Fundação Jiménez Díaz presta homenagem ao seu legado e aspira a continuar a fazer história com o seu trabalho de saúde, ensino e investigação

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

No seu 90.º aniversário, a Fundação presta homenagem ao pessoal com 25 anos de experiência e entrega prémios de investigação, ensino, iniciativas de saúde, experiência do doente e eficiência.

A Fundación Jiménez Díaz celebrou o 90º aniversário do Instituto de Investigaciones Clínicas y Médicas e o 70º aniversário da Clínica de la Concepción num evento em que destacou a sua capacidade de inovação e adaptação como motor para “liderar” a transformação do sistema de saúde espanhol. Tudo isto em torno do Campus Hospitalar da Fundación Jiménez Díaz, que, segundo a instituição, continuará a ser uma referência nos domínios da assistência, do ensino e da investigação.

Durante a cerimónia de aniversário do centro sediado em Madrid, o diretor da Fundación Jiménez Díaz, Dr. Javier Arcos, sublinhou que o “horizonte” fundador da instituição “continua a ser válido hoje em dia”. “Se há algo que caracteriza os ‘conchitos’, para além do seu amor pela profissão, é a sua capacidade de inovação e de adaptação à mudança”, observou.

Sublinhou que “é nesta capacidade, bem como no talento e no empenho dos seus profissionais, que o hospital se baseou para enfrentar desafios, melhorar a atividade e a segurança clínica e otimizar os processos de cuidados ao longo das nove décadas em que tem liderado a transformação do sistema de saúde a nível nacional, como atestam todos os anos numerosos prémios clínicos e de gestão, e o que é mais importante: a confiança dos doentes e a evidência dos resultados de qualidade e segurança alcançados e publicados no Observatório de Resultados da Comunidade de Madrid”.

“Tudo isto fez com que a nossa instituição se tornasse mais do que um hospital: um ecossistema que nunca parou de evoluir até unificar tudo o que representa atualmente sob um único conceito: o Campus Hospitalar Fundación Jiménez Díaz”, explicou o Dr. Arcos. Segundo ele, tudo isto é motivo para se sentirem “profundamente orgulhosos” do caminho percorrido “juntos” e “convencidos” de que estão “na direção certa para continuar a deixar a sua marca no futuro”.

CENTRO TOTAL

Neste aniversário, foi sublinhada a origem de um projeto em que “o objetivo era o ‘centro total’”. Este centro “combinará a investigação com a clínica que, de acordo com os critérios de Carlos Jiménez Díaz, dará origem a mais ideias à cabeceira para dar aos doentes a possibilidade de serem estudados, assistidos e tratados como nos grandes hospitais estrangeiros e para dar uma volta ao ensino para conseguir a fórmula de um centro ligado à universidade, mas sem estar sujeito à legislação”, recordou Mariano Jiménez Casado em “Historia de la Fundación Jiménez Díaz”.

Jiménez Casado referia-se à criação, há 90 anos, do Instituto de Investigaciones Clínicas y Médicas que, depois de unificado com a Clínica de la Concepción, inaugurada 20 anos mais tarde, deu origem ao Hospital Universitario Fundación Jiménez Díaz.

O Professor Jiménez Díaz foi o fundador deste centro que transformou o conceito de hospital num lugar dedicado à ciência, combinando os aspetos de assistência, ensino e investigação, e que desde então tem sido um exemplo de inovação, excelência, segurança clínica, profissionalismo e compromisso com o bem-estar da sociedade. Tudo isto foi resumido por Laín Entralgo quando o definiu como um “conhecedor de todos os saberes”. Todo este legado é sintetizado num vídeo que propõe também o desafio de “continuar a fazer história”.

25 ANOS DE TRAJETÓRIA

Paralelamente à resenha histórica, tal como se informa num comunicado de imprensa, o Dr. Arcos entregou mais de trinta diplomas de reconhecimento àqueles que dedicaram um quarto de século à Fundación Jiménez Díaz, juntamente com a Subdiretora, Ana Posada; a Dra. Marta Cremades e a Dra. Ana Leal, Diretora e Subdiretora Médica, respetivamente, do centro; Óscar Gómez, Diretor de Continuidade de Cuidados; e Ana Gloria Moreno, Diretora de Enfermagem.

O Dr. Antonio Blanco, chefe do Serviço de Urgência, e María José Checa, subdiretora de Enfermagem, agradeceram em nome de todos os homenageados, felicitaram os seus colegas e partilharam com eles a sua experiência e aprendizagem na instituição durante este período.

Foram também entregues os XXI Prémios de Investigação, os II Prémios de Ensino e os IX Prémios às Melhores Iniciativas em Saúde, Experiência do Doente e Eficiência. Os prémios foram entregues pela Dra. Carmen Ayuso, Diretora do Instituto de Investigação Sanitária da Fundação Jiménez Díaz (IIS-FJD); pela Dra. Victoria del Pozo, Subdiretora de Investigação do IIS-FJD; e pela Dra. Cristina Caramés, Diretora de Cuidados e Investigação do Quirónsalud. Na investigação, destacaram-se as teses de Claudia Vales-Villamarín, Guillermo Santamaría Corral, María Herrera e Beatriz Álvarez, entre outros.

Leandro Soriano, Diretor de Ensino da Fundación Jiménez Díaz e Chefe do Departamento de Pediatria, juntamente com Ana Gloria Moreno, entregaram o Prémio de Ensino ao novo Campus Pintor Rosales da Escola de Enfermagem da Fundación Jiménez Díaz-Universidade Autónoma de Madrid, inaugurado este ano letivo, e cujo reconhecimento foi recolhido pela sua Diretora, Paloma Rodríguez, juntamente com membros da equipa diretiva.

Quanto aos Prémios para as melhores iniciativas em Saúde, Experiência do Paciente e Eficiência, destacaram os projetos que mais contribuem para promover estes três eixos estratégicos da instituição e para continuar a ser uma referência nestas áreas.

A nona edição destes prémios reconheceu na primeira destas categorias duas iniciativas que contribuíram para a prevenção e promoção da saúde da população, cujos diplomas foram entregues pelo Dr. Arcos e pelo Dr. Cremades. Trata-se da incorporação na carteira de serviços do hospital do tratamento com ultra-sons focalizados guiados por ressonância magnética (HIFU), que foram recolhidos pelo Dr. Pedro García, especialista do Serviço de Neurologia e coordenador da Unidade de Distúrbios do Movimento da Fundación Jiménez Díaz; Jorge Cabrera, especialista do Serviço de Neurocirurgia, e Cici Feliz, especialista do Serviço de Neurologia; e o Programa de Alimentação Saudável, lançado este ano no centro sob a direção de Rubén Jiménez, chefe da cozinha, e Jorge Chaves, chefe do catering.

Por sua vez, Marta del Olmo, diretora corporativa de Experiência do Paciente, e o Dr. Gómez entregaram o prémio na categoria “Experiência do Paciente” a Eva Rueda, chefe do Serviço de Informação e Assistência ao Paciente da Fundación Jiménez Díaz, pelo projeto de Digitalização do Serviço de Assistência ao Paciente Online SIAP, que melhora a experiência do utilizador neste serviço.

AXON: Centro Integral de Excelencia y Seguridad Hospitalaria” foi o vencedor deste ano na categoria ‘Eficiência’, representado no evento por Raquel Martín, Diretora de Admissões da Fundación Jiménez Díaz; e Ana Isabel Cortés, Analista de Dados de Saúde no Departamento de Sistemas, que recebeu o prémio das mãos de Ana Posada e da Dra. Leal.

Por último, Daniel Blanco, Diretor do Departamento de Sistemas do Hospital Universitário Infanta Elena; Alba Caballero, Gestora de Projectos TIC no Departamento de Sistemas da Fundación Jiménez Díaz; e a Dra. Carolina Gotera, especialista do Serviço de Pneumologia da Fundación Jiménez Díaz; David Saez, Chefe do Serviço de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia do Hospital Universitário Rey Juan Carlos; Eduardo Useros, especialista do Serviço de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia do Hospital Universitário Rey Juan Carlos; e o Dr. Eduardo Useros, especialista do Serviço de Pneumologia da Fundación Jiménez Díaz, que receberam o prémio; Eduardo Useros, especialista do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Infanta Elena; e Gonzalo Díaz, chefe adjunto do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário General de Villalba, receberam o “Accésit Premio 4H” atribuído ao projeto “Scribe”, como reconhecimento especial e exemplar dos três eixos estratégicos do centro e da colaboração em rede da Fundação Jiménez Díaz com os outros hospitais de Quirónsalud integrados na rede pública de Madrid (Sermas).

O Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, fundado há mais de 80 anos pelo Dr. Carlos Jiménez Díaz, mantém desde 1953 um convénio com o sistema público de saúde, através do qual presta serviços de saúde pública à sociedade espanhola. De acordo com os compromissos do grupo a que pertence, Quirónsalud, os seus profissionais desenvolvem atividades de assistência, ensino e investigação. Tem acordos com a Universidade Autónoma de Madrid, entre outras, e dispõe de uma Escola de Enfermagem própria. O seu Instituto de Investigação em Saúde foi criado em 2009 ao abrigo de um acordo com a UAM e acreditado em 2010 e reacreditado em 2021 pelo ISCIII por um período de cinco anos.

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Hospital Infanta Elena incorpora uma nova tecnologia de ressonância magnética baseada em IA que proporciona rapidez, precisão e qualidade às imagens

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

O Hospital Universitário deu mais um passo na sua trajetória de inovação sanitária e tecnologia de ponta com a incorporação de uma tecnologia de ressonância magnética impulsionada pela IA.

O Dr. Anthony Vizarreta, chefe do Departamento de Radiologia do hospital de Valdemora, explicou que “a chegada desta ferramenta responde à crescente procura de exames de imagem devido ao envelhecimento da população, ao aumento das patologias crónicas e ao papel fundamental dos exames de imagem nas necessidades de diagnóstico da população”.

“Um cenário que obriga as tecnologias de imagiologia médica a avançar com rapidez, precisão e qualidade: com esta tecnologia reforçamos a nossa excelência diagnóstica, porque otimiza tanto a precisão dos exames como a experiência dos doentes e dos profissionais, e contribui para oferecer cuidados mais eficientes num contexto de crescente pressão sanitária”, afirmou.

Concretamente, “este novo equipamento é um software avançado que melhora o processo de aquisição de imagens de RM”, explicou, acrescentando que “se baseia num algoritmo de reconstrução de IA aplicado na fase inicial do sinal, que elimina o ruído e preserva os pormenores com uma resolução melhorada. Além disso, ao integrar-se no motor de aceleração MR Compressed Sense do hospital, reduz os tempos de exame tradicionais até três vezes sem comprometer a qualidade da imagem.

Ao contrário dos sistemas de RM tradicionais, a nova tecnologia integra algoritmos de IA no motor, uma característica já presente no equipamento anterior do Infanta Elena. No entanto, enquanto as gerações anteriores limitavam a velocidade ou a resolução para evitar o ruído nas imagens, esta inovação utiliza a reconstrução baseada em IA a partir da fonte do sinal, eliminando as interferências e preservando os pormenores críticos. Isto traduz-se numa maior resolução de imagem e numa redução significativa dos erros de imagem (chamados “artefactos”) que complicavam os diagnósticos, o que, por sua vez, significa uma redução drástica dos exames não diagnósticos.

BENEFÍCIOS

As principais vantagens desta ferramenta incluem rapidez e precisão (exames significativamente mais rápidos sem sacrificar a qualidade); imagens de maior resolução, com um aumento de 65% na definição; detalhe milimétrico (maior confiança no diagnóstico, com a capacidade de detetar pequenas lesões, como tumores incipientes); menor ruído e menos artefactos, o que melhora a interpretação dos resultados; versatilidade (é compatível com 97% dos protocolos clínicos, desde estudos cerebrais a cardíacos); maior acessibilidade para os doentes, com menos tempo no scanner (sendo ideal para crianças, idosos ou pessoas com claustrofobia), maior conforto e diagnósticos mais precoces; e impacto nos doentes e profissionais.

Para os doentes, a principal vantagem é a redução do tempo de permanência no scanner, o que diminui a ansiedade e melhora o conforto, especialmente para os doentes claustrofóbicos ou pediátricos. Além disso, a melhor qualidade de imagem reduz a necessidade de repetir os exames, evitando deslocações desnecessárias.

Para os profissionais, melhora a eficiência e a fiabilidade do diagnóstico. A possibilidade de obter imagens mais precisas em menos tempo otimiza o fluxo de trabalho no departamento de radiologia, permitindo que mais pacientes sejam atendidos com o mesmo nível de recursos.

“Esta tecnologia é utilizada em 97% dos protocolos clínicos atuais, abrangendo aplicações de imagem quantitativa no cérebro (doenças degenerativas), coração, fígado (maior nitidez nas lesões/patologias) e sistema músculo-esquelético (análise de tecidos e lesões com contraste avançado)“, o que permite diagnósticos mais precisos em doenças complexas como o cancro”, afirmou o Dr. Vizarreta.

A sua implementação no hospital de Valdemoreño não exigiu mudanças estruturais significativas, uma vez que está integrado na tecnologia existente, mas requer uma atualização dos protocolos clínicos e formação específica para o pessoal, o que resulta numa melhoria dos cuidados prestados aos pacientes.

Esta aquisição está de acordo com os padrões internacionais de vanguarda do Hospital Universitário Infanta Elena e reforça a sua aposta na incorporação de tecnologia de diagnóstico de última geração nas mãos dos melhores profissionais, em benefício de diagnósticos mais rápidos, precisos e acessíveis.

De acordo com o especialista, “o futuro da ressonância magnética é marcado pela inteligência artificial e pela aprendizagem profunda, e tecnologias como esta representam um passo crucial nesta evolução”. “A aplicação da IA na imagiologia médica não só melhora a qualidade do diagnóstico, como também otimiza os recursos de saúde, permitindo-nos enfrentar os desafios do envelhecimento da população e o aumento da procura e da pressão dos cuidados”, acrescentou.

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As novas medidas anti-corrupção são suficientes? Setor responde

Conselho de Ministros aprovou mudanças na orgânica do MENAC, o organismo que fiscaliza as políticas de prevenção da corrupção. Atual diretor sai com efeitos imediatos. Nova direção escolhida em breve.

“Dar uma nova vida à instituição que luta contra a corrupção”. Foi a razão dada pela ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, para a mudança na orgânica do Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), aprovada em Conselho de Ministros na quinta-feira.

O Conselho de Ministros aprovou quatro diplomas para a prevenção da corrupção e aceleração processual. “Este é um dia bom para a Justiça”, disse a ministra.

O MENAC passa a ter um conselho de administração com três elementos e um quadro de pessoal próprio, “alterando a gestão assente num órgão unipessoal”. Os três membros do Conselho de Administração serão nomeados por resolução do Conselho de Ministros para mandatos de quatro anos. O mandato atual – liderado por António Henriques da Graça, Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça – acaba de forma automática, mas a nova equipa da direção ainda não está escolhida.

Paralelamente, o Governo aprovou ainda um plano plurianual de recrutamento de 50 inspetores alocados à inspeção de autarquias. Mas não só. O Executivo, numa primeira fase ainda este ano, vai recrutar 30 inspetores entre a IGF e a IGAMAOT.

Estas medidas surgem numa altura em que a maioria das denúncias sobre suspeitas de corrupção apresentadas ao MENAC e ao Ministério Público dizem respeito à atividade desenvolvida nas autarquias locais. “Isso foi o suficiente para fazer soar o alerta sobre a necessidade de rever o modelo de controlo interno do Estado”, referem.

Na apresentação das medidas, o Governo sublinhou que perante esta situação haviam três cenários em “cima da mesa”: a criação de uma entidade nova, a transferência dessas competências para outra entidade pública ou o reforço de meios das entidades que já receberam essas competências: a IGF e o IGAMAOT, optando pela última opção.

A ministra da Justiça, Rita Júdice. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

 

E o que pensa o Ministério Público destas alterações?

“Nunca é demais recordar que a melhoria da celeridade e eficácia da resposta à corrupção é essencial para a credibilidade do próprio sistema de Justiça e, por essa via, para a afirmação de um verdadeiro Estado de Direito”, referiu Paulo Lona, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP).

O SMMP congratulou-se, essencialmente, com a proposta de alteração das regras de distribuição dos processos judiciais, deixando de ser necessária a presença de magistrados judiciais e do Ministério Público e sendo apenas obrigatória a presença de um funcionário judicial.

O sindicato sublinhou também a importância da aposta na prevenção da corrupção nas autarquias locais e a alteração das regras de acesso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

No caso das regras de acesso ao STJ, o objetivo é permitir a entrada de juízes mais novos. Já no caso do combate à corrupção nas autarquias, foi aprovado um diploma para contratação de 30 inspetores especializados em matérias autárquicas durante este ano e mais 20 até 2027.

No entanto, apontou o SMMP, “é igualmente necessário lembrar que o combate eficaz à corrupção depende, em primeiro lugar, de uma genuína vontade política para dotar o Ministério Público e as forças policiais dos recursos materiais, humanos e tecnológicos necessários. As lacunas nos recursos humanos para combater este tipo de criminalidade têm sido apontadas tanto interna como externamente”, acrescentou o sindicato.

O que dizem os advogados?

Alexandra Mota Gomes, advogada e sócia da Antas da Cunha ECIJA, defende que “estas medidas vêm materializar a concretização do Governo relativamente a alguns pontos da Agenda Anticorrupção, de 20 junho de 2024. Neste sentido, considero que as medidas anunciadas são positivas e tentam ultrapassar as entropias enfrentadas pelo MENAC desde a sua criação, bem como a urgência no apoio aos autarcas no âmbito da prevenção e na própria necessidade de fiscalização da corrupção ao nível das autarquias”. Ressalvando, porém, que “estas medidas não podem ser vistas como a resolução do problema da corrupção, mas sim mais um passo importante no caminho a percorrer”.

Destacando como “muito positivo”o envio à Assembleia da República do relatório anual do MENAC (e não apenas ao Governo), “medida que aumenta a transparência e o acompanhamento da atividade do MENAC, que, uma vez, reforçado, poderá estar sujeito a maior escrutínio”.

Juliana Vasconcelos Senra, advogada associada da MFA Legal, defende que estas medidas “representam apenas uma parte do esforço do executivo de implementar a Agenda Anticorrupção, vindo efetivar algumas das várias propostas desta Agenda. Não são medidas isoladas nem serão as últimas a ser anunciadas, pelo que não é possível ainda, como um todo, avaliar a eficácia desta Agenda. Relembre-se que a Agenda Anticorrupção é bastante abrangente, com 32 focos de intervenção, e que os diplomas aprovados ontem em Conselho de Ministros apenas vêm responder a uma fração destes”.

Salientando a relevância da atenção particular ao tema das autarquias locais, já que, “segundo esclarecimentos do Governo, quase metade das denúncias do MENAC ao Ministério Público dizem respeito a autarquias locais, atendendo também à proliferação de processos mediáticos de corrupção e infrações conexas nas autarquias locais. É ainda certo que o tema tem sido preponderante em discussões legislativas recentes, como é exemplo da questão da nova Lei dos Solos, que atribui mais competências às assembleias municipais. O reforço de medidas de prevenção neste contexto assume assim todo o interesse quando se estendem às autarquias locais mais atribuições, que naturalmente geram mais riscos da prática de infrações”.

Colocando o foco nas mudanças do MENAC, a advogada salienta que “este é um importante passo para o dotar da eficácia de que precisa. As medidas colocam alguma pressão ao MENAC para ser um elemento-chave da Agenda Anticorrupção e demonstram uma certa insuficiência do seu papel até agora – nas palavras da Ministra da Justiça, vamos querer mais do MENAC. Só o tempo demonstrará se o MENAC assume o papel que lhe está destinado nesta Agenda”.

Como a MFA Legal já havia sugerido na sua resposta à Consulta Pública da Agenda Anticorrupção, “não deve deixar de considerar-se a constituição de um gabinete de apoio e de acompanhamento de Denunciantes de corrupção e infrações conexas no MENAC. Um tal gabinete viria dar resposta à preocupação do Considerando 89 da Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019, a partir da qual foi transposta a Lei n.º 93/2021, de 20 de dezembro – a lei de proteção dos denunciantes. A efetivação de medidas de proteção dos denunciantes é essencial para assegurar a maximização das denúncias, para que sejam vistas como procedimentos seguros e em que o denunciante de boa-fé beneficia de um apoio institucional sério”, explica a advogada.

Concluindo que “acresce que será necessária a revisão do Regime Geral da Prevenção da Corrupção (RGPC), nomeadamente para efeitos de clarificação de diversas zonas cinzentas, que só têm aumentado com a implementação da nova plataforma do MENAC. Subsistem algumas incertezas, sobretudo quanto às entidades privadas abrangidas”.

“Quem disse que a Agenda Anticorrupção era apenas um PowerPoint, enganou-se”

A alteração da estrutura do MENAC foi um dos quatro diplomas aprovados pelo Governo, num dia que a ministra considerou ser “bom para a Justiça” e “bom para a luta contra a corrupção”. Em dezembro, à margem de uma conferência sobre corrupção, a ministra tinha justificado a já anunciada reestruturação do MENAC, afirmando que o organismo instituído há cerca de três anos ficou “aquém da sua função”.

A ministra fez ainda um breve balanço da implementação das 32 medidas da agenda anticorrupção do Governo: “De todas elas temos resultados para apresentar. Mais de metade está em execução, algumas já foram totalmente concretizadas e estão a dar bons resultados – como a tramitação eletrónica do inquérito no processo penal. Quem disse que a Agenda Anticorrupção era apenas um PowerPoint enganou-se”.

Sobre uma das medidas mais emblemáticas, o diploma da perda alargada de bens obtidos por via de corrupção, cujo anteprojeto o Ministério da Justiça tinha prometido para o final de janeiro, Rita Alarcão Júdice disse que “está na reta final”, para ser aprovado pelo Governo e depois remetido ao parlamento.

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LALIGA nega o bloqueio indiscriminado e acusa a Cloudflare de “colaborar com a pirataria, utilizando os sítios Web como escudo digital”

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

Chegou mesmo a denunciar dois IPs de pornografia infantil, que considera estarem alegadamente protegidos pela Cloudflare.

A LALIGA negou, no sábado, que esteja a promover o bloqueio indiscriminado de sítios Web para impedir a transmissão pirata de jogos de futebol dos principais clubes espanhóis e acusou a Cloudflare de “colaborar com a pirataria, utilizando os sítios Web como escudo digital”.

Em comunicado, explica que, nos últimos dias, se verificou “a disfunção de vários sítios Web em toda a Espanha”, o que relaciona “com o bloqueio de alguns endereços IP pelos fornecedores de serviços Internet”.

Estes bloqueios “são efetuados em resposta aos pedidos da LALIGA para lutar contra o acesso ilegal aos seus conteúdos, que a Cloudflare facilitou ao proteger conscientemente organizações criminosas com fins lucrativos”.

Por conseguinte, acusou a Cloudflare de “colaborar com atividades ilegais como o proxenetismo, a prostituição, a pornografia, a contrafação, a fraude e a burla, entre outras”.

Acrescentou que dois endereços IP cobertos pela Cloudflare foram solicitados no pressuposto “de que forneciam acesso a pornografia infantil, facto que a LALIGA documentou e apresentou como objeto de uma queixa policial”.

Sublinhou ainda que “esta ação foi levada a cabo com endereços IP utilizados para aceder ilegalmente aos conteúdos da LALIGA, que estavam sob a proteção da Cloudflare que, tal como outras grandes empresas tecnológicas norte-americanas, permite às máfias e organizações criminosas branquear digitalmente os conteúdos ilegais que roubam, o que as torna colaboradoras necessárias nos crimes contra a propriedade intelectual, tal como estabelecido no artigo 270.2 do Código Penal espanhol”.

O comunicado da LALIGA argumenta que “não se trata de um bloqueio massivo e indiscriminado” porque tem “certeza absoluta e provas credenciadas de que estes IPs são utilizados para distribuir conteúdos ilegais e são partilhados com conteúdos legítimos”.

Neste sentido, afirmou que “as empresas legais que são afetadas por estes bloqueios são aquelas que a Cloudflare utilizou conscientemente como escudo digital para as esconder, sem o seu conhecimento e lucrando com isso”.

Acrescentou que “mais de 50% dos IPS piratas que distribuem ilegalmente os conteúdos da LALIGA são lavados pela Cloudflare e, apesar de a LALIGA ter feito vários pedidos à empresa para que cessasse a sua colaboração com os sites piratas, a Cloudflare optou por não colaborar e lucrar com a atividade criminosa que ajuda a encobrir”.

Por último, sublinhou que “contactou repetidamente a Cloudflare para solicitar a sua colaboração voluntária, à qual a empresa tecnológica norte-americana respondeu na sexta-feira, 7 de fevereiro, de forma surpreendente, ratificando a sua conduta, com desculpas tecnológicas implausíveis e incoerentes”.

Por conseguinte, entende que “a LALIGA esgotou o seu dever de diligência antes de recorrer a esta medida” e advertiu que “esta situação não é exclusiva de Espanha”, pelo que “foram aplicadas medidas semelhantes noutros países para combater a pirataria de conteúdos desportivos”.

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5 coisas que vão marcar o dia

Galp divulga os resultados de 2024 e termina prazo para os contribuintes comunicarem alterações no agregado familiar. Lá fora, os ministros das Finanças da área do euro reúnem-se em Bruxelas.

Neste arranque da semana, a Galp vai divulgar os resultados de 2024. Termina ainda o prazo para os contribuintes comunicarem alterações no agregado familiar. Há também dados do Eurostat sobre o comércio internacional e uma reunião do Eurogrupo em Bruxelas.

Galp divulga resultados de 2024

A Galp divulga esta segunda-feira os resultados financeiros do ano de 2024. Até setembro do ano passado, a petrolífera lucrou 890 milhões de euros, montante que representa uma subida de 24% em relação aos mesmos nove meses do ano anterior, atingindo o valor mais alto de sempre neste período.

IRS: Termina prazo para comunicar alterações no agregado familiar

Esta segunda-feira termina o prazo para os contribuintes comunicarem a composição do agregado familiar, garantindo desta forma que a liquidação do IRS tem em conta eventuais alterações familiares que tenham ocorrido durante o ano passado. Termina ainda o prazo para comunicar despesas de educação no interior ou regiões autónomas.

Qual o futuro da construção civil?

Decorre ainda a Conferência “Portugal 2030: futuro estratégico para o setor da construção”, organizada pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN). O evento vai contar com a presença dos ministros Miguel Pinto Luz e Manuel Castro Almeida, Paulo Macedo (CGD), Carlos Mota Santos (Mota-Engil), Miguel Mateus (ANA Aeroportos), Fernando Alfaiate (Recuperar Portugal) e António Mendonça (bastonários dos economistas).

Reunião do Eurogrupo

Em Bruxelas, os ministros das Finanças da Zona Euro reúnem-se para discutir as principais prioridades políticas da zona euro e perspetivas para 2025, numa altura em que a Comissão Europeia promete “punho de ferro” contra tarifas de Trump e propõe flexibilizar as regras orçamentais para permitir que os Estados-membros aumentem os gastos com defesa.

Eurostat divulga dados sobre comércio internacional de mercadorias

O Eurostat vai divulgar esta segunda-feira os dados relativos ao comércio internacional de mercadorias na União Europeia (UE) referentes a dezembro de 2024, numa altura em que a subida das tarifas com Trump poderá ser um “ponto de viragem” no comércio internacional – depois do presidente americano confirmar a imposição de tarifas de 25% às importações de alumínio e aço provenientes da UE, mas também da Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Japão, México, Coreia do Sul e Reino Unido.

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Mota-Engil na corrida à primeira PPP ferroviária na Colômbia

Após ser desqualificada no metro de Bogotá, construtora portuguesa apura-se para o grupo de três finalistas em concurso de 778 milhões de euros para um corredor ferroviário de 526 quilómetros.

O consórcio formado pela Mota-Engil Colombia (50%), pela sua filial ME SAS (25%) e pela colombiana Infraestructura Nacional Ltda. (25 %) vai disputar aquela que será a primeira Parceria Público-Privada (PPP) ferroviária naquele país da América Latina, que prevê a reabilitação, construção, operação e manutenção de um corredor com 526 quilómetros de extensão, num investimento aproximado de 778 milhões de euros.

A proposta da construtora portuguesa, que acaba de ver chumbada a proposta para o segundo troço da alta velocidade entre Porto e Lisboa, foi uma das três selecionadas pela Agência Nacional de Infraestrutura (ANI), entre um total de 43 candidaturas, para passar à fase final do concurso para a concessão por dez anos do corredor La Dorada – Chiriguaná. Ligará o centro do país à costa caribenha e é considerado pelas autoridades locais como a “espinha dorsal” para reativar o transporte de mercadorias por comboio, que pesa atualmente menos de 20% do total.

Na corrida final estão o consórcio liderado pela britânica ERG (80%) em conjunto com as colombianas Castro Tcherassi MIA Grupo Empresarial e Elogia Soluciones Logísticas; e o agrupamento encabeçado pelos espanhóis do Grupo Ortiz (75%) com as empresas locais Transferport e Colombian Natural Resources. A audiência de adjudicação está agendada para 3 de abril. Até lá, a agência pública avaliará o cumprimento dos requisitos técnicos e financeiros.

Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil

Segundo dados oficiais, 63% da rede ferroviária na Colômbia está atualmente inativa. Citado pela imprensa local, o presidente da ANI, Francisco Ospina Ramírez, destacou a aliança com o setor privado para “fortalecer a logística ferroviária” no país e descreveu este modelo de PPP como “o mecanismo mais eficiente para desenvolver as ambiciosas obras de infraestruturas de que o país necessita”.

Os estudos apontam para uma redução dos custos logísticos até 20% graças à integração dos carris com a rede viária e portuária, assim como a criação de 32 mil empregos diretos e diretos. A requalificação deste corredor, de acordo com as projeções do governo liderado pelo Gustavo Petro, vão permitir aumentar a movimentação de mercadorias das atuais 225 mil toneladas (dados do ano passado) para 2,8 milhões de toneladas anuais no médio e longo prazo.

Na Colômbia, onde se instalou em 2011, o grupo que há dois anos passou a ser comandado por Carlos Mota Santos está ainda a executar um contrato de 450 milhões de euros para construir uma linha de metro com 13 quilómetros e 17 estações na cidade de Medellín – vai fornecer também as locomotivas para o “Metro de la 80”. No entanto, em outubro do ano passado acabou por ser desqualificado do concurso para a construção e operação durante 30 anos da segunda linha do metro de Bogotá.

O afastamento do consórcio liderado pela Mota-Engil aconteceu na sequência de um protesto apresentado pelo agrupamento das espanholas Sacyr e Acciona por alegados conflitos de interesses entre dois concorrentes que integram empresas chinesas. Esse projeto avaliado em mais 1,8 mil milhões de euros, cuja adjudicação está prevista igualmente para abril, seria o maior de sempre para o grupo sediado no Porto, que até setembro viu os lucros subirem 51% para 77 milhões de euros com o mercado da América Latina a impulsionar as atividades de engenharia e construção.

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Alentejo e ilhas foram os campeões do crescimento das exportações em 2024

Maiores crescimentos em valor exportado, em 2024, verificaram-se na Madeira, Açores e Alentejo, com taxas homólogas superiores a 5%. Exportações a Norte caem 1,4%, para 26,8 mil milhões de euros.

O Norte do país continua a ser o principal produtor de bens portugueses para exportar, mas no ano passado sofreu uma quebra face ao ano anterior, quadro que também se verificou no Centro. De acordo com cálculos do ECO, com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os maiores crescimentos em valor exportado verificaram-se em bens produzidos na Madeira, Açores e Alentejo, com taxas homólogas superiores a 5%.

A região Norte é ‘rainha e senhora’ na produção de bens que Portugal vende ao exterior, até porque concentra grande parte da indústria portuguesa. Em termos absolutos, as exportações nesta região ascenderam a 26,7 mil milhões de euros em 2024, representando 33,75% do total das exportações nacionais. No ‘ranking’ foi seguida por Lisboa e pelo Centro (ver mapa).

No global, em 2024, as exportações portuguesas cresceram 2,5% face ao ano anterior, atingindo cerca de 79,3 mil milhões de euros. No entanto, considerando apenas Portugal Continental a taxa de crescimento do valor exportado foi apenas de 0,34%, enquanto a das regiões autónomas foi bastante superior, ainda que em termos absolutos o contributo seja menor. As exportações produzidas na Madeira subiram 6,1% e nos Açores 5,4%.

Por outro lado, no maior centro de exportação do país – o Norte -, o valor caiu 1,4% face ao ano anterior. “Ainda assim, a região Norte continua a revelar o maior excedente comercial de todas as regiões em 2,4 mil milhões euros, face ao défice de 27,7 nacional“, assinala Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP – Associação Empresarial de Portugal, em declarações ao ECO.

“O contexto internacional adverso tem muita influência numa região com elevada vocação exportadora e forte peso da indústria, como é o caso da Região Norte”, considera o responsável da associação empresarial.

O contexto internacional adverso tem muita influência numa região com elevada vocação exportadora e forte peso da indústria, como é o caso da Região Norte.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente da AEP

O setor têxtil continua a encabeçar a lista dos bens mais vendidos pelo Norte ao exterior, representando 4,2 mil milhões de euros, apesar da quebra de 5,1% face ao ano anterior, seguido pelas máquinas (4,1 mil milhões), plásticos (2,8 mil milhões) e metais (2,7 mil milhões).

No entanto, a pressionar negativamente o desempenho nesta região face a 2023 estiveram o material de transporte, com uma quebra de 8,6% (para cerca de 2,5 mil milhões de euros), e o calçado, chapéus e artefactos de uso semelhante que recuaram 8,3% (para 1,6 mil milhões de euros).

“São setores de elevada especialização na região Norte, o que é preocupante. São necessárias políticas públicas que promovam a competitividade das empresas e a sua diversificação de mercados, nomeadamente via fundos europeus“, defendeu Luís Miguel Ribeiro.

Paulo Gonçalves, porta-voz da APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneo, destacou que a quebra no setor se deve fundamentalmente ao contexto internacional e a uma alteração na estratégia de exportação.

Crescemos em quantidade e diminuímos em valor. Ou seja, exportámos mais sapatos, mas de valor menor. Isto acontece porque até há pouco tempo estávamos muito concentrados no calçado em couro e começámos a diversificar e exportar mais calçado de outros materiais. Vendemos a preços mais baixos em virtude disso”, explicou Paulo Gonçalves em declarações ao ECO.

Crescemos em quantidade e diminuímos em valor. Ou seja, exportámos mais sapatos, mas de valor menor.

Paulo Gonçalves

Porta-voz da APICCAPS

O responsável da APICCAPS adianta ainda que o setor também começou a importar mais algumas tipologias de sapatos, acrescentando a mais-valia em Portugal, para posterior exportação. Ademais, o contexto internacional foi “muito adverso”, uma vez que “os dois principais mercados – a Alemanha e França – têm tido desempenhos económicos fracos”.

“O ano de 2024 foi difícil, mas ainda assim o setor exportou para 170 países. O último trimestre já foi positivo para o setor”, salientou. A nível nacional, as exportações da indústria portuguesa do calçado aumentaram 3,3% em volume no ano passado, para um total de 67 milhões de pares, recuperando parte das quantidades perdidas no ano anterior. No entanto, o valor dessas vendas ao exterior diminuiu pelo segundo ano consecutivo (-6,5%) para 1.702 milhões de euros.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Além da quebra no Norte, as exportações do Centro caíram 1,2%, as do Oeste e Vale do Tejo recuaram 2,8% e as do Algarve diminuíram 1,34%. Por outro lado, as exportações do Alentejo cresceram 5%, para cerca de 2,8 mil milhões de euros (invertendo a queda de 14,6% registada em 2023 face a 2022), destacando-se o Baixo Alentejo e Alto Alentejo, com taxas de 15,9% e 6,3%, respetivamente.

Os produtos minerais e as gorduras e óleos animais/vegetais e de origem microbiana registam os valores mais elevadas das exportações alentejanas, com 943 milhões de euros e 790 milhões de euros em 2024, respetivamente. Em declarações ao ECO, David Simão, presidente da NERBE – Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral, assinalou “o aumento de produção das Minas de Aljustrel, cuja recuperação da atividade produtiva tem registado aumentos muito interessantes” e da conquista de mercado pelo azeite português lá fora.

A entrada em produção de novas áreas, torna o azeite cada vez mais uma atividade de referência no Baixo Alentejo. Acima de tudo com a inovação, temos aumentado a capacidade de transformação e de acrescentar valor ao que produzimos”, referiu.

A entrada em produção de novas áreas, torna o azeite cada vez mais uma atividade de referência no Baixo Alentejo. Acima de tudo com a inovação, temos aumentado a capacidade de transformação e de acrescentar valor ao que produzimos.

David Simão

Presidente da NERBE

Para o responsável alentejano, para que a região continue a registar estas taxas de crescimento é preciso condições que permitam às empresas aumentar a produção e torná-la mais eficiente. Para isso, defende a aposta em “infraestruturas, em acessibilidade e vias de comunicação”, considerando que apenas desta forma é possível incentivar o investimento e levar a região a não se limitar apenas ao setor primário.

“São precisos mais produtos transformados para que consigamos atingir mais mercados e mais rentáveis”, advoga.

No entanto, em termos de variação face a 2023 foram pérolas naturais ou cultivadas/pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes/metais preciosos/bijutaria/moedas que registaram a maior taxa de crescimento no Alentejo: 252,4% (para 655 mil euros exportados).

Já na Madeira, as exportações de bens de gorduras e óleos animais, vegetais ou de origem microbiana registaram a maior taxa de variação homóloga (para 232 mil euros), sendo os produtos das indústrias químicas ou das indústrias conexas os bens com o valor mais elevado (63 milhões de euros). Segmento no qual os Açores registaram a maior taxa (89,2%), ainda que tenham sido as exportações de animais vivos e produtos do reino animal a registar o maior valor: 102 milhões de euros.

Por sua vez, as exportações da Grande Lisboa cresceram em valor 3,4% em 2024, o que compara com a quebra de 8,9% registada em 2023 face a 2022, e as da Península de Setúbal avançaram 3%, recuperando da diminuição homóloga de 9,4% no ano anterior.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 17 de fevereiro

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2025

Ao longo desta segunda-feira, 17 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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O negócio da Defesa num mundo conturbado. Ouça o podcast “À Prova de Futuro”

Ricardo Mendes, CEO da Tekever, e Sérgio Barbedo, líder da Thales Edisoft Portugal, são os convidados num episódio em que exploramos o potencial do setor da Defesa na Europa.

Num mundo conturbado, o negócio da defesa é cada vez mais importante. No terreno, no ar ou no mar, as empresas europeias fomentam a inovação para ganhar contratos e dar independência ao velho continente. Neste episódio falamos com gestores de duas dessas empresas, líderes europeias nas suas áreas.

Temos no estúdio Ricardo Mendes, CEO da Tekever, referência europeia no segmento dos drones de reconhecimento. A demonstrar um crescimento acelerado, a empresa esteve nas bocas do mundo quando os seus drones foram utilizados pelo exército britânico com sucesso na Ucrânia.

Logo a seguir teremos a rubrica que está a dar que falar antes da segunda conversa, que será com Sérgio Barbedo, CEO da Thales Edisoft Portugal, para nos explicar a parceria entre a gigante multinacional francesa e o Estado português.

O podcast À Prova de Futuro tem o apoio da Meo Empresas.

Ouça o episódio no leitor abaixo:

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MBA que junta Nova SBE e Católica consolida posição no top 25 da Europa

MBA da Católica e Nova SBE aparece na 24.ª posição europeia do "ranking" do "Financial Times". Componente internacional é uma das que mais se destacam.

Depois de na última edição ter feito a sua estreia no top 25 europeu, o MBA que junta a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) à escola de negócios da Universidade Católica consolida este ano a sua posição entre os melhores do Velho Continente. Na nova edição do ranking do Financial Times, mantém-se na 24.ª posição e continua a ser o único programa português deste tipo a figurar na tabela.

“O The Lisbon MBA Católica|Nova reafirma a sua posição de destaque no ‘Financial Times global MBA ranking 2024′, alcançando a 24.ª posição na Europa e mantendo-se como o único MBA português presente no ranking internacional desde 2013“, é salientado na nota enviada às redações.

Este programa distingue-se pela sua “forte componente internacional“, ocupando este ano o 3.º lugar mundial em experiência internacional, “fruto da parceria com o MIT Sloan, além de colaborações com outras escolas de topo”. Na edição passada, estava em 4.º lugar neste critério, o que significa que agora melhorou um lugar.

Em comunicado, a Nova SBE e a Católica frisam que, fruto das parcerias, este MBA oferece aos alunos a possibilidade de intercâmbio nos cinco continentes, “ampliando a exposição global e as experiências multiculturais”.

Outro critério no qual este programa pontua bem é no retorno sobre o investimento. “Os graduados registaram um aumento salarial de 89% três anos após a conclusão do curso, com um salário médio anual bruto de 135.825 dólares. Além disso, o programa alcançou um notável índice de 97% de empregabilidade em até seis meses após a conclusão do MBA”, é destacado na nota enviada às redações.

Há a destacar também a aposta na diversidade registada neste MBA, que conta com 62% de alunos internacionais e 42% de mulheres. “O corpo docente é composto por professores de renome internacional, sendo 40% de origem internacional, enriquecendo ainda mais a experiência de aprendizagem”, é acrescentado.

Perante este desempenho, Maria José Amich, Diretora Executiva do The Lisbon MBA, garante que tem havido uma aposta contínua na expansão das parcerias internacionais, “incluindo novos mercados”, e na diversidade das turmas, “o que contribui para o enriquecimento da discussão em sala de aulas, e no trabalho em equipa”, afirma.

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“Os americanos olham para a Europa como um museu”

O podcast 'O Mistério das Finanças' tem esta semana como convidado Diogo Mónica, empreendedor e investidor, fundou o Anchorage Digital nos EUA, um banco regulado de gestão de criptoativos.

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O Mistério das Finanças é um podcast semanal do ECO, apresentado pelos jornalistas António Costa e Pedro Santos Guerreiro, disponível em áudio e vídeo nas principais plataformas.

Diogo Mónica, 38 anos, nasceu nos EUA, regressou a Portugal, formou-se no Técnico e regressou aos EUA, para funda a Anchorage Digital, um banco de gestão de ativos digitais como a bitcoin ou as chamadas ‘stable coins’, regulado e sujeito às regras das autoridades de supervisão nos EUA e já hoje com grandes bancos de investimento globais como acionista. Muito crítico da Europa, do excesso de regulação que põe em causa a inovação. “Somos muito bons a fazer relatórios na Europa” e há uma enorme aversão ao risco. É o convidado do podcast O Mistério das Finanças, com Pedro Santos Guerreiro e António Costa. “Os americanos olham para a Europa como um museu, não é o sítio para se investir e trabalhar, é o sítio para vir de férias“.

Neste episódio do podcast O Mistério das Finanças, há mistérios e há a boa e a má moeda: E Diogo Mónica trouxe as virtudes das ‘stable coins’, moedas digitais que tem subjacente um ativo, e o vice-presidente dos EUA, JD Vance.

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Mediadores exigem que Governo cumpra promessas sobre venda de seguros

  • ECO Seguros
  • 16 Fevereiro 2025

David Pereira, presidente da APROSE, afirma que o Governo está em falta com os corretores e agentes de seguros, continuando sem clarificar a venda de seguros pelos bancos no crédito à habitação.

O presidente da APROSE, David Pereira, única associação a representar os corretores e mediadores de seguros afirmou – em artigo de opinião publicado no jornal SOL – “exigimos que a medida apresentada no programa Construir Portugal seja implementado, garantindo que as famílias possam escolher livremente os seguros que melhor servem os seus interesses, sem penalizações encapotadas”.

David Pereira lembrou que em 2024 o Governo aprovou uma medida a permitir a contratação de seguros obrigatórios de crédito à habitação por uma seguradora diferente da indicada pelo banco mutuante. “No entanto esta medida não saiu do papel”, diz, “o ministério das Finanças nunca apresentou qualquer prazo ou solução concreta para a sua implementação”.

O presidente da APROSE, recorda ainda que solução idêntica foi apresentada em 2023 na Assembleia da República, na altura aprovada por todos os partidos, exceto pelo Partido Socialista, na altura com maioria dos deputados. “O atual ministro das Finanças, que na altura era líder parlamentar do partido que agora governa, teve um papel fundamental na discussão desta proposta”.

“A mesma força política que apoiou esta medida no passado e a incluiu no programa do atual Governo continua sem intenção de a concretizar e mudar o panorama financeiro das famílias”, acrescenta David Pereira.

A venda de seguros pelos bancos e o fim de um eventual aproveitamento da posição negocial junto dos mutuários para impor a contratação de seguros de vida e multirriscos mais favoráveis ao banco, tem sido uma batalha da APROSE junto do poder político. “Enquanto os bancos nacionais apresentam lucros recorde de 5 mil milhões de euros, a liberdade de escolha dos seguros é um direito que não pode continuar a ser adiado”, conclui David Pereira.

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