Governo vai criar bolsa de técnicos para acelerar análise de candidaturas do PRR

Castro Almeida deixa um alerta ao Parlamento. Em breve vai dar entrada a reforma do mercado de capitais, uma das medias essenciais para o cumprimento das metas e marcos do 5.º cheque do PRR.

O Governo vai criar uma bolsa de técnicos a que será possível recorrer pontualmente nos momentos de trabalho acrescido para analisar candidaturas e pedidos de pagamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas também do Portugal 2030, anunciou esta quarta-feira o ministro Adjunto e da Coesão, no evento anual do PRR.

Manuel Castro Almeida anunciou ainda que o Estado vai recorrer a universidades e politécnicos para ajudar nesta tarefa — uma solução à qual já se recorreu no passado –, mas para garantir o sucesso será definido um “preço confortável e generoso” por esse trabalho. A escolha das instituições de ensino superior será feita com base na qualidade dos recursos humanos alocados, e não no preço mais baixo.

“Vai ser criada uma bolsa de técnicos capazes, à qual se possa acorrer pontualmente em momentos de acréscimo de trabalho dos beneficiários diretos do PRR ou mecanismos intermédios do Portugal 2030”, disse Manuel Castro Almeida. O objetivo será também “recorrer a universidades e politécnicos para a análise de candidaturas e pedidos de pagamento do PRR e do PT2030”, acrescentou.

O ministro Adjunto e da Coesão reconheceu que este trabalho exige que a análise seja feita por “técnicos muito qualificados”. Mas são poucos e em momentos de final de concursos há picos de trabalho, o que significa que “é preciso organizar recursos” e “recorrer pontualmente a universidades e politécnicos”. Tal como “já foi feito no passado, nem sempre com sucesso”, admitiu. “Vamos ter de mudar a forma de contratação destas equipas”, explicou.

Em vez de abrir concursos e pedir o preço mais baixo para analisar as candidaturas, vamos estabelecer um valor confortável, generoso e convidar as universidades e politécnicos a concorrer. Assim a análise não será feita pelo preços mais baixo, mas em função da qualidade de recursos humanos que as universidades e politécnicos quiserem afetar à análise das candidaturas”, precisou.

Os serviços do Estado não podem pensar que têm o direito de se atrasar porque estão a dar dinheiro. Não estão, estão a cumprir um contrato. O dinheiro não é uma oferta ou liberalidade; é atribuído em contrapartida de um contrato que tem de ser cumprido pontualmente.

Manuel Castro Almeida

Ministro Adjunto e da Coesão

Outra das formas de acelerar a análise de candidaturas será o recurso a inteligência artificial. “Não serão máquina e algoritmos a decidir, mas vão apoiar o trabalho dos técnicos a acelerar a análise. Assim, vamos conseguir recuperar atrasos”, garantiu o responsável.

Manuel Castro Almeida reiterou ainda o compromisso de, até ao final de 2024, todas as candidaturas serem analisadas num prazo de 60 dias. “Estou confiante que o PRR estará em condições de ter prazos mais ambiciosos do que os definidos no PT2030”, referiu.

“Temos de dar uma volta de 180º nos prazos”, instigou Manuel Castro Almeida, dando um exemplo da urgência da mudança com o caso concreto de um projeto que teve de esperar 175 dias para ver satisfeito um pedido de pagamento bem instruído. “Os serviços do Estado não podem pensar que têm o direito de se atrasar porque estão a dar dinheiro. Não estão, estão a cumprir um contrato. O dinheiro não é uma oferta ou liberalidade; é atribuído em contrapartida de um contrato que tem de ser cumprido pontualmente”, disse.

Prazos não não flexíveis, é preciso acelerar

O ministro Adjunto e da Coesão, que tem a tutela dos fundos europeus, alertou ainda que “muitas das metas e marcos do PRR têm de ser contratualizadas imediatamente com os beneficiário finais, sob pena de não serem cumpridos os prazos”.

“Os contratos com escolas, centros de saúde, etc., se não forem assinados no início do verão e os concursos para as empreitadas lançados nos dias a seguir não será possível cumprir”, frisou, recordando que há dois mil milhões de obras de construção civil a avançar nos próximos meses. “Não será fácil”, reconhece.

A pressão e urgência foram confirmadas minutos depois pela diretora-geral do SG Recover. “O prazo limite de 2026 é absoluto, não é flexível”, frisou Céline Gauer, reconhecendo que se trata de “um desafio enorme”.

O prazo limite de 2026 [para finalizar os investimento do PRR] é absoluto, não é flexível.

Céline Gauer

diretora-geral do SG Recover

Céline Gauer elogiou o facto de Portugal já ter 22% das metas e marcos do PRR já executadas. “É muito, mas muito pouco dado o tempo que temos”, alertou. As regras determinam que o deadline é agosto de 2026. Por isso, defendeu a necessidade de “reduzir a burocracia” e criar um “impulso político para finalizar as reformas que garantam a implementação” do PRR, assim como a “capacidade administrativa”, que disse serem “a chave para o sucesso”.

Estes 22% rapidamente passarão a 23% quando Portugal solicitar formalmente a libertação dos 713 milhões de euros que ficaram bloqueados do terceiro pagamento, recordou Fernando Alfaiate. O presidente da Estrutura de Missão Recuperar Portugal explicou que Portugal já cumpre as condições para solicitar as verbas retidas, tal como o ECO avançou, mas este processo “leva o seu tempo para demonstrar que está tudo em conformidade”.

O pedido formal será feito no próximo mês, disse Castro Almeida recordando que “agora é necessário concentrarmo-nos para reunir as condições para solicitar o quinto pedido de pagamento”. Recorde-se que apenas Portugal, Itália e Croácia já pediram o quarto cheque o PRR.

Castro Almeida terminou a sua intervenção com um recado para o Parlamento, marcado por coligações negativas. “A execução atempada do PRR é uma tarefa de todos. É tarefa da Assembleia da República aprovar o diploma sobre a reforma dos mercados de capitais que será enviada em breve”. Esta é uma das reformas das quais está dependente o quinto cheque da bazuca.

(Notícia atualizada com mais informação)

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PLMJ assessora Incus Capital em joint venture para self-storage

A equipa da PLMJ envolvida na operação foi liderada pelo sócio e co-coordenador da área de Imobiliário e Turismo Francisco Lino Dias.

A PLMJ assessorou a Incus Capital, uma consultora de gestão de ativos espanhola, numa joint venture com a Colares Capital. O objetivo é desenvolver a plataforma de self-storage “Control Space”, bem como a liderança desta área a partir de novas aquisições de imóveis e as suas respetivas reconversões.

A equipa da PLMJ envolvida na operação foi liderada pelo sócio e co-coordenador da área de Imobiliário e Turismo Francisco Lino Dias e contou ainda com os associados coordenadores Luís Filipe Santiago Salema, da área de Imobiliário e Turismo, e Nuno Serrão Faria, da área de Corporate M&A, bem como as associadas, também de ambas as áreas, Beatriz Veiga Santos, Leonor Melo Bento e Mafalda Oliveira Cordeiro.

“A operação envolveu um investimento inicial substancial, a partir do qual a joint venture adquiriu o conjunto de imóveis que se encontravam sob gestão da Control Space mas detidos pelo fundo gerido pela Insula Capital, sitos em Lisboa, no Porto e na Amadora”, explica o escritório em comunicado.

Segundo a firma, este investimento foi dotado de um “caráter particularmente complexo” por envolver uma atividade pouco explorada em Portugal, o self-storage, mas também pelo vasto conjunto de relações contratuais necessários para implementar a joint venture.

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Bosch segura vendas acima de 2.000 milhões pelo segundo ano e chega aos 7.000 trabalhadores em Portugal

Multinacional alemã que empregava mais de 7.000 pessoas em Portugal admite que venda da fábrica de Ovar terá "impacto" no negócio local, mas antecipa "ligeiro crescimento" das vendas em 2024.

A Bosch fechou o exercício de 2023 com uma faturação de 2,1 mil milhões de euros em Portugal, o que representa um crescimento de 1,7% face ao ano anterior, com as vendas a superarem pelo segundo ano a barreira dos 2.000 milhões de euros.

As exportações representaram 97% das vendas geradas pela multinacional alemã no país, que anunciou no ano passado a venda do negócio que inclui a fábrica de Ovar com 1.200 trabalhadores, mas reiterou nessa altura o compromisso com as unidades industriais de Braga e de Aveiro. No final de 2023, o grupo germânico empregava mais de 7.000 pessoas em Portugal.

Olhando apenas para o mercado local, a Bosch registou vendas consolidadas de 383 milhões de euros, um aumento de 5,2% face aos números reportados em 2022. Estes dados foram divulgados esta quarta-feira em conferência de imprensa, no Porto, que contou com apresentações de Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal, e de Javier González Pareja, presidente da Bosch para Portugal e Espanha.

“Apesar de estarmos a viver um ambiente global desafiante e de alguma incerteza, 2023 foi um ano positivo para a Bosch em Portugal. Para este ano, estamos alinhados com as perspetivas gerais da Bosch e, por isso, as nossas previsões são moderadas, tendo em conta o atual cenário económico e também a transformação do negócio que a empresa está a realizar a nível global”, reconhece Javier González Pareja.

Com exportação para mais de 50 países em todo o mundo, a Bosch é uma das maiores exportadoras nacionais. Pesa cerca de 1,7% no total das vendas nacionais no exterior, traduzindo-se num impacto calculado pela empresa em cerca de 1% do PIB de Portugal.

“Apesar de um ambiente económico e social que se mantém exigente, as nossas expectativas para 2024 são de um ligeiro crescimento das vendas em todas as localizações em Portugal”, detalha Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal e diretor técnico da bracarense Bosch Car Multimedia, especializada em soluções de multimédia e sensores.

Fábrica 2030 - Portugal e a Reindustrialização Europeia - 24NOV20
Carlos Ribas, responsável da Bosch em PortugalHugo Amaral/ECO

Com fábricas em Braga, Aveiro e Ovar – negócio que está agora à venda – e ainda um centro de serviços em Lisboa, o grupo alemão estima continuar a crescer em volume de negócios e em número de colaboradores, empregando atualmente mais de 7.000 pessoas.

“Ao longo dos anos, temos vindo a assistir a um crescimento sustentado da Bosch em Portugal, que só possível graças à dedicação e ao profissionalismo dos nossos colaboradores. É nesse caminho que nos queremos manter, conscientes de que o futuro já está a trazer desafios para o negócio da Bosch”, afirma Carlos Ribas, citado em comunicado.

A Bosch em Braga está a receber algumas das novas tecnologias [para automóveis] e continuará a desempenhar um papel importante no futuro da mobilidade, tanto a nível de desenvolvimento como de produção.

Carlos Ribas

Representante da Bosch em Portugal

Em termos de áreas de negócio, o grupo definiu a mobilidade sustentável como uma das suas áreas de crescimento, com especial foco para a condução eletrificada e automatizada. Uma estratégia que implica uma nova organização no setor empresarial da mobilidade na empresa a nível global, com a “aposta em novas tecnologias e soluções e reforço de algumas tecnologias nas quais já [vinha] a trabalhar”.

“Esta transformação terá o seu impacto no portefólio de produtos e, consequentemente, no negócio da unidade em Braga”, explica o responsável em Portugal. “A Bosch está a focar os seus esforços de desenvolvimento e produção de tecnologias essenciais para as necessidades atuais e futuras dos veículos, que irão contribuir para uma mobilidade mais segura, confortável e sustentável. A Bosch em Braga está a receber algumas dessas tecnologias e continuará a desempenhar um papel importante no futuro da mobilidade, tanto a nível de desenvolvimento como de produção”, explica.

Quanto à área de negócios de Energia e Tecnologia de Edifícios, na qual estão inseridas as atividades das unidades de Aveiro e de Ovar, a empresa reconhece que as duas fábricas atravessam momentos diferentes no âmbito da estratégia global da Bosch.

Enquanto a fábrica de Aveiro vai receber um investimento de 100 milhões até 2026 para aumentar produção de bombas de calor, no caso de Ovar, “a empresa decidiu realinhar a sua divisão Building Technologies com a venda da maior parte do negócio de produtos desta divisão. Isso inclui as unidades de negócios de Vídeo, Acesso e Intrusão e Comunicação, que também irá afetar esta localização”.

“A Bosch Portugal está empenhada em reforçar as suas atividades noutras áreas estratégicas, como soluções de mobilidade e bombas de calor, e em atingir os seus objetivos de negócio, apesar da venda planeada e do impacto esperado no nosso volume de negócios local”, justifica Carlos Ribas.

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Portugal paga 3,68% para emitir 3.000 milhões de euros a 30 anos

A emissão sindicada a 30 anos realizada esta quarta-feira por Portugal junto de um grupo restrito de bancos terminou com o Estado a pagar um prémio de 115 pontos base acima da taxa mid-swap.

O Tesouro realizou esta quarta-feira uma emissão de dívida sindicada a 30 anos pelo qual pagou um prémio de 115 pontos base acima da taxa mid-swap a 30 anos (que esta manhã apresentou uma taxa média de 2,5%), segundo informação avançada pelo portal International Financing Review, que se traduziu numa taxa final de cerca de 3,678%, segundo dados finais da operação disponibilizados pelo IGCP, pela emissão de 3 mil milhões de euros.

Em mercado secundário, os títulos portugueses a 30 anos estavam a negociar esta manhã com uma taxa de juro média (yield) de 3,599%.

A nova linha de obrigações a 30 anos emitida esta quarta-feira tem como maturidade a 12 de junho de 2054 e apresenta uma taxa de cupão de 3,625%.

A operação foi realizada pelo IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, entidade liderada por Miguel Martín, contou com uma procura 4,7 vezes acima da oferta e teve como bancos colocadores o BNP Paribas, BBVA, Bank of America, Deutsche Bank, NovoBanco e Santander.

O IGCP revela ainda que as obrigações do Tesouro foram colocadas junto de investidores de diferentes nacionalidades e que a operação contou “com uma grande participação de investidores sediados em França/Itália/Espanha, bem como na Alemanha, Áustria e Suíça”, com a procura a ser predominantemente de gestores de fundos, seguros e fundos de pensões.

Esta foi a primeira vez desde fevereiro de 2021 que o Tesouro recorreu a um sindicato bancário para realizar uma emissão a 30 anos. No entanto, já este ano, a 4 de janeiro, o IGCP realizou uma emissão sindicada de obrigações do Tesouro a 11 anos e 10 meses (com maturidade a outubro de 2034) no montante de 4 mil milhões euros, que resultou numa yield de 2,997%. “Os joint bookrunners que geriram a transação foram o Banco Santander, o BNP Paribas, o CaixaBI, o Citi, o Crédit Agricole Corporate and Investment Bank e o J.P. Morgan”, revela o IGCP.

Com esta operação, o Tesouro contabiliza em 2024 um total de emissões de obrigações do Tesouro de 13,9 mil milhões de euros, que agregam 8,4 mil milhões no primeiro trimestre, 2,5 mil milhões de euros obtidos através de leilões realizados em abril e maio, e agora 3 mil milhões de euros da operação sindicada.

Significa que, segundo a atualização do Programa de Financiamento da República Portuguesa para 2024 para o segundo trimestre, o IGCP já cumpriu 87% do objetivo de emissão anual prevista de obrigações do Tesouro.

(Texto atualizado às 19h45 com informação final da operação disponibilizada pelo IGCP)

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Como estão a investir as famílias mais ricas do mundo

Os family offices estão a alterar significativamente a exposição das suas carteiras por conta das tensões geopolíticas. As obrigações de alta qualidade são só uma dessas novas apostas dos gestores.

No universo das finanças, as boutiques de investimento familiares (family offices) representam um grupo distinto e poderoso de investidores. Segundo um relatório do UBS, 320 dos principais family offices globais, que gerem uma riqueza superior a 600 mil milhões de dólares, revelam que, extraordinariamente, fizeram mudanças significativas nos seus portefólios em 2023 e que continuarão a equilibrar as suas carteiras ao longo deste ano.

Segundo a quinta edição anual do “Global Family Offices” da UBS, publicada esta quarta-feira, as famílias mais ricas do mundo estão a ajustar as suas carteiras de investimento, focando-se em ativos que garantam estabilidade e crescimento sustentável. Isto sucede porque a sua principal preocupação é a ameaça de um conflito geopolítico de grande escala, em função dos acontecimentos recentes na Ucrânia e no Médio Oriente. Este receio é partilhado globalmente, mas há também um foco crescente nos riscos associados às alterações climáticas e ao elevado nível de dívida pública, especialmente a longo prazo, na orientação das suas estratégias de investimento.

“Os family offices estão mais preocupados com o perigo de um grande conflito geopolítico, tanto a curto como a médio prazo”, destacam George Athanasopoulos e Benjamin Cavalli, do UBS, notando ainda que, “num horizonte de cinco anos, consideram também as alterações climáticas como um risco de topo, a par dos elevados níveis de endividamento.”

Observamos que a decisão de investimento no tópico da sustentabilidade é fortemente influenciada pela próxima geração das famílias.

Benjamin Cavalli

Responsável pelo Global Wealth Management Strategic Clients do UBS

Embora os conflitos geopolíticos continuem a ser a principal preocupação (62%) das famílias mais ricas do mundo para o próximo quinquénio, quase metade (49%) está preocupada com as alterações climáticas e quase a mesma percentagem (48%) mostra-se receosa com uma crise da dívida dos países, “numa altura em que os países ocidentais estão sobrecarregados com elevados níveis de dívida pública que podem parecer insustentáveis”, lê-se no relatório.

Em resposta a estes riscos, o relatório do UBS revela que 2023 foi marcado por mudanças significativas na alocação de ativos nas carteiras destas famílias. “Houve um aumento notável na alocação para obrigações de mercados desenvolvidos, a maior dos últimos cinco anos”, referem os responsáveis do UBS.

Esta mudança é vista como uma resposta ao aumento das yields das obrigações e uma forma de reequilibrar as carteiras. Por outro lado, a alocação de capital no setor imobiliário diminuiu no último ano , refletindo a correção dos preços dos imóveis comerciais em várias regiões.

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Principais apostas para os próximos anos

A diversificação continua a ser uma estratégia central na alocação das carteiras destes family offices que gerem cerca de metade da fortuna das famílias mais ricas do mundo, que apresentam uma riqueza média de 2,6 mil milhões de dólares.

O relatório do UBS revela também que estas boutiques de investimento estão a apostar mais na gestão ativa para diversificar os seus portefólios, aproveitando a divergência no desempenho entre ações de diferentes setores e regiões geográficas. Além disso, destaca também que há uma preferência crescente por obrigações de alta qualidade (investment grade) e de curta duração, especialmente nos EUA, para mitigar a volatilidade dos portefólios.

Os investimentos em private equity mantêm-se como uma aposta robusta, com um equilíbrio entre investimentos diretos em empresas e projetos, mas também por meio de fundos de investimento ou através de fundos de fundos. “Não houve uma crise nestas classes de ativos”, salienta Benjamin Cavalli, na apresentação do relatório à imprensa. No entanto, há uma expectativa de redução nos investimentos diretos em 2024, com um aumento na alocação para fundos, por via a procurar uma maior diversificação e liquidez.

Os EUA e a Ásia-Pacífico (excluindo a Grande China) deverão ser os principais destinos das novas alocações [dos gestores], com mais de um terço a pretender aumentar as aplicações a cada uma destas regiões, respetivamente, nos próximos cinco anos.

Global Family Office Report 2024

UBS

A sustentabilidade está também a tornar-se um fator crítico na estratégia de investimento dos family offices, considerando essa uma temática como “uma questão essencial de risco e de oportunidade”, lê-se no relatório. Muitos gestores entendem as alterações climáticas como um risco significativo e estão a integrar critérios ESG (Environmental, Social, and Governance) nas suas estratégias de investimento. “Observamos que a decisão de investimento no tópico da sustentabilidade é fortemente influenciada pela próxima geração das famílias”, destaca Benjamin Cavalli, em declarações aos jornalistas.

O investimento em tecnologia continua igualmente a ser uma tendência forte, com a inteligência artificial generativa a liderar como “o tema de investimento mais popular para os próximos dois a três anos.” A saúde e a automação e robótica seguem de perto esta tendência, refletindo a confiança nos setores que impulsionam a inovação e a eficiência.

Geograficamente, os family offices mantêm uma forte alocação das suas carteiras nos EUA, “atraídas pela resiliência económica e pelas oportunidades apresentadas pelo setor tecnológico”, justificam os autores do relatório.

A região da Ásia-Pacífico (excluíndo a China) também está a ganhar destaque na carteira dos gestores, com previsões de aumentos significativos na alocação de capital nos próximos cinco anos. “Os EUA e a Ásia-Pacífico (excluindo a Grande China) deverão ser os principais destinos das novas alocações [dos gestores], com mais de um terço a pretender aumentar as aplicações a cada uma destas regiões, respetivamente, nos próximos cinco anos”, destaca o relatório do UBS.

No entanto, continua a verificar-se uma forte tendência para o investimento doméstico, especialmente nos EUA. “Esta tendência de home bias reflete a familiaridade e a confiança nos mercados regionais, apesar das oportunidades globais”, refere o relatório.

Por exemplo, os family offices norte-americanos têm, em média, 82% das carteiras alocadas a ativos sediados na América do Norte e apenas 8% na Europa Ocidental, enquanto os europeus têm uma exposição de 38% dos seus portefólios à América do Norte e 49% à Europa Ocidental.

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Direção executiva do SNS deve estar “acima de agendas partidárias” e “merecer confiança” do Governo, avisa Fernando Araújo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 22 Maio 2024

Diretor executivo demissionário já entregou o relatório de atividades que tinha sido pedido pela ministra da Saúde, que ficou concluído “em metade do tempo”. António Gandra de Almeida é o sucessor.

Fernando Araújo, que se demitiu em abril do cargo de CEO do Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerou esta quarta-feira que a direção executiva do SNS deve “estar acima de questões políticas ou agendas partidárias”, embora tenha de “merecer a confiança” do Governo.

“A direção executiva do SNS é um órgão técnico, um instituto público que tem de estar acima de questões políticas ou agendas partidárias e que executa políticas públicas determinadas pelo Governo, do qual tem de merecer a confiança”, afirmou o diretor executivo demissionário na comissão parlamentar de Saúde, onde começou a ser ouvido poucos minutos após o Governo anunciar António Gandra de Almeida como o seu sucessor.

No início da audição parlamentar, Fernando Araújo confirmou que já entregou o relatório com o balanço das atividades desenvolvidas pela direção executiva do SNS. O documento com mais de 600 páginas divididas por 12 capítulos tinha sido solicitado pela ministra da Saúde, mas acabou por ser recebido na terça-feira à tarde pelo chefe de gabinete, já que Ana Paula Martins se atrasou no regresso de uma visita de trabalho ao Algarve.

Esta tarefa, sublinhou esta manhã Fernando Araújo no Parlamento, foi concluída “em metade do tempo para permitir que a tutela possa executar as medidas que considere necessárias para o SNS, com a celeridade exigida e evitando ser um obstáculo à sua concretização”. O novo Governo tinha dado um prazo de 60 dias para ser apresentado este balanço e Fernando Araújo tinha pedido ao Ministério que a saída produzisse efeitos no dia seguinte à apresentação do relatório.

Já em resposta às questões colocadas pelos vários grupos parlamentares, o diretor executivo demissionário do SNS saiu em defesa do trabalho feito pela sua equipa, sublinhando a redução significativa do tempo médio de contratação de médicos.

Lembrando a altura em que estava no Hospital de São João, Fernando Araújo apontou que, na altura, “demorava meses” para contratar um médico. “Quando obtínhamos a autorização, muitas vezes o médico já tinha optado por outro desafio profissional. Neste momento, as autorizações demoram três dias úteis. Retirámos patamares de decisão, que não traziam valor, e isso mudou as regras do jogo”, frisou.

O responsável garantiu também que a reforma das Unidades Locais de Saúde (ULS), concretizada em 1 de janeiro, “está a decorrer com resultados mais favoráveis que os previstos”. Segundo Fernando Araújo, isso está a acontecer porque a reforma “não foi feita por decreto-lei”, foi feita “de baixo para cima, com as pessoas no terreno”.

É um “desrespeito pelas centenas de profissionais que trabalharam na preparação dos planos de negócios das ULS” dizer que a reforma “não teve o envolvimento das pessoas”, disse o responsável.

Fernando Araújo afirmou ainda que a direção executiva não queria assumir a tarefa de nomear dirigentes para as unidades de saúde — que considerou um “fardo”, pois “nomear com exigência e qualidade é algo de enorme dificuldade”. O organismo acabou por aceitar essa competência “porque o [novo] governo entraria em funções e era importante que as ULS não ficassem sem dirigentes”, justificou.

Contrariando a deliberação do governo anterior — que, a partir de agosto do ano passado, concedeu à direção executiva do SNS a competência de nomeação de órgãos de gestão dos hospitais e centros de saúde –, Fernando Araújo referiu que a sua equipa só recebeu essa competência a 1 de janeiro, através do Orçamento de Estado.

O responsável referiu que a partir de 10 de março, data das eleições legislativas, a direção executiva não “fez mais nomeações” por ter considerado que “não era ético e adequado estar a nomear pessoas para funções de três anos quando não se sabia qual o plano de quem viria a seguir do ponto de vista de visão para o SNS“.

Por fim, Fernando Araújo assegurou que a direção executiva demissionária do SNS tinha “um plano preparado para os próximos meses” quando o novo Governo iniciou funções. “Incluía um conjunto de medidas para enfrentar este verão e o próximo inverno de forma articulada e bem organizada”, afirmou, contradizendo, assim, as declarações da ministra da Saúde de que o diretor demissionário teria recusado elaborar o plano para o verão.

Esse plano, segundo o responsável, já estava pronto, mas a direção executiva do SNS não o quis “colocar no terreno por várias razões”, que foram explicadas a Ana Paula Martins. “Havia vontade de mudar o processo para um processo diferente. Era mais adequado que o plano fosse preparado pela equipa que estava a preparar o plano de emergência de acordo com a estratégia que a nova equipa [ministerial] tinha para o SNS”, sustentou.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h38)

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Reporte ESG é “exigente”, mas também “uma oportunidade para as empresas”

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  • 22 Maio 2024

Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG Portugal, avisa que as novas regras europeias vão atingir as PME que integrem cadeias de valor das empresas cotadas.

A jornada da sustentabilidade é um desígnio que convoca todas as empresas, mas que representa desafios do ponto de vista da gestão – especialmente agora, em que as novas obrigações de reporte de dados não financeiros, que incluem os critérios ESG, vão ser aplicadas. “Para o ano de 2024, que já está em curso, as empresas cotadas são as primeiras a ter que endereçar esta nova regulação e estes novos requisitos. Nos anos seguintes, vamos tendo progressivamente as empresas mais pequenas a serem obrigadas a reportar”, enquadra Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG Portugal, durante a entrevista que concedeu ao ECO a propósito da nova campanha da consultora sobre o tema. Assista ao vídeo aqui:

Embora as regras prevejam que as pequenas e médias empresas (PME) não cotadas só tenham de partilhar informação sobre estes critérios em 2027, em muitos casos não será assim. A questão, explica o especialista, divide-se em duas forças que podem obrigar a uma antecipação do reporte ESG. Por um lado, o setor financeiro terá de divulgar a composição da sua carteira de crédito em função dos critérios ESG, o que leva os bancos a “pedir [este tipo de] informação às empresas mais pequenas” que “ainda não estão preparadas”.

“A segunda grande força e o segundo grande catalisador desta nova mudança é, efetivamente, a cadeia de valor”, aponta Pedro Cruz. Significa isto que basta ser fornecedor de uma empresa maior para que, a breve trecho, esta comece a pedir informações sobre a implementação de critérios ESG no negócio. “O ESG é um tema de compliance. É disruptivo, vai ser exigente, mas diria que há aqui muitas oportunidades”, assegura.

Transparência na comunicação é chave

“Fazer Diferente Faz a Diferença” é o mote da nova campanha da KPMG para alertar as empresas para a importância de endereçar o desafio do reporte ESG com uma perspetiva positiva. Teresa Cortes, Marketing Senior Manager da KPMG, não tem dúvidas de que as organizações “podem capitalizar [os investimentos em ESG] em favor da sua marca e da sua reputação”, desde que cumpram a regra de ouro: transparência acima de tudo.

“Defendemos que a empresa deve ser o mais transparente possível, porque o escrutínio é grande e à mínima imprecisão, as empresas serão sempre muito penalizadas. E o consumidor está muito atento a qualquer passo que as organizações dêem”, avisa. Os estudos comprovam que existe, de facto, uma vantagem comercial para as marcas que consigam percorrer este caminho com eficácia e que se pode traduzir em mais vendas. “As gerações mais novas têm capacidade e disponibilidade para pagar quase 20% mais por um produto sustentável”, acrescenta Pedro Cruz.

Mostrar ao tecido empresarial português que existem oportunidades na integração dos critérios ESG é o grande objetivo da KPMG com a campanha que acaba de lançar. É, também por isso, que os protagonistas são os especialistas da consultora em ESG. “O tema de ESG está em cima da agenda e felizmente a KPMG constituiu uma equipa multidisciplinar e com uma tremenda expertise nestes aspetos”, sublinha Teresa Cortes.

Assista à entrevista completa no vídeo acima e conheça as dicas deixadas pelos partners da KPMG para adotar uma estratégia ESG vencedora.

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Regulamentação complexa pode “dificultar acesso ao capital” e “travar crescimento”

  • ECO
  • 22 Maio 2024

Miguel Viana, investor relations officer da EDP, defende que é necessário "encontrar um equilíbrio entre a necessidade de regulamentação e 'compliance' e a minimização da complexidade excessiva".

Miguel Viana, investor relations officer da EDP, considera que as exigências regulatórias são necessárias para garantir a transparência e estabilidade dos mercados financeiros, mas alerta que a “necessidade de compliance com regulamentações complexas pode impor custos significativos às empresas, o que pode, por sua vez, dificultar o acesso ao capital e limitar o potencial de crescimento“.

O responsável pelas relações com investidores da elétrica (IRO, na sigla em inglês), um dos nomeados para o prémio de melhor IRO nos Investor Relations and Governance Awards da Deloitte, defende que é necessário “encontrar um equilíbrio entre a necessidade de regulamentação e compliance e a minimização da complexidade excessiva”.

A evolução da política monetária e o crescente risco geopolítico têm contribuído para uma maior volatilidade nos mercados financeiros. Que desafios coloca este contexto à gestão da relação com os investidores?

O contexto atual apresenta desafios significativos para a gestão da relação com os investidores. A volatilidade nos mercados financeiros pode, de facto, gerar incerteza e preocupação entre os investidores, o que leva a uma maior necessidade de comunicação clara e transparente por parte das empresas.

Neste contexto, é crucial para a gestão da relação com os investidores fornecer uma análise aprofundada dos potenciais impactos da evolução da política monetária e do risco geopolítico. Além disso, comunicar as estratégias de gestão de riscos e planos de contingência pode ajudar a tranquilizar os investidores e demonstrar a resiliência da empresa face a desafios externos.

A transparência, a prestação de informações atualizadas e a prontidão para responder a perguntas dos investidores também são fundamentais para manter a confiança e a credibilidade durante períodos de volatilidade. Além disso, a gestão da relação com os investidores pode beneficiar de uma abordagem proativa na antecipação de preocupações e na oferta de informação sobre como a empresa está posicionada para enfrentar os desafios decorrentes do contexto externo atual.

A EDP, para adaptar-se a estas mudanças, às quais se soma a redução das curvas forward dos preços de energias, comunicou recentemente ao mercado que atualizou o seu Plano de Negócios para reforçar a posição do grupo neste contexto desafiador – precisamente um excelente exemplo de uma abordagem cuidadosa e proativa, transparente, rápida, clara e relevadora da capacidade do grupo de reagir de forma ágil a mudanças de contexto.

Que outros desafios enfrentam hoje os IRO na relação com os investidores?

Os investidores estão cada vez mais atentos às questões de ESG, considerando as políticas, práticas e objetivos ESG das empresas nos seus investimentos. Assim, as empresas enfrentam o desafio de comunicar de forma eficaz as suas estratégias e desempenho em temas ESG, atendendo às expectativas dos investidores.

Os investidores da EDP estão especialmente atentos aos compromissos e práticas de descarbonização por ser o core business da empresa, mas também se interessam em temas como a nossa relação com a cadeia de valor, o respeito pelos direitos humanos, e a proteção da biodiversidade.

Os investidores procuram cada vez mais transparência e responsabilização por parte das empresas. A capacidade de fornecer informações claras e precisas, juntamente com uma comunicação aberta sobre desafios e oportunidades, é essencial para manter a confiança.

As alterações regulatórias e as crescentes exigências por compliance também podem impactar a relação com os investidores, exigindo uma comunicação clara sobre como a empresa se está a adaptar a essas mudanças. A rápida evolução tecnológica e a crescente importância da inovação também trazem desafios às empresas na comunicação das suas estratégias de transformação digital, bem como na demonstração de como estão posicionadas para enfrentar as mudanças disruptivas nos seus setores.

Considera que as crescentes exigências regulatórias e de compliance são necessárias ou a sua complexidade é um entrave à atração de capital e ao desenvolvimento dos mercados?

As crescentes exigências regulatórias e de compliance são necessárias para garantir a integridade, transparência e estabilidade dos mercados financeiros e para proteger os investidores. No entanto, a complexidade dessas exigências pode ser um desafio para as empresas, especialmente para atrair capital e promover o desenvolvimento dos mercados.

A necessidade de compliance com regulamentações complexas pode impor custos significativos às empresas, o que pode, por sua vez, dificultar o acesso ao capital e limitar o potencial de crescimento. Além disso, a complexidade regulatória pode criar barreiras à entrada de novos participantes no mercado, reduzindo a concorrência e a inovação.

Por outro lado, as exigências regulatórias são fundamentais para proteger os investidores, garantir a estabilidade financeira e promover a confiança no mercado. A conformidade com padrões rigorosos de governança e transparência pode, a longo prazo, fortalecer a atratividade dos mercados financeiros, aumentando a confiança dos investidores e reduzindo o risco percebido.

Portanto, é importante encontrar um equilíbrio entre a necessidade de regulamentação e compliance e a minimização da complexidade excessiva. A simplificação e racionalização das exigências regulatórias, juntamente com o apoio a práticas de compliance eficientes, podem ajudar a mitigar os impactos negativos da complexidade regulatória, facilitando assim a atração de capital e o desenvolvimento dos mercados.

Para além disso, enquanto responsável das duas áreas de Investor Relations e ESG, vejo que é muito evidente o aumento recente de novos enquadramentos regulatórios e normas de reporte não financeiro como o CSRD, TCFD e a Taxonomia da EU, que acrescem às exigências regulatórias e de compliance das empresas.

Que impacto pode vir a ter a inteligência artificial no trabalho de um IRO?

A inteligência artificial (IA) pode ser usada para analisar grandes volumes de dados financeiros e de mercado, fornecendo insights valiosos para a tomada de decisões estratégicas e a comunicação com investidores. Assim, pode ajudar os IRO a identificar tendências e prever cenários.

Com base na análise de dados, a IA pode ajudar a personalizar a comunicação com os investidores adaptando-a às necessidades e interesses específicos, o que pode melhorar a eficácia da comunicação e fortalecer a relação com eles.

Pode ainda automatizar tarefas rotineiras, como a preparação de relatórios padrão, o agendamento de reuniões e o acompanhamento de pedidos/perguntas de investidores. Isto permite que os IRO e as suas equipas dediquem mais tempo a atividades estratégicas e de alto valor acrescentado, e à gestão proativa da relação com os investidores.

Adicionalmente, pode ser usada para prever o comportamento dos investidores, identificar potenciais problemas e antecipar questões que possam surgir, o que ajuda os IROs a prepararem-se melhor para lidar com desafios.

Em resumo, a inteligência artificial tem o potencial de transformar o trabalho de um Investor Relations Officer, proporcionando análise avançada de dados, comunicação personalizada, análise preditiva e melhoria da eficiência geral. Essas mudanças podem ajudar os IROs a desempenhar um papel mais estratégico e eficaz na gestão da relação com os investidores.

Como é que os temas do ESG já estão a mudar o papel dos IRO?

Os temas do ESG já estão a mudar significativamente o papel dos IRO, tornando-os mais envolvidos na comunicação e gestão de questões relacionadas com o ESG. No futuro, espera-se que os IRO desempenhem um papel ainda mais estratégico na integração de considerações de ESG nas práticas de comunicação, relação com investidores e tomada de decisões estratégicas.

Atualmente, os IRO estão cada vez mais envolvidos na comunicação das estratégias e desempenho da empresa em questões ESG, desempenhando um papel crucial na divulgação de informações relevantes sobre as práticas de sustentabilidade da empresa, atendendo às expectativas dos investidores e reguladores.

Os IRO estão a ter um papel mais ativo no relacionamento com investidores em questões relacionadas com o ESG. São quem responde ao aumento na procura por informações detalhadas sobre as práticas de ESG da empresa, bem como quem participa em diálogos construtivos sobre como a empresa está a abordar essas questões.

Além disso, estão a trabalhar mais de perto com equipas de investimento para integrar considerações de ESG nas estratégias de investimento da empresa. Os temas ESG são assim cada vez mais importantes para atrair capital nomeadamente para a EDP.

Os IRO são também desafiados a integrar temas ESG na análise de riscos e oportunidades da empresa, fornecendo informações valiosas para os investidores sobre como a empresa está a gerir esses fatores. E, no futuro, provavelmente terão um papel ainda mais proeminente na comunicação da estratégia de sustentabilidade da empresa, incluindo metas ESG e o progresso em direção a essas metas, e destacando as iniciativas e práticas que geram valor a longo prazo para os investidores. Algo que a EDP antecipou, com a integração das equipas de ESG e de Investor Relations em 2022.

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Oferta conjunta da Meo passa a incluir energia. Operadora aposta em reposicionamento e nova identidade

  • + M
  • 22 Maio 2024

A Meo diz-se pioneira a nível mundial ao lançar o serviço sustentável que conjuga telecomunicações e energia. A nova fase é acompanhada por uma nova imagem e campanha.

A nova aposta estratégica da operadora do grupo Altice em Portugal passa pela conjugação das sinergias da Meo e Meo Energia. Os pacotes Meo passam assim a incluir a oferta conjunta de telecomunicações com energia.

Esta nova fase é acompanhada por um reposicionamento da marca e uma nova identidade gráfica e visual. A estratégia de comunicação vai apostar mais no digital e na simplificação da mensagem.

É de sinergia que o teu mundo precisa” – é este o claim que sintetiza o reposicionamento da Meo que “é, mais uma vez, pioneira a nível mundial ao ser a primeira marca a apresentar uma oferta de telecomunicações com energia verde”, refere-se em nota de imprensa.

“Com uma maior simplicidade em toda a sua comunicação, numa maior proximidade com o consumidor, em linha com a promessa da sua própria assinatura – Meo Humaniza-te – a marca é fortalecida com uma nova linguagem visual, usando uma nova palete cromática mais viva e energética, baseada no azul, verde, lima, branco e cinza, e novos códigos gráficos mais jovens e disruptivos“, explica-se.

A comunicação “parte de uma inspiração digital que contamina todos os restantes touchpoints de marca“, num novo posicionamento que é acompanhado pelo humorista Guilherme Geirinhas enquanto novo host e protagonista nativo-digital.

Esta quinta-feira arranca também uma campanha multimeios, com um novo filme institucional que “remete para o objetivo de liderança nas transições digital e energética”.

“Esta campanha de lançamento traz uma narrativa protagonizada pelos principais atores da natureza – os seus elementos – e os atores da vida real – os humanos – apresentando uma nova linha gráfica que funde e espelha a coexistência destes dois universos – telecom e energia verde”, explica-se na mesma nota.

O filme, assinado pela Dentsu Creative Portugal e que contou com produção da 78 films, “adota uma linguagem visual e estética forte e um ritmo com grande dinâmica combinando imagens cruzadas de elementos do planeta com pessoas”.

“Este dinamismo evoca a energia, a sustentabilidade, o planeta e as sinergias entre pessoas, natureza e o Meo. É o compromisso da marca que oferece aos clientes uma experiência integrada onde a conectividade e a energia se unem para criar um mundo melhor e mais eficiente, com benefícios para todos e acima de tudo para o planeta”, acrescenta-se.

O spot é complementado por três filmes de oferta comercial, que materializam a comunicação dos benefícios cruzados ao dispor dos clientes.

Esta nova estratégia da Meo, de apresentar uma oferta conjunta de telecomunicações com energia, possibilita benefícios cruzados para quem é cliente Meo e Meo Energia, que vão desde um desconto do consumo médio estimado de eletricidade dos equipamentos Meo, a descontos adicionais na fatura de energia, duplicação da velocidade de internet fixa ou a duplicação dos dados móveis e dos pontos Meos, numa poupança total que “pode atingir até 25% da fatura de energia, o que representa cerca de 16€ na fatura média (64€) de um cliente residencial Meo Energia com 250 kWh e contador de 6,9kVA”, refere a marca.

Além disso, a energia é 100% sustentável, pelo que “ao usar eletricidade produzida exclusivamente a partir de fontes renováveis – eólica, hídrica, solar, geotérmica entre outras – o Meo ajuda os portugueses a contribuir para a redução da pegada ecológica e preservação do planeta”, acrescenta-se.

Ana Figueiredo, presidente executiva da Altice Portugal.

“Somos uma marca líder, que tem a criatividade e a competência ao serviço da inovação, que sempre ditou o caminho do mercado antecipando as necessidades dos portugueses. À competitividade de atuais e novos players, aos desafios de um setor de elevados investimentos e a um mercado global respondemos com a sinergia estratégica de dois ativos fortes que só um líder consegue oferecer”, diz Ana Figueiredo, presidente executiva da Altice Portugal, citada em comunicado.

“O Meo ‘ganha’ energia e apresenta-se ainda mais forte com uma ambição clara: liderar a transição digital e a transição energética do País. É sob esse pressuposto que o Meo se assume como o primeiro operador mundial com uma oferta global de serviços de telecomunicações e de eletricidade 100% verde, com benefícios cruzados para os clientes nas componentes de telecom e de energia, contribuindo também para o objetivo de neutralidade carbónica do país. O Meo continua, assim, a cumprir o seu papel enquanto líder da mudança, nas suas quatro áreas de atuação: inovação, sustentabilidade, tecnologia e pessoas”, acrescenta.

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António Gandra d’Almeida é o novo diretor executivo do SNS

Ministério da Saúde escolheu António Gandra d'Almeida para diretor executivo do SNS. Sucede a Fernando Araújo, que se demitiu em abril após a tomada de posse do novo Governo.

António Gandra d’Almeida é o novo diretor executivo do SNS, avançou esta quarta-feira o Ministério da Saúde. O tenente-coronel médico dos quadros permanentes do Exército português vem assim substituir o demissionário Fernando Araújo.

O tenente-coronel de 44 anos ocupa o cargo de comandante do agrupamento sanitário e “desempenha atividade assistencial hospitalar e pré-hospitalar”. Segundo o comunicado do Ministério da Saúde, Gandra de Almeida tem uma vasta experiência em emergência médica e nas Forças Armadas, tendo acumulado funções de chefia e de coordenação.

O anúncio do novo diretor executivo do SNS é explicado pelo ministério pelo facto de Fernando Araújo, o diretor executivo demissionário ter pedido para se manter em funções até entregar o relatório com o balanço do último ano e meio da gestão executiva. Uma entrega que ocorreu na terça-feira antes da data limite o relatório pedido pela tutela. Fernando Araújo tinha um prazo de 60 dias para entregar o documento, com o balanço de pouco mais de um ano de mandato, já que entrou em funções em janeiro de 2023.

Fernando Araújo é ouvido esta quarta-feira na comissão parlamentar de Saúde para explicar as razões que levaram à sua demissão. O responsável anunciou a demissão a 23 de abril por não querer ser um obstáculo ao Governo em termos de políticas que quisesse implementar.

O Ministério liderado por Ana Paula Martins garante que está pronto para nomear a nova equipa executiva do SNS, no entanto, há procedimentos a respeitar. “Em breve, será anunciada a constituição da restante equipa da DE – SNS, cujos nomes serão submetidos à Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP)”, lê-se, no comunicado do Governo.

(Notícia atualizada com mais informação)

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2.ª Conferência ECO Saúde e Economia acontece já esta tarde. Conheça o programa

  • ECO
  • 22 Maio 2024

Pelo segundo ano, o ECO organiza a Conferência Saúde e Economia. Confira o programa completo do evento, que é aberto ao público e tem entrada gratuita, mas sujeita a inscrição.

O Impacto da Saúde na Economia Nacional é o tema da 2.ª Conferência ECO Saúde e Economia que se realiza esta terça-feira à tarde no Estúdio ECO. Estará em análise a contribuição do setor da saúde para a economia portuguesa, nomeadamente a sua importância direta (postos de trabalho ou contribuição para o PIB) e indireta, ao prevenir e tratar atempadamente patologias, evitando menor produtividade e mais custos para o SNS.

O setor da saúde como motor de crescimento económico é o pano de fundo deste evento que reunirá todo o ecossistema do setor da saúde, bem como decisores e investigadores. O evento é aberto ao público e com entrada gratuita, mas sujeita a inscrição aqui.

PROGRAMA

15h15 – Abertura

Diogo Agostinho, Chief Operating Officer

15h30 – 16h15 – Inovação em Saúde: Portugal está na vanguarda?

Guy Villax, Presidente da Health Cluster Portugal
Fabíola Costa, Diretor of Clinical Research da Sword Health
Pedro Garcia da Silva, Scientific coordinator da Fundação Champalimaud
Filipa Mota e Costa, Diretora Geral da Johnson&Johnson Innovative Medicine
Moderação: André Veríssimo, Subdiretor do ECO

16h15 – 16h30 – Coffee-break

16h30 – 17h15 – Os riscos operacionais (e legais!) da IA na Saúde

Ana Gil Marques, Head of Legal & Compliance Siemens Healthineers Portugal
Miguel Nobre Menezes, Médico cardiologista no Hospital de Santa Maria e Hospital Lusíadas Lisboa e docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
Maria Raimundo, Consultora freelancer em tecnologia e saúde
Moderação: Cláudia Pinto, Jornalista e autora Newsletter ECO Saúde

17h15 – 18h00 – Os desafios do setor privado

Bruno Gomes, CEO da Trofa Saúde
Luís Drummond Borges, Chief Commercial Officer da Lusíadas Saúde
Moderação: André Veríssimo, Subdiretor do ECO

18h00 – Encerramento

Cristina Vaz Tomé, Secretária de Estado da Gestão da Saúde

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O desfile de moda da Louis Vuitton coloca Barcelona no epicentro da moda, da criatividade e do turismo de qualidade

  • Servimedia
  • 22 Maio 2024

O desfile de moda da Louis Vuitton, esta quinta-feira, no Parque Güell, em Barcelona, transformará a capital catalã no epicentro da moda, do design, da criatividade e do luxo.

A marca francesa, principal patrocinadora da competição de vela America’s Cup, apresenta a sua coleção “Cruise” e dá mais um passo em frente na sua estreita relação com a cidade, projetando-a para o mundo como uma capital cosmopolita na vanguarda das tendências.

Para a marca de luxo, apresentar-se em Barcelona significa reforçar laços de longa data. Como a empresa recordou ao anunciar a data do desfile, foi nesta cidade que abriu a primeira loja em Espanha, em 1987, e, juntamente com as duas lojas que possui em Barcelona, tem uma rede de oficinas de marroquinaria que emprega mais de 1800 trabalhadores.

Para os principais agentes socioeconómicos da cidade, este evento terá um impacto no mundo com imagens que identificam a cidade e os seus valores, como a criatividade, o design e o talento que inspiraram um génio catalão universal como Gaudí. Além disso, o desfile faz parte do programa de eventos ligados à America’s Cup, declarada evento excecional de interesse público.

O setor económico da capital catalã sublinha também que ser uma montra do luxo significa cuidar do segmento de luxo que é atraído pelo potencial e pela qualidade de Barcelona, quer através de lojas ou estabelecimentos em pontos-chave da cidade, quer investindo num determinado tipo de turismo com maior poder de compra, que gasta mais em experiências e cultura locais e que tende a vir de mercados de longa distância, como os Estados Unidos ou a Ásia, prolongando a sua estadia na cidade.

Esta é uma aposta que terá impacto nos próximos anos, onde haverá mais interesse em Barcelona pela sua autenticidade e experiência do ponto de vista dos visitantes, de acordo com as fontes consultadas. Neste sentido, consideram que o luxo é, juntamente com as várias feiras de impacto global que Barcelona acolhe, a oferta cultural e o setor tecnológico e médico, fatores que sustentam os passos para um turismo estratégico e de qualidade.

Para além do desfile de moda, em 2025 a capital catalã acolherá um evento, o Business of Luxury Summit, que se junta a este objetivo de qualidade e diferenciação. A conferência da indústria do luxo promovida pelo Financial Times acaba de se realizar em Veneza e Barcelona acolhe-a de 18 a 20 de maio do próximo ano. A vigésima primeira edição reunirá os principais intervenientes do setor do luxo para debater as tendências e os desafios do setor.

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