IA surge mais de 30 vezes no Programa do Governo. Onde será aplicada nesta legislatura?

Cardápio de medidas prevê uma aplicação quase transversal de inteligência artificial (IA) nas políticas públicas, incluindo em áreas sensíveis, como forças de segurança, justiça e impostos.

O programa do novo Governo inclui mais de 30 referências à expressão “inteligência artificial” (IA), mais do dobro do anterior, e com objetivos muito distintos. Por exemplo, pretende-se incentivar a adoção destas tecnologias pela indústria e usá-las para melhorar a educação e o combate à evasão fiscal. O uso de IA na Administração Pública é, aliás, um dos desígnios da Reforma do Estado agora prometida por Luís Montenegro.

Anteriormente, o Executivo já estava a trabalhar numa Agenda Nacional para a IA, enquadrando, por exemplo, o desenvolvimento do modelo de inteligência artificial Amália, vulgarmente apelidado de ‘ChatGPT português’. Mas a medida, originalmente prometida até ao final do primeiro trimestre, foi ‘atropelada’ pela convocação de eleições antecipadas.

Agora, o Governo promete “finalizar e implementar” esta agenda, missão que poderá caber ao novo ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Saraiva Matias (a anterior ministra da tutela, Margarida Balseiro Lopes, vai assumir competências na área da Cultura). A nova equipa governativa conta ainda com Bernardo Correia como secretário de Estado para a Digitalização, até aqui diretor-geral da Google Portugal, uma das tecnológicas mundialmente mais avançadas nesta área.

Na tomada de posse dos novos governantes, o primeiro-ministro prometeu uma “guerra à burocracia” nesta legislatura, e conta com a IA como aliada nesse combate: “A digitalização, incluindo o uso de inteligência artificial, deve ser acelerada, assegurando a interoperabilidade de sistemas e o fluxo automático de informação entre serviços (como entre AT e Segurança Social), para reduzir erros, pedidos repetidos e custos de contexto”, explica o Programa do Governo, enviado à Assembleia da República durante o fim de semana. A intenção é garantir que o Estado não pede aos cidadãos e às empresas informação que já conste nos seus muitos sistemas.

O documento prevê ainda “equipar a Administração Pública transversalmente com ferramentas tecnológicas mais modernas e de colaboração e de inteligência artificial”. A meta é promover “a adoção de IA nos serviços, melhorando a satisfação dos cidadãos” com os serviços públicos e “reduzindo a pressão” sobre os funcionários do Estado.

Ainda na senda da Reforma do Estado, o Governo tenciona “aprofundar a reforma” dos serviços públicos com recurso a IA, quer ao nível dos serviços que lidam diretamente com os cidadãos, quer ao nível do funcionamento nos bastidores. A promessa é a de expandir “os serviços cujos processos podem ser tramitados integralmente por via digital, assegurando assistência presencial ou remota” aos mais tecnicamente excluídos.

Nestes pontos, o modelo Amália poderá ser fulcral — se vier, como se espera, a permitir uma interação com os cidadãos em linguagem natural, nomeadamente texto e voz.

O Amália está a ser desenvolvido por um consórcio de universidades, de onde se destacam a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto Superior Técnico. O projeto de 5,5 milhões de euros encontra-se atualmente na segunda fase, estando previsto que até ao final de setembro seja disponibilizada à Agência para a Modernização Administrativa (AMA) uma versão base do modelo, para que possa começar a ser implementado nos serviços do Estado.

A “revolução” em curso

O Programa do Governo também estabelece visões de como a IA pode ser usada a um nível mais setorial, partindo do pressuposto de que “o digital permeia praticamente todas as esferas do quotidiano, e no qual a inteligência artificial está a mudar a forma de realizar tarefas, criar conteúdos, aceder e assimilar informação”.

Desde logo, nas Finanças. O Governo tenciona que a IA ajude o Fisco a melhor detetar fraudes e fugas aos impostos. A tecnologia é altamente eficaz a detetar padrões complexos em conjuntos de dados que facilmente escapariam ao olho humano, mesmo o mais experiente. Assim, o cardápio de medidas do Governo contempla a definição de “um programa de combate à fraude e evasão fiscais”, garantindo, porém, que não serão comprometidas “as garantias constitucionais dos contribuintes”.

No ensino, é prometido o desenvolvimento e implementação de uma Estratégia para o Digital na Educação que potencie, entre outras coisas, a “criação de recursos educativos digitais inovadores”, e que se baseie também “no potencial da IA para o apoio personalizado à aprendizagem dos alunos”. Isto evoca uma promessa anterior de Luís Montenegro, quando anunciou em novembro, no palco da Web Summit, que pretende dar “a cada aluno um tutor educativo de IA” adaptado aos currículos nacionais.

A qualificação é outra das preocupações. Pretende-se “promover iniciativas de exposição às novas tecnologias para crianças e jovens, por exemplo durante os programas de férias escolares, através da realização de atividades de sensibilização, motivação e promoção de competências em programação, robótica, comunicação digital e IA”.

Para a população mais em geral, promete-se uma aposta “na qualificação dos portugueses em competências tecnológicas e digitais”, para preparar os trabalhadores para o que o Governo apelida de “revolução da inteligência artificial”, sem se referir como.

Para o Executivo, “as escolas e instituições de ensino têm um papel duplo neste paradigma”. “Por um lado, apoiar e preparar alunos e famílias a lidar com um mundo cada vez mais digital, desenvolvendo competências que serão cada vez mais relevantes para a sua empregabilidade; por outro lado, discernir de que forma, e em que momentos, a tecnologia pode ser um potenciador das aprendizagens e do desenvolvimento das crianças e jovens em condições de equidade”, justifica o programa.

Ainda dentro das qualificações, a IA é também uma das em que o Executivo pretende desenvolver “programas de qualificação e requalificação profissional”. Para tal, espera contar “com o apoio dos centros tecnológicos setoriais”.

Passando à Justiça, a ministra Rita Alarcão Júdice, que transita da equipa anterior, terá a incumbência de “criar um código de conduta” para o uso de IA pelas diferentes entidades do setor, com enfoque nos direitos fundamentais.

A tecnologia servirá ainda para garantir a “publicitação de toda a jurisprudência, incluindo sentenças judiciais de primeira instância e decisões dos meios alternativos de resolução de litígios e arbitragem”, ao permitir a anonimização automática dos documentos, confia o Governo.

Dentro da chancela da segurança, prevê-se o uso de “meios tecnológicos preditivos” e de IA pelas forças de segurança. Esta medida insere-se no “investimento em meios tecnológicos” que reforcem “a capacidade de vigilância”. Não são especificadas as aplicações concretas.

De resto, nem a habitação escapa à onda da IA. Numa secção dedicada à Juventude, o programa estipula o uso de tecnologias de IA para “agilizar os processos e evitar atrasos” no programa Porta 65 Jovem. É uma iniciativa já existente que apoia jovens dos 18 aos 35 anos no arrendamento habitacional, pagando uma percentagem da renda do imóvel sob a forma de subvenção mensal.

Gonçalo Saraiva Matias é o novo ministro Adjunto e da Reforma do EstadoHenrique Casinhas/ECO

IA como íman de investimento

Aplicações que recorram a IA podem ainda desbloquear eficiências nas empresas, motivo pelo qual esta é também vista como essencial para a competitividade económica. Nesse sentido, o Executivo promete às empresas “lançar programas de apoio ao investimento na implementação de tecnologias avançadas”. A essa juntam-se outras, como a robótica, a automação e a “manufatura aditiva” (mais conhecida por impressão 3D).

Outra meta é “apoiar a investigação, a inovação e o empreendedorismo em IA, bem como estimular a adoção e a utilização de IA nas empresas”. Sobre este ponto não se estabelecem medidas concretas, no entanto é público que a Comissão Europeia está a desenvolver uma estratégia para fomentar o uso de IA pelas pequenas e médias empresas (PME) europeias.

Já para facilitar a atração de investimento estrangeiro, o Governo quer empregar IA para disponibilizar “informação centralizada e simplificada, em linguagem bilingue, sobre os procedimentos administrativos e legislação relevante para as empresas”. Aparentemente, um processo essencialmente assente na tradução da língua portuguesa.

É notório que o aumento do uso de IA a nível global tem gerado novas oportunidades económicas, com o país bem posicionado para atrair até 12 mil milhões de euros de investimento em data centers nos próximos cinco anos, estimou recentemente uma associação do setor — sobretudo depois de os EUA terem retirado as restrições à compra de chips avançados para IA por parte de entidades estabelecidas em Portugal. O Governo não quer deixar escapar esse filão de investimento, prometendo incentivos “à instalação e desenvolvimento” de centros de dados com elevados padrões de segurança, resiliência, eficiência energética e sustentabilidade.

Além disso, o Governo promete “investir no desenvolvimento de uma infraestrutura computacional de alto desempenho em Portugal que permita a investigação, inovação, desenvolvimento e comercialização de soluções” de IA”. Aqui deve entrar a Fábrica de IA em que o Governo participa, em conjunto com Espanha, Turquia e Marrocos, que se materializa num supercomputador instalado em Barcelona, ou as novas Gigafábricas de IA, que serão infraestruturas de grande dimensão em que a Comissão Europeia pretende coinvestir em conjunto com consórcios privados.

Resposta a novos desafios

A emergência da IA nos últimos anos suscitou novos desafios, prendendo-se um deles com o dos direitos de autor. Algumas destas ferramentas são ou foram treinadas com conteúdos protegidos — e, a nível internacional, têm-se travado batalhas judiciais para definir o que pode ou não ser considerado uso legal de obras protegidas (como este mesmo artigo que está a ler), ou se deve haver compensação. É o caso do processo que coloca frente a frente o jornal norte-americano The New York Times e a empresa que criou o ChatGPT, a OpenAI.

Ora, o próprio Estado está a ser afetado por esse dilema. O desenvolvimento do modelo Amália com recurso a informação recolhida da internet, incluindo artigos dos jornais portugueses ‘eternizados’ no Arquivo.pt — projeto gerido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) –, tem suscitado dúvidas sobre a proteção dos direitos de autor, incluindo da parte do Sindicato dos Jornalistas: “Importa […] perceber como operará este modelo no recurso e referência a conteúdos jornalísticos, que vêm sendo canibalizados sem atribuição por inteligências artificiais”, avisou em maio, num comunicado.

O Programa do Governo não é omisso sobre essa matéria. Nele, o Executivo de Luís Montenegro assume a intenção de “ajustar os direitos autorais às novas realidades digitais, nomeadamente no que diz respeito à IA”. Não se conhecem detalhes sobre o que se pretende nesta matéria.

Para finalizar, é pretensão do Governo “ampliar as competências e o âmbito de atuação dos reguladores” também nesta vertente, mas também noutras ligadas ao universo digital, como os criptoativos. No que à IA diz respeito, tem entrado em vigor, gradualmente, o novo regulamento europeu da IA. A próxima fase acontece já em agosto de 2025, prazo para o novo Governo determinar qual será em Portugal a autoridade de fiscalização, com a Anacom a ser uma forte candidata.

O Programa do Governo começa a ser debatido no Parlamento esta terça-feira. O documento será votado na quarta-feira, tendo aprovação já garantida.

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Leroy Merlin distribuiu 18,3 milhões de euros pelos colaboradores

A empresa de materiais de construção, decoração, jardinagem e bricolagem entregou 2,7 salários extra aos funcionários em 2024 através de um prémio e da partilha de parte dos resultados operacionais.

A Leroy Merlin anunciou esta segunda-feira que distribuiu 18,3 milhões de euros pelos colaboradores, relativos aos resultados de 2024, o que representa um aumento de 22% em relação ao valor entregue aos trabalhadores no ano anterior.

A verba, que aumentou em cerca de três milhões de euros de um ano para o outro, representa 2,7 salários extraordinários por cada colaborador. Os 18,3 milhões de euros são distribuídos pela equipa a título de participação nos resultados da multinacional francesa e prémios de evolução na performance.

Em Portugal, a empresa de materiais de construção, decoração, jardinagem e bricolagem tem 6.200 funcionários. No âmbito da estratégia da Employer Value Proposition, existe uma cultura de partilha e participação interna através da qual quase todos (99%) dos colaboradores em Portugal sejam, também, acionistas.

A Leroy Merlin procedeu à distribuição dos resultados de duas formas: com o prémio progresso, que se traduz em valor monetário acrescido ao salário, e pela partilha de parte dos resultados operacionais, que pode ser convertida num produto financeiro ou em ações do grupo francês Adeo, ao qual pertence. Em 2024, procedeu-se ainda à atribuição de um voucher online no valor de 150 euros para apoio financeiro adicional no regresso às aulas e na antecipação das despesas de Natal.

“Acreditamos que a partilha do valor gerado é essencial para construir uma empresa mais humana, sustentável e atrativa. Somos human centric [centrados nas pessoas] e preocupamo-nos diariamente em fomentar uma cultura que coloca as pessoas em primeiro lugar”, afirma a diretora de Recursos Humanos da Leroy Merlin Portugal.

Ana Herrero diz que a empresa tem “consciência de um contexto económico desafiante”, portanto investiu no bem-estar dos colaboradores, quer através da valorização financeira quer por via de benefícios e iniciativas relacionadas com a saúde. “Em 2025 continuaremos a dar corpo à nossa ambição de ser um verdadeiro empregador responsável”, garantiu a gestora.

No dia 1 de abril de 2025 a Leroy Merlin aumentou o salário mínimo de entrada para 920 euros, dos anteriores 850 euros. A decisão de subir os ordenados implicou um investimento global de revisão salarial superior a 3,7 milhões de euros e fez com que a empresa fique 5,7% acima do salário mínimo nacional.

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Outlook Mafra avalia o potencial da região do turismo à agricultura

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  • 16 Junho 2025

A conferência Outlook Mafra vai reunir vários especialistas de sustentabilidade, turismo e agricultura para avaliarem o potencial da região relativamente a estes temas.

Num momento em que os territórios enfrentam o desafio de crescer de forma sustentável, integrando desenvolvimento económico com responsabilidade social e ambiental, o concelho de Mafra promove a conferência Outlook Mafra, que reunirá, na manhã do dia 26 de junho, especialistas, decisores e representantes de diversas áreas estratégicas, na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira.

Turismo, agricultura, sustentabilidade, pesca artesanal e o posicionamento logístico de Mafra no contexto atlântico estarão no centro do debate, numa iniciativa que pretende destacar o potencial multifacetado do concelho e projetar soluções sustentáveis e integradas para o seu crescimento.

Os interessados deverão inscrever-se aqui.

PROGRAMA

09h30 Abertura
António Costa, Diretor do ECO
Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra

10h00 A Ericeira – Capital do Surf à Excelência do Turismo
Fancisco Spinola, Presidente da World Surf League
Teresa Ferreira, Diretora do Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal
Tiago Pires, Surfista
Moderação: Alexandre Batista, Editor Local Online

10h45 Talk sobre Desenvolvimento Sustentável
Tiago Freire, Subdiretor do ECO à conversa com Manuel Andrade Neves, Sócio da Abreu Advogados

11h15 Coffee-break

11h30 A Agricultura Também está na Moda
Sandra Primitivo, Executive Director EY
Domingos Santos, Vice-Presidente da CAP
Moderação: Alexandre Batista, Editor Local Online

12h15 A Pesca Artesanal ao largo da Ericeira
Tiago Freire, Subdiretor do ECO à conversa com Rodrigo Sengo, Senior Program Development na MSC Portugal e João Pereira, Chefe da Divisão de Modelação e Gestão de Recursos da Pesca no IPMA

12h45 Mafra Como Hub Logístico do Atlântico
Apresentação de Mafra como Pólo Logístico do Futuro
Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra

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Governo anuncia compra de sexto avião da Embraer e venda de 10 para a NATO

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

O ministro da Defesa anunciou hoje intenção de compra de um sexto avião KC-390 Millennium da empresa brasileira Embraer para a Força Aérea Portuguesa e a venda de 10 outros aviões para países da NATO

O ministro da Defesa, Nuno Melo, anunciou hoje intenção de compra de um sexto avião KC-390 Millennium da empresa brasileira Embraer para a Força Aérea Portuguesa e a venda de 10 outros aviões para países da NATO.

“Nós decidimos optar pela sexta aeronave, opção que estava prevista no contrato, mas é bom que se tenha presente que será uma aquisição feita ao preço da celebração do contrato, ou seja, lá atrás e não ao preço a que a aeronave está a ser vendida agora. Pelo que, no limite, se Portugal a quisesse vender, a revenderia com um enorme lucro“, disse o ministro da Defesa à imprensa durante a visita à 55° edição do salão internacional “Paris Air Show”.

Segundo Nuno Melo, a parceria entre Portugal e o Brasil através da Embraer, que “resulta em imensos lucros para Portugal e reforça as indústrias de defesa”, vai ser ainda reforçada pela “opção potencial por 10 outras aeronaves”.

Com a opção de venda de 10 aviões, “cada aeronave vendida significa 11 milhões de euros para o Estado português e por cada uma destas vendas, também vantagens que serão acrescidas ainda com mais lucro que reverterá para a Força Aérea Portuguesa“, acrescentou.

Em 2019, Portugal acordou adquirir à brasileira Embraer cinco aeronaves KC-390 e um simulador, tendo já sido entregues duas, com o objetivo de substituir os Hércules C-130, por um valor de 850 milhões de euros.

No âmbito deste processo foram introduzidas modificações à aeronave para a adequar aos requisitos estabelecidos por alianças como a NATO, Nações Unidas e União Europeia, que fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países com lucro para o Estado português.

O ministro quis salientar que Portugal esteve na origem do projeto do KC-390 Millennium, participando no fabrico de inúmeros componentes, numa “tecnologia de ponta, que coloca Portugal na linha da frente, num projeto que é também nacional, à escala global”.

Nuno Melo destacou ainda que o país é o único na Europa que “providencia o treino dos pilotos do KC390”, no centro de Beja.

“O treino de pilotos é uma fonte de lucro muito grande e por cada aeronave vendida Portugal tem um lucro que é superior a 11 milhões de euros, o que significa que quantos mais KC sejam vendidos no mundo, mais Portugal beneficia”, referiu.

Em agosto de 2019, o Governo português e a empresa brasileira líder no fabrico de aeronaves comerciais, executivas e militares assinaram um acordo de aquisição de cinco KC-390, acordando a entrega de uma aeronave por ano, com a entrega do terceiro prevista para os próximos meses, segundo a porta-voz da Força Aérea, capitão Patrícia Fernandes.

O KC-390 Millennium pode realizar uma ampla gama de missões, como transporte e lançamento de cargas e tropas, evacuação aeromédica, busca e salvamento (SAR), ajuda humanitária e missões de resposta a desastres (HADR), combate a incêndios e reabastecimento aéreo, tanto como tanque quanto como recetor.

Além disso, esta aeronave modernizada pode apoiar operações de vigilância marítima, aumentando o alcance e o tempo de permanência em voo por meio do reabastecimento em voo, bem como o transporte estratégico, mais rápido e com menos escalas, permitindo o transporte de pessoas e carga para o teatro de operação.

Dependendo das versões pode custar 130 milhões ao Ministério da Defesa, um “investimento” que, segundo Nuno Melo, equipará a Força Aérea Portuguesa e se pagará a si próprio.

“Nós investimos na defesa, com um grande retorno económico e financeiro, que ajuda a pagar o investimento feito no reequipamento das Forças Armadas em Portugal, mas gera lucro acrescido para a economia portuguesa e para o Estado”, afirmou.

Para o ministro, o país “utiliza o melhor da sua inteligência, dos seus engenheiros, da sua técnica” num projeto que dá retorno, por essa razão a sua visita ao salão em Le Bourget, a cerca de 20 quilómetros de Paris não foi para compra mas para vir vender e ter lucro, para além de modernizar as Forças Armadas.

“Estamos a investir até 2% com retorno para a economia portuguesa (…) e parece-me que falamos já de um passo suficientemente grande face às nossas circunstâncias, até porque este investimento se mede em percentagem do PIB. Portanto, estes passos devem ser calculados, devem ser bem medidos, sempre garantindo um reforço da economia, que pelo aumento do PIB também permitam um maior retorno para a defesa nacional. É tudo isso que estamos a fazer, de forma, a cumprir compromissos com a Nato”, disse.

A Embraer tem um Centro de Engenharia e Negócios em Lisboa, tornando o país “a porta de entrada de uma empresa global na Europa, com benefício para todos”, afirmou Nuno Melo.

Questionado sobre a fabricação em Portugal de aeronaves Super Tucano a pedido da NATO, Nuno Melo revelou que “os primeiros cinco serão entregues este ano”, envolvendo a indústria portuguesa.

Este será também um investimento de perto de 200 milhões de euros no reequipamento das Forças Armadas, dos quais 75 milhões de euros serão aplicados nas indústrias portuguesas que farão a reconfiguração da aeronave para as especificações da NATO, de acordo com o ministro da Defesa.

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Dentsu Creative e S&TG ganham os primeiros bronzes portugueses em Cannes

O trabalho da Dentsu para o canal História ganhou bronze em Outdoor e Print. Também o "Save Us From The USA“, da S&TG, ganhou bronze em Outdoor.

A primeira manhã do Festival de Criatividade de Cannes traz boas notícias para Portugal. A Dentsu Creative, com a campanha Outnumbered para o canal História, ganhou um bronze em Outdoor, ao qual se soma outro em Print.

Também a Stream and Tough Guy, com “Save Us From The USA“, para a Change the Ref, ganhou bronze em Outdoor.

Portugal, recorde-se, tem 17 entradas em shortlist no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o mais importante festival de criatividade do mundo, que decorre de 16 a 20 de junho. Os oito trabalhos, que permitiram as 17 shortlist, são da Dentsu Creative (11), Uzina (quatro), Stream and Tough Guy (um) e Judas (um). As shortlists de algumas categorias ainda não foram divulgadas.

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Portugal com 17 shortlist no arranque do Cannes Lions

Os oito trabalhos, que permitiram as 17 shortlist são da Dentsu Creative (11), Uzina (quatro), Stream and Tough Guy (um) e Judas (um).

Portugal tem 17 entradas em shortlist no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o mais importante festival de criatividade do mundo, que decorre de 16 a 20 de junho. Os oito trabalhos, que permitiram as 17 shortlist são da Dentsu Creative (11), Uzina (quatro), Stream and Tough Guy (um) e Judas (um). As shortlists de algumas categorias ainda não foram divulgadas.

Pela mão da Dentsu Creative e para o Canal História, entraram em shortlist os trabalhos “History Outnumbered” em Creative Data (na subcategoria Corporate Purpose & Social Responsibility) e Print & Publishing (Corporate Purpose & Social Responsibility), “Likes” nas categorias Outdoor (Media/Entertainment Posters e Media/Entertainment Billboards) e Print & Publishing (Media/Entertainment), “Marches” nas categorias Outdoor (Media/Entertainment Posters e Media/Entertainment Billboards) e Print & Publishing (Media/Entertainment) e “Crimes” na categoria Outdoor (Media/Entertainment posters e Media/Entertainment Billboards).

A Dentsu Creative conseguiu ainda entrar em shortlist na categoria de Media (Breakthrough on a Budget) com o trabalho “The Case for Saving Water“, para o Turismo de Portugal.

Já o trabalho “Drinkable Anthem“, da Judas para a Super Bock, entrou na shortlist da categoria Direct (Use of Broadcast), enquanto Save Us From The USA“, da Stream and Tough Guy para a Change the Ref, conseguiu a entrada na categoria Outdoor (Market Disruption).

Outra das entradas portuguesas em shortlist é o trabalho “Hidden Tags”, da Uzina para a Ikea, nas categorias Creative Data (Data Storytelling e Market Disruption) e Direct (Consumer Goods e Small-Scale Media).

Este projeto foi apontado pela MediaCat como um dos favoritos a levar para casa um Grand Prix do festival. A campanha em causa, foi lançada pela Ikea para celebrar os seus 20 anos em Portugal, tendo a marca desafiado os clientes a procurarem as etiquetas dos seus produtos, com o objetivo de encontrar o móvel mais antigo da marca sueca em Portugal. Quem tivesse a peça de imobiliário com maior idade ganhava um voucher de dois mil euros.

Este ano são 137 os trabalhos que estão a representar Portugal na 72ª edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions. No total, o festival recebeu 26.900 inscrições a nível mundial.

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8.ª Advocatus Summit. Edição de junho da Advocatus

  • ADVOCATUS
  • 16 Junho 2025

Na Advocatus de junho pode ler o balanço da oitava edição da Summit Lisboa, uma entrevista à sócia da Melo Alves, Cláudia Leonardo, e ainda todos os pormenores da sociedade do mês, Ana Bruno.

A 8.ª edição da Advocatus Summit decorreu entre os dias 29 e 30 de maio, no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. A edição de 2025 contou com a presença do presidente da ASAP, José Luís Moreira da Silva, e do bastonário da Ordem dos Advogados, João Massano. Durante duas manhãs, reuniram-se alguns dos principais nomes da advocacia de negócios em Portugal para debater grandes temas que moldam a prática jurídica: fiscalidade, governance e compliance, investimento em Portugal, cibersegurança e IA, concorrência e direitos do consumidor, agribusiness, smart cities e o papel do advogado em projetos cross-border.

O evento que liga a advocacia de negócios aos agentes económicos e mundo empresarial conta com o patrocínio da Abreu Advogados, CMS Portugal, CS’Associados, Deloitte Legal, EY Law, Morais Leitão, Pérez-Llorca, PLMJ, PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, Proença de Carvalho, PwC Portugal, Sérvulo & Associados, SRS Legal, Telles e Vieira de Almeida.

Este ano, o almoço com os managing partners dos escritórios patrocinadores da 8ª edição da Advocatus Summit contou com a presença do candidato a Belém, Henrique Gouveia e Melo. O papel do Presidente da República na nossa constituição e o novo puzzle político-parlamentar preencheram o encontro.

Na 8 ª edição da Advocatus Summit realizou-se o encontro, pelo segundo ano consecutivo, em regime Chatham House Rule. Este ano, o publisher e diretor do ECO, António Costa, esteve à conversa com o jornalista e administrador da Impresa, Ricardo Costa. Em foco esteve a relação entre a comunicação social, o seu trabalho e o resultado eleitoral do dia 18 de maio. Na plateia estiveram alguns sócios dos escritórios patrocinadores do evento.

Cláudia Leonardo, sócia da Melo Alves AdvogadosHugo Amaral/ECO

Cláudia Leonardo de Carvalho é a advogada do mês desta edição. A sócia da Melo Alves assume que a representatividade feminina assume um papel cada vez mais “importante” na atração e retenção de talento. Sobre a arbitragem, considera que é “comprovadamente” um mecanismo de resolução alternativa de litígios com “alta eficácia”.

Filipe Eusébio, sócio da Ana Bruno & Associados, assume que o principal desafio da firma é manter a sustentabilidade no crescimento e o grau de qualidade do trabalho que entregam. O advogado fez um balanço muito positivo dos cerca de 21 anos de atividade da firma e garante que pretendem apostar na área de Direito do Desporto. Sobre uma possível expansão para outras cidades, não está para já nos planos. Descubra todos os pormenores na rubrica sociedade do mês.

Filipe Eusébio, sócio da Ana Bruno & AssociadosHugo Amaral/ECO

As sociedades de advogados Garrigues e Cooley LLP assessoram a tecnológica portuguesa Feedzai na aquisição da empresa australiana DemystData. O negócio é avaliado em cerca de 100 milhões de dólares. A aquisição é a segunda na história da Feedzai liderada por Nuno Sebastião, depois da compra da Revelock em 2021. Descubra todos os pormenores da operação na rubrica negócio do mês da 167.ª edição.

Assine a revista Advocatus aqui.

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Crédito ao consumo sobe 7% para recorde de 2,9 mil milhões até abril

Famílias pediram mais dinheiro ao banco para comprar carro e equipar ou fazer obras em casa e menos através do cartão de crédito. Crédito ao consumo atine 2,9 mil milhões nos primeiros quatro meses.

O crédito ao consumo continua em acelerado crescimento. Os bancos e financeiras concederam mais de 2,9 mil milhões de euros em empréstimos aos consumidores nos primeiros quatro meses do ano, o valor mais elevado desde pelo menos 2013, quando começa a série estatística do Banco de Portugal.

Em comparação com o mesmo período de 2024, o montante de novos créditos ao consumo acelerou 7%, o que acontece numa altura em que as taxas de juro continuam a cair e a dar maior folga às famílias.

Desde 2020, ano da pandemia, que se mantém esta tendência de forte crescimento. Há um ano, o crédito ao consumo estava a disparar 9%, tendo abrandado ligeiramente no arranque deste ano.

Crédito ao consumo cresce

Fonte: Banco de Portugal

Os dois principais segmentos de crédito ao consumo subiram neste período, com os empréstimos para a compra de carro a ser o principal motor deste crescimento. O crédito automóvel disparou 11% para 1,13 mil milhões de euros, representando mais de 38% do total, aumentando tanto no que diz respeito a veículos novos e a usados.

O crédito pessoal continua a ser a principal componente: 1,33 mil milhões de euros foram concedidos neste segmento entre janeiro e abril, mais 7% em relação ao mesmo período do ano passado. Neste segmento, o crédito para lar, obras e outras finalidades subiram 7% para 1,28 mil milhões e o crédito para educação, saúde e transição energética cresceu 11% para 52 milhões.

Por sua vez, o crédito concedido através de cartão de crédito e facilidades de crédito caiu 2% para 468,9 milhões de euros, mostram os dados do supervisor.

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Portugal é o sexto país da União Europeia com menos vagas de emprego

Portugal é dos países da União Europeia com menos empregos vagos. De acordo com o Eurostat, de todos os postos de trabalho, apenas 1,3% estavam disponíveis, no primeiro trimestre.

1,3% de todos os empregos que compõem o mercado de trabalho português estavam vagos nos primeiros três meses do ano, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Eurostat. Esta taxa é das mais baixas da União Europeia, sendo que a média comunitária de empregos vagos fixou-se em 2,2% no primeiro trimestre.

“No primeiro trimestre de 2025, a taxa de empregos vagos foi de 2,4% na Zona Euro, um decréscimo face aos 2,5% registados no último trimestre de 2024 e aos 2,9% verificados no primeiro trimestre de 2024″, informa o gabinete de estatísticas, num destaque publicado esta segunda-feira.

“A taxa de empregos vagos na União Europeia foi de 2,2% no primeiro trimestre de 2025, o que corresponde a um recuo face aos 2,3% registados no quarto trimestre de 2024 e aos 2,5% do primeiro trimestre de 2024″, destaca ainda o Eurostat.

Entre os Estados-membros para os quais há dados disponíveis, a taxa de empregos disponíveis mais elevada foi registada nos Países Baixos (4,2%), seguindo-se a Bélgica (4,1%), e a Áustria (3,6%).

Já as taxas mais baixas foram verificadas na Roménia (0,6%), na Polónia (0,8%), na Bulgária e na Espanha (ambas com 0,9%).

Não muito longe destes últimos países, aparece Portugal, com uma taxa de empregos vagos de 1,3%. É a sexta mais baixa da União Europeia, ainda que tenha aumentado 0,1 pontos percentuais em termos homólogos.

Por outro lado, o Eurostat publicou esta manhã os dados dos custos do trabalho, que aumentaram 3,4% na Zona Euro e 4,1% na União Europeia, no primeiro trimestre do ano face ao mesmo período de 2024.

Em Portugal, a subida foi menos acentuada que a média comunitária (4,0% contra 4,1%), e ficou distante dos saltos registados na Roménia (16,1%), na Croácia (13,5%) e na Bulgária (13%), como mostra o gráfico acima.

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Novobanco: Sindicato acolhe compromisso de franceses sobre manutenção de trabalhos com “prudência”

  • ECO
  • 16 Junho 2025

CEO do BPCE garantiu que vai manter postos de trabalho, gestão e marca do Novobanco. SNQTB assume "prudência" e "expectativa positiva" com compromisso do grupo francês.

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) acolhe com “prudência” e “expectativa positiva” o compromisso assumido pelo grupo francês BPCE sobre a manutenção dos postos de trabalho no Novobanco.

A Lone Star anunciou a venda do Novobanco ao BPCE por 6,4 mil milhões de euros. Em conferência de imprensa, o CEO do grupo francês, Nicolas Namias, afastou a possibilidade de avançar com um programa de saídas no banco português. “Ao contrário de muitas outras, esta transação não é sobre sinergias de custos”, frisou o gestor.

É com natural prudência, mas também com expectativa positiva, que o SNQTB acolhe o compromisso público assumido pelo presidente do grupo BPCE, Nicolas Namias de que não haverá cortes nos postos de trabalho, que a atual equipa de gestão será mantida e a identidade do Novobanco preservada”, reage assim o SNQTB, para quem a transação “constitui um momento decisivo para o sistema financeiro português” e, como tal, “com transparência, responsabilidade e visão de futuro”.

Para o sindicato, “a estabilidade laboral, a valorização do capital humano e o reforço do papel estratégico do Novobanco” são “condições essenciais para o sucesso de qualquer transição acionista”.

O SNQTB saúda ainda o facto de a operação permitir um encaixe de quase dois mil milhões de euros para os cofres públicos. “Trata-se de um resultado que também saudamos, sem prejuízo da manutenção de garantias sólidas quanto ao emprego, ao crédito às PME e ao reforço da concorrência no setor bancário”, aponta o sindicato liderado por Paulo Marcos.

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Sedes desafia Governo a seis reformas chave no Estado

Na véspera da discussão do programa do Executivo, a associação defende mudanças na política fiscal, orçamental, da Administração Pública, Segurança Social, Justiça e nas nomeações para reguladores.

Aproveitando o ímpeto do novo Governo de Luís Montenegro com a criação do novo Ministério da Reforma do Estado, a Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social desafia o primeiro-ministro a avançar em seis reformas prioritárias: fiscal, orçamental, da Administração Pública, Segurança Social, justiça económico-financeira e processos de nomeação nos reguladores e supervisores. Esta terça-feira, arranca o debate do programa do Executivo, no Parlamento. No dia seguinte, é votada a moção de rejeição do PCP, que já está condenada com o chumbo da AD e o apoio de Chega e PS.

“A Sedes dirige-se ao Governo recentemente empossado, num momento em que este se prepara para apresentar o seu programa à Assembleia da República, para apelar a uma concretização inequívoca e pragmática das reformas de que o país carece há demasiado tempo”, segundo a carta enviada esta segunda-feira ao primeiro-ministro e tornada pública.

Neste sentido, a Sedes defende “a definição e execução de seis reformas prioritárias, cuja necessidade tem sido amplamente reconhecida, mas que continuam a ser sucessivamente adiadas”. No âmbito da “reforma fiscal”, a associação, liderada por Álvaro Beleza, considera que deve ser criada “uma comissão independente e tecnicamente qualificada, cujos trabalhos possam sustentar uma proposta legislativa sólida, a apresentar pelo Governo à Assembleia da República”.

Relativamente à reforma orçamental e à melhoria da qualidade das contas públicas, o Governo “deve centrar-se na redução sustentada da dívida pública, como responsabilidade intergeracional”, lê-se na mesma missiva. Para tal, defende, “é essencial melhorar a qualidade da despesa e da receita pública, com mecanismos de avaliação ex-ante e ex-post plenamente integrados no ciclo orçamental”.

Quanto à reforma da Administração Pública, o Estado deve apostar “em auditorias de gestão aos serviços públicos, revisão da sua estrutura e eliminação de redundâncias e da proliferação de entidades com estatutos especiais sem fundamento adequado”, escreve a Sedes. “É preciso também reformular processos e procedimentos, bem como rever leis e regulamentos, tornando-os mais simples, coerentes entre si e eliminando todos os que se revelem desnecessários”, continua. Para além disso, é fundamental “a reforma dos processos de seleção, nomeação e remuneração dos altos dirigentes, com base em concursos públicos e comissões independentes, princípios que devem estender-se ao setor empresarial do Estado”, acrescenta.

No âmbito da sustentabilidade da Segurança Social, a Sedes defende a abertura a modelos mistos de repartição e capitalização. Este debate “não pode continuar a ser adiado e não deve ser inquinado pelo debate ideológico sobre sua a natureza pública ou privada”, sublinha.

Em matéria de justiça económico-financeira, a Sedes considera a morosidade “um grave entrave ao investimento e à competitividade”. Neste sentido, “é imperioso reformar os processos nos tribunais administrativos, fiscais e comerciais, eliminando bloqueios e acelerando decisões essenciais à vida económica”. É igualmente “essencial aumentar a eficácia do combate ao crime económico e financeiro através um conjunto de alterações relativas à sua investigação e sancionamento”, de acordo com a carta da Sedes dirigida a Luís Montenegro.

Por último, a associação aposta numa “reforma dos processos de nomeação nas autoridades de regulação e supervisão”, em que a escolha dos dirigentes “deve obedecer a critérios de transparência, mérito e independência”. “Defendemos um modelo baseado em concursos públicos internacionais, com avaliação por comissão independente especializada e nomeação final após audição parlamentar”, escreve a Sedes. Para além disso, “não devem ser permitidos processos que permitam contornar as estruturas independentes”.

“A avaliação dos altos funcionários e gestores públicos deve ser também realizada por estruturas independentes e assentar nos resultados obtidos no cumprimento dos objetivos previamente estabelecidos e publicamente conhecidos. Este modelo de seleção, na linha do proposto no programa eleitoral da atual coligação governativa, deve ser implementado sem exceções – incluindo já o processo de nomeação do próximo Governador do Banco de Portugal”, defende a instituição presidida por Álvaro Beleza.

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Lítio: Antigos ministros integram comité consultivo da Savannah Resources

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

Mina de lítio a céu aberto proposta para o concelho de Boticas obteve uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) condicionada em 2023 e a empresa prevê iniciar a produção em 2027.

O comité consultivo da Savannah Resources é composto por Luís Mira Amaral, Luís Amado, Carlos Caxaria e Astrid Karamira, e visa apoiar a empresa no desenvolvimento da mina de lítio do Barroso, em Boticas, foi anunciado esta segunda-feira.

Luís Mira Amaral e Luís Amado são antigos ministros, Carlos Caxaria foi presidente da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) e Astrid Karamira é especialista em cadeias de abastecimento minerais e fornecimento.

“Acreditamos que a diversidade de percursos enriquece o debate estratégico e ajuda a antecipar os vários desafios e oportunidades que se apresentam ao nosso projeto e a todos os parceiros nele envolvidos”, afirmou esta segunda, citado em comunicado, Emanuel Proença, presidente executivo (CEO) da Savannah.

A mina de lítio a céu aberto proposta para o concelho de Boticas, no norte do distrito de Vila Real, obteve uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) condicionada em 2023 e a empresa prevê iniciar a produção em 2027.

A Savannah explicou que o comité consultivo tem como objetivo apoiar a empresa no desenvolvimento do projeto de lítio do Barroso “contribuindo com análises, recomendações e orientações fundamentadas, com o objetivo de garantir o êxito e a sustentabilidade do projeto”.

A sua composição – agora com quatro membros – pode ser ajustada, devendo reunir periodicamente com a liderança da empresa.

Luís Amado foi ministro da Defesa Nacional e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, foi também secretário de Estado da Administração Interna e secretário de Estado da Cooperação, bem como deputado na Assembleia da República, tendo passado pelos bancos Banif e Cabo-Verdiano de Negócios e pela EDP.

Atualmente, exerce funções não executivas e de consultoria em várias empresas e instituições, sendo membro do Global Advisory Board da Sonae, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Oriente e Curador da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Luís Mira Amaral foi ministro do Trabalho e Segurança Social e da Indústria e Energia, foi gestor de empresas nos setores industrial, energético e tecnológico, professor universitário e membro das ordens dos engenheiros e dos economistas.

É, atualmente, consultor da FNWAY Consulting em projetos de investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação para empresas e associações empresariais, e leciona as disciplinas de Economia para Engenheiros e Gestão para Engenheiros no Instituto Superior Técnico.

Carlos Caxaria foi vice-presidente do Instituto Geológico e Mineiro, vice-diretor da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e presidiu à EDM, empresa pública dedicada ao setor mineiro.

Astrid Karamira é especialista em cadeias de abastecimento minerais responsáveis e fornecimento responsável, tendo-se focado no setor do lítio (mercados, cadeia de valor e desafios do setor).

A polémica mina de lítio do Barroso foi reconhecida, em março, como projeto estratégico pela Comissão Europeia, ao abrigo do Regulamento das Matérias-Primas Críticas.

Na semana passada, a associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), a MiningWatch Portugal e a ClientEarth contestaram o apoio dado pela Comissão Europeia, apresentaram uma queixa a este organismo europeu e pediram uma reavaliação da sua decisão, considerando que “não avaliou corretamente” os riscos ambientais e sociais.

A empresa reagiu salientando que se orgulha do reconhecimento da Comissão Europeia à mina do Barroso e que os opositores ao projeto continuam “a espalhar mentiras” e a “reciclar argumentos” já refutados.

A Savannah prevê produzir lítio “suficiente para abastecer pelo menos meio milhão de baterias para veículos por ano, o equivalente a mais de três vezes o número total de veículos comprados anualmente em Portugal”.

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