5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 29 Janeiro 2025

Em dia de audição ao secretário de Estado do Tesouro e Finanças, o salário mínimo também vai a Parlamento. Já os mercados americanos esperam a decisão da Reserva Federal.

No dia em que o secretário de Estado do Tesouro e Finanças vai ser ouvido pelos deputados no âmbito da insolvência da Inapa, Marcelo Rebelo de Sousa marcou reunião do Conselho de Estado para analisar a União Europeia com a participação do ex-presidente do Banco Central Europeu. O Banco de Portugal divulga dados sobre os empréstimos e depósitos feitos pelos portugueses e a diretiva europeia que estabelece “salários mínimos adequados” vai ser debatida em Parlamento. Lá fora, a Reserva Federal norte-americana vai revelar a sua decisão quanto às taxas de juro.

Inapa leva secretário de Estado do Tesouro e Finanças ao Parlamento

O secretário de Estado do Tesouro e Finanças, João Silva Lopes, vai ser ouvido na Assembleia da República numa audição parlamentar no âmbito da insolvência da Inapa. O requerimento lançado pelo Grupo Parlamentar do Chega indica que pretende perceber as políticas de gestão que levaram a filial à insolvência, de que forma a Parpública – maior acionista da Inapa – acompanhou todo o processo, “os motivos pelos quais a Parpública não comunicou, de imediato, ao Ministério das Finanças as dificuldades de tesouraria de curto prazo da Inapa Deutschland GMBH; as implicações da insolvência desta entidade para o Estado e para os contribuintes portugueses”, lê-se no documento.

Fed vai cortar as taxas de juro?

A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos vai revelar a sua decisão quanto à mexida nas taxas de juro, com o fim da primeira reunião de dois dias do ano. Os especialistas esperam que a Fed faça uma pausa na redução das suas taxas de juro, apesar de o presidente norte-americano, Donald Trump, já se ter pronunciado a favor de uma nova descida. O ciclo de cortes dos juros diretores iniciou-se em setembro do ano passado e culminou com três descidas até ao final de 2024. O mercado além de aguardar pela decisão do Fed também está de olhos postos nas resultados financeiros, a serem divulgados no mesmo dia, pela Meta, Microsoft e Tesla.

Diretiva Europeia para salários mínimos em Plenário

A diretiva europeia que estabelece “salários mínimos adequados” para todo o bloco comunitário que altera o Código do Trabalho e a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas será discutida em plenário na Assembleia da República. A nova lei espera ajudar a garantir condições de trabalho e vida dignas para os trabalhadores da União Europeia.

Banco de Portugal e INE divulgam dados

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar os dados sobre os empréstimos e depósitos relativos a dezembro de 2024. Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica estimativa rápida do comércio internacional no quarto trimestre do ano e as estimativas mensais de emprego e desemprego de dezembro.

Marcelo Rebelo de Sousa recebe Mario Draghi em Conselho de Estado

O ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi participará no Conselho de Estado marcado para as 16h00 pelo Presidente da República. A reunião abordará as perspetivas e os desafios do futuro da União Europeia com o responsável por um relatório que fez um diagnóstico à economia do espaço comunitário e traçou soluções para ultrapassar obstáculos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lei dos solos entra em vigor… a prestações

A lei dos solos entra em vigor esta quarta-feira, mas há propostas de alteração do PS que vão ser agora negociadas com o Governo. O resultado da negociação parlamentar será incluído posteriormente.

A lei dos solos entra em vigor esta quarta-feira, mas já se sabe que será alterada no Parlamento, em sede de comissão na especialidade, mudanças que serão introduzidas posteriormente na lei. Neste hiato temporal, os promotores poderão aproveitar para realizar operações urbanísticas antes de serem negociadas as mudanças legislativas que serão negociadas entre o Governo e o PS. Entre os especialistas ouvidos pelo ECO, uns antecipam uma “onda de operações”, mas outros consideram que “os momentos de instabilidade ou de incerteza legislativa tendem a contrair os operadores económicos”.

O Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, vulgarizado como lei dos solos, conseguiu escapar a uma revogação proposta pelo BE, PCP, Livre e PAN, porque o Governo aceitou acolher as propostas de alteração sugeridas pelo Partido Socialista. Mas não é certo quanto tempo este processo vai levar.

“Em geral, não há um prazo fixo para a conclusão da negociação destas alterações na especialidade, pois depende da complexidade do decreto-lei, do número de propostas de alteração e da urgência do assunto”, sublinhou Ana Borges. A associada sénior do departamento de Direito Imobiliário e Urbanismo da Antas da Cunha Ecija reconhece que não há nada na lei que impeça que haja várias operações antes que as alterações a ser negociadas entrem em vigor, mas considera que não há tempo útil para os promotores terem “uma situação jurídica dita ‘protegida’”.

“Da parte dos particulares, pode existir o “desejo” de aproveitar rapidamente este contexto da legislação. Contudo, como a mesma irá sofrer as alterações, já propostas/antecipadas pelo PS e aceites pelo PSD, muito provavelmente os autarcas – dependendo naturalmente do município e da parcela rústica que temos como objeto de apreciação – irão ponderar os pedidos e eventuais propostas que podem levar a apreciação da câmara para posterior submissão à Assembleia Municipal respetiva”, defende Ana Borges. “Por outro lado, o promotor/particular terá de ter especial atenção às necessidades de infraestruturação para poder construir posteriormente, bem como ao facto da exigência prévia de delimitação de uma Unidade e Execução”, acrescenta.

“Enquanto o Dec. Lei 117/2024 não for alterado na especialidade, abre-se uma janela de oportunidade para a realização de operações urbanísticas de acordo com os critérios já estabelecidos, o que motivará uma onda de operações”, diz taxativo Luís Couto, sócio fundador da SPCB Legal.

Enquanto o Dec. Lei 117/2024 não for alterado na especialidade, abre-se uma janela de oportunidade para a realização de operações urbanísticas de acordo com os critérios já estabelecidos, o que motivar uma onda de operações.

Luís Couto

Sócio fundador da SPCB Legal

Paulo de Jesus Correia, managing partner da Santiago Mediano, reconhece que o aproveitamento “é possível”, mas “o desconforto que isso iria gerar nas administrações municipais poderia ser muito contraproducente para novos projetos”. Além disso, o advogado recorda que é sabido como “o legislador vai regular a vacacio legis, ou seja, o momento da entrada em vigor das alterações, mas por razões legais mas também pela complexidade prática da instrução e submissão destes processos, não há grande margem para aproveitamento desta janela em que vai vigorar o regime original”.

“Os momentos de instabilidade ou de incerteza legislativa tendem a contrair os operadores económicos, que procurem estabilidade e previsibilidade nos seus investimentos”, acrescenta Bruno Sampaio. O associado sénior da Paxlegal reconhece contudo que “é natural que os promotores ou proprietários se antecipem na expectativa de evitarem restrições ou limitações que venham a ser aprovadas na especialidade, o que pode levar a um aumento operações nesta fase inicial”.

Os especialistas jurídicos ouvidos, apesar de aplaudirem o esforço de garantir transparência e fiscalização eficaz, alertam para o aumento da burocracia. “É crucial para evitar desvios ou abusos, como casos que têm vindo a público e têm gerado uma descrença neste tipo de medidas, por serem associadas a um aproveitamento económico ilícito para alguns agentes”, diz Bruno Sampaio. As suspeitas que recaem sobre Hernâni Dias apenas adensam o clima de suspeição.

O antigo autarca de Bragança, que estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e era suspeito de ter recebido contrapartidas, acabou por se demitir de secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território quando a estas suspeitas se somou a notícia de que criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que era o secretário de Estado do Ministério da Coesão encarregue destas alterações.

É crucial para evitar desvios ou abusos, como casos que têm vindo a público e têm gerado uma descrença neste tipo de medidas, por serem associadas a um aproveitamento económico ilícito para alguns agentes.

Bruno Sampaio

Associado sénior da Paxlegal

A passagem de um solo rústico a urbano é decidia pelo autarca da região em causa, mas também pela assembleia municipal. Um passo que o Executivo considera ser garante de independência na decisão. Ainda assim, uma das propostas de alteração do PS tem por objetivo introduzir “mais um nível de avaliação e escrutínio, com parecer da CCDR nos projetos em solo que não seja exclusivamente público”. E eliminar a possibilidade de a mudança ser “fundamentada num parecer técnico de uma entidade contratada com competência técnica” e ser assegurada apenas com um parecer técnico dos serviços municipais.

“Este tipo de instrumentos, na prática, representa riscos de burocracia acrescida que podem atrasar ainda mais a aprovação de novos projetos, principalmente quando contendam com instrumentos de gestão territorial”, frisa Bruno Sampaio.

“Temos dúvidas sobre a introdução de nova burocracia e de novos pareceres como elemento deste processo. Esta nova alocação de solos corre o risco de acabar encalhada na administração pública que tem uma dificuldade extrema em tomar decisões em tempo útil”, corrobora Paulo de Jesus Correia.

Esta nova alocação de solos corre o risco de acabar encalhada na administração pública que tem uma dificuldade extrema em tomar decisões em tempo útil.

Paulo de Jesus Correia

Managing partner da Santiago Mediano e Associados

A grande alteração do diploma é, contudo, a substituição do conceito a preços moderados por preços controlados ou arrendamento acessível. Todos os especialistas são unânimes em reconhecer que a solução proposta pelo PS é a “mais eficiente na contenção dos preços da habitação”, porque tem em conta os custos dos promotores e os rendimentos dos cidadãos.

A definição de habitação a custos controlados está estabelecida por Portaria. Essa definição é realizada por recurso a vários critérios objetivos como a área bruta, custos de construção e coeficientes regionais. O conceito de valor moderado recorre a critérios de mercados, designadamente a “mediania de preço de venda por metro quadrado”, o que, além de determinar custo final dos imóveis mais altos, face a inflação do mercado, introduz alguma subjetividade da sua determinação”, explica Luís Couto.

“A habitação a custos controlados possui custos de construção e preços de venda que são determinados por portaria, muitas vezes acompanhados de apoios públicos e/ou benefícios fiscais. Parece-me ser uma forma de fixação de preço mais certa e acessível que o recurso à fixação do valor por m2 com base na mediana nacional, limitado a 125% da mediana do concelho, até um máximo de 225% da mediana nacional”, corrobora Ana Borges.

A habitação a custos controlados possui custos de construção e preços de venda que são determinados por portaria, muitas vezes acompanhados de apoios públicos e/ou benefícios fiscais, parece-me ser uma forma de fixação de preço mais certa e acessível.

Ana Borges

Associada sénior do departamento de Direito Imobiliário e Urbanismo da Antas da Cunha Ecija

Na mesa das negociações está ainda a introdução de um limite temporal à lei de três anos, para traduzir o caráter excecional do diploma, que podem ser prorrogados depois de avaliados os efeitos da lei. Mas também a obrigatoriedade de que as obras sejam feitas no máximo em três anos e não cinco como está prevista na redação atual. E, se for necessário prorrogar, o prazo seja até quatro anos e meio.

O PS quer ainda assegurar a “contiguidade” e evitar o desordenamento do território. O Governo entendia que era difícil definir o que é contiguidade de um solo urbano. “Na casa ao lado, do outro lado da rua, a 100 metros?”, questionava Castro Almeida no Parlamento. A opção foi retirar o termo e usar “um conceito mais urbanístico: assegurar a consolidação da aglomeração urbana, com coerência”. Ou seja, “evitar a pulverização”.

Mas o PS quer a expressão de volta e quer ainda que a reconversão seja apenas possível quando o solo seja destinado a habitação ou “usos complementares” e não à construção de infraestruturas “conexas à finalidade habitacional”. Castro Almeida explicou que nesta categoria caberia a farmácia, a lavandaria ou a mercearia.

“Os dois partidos, PS e PSD, curiosamente têm razão nas suas posições, o que não deixa de ser curioso”, avalia Paulo de Jesus Correia. “É verdade, como diz o PS, que as alterações preconizadas pelo Governo, em teoria descuram temas de urbanismo e facilitam processos menos claros. Mas foram as medidas que durante anos procuraram fazer um micro controlo da construção que nos conduziram à situação dramática em que nos encontramos. Simplesmente não é possível a um casal de classe media comprar casa ou viver na sua cidade. Temos de decidir e priorizar o que queremos”, conclui.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

IA, inovação e (muito) menos burocracia. O roteiro de Bruxelas para aumentar a competitividade europeia

Quatro meses depois de Draghi apelar que a UE recupere o terreno face aos EUA e a China, Bruxelas apresenta hoje o roteiro de 30 medidas. Menos burocracia e mais inovação são os principais pilares.

Mais inovação e (muito) menos burocracia. Estas serão as linhas orientadoras dos 30 pontos do roteiro da Comissão Europeia para mitigar a perda de competitividade do bloco europeu face aos restantes mercados. A Bússola para a Competitividade — apelidada de Estrela Polar da União Europeia (UE) — inspirada no relatório de Mário Draghi, será apresentada esta quarta-feira pela presidente Ursula von der Leyen e o vice-presidente e comissário para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné, em Bruxelas, após a reunião do colégio de comissários.

“A tónica será colocada no aumento da produtividade, colmatando o défice de inovação. Trata-se de um plano conjunto para a descarbonização e a competitividade, para ultrapassar a escassez de competências e de mão-de-obra e reduzir a burocracia”, explicou Von der Leyen, em Davos, na semana passada, sublinhando que o roteiro vai procurar “tornar o crescimento [na UE] mais rápido, mais limpo e mais equitativo, assegurando que todos os europeus possam beneficiar da evolução tecnológica”.

O corte na burocracia será um elemento chave do roteiro. O objetivo será “simplificar e acelerar”, reduzindo de forma “sem precedentes” os processos administrativos para as empresas, tal como consta de um documento a que a Reuters teve acesso.

A iniciativa não é nova. Há 10 anos, a Comissão de Jean-Claude Juncker já tinha sido alertada para a necessidade de avançar com uma reforma semelhante, depois de um grupo de trabalho liderado pelo alemão Edmund Stoiber ter concluído que regras mais flexíveis permitiram poupar 41 mil milhões de euros por ano ao bloco europeu. As reformas ficaram por fazer — e na verdade, os problemas até se adensaram — e uma década mais tarde surge Mario Draghi a lançar os mesmos apelos.

[A recuperação de competitividade] deve incluir a simplificação e a eliminação de sobreposições e incoerências em toda a cadeia legislativa, com prioridade para os setores económicos em que a Europa está particularmente exposta à concorrência internacional”, alertou o antigo primeiro-ministro italiano, na apresentação do relatório, em setembro passado.

Em termos comparativos, o também antigo governador do Banco Central Europeu referiu a título de exemplo que, em 2019, a União Europeia aprovou cerca de 13 mil atos legislativos, enquanto os EUA aprovaram três mil e outras duas mil resoluções, no mesmo período. “Este facto faz-nos pensar: será que podemos fazer um pouco menos e ser um pouco mais concentrados?”, questionou.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen (à direita), e o antigo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, participam numa conferência de imprensa conjunta para apresentar o relatório final sobre o futuro da competitividade da UE, em Bruxelas,EPA/OLIVIER HOSLET

 

Mas há Estados-membros que querem ir mais longe. França, por exemplo, pediu a Bruxelas, na semana passada, uma “pausa maciça” no que toca à implementação de novas regulamentações e ainda o adiamento por, pelo menos, dois anos da entrada em vigor da Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD), as novas regras de reporte ambiental para as empresas. Este último pedido também foi subscrito pela Alemanha.

O apelo foi ignorado, mas espera-se que a simplificação de processos da Bússula para a Competitividade adote as “medidas necessárias” para reduzir as obrigações regulatórias em cerca de 25% para todas as empresas privadas e em 35% para as PME, segundo um rascunho consultado pelo Euractiv.

Ademais, incidirá também sobre as regras ambientais. Von der Leyen e Séjourné deverão dar a conhecer as primeiras linhas do Omnibus, uma proposta do executivo cujo principal objetivo é reformar a taxonomia da UE, o CSRD e a Diretiva sobre o due dilligence de sustentabilidade das empresas (CSDDD). Certo, é que os objetivos climáticos deverão permanecer intocáveis.

E de forma a reduzir a abrangência das regras, a Comissão Europeia deverá propor também uma nova definição de pequenas empresas de média capitalização, que deverá permitir que até 31 mil empresas entre os 27 Estados-membros beneficiem de uma simplificação regulamentar adaptada, tal como as PME.

UE como “continente da AI”

A inteligência artificial (IA) é o tema quente da semana. Não só por causa do surgimento imprevisto e impressionante da chinesa DeepSeek mas também porque o regresso de Donald Trump à Casa Branca, na semana passada, como 47º presidente dos Estados Unidos, veio acompanhado de um anúncio de um investimento de 500 mil milhões de dólares para a construção de centros de dados para impulsionar o desenvolvimento de IA no país.

Tanto a China como os EUA já se colocaram a postos para dominar esta tecnologia a nível mundial. E agora, a União Europeia terá que reunir esforços para se colocar nesta corrida. O objetivo será fundar o “Continente IA”, como se lê no rascunho da estratégia, criando as primeiras “mega-fábricas de IA” de sempre para aumentar a capacidade de computação da Europa e torná-la acessível a empresas em fase de arranque, investigadores e indústria para formar, desenvolver e melhorar os seus modelos de IA.

Mas não só. Aos olhos de Bruxelas, a IA entra no jogo como um elemento que visa aumentar a eficiência e impulsionar a produção de mais energias renováveis e reforçar o posicionamento do bloco no setor aerospacial, medicina e biotecnologia.

A Europa tem de estar na vanguarda da inovação em setores tecnológicos que serão importantes para a economia de amanhã, como a inteligência artificial, as matérias-primas críticas, as biotecnologias, energias limpas, robótica, tecnologias espaciais e outras.

Rascunho da Bússula para a Competitividade da Comissão Europeia

Assim, o executivo europeu pretende desenvolver planos de ação para avaliar as atuais capacidades de fabrico de medicamentos essenciais nos 27 Estados-membros e, subsequentemente, identificar formas de os aumentar, com vista a reduzir a dependência excessiva de fornecedores de países terceiros — como aconteceu durante a pandemia — e reforçar a segurança económica do bloco. Para isso, serão removidas obstáculos à criação de empresas inovadoras em grande escala, cita a Reuters o documento obtido em Bruxelas.

A Bússola para a Competitividade chega com atraso — também porque Ursula von der Leyen esteve a recuperar de uma pneumonia durante duas semanas, em janeiro — mas Bruxelas mantém-se confiante de que conseguirá, nos cinco anos que se seguem, causar impactos significativos. E estará focada em medi-los e avaliar os resultados periodicamente.

Para coordenar melhor os objetivos europeus, a Comissão deverá propor um novo instrumento de coordenação da competitividade que se centrará em marcos nacionais definidos por cada Estado-membro, desde que estes respeitem o roteiro. O objetivo do executivo comunitário é melhorar a coordenação de políticas nacionais e da UE pois, aos olhos da presidente von der Leyen, a união será um elemento determinante da execução desta estratégia.

“A competitividade não é uma responsabilidade exclusiva da UE. As instituições da UE, os governos nacionais e também as autoridades regionais têm de estar à altura do desafio, trabalhando num esforço conjunto e elevando o empenhamento e a cooperação a um novo nível”, lê-se no rascunho do roteiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Chinesa DeepSeek expõe ainda mais o atraso de uma Europa sem ‘challenger’ à altura na IA

Apesar da baixa adesão das empresas dos dois lados do Atlântico, o aparecimento de um modelo de IA chinês mais barato faz aumentar a pressão sobre a Europa, ainda sem um 'challenger' à altura.

O surgimento de um concorrente chinês aos grandes modelos de linguagem norte-americanos renovou os receios de que a Europa esteja a ficar definitivamente para trás na inovação em inteligência artificial (IA). Essas preocupações são exacerbadas pela baixa adesão das empresas europeias, incluindo as portuguesas, à IA, atrasando melhorias que a tecnologia promete vir a ter na eficiência das organizações.

A startup chinesa DeepSeek ganhou fama mundial esta semana ao provocar um grande tombo nas bolsas, principalmente em Wall Street, onde fez a fabricante de chips Nvidia perder quase 600 mil milhões de dólares em valor de mercado na segunda-feira. Em causa está o facto de a DeepSeek ter disponibilizado dois modelos de IA que produzem resultados semelhantes a modelos como os da OpenAI, criadora do ChatGPT, com um custo significativamente menor.

Perante estes avanços tecnológicos, subiram de tom as dúvidas quanto às centenas de milhares de milhões de dólares que algumas empresas americanas têm estado a investir nesta área. O tema não é novo, principalmente à luz das baixas taxas de adesão das empresas nos EUA, onde menos de 4% das empresas usavam IA no final de 2023 para produzir bens e oferecer serviços, segundo um inquérito oficial.

O cenário é semelhante noutras geografias, embora as estatísticas não sejam diretamente comparáveis. Dados do Eurostat relativos a 2024, divulgados em janeiro, mostram que apenas 13,5% das empresas da União Europeia com mais de dez trabalhadores usavam IA nas suas operações no ano passado.

A situação é ainda pior em Portugal, onde a percentagem ronda os 8,6%.

Segundo Manuel Levi, consultor, data scientist e especialista em IA, não é por falta de modelos inovadores “que as empresas não estão a avançar” na tecnologia. “Nós não temos que dar modelos muito melhores do que aqueles que já temos para ter um impacto muito grande nessas empresas. Essas empresas não estão ainda é a fazer uso desses modelos”, aponta Manuel Levi.

Para o especialista, os modelos atuais já permitiriam gerar eficiências nas empresas se fossem adotados. Soluções assentes em IA podem já hoje executar tarefas básicas como propor respostas a emails de clientes, mas “a maior parte das vezes isso não é feito só porque não é feito”. Assim, “não é por terem um modelo muito melhor” que as empresas “vão tirar melhor partido dele”.

“As empresas precisam é de começar a aplicar esses modelos, melhores ou piores, e muitas vezes um modelo muito melhor não é necessário para resolver o problema”, acrescenta Manuel Levi, exemplificando: “Ninguém precisa de um Ferrari se não faz uso do seu Renault Clio.”

Nós não temos que dar modelos muito melhores do que aqueles que já temos para ter um impacto muito grande nessas empresas. Essas empresas não estão ainda é a fazer uso desses modelos.

Manuel Levi

Consultor e especialista em IA

Por sua vez, Ivo Bernardo, data scientist e cofundador da empresa de software DareData, compara a adoção de IA pelas empresas à própria transição digital em curso: “Este processo de adoção é lento, mas quando vier em força, uma empresa morre se não evoluir na transformação digital”, sublinha.

Para o responsável, “à medida que mais empresas forem adotando” estas tecnologias, outras empresas se seguirão, aliciadas por poupanças que, no caso de alguns projetos implementados pela DareData, “reduzem custos numa ordem de grandeza significativa”: “Um processo de 100 mil euros por mês passa a custar 20 ou 30 mil euros. É brutal a diferença”, afirma.

Desse ponto de vista, modelos como os da DeepSeek — batizados de V3 e R1 — poderão acelerar a adesão pelos negócios se realmente forem mais baratos: “À medida que o preço vai sendo um fator não diferenciador, mais empresas vão começar a adotar este tipo de mecanismos”, acredita Ivo Bernardo.

Todavia, permanecem receios do ponto de vista da proteção de dados, como ficou evidente pela queixa formalizada na terça-feira contra a DeepSeek por uma organização internacional de defesa do consumidor, da qual a portuguesa DECOProteste faz parte, acusando a startup chinesa de enviar dados dos europeus para a China sem as “salvaguardas” legalmente exigidas, em suposta violação do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD).

A Euroconsumers denunciou ainda ao regulador italiano da proteção de dados que a política de privacidade da DeepSeek estipula que os dados são armazenados em servidores situados em território chinês. Mas os riscos colocam-se da mesma forma às empresas e aos cidadãos quando está em causa o uso de qualquer outro modelo, incluindo os norte-americanos.

A DeepSeek ganhou notoriedade mundial esta semana graças ao seu modelo de IA com baixo custo de desenvolvimentoHugo Amaral/ECO

O triunfo do open-source

Estes dois especialistas ouvidos pelo ECO não duvidam de que foi possível que uma empresa chinesa relativamente obscura tenha desenvolvido modelos que rivalizam com os americanos com custos de desenvolvimento significativamente inferiores, trabalhando, por exemplo, com soluções já disponíveis em código aberto (open source).

No entanto, Manuel Levi alerta que não se trata de uma vantagem exclusiva desta empresa chinesa. “A OpenAI tem acesso a esses mesmos modelos e sabe como é que eles estão construídos”, nota. Tal como as empresas europeias. Isso traduz-se numa “vitória do open source“, sublinha Ivo Bernardo, em contraponto com os avanços da OpenAI, que disponibiliza “modelos fechados”, acrescenta.

Mas mais do que as capacidades dos modelos, foi a rápida democratização da tecnologia da DeepSeek nos últimos dias que mais surpreendeu estes especialistas, com a aplicação móvel da empresa a alcançar o topo do pódio das mais descarregadas na segunda-feira na sua categoria, destronando o ChatGPT. Um feito que resulta também da curiosidade natural, alavancada numa forte atenção mediática.

Seja como for, a coexistência de modelos avançados desenvolvidos nos EUA e na China coloca ainda mais pressão sobre a Europa, onde uma pequena startup francesa chamada Mistral continua sem se conseguir afirmar ao mesmo nível das concorrentes. Na UE, a discussão sobre IA continua muito dominada pela regulamentação.

“Acho que os factos demonstram que estamos a fazer alguma coisa incorreta. Não significa que a regulamentação não seja necessária, mas estamos a dar demasiado foco à regulamentação e não a como vamos ser um grande player” em IA, diz o cofundador da DareData.

“Vemos uma luta entre duas esferas económicas, EUA e China, a anos-luz do que conseguimos desenvolver na Europa — por alguma razão é. Passámos muito tempo a discutir se deveríamos regulamentar ou não, mas não estamos preocupados em deixar as empresas aplicarem livremente estes modelos nos negócios, na vida e nas sociedades”, critica Ivo Bernardo.

Vemos uma luta entre duas esferas económicas, EUA e China, a anos-luz do que conseguimos desenvolver na Europa.

Ivo Bernardo

Cofundador da DareData

Manuel Levi também considera que “a Europa está a dar um tiro no pé” com a quantidade de regulamentação que tem implementado, “que, embora seja bem-intencionada, vai levar a sérios problemas, principalmente a longo prazo”, vaticina.

“O efeito que a IA vai ter nas empresas é um efeito cumulativo. Uma empresa que comece a utilizar agora vai poder utilizar mais e mais e alavancar. Como é exponencial, é preciso ver a mudança a acontecer nos primeiros passos”, refere o especialista, diagnosticando outras causas do problema, como, por exemplo, a dificuldade em levantar capital em comparação com outros mercados.

Mas a visão de que a Europa tem demasiada regulamentação não é unânime. Questionado sobre o que esta competição EUA-China diz sobre o estado da Europa, Adolfo Mesquita Nunes, advogado, especialista em regulamentação de IA e sócio da sociedade de advogados Pérez-Llorca, atira: “Dar a China como um exemplo de liberdade e inovação é risível.” “Na China só se inova o que o Partido [Comunista Chinês] achar que se inova. O empreendedorismo está sujeito às regras que o partido impõe”, argumenta.

Adolfo Mesquita Nunes recorda que os modelos da DeepSeek recusam-se a responder sobre temas sensíveis para o regime, como os acontecimentos em Tiananmen em 1989, o que aumenta ainda mais “a necessidade de haver regras”. “A ideia de que a IA pode continuar sem qualquer tipo de regulamentação que mitigue os riscos quando algo corre mal, ou que define a responsabilidade quando algo corre mal, é ingénua. E a UE não é a única a ter normas sobre o assunto, incluindo alguns Estados nos EUA”, repara.

Isso não significa, para este especialista, “que não seja justo reconhecer que a Europa nos últimos anos se concentrou mais na regulamentação e menos na competitividade”. Mas, mesmo assim, “tendemos a comparar os EUA com a China e com a Europa enquanto blocos económicos esquecendo que a Europa são mais de duas dezenas de países, mais de duas dezenas de parlamentos, centenas de atos eleitorais, e de legitimidades democráticas que, necessariamente, tornam o processo decisório muito mais complexo do que o da China e dos EUA por razões evidentes”, explica.

"A ideia de que a IA pode continuar sem qualquer tipo de regulamentação que mitigue os riscos quando algo corre mal, ou que define a responsabilidade quando algo corre mal, é ingénua.”

Adolfo Mesquita Nunes

Advogado, sócio da Pérez-Llorca

Com mais um modelo amplamente disponível no mercado — desta vez chinês e aparentemente mais barato –, ficam mais claras as virtudes da tecnologia, mas também os riscos, incluindo o eventual atraso do continente europeu.

Mas de nada vale ter recursos se depois não chegam à economia real. E, no que toca ao ChatGPT versus DeepSeek, “são dois modelos que levam exatamente ao mesmo sítio”. Afinal, como diz Ivo Bernardo, “com o Ferrari consegue-se circular a 140 Km/h, mas com o Clio pode-se ir a 120” sem perder a estabilidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

DeepSeek deixa 400 milhões dos fundos nacionais sob pressão

Empresas como a Alphabet, Apple e Microsoft fazem parte das apostas dos fundos nacionais. A Nvidia, que perdeu perto de 600 mil milhões de dólares numa sessão, também é presença nas carteiras.

O sell-off que roubou um bilião de dólares às empresas de Inteligência Artificial também vai ter impacto nos fundos de investimento em Portugal. Empresas como a Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, as chamadas sete magníficas, estão entre as apostas de grandes fundos nacionais, sobretudo os que investem em ações mundiais e norte-americanas. Os dados mais recentes mostram que têm mais de 400 milhões investidos nas “big tech” que estão a ser penalizadas pelo fenómeno DeepSeek.

A Alphabet, Apple e Microsoft são as “big tech” preferidas dos gestores de fundos nacionais nos EUA. Mas, não são as únicas. Empresas como a Nvidia, Facebook, Amazon, Tesla, ou a Oracle, que também foi fortemente castigada pela ameaça chinesa ao domínio norte-americano na inteligência artificial (IA), estão entre as apostas dos gestores nacionais.

Contabilizando as participações, os fundos nacionais tinham mais de 416 milhões investidos nestas empresas, de acordo com os dados levantados pelo ECO nas carteiras dos fundos mobiliários geridos por entidades nacionais no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, relativos ao final de setembro.

Microsoft, acionista da OpenAI, e Apple são as empresas com maiores investimentos, acima de 118 e 116 milhões de dólares, respetivamente. Com perto de 110 milhões de investimento dos fundos surge ainda a Alphabet. Já a Nvidia, que protagonizou esta segunda-feira a maior perda de valor diário de uma empresa na história do mercado de capitais, ao perder cerca de 590 mil milhões de dólares de capitalização bolsista num dia, apenas capta cerca de 22 milhões dos fundos nacionais, sendo preterida face a outras gigantes de Wall Street.

Além das 7 magníficas, que foram penalizadas pelo surgimento de um modelo de IA low cost lançado pela chinesa DeepSeek, também a Oracle, outra empresa fortemente castigada pelo sell-off na IA, surge em várias carteiras de fundos, nomeadamente da GNB e da IMGA.

Entre as gestoras de ativos, a Caixa Gestão de Ativos, a maior gestora nacional com 6,9 mil milhões de ativos, apresenta o maior volume de investimento nestas empresas, com cerca de 270 milhões aplicados nestas empresas. Só o Caixa Ações Líderes Globais, o maior fundo nacional, com 2,3 mil milhões de euros sob gestão, tem 262 milhões investidos na Alphabet, Apple e Microsoft.

A Casa de Investimentos, através do seu PPR Save & Grow, e a IMGA seguem-se na lista das gestoras com maior exposição às big tech norte-americanas, com uma exposição superior a 33 e 30 milhões de euros respetivamente, segundo os números mais recentes das carteiras divulgados no site da CMVM.

Além da exposição a empresas ligadas à IA nos EUA, os fundos nacionais também sentiram o impacto da crise nas tecnológicas através da sua exposição à empresa de semicondutores ASML, onde têm investidos mais de 12 milhões de euros.

As “big tech” ligadas ao setor da IA sofreram fortes quedas em bolsa esta segunda-feira, arrastadas pelo sucesso do modelo apresentado pela DeepSeek, que superou o ChatGPT, colocando dúvidas sobre as avaliações das chamadas 7 magníficas, com a Nvidia a ser a mais castigada, após dois anos de subidas estratosféricas no mercado acionista.

Queda de ações castiga fortunas

O travão nas ações de IA castigou também as maiores fortunas do mundo, com os 500 mais ricos a verem o seu património encolher em mais de 108 mil milhões de dólares. Jensen Huang foi um dos milionários que liderou as perdas, com o cofundador da Nvidia a ver o valor da sua fortuna encolher 20,1 mil milhões de dólares, o que representa uma queda de 20%, arrastado pelo tombo das ações da Nvidia.

Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, reconheceu o valor da solução lançada por DeepSeek, qualificando-a como “impressionante”. Já o Presidente dos EUA disse que esta nova plataforma deve ser uma chamada de atenção para o setor.

O sell-off registado no arranque desta semana surge num período dourado para as tecnológicas, que vinham a acumular sucessivos máximos nos últimos dois anos. Na semana passada, o setor voltou a patrocinar novos recordes nas bolsas, depois de o Presidente Donald Trump ter anunciado um plano do setor privado, com um envelope para investir 500 mil milhões de dólares em infraestruturas de IA através de uma joint venture conhecida como Stargate.

Na semana passada, a Meta anunciou que vai investir mais de 65 mil milhões de dólares este ano no desenvolvimento de IA. Já Sam Altman, CEO da OpenAI, disse no ano passado que a indústria da IA ​​vai necessitar de biliões de dólares em investimentos para apoiar o desenvolvimento de chips muito procurados, necessários para alimentar os centros de dados de eletricidade que gerem os modelos complexos do setor.

Contudo, o modelo lançado pela DeepSeek veio lançar dúvidas sobre a necessidade destes investimentos, tendo desenvolvido a sua solução de IA com menos de seis milhões de dólares, e precipitou um sell-off no setor.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Seguradora britânica Hiscox vai entrar diretamente em Portugal

A seguradora dos riscos especiais e das pessoas de elevado património vai estar diretamente no mercado português, onde já tem uma base com 500 pessoas. O ex-AIG Emérico Gonçalves será a cara.

A centenária seguradora britânica Hiscox, conhecida por realizar seguros originais e pela especialização em clientes de alto valor, vai em breve entrar diretamente em Portugal. Nos próximos dias, a empresa entrará em contacto com os seus atuais parceiros – corretores e mediadores – para dar conta do seu plano para o país que também passa pelo lançamento de produtos atualizados.

Para o cargo de diretor comercial, a Hiscox contratou Emérico Gonçalves, que estava há 21 anos na seguradora AIG em Portugal. Terá a responsabilidade de “impulsionar e reforçar as relações com os corretores portugueses”. “Estamos empenhados em continuar a oferecer produtos inovadores e especificamente adaptados às necessidades dos clientes, para além do já reconhecido nível de serviço”, comentou Emérico Gonçalves.

“Não podemos iniciar esta nova fase sem expressar o nosso sincero agradecimento à Innovarisk. Esta estreita parceria de mais de uma década, em que distribuíram os nossos produtos de seguros, tem sido fundamental para o nosso crescimento em Portugal”, afirma David Heras, Diretor Geral da Hiscox Portugal e Espanha.

A Innovarisk, referida por Heras, mediadora agente de subscrição liderada por Gonçalo Baptista, representou a Hiscox em Portugal nos últimos 13 anos, período em que a seguradora se estabeleceu no mercado português com destaque em seguros de Arte e Casas de Alto Valor, tendo também introduzido os seguros especializados de Responsabilidade Civil Profissional, D&O e Cyber Risk para empresas e profissionais. No entanto, a entrada no mercado português deu-se em 2005, trabalhando diretamente com corretores de seguros.

A decisão de impulsionar o crescimento no mercado português insere-se – segundo a Hiscox – “num ambicioso plano de investimento e desenvolvimento no mercado” acrescentando ser um passo que “reafirma a sua presença num país”.

A Hiscox já emprega mais de 500 pessoas em Portugal onde se baseou em 2015 e, a partir do edifício Atrium Saldanha, em Lisboa, presta serviço e apoio a vários escritórios da Hiscox na Europa e no Grupo Hiscox.

Segundo a seguradora, a operação em Portugal e Espanha conta já com mais de 100 pessoas que apoiam atualmente os dois mercados e conta “com uma robusta infraestrutura portuguesa, com subscritores portugueses especializados, uma equipa de sinistros, tecnologia e operações”.

A Hiscox tem lançado produtos especializados e aposta na capacidade de resposta em sinistros como uma imagem de marca. Com receitas globais de 3,4 mil milhões de euros de prémios líquidos em 2023, a seguradora tem sede na Bermuda e conta com 3 mil empregados em 14 países e tem clientes em todo o mundo, oferecendo seguros através da sua divisão de retalho no Reino Unido, na Europa, na Ásia e nos EUA para clientes profissionais e empresariais, bem como para particulares e famílias com elevado património líquido.

A Hiscox foi fundada mais de um século de reputação a nível internacional, e apresenta – afirma – “forte solidez financeira” com a agência de rating A.M Best a atribuir nível “A” (Excellent), tem rating A+ da Fitch e A da Standard and Poors. No exercício de 2023 obteve um rácio combinado de 89 (acima de 100 significa prejuízo técnico), terminando esse ano com um rácio de solvência de 212%, mais do dobro do mínimo requerido de 100%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comissão Europeia propõe tarifas sobre mais produtos agrícolas e fertilizantes russos e bielorrussos

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

Os produtos agrícolas afetados pelas novas tarifas constituem 15% das importações agrícolas da Rússia em 2023 que ainda não foram sujeitas ao aumento das tarifas.

A Comissão Europeia (CE) propôs esta terça-feira impor tarifas sobre uma série de produtos agrícolas da Rússia e da Bielorrússia, bem como sobre certos fertilizantes à base de azoto, com o objetivo de limitar o risco para a segurança alimentar.

Os produtos agrícolas afetados pelas novas tarifas constituem 15% das importações agrícolas da Rússia em 2023 que ainda não foram sujeitas ao aumento das tarifas, explicou o executivo da União Europeia (UE) em comunicado.

Uma vez adotada pelo Parlamento e pelo Conselho da União Europeia por maioria qualificada (deve receber o apoio de 15 dos 27 Estados-Membros ou de países que, em conjunto, representem pelo menos 65% da população total da UE), todas as importações agrícolas da Rússia estariam sujeitas às tarifas da UE.

O objetivo da proposta é reduzir a dependência das importações da Rússia e da Bielorrússia. Estas importações, particularmente de fertilizantes, tornam a UE “vulnerável” a possíveis ações coercivas da Rússia e, por isso, representam um risco para a segurança alimentar da UE, explicou a Comissão Europeia.

Na mesma linha, acrescentou, as tarifas apoiariam o crescimento da produção nacional e da indústria de fertilizantes da UE, que sofreu durante a crise energética. Uma vez aprovada, a medida permitirá também a diversificação do fornecimento de países terceiros.

Isto ajudará a garantir um fornecimento constante de fertilizantes e, mais importante, a garantir que os fertilizantes se mantêm disponíveis para os agricultores da UE a um preço acessível, de acordo com o executivo da UE. A proposta inclui também medidas de mitigação caso os agricultores da UE sofram um aumento substancial dos preços dos fertilizantes.

Espera-se também que as tarifas tenham um impacto negativo nas receitas de exportação russas, afetando assim a capacidade da Rússia de continuar a travar a sua guerra contra a Ucrânia.

“O nosso objetivo é enfraquecer ainda mais a economia de guerra da Rússia, ao mesmo tempo que reduzimos as dependências da UE, apoiamos a nossa indústria e preservamos a segurança alimentar global”, sublinhou o comissário do Comércio e Segurança Económica, Maros Sefcovic, citado no comunicado.

As exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes para países terceiros não são afetadas pela proposta, vincou Bruxelas, em linha com o compromisso da UE de promover a segurança alimentar em todo o mundo, especialmente para os países em desenvolvimento.

Isto significa que a compra e venda de produtos agrícolas russos permanece inalterada, tal como o seu armazenamento em armazéns alfandegários da UE, o seu transporte em navios da UE ou a prestação de serviços de seguro e financiamento.

Sefcovic também garantiu que a Comissão Europeia tomará “todas as medidas necessárias para proteger a indústria de fertilizantes e os agricultores” dentro da comunidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Polónia compra mais de 200 mísseis antirradar aos EUA por 714 milhões

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

As entregas destes mísseis, que podem ser lançados a partir dos F-35 e F-16, decorrerão entre 2029 e 2035.

A Polónia anunciou esta terça-feira que assinou um contrato com os EUA para a compra de mais de 200 mísseis antirradar, no valor de cerca de 745 milhões de dólares (714,4 milhões de euros).

“O contrato abrange a entrega de mais de 200 mísseis auto guiados AGM-88G AARGM-ER [sigla inglesa para mísseis guiados antirradar com alcance expandido]”, com um alcance de mais de 200 quilómetros, segundo um comunicado do Ministério da Defesa da Polónia, citado pela agência France-Presse (AFP).

As entregas decorrerão, de acordo com o documento, entre 2029 e 2035. Estes mísseis podem ser lançados a partir dos F-35 e F-16 que a Força Aérea polaca já detém.

O novo contrato assume importância reforçada no contexto da operação de modernização das Forças Armadas polacas, acelerada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e que já incluiu a compra de equipamento militar a países como EUA ou a Coreia do Sul.

Vizinho e apoiante da Ucrânia, a Polónia vai dedicar 4,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à Defesa, um valor superior ao dobro exigido pela NATO (2,0%).

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo autoriza empresas públicas a aumentar massa salarial até 4,7% em 2025

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

O aumento salarial por trabalhador deve ter por referência uma atualização de 56,58 euros para quem tem uma remuneração base bruta até 2.631,62 euros.

O Governo autorizou as empresas do setor público empresarial a aumentarem a massa salarial global até 4,7% em 2025, tendo o acréscimo salarial por trabalhador por referência os valores acordados para a função pública, segundo um despacho.

O aumento da massa salarial global até 4,7% “tem em conta todos os efeitos e componentes remuneratórias, incluindo, designadamente, as atualizações salariais, progressões e promoções”, lê-se no diploma com as orientações sobre a política salarial a adotar no setor empresarial do Estado (SEE) publicado em Diário da República.

O despacho assinado pelo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João da Silva Lopes, determina que o aumento salarial por trabalhador deve ter por referência uma atualização de 56,58 euros para quem tem uma remuneração base bruta até 2.631,62 euros e uma atualização de 2,15% para remunerações base brutas acima daquele valor.

Para o aumento da massa salarial global previsto não contam efeitos resultantes do aumento líquido do número de trabalhadores da empresa que, refere o diploma, “carecem de autorização, caso a caso, em sede de Planos de Atividades e Orçamento”.

O despacho relativo ao SEE refere ser igualmente aplicável aos trabalhadores das empresas do setor público (que não sejam abrangidos por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho em vigor) o modelo de atualização das ajudas de custo preconizado para a função pública, com as necessárias adaptações.

A orientação de atualização das remunerações no SEE segue o acordado entre o Governo e os sindicatos relativamente à função pública e que foram vertidas no Acordo Tripartido Sobre Valorização Salarial e Crescimento Económico 2025-2028.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BPI já cumpre requisitos de MREL exigidos pelo Banco de Portugal

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

Banco afirma que já cumpria em 31 de dezembro de 2024 "os requisitos de MREL estabelecidos, tanto em percentagem do RWA, como em percentagem do LRE”.

O BPI foi notificado pelo Banco de Portugal do seu requisito mínimo de fundos próprios e de passivos elegíveis (MREL), sendo que o banco já o cumpria no final do ano passado, adiantou, num comunicado ao mercado.

Na nota, divulgada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BPI disse que “foi notificado pelo Banco de Portugal do seu requisito mínimo de fundos próprios e de passivos elegíveis (requisito de MREL), tal como determinado pelo Conselho Único de Resolução (CUR), que substitui o requisito anteriormente aplicável e objeto de divulgação pública a 24 de abril de 2024”.

De acordo com a instituição, o BPI deve cumprir, “em base consolidada, a partir da data da notificação, um montante mínimo de fundos próprios e de passivos elegíveis correspondente a 21,42% do total dos ativos ponderados pelo risco (RWA sigla inglesa), que acrescido do atual requisito combinado de reserva de fundos próprios (CBR sigla inglesa) resulta num requisito de 25,20%”.

Segundo o comunicado, “em comparação com os requisitos mínimos em vigor no final de 2024, verifica-se um aumento de 2,2 p.p. [pontos percentuais] pela inclusão do Market Confidence Charge (MCC), na sequência da alteração à regulamentação do MREL que passou a prever esse requisito para as Outras Instituições de Importância Sistémica (O-SII sigla inglesa)”.

De acordo com o BPI, “o montante mínimo de fundos próprios e de passivos elegíveis em percentagem da exposição total do rácio de alavancagem (LRE sigla inglesa) manteve-se em 5,91%”.

“Em 31 de dezembro de 2024, o BPI já cumpria os requisitos de MREL estabelecidos, tanto em percentagem do RWA, como em percentagem do LRE”, assegurou. “Adicionalmente, no plano de financiamento de longo prazo, o BPI continua a cumprir confortavelmente os requisitos de MREL no futuro”, assegurou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quase 500 despedimentos coletivos em 2024, valor mais elevado desde 2020

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

Lisboa e Vale do Tejo foi, à semelhança dos últimos anos, a região onde se registou o maior número de despedimentos comunicados, totalizando os 259.

As empresas comunicaram 497 despedimentos coletivos em 2024, o que representa um aumento de 15,3% (mais 66) face a 2023, superando os números nos três anos anteriores, segundo dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).

Em 2024, houve 497 despedimentos coletivos, isto é, o valor mais elevado desde 2020, quando foram comunicados 698 processos ao Ministério do Trabalho. Dos quase 500 despedimentos coletivos comunicados pelas empresas no ano passado, 171 foram de microempresas, 220 de pequenas empresas, 58 de médias empresas e 48 de grandes empresas.

Em todo o ano passado, o número de trabalhadores a despedir totalizou 6.085, uma subida de quase 60% (mais 2.266 trabalhadores) face ao período homólogo. Destes cerca de seis mil trabalhadores, 5.758 foram efetivamente despedidos, segundo dados da DGERT.

O número de trabalhadores abrangidos por despedimentos coletivos está a aumentar desde 2022 e é o valor mais elevado desde 2020, quando foram despedidos 7.513. Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo foi, à semelhança dos últimos anos, a região onde se registou o maior número de despedimentos comunicados, totalizando os 259, isto é, pouco mais de metade do total.

Segue-se a região Norte, com 148, o Centro com 73, o Algarve com nove e o Alentejo com oito.

Já por setores de atividade, e no que diz respeito a dezembro, cerca de um quarto (26%) dos despedimentos comunicados foram nas indústrias transformadoras, seguido pelas “atividades administrativas e dos serviços de apoio” e do “comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos” (ambos com 13%).

Este mês, a coordenadora do Bloco de Esquerda apresentou um “pacote de medidas de emergência” para combater a “vaga silenciosa de despedimentos coletivos” no país e que inclui a reversão de algumas medidas impostas pela troika.

No final de outubro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social já tinha apontado que o aumento do número de trabalhadores abrangidos por despedimentos coletivos é preocupante e assegurou que o Governo estava a “acompanhar” a situação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot é de 17 milhões de euros

  • ECO
  • 28 Janeiro 2025

O prémio desta terça-feira ronda os 17 milhões de euros, depois de ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Esta terça-feira decorreu mais um sorteio do Euromilhões, com um primeiro prémio no valor de 17 milhões de euros. O valor do jackpot desceu depois de ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Veja a chave vencedora do sorteio desta terça-feira, 28 de janeiro:

Números: 9, 37, 41, 42 e 49

Estrelas: 1 e 9

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.