948 800 ou falar com o seu mediador de seguros.

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