Bernardo Maciel: “O salário é importante, mas o dinheiro não compra tudo”

  • ECO
  • 19 Maio 2025

O aventureirismo e a resiliência dos empresários foram alguns dos temas abordados no 30º episódio do podcast E Se Corre bem?, que contou com Bernardo Maciel como convidado.

Bernardo Maciel, CEO da Yunit Consulting, foi o convidado do 30º episódio do podcast “E Se Corre Bem?”, no qual começou por enaltecer o heroísmo de todos os empresários, que o impulsionou a criar o prémio Heróis PME. “Os empresários são heróis. Seja em que contexto for, a atividade empresarial tem sempre riscos. A criação da premiação veio depois de eu fazer o MBO, em 2016. Foi quando passei a ser uma PME como qualquer outra e sentia-me muito mais próximo. Também foi uma forma de darmos sinal ao mercado que gostávamos de estar junto dos pequenos e médios empresários, ajudá-los nos momentos críticos de decisão e destacar as suas histórias“.

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A decisão de assinar o MBO foi a virada chave inesperada na vida profissional de Bernardo Maciel: “O grupo Yunit tinha várias áreas de negócio e, de acordo com instruções da Troika, os bancos deveriam largar os ativos não financeiros onde estavam as seguradoras. E era onde estávamos nós. Tínhamos mais de 100 pessoas e havia a dúvida do que ia acontecer. Na altura, eu já liderava a Yunit Consulting e havia a oportunidade de cada um dos responsáveis das diferentes empresas fazerem um MBO para dar continuidade ao negócio. Foi um passo natural“.

Dado este passo, o líder do grupo passou a ser CEO da Yunit Consulting, mas confessa que isso não mudou a sua postura e forma de trabalhar. “Eu penso que só muito recentemente é que, pela primeira vez, falei do Bernardo acionista e do Bernardo CEO. Obviamente que tenho noção que sou o responsável último da organização, mas ainda me vejo muito como o diretor executivo que tem de garantir que o plano é feito e que os objetivos são cumpridos“, confessou.

Quando questionado sobre o que prioriza quando olha para um CV, Bernardo Maciel não hesitou em responder: “Competências técnicas são importantes, mas depois é a componente pessoal”. Para o CEO da Yunit Consulting, é importante perceber, logo nas entrevistas, as “formas de estar e os anseios das pessoas para se perceber se estão no aquário certo ou não”. Só assim, segundo ele, é possível recrutar “pessoas que se alinham na mesma lógica de negócio”.

“A harmonia é boa para podermos discutir de forma saudável o futuro e os desafios. É também uma forma de passar para o resto da organização a estabilidade que as pessoas precisam. Apesar de haver sempre discussões para tomar decisões, é fundamental haver saúde e alinhamento entre os boards, as administrações e as direções para que as pessoas sintam a estabilidade necessária para cumprirem as suas missões e só depois disso é que vem a satisfação e a felicidade no trabalho“, referiu.

Ainda sobre o que promove a felicidade no ambiente de trabalho, Bernardo Maciel destacou o respeito pela vida pessoal dos colaboradores, e, sobretudo, haver “um nível de transparência muito grande”: “Eu não noto que as derivadas pessoais (consultas, etc) impactem nos resultados. Há um nível de responsabilização e de transparência muito grande dentro da organização. As nossas contas são muito transparentes e acho que a honestidade é fundamental para as pessoas perceberem o que valem dentro da organização, que visão temos para o negócio, o que queremos atingir, o que resolvemos junto dos nossos clientes e que condições de trabalho damos“.

Com a missão de tornar a Yunit um “espaço de crescimento e de realização” das pessoas que trabalham na empresa, o CEO garante que tornar o trabalho dos seus colaboradores interessante para eles, com desafios que os motivem a permanecer, é crucial. “O salário é importante, mas o dinheiro não compra tudo. Se o colaborador estiver num momento de insatisfação, não é com um aumento que eu vou resolver o problema. Isso é só um paracetamol”, concluiu.

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, em que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

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Pagamentos por entidade e referência mostram agora o destinatário

  • Lusa
  • 19 Maio 2025

Os pagamentos a entidades passam a identificar nome do destinatário a partir desta segunda-feira, por imposição do Banco de Portugal.

Os pagamentos a entidades através do sistema bancário português vão passar a apresentar o nome do destinatário a partir desta segunda-feira, transpondo uma norma do Banco de Portugal (BdP) que pretende combater a fraude bancária. O aviso já tinha sido emitido em novembro e, depois de um período de consulta pública e de adoção das alterações pelas entidades envolvidas, entra agora em vigor.

A nova funcionalidade vai permitir identificar quem é o destinatário de um pagamento, que até aqui poderia estar oculto através de serviços contratados. Entre as empresas de pagamentos, a opinião é de que esta é uma medida muito positiva e algo esperado há anos.

O diretor-geral da Hipay em Portugal, Eduardo Barreto, disse que a medida “já deveria ter entrado há bastante tempo”. “Vemos bastante positivamente esta entrada em vigor. Vai melhorar tudo, não há pontos negativos. O único ponto negativo seria para os burlões e para os criminosos”, afirmou, em declarações à Lusa.

No entender deste responsável, a partir desta segunda-feira “vai ser mais difícil” fazer burlas através do multibanco, uma vez que as referências geradas em lojas online de parceiros já serão devidamente identificadas.

A ideia é partilhada pelo cofundador da Ifthenpay, Filipe Moura, cuja empresa também vê a medida “de forma muito positiva”, acrescentando que era algo solicitado desde o início da atividade da empresa, em 2005.

“Embora os pagamentos por referência Multibanco apresentem um índice de fraude muito baixo, esta medida contribuirá para reduzir ainda mais certos tipos de fraude — como, por exemplo, a conhecida fraude ‘Olá Pai, Olá Mãe’ — pois o ordenante passa a ter visibilidade direta sobre o destinatário efetivo dos fundos”, explicou Filipe Moura.

O copresidente executivo da Eupago Telmo Santos enalteceu o “passo positivo para o reforço da segurança nas transações financeiras”, mas pediu um equilíbrio entre a segurança e a privacidade dos utilizadores.

Este é o mais recente mecanismo do BdP para evitar fraudes no setor, depois de, no ano passado, também em maio, ter entrado em vigor uma solução para identificar o titular da conta através do IBAN, aquando de uma transferência.

A nova funcionalidade vai permitir identificar quem é o destinatário de um pagamento – como empresas -, que poderá estar hoje oculto através de serviços contratados, possibilitando que o consumidor perceba a quem está a enviar o dinheiro.

Eduardo Barreto considerou que o negócio até pode ser afetado pela positiva porque os clientes “até poderão preferir ter o seu nome, em vez do nome da Hipay”, mas explicou que os dois estarão visíveis — tanto o do parceiro, como o da plataforma.

A opinião é replicada pela Ifthenpay, que também considera que a apresentação dos dois nomes “reforça também a confiança dos utilizadores”.

“Em caso de problemas com a entrega de produtos ou serviços, o ordenante saberá que pode contactar a Ifthenpay para mediar o processo”, refere Filipe Moura, acrescentando que “sem esta visibilidade, fraudes como a não entrega de bens ou serviços seriam mais difíceis de detetar, prevenir e travar”.

Já a Eupago apesar de admitir que pode haver “algum reflexo na exposição da marca”, acredita que esse impacto “não será expressivo a nível de atividade”.

Questionadas sobre os custos envolvidos para a transposição desta norma, as empresas consideraram que foram pouco significativos, tendo a Eupago apontado que há custos inerentes como desenvolvimento tecnológicos, testes e monitorização.

Sobre as reclamações recebidas, tanto Ifthenpay como Hipay apontaram que na maioria não se tratam de fraudes, mas sim de pessoas que se esqueceram do que pagaram.

No geral, o balanço é positivo, com as três empresas a saudarem o aumento da transparência e a possibilidade de reduzir fraudes, como em casos de phishing ou “burlas que exploram a confiança dos utilizadores”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 19 de maio

  • ECO
  • 19 Maio 2025

Ao longo desta segunda-feira, 19 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Recorde de participação no 13º Torneio Internacional de Cadeira de Rodas Fundação Emilio Sanchez

  • Servimedia
  • 19 Maio 2025

Durante quatro dias de competição, o evento realizado na Ciudad de la Raqueta, em Madrid, contou com a presença de excelentes jogadores de ténis em cadeira de rodas de todo o mundo.

Madrid despediu-se do XIII Torneio Internacional de Ténis em Cadeira de Rodas da Fundação Emilio Sánchez com uma participação recorde e reafirmando o seu compromisso com o desporto inclusivo.

No último dia, o brasileiro Daniel Rodriguez sagrou-se campeão na categoria masculina após derrotar o coreano Ho Won por 6-3 e 6-0, dominando a final do início ao fim. Na categoria feminina, a sul-africana Kgothatso Montjane conquistou o título ao vencer a japonesa Mamani Tanaka por 6-2 e 6-4, numa partida de muita técnica e estratégia. Da mesma forma, na categoria Quad, o brasileiro Ymanitu Silva venceu o argentino Enrique Lazarte com um placar apertado de 7-6, 7-5.

Na categoria Quad Doubles, Enrique Lazarte (Argentina) e Justin Michael (Canadá) sagraram-se campeões. Em Duplas Abertas, Maikel Scheffers (Holanda) e Casey Ratzlaff (EUA) venceram, enquanto em Duplas Femininas, Jinte Bos (Holanda) e Maayan Zikri (Israel) levaram o título.

A cerimónia de encerramento contou com a presença de autoridades como José Antonio Martínez Páramo, vereador da Comarca de Fuencarral-El Pardo; María Cabezón Giménez, diretora de Coordenação Desportiva da Comunidade de Madrid; Tati Rascón, presidente da Federação de Ténis de Madrid; Marisa Sánchez Vicario, em representação da Fundação Emilio Sánchez, e Diego Rivas, CEO da Ciudad de la Raqueta.

Para além do seu valor desportivo, o torneio tem uma clara componente solidária: angariar fundos para o crescimento das escolas da Fundação e para o desenvolvimento de projetos sociais e educativos que promovam o desporto inclusivo. Estas escolas, situadas em Madrid, Barcelona, Toledo e Sevilha, oferecem formação desportiva a pessoas com deficiência.

Emilio Sánchez Vicario, presidente da Fundação, sublinhou que esta edição superou todas as expectativas, tanto a nível desportivo como humano. “Todos os anos vemos que o ténis em cadeira de rodas não é apenas um exemplo de alto rendimento, mas também uma inspiração para todos.

Esta edição do torneio coincidiu com o 15º aniversário da Fundação Emilio Sánchez Vicario, consolidando a sua posição como uma referência na promoção do ténis adaptado e na promoção de talentos internacionais.

Desde 2012, o torneio recebeu mais de 500 jogadores em cadeira de rodas graças ao apoio institucional e empresarial, com o apoio da Câmara Municipal de Madrid, da Comunidade de Madrid, da Federação Espanhola de Ténis, da Federação de Ténis de Madrid e de entidades privadas como Head, Campofrío, Better Balance, Ciudad de la Raqueta e NH Hoteles.

Com esta nova edição, a Fundação reforça o seu compromisso com o desporto como motor de inclusão social e prepara-se para continuar a trabalhar na promoção do ténis em cadeira de rodas a nível nacional e internacional.

 

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OW Ventures lança fundo de dez milhões para escalar PME tecnológicas

O fundo Tech Services Alliance prevê, por empresa, um ticket máximo de investimento de 1,5 milhões de euros. Em quatro anos, querem investir entre a oito a 12 PME do setor tech.

Da esquerda para a direita, Luis Gutman, Gabriel Coimbra e Tocha Serra.

A OW Ventures acaba de lançar um novo fundo de dez milhões de euros para ajudar PME tecnológicas a escalar no mercado nacional e lá fora. O Tech Services Alliance tem o primeiro closing de quatro milhões de euros previsto para o final do terceiro trimestre e espera investir em oito a 12 PME ao longo de quatro anos.

“O Tech Services Alliance tem como objetivo captar dez milhões de euros num período de 12 a 18 meses, com uma estratégia de captação faseada e alinhada ao pipeline de investimentos já identificado. Acreditamos que este montante é adequado para apoiar de forma robusta um portefólio diversificado de PME tecnológicas com ambição de escalar internacionalmente”, adianta Luís Gutman, managing partner da OW Ventures, a sociedade gestora do fundo.

O novo fundo tem como objetivo mobilizar capital, conhecimento e uma rede internacional para posicionar Portugal como um hub tecnológico de referência na Europa e no mundo. Sob gestão da OW Ventures, o Tech Services Alliance tem Gabriel Coimbra, até recentemente VP do grupo IDC, head of Europa do Sul e country manager da IDC em Portugal, como responsável pela aliança das empresas investidas.

“A criação de uma aliança entre empresas tecnológicas em Portugal é fundamental para que estas possam complementar as suas competências, ganhar escala e competir de forma eficaz nos mercados internacionais. O Tech Services Alliance representa uma oportunidade única para acelerar esse processo,” afirma Gabriel Coimbra.

Com um mercado de serviços tecnológicos na Europa Ocidental que deverá crescer mais de 18% ao ano até 2030, atingindo os 225 mil milhões de euros, o Tech Services Alliance surge como um veículo estratégico para captar esta oportunidade de crescimento, apontam.

Primeiro closing de quatro milhões

Neste momento, o fundo está em fase de levantamento de capital junto a potenciais investidores. “Estamos em conversações com uma base diversificada de investidores, incluindo empresários do setor tech, que veem valor estratégico no acesso a um pipeline qualificado de empresas de serviços tecnológicos, e todos os investidores individuais e corporativos que acreditam na internacionalização da economia portuguesa”, adianta Luis Gutman. “Também estamos a avaliar mecanismos de coinvestimento com parceiros corporativos do setor IT, com interesse em crescimento inorgânico”, acrescenta.

O primeiro closing do fundo deverá ocorrer “até ao final do terceiro trimestre de 2025, com um montante inicial de quatro milhões de euros“, precisa. “Este valor permitirá iniciar os primeiros investimentos e validar a tese do fundo com casos concretos de crescimento e internacionalização”, refere.

Onde vai investir

A aposta será em PME de serviços de tecnologias de informação em “áreas estratégicas” como serviços e gestão de cloud, data, analytics & IA, cibersegurança ou UX/UI design & software development, entre outras.

“Priorizamos investimentos em empresas com modelos de negócio validados e capacidade de escalar rapidamente com capital e apoio estratégico”, diz Luis Gutman. Sendo que o fundo prevê, por empresa, um ticket máximo de investimento de 1,5 milhões de euros, “com possibilidade de follow-ons dependendo da performance e da estratégia de internacionalização”.

As metas de investimento estão igualmente definidas: “investir em oito a 12 PME ao longo de quatro anos, com um horizonte de desinvestimento entre cinco e sete anos“, precisa. “Pretendemos construir um portfólio equilibrado entre empresas em estágio de crescimento e empresas em fase de consolidação que estejam prontas para internacionalização acelerada”, afirma.

A internacionalização está também nos planos do fundo. E já há mercados-alvo definidos. “Com base em análise de maturidade de mercado e afinidade com o perfil das empresas-alvo, os principais mercados prioritários são Alemanha, Reino Unido e Irlanda (numa fase de médio prazo – 12 a 24 meses); e Estados Unidos e Canadá, para empresas com soluções mais maduras ou especializadas, a partir do 3.º ano”, revela.

“A entrada nestes mercados será apoiada por parcerias estratégicas, presença em eventos internacionais e, quando aplicável, processos de soft landing com apoio institucional“, sintetiza.

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Grupo de iluminação de Braga cresce 25% na mão de austríacos

Objetivo do grupo de Braga conhecido pelas luzes de Natal e pelos musicais no gelo é desenvolver projetos no Brasil e Norte de África. A aquisição por parte de austríacos no ano passado abriu portas.

Depois de ter sido comprada por uma gigante austríaca no ano passado, a AM Experience by MK Illumination cresceu quase 25%. O grupo minhoto conhecido pelas iluminações de Natal para autarquias e centros comerciais faturou 6,8 milhões de euros em 2024, mais 1,3 milhões que no ano anterior.

“Esta aquisição trouxe-nos estabilidade e foco, sem esquecer o acesso a uma gama de produtos muito mais alargada, até porque a MK Illumination tem 44 escritórios em todo o mundo e opera em 120 países — em termos de desenvolvimento de produto tem milhares de peças no seu catálogo que nós não tínhamos e passamos a ter acesso a esse portefólio”, diz ao ECO, Nuno Barbot, diretor-geral da AM Experience by MK Illumination.

O gestor acrescenta ainda que a aquisição por parte dos austríacos “abriu outras portas” e “permitiu aceder e fechar alguns negócios”, nomeadamente na área dos outlets em Espanha.

No último Natal, executou um total de 94 projetos de iluminação festiva através da divisão AM Festive Lighting. Nesta área, a empresa cresceu 20% em Portugal e 46% em Espanha. “Esta divisão foi no fundo, um gatilho significativo para a MK Illumination ter adquirido a AM Experience o ano passado”, conta Nuno Barbot.

A área da iluminação de Natal é responsável pela maior fatia da faturação da empresa –– quatro milhões de euros, o que representa um crescimento de 30% face a 2023. “O crescimento tem um contribuído muito importante da MK Illumination“, diz o diretor-geral da AM Experience by MK Illumination.

O grupo tem também a AM Live (que cria espetáculos musicais no gelo), que cresceu no ano passado 27%, e a AM Dreams, Fun & Ice (que cria experiências de diversão diferenciadoras e altamente sensoriais).

Nuno Barbot, diretor-geral da AM Experience by MK Illumination.

Com escritórios em Braga e no Porto, a AM Experience by MK Illumination emprega 44 pessoas, enquanto a multinacional austríaca tem 44 escritórios, opera em mais de 120 países, emprega mais de mil pessoas em todo o mundo e faturou 165 milhões de euros em 2023.

Próximo passo é iluminar Brasil e Norte de África

Com presença em Portugal e Espanha, o diretor da AM Experience by MK Illumination acredita que a empresa tem “muito espaço para crescer” no país vizinho, onde está presente desde 2011. Os novos donos já estão a explorar o “desenvolvimento de negócios no Brasil e Norte de África”. A expectativa é desenvolverem projetos no mercado brasileiro no próximo ano e ainda este ano no Norte de África.

“Vários dos nossos clientes têm centros comerciais em Marrocos e temos vindo a dar os primeiros passos neste mercado”, detalha Nuno Barbot, destacando que “isto é possível porque têm a MK com uma capacidade de produção e de logística que sem a qual era muito difícil nós aventurar para estes mercados”.

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Seguradoras do Montepio na mira do regulador. Pagam 7,5 milhões em dividendos

ASF confirma que Lusitania Vida e Lusitania “foram objeto de ações de supervisão específicas” no ano passado. Lucros das duas companhias baixaram, mas vão dar dividendo de 7,5 milhões ao Montepio.

As duas seguradoras do grupo Montepio estiveram na mira do regulador no ano passado. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) confirma ao ECO que Lusitania Vida e Lusitania “foram objeto de ações de supervisão específicas”, mas assegura que ambas estão “plenamente autorizadas ao exercício da atividade seguradora e a operar em condições normais de mercado”. De resto, ambas as companhias fecharam 2024 com lucros e vão pagar 7,5 milhões de euros em dividendos.

Em relação à Lusitania Vida, desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, que a ASF estava a monitorizar de perto a evolução do negócio da seguradora, nomeadamente no que toca ao requisito de capital de solvência – indicador que havia incumprido por conta da forte instabilidade que afetou as bolsas na sequência da agressão russa.

Seguiu-se uma intervenção de fundo da parte do acionista ao nível da estrutura de capital, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com vista a recuperar os níveis de solvência e criar almofadas para a seguradora resistir aos altos e baixos dos mercados – uma intervenção que também abrangeu a outra seguradora, como o ECO revelou na altura.

Entretanto, em agosto do ano passado, e depois de um “desempenho muito positivo da Lusitania Vida” – palavras da AMMG ao ECO –, a entidade reguladora liderada por Margarida Corrêa de Aguiar decidiu “descontinuar o reporte extraordinário” que mensalmente exigia à companhia, segundo conta o conselho fiscal da seguradora no seu parecer às contas de 2024.

Já na Lusitania, a outra seguradora do grupo mutualista, o conselho fiscal revela que foi contactado pela ASF em fevereiro do ano passado “no sentido de solicitar o acompanhamento da situação financeira e de solvência (…), considerando o desequilíbrio técnico no ramo automóvel e a preocupação em garantir o reequilíbrio da exploração técnica em todas as linhas”.

Para fazer face às preocupações do regulador, “estão a ser implementadas diversas ações, em particular a revisão da oferta”, adianta fonte oficial da AMMG ao ECO. “Em fevereiro de 2025, a companhia lançou uma nova oferta automóvel para resposta às necessidades dos seus clientes e reequilíbrio técnico, o que se enquadra no plano estratégico da Lusitania”, explica a mutualista. No final de 2023 já tinha avançado com uma reorganização da sua rede comercial, com fecho de agências e teletrabalho para os trabalhadores.

Dividendos de 7,5 milhões

Certo é que ambas seguradoras — lideradas por Virgílio Lima, presidente da AMMG — fecharam 2024 com lucros, embora em forte quebra em comparação com o ano anterior, mas com rácios de solvência acima do que a ASF exige, e preparam-se para distribuir 7,5 milhões de euros em dividendos ao seu acionista.

A Lusitania Vida lucrou 10,1 milhões de euros no ano passado, menos 26,8% em comparação com o ano anterior. Vai distribuir 60% do resultado, ou seja, seis milhões de euros.

Já os lucros da Lusitania ascenderam a 7,6 milhões de euros, quebrando 55,3%, o que se deveu “maioritariamente” ao facto de, em 2023, ter contabilizado uma reversão de uma provisão de 10 milhões para uma coima da Autoridade da Concorrência. O dividendo vai ser de 1,5 milhões.

Os dividendos das seguradoras — que fecham o ano com rácios de solvência de 164,6% e 148,8%, respetivamente — juntam-se ao cheque de 30 milhões de euros que o banco da mutualista também assegurou ao acionista.

Apresentação de resultados da Associação Mutualista Montepio - 01JUL20

Mudam de casa no início do quarto trimestre

Para o início do quarto trimestre está prevista a mudança da sede das companhias para o edifício Niña, em Entrecampos, Lisboa – depois de três décadas no Palácio Porto Côvo, na Lapa.

A mudança “assinala a transformação em curso” da Lusitania e Lusitania Vida, que se posicionam como a 7.ª e 10.ª maiores seguradoras do mercado nacional em termos de produção de Não Vida e Vida, respetivamente.

É na antiga sede do BNP Paribas que “as operações de Lisboa serão centralizadas”, refere-se nos relatórios e contas das duas companhias.

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Homming e Silk Pay associam-se para melhorar a experiência dos proprietários e dos seus inquilinos

  • Servimedia
  • 19 Maio 2025

A plataforma homming integra o serviço Silk Pay e torna-se a primeira solução de gestão de arrendamento a oferecer cashback aos inquilinos que pagam a renda a tempo.

A homming, a plataforma proptech líder na categoria de gestão imobiliária, e a fintech Silk Cashback, assinaram uma aliança estratégica com o objetivo de transformar a experiência de inquilinos e senhorios. Graças a esta colaboração, a homming torna-se a primeira plataforma do setor a oferecer um sistema de cashback para o pagamento de rendas, proporcionando um valor acrescentado que aumenta a fidelidade do inquilino e a pontualidade do pagamento.

A partir de agora, os gestores e senhorios que utilizem homming poderão ativar esta funcionalidade para os seus inquilinos, que receberão recompensas por pagar a renda a tempo. Os pontos gerados podem ser convertidos em descontos diretos na próxima prestação/mensalidade ou em cartões-presente, à escolha do inquilino. Este sistema de incentivos não só melhora a experiência do utilizador final, como também reduz os incumprimentos e os atrasos de pagamento, dois dos principais desafios que os senhorios enfrentam atualmente.

Os senhorios e os gestores beneficiarão da tecnologia da Silk Pay, a única plataforma de pagamento especializada no setor do arrendamento, que permite, entre outras coisas, automatizar as cobranças de depósitos, reservas e pagamentos mensais, gerir as cobranças com um sistema inteligente e reduzir os atrasos de pagamento e as faltas de pagamento em mais de 70%.

Para além do cashback no pagamento da renda, os inquilinos terão acesso a um mercado com mais de 150 marcas e a benefícios exclusivos através do Programa de Fidelização Seda. Um programa que oferece aos senhorios a compra de pacotes de pontos para recompensar os inquilinos por pagamentos, renovações e outras iniciativas de fidelização.

“Com esta integração, estamos a dar mais um passo para um modelo de arrendamento mais inteligente, justo e eficiente para todas as partes”, afirma Jorge Montero, CEO e cofundador da homming. “Através do cashback, não só recompensamos o bom comportamento financeiro dos inquilinos, como também ajudamos os senhorios a melhorar o seu fluxo de caixa e a gestão da propriedade”.

Miguel Linera, CEO e fundador da Silk Pay, afirma: “Esta integração com a homming reforça a nossa visão de que o pagamento da renda pode ser muito mais do que uma simples transação. Com o Silk Pay, os senhorios que utilizam a homming podem automatizar as cobranças, reduzir os incumprimentos e oferecer recompensas que fidelizam os inquilinos. É a eficiência para o gestor e os benefícios tangíveis para o inquilino, tudo numa única solução concebida especificamente para o setor imobiliário”.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 19 Maio 2025

No dia em que o país e mercados reagem às eleições, o INE mostra como evoluíram os juros da casa e a Comissão Europeia divulga as suas previsões da primavera. Os combustíveis ficam mais caros.

No dia em que se fazem contas aos resultados das eleições legislativas deste domingo, o INE divulga dados referentes às taxas de juro implícitas no crédito à habitação, relativas a abril. Num início de semana também marcado pela subida do preço dos combustíveis, os pagamentos bancários passam a mostrar destinatário. Já a Comissão Europeia apresenta aquelas que são as suas previsões económicas da primavera.

Rescaldo das eleições

Depois da ida às urnas deste domingo no âmbito das eleições legislativas, o dia será marcado pela reação aos resultados. Será também a oportunidade de os mercados se ajustarem à nova geometria parlamentar.

Como evoluíram os juros da casa?

O INE vai divulgar esta segunda-feira dados referentes às taxas de juro implícitas no crédito à habitação relativas a abril. Os juros da casa tem vindo a cair há 14 meses seguidos, tendo baixado em março para o valor mais baixo em quase dois anos, quando a taxa de juro implícita no crédito à habitação caiu para 3,735%, a taxa mais baixa desde julho de 2023.

Previsões da primavera da Comissão Europeia

A Comissão Europeia vai apresentar aquelas que são as suas previsões económicas da primavera. É esperada uma conferência de imprensa após a reunião do Eurogrupo com Paschal Donohoe, presidente do Eurogrupo, Pierre Gramegna, diretor executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, e Paolo Gentiloni, comissário europeu da Economia.

Pagamentos bancários passam a mostrar destinatário

Os pagamentos para entidades através do sistema bancário português passam a partir desta segunda-feira a apresentar o nome do destinatário, através de uma norma do Banco de Portugal (BdP) que pretende combater a fraude bancária. Este é o mais recente mecanismo do BdP para evitar fraudes no setor, depois de, no ano passado, também em maio, ter entrado em vigor uma solução para identificar o titular da conta através do IBAN, aquando de uma transferência.

Combustíveis ficam mais caros

O início desta semana é também marcado pela subida do preço dos combustíveis. A gasolina deverá descer 2,5 cêntimos e o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, três cêntimos. Quando for abastecer, deverá assim pagar 1,533 euros por litro de gasóleo simples e 1,691 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). É preciso recuar a 14 de janeiro para ter uma subida mais expressiva do diesel (4,7 cêntimos) e a 24 de março para a gasolina (3,7 cêntimos)

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Do “triunfo conservador” ao “mal menor”. A noite eleitoral nos jornais lá fora

No rescaldo da noite eleitoral em Portugal, a imprensa internacional destacava a vitória da AD sem maioria absoluta, a escalada da votação no Chega e a derrota do PS. Reunimos as principais manchetes.

A vitória da AD nas legislativas antecipadas deste domingo, bem como a subida do Chega, igualando o PS em número de deputados, era já um dos temas em destaque na imprensa internacional, ainda o sol raiava em Lisboa. No rescaldo da noite eleitoral, os jornais estrangeiros falam da reeleição da coligação liderada por Luís Montenegro, ainda que sem maioria absoluta, assim como a escalada da extrema-direita. Veja os principais recortes.

“Triunfo conservador”

Começando pelo outro lado da fronteira, “Vitória conservadora em Portugal com forte ascensão dos extremistas e golpe histórico na esquerda” era a manchete do site do El País ao início da manhã desta segunda-feira. “O Chega chegou a disputar a segunda posição com o Partido Socialista, cujo líder anunciou durante a noite a sua demissão”, apontava o jornal.

“O mal menor”

O espanhol El Confidencial destacava: “O dia em que Portugal ‘mudou para sempre’: ganha a direita de Montenegro e Chega surpreende.” No texto, declarações de um eleitor de 46 anos afirmando que Luís Montenegro é “o menor dos males” para Portugal.

“PS com pior resultado em 38 anos”

Ainda na vizinha Espanha, o El Mundo também enaltecia a vitória da AD e subida da extrema-direita: “O conservador Luís Montenegro ganha as eleições em Portugal e os extremistas do Chega empatam com o Partido Socialista”, referia a publicação.

Ventura em destaque

Para o Financial Times, o aumento da votação no Chega mereceu mais destaque do que a vitória da AD. “Extrema-direita dispara em Portugal enquanto conservadores moderados vencem eleição”, noticiou o jornal britânico, ilustrando a peça com uma foto do líder do Chega, André Ventura.

AD “aquém da maioria”

Continuando pelos meios financeiros, a Bloomberg sublinhou: “Centro direita de Portugal vence votação mas fica aquém da maioria.” Sem ainda estarem apurados os resultados dos consulados, a agência destacou que a AD de Montenegro ficou 116 mandatos aquém da maioria absoluta e apontou para o fim do bipartidarismo no país.

Montenegro “mantém-se no poder”

O francês Les Echos afirma que o primeiro-ministro Luís Montenegro “mantém-se no poder” após as legislativas antecipadas. “Mas sem maioria”, lembra.

“Empate” entre Chega e PS

O Politico Europe também opta por noticiar a vitória do centro-direita, “sem maioria”. Não esquece, porém, o “empate” entre o Chega e os socialistas.

AD vence “outra vez”

A agência internacional Reuters aponta igualmente que “a aliança de centro-direita no poder vence as eleições em Portugal”, mas “falha maioria”. “Aliança Democrática do primeiro-ministro Montenegro vence outra vez”, acrescenta, numa referência às anteriores eleições realizadas no ano passado.

“Montenegro celebra”

Por fim, a britânica BBC News acompanha a notícia com o “V” de vitória de Montenegro, a celebrar a conquista do maior número de mandatos pela AD na noite eleitoral deste domingo: “Partido do primeiro-ministro de Portugal vence eleições antecipadas mas fica aquém da maioria”, titula a cadeia televisiva.

(Notícia atualizada às 8h34 com mais informação)

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Montenegro ganhou, Ventura lidera oposição e Pedro Nuno Santos caiu

A eleição que parecia ir deixar tudo na mesma provocou afinal um terramoto no sistema político, com um 'apagão' da esquerda e o fim do bipartidarismo.

Mais do que a esperada vitória da coligação PSD/CDS, as legislativas de 18 de maio de 2025 marcam uma reconfiguração do sistema partidário que as sondagens não antecipavam. Se repetir o resultado nos círculos eleitorais da emigração, o Chega terá mais deputados do que o PS, reclamando a liderança da oposição. Com o colapso dos socialistas, caiu também Pedro Nuno Santos, que anunciou eleições internas a que não será candidato. O país virou ainda mais à direita, que conseguiu mais de dois terços dos deputados, e a esquerda teve o pior resultado de sempre.

A Aliança Democrática conseguiu 32,72% dos votos, mais 3,9 pontos percentuais do que em março de 2024, liderando em 13 distritos. Em termos absolutos são mais 140,7 mil votos, quando faltam contabilizar os círculos da Europa e de Fora da Europa. A coligação somou mais nove deputados, totalizando 89. Sem ter um resultado substancial, Luís Montenegro beneficia do trambolhão da esquerda, que permite à AD ter, sozinha, mais 21 deputados do que PS, Livre, CDU e Bloco.

A estabilidade política continua, no entanto, a ser tema. A coligação precisa dos outros partidos, seja para evitar um chumbo do programa do Governo, caso avance uma moção de rejeição, seja para aprovar Orçamentos do Estado ou aprovar legislação. O discurso de Luís Montenegro foi, por isso, pontuado por vários sublinhados à “moção de confiança” dada pelos eleitores ao primeiro-ministro e ao Governo, e à responsabilidade da oposição.

“O povo quer este Governo e não quer outro. O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro”, disse o líder do PSD, e “todos devem ser capazes de dialogar e colocar o interesse nacional acima de qualquer interesse”. “Os portugueses não querem mais eleições antecipadas, querem uma legislatura de quatro anos”, vincou.

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O fim da linha para Pedro Nuno Santos

Para o PS, estas eleições foram uma hecatombe. As projeções avançadas às 20h00 já apontavam para um mau resultado, com as diferentes sondagens a atribuírem um máximo entre 25% e 26% e um mínimo entre 19% e 21%. A possibilidade de o partido ter um resultado pior do que o Chega tornava-se a história da noite, que o passar das horas haveria praticamente de confirmar. A vantagem socialista é de apenas 48.916 votos, havendo um empate no número de deputados que deverá ser desfeito a favor do partido de André Ventura quando for contabilizado o voto da emigração, que em 2024 deu dois dos quatro deputados ao Chega.

O PS não só não capitalizou o caso Spinunviva, como registou o terceiro pior resultado da sua história e o pior desde 1987, conseguindo apenas 23,38% dos votos, perdendo 365.507 eleitores e 20 deputados face a 2024, ficando com um grupo parlamentar, para já, de apenas 58 deputados.

O “mapa cor de rosa” de 2022 ficou reduzido a um só distrito: Évora. O PS perdeu a liderança em 107 concelhos e o Chega ficou à frente dos socialistas em 121. “Assumo as minhas responsabilidades”, disse Pedro Nuno Santos, que do púlpito anunciou a realização de eleições internas às quais não se candidatará. Horas antes, Duarte Cordeiro, antigo ministro próximo do líder do PS, já antecipava o desfecho: “A ideia de ficarmos atrás do Chega é uma circunstância que deveria levar a uma reflexão profunda do líder do PS”.

“São tempos duros e difíceis para a esquerda, são tempos duros e difíceis para o PS”, reconheceu Pedro Nuno Santos sem, no entanto, mudar de discurso. “Luís Montenegro não tem idoneidade e as eleições não mudaram isso”, disse, acrescentando: “Não me cabe ser o suporte deste Governo e penso que também não cabe ao Partido Socialista sê-lo”. Apesar de não se recandidatar à liderança, terminou o discurso com um “até breve”.

Ventura celebra fim do bipartidarismo

A outra celebração ruidosa da noite ouviu-se no Hotel Marriot, em Lisboa, onde o Chega fez a festa. “Podemos assegurar ao país algo que não acontecia desde o 25 de abril. O Chega tornou-se nestas eleições o segundo maior partido da nossa democracia“, disse exultante André Ventura, que discursou depois de Pedro Nuno Santos e antes de Luís Montenegro. “Já passámos, já passámos, já passámos”, gritou-se na sala.

André Ventura, presidente do Chega, à chegada ao Hotel Marriot para a noite eleitoral.Lusa

O Chega teve 1.345.575 votos, mais 236.778 que em março do ano passado, o equivalente a 22,6% do total, e conseguiu ser o partido mais votado em 60 conselhos e quatro distritos: Setúbal, Beja, Faro e Portalegre.

“Podemos afirmar com segurança que acabou o bipartidarismo em Portugal”, atirou André Ventura. “O Chega ultrapassou o partido de Mário Soares, ultrapassou o partido de António Guterres. O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal e varreu o Bloco de Esquerda com uma pinta como nunca se viu em Portugal”, atirou.

Só uma análise mais fina permitirá tirar conclusões, mas o Chega terá conseguido ir buscar votos à esquerda e à abstenção — que se cifrou em 35,62% e deve baixar mesmo depois de contados os votos da emigração –, e travado a subida da AD.

O ‘apagão’ da esquerda

O PS não ficou sozinho nos desaires da noite. O Bloco de Esquerda só elegeu Mariana Mortágua, em Lisboa, reduzindo a uma deputada um grupo parlamentar de cinco. Com pouco mais de 119 mil eleitores, o partido conseguiu apenas 2% dos votos.

O Bloco de Esquerda tem uma grande derrota esta noite. Assumir essa derrota é o primeiro passo para fazermos a reflexão que temos de fazer”, afirmou Mariana Mortágua.

Estas legislativas também não foram boas para a CDU, que baixou a votação para 3,03% e o número de deputados para três. À esquerda, só o Livre destoou, aumentando para 4,2% a percentagem de votos, que permitiram eleger seis deputados. O porta-voz, Rui Tavares, atirou ao crescimento da direita: “Não nos conformamos, não baixámos os braços e não achamos que seja normal ter um país em que a direita se radicalizou e está num crescendo muito grande, com a extrema-direita com tantos deputados”.

É o outro grande balanço que se pode fazer destas eleições. Todos somados, os partidos da esquerda somam 32,6% dos votos e apenas 68 deputados, o pior resultado de sempre.

Maioria de dois terços à direita

À direita, todas as forças políticas subiram, incluindo a Iniciativa Liberal, que ficou, no entanto, aquém do que ‘prometiam’ as sondagens. O partido de Rui Rocha conseguiu 5,53% dos votos e contará com mais um deputado no Parlamento. “Não foi possível crescer mais, assumo esse ponto. Mas olhando para trás, para esta legislatura, para a campanha que fizemos, eu não teria feito nada diferente”, disse.

Com a AD a ter mais votos que a esquerda, a IL perde influência, mas os seus nove mandatos são decisivos para que a direita some 156 deputados, mais de dois terços do total. O que significa que, no limite, poderia aprovar alterações à Constituição sem o PS.

A noite eleitoral teve ainda outro feito inédito: a estreia no Parlamento do Juntos pelo Povo, que conseguiu eleger um deputado na Madeira. Inês Sousa Real será a terceira deputada única na nova legislatura.

A ‘bola’ passa agora para Belém, onde Marcelo Rebelo de Sousa irá receber os partidos e procurar a solução “melhor ou menos má” para governar o país.

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Os vencedores, os empatados e os derrotados das legislativas

AD ficou na frente, mas o vencedor claro foi o Chega. Entre os derrotados, destaque para as hecatombes do PS e do Bloco. Livre e IL subiram, PAN manteve, JPP entrou e CDU recuou.

Não foi um dejá vu, mas houve semelhanças à direita. A AD – coligação PSD/CDS – repetiu a vitória tangencial das legislativas do ano passado, falhou a maioria absoluta (nem chegou perto, mesmo com uma hipotética aliança com os liberais), mas vai continuar a governar, provavelmente com maior estabilidade. O Chega voltou a crescer e foi o claro vencedor da noite, podendo até ultrapassar o PS em mandatos no hemiciclo se repetir os números dos círculos no estrangeiro.

O Livre fica no terceiro degrau dos vencedores ao aumentar a representação parlamentar (de quatro para seis) e a sobreviver ao pesadelo da esquerda. Junta-se a este patamar o newcomer JPP, que elegeu um deputado na Madeira para se estrear em São Bento.

A Iniciativa Liberal acrescentou um deputado aos oito que já tinha, mas o resultado peca por escasso tendo em conta as expectativas (goradas) sobre a possibilidade de entrar num governo em parceria com AD e representa um empate e não uma vitória. Empatado também ficou o PAN, que praticamente no final da noite assegurou o lugar da deputada Inês Sousa Real.

Nos derrotados, todos eles à esquerda, o grande destaque é Pedro Nuno Santos, que levou o PS ao pior resultado desde 1987 — mas potencialmente com consequências ainda mais graves, dado que pode descer para o terceiro lugar no Parlamento — e já se demitiu do cargo. Mariana Mortágua não seguiu o mesmo caminho, optando por se manter na liderança de um Bloco que passa a ter somente o lugar da líder na Assembleia. Menos pesada foi a derrota da CDU, que perdeu um deputado, mas ainda assim 25% da representação.

Os vencedores

Luís Montenegro (AD)

Luís Montenegro, líder do PSD, com a mãe no discurso da vitória.Hugo amaral/ECO 18 Mio, 2025

Não é uma vitória tão clara como a que Montenegro desejaria quando apresentou uma moção de confiança ao Governo para afastar as nuvens do caso Spinumviva. Não há maioria absoluta, nem com a IL disponível, e a AD vai ter de navegar um cenário difícil no Parlamento com um Chega de peito cheio e a apontar a mira à governação. Mas o timing político e o descalabro do PS vão dar tempo a Montenegro, que o deverá usar para consolidar alguns dos sucessos do primeiro mandato. Mais importante, o social-democrata conseguiu impedir que o caso da sua empresa familiar fosse um entrave para continuar como primeiro-ministro. Uma vitória nervosa, mas ainda assim uma vitória num campo difícil.

André Ventura (Chega)

O Chega tornou-se o segundo maior partido da nossa democracia”. Se há frase que marcou a noite eleitoral foi esta proferida por André Ventura, pois representa de forma clara a principal transformação que o partido de extrema-direita conseguiu impor no quadro político português. Se passar de 50 a (pelo menos) 58 deputados e de 18,07% para 22,56%, já colocaria o Chega no pódio dos vencedores, ficar a décimas do resultado do PS e com a possibilidade de o ultrapassar em número de parlamentares, coloca-o no topo desse pódio. Quer se goste ou não, é o grande e destacado vencedor da noite e irá aproveitar esse estatuto para liderar a oposição.

Rui Tavares (Livre)

Rui Tavares sublinhou uma das evidências da noite: o Livre é a exceção à esquerda, visto que melhorou o resultado face há um ano, passando de 3,18% para 4,20%. O bom desempenho, que já se adivinhava pela prestação de Tavares nos debates e na campanha, permite ao partido apresentar nas próximas eleições autárquicas “o máximo número de listas progressivas que disputarão o terreno à direita radicalizada que temos hoje em dia”.

Filipe Sousa (Juntos pelo Povo)

Filipe Sousa afirmou: “Somos os grandes vencedores destas eleições”. Dado o calor do momento da eleição pelo círculo da Madeira, percebe-se o exagero. O JPP está certamente entre os vencedores das eleições, mas o principal contributo foi como fator de surpresa, um novo partido no Parlamento. “A nossa forma de estar, o sentido de comunidade e tolerância foi aos pouco ganhado a confiança da população madeirense”, disse o responsável, após o partido ter ficado com um dos dois mandatos que há um ano tinham caído para o lado do PS.

Os empatados

Rui Rocha (IL)

Rui Rocha, presidente da Iniciativa LiberalLusa

Será justo não classificar como vitória o resultado de um partido que aumentou a presença no Parlamento (de oito para nove deputados)? Sim, atendendo às expectativas o resultado representa mais um empate. Essas expectativas, alimentadas pelo próprio Rui Rocha, estavam centradas num resultado que pudesse atirar o partido para o Governo, como sócio minoritário da AD. Esse cenário evaporou-se, no entanto, logo com a divulgação das projeções pelas televisões — a combinação das duas forças não seria suficiente para formar uma maioria absoluta. Rui Rocha assumiu que queria ter “crescido mais”, mas acrescentou que “não teria feito nada de diferente” na campanha e na anterior legislatura.

Inês Sousa Real (PAN)

Passou grande parte da noite despercebida, mas de repente surgiu a notícia que desejava – Inês Sousa Real, atual porta-voz e deputada única do partido Pessoas–Animais–Natureza, voltou a garantir um lugar no Parlamento. O PAN obteve 1,36% dos votos (80.850 votos), de acordo com a contagem às 23h30, com todas as freguesias do país apuradas.

Os derrotados

Pedro Nuno Santos (PS)

“Assumo as minhas responsabilidades”, a frase abria a porta à demissão esperada. Pedro Nuno Santos confirmou que vai pedir eleições internas às quais não será candidato. O desfecho era previsível desde o início de uma noite de massacre para os socialistas. Não só não conseguiu perturbar a liderança da AD nas urnas, mas também foi apanhado pelo Chega. Pedro Nuno Santos ainda estendeu uma última crítica a Montenegro, dizendo que o PS vai ter de tomar decisões muito importantes na relação com o Governo e que não quer “ser um estorvo ao partido nas decisões que vier a tomar, não quero dar suporte a um Governo que na soube separar a política dos negócios”. Mas era apenas uma despedida: “Deixo de ser secretário-geral assim que puder, se puder ser já…”.

Mariana Mortágua (BE)

A líder bloquista não camuflou o resultado. “O Bloco de Esquerda tem uma grande derrota esta noite”, disse antes de assumir que o partido tem de fazer uma reflexão sobre o caminho que levou à perda de quatro dos cinco lugares no Parlamento, mantendo apenas o de Mortágua. Essa manutenção permitiu evitar a demissão da coordenadora e apontar para novas batalhas: “Temos muito trabalho pela frente para alargar a esquerda e lutar contra a extrema-direita“, sublinhou.

Paulo Raimundo (CDU)

O líder comunista subiu ao palco para festejar a “resistência” da CDU “num quadro particularmente exigente”, adiantando que tinha informações sobre a manutenção dos quatro deputados, quando na altura tinha apenas três garantidos. Essas informações acabaram por não ser confirmadas e a CDU vai voltar ao Parlamento com apenas três representantes. Ainda assim, Raimundo prometeu luta: “Vamos enfrentar com muita coragem a extrema-direita e os interesses do capital”.

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