USF nos setores social e privado é privatização dos cuidados primários, critica associação

  • Lusa
  • 4 Setembro 2024

"Estamos a passar para USF modelo C sem saber o que elas são e sem saber a qualidade dos serviços que vão ser prestados. Isso encerra imensos perigos", avisa presidente da (USF-AN).

A associação das Unidades de Saúde Familiar (USF) alertou esta quarta-feira que a atribuição de USF aos setores privado e social constitui uma tentativa de privatização de cuidados de saúde primários que “encerra imensos perigos”. “Estamos a passar para USF modelo C sem saber o que elas são e sem saber a qualidade dos serviços que vão ser prestados. Isso encerra imensos perigos”, alertou o presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN), em declarações à Lusa.

André Biscaia regia assim ao anúncio da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de que o Governo vai aprovar na quinta-feira a criação de USF geridas pelos setores social e privado, prevendo-se que abram 20 em Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Leiria, zonas mais carenciadas de médicos de família. Segundo Ana Paula Martins, estas novas unidades modelo C (centros de saúde) serão atribuídas, através de concurso, ao setor social e ao setor privado, estando previstas 10 em Lisboa e Vale do Tejo, cinco em Leiria e cinco no Algarve nesta fase.

Para André Biscaia, esta solução constitui uma “tentativa de privatização de uma área que tem estado sempre sob a esfera pública, com muito bons resultados”. As insuficiências ao nível dos cuidados de saúde primários acontecem “porque não têm sido criadas condições para que possam continuar a atrair profissionais”, alegou o presidente da USF-AN, ao realçar que o modelo C, como está previsto na lei, apenas se aplica “quando forem esgotadas todas as hipóteses de poder dar uma resposta no setor público”.

“Não estão criadas as condições para haver USF modelo C, primeiro porque não sabemos exatamente o que é que são, porque não foram esgotadas as condições e depois porque estamos a atribuir USF a entidades das quais não sabemos nada em relação à qualidade dos cuidados”, alertou. No dia em que se assinalam 18 anos das primeiras USF em Portugal, André Biscaia referiu que “não poderia ter sido um anúncio pior” para os cuidados de saúde primários.

A solução anunciada pelo Ministério da Saúde “encerra imensos perigos” e a USF-AN está “muito apreensiva”: “Gostávamos de celebrar esses 18 anos de outro modo“. André Biscaia lamentou ainda que os cuidados de saúde primários estejam a assistir a um “dos piores processos de recrutamento” de novos médicos, alegando que, em julho de 2023, os novos especialistas já estavam colocados.

“Agora estamos em setembro, mas ainda não está a situação resolvida, o que cria incertezas e mercado para outro tipo de soluções”, referiu André Biscaia, para quem está também a verificar-se um “novo equilíbrio, dentro do sistema de saúde, com a parte dos setores social e privada cada vez mais preponderante em relação ao setor público”. “Isso é mudança que tem de ser muito bem discutida e muito bem avaliada”, realçou o presidente da USF-AN.

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Salários devem abrandar em 2025. Empresas estão “mais conservadoras”

Salários estão a crescer cerca de 4% este ano, mas deverão abrandar no próximo. Consultora WTW aponta para aumento médio de 3,7% em 2025, com as empresas a lidar com o aumento dos custos.

Os salários praticados em Portugal deverão abrandar no próximo ano. De acordo com um inquérito da consultora WTW, as empresas estão “mais conservadoras” e estão a apontar para orçamentos mais pequenos para os vencimentos dos seus trabalhadores. O aumento dos custos e os resultados financeiros “mais fracos” justificam-no.

“Cerca de 41% das organizações com atividade no nosso país relatam que os seus orçamentos salariais para o ciclo de 2024 são inferiores aos do ano passado. Se 2024 regista um aumento médio de salários de 4%, para 2025 espera-se um aumento médio de 3,7%“, indica a WTW, no seu inquérito “2024 Salary Budget Planning”.

De acordo com a consultora, os empregadores que estão a emagrecer os seus orçamentos referem as pressões inflacionistas, a gestão de custos e os resultados financeiros mais fracos como justificação.

Mas há também organizações que, face à evolução dos preços, estão a seguir o caminho inverso, isto é, preparam-se para acelerar os salários, até tendo em conta que o mercado de trabalho está próximo do pleno emprego (o que tem dificultado o recrutamento).

Sandra Bento, da WTW, acrescenta que, perante o cenário atual, as empresas estão a adotar uma “abordagem mais holística” aos vencimentos, somando ao tradicional salário incentivos e outros benefícios de saúde e bem-estar, bem como prémios.

O inquérito da WTM — que contou com respostas de 375 organizações com presença em Portugal — mostra também que os empregadores estão, neste momento, focados na estabilidade, no que diz respeito às suas equipas.

“As entidades empregadoras referem que o período de elevadas demissões e rotatividade já passou e que as organizações mantêm o número de efetivos“, é explicado na análise conhecida esta quarta-feira.

Assim, cerca de 80% das empresas em Portugal estão a contar com estabilidade nas suas equipas, e só 14% pretendem aumentar o recrutamento nos próximos 12 meses. Já 6% estão a prever reduções.

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Estruturas “sobrepostas” e “complexas”. TCE critica gestão de von der Leyen durante a Covid

TCE diz que criação de uma nova direção-geral gerou um "problema" e um "quadro organizativo mais complexo" por haver sobreposição de responsabilidades com outras entidades.

O Tribunal de Contas Europeu (TCE) considera que os esforços envidados pela Comissão Europeia (CE) paracorrigir algumas das insuficiências” detetadas durante a gestão da pandemia da Covid-19 “tiveram pouco êxito”, referindo a título de exemplo a criação de uma nova direção-geral focada em melhorar a resposta do bloco em situações de emergências sanitárias. Para o TCE, o mandato da Autoridade Europeia de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias (HERA) “sobrepõe-se parcialmente” às responsabilidades do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e Agência Europeia de Medicamentos (EMA), sendo por isso necessário “clarificar responsabilidades”.

O alerta consta num relatório divulgado esta quarta-feira, no qual a instituição europeia reconhece que a criação desta nova entidade e o reforço da EMA e ECDC permitiram “corrigir algumas das falhas na capacidade de resposta da União Europeia a emergências sanitárias”, no entanto, foi, por seu turno, criado um “quadro organizativo mais complexo”.

“Como muitos outros organismos, as agências médicas da UE viram-se sobrecarregadas pela força e rapidez da pandemia de Covid-19”, cita o comunicado as declarações de João Leão, membro do TCE e responsável pela auditoria. “Quatro anos depois, é preciso aplicar bem as lições que aprendemos ao nível da UE, para que a História não se repita“, avisa ainda.

A HERA surgiu como um mecanismo da Comissão para assegurar o desenvolvimento, a produção e a distribuição de medicamentos, vacinas e outras contramedidas médicas (como luvas e máscaras) em caso de emergência. No entanto, e por razões de urgência, salienta o TCE, a decisão do executivo de Ursula von der Leyen “não se baseou numa avaliação de impacto”.

“Por conseguinte, não foi demonstrado que a criação de uma nova direção-geral da Comissão constituísse uma solução melhor do que, por exemplo, a criação de uma nova agência ou a atribuição de responsabilidades adicionais a estruturas existentes, como o ECDC, a EMA ou a DG SANTE”, consideram os auditores no Luxemburgo.

E embora esta agência tivesse uma boa estratégia delineada face às necessidades agravadas, o executivo acabou por criar, indiretamente, “problemas”: “Algumas das responsabilidades e dos poderes da HERA são semelhantes aos do ECDC”, entre elas, “na vigilância de doenças infecciosas”.

“O mandato da HERA inclui a preparação da UE para as ameaças sanitárias transfronteiriças no domínio das contramedidas médicas, o que exige frequentemente uma colaboração estreita com o ECDC e a EMA”, diz o TCE, e embora os “três organismos tenham funções distintas”, “alguns aspetos das suas responsabilidades e atividades sobrepõem-se, o que torna essencial a partilha de informações entre si para evitar a duplicação das atividades de recolha de informações”.

Assim, o TCE pede que ambas as agências “colaborem de perto, para que não se duplique desnecessariamente o trabalho” e dá até 2026 para que sejam “clarificadas as responsabilidades individuais” de cada uma das entidades, “através da revisão dos acordos de trabalho”.

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Goparity investe 40 milhões em projetos de impacto, cerca de metade em Portugal

Investimento feito pela comunidade da plataforma criou um total de 4.739 empregos, dos quais 1.305 em Portugal.

A comunidade de investidores da Goparity investiu 40 milhões de euros em projetos de impacto, dos quais 21,9 milhões em Portugal, adianta a plataforma no seu balanço de sete anos de atividade até agosto.

“Estamos muito satisfeitos com as cerca de 150 organizações em que a nossa comunidade já investiu. O nosso relatório demonstra que 88% da nossa comunidade de investidores, que tem crescido ano após ano, reconhece o papel da Goparity na sua literacia financeira, destacando a possibilidade de utilização de instrumentos financeiros éticos e sustentáveis. Estes primeiros anos são prova viva que a nossa missão de democratizar o acesso ao financiamento sustentável e de impacto está no caminho certo”, diz Nuno Brito, CEO da Goparity, citado em comunicado, no mesmo dia em que a startup, com escritórios em Espanha, Portugal e Canadá, revela o seu primeiro relatório sobre os seus cerca de sete anos de atividade.

Impacto global

A nível global, até agosto, a comunidade de investidores da GoParity, um total de 17.500 pessoas e empresas, investiu 40 milhões de euros em 370 projetos alinhados com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), isto é projetos nas áreas da energia sustentável, transição sustentável, água e economia azul.

Um investimento que impactou 89.600 pessoas, tendo criado 4.739 empregos. E desse montante, mais de 13 milhões já foram devolvidos aos investidores.

Estes projetos e investimentos espalham-se por 18 países, em três continentes, tendo igualmente um impacto ambiental positivo, estimando a Goparity que os mesmos contribuam para evitar por ano a emissão de 29.205 toneladas de CO2 para a atmosfera; a produção de 32.287 MWh de energia limpa; e que 1.729 hectares de terra e água sejam geridos de forma sustentável.

E em Portugal?

Desde 2017 até agosto, 267 projetos em Portugal já foram financiados pela plataforma, tendo sido investidos 21,9 milhões de euros no país, ou seja, cerca de 70% do dinheiro investido pela comunidade da plataforma. Estes projetos impactaram um total de 48.405 pessoas, tendo criado 1.305 empregos.

Até ao final do ano passado, a comunidade portuguesa da plataforma correspondia a quase 36 mil utilizadores, o que representa cerca de 85% do total.

Globalmente, a Goparity já garantiu acesso a financiamento a 142 organizações com e sem fins lucrativos, para estas desenvolverem projetos nas áreas da energia sustentável, transição sustentável, água e economia azul, utilização sustentável dos solos e da terra e economia social.

Segundo um inquérito realizado pela plataforma, 25,3% dos utilizadores investiram nos projetos em igual parte pelo retorno financeiro como pelo impacto ambiental.

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Receitas da CMS internacional sobem 5% para quase dois mil milhões de euros em 2023

Apesar dos valores relativos ao escritório de Lisboa não terem sido divulgados, o managing partner da CMS Portugal, José Luís Arnaut, explicou que “foi um ano exigente".

A sociedade de advogados CMS internacional registou um volume de negócios global de 1,957 mil milhões de euros (2,116 mil milhões de dólares), o que representa uma taxa de crescimento anual de 5,1%.

Apesar dos valores relativos ao escritório de Lisboa não terem sido divulgados, o managing partner da CMS Portugal, José Luís Arnaut, explicou que “foi um ano exigente, mas de crescimento sustentável. Foi feito, por parte da sociedade, um grande investimento para continuar a fornecer serviços jurídicos de excelência aos nossos clientes. Investimentos, nomeadamente no plano tecnológico e nos nossos advogados, que foram reconhecidos pelos FT Innovative Lawyers Awards”, disse.

O gestor da sociedade referia-se ao programa de acesso antecipado ao 365 Copilot, a ferramenta de Inteligência Artificial (IA) generativa da Microsoft, ou o desenvolvimento da plataforma digital CMS Umbra, relacionada com a comercialização de patentes e baseada em IA, em parceria com a IPDefine em 2023.

“Foi ainda o ano em que a sociedade iniciou um programa-piloto com a plataforma líder de IA generativa Harvey, envolvendo um grande número de advogados, consultores fiscais e notários da CMS em várias jurisdições”, pode ler-se no comunicado enviado.

Em jeito de balanço, o mesmo comunicado refere ainda que a CMS expandiu com a incorporação, em Moçambique, da sociedade Couto Graça e Associados Limitada (CGA) e na Suécia com a CMS Wistran. Ademais, assinou um acordo de cooperação com a sociedade brasileira Focaccia, Amaral e Lamonica Advogados (FAS), passando a contar com 84 escritórios em 47 países.

“Em Portugal, a sociedade reforçou a sua equipa de sócios com Bernardo Cunha Ferreira, da área de Energia e Alterações Climáticas, Tiago Valente de Oliveira, de Corporate M&A e Tiago Machado Graça, da área de África Lusófona”, lembrou ainda a CMS.

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Grupo Libertas avança com quatro novos projetos imobiliários de 100 milhões no Algarve

Faro, Albufeira e Loulé acolhem novos investimentos do grupo português, que em duas décadas desenvolveu 18 projetos imobiliários de 240 milhões de euros na região, com mais de 800 residências.

A comemorar duas décadas de atividade no sul do país, o grupo Libertas vai avançar com quatro novos projetos imobiliários em Faro, Albufeira e Loulé, num investimento global de 100 milhões de euros. A região do Algarve representa um terço da atividade do grupo português, fundado por António Gonçalves.

Além do Lux Garden Evo, em Faro, com 120 habitações, que começa a ser construído no próximo mês, o grupo vai lançar a construção do Unique Albufeira, com 150 frações, em fevereiro de 2025. Para o próximo ano tem ainda calendarizado o arranque de um aldeamento turístico junto à Marina de Albufeira, onde pretende desenvolver também um hotel, e ainda de um novo empreendimento em Loulé.

“É com um enorme orgulho que estamos há 20 anos no Algarve e com uma presença tão consolidada. O balanço é extremamente positivo, já que conseguimos afirmar-nos e tornar-nos numa referência no setor imobiliário e num dos maiores players a atuar na região sul do país”, comenta o administrador do Grupo Libertas, Pascal Gonçalves.

Nas últimas duas décadas, o grupo desenvolveu 18 projetos imobiliários no Algarve, totalizando mais de 800 unidades residenciais entregues, com investimentos na ordem dos 240 milhões de euros. Cerca de metade destas habitações foram adquiridas por portugueses residentes em território nacional e perto de 12% por portugueses residentes no estrangeiro.

Em Albufeira, no bairro da Correeira, a Libertas construiu de raiz uma zona residencial composta por 80 moradias e 320 apartamentos – os Albufeira Design Villas & Apartments. O grupo português assegura que “estão já outros projetos em fase de construção”, nomeadamente o empreendimento Albufeira Garden, que já se encontra em comercialização.

Também em Faro, junto ao Forum Algarve, colocou nos últimos anos no mercado um total de 298 apartamentos, repartidos pelos condomínios Lux Terrace, Panoramic Pool e Lux Garden, refere o grupo em comunicado enviado às redações.

Já em Lagoa, mais precisamente em Ferragudo, a aposta tem sido na construção e promoção de moradias familiares, com 64 unidades já finalizadas até ao momento, estando outras 29 a caminho: as Arade Villas.

O Grupo Libertas, de capital 100% português, emprega 90 pessoas, conta com mais de três décadas de experiência e concentra a a atividade sobretudo nas zonas litorais, designadamente em localidades como Lisboa, Alcochete, Seixal, Albufeira, Lagoa e Faro.

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Connected compra solução tech já usada para monitorizar vinhas no Douro

A startup do setor espacial vai "em breve" lançar um serviço pessoal para envio de mensagens com recurso a satélites em zonas remotas com operadora norte-americana.

Fundadores da Connected

A Connected, startup portuguesa que desenvolve soluções de conectividade NB-IoT (baixa largura de banda para a Internet das Coisas) a partir do espaço, comprou a solução de conectividade da SpaceWay, usada recentemente no Parque Natural do Douro Internacional para monitorizar vinhas em zonas com fraca cobertura de rede. A startup prepara-se para, “em breve”, lançar com uma operadora de telecomunicações norte-americana um serviço pessoal para envio de mensagens com recurso a satélites em zonas remotas.

“A Connected conta já com uma equipa de 17 pessoas, sendo que contamos fechar o ano com uma equipa de 20. Muito em breve, em parceria com um operador de telecomunicações americano, faremos o lançamento do nosso primeiro produto IoT para uso pessoal com capacidade de localização e envio de mensagens em zonas remotas, recorrendo a satélites no espaço”, revela Tiago Rebelo, cofundador e CEO da Connected, ao ECO.

“Do ponto de vista dos mercados, o nosso foco passa por consolidar o nosso crescimento na Europa, reforçando as nossas parceiras, em particular com operadores de rede móvel e fabricantes e operadores de satélites, algo que faremos em 2025 juntamente com a demonstração do nosso sistema proprietário de comunicações a partir do espaço“, refere ainda o CEO da startup, ao ECO.

Fundada em 2023 por André Guerra, Hélder Oliveira, Raquel Magalhães e Tiago Rebelo, com escritórios na Uptec, no Porto, e sede no Instituto Pedro Nunes (IPN), em Coimbra, onde está incubada como parte da iniciativa de incubação de empresas da Agência Espacial Europeia (ESA-BIC), a startup desenvolve soluções de conectividade IoT a partir do espaço. Fechou em fevereiro uma ronda de investimento pré-seed de dois milhões de euros, a maior de sempre captada por uma empresa do setor espacial em Portugal. Entre os objetivos estava avançar com testes no espaço já este ano.

“Sendo o sistema da Connected embarcado a bordo de satélites de terceiros, neste caso o mesmo será testado no espaço a bordo de um satélite dos nossos parceiros”, explicava na época, Tiago Rebelo ao ECO.

Reforço com solução tecnológica

Agora acaba de comprar a solução de conectividade da SpaceWay, a UNioT, rebatizada de Sharing, bem como a base de clientes e parceiros. “A aquisição inclui a compra do produto, todo o IP do produto e direitos exclusivos de comercialização e parcerias, o que impede a SpaceWay de desenvolver e fazer negócio com produtos na área de negócios de comunicações IoT”, explica fonte oficial, quando instada a explicar os termos do negócio.

“O principal interesse da Connected com a aquisição é a tecnologia, uma vez que a startup vai usá-la para integrar outras tecnologias que a Connected já desenvolveu”, reforça.

Esta tecnologia “oferece conectividade IoT via satélite em áreas remotas ou com fraca cobertura de rede, combinando comunicação LoRa com satélites que atuam como repetidores de mensagens ou gateways no espaço”, explicam. A solução “capitaliza a infraestrutura de comunicações espaciais existente” e permite expandir “a cobertura das redes terrestres existentes sem a necessidade de alterar os dispositivos já instalados no terreno“, podendo ser aplicada em diversas indústrias, da agricultura, onde facilita a monitorização de atividades agrícolas em locais remotos, à monitorização ambiental, apoiando a conservação e a deteção de incêndios florestais, por exemplo.

“O acordo com a SpaceWay, que integra a aquisição da solução Sharing, antes chamada de UNIoT, alarga a abrangência dos nossos produtos e traz-nos a oportunidade de diversificarmos as nossas áreas de atuação. A eficácia desta solução, comprovada recentemente no Parque Natural do Douro Internacional com a monitorização de vinhas em zonas com fraca cobertura de rede, permitirá à Connected acelerar o seu crescimento no mercado, alargando a nossa oferta e o leque de clientes e parceiros estratégicos”, diz Tiago Rebelo, citado em comunicado.

A procura por conectividade a partir do espaço está a crescer, impulsionada pelo crescimento exponencial de dispositivos IoT em áreas desprovidas de cobertura de rede móvel celular terrestre. Estima-se que número de dispositivos IoT que precisarão de conectividade via satélite excederá os 21 milhões, em todo o mundo, até 2026. Cerca de 80% do planeta não tem cobertura de rede móvel celular terrestre, segundo números partilhados pela empresa.

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Sport Zone incentiva à retoma da prática desportiva pós-verão em nova campanha

  • + M
  • 4 Setembro 2024

A campanha, que vai estar no ar até 23 de outubro, visa reforçar o posicionamento da marca e motivar a comunidade a recuperar e a introduzir hábitos saudáveis e a prática desportiva na sua rotina.

É sob o mote “Nunca é tarde para as tuas metas” que a Sport Zone lança uma nova campanha com o objetivo de motivar a comunidade a retomar a prática desportiva no período pós-verão.

Procurando estabelecer uma ligação emocional com o público assim como reforçar o posicionamento da Sport Zone, a campanha conta com a participação das influenciadoras Raquel Antunes e Carolina Brazona e marca presença em televisão, digital e ponto de venda.

Assinada pela Rosebud, conta com o planeamento de meios da Zenith e a produção da Somos Montaña.

“Estamos entusiasmados por lançar a campanha de ‘Regresso ao Desporto’, que reflete o nosso compromisso em inspirar e apoiar a nossa comunidade na concretização dos seus objetivos desportivos. Com uma vasta gama de marcas internacionais e opções para várias modalidades, oferecemos aos nossos clientes a qualidade de que precisam a preços acessíveis”, diz Sara Ribeiro, global brand manager Sprinter & Sport Zone, citada em comunicado.

“Acima de tudo, queremos que a nossa comunidade sinta que nunca é tarde para transformar sonhos em conquistas, e que a Sport Zone está aqui para a acompanhar em cada passo desse percurso”, acrescenta.

Em termos televisivos, a campanha é transmitida num spot de 20 segundos com o conceito geral, assim como em três filmes adicionais de 10 segundos focados em cada um dos principais desportos em que a Sport Zone atua como marca – running, futebol e fitness.

A ideia passa por pensar que setembro é o verdadeiro janeiro — um mês de novos começos – com a Sport Zone a assumir-se como um “friendly coach” apoia a comunidade a alcançar as suas metas.

Já no digital, além da difusão da campanha, a marca aposta também numa ativação digital inspiradora intitulada “Transforma o teu ‘Eu Nunca’ num ‘Eu Já’” que conta com a participação de vários influenciadores.

Esta ação tem como principal objetivo “inspirar a comunidade a identificar novas metas desportivas, mostrando que com disciplina e motivação, nunca é tarde para transformar corpo e mente”, refere-se em nota de imprensa.

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Neeleman reitera explicações que deu em 2023 sobre investimento na TAP

  • Lusa
  • 4 Setembro 2024

Neeleman rejeitou que os chamados 'fundos Airbus' tenham sido usados para comprar ações da transportadora aérea, garantindo mesmo que ajudaram a salvar a companhia "de uma insolvência".

O empresário David Neeleman, antigo acionista da TAP, disse esta quarta-feira que não tem conhecimento do teor do recente relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) e reiterou as explicações que deu em 2023, segundo uma nota. “Sobre o recente relatório da IGF de que tive conhecimento apenas através de notícias da comunicação social portuguesa, não conheço o seu teor”, começa por dizer o empresário na informação, enviada à Lusa.

“Mas sobre o investimento na TAP, em 2015, remeto para as respostas escritas que dei à comissão de inquérito do parlamento português e para artigo que publiquei no jornal Expresso em março de 2023, no qual expliquei detalhadamente o nosso investimento e a privatização na TAP”, destacou.

Nas respostas à comissão de inquérito, conhecidas em junho do ano passado, Neeleman rejeitou que os chamados ‘fundos Airbus’ tenham sido usados para comprar ações da transportadora aérea, garantindo mesmo que ajudaram a salvar a companhia “de uma insolvência imediata”.

O empresário referiu nessa altura que os montantes qualificados como ‘fundos Airbus’, uma terminologia que considera estar a ser usada “impropriamente”, não “serviram para adquirir as ações da TAP”. Pelo contrário, assegurou, “as ações da TAP foram pagas pela Atlantic Gateway à Parpública pelo valor acordado e que correspondeu a 10 milhões de euros”.

Segundo Neeleman, “este preço foi pago com fundos próprios da Atlantic Gateway”, acrescentando que “antes de ser efetivado qualquer acordo com a Airbus”, antes de “ter administradores nomeados na TAP, antes de ter qualquer ação ou direito de voto na TAP, a Atlantic Gateway teve de pagar à Parpública, com fundos próprios, um adiantamento de preço no montante de dois milhões de euros, em 24 de junho de 2015, data da celebração do acordo de venda direta”.

Também o empresário Humberto Pedrosa considerou esta terça-feira ser “falso e leviano” afirmar que a TAP foi comprada com dinheiros próprios e garantiu que ficou com prejuízo após ter injetado dinheiro na empresa.

“É falso, por não corresponder à verdade, e leviano dizer que a TAP foi adquirida, no âmbito da privatização, por fundos da própria companhia”, afirmou Humberto Pedrosa, em declarações enviadas à Lusa, reagindo às conclusões do relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF) sobre a TAP.

No documento da IGF pode ler-se que a Atlantic Gateway, consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa, adquiriu 61% do capital da TAP, SGPS, “comprometendo-se a proceder à sua capitalização através de prestações suplementares de capital, das quais 226,75 milhões de dólares americanos (MUSD) foram efetuadas através da sócia DGN Corporation (DGN) com fundos obtidos da Airbus”.

Aquele montante de capitalização, acrescenta, “coincide com o valor da penalização (226,75 MUSD) assumida pela TAP, SA, em caso de incumprimento dos acordos de aquisição das 53 aeronaves (A320 e A330), o que evidencia uma possível relação de causalidade entre a aquisição das ações e a capitalização da TAP, SGPS e os contratos celebrados entre a TAP, SA e a Airbus”.

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Chega mantém-se fora das negociações do OE, mas admite aprovar propostas sobre IRC e IRS Jovem

  • Lusa e ECO
  • 4 Setembro 2024

 Líder do Chega garante que está fora das negociações, mas está disponível para viabilizar IRS Jovem e IRC como diplomas autónomos. Estas são duas linhas vermelhas do PS.

O presidente do Chega garantiu esta quarta-feira que a decisão de o partido se excluir das negociações do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) “é mesmo irrevogável”, mas admitiu aprovar propostas relativas a IRC e IRS Jovem se estiverem fora desse contexto.

“O que eu quero dizer ao dia de hoje é que o país sabe que o Governo nos enganou e, quando é assim, é mesmo irrevogável que nós estamos fora destas negociações, é com o PS que têm de negociar“, afirmou, antes de uma reunião na Valorsul, empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos sólidos urbanos na zona de Lisboa.

André Ventura garantiu que este “não é um irrevogável como um outro dado há 10 anos atrás”, numa referência à demissão do antigo vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP Paulo Portas, que acabou por não se concretizar, reclamando ser “um líder de caráter e de palavra”.

O líder do Chega admitiu aprovar algumas medidas, desde que não sejam incluídas no Orçamento, como o IRS Jovem e o IRC, que já entraram como diplomas autónomos no Parlamento, duas linhas vermelhas do PS.

Se o Governo quiser retirar do Orçamento, da negociação orçamental, e quiser fazer um retificativo, um documento isolado, ou um projeto legislativo diferenciado, onde constam os acordos a que chegou com as forças profissionais, ou em matéria de IRS e de IRC, nós cá estaremos para o aprovar, porque são medidas com as quais nós concordamos”, indicou, justificou que se o Governo “estiver realmente empenhado em aprovar estas matérias, vai retirá-las do Orçamento de Estado e vai pô-las noutra sede, e então terá a aprovação garantida pelo menos da parte do Chega”.

O líder do Chega considerou que “já não há condições” para um entendimento orçamental com o Governo e confirmou que enviou uma carta ao primeiro-ministro a dar conta de que as negociações “estavam suspensas“, à qual não teve ainda resposta. “O Governo escolheu o seu parceiro, deve levar até ao fim estas negociações com o seu parceiro”, defendeu, referindo-se ao PS. Adiantou ainda que o partido vai apresentar propostas de alteração à proposta orçamental que for apresentada pelo Governo.

Questionado se é impossível as negociações em torno do Orçamento do Estado para o próximo ano serem recuperadas, André Ventura reconheceu que “em política não há impossíveis”, mas acusou o Governo de traição.

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Líder dos advogados de Lisboa recusa-se a testemunhar em julgamento. Ministério Público já está a investigar

Em causa uma audiência de julgamento que decorreu a 28 de Junho em que o advogado foi chamado como testemunha num processo que envolvia uma funcionária da delegação de Sintra da Ordem dos Advogados.

O presidente do Conselho Regional de Lisboa (CRL), João Massano, tem um inquérito a decorrer no Ministério Público (MP) contra si por alegada desobediência à lei. Em causa uma audiência de julgamento que decorreu a 28 de Junho deste ano – no Tribunal de Trabalho de Cascais – em que o advogado foi chamado como testemunha num processo que envolvia uma funcionária da delegação de Sintra da Ordem dos Advogados (OA). Fonte oficial da PGR não respondeu, em tempo útil ao pedido de esclarecimento do ECO mas fonte do MP garantiu que o inquérito já deu entrada.

Chamado a depôr, o líder dos advogados de Lisboa da OA recusou-se a responder à questão da juíza, alegando o segredo profissional que vincula os advogados. Mas a magistrada não teve esse entendimento – defendendo que o advogado estava na sessão de julgamento enquanto membro do CRL da Ordem dos Advogados. “A posição assumida pela testemunha, de recusa de responder à pergunta que lhe foi formulada sobre as tarefas exercidas pela autora da ação na delegação de Sintra da OA não se afigura legítima, considerando que tal matéria não diz respeito às atribuições estatutárias da Ordem dos Advogados mas a uma relação laboral estabelecida entre a mesma delegação do CRL e a trabalhadora”, explica a magistrada na ata, a que o ECO teve acesso.

Contactado pelo ECO/Advocatus, João Massano explica que “resulta com meridiana clareza de uma interpretação literal da norma do art.º 92.º, n.º 1, al. b), do Estatuto da OA que, tendo tido conhecimento dos factos exclusivamente em virtude do cargo que ocupo e das funções por mim exercidas na Ordem dos Advogados, estou obrigado ao segredo profissional. Poderá eventualmente não ser assim numa análise casuística dos factos concretamente em causa, ponderando-se, convenientemente, o teor do facto (nem tudo o que é revelado ao advogado é, em si, um segredo) a forma como o conhecimento do facto chegou ao advogado, quem o revelou e em que quadro fáctico, as circunstâncias do conhecimento e da revelação. Por isso, nnão podia deixar de zelar pelo cumprimento estrito do EOA, acautelando o dever de guardar sigilo profissional/funcional que, em tese e em abstrato, sobre mim recaía”, diz o advogado.

João Massano explica ainda que, três dias antes da sessão de julgamento em que iria testemunhar – a 25 de junho – enviou um requerimento para que lhe fosse dado conhecimento dos factos sobre os quais se pretendia que depusesse. ” Sobre esse seu requerimento recaiu um despacho pelo qual se indeferiu o requerido pela testemunha, por nenhum fundamento válido se vislumbrar em tal pedido”. Criticando ainda a juíza do juízo de Cascais dizendo que “estava vedado à Meritíssima Juiz decidir pela ilegitimidade da escusa invocada sem ouvir previamente o Órgão da Ordem dos Advogados estatutariamente competente para se pronunciar acerca do sigilo, ainda que tal parecer possa não ser vinculativo. Não competindo assim à Meritíssima Juiz decidir, sem mais, pela ilegitimidade da escusa, dizendo que não tem dúvidas. Em primeiro lugar, ao contrário do que consta no segundo dos despachos recorridos, a matéria em causa relacionada com as relações laborais estabelecidas entre os trabalhadores da Ordem dos Advogados, designadamente das respetivas Delegações, e os seus Órgãos, diz respeito às atribuições estatutárias da Ordem dos Advogados”.

Já em Julho, o Tribunal Administrativo de Lisboa decidiu não dar seguimento ao pedido do Conselho Regional de Lisboa (CRL) da Ordem dos Advogados (OA), numa providência cautelar pedida pela instituição liderada por João Massano. Em causa a elaboração de um regimento para os trabalhadores do CRL sem alegadamente ter competência estatutária adequada, o que gerou conflito com o Conselho Geral da OA, liderado pela bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro.

Pelo que, no caso concreto, “não se mostra verificado o pressuposto do periculum in mora de que depende a adoção da presente instância cautelar, porquanto, sem a alegação de factos concretos, ao Tribunal não é possível aferir da constituição de uma situação de facto consumado e/ou da produção de prejuízos de difícil reparação. Pois que, o fundado receio a que a lei se refere é o receio apoiado em factos que permitam afirmar, com objetividade e distanciamento, a seriedade e a atualidade da ameaça e a constituição de uma situação de facto consumado. Não bastam, pois, simples dúvidas, conjeturas ou receios meramente subjetivos ou precipitados, assente numa apreciação ligeira da realidade”, pode ler-se no acórdão do tribunal, a que o ECO/Advocatus teve acesso.

O pedido de apreciação feito pelo CRL ao tribunal administrativo surge depois de, em Junho, o Conselho Superior da Ordem dos Advogados ter recebido uma participação disciplinar contra João Massano, acusado pelo Conselho Geral da Ordem de “violar normas éticas”. A participação disciplinar surgiu por o CRL iniciativa de elaborar um regimento de atribuições e competências para os trabalhadores do CRL. Iniciativa que contou com a oposição da bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro por considerar que extravasava as competências do CRL, uma vez que, alegou, estatutariamente a Ordem é uma única entidade. Neste sentido, caberia ao Conselho Geral elaborar o regimento para depois ser aplicado em todos os conselhos regionais. O CRL não se conformou e avançou então avançou para o tribunal administrativo com uma ação contra o CG.

Contactado pelo ECO/Advocatus, na altura, João Massano alegou que “o Tribunal não apreciou a questão de direito que opõe os dois órgãos da Ordem dos Advogados. Assim, o tribunal não fez qualquer apreciação sobre a ilegalidade da mencionada deliberação, nem mesmo num juízo meramente perfuntório e sumário, o qual apenas irá ter lugar na ação principal que está a correr os seus termos no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa”, disse o advogado. “Ao que acresce que a sentença proferida é passível de recurso, estando o Conselho Regional de Lisboa a proceder à sua análise cuidada para decidir sobre uma eventual interposição de recurso da mesma. O Conselho Regional de Lisboa mantém, por isso, a mais profunda convicção de que a deliberação do Conselho Geral é ilegal, violando as regras do Estatuto da Ordem dos Advogados, numa visão centralista desrespeitadora da autonomia dos órgãos regionais”, conclui o líder do Conselho Regional de Lisboa.

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Ministra anuncia 20 novos centros de saúde e admite falhas no plano de emergência

Além do 20 novos centros de saúde, Ministra anunciou que a tabela de preço das ecografia será atualizada entre 55 e 80 euros por forma a assegurar convenções com o SNS.

A ministra da Saúde Ana Paula Martins revelou que o Governo vai abrir 20 novos centros de saúde e proceder já esta quinta-feira, 5 de setembro, a uma atualização dos preços das ecografias, passando Estado a pagar entre 55 a 80 euros adicionais por estes exames que se realizam nos três trimestres da gravidez. Os dois anúncios foram feitos esta quarta-feira pela governante durante uma conferência de imprensa que serviu para fazer o balanço da execução do plano de saúde de emergência.

Segundo Ana Paula Martins, serão inauguradas dez unidades de saúde familiar modelo C em Lisboa e Vale do Tejo, cinco no Algarve e outros cinco em Leiria por serem as zonas com mais falta de médicos de família. Estas unidades destinam-se em concurso a ser atribuídas ao setor social e ao setor privado. Vamos iniciar duas delas já com municípios”, acrescentou a governante.

Quanto às ecografias, e perante a dificuldade das grávidas em conseguirem realizar estes exames devido ao cada vez menor número de convenções, o Governo procederá a uma atualização da tabela de preços.

As ecografias do primeiro trimestre passarão a custar 70 euros (mais 55.50 euros); já as do segundo trimestre terão um preço de 120 euros (mais 81 euros) e as do terceiro trimestre passam a ter um preço de 70 euros (mais 55 euros). Esta atualização de preços terá um impacto orçamental de 3,6 milhões de euros por ano, anunciou a ministra.

Ministra da Saúde admite que “não correu tudo bem”

As novidades surgem depois de a ministra ter feito um balanço da execução do plano de emergência de saúde. Ana Paula Martins reconhece que nos últimos três meses não foi possível concluir todos os objetivos previstos, mas ainda assim faz um balanço positivo das metas concluídas.

“Em algumas medidas temos resultados tangíveis, noutras estruturais, e noutras ainda iniciais. Adaptamos o que foi necessário, corrigimos caminhos e conseguimos bons resultados”, afirmou esta quarta-feira perante os jornalistas. “Se conseguimos mudar tudo em três meses? Não, não conseguimos. Mas vamos ser sérios, nunca ninguém prometeu isso“, sublinhou.

O plano apresentado em maio pela ministra da saúde e pelo primeiro-ministro Luís Montenegro contém cinco eixos assentes em 15 medidas urgentes. Dessas, revela Ana Paula Martins, oito encontram-se “totalmente concretizadas”; duas foram “mais além” do que o previsto e uma não foi possível implementar. O motivo, diz a ministra, prende-se com a “legalidade e constrangimentos” que resultam da implementação de algumas medidas, e que apesar de demorarem tempo” não será possível prescindir delas.

Ainda assim, mantém-se confiante de que o plano de saúde será executado na sua totalidade. “É verdade que nem tudo o que estava previsto foi concluído. No dia em que o Governo desistir de reformar, desiste de governar. E achamos que conseguimos reformar o SNS. Fomos ambiciosos, mas sem ambição é impossível transformar”, atirou.

Entre os resultados tangíveis, Ana Paula Martins destaca um aumento de 15,8%, entre 1 de maio de 30 de agosto, das circungiras para os doentes com cancro face a 2023, tendo atingido um total de 25 mil cirurgias. Com esta medida, explica a governante, “deixou de haver doentes com cancro à espera de marcação para cirurgia acima do tempo medicamente aceitável”.

Ademais, foi possível, em três meses, agendar 7,370 cirurgias através da linha de atendimento SNS 24. Nesse período, foram registadas mais de 51 mil chamadas.

Relativamente à linha de atendimento do SNS exclusivamente para as mulheres grávidas, o SNS Grávida, foram atendidas 25,718 chamadas. Dessas, mais de três mil receberam o aconselhamento para ficar em casa e outras 3,685 foram encaminhadas para cuidados de saúde primários. Ou seja, “28,6% das grávidas que ligaram não tiveram necessidade de ir para uma urgência, dando espaço a 17,910 casos verdadeiramente urgentes“, explicou a ministra.

Apesar dos resultados, Ana Paula Martins reconhece que no setor da obstetrícia “não correu tudo bem”. “Todos sabemos que não, o país sabe que não”, admitiu, face às notícias que surgiram durante o verão de várias urgências de obstetrícias encerradas e de alguns nascimentos dentro de ambulâncias. Só no último domingo, 17 urgências estavam “de portas fechadas”, a grande majora, de obstetrícia. “Isto não pode acontecer”, lamentou a ministra.

Quanto aos nascimentos em ambulâncias, a governante diz que “no próximo verão a situação não deverá voltar a acontecer“, sublinhando que o ministério da Saúde continuará a “trabalhar nesta reforma”.

PS acusa Governo de ter criado “falsas expectativas”

A conferência de imprensa da ministra da Saúde já teve resposta da oposição. A vice-presidente da bancada parlamentar socialista acusou o Governo de criar “falsas expectativas” aquando da apresentação do plano de emergência para o SNS.

Em declarações transmitidas pela RTP3 a partir dos Passos Perdidos da Assembleia da República, Marina Gonçalves argumentou que “nunca foi o Partido Socialista que disse que os problemas se resolviam em três meses ou quatro meses”. “Quem o disse foi este Governo, foi a ministra da Saúde, foi o primeiro-ministro”, afirmou.

A deputada do PS acusou ainda o Governo de Luís Montenegro de estar a “destruir o que estava feito”, argumentando que os socialistas tinham uma estratégia definida “a médio/longo prazo” para o SNS quando estavam no Governo. O partido critica também o Governo PSD/CDS de não ter conhecimento da situação do SNS, acusando o Ministério de “impreparação para resolver e para ter um plano traçado”.

A antiga ministra da Habitação relatou ainda que a falta de concretização de medidas não é nova e que há um “padrão” que está refletido também nos planos para a Educação e Habitação. “Temos assistido [a isso] com muita clareza na Saúde ao longo destes últimos meses e que culmina com esta conferência de imprensa, que, como dizia, vem mostrar que este plano falhou”, afirmou a deputada.

(Notícia atualizada às 15h57 com reação do PS)

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