Taxa Euribor cai a três, seis e 12 meses para novos mínimos de ano e meio

  • Lusa
  • 20 Setembro 2024

Esta sexta-feira, as taxas Euribor caíram para 3,436% a três meses, para 3,184% a seis meses e para 2,918% a 12 meses.

A taxa Euribor desceu esta sexta-feira a três, a seis e a 12 meses para novos mínimos, respetivamente, desde maio e março de 2023 e dezembro de 2022. Com estas alterações, a taxa a três meses, que baixou para 3,436%, continuou acima da taxa a seis meses (3,184%) e da taxa a 12 meses (2,918%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro de 2023, recuou para 3,184%, menos 0,039 pontos que na anterior sessão e um novo mínimo desde 21 de março de 2023.
  • no prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, caiu para 2,918%, menos 0,018 pontos que na quinta-feira e um novo mínimo desde 15 de dezembro de 2022.
  • A Euribor a três meses também caiu, ao ser fixada em 3,436%, menos 0,019 pontos e um novo mínimo desde 24 de maio de 2023.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a julho apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 37,1% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 34,2% e 25,4%, respetivamente.

Na mais recente reunião de política monetária, em 12 de setembro, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

Na quarta-feira, em 18 de setembro, foi a vez da Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que é a primeira descida desde 2020.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 17 de outubro na Eslovénia. Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

A média da Euribor em agosto voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas mais acentuadamente no prazo mais longo, tendo baixado 0,137 pontos para 3,548% a três meses (contra 3,685% em julho), 0,219 pontos para 3,425% a seis meses (contra 3,644%) e 0,360 pontos para 3,166% a 12 meses (contra 3,526%).

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Governo alemão oferece ajuda à Volkswagen para evitar fecho de fábricas

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Setembro 2024

Volkswagen tinha admitido a possibilidade de encerrar fábricas na Alemanha. Apesar da oferta de ajuda, Governo diz que "grande parte das tarefas tem de ser resolvida pela própria empresa”.

O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, afirmou esta sexta-feira que pretende ajudar a Volkswagen a ultrapassar o período de redução de custos, que inclui a rescisão de vários acordos coletivos de trabalho na Alemanha, sem encerrar fábricas da empresa.

No início deste mês, a gigante alemã — produz carros na fábrica da Autoeuropa, em Palmela — admitiu pela primeira vez a possibilidade de encerrar fábricas na Alemanha, numa tentativa de poupar milhares de milhões de euros. Em 87 anos de história, a Volkswagen nunca fechou as portas de uma unidade industrial no seu país de origem.

Esta manhã, numa visita à unidade da fabricante alemã de automóveis em Emden, o governante alertou, por outro lado, para a importância de garantir que o despedimento de pessoal acontece dentro do quadro normal de negociação coletiva, depois de a Volkswagen ter rescindido o acordo coletivo de garantia de emprego, que vinha sendo renovado desde 1994.

Foi a 10 de setembro que a Volkswagen notificou o sindicato IG Metall da rescisão do acordo, que excluía os despedimentos por motivos operacionais e expira no final do ano. Pelo que os despedimentos serão possíveis a partir de julho de 2025, se o sindicato e a empresa não chegarem a um acordo antes dessa data.

Citado pela Reuters, Robert Habeck ressalvou, porém, que há limites para o que o Governo alemão pode fazer para apoiar a empresa, sublinhando que “uma grande parte das tarefas tem de ser resolvida pela própria Volkswagen”, nomeadamente no que toca à estrutura e à viabilidade do negócio.

“Os políticos podem ajudar [as empresas] ao melhorar o enquadramento e ao enviar os sinais certos ao mercado, o que inclui incentivar à produção de carros com motores elétricos”, acrescentou o ministro alemão da Economia.

Mercedes volta a baixar previsões de lucro

Outro grande fabricante alemão do setor automóvel, a Mercedes-Benz, também enfrenta perspetivas complicadas. Na quinta-feira à noite, a construtora reduziu o objetivo para a margem de lucro anual pela segunda vez em menos de dois meses, culpando a quebra nas vendas de veículos na China.

Face ao abrandamento do crescimento do PIB na China, penalizado pelo enfraquecimento do consumo e pela recessão no setor imobiliário, a empresa reduziu as suas perspetivas de lucros para 2024 tanto para a Mercedes-Benz Cars como para o Grupo Mercedes-Benz, o que levou esta sexta-feira de manhã às ações da empresa caírem quase 8%.

Segundo a agência de notícias, a Mercedes-Benz Cars espera agora que a rendibilidade ajustada das vendas se situe entre 7,5% e 8,5% em 2024, quando antes as expectativas se situavam em 10% a 11%. O que implica uma rendibilidade ajustada das vendas de cerca de 6% para o segundo semestre deste ano.

“Há uma enorme cautela, estou a tentar dizer isto diplomaticamente. Quanto tempo é que isso vai durar? Não sei, mas mantenho-me cauteloso num futuro próximo em relação à China“, afirmou o CEO da Mercedes-Benz, Ola Kaellenius, afirmando-se pouco surpreendido que neste contexto as famílias estejam a reduzir os gastos com automóveis caros.

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Jingles são o ativo de marca com melhor desempenho, revela estudo

Há alguns fatores comuns às marcas com melhor desempenho no que diz respeito ao uso dos seus ativos, como a priorização, consistência ou criatividade, revela o estudo.

Os ativos das marcas têm o poder de acionar a memória humana e levar os consumidores a recordá-la, seja através de elementos verbais, visuais, auditivos ou outros, como logos, slogans, jingles ou personagens/mascotes.

Mas nem todos os ativos têm o mesmo impacto. De acordo com o estudo “The DNA of Distinctive Brands“, da Distinctive Bat, os jingles são o tipo de ativos que superam os outros com mais frequência, alcançando uma pontuação de 126 pontos, sendo que o máximo é 200 (o que significaria que 100% das pessoas identificavam corretamente o ativo e o atribuíam corretamente à marca em questão).

Aos jingles seguem-se as personagens/mascotes (105 pontos) enquanto ativo com melhor desempenho, graças à capacidade humana de recordar rostos, as embalagens (86), os logos (82) e os produtos (76).

O estudo, que analisou centenas de marcas, apurou ainda quais os fatores comuns entre as marcas com melhores desempenhos, no que diz respeito ao uso dos seus ativos.

Desde logo, é preciso que as marcas consigam priorizar. Ou seja, que tenham a capacidade de identificar os seus ativos mais distintivos e dar-lhes a liderança ou destaque, uma vez que uma “ampla gama de ativos pode ser benéfica mas também levar à falta de foco e à diluição do alcance dos ativos nos pontos de contacto”.

No entanto, o número de ativos distintivos varia de acordo com a marca. Enquanto algumas marcas, como a McDonald’s, conseguem ter muitos ativos fortes, “a maioria das outras terá de se concentrar mais na identificação de alguns ativos-chave”, refere-se no estudo, onde se adianta que a maior queda nas pontuações de distintividade acontece para as marcas quando estas passam dos três ativos.

Depois de “escolhidos” estes ativos, o estudo indica que é também importante haver consistência, sendo indicado “maximizar repetidamente a exposição dos mesmos ativos, através de uma abordagem consistente em todos os pontos de contacto”, ao longo das várias campanhas.

Embora também seja importante ser criativo com estes ativos, é importante que tal não seja feito de forma “exagerada”. “Ganha-se o direito de amplificar os ativos somente depois de estes estarem incorporados”, refere-se no estudo, onde se acrescenta que é importante “compreender o património dos ativos e determinar como estes serão usados”.

Mas, embora a priorização e consistência sejam importantes, é a criatividade que tem a capacidade de elevar os ativos para outro patamar, “quando bem feita”, alerta-se no estudo. “A criatividade é uma grande alavanca que uma marca pode usar a seu favor”, sendo que no casos dos ativos esta é importante no seu próprio desenvolvimento mas também no uso destes ativos na publicidade.

Alcance e frequência são outras duas variáveis-chave a ter em conta e que contribuem para o sucesso de um ativo, defende-se no “The DNA of Distinctive Brands”, sendo que o dimensão da própria marca está fortemente correlacionado.

“Quanto maior for a marca, na maioria dos casos, maior será o orçamento. Além disso, quanto maior a escala dos pontos de contacto próprios, impulsionados pela disponibilidade física e pelo produto em mãos, mais fácil será para uma marca incorporar ativos distintivos”, refere-se no estudo.

Embora a forma como as marcas são ativadas varie de acordo com o tamanho e a categoria da marca, todas devem ter como objetivo garantir que os canais próprios, adquiridos e pagos, sejam maximizados de forma a incorporar ativos“, acrescenta-se.

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Chuva ajuda a apagar os fogos. Incêndio em Castro Daire “dominado”

  • ECO e Lusa
  • 20 Setembro 2024

Mudança no estado do tempo, com alguns aguaceiros registados em várias regiões do Norte e Centro do país, beneficia combate aos fogos. Incêndio em Castro Daire está "dominado”, anuncia autarca.

A chegada da chuva a várias zonas do Norte e Centro do país assoladas por incêndios ao longo dos últimos dias está a ajudar ao trabalho dos bombeiros. Ainda assim, às 7h ainda havia cerca de 2.700 operacionais, apoiados por 838 meios terrestres, a combater 44 incêndios (em curso, em conclusão ou resolução) em todo o território de Portugal continental.

Apesar da mudança no estado do tempo, com alguns aguaceiros registados na região, os dois incêndios em Castro Daire (em Mões/Soutelo e em Pinheiro, Moção), no distrito de Viseu, ainda preocupavam as autoridades ao início da manhã, mobilizando vários meios no terreno. de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

 

Entretanto, os bombeiros deram como controlados estes dois incêndios em Castro Daire, com o comandante Pedro Araújo, da ANEPC, a adiantar que foi possível durante a noite devido a condições meteorológicas mais favoráveis dominar um conjunto de incêndios.

Às 10h, o presidente do município, Paulo Almeida, confirmou aos jornalistas que “o incêndio foi dado como dominado” ao início da manhã, mas que isso não significa que o concelho está livre de perigo. Vai ser monitorizado através de uma câmara térmica para detetar zonas de maior risco de reacendimento para evitar novos focos.

“É verdade que durante a noite as condições meteorológicas e a chuva nos vieram ajudar (…), mas continua a haver perigo de reacendimentos”, afirmou.

Num ponto de situação, cerca das 00:50, o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Viseu Dão Lafões, Miguel Ângelo David, avisava ainda que “[havia] muito trabalho pela frente” no incêndio de Castro Daire, com as equipas a continuarem “a operar com maquinaria, com os grupos de combate e com linhas de progressão no terreno, que é muito escarpado”.

Postos de comando começam a ser desmantelados

Segundo a VOST Portugal, uma associação de voluntários digitais em situações de emergência, em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria, Arouca e Baião, os postos de comando foram desmantelados e os grupos de combate estão a ser desmobilizados.

De acordo com a proteção civil, o incêndio em Penalva do Castelo, distrito de Viseu, entrou esta madrugada em fase de resolução. Também o incêndio que deflagrou na freguesia de Alvarenga na quarta-feira à tarde em Arouca, concelho do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto (AMP), entrou hoje em fase de resolução.

Em fase de resolução estavam também os dois fogos que deflagraram em Sabroso de Aguiar e em Veria de Jales e Quintã e que sofreram reativações na quinta-feira à tarde em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.

Os incêndios rurais que lavravam em Sedielos (Peso da Régua) e Alto de Fiães (Alijó), no distrito de Vila Real, entraram em resolução durante a noite de hoje, segundo o Comando Sub-regional do Douro da Proteção Civil. No terreno mantêm-se os operacionais em operações de rescaldo e de vigilância.

Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas. A ANEPC contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, de acordo com o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.

O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.

(Notícia atualizada às 10h45)

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Incêndios: ambientalistas pedem “emergência” na estabilização dos solos e pontos críticos para evitar erosão

  • Lusa
  • 20 Setembro 2024

Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e associação Zero alertam para as consequências dos incêndios desta semana no Norte e Centro do país.

A organização ambientalista GEOTA defendeu hoje um plano de estabilização de emergência dos solos, na sequência dos incêndios no Norte e Centro do país, alertando que as chuvas previstas potenciam contaminações e resultam das alterações climáticas.

“Em primeiro lugar, há que desenvolver um plano de ações de estabilização de emergência. Obviamente que aqui temos outra agravante que é, na mesma semana em que acontecem os incêndios, estão previstas chuvas fortes”, afirmou Miguel Jerónimo, coordenador de projetos de reflorestação do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA).

O especialista, em declarações à Lusa, acrescentou que, tendo em conta o espaço temporal, é muito difícil de que as ações de estabilização “tenham efeito” antes das chuvas porque “são quase coincidentes” e, por isso, este cenário “é uma consequência de alterações climáticas”.

“A semana passada estávamos naquilo que era um dos melhores anos da última década em termos de incêndios, de ignições. Agora já passámos para aquilo que pode ser talvez o terceiro pior, isto as contas fazem-se no fim. E, de repente, na mesma semana que temos esta catástrofe de incêndios, temos a previsão de chuvas fortes, portanto, o resultado das alterações climáticas está aí”, vincou.

Temos de garantir que não temos fenómenos de contaminação dos solos pelas cinzas, as linhas de água, não termos derrocadas.

Miguel Jerónimo

Coordenador de projetos de reflorestação do GEOTA

O que levou Miguel Jerónimo a defender que, nos locais onde os incêndios já foram extintos e terminou a fase de rescaldo, devia ser desenvolvido imediatamente “um plano de estabilização de ações de emergência” para evitar derrocadas e proteger infraestruturas.

“Em segundo lugar, é garantir que não temos fenómenos de contaminação dos solos pelas cinzas, as linhas de água, não termos derrocadas”, enumerou o especialista, bem como proteger um “bem essencial para o futuro, que é o solo”, pois a recuperação da catástrofe dos fogos só será viável olhando “para o solo” e conseguindo “trabalhá-lo”.

As ações de estabilização de emergência servem para criar condições para trabalhar o solo, mas para o GEOTA também é preciso “apurar responsabilidades” e compreender o que motivou centenas de incêndios, com situações específicas que devem ser avaliadas, como nos casos de autoestradas abertas com “chamas dos dois lados”, por uma comissão técnica independente, como tem sido prática no continente.

“Depois desta fase, há que olhar para o futuro e é preciso começar a desenvolver aquilo que são os planos de recuperação e revitalização daquelas áreas ardidas. Muito em linha com aquilo que são as políticas da reforma da floresta, que surgiu depois de 2017 e, portanto, essa reforma da floresta já indica caminhos a seguir”, apontou Miguel Jerónimo.

O especialista disse esperar que “não haja a tentação com um novo Governo de reinventar a roda”, pois “um dos grandes problemas em Portugal” passa pela “não implementação de políticas”.

“Quando falamos de transformação da paisagem, em gestão, é [preciso] uma transformação física, é preciso fazê-la, não basta decretá-la”, frisou, admitindo obviamente “ajustes específicos aos territórios que foram afetados”, mas que “haja uma efetiva implementação daquilo que era a visão pós-2017” e dos incêndios de Pedrógão.

No entanto, nos últimos anos, Jerónimo constatou que “houve um certo relaxar” nas medidas de prevenção dos fogos rurais, como aliás a própria AGIF – Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais constatou no seu mais recente relatório, com “um desacelerar” de programas como de transformação da paisagem, aldeia segura ou condomínios de aldeia.

O GEOTA, sublinhou Miguel Jerónimo, “defende há anos a criação de um Plano Nacional de Solos”, numa ótica transversal, não só da questão dos incêndios, mas com a noção de que “sem um solo produtivo” não se consegue “fazer absolutamente nada”.

“Infelizmente, com as alterações climáticas em Portugal nós estamos a viver processos acelerados de desertificação e, como o próprio nome indica, toda a gente sabe que não pode viver, ou que é muito difícil de viver ou sobreviver num deserto”, ilustrou, avaliando que o país tem “solos muito pobres” e que é necessária uma nova dinâmica de ocupação, de gestão e de cuidado com o solo.

Nesse sentido, destacou os Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem que, dos 20 previstos, ainda só tem um em vigor, em Monchique (Algarve), para reforçar que “o problema às vezes nem é tanto a criação de novas políticas, é a implementação daquelas que já existem”.

Em contracorrente, referiu o trabalho do GEOTA nos seus projetos de reflorestação de áreas ardidas, na Serra de Monchique e da Serra da Estrela, mas também no Pinhal de Leiria, “com financiamento 100% privado”, provando “que é possível fazer, é possível ter impacto, desde que haja financiamento” e “interesse no propósito da transformação da paisagem”.

Rapidez na identificação de pontos críticos para evitar erosão e derrocadas

Já a associação ambientalista Zero defendeu rapidez na identificação “dos pontos críticos mais suscetíveis à erosão” dos solos, nas zonas atingidas pelos incêndios no Norte e Centro, para evitar arrastamento de cinzas e derrocadas.

Segundo Paulo Lucas, da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, “setembro costuma ser um mês relativamente imprevisível” e, por isso, têm de se identificar “quais são os pontos críticos mais suscetíveis à erosão para, muito rapidamente” se fazerem intervenções “no sentido de conter a erosão nesses espaços e o arrastamento do solo, das cinzas”.

“Para prevenir que até haja derrocadas e outras coisas que podem acontecer agora nos próximos tempos, se efetivamente nós tivermos uma meteorologia que também seja desfavorável”, acrescentou, em declarações à Lusa.

Nesse sentido, defendeu que, após o rescaldo dos incêndios, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em conjunto com municípios, associações florestais e outras entidades, deve avançar, no prazo de 15 dias, com o levantamento das situações e atuar no máximo após um mês pois, atrasando-se “as intervenções nos sítios mais críticos”, pode surgir “uma situação muito grave” a juntar à já existente.

“É muito importante que as autoridades não fiquem de braços cruzados, elaborem já estes relatórios”, salientou Paulo Lucas, com vista a tomar “medidas para evitar precisamente danos maiores”, principalmente no que tem a ver com arrastamento do solo ou de “cinzas poluentes para os cursos de água”.

“Temos que limitar ao máximo possível essas ocorrências, para não acrescentarmos catástrofe à catástrofe dos incêndios. O Estado, em primeiro lugar, tem que garantir que existem recursos financeiros de emergência, para além daqueles que vão ser dados para recuperar habitações”, e reparar os danos provocados pelos fogos, notou o dirigente da Zero, acrescentando que também tem de se investir na “estabilização do solo”.

É muito importante que as autoridades não fiquem de braços cruzados, elaborem já estes relatórios.

Paulo Lucas

Dirigente da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável

Para Paulo Lucas, os recursos para recuperar os milhares de hectares afetados devem ser “disponibilizados o mais rapidamente possível”, através de mecanismos simplificados, sem “muitas burocracias associadas”, embora “garantindo a transparência” para evitar “situações menos corretas do ponto de vista da atribuição de empreitadas”.

O especialista, que coordena as áreas de sistemas de conservação, biodiversidade e florestas, admitiu que esta pode ser também “uma oportunidade para reordenar um pouco a paisagem”, mas sem avançar imediatamente para reflorestações, que só devem ocorrer no próximo ano, pois “o solo tem que estar estabilizado”.

Além das zonas com espécies de produção, como o pinheiro e o eucalipto, Paulo Lucas referiu “também a oportunidade para fazer outro tipo de floresta nas áreas ardidas”, nomeadamente plantando “carvalhais ou outras espécies autóctones nessas áreas” ou “deixar a natureza fazer o seu trabalho”.

“Há um discurso contra a natureza que não é muito correto neste país, em que há uma lógica de que tem que estar tudo limpinho, que nós temos que ter o país todo limpinho para não haver progressão dos fogos”, apontou o especialista, criticando que parece haver “uma cruzada contra a floresta” e “contra os matos”, quando “os incêndios não são causados nem pelos matos, nem pela floresta, são causados por pessoas”.

Seja por negligência ou incendiarismo haverá sempre fogos, mas o dirigente da Zero notou que estão em discussão pública vários planos de reordenamento e gestão da paisagem, que constituem uma oportunidade para “um trabalho sério de reordenamento”, tornando o território “mais resiliente” e resistente à propagação dos incêndios.

O responsável da organização não governamental (ONG) de ambiente advogou que, neste momento, é urgente “proteger o solo que há”, que “já é pouco e não podemos perder ainda mais”, e estabilizar os terrenos, com barreiras nas linhas de água, aproveitando os restos de árvores que arderam para criar estilha para cobrir o solo. “Não podemos ficar de braços cruzados à espera da chuva (…) isso é que é a pior coisa que pode acontecer, é ficarmos de braços cruzados”, rematou.

Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional. O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.

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Hoje nas notícias: TAP, incendiários e painéis solares

  • ECO
  • 20 Setembro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Citigroup deverá ser a escolha para assessorar financeiramente o processo de privatização da TAP. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acusou “interesses” de estarem por trás dos incêndios dos últimos dias, mas as forças de segurança especializadas na investigação criminal de fogos florestais dizem não ter provas disso. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Citigroup escolhido para assessorar privatização da TAP

O banco de investimento norte-americano Citigroup está em vias de ser escolhido para ser o assessor financeiro da privatização da TAP, que não se prevê que arranque antes da aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e deverá incidir sobre menos de 50% do capital da transportadora aérea portuguesa. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, já avisou que o partido apenas aceitará a venda a privados de uma posição minoritária.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Investigadores da PJ e da GNR desmontam tese de Montenegro sobre “interesses” nos incêndios florestais

Depois de o primeiro-ministro ter apontado o dedo a “interesses” que “sobrevoam” os incêndios florestais, sem especificar quais, e garantido que será implacável contra os “criminosos” que diz estarem por detrás de grande parte das ignições, quatro fontes policiais especializadas na investigação criminal aos incêndios florestais vieram desmentir Luís Montenegro, assegurando que tanto nos últimos anos como na última semana não foi detetado qualquer tipo de organização com interesses ocultos por detrás dos fogos em que há suspeitas de mão criminosa. “As declarações do primeiro-ministro não estão fundadas em factos diretos ou relatórios oficiais”, afirmou um militar da GNR.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Fundo ambiental só pagou 5,7% dos apoios para janelas e painéis solares

Apenas 4.454 (5,6% do total) das cerca de 78 mil candidaturas ao Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S) — cujo aviso encerrou em 31 de outubro do ano passado — foram pagas até agora, num valor de 7,7 milhões de euros, quando, no início de julho, a ministra do Ambiente e da Energia garantiu que os subsídios em atraso deveriam estar “pagos até ao fim de setembro”. O envelope financeiro destinado pelo RepowerEU para uma nova edição do PAE+S em 2023 ascende a 100 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Plano de 400 milhões de euros para expandir Lisnave

A Lisnave está a fazer um plano de investimento, juntamente com parceiros internacionais, num intervalo entre os 200 milhões e os 400 milhões de euros. O objetivo da companhia de Setúbal é expandir o seu negócio para a construção de eólicas marítimas (offshore) e para a desmontagem e reciclagem de navios. O aumento do estaleiro, para o que seria necessário aumentar a ilha artificial onde está localizado, na Mitrena, e a expansão da linha férrea (porque não chega ao estaleiro) estão entre os investimentos necessários.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Juiz critica ações de estafetas “totalmente infundadas” que “entopem” os tribunais

Um juiz do Tribunal do Trabalho de Lisboa criticou recentemente as “centenas de ações judiciais” avançadas por estafetas das plataformas digitais, a “reboque” da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que “entupiram o andamento dos tribunais de trabalho em Portugal” e cujas alegações “nem fumo tinham, quanto mais fogo”. Na sentença proferida a 10 de setembro, em que é dada razão à Uber Eats, lê-se que “não é aceitável que quem trabalha quando quer, onde quer, como quer, quanto quer e sem consequências possa ter uma realidade de contrato de trabalho”.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

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João Paixão Moreira é o novo administrador do Novobanco para o retalho

Antigo senior partner na McKinsey entra no conselho de administração executivo do Novobanco, substituindo Luís Ribeiro como Chief Commercial Officer (CCO) para a área do retalho.

É oficial. João Paixão Moreira passou a integrar o Conselho de Administração Executivo do Novobanco no mandato em curso, que começou em 2022 e termina em 2025, na função de Chief Commercial Officer (CCO) para a área do retalho.

A entrada do antigo senior partner na McKinsey & Company, onde liderou o setor da banca para Espanha e Portugal, foi comunicada esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pela instituição financeira liderada por Mark Bourke.

Em maio, quando, inserido na “execução da política de planeamento de sucessão”, comunicou a saída de Andrés Baltar, até então CCO da área corporate, do conselho de administração executivo, Mark Bourke destacou o “profundo conhecimento e experiência” de João Paixão Moreira, que “permitirá ao Novobanco continuar a desenvolver-se e a competir como um banco português forte e independente”.

João Paixão Moreira entra assim para o lugar de Luís Ribeiro, que, por sua vez, rendeu Andrés Baltar, cuja saída teve efeitos a partir de 30 de junho, como CCO da área corporate, uma das mais importantes para o antigo BES.

O fim antecipado do acordo de capital contingente (CCA, contingent capital agreement) no Novobanco, que permitirá avançar para a venda da instituição, é um dos dossiês, a par da privatização da TAP, que está neste momento condicionado pelo contexto político incerto em torno do Orçamento do Estado para 2025.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 20 de setembro

  • ECO
  • 20 Setembro 2024

Ao longo desta sexta-feira, 20 de setembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Mais aulas teóricas, salário e menos supervisão do patrono. Esta é a nova realidade dos advogados estagiários

Mais 20 horas de deontologia, mais 10 assistências, mais três intervenções orais e mais seis intervenções escritas. Estas são algumas das mudanças no estágio da Ordem dos Advogados.

Mais 20 horas de aulas teóricas de deontologia, mais 10 assistências em sessões de julgamento, mais três intervenções orais e mais seis escritas. Esta é a nova realidade dos advogados estagiários. Em causa o projeto de Regulamento de Remuneração do Advogado Estagiário, aprovado pela bastonária e o seu Conselho Geral da Ordem dos Advogados (OA), a 3 de abril de 2024, e que será agora objeto de consulta pública até 23 de outubro, segundo o publicado na quarta-feira em Diário da República. Estágio esse que passa de uma duração de 18 meses para 12 meses. Porém, as obrigações imputadas ao estagiário aumentam.

Certo é que os formandos da OA passam a receber um salário obrigatório mas não terão direito a férias nem a receber subsídio de Natal, de férias, de alimentação ou de deslocação. Um regulamento que foi feito por Fernanda de Almeida Pinheiro por imposição legal, na sequência das novas regras relativas a estágios dos licenciados em direito (e não só) e que são ainda da responsabilidade do anterior Governo socialista – em vigor desde abril com aplicação prática a partir deste mês de setembro – que obriga a que os estágios profissionais passem a ser remunerados pelo valor mínimo de 950 euros, o equivalente ao salário mínimo acrescido de 20%.

O estágio para exercício da profissão de advogado passa a ter a duração de 12 meses, não prorrogável. A inscrição pode ser requerida a qualquer momento junto do respetivo Conselho Regional, sendo que o estágio tem início na data da confirmação da inscrição. O estagiário pode começar a realizar assistências em tribunal e elaborar as peças processuais, desde a data da confirmação da inscrição. Só poderá realizar intervenções orais após dois meses de confirmada a inscrição.

Entendo que o encurtamento do estágio para 12 meses está errado. 18 meses são a duração ideal. O estagiário tem uma componente de aprendizagem no escritório e outra junto da Ordem. Nem todos os patronos atuam em todas as áreas, pelo que a possibilidade da aprendizagem prática ser ministrada na Ordem é muitíssimo relevante”, sublinha à Advocatus a presidente do Conselho de Deontologia de Lisboa da OA Alexandra Bordalo.

Com o novo projeto de Regulamento Nacional de Estágio, o número de assistências a que um jovem advogado é obrigado a recolher aumenta de 20 para 30, entre as quais um terço na área de direito civil, outro na de penal e as restantes noutras áreas. Estas assistências “obrigam” os estagiários a assistir, sem intervir e sem necessidade de acompanhamento, a sessões de audiências de julgamento ou finais”. Ou seja: basta marcarem presença, sem serem acompanhados pelo advogado patrono.

“As assistências a julgamentos e diligências, que aumentam de número, são um momento relevante de aprendizagem por observação, para o bem e para o mal, assistindo a julgamentos e diligências. Se é certo que para tal o estagiário não carece de acompanhamento do patrono, não é menos verdade que pode assistir, também, aos julgamentos do escritório, com a oportunidade de estudar previamente o processo”, explica Alexandra Bordalo.

Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 15ABR24
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

Outra das mudanças é o aumento das intervenções, tanto orais como escritas. O maior aumento foi no número de escritas que aumentou o dobro, de seis para 12. Estas intervenções têm de ser realizadas assinadas pelo patrono, o advogado destacado para supervisionar o estagiário, salvo exceções, e podem ser feitas um mês depois do início do estágio. Consistem basicamente em peças processuais em que sejam alegadas questões de facto e de direito.

relativamente às intervenções orais, o número aumento de cinco para oito. Neste caso os estagiários têm de fazer cinco em audiências de julgamento, sendo no máximo duas no mesmo processo, e três em qualquer tipo de diligência. No que concerne às áreas, duas têm de ser em processos civis, duas em penal e as restantes em qualquer área. As intervenções orais podem ser feitas após dois meses do início do estágio.

A presidente do Conselho de Deontologia de Lisboa não vê de forma “negativa” o aumento tanto do número de assistências como do número de intervenções. “Aprende-se muito a assistir a julgamentos e para realizar uma intervenção, tal obriga à preparação do mesmo, estudo do processo, documentos, organização da prova, etc”, acrescenta.

Por fim, o número de aulas de deontologia profissional aumenta 20 horas, de 40 para 60. Nestas aulas são abordados, entre os temas, os deveres e direitos dos advogados e de como devem prosseguir o exercício da sua profissão.

“Será, a meu ver, relevante que a Ordem encontre módulos práticos para o estágio, lembrando que a advocacia se exerce de diversas formas, sendo muitíssimo importante dotar os estagiários de ferramentas práticas, como seja postura, apresentação, negociação, gestão do escritório, registo e controlo da atividade, honorários”, refere Alexandra Bordalo.

Um estagiário tem de pagar um valor mínimo do estágio é de 1.025 euros e tem ainda tem de pagar 15 euros por mês, de quotas à OA. Porém, desde setembro de 2023, os advogados estagiários passaram a pagar 950 euros pelo estágio à cabeça, menos 450 euros do valor cobrado até aqui.

Dados de 2023 apontam que em Portugal existem quase quatro mil advogados estagiários inscritos na OA (3.431), segundo a Direção-Geral da Política de Justiça do Ministério da Justiça, e nem todos com boas condições laborais, a par com elevados gastos para Ordem, desde inscrição, provas escritas e orais, seguros e togas. A única contribuição que estão isentos de pagar, enquanto realizam o estágio, é a para a Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores.

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Vendas de elétricos abrandam na Europa. Preços, carregadores e China são travões

Os fabricantes de veículos elétricos têm adiado planos e investimentos face a uma procura menos pujante, na Europa mas também nos Estados Unidos.

O panorama para os veículos elétricos na Europa já foi mais sorridente. A indústria europeia está com dificuldades em baixar os custos de produção e a competir com os fabricantes chineses, ao mesmo tempo que a criação de uma estrutura de carregamento que dê conforto aos consumidores se mantém um desafio. Para já, os modelos híbridos impõem-se como alternativa.

O setor automóvel está a experienciar recuos significativos no que toca à produção e venda de veículos elétricos“, considera Eduardo Ferreira de Lemos, responsável pela área de Energia na Bain&Company. As perspetivas de adesão a este tipo de veículos são agora “menos claras” tendo em conta fatores tão variados como o “cenário económico sombrio, a investigação da União Europeia em relação aos subsídios chineses a elétricos e uma procura mais contida“, assim como “o declínio residual dos preços“, resume o diretor sénior de Empresas e Análise da Fitch, Cigdem Cerit.

As vendas de carros elétricos ainda crescem, mas a ritmos decrescentes, sobretudo nos últimos meses“, relata o economista sénior do Banco Carregosa. 12% dos registos de veículos na Europa, em julho de 2024, eram referentes a veículos elétricos a bateria, mas “a curva de adoção está claramente a ficar mais plana”, indica por sua vez o diretor da Fitch. A S&P Global afirma que os fabricantes norte-americanos têm também reportado um abrandamento nas vendas dos veículos 100% elétricos.

A Bain&Company assinala que “muitos países, em particular na Europa, reduziram ou removeram os subsídios para a compra de elétricos“. Foi o caso da Alemanha, que terminou com os apoios em 2024, “levando a uma quebra significativa”, neste que é “o maior mercado de veículos elétricos na Europa”.

"Precisamos que os carros elétricos acessíveis comecem a penetrar os segmentos de entrada.”

Eduardo Ferreira Lemos

Responsável pela área de Energia na Bain&Company

Em paralelo, os preços teimam em não baixar. “Está ainda a ser muito difícil produzir carros elétricos e respetivas baterias a um custo menor” pelo que os “fabricantes de veículos elétricos ainda não conseguiram lançar modelos a preços mais acessíveis, travando a massificação”, explica Paulo Rosa. “A total eletrificação dos automóveis só será possível com preços bem mais acessíveis“, refere. “Precisamos que os carros elétricos acessíveis comecem a penetrar os segmentos de entrada, que estão muito pouco explorados no mundo ocidental em comparação com a China”, reforça a Bain&Company.

Outro fator de retração na procura, assinala o mesmo analista, são os custos de empréstimo elevados e, finamente, “uma infraestrutura de carregamento insuficiente“. De acordo com Eduardo Lemos, “a lenta implementação” na Europa de diplomas como a Regulação de Infraestruturas para Combustíveis Alternativos (AFIR, na sigla em inglês) está a atrapalhar a implementação de estações de carregamento. “Há consumidores interessados, mas que não compram modelos elétricos porque não conseguem carregar os veículos em casa ou têm receios de que a rede pública de carregadores disponíveis seja ainda insuficiente“, alerta Paulo Rosa.

Como consequência, os produtores estão a recalibrar os planos nesta área. “As grandes fabricantes de veículos elétricos estão a ser forçadas a repensar as suas estratégias“, assinala Paulo Rosa, Economista sénior do Banco Carregosa. A Ford cancelou os planos de comercialização de um novo veículo totalmente elétrico e adiou a data de lançamento de um novo modelo de carrinha elétrica por dois anos, para o final de 2027, “para poupar nos custos da tecnologia da bateria”, aponta a S&P Global, citando a própria empresa. A empresa reportou, em julho deste ano, uma perda de 1,1 mil milhões de dólares no segmento de elétricos, depois de em abril ter declarado uma perda de 1,3 mil milhões de dólares.

Também a General Motors e a Mercedes-Benz adiaram os seus planos no que concerne à produção de carros elétricos. A primeira anunciou em julho o adiamento, por seis meses, para meados de 2026, a construção de uma fábrica dedicada exclusivamente ao segmento elétrico. A segunda registou uma quebra de 35% nas vendas destes veículos, no segundo trimestre. Até os “campeões” dos carros elétricos parecem estar em maus lençóis, nomeadamente a Tesla: o segundo trimestre ficou marcado por uma quebra de 45% nos lucros.

China é ameaça e tarifas não resolvem

A China é uma das ameaças. “A indústria automóvel europeia, sobretudo alemã, é cada vez mais ameaçada pela forte concorrência dos fabricantes de automóveis chineses”, observa Paulo Rosa, classificando a indústria chinesa como “robusta” e “competente”. O gigante asiático “tem colocado pressão nas margens de lucro e impactado a competitividade dos produtores europeus e norte-americanos“, identifica Eduardo Ferreira de Lemos. Os fabricantes alemães deparam-se com custos mais altos, tanto no que diz respeito aos salários mais elevados como às matérias-primas necessárias.

Face aos preços conseguidos pela China, a Comissão Europeia iniciou uma investigação a subsídios entregues pelo Estado chinês aos fabricantes de veículos elétricos instalados no país. Concluiu existir uma “subsidiação injusta” que estaria a “ameaçar os produtores destes veículos na União Europeia”. Avançou com uma tributação adicional sobre a importação destes veículos, a título provisório, e que poderá tornar-se definitiva em outubro — decorrem, de momento, as negociações. Vão de 17% a 36,3%, salvo exceções. Também o Canadá deverá avançar com tarifas no final deste ano.

"É a indústria automóvel que tem um grave problema nas mãos e não são as tarifas que a vão salvar.”

Paulo Rosa

Economista Sénior do Banco Carregosa

O economista sénior do Banco Carregosa é perentório: “É a indústria automóvel que tem um grave problema nas mãos e não são as tarifas que a vão salvar“. A Fitch também não atribui grande relevância a estas sanções: “É pouco provável que afetem materialmente o panorama competitivo na Europa no curto-prazo, tendo em conta o abrandamento na procura por carros elétricos”, indica Cigdem Cerit. O maior risco, identifica, é uma retaliação do lado chinês que incida sobre outro tipo de veículos, o que poderia afetar a Alemanha mais duramente.

Mas os efeitos não “param” na produção. A redução do investimento em elétricos e em inovação nesta área “levou a cadeia de valor das baterias a adaptar-se, e as empresas de mineração e refinação [de lítio, um minério base para as baterias] a recuar na escala dos respetivos planos”, alerta a Fitch. Além disso, a cadeia global sai afetada do contexto geopolítico, tendo em conta as restrições ao comércio e a menor disponibilidade de materiais chave provenientes da Ásia, assinala Eduardo Lemos. Já no seio da Europa, os anseios ambientais das populações estão a barrar o caminho a novas unidades de produção de baterias, acrescenta.

Híbridos ganham

As perspetivas de médio prazo para a adoção de veículos elétricos são menos claras” face ao atual cenário, considera a Fitch. Já a Bain&Company espera que a adoção de veículos elétricos volte a acelerar “à medida que os avanços tecnológicos reduzam os custos“. Políticas mais exigentes no que toca às emissões poluentes e elétricos a preços mais acessíveis deverão resultar numa “penetração significativa” destes veículos até 2030, da China aos Estados Unidos, passando pela Europa, prevê a mesma entidade. E, ao mesmo tempo que muitos fabricantes se retraem, outros estão de momento a lançar investimentos em novos modelos e na produção, ressalva.

"As perspetivas de médio prazo para a adoção de veículos elétricos são menos claras.”

Cigdem Cerit

Diretor sénior de Empresas e Análise da Fitch

Para já, os modelos híbridos parecem estar a tomar a dianteira. Ao mesmo tempo que a Ford está a cancelar investimentos em elétricos, está a mudar o foco para modelos híbridos. O CEO, Jim Farley, afirma que o portefólio híbrido da empresa, a nível global, deverá crescer 40% até ao final do ano, depois de um aumento de 36% no primeiro trimestre e de 34% no segundo. Um cenário semelhante é vivido na Mercedes-Benz: as vendas de híbridos subiram 27% no segundo trimestre, em contramão com o segmento 100% elétrico. Nos Estados Unidos, enquanto caem as vendas de veículos elétricos, estão a subir as de veículos híbridos plug-in. Enquanto não vingam os veículos elétricos, o foco estará “nos híbridos e outros carros mais acessíveis”, conclui Paulo Rosa.

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Governo defende operação “sustentável” da CP na Alta Velocidade

Ministério das Infraestruturas afirma estar ciente da importância da sustentabilidade da operação" da empresa e acompanha de "forma próxima" o trabalho da CP.

O Governo está a acompanhar os estudos de viabilidade, operacionalização e aquisição do material circulante para a operação de Alta Velocidade pela CP e considera que uma “posição sólida no mercado ferroviário de passageiros” está alinhada com os objetivos de Governo, afirmando estar “ciente da importância da sustentabilidade da operação” da empresa.

A posição do Ministério das Infraestruturas e Habitação foi remetida aos deputados, no mesmo dia em que a Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação aprovou um requerimento do Bloco de Esquerda (BE) para ouvir o ministro da tutela, Miguel Pinto Luz, sobre a rejeição pelo Governo do plano da CP para adquirir comboios de alta velocidade.

O Governo está a acompanhar de forma próxima o trabalho desenvolvido pela CP – Comboios de Portugal no que toca aos estudos de viabilidade, operacionalização e aquisição do material circulante para a sua operação de Alta Velocidade“, pode ler-se na resposta remetida pelo gabinete das Infraestruturas, em resposta a um requerimento do BE sobre o tema.

O Governo está a acompanhar de forma próxima o trabalho desenvolvido pela CP – Comboios de Portugal no que toca aos estudos de viabilidade, operacionalização e aquisição do material circulante para a sua operação de Alta Velocidade

Ministério das Infraestruturas e Habitação

Os bloquistas questionaram o Executivo sobre se irá colocar obstáculos ao plano de investimentos da CP, bem como se “está consciente de que limitar a presença da CP na alta-velocidade será lesivo para a sustentabilidade da empresa, reservando para a empresa pública apenas os setores potencialmente deficitários”.

O ministério tutelado por Miguel Pinto Luz considera que “o desenvolvimento de uma operação sustentável e competitiva na Alta Velocidade que resulte numa posição sólida no mercado ferroviário de passageiros está alinhada com os objetivos de Governo”.

Adicionalmente, o Governo está ciente da importância da sustentabilidade da operação da CP, tanto na vertente da operação abrangida pelo Contrato de Serviço Público e assegurada pelas compensações previstas, como nas ofertas que operam em mercado liberalizado“, indica.

Na resposta, o Executivo indica que se rege “por uma Política Pública de Mobilidade focada na transferência modal para o transporte público e partilhado”.

“Neste contexto, as ofertas de elevada capacidade como a ferrovia de passageiros são fundamentais para alcançar os objetivos estabelecidos e o desenvolvimento de serviços ferroviários de qualidade e competitivos é, assim, imperativo. Os necessários desenvolvimentos para a construção da Linha de Alta Velocidade estão a ser levados a cabo, cabendo agora aos operadores ferroviários prepararem-se para a nova operação”, acrescenta.

A audição de Miguel Pinto Luz foi requerida pelo BE no seguimento da notícia do Público, de dia 8 de agosto deste ano, sobre a surpresa da administração da CP em relação à rejeição do investimento em 14 comboios de alta velocidade. A oposição à aquisição das automotoras foi deixada pelo ministro no Parlamento, no final de julho.

A CP não terá o monopólio e nem sequer será maioritária” na operação das linhas de Alta Velocidade em Portugal, afirmou Miguel Pinto Luz na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação. “Não vamos comprar tantos comboios como a CP queria. A CP tinha uma ambição de comprar comboios e ficar com uma quota de 80%. Acreditamos que isso não é saudável para o mercado”, disse.

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5 coisas que vão marcar o dia

Esta sexta-feira o país está de luto, decretado pelo Governo, em homenagem às vítima dos fogos. A Fitch avalia a dívida portuguesa e o INE divulga o índice de preços da habitação.

No dia em que o país está de luto nacional, decretado pelo Governo, em homenagem às vítimas dos fogos, a Fitch avalia, pela segunda vez, a dívida portuguesa. Também é conhecida a sentença do caso movido pela Autoridade da Concorrência (AdC) contra mais de uma dezena de bancos em Portugal. Lá fora, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, discursa em evento do FMI.

Fitch avalia dívida portuguesa

Esta sexta-feira e pela segunda vez este ano, a Fitch avalia a dívida portuguesa. Analistas ouvidos pela Lusa antecipam que não devem existir mudanças no rating, que é atualmente ‘A-‘. Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa, assinala que “os dados divulgados relativos ao crescimento do terceiro trimestre mostraram um notável abrandamento económico, que acaba por ser fruto dos efeitos da política monetária restritiva levada a cabo pelo Banco Central Europeu” (BCE).

Conhecida sentença do processo “cartel da banca”

É conhecida esta sexta-feira a sentença do caso movido pela Autoridade da Concorrência (AdC) contra mais de uma dezena de bancos em Portugal, depois da consulta junto de um tribunal europeu que deu razão ao regulador. O processo caso remonta a 2019, quando a AdC aplicou uma coima de 225 milhões de euros a 14 instituições de crédito por entender que violaram o direito da concorrência nacional e da União Europeia entre 2002 e 2013.

INE divulga preços das casas no segundo trimestre

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o índice de preços da habitação relativos ao segundo trimestre deste ano depois de, nos primeiros seis meses, terem aumentado 7%, o que representa uma desaceleração de 0,8 pontos percentuais face ao trimestre anterior e um abrandamento de 1,7 pontos percentuais sem relação a período homólogo. Esta sexta-feira o Banco de Portugal também dá a conhecer os dados sobe o financiamento das administrações públicas e o endividamento do setor não financeiro.

Ministros dos Transportes reunidos na União Europeia

Com o tema como “Melhorar a competitividade do setor dos transportes da União Europeia (UE)” em cima da mesa, termina esta sexta-feira a reunião informal dos ministros dos Transportes, no âmbito da Presidência Húngara do Conselho, sob liderança de János Lázár, ministro da Construção e dos Transportes da Hungria.

Lagarde discursa em evento do FMI

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, profere a palestra anual Michel Camdessus sobre Banca Central 2024 na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, EUA. O discurso de boas-vindas cabe a Tobias Adrian, conselheiro financeiro e diretor do Departamento de Mercado Monetário e de Capitais do FMI. Kristalina Georgieva, diretora-geral desta organização financeira, faz as honras do discurso de abertura.

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