Preço do lítio pressionado em 2025. China e Trump ditam excesso de oferta

O abrandamento económico na China e a produção acentuada de lítio, assim como o travão de Trump nos incentivos verdes, estão a pressionar os preços do lítio, que devem manter-se ou até descer em 2025.

Os preços do lítio chegam a 2025 com uma tendência negativa, depois de uma quebra de mais de 20% em 2024, que afastou os preços do pico de 2022. O excesso de oferta atual e a redução na procura faz com que a evolução dos preços deste metal ao longo do presente ano não seja promissora, assinalam os analistas contactados pelo ECO/Capital Verde, embora possa verificar-se um futuro mais risonho a longo prazo.

Espera-se um ano de consolidação de preços, sem aumentos significativos, ou até mesmo com uma pequena descida, devido ao excesso de oferta e à desaceleração da procura”, prevê o representante de contas da ActivTrades, Henrique Valente.

Apesar do abrandamento nas vendas de veículos elétricos na China nos últimos dois anos, as mineiras de lítio continuam a operar, evitando fechar instalações para preservar a sua quota de mercado e manter relações estratégicas com governos e fabricantes de baterias, justificando a queda de preços em 2024, observa Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa. “Essa manutenção da produção excessiva mantém a oferta elevada, pressionando os preços eventualmente em 2025“, conclui.

Assistiu-se a uma desvalorização do lítio superior a 20% em 2024, relata o Banco Carregosa, que deteta uma “forte volatilidade no preço do carbonato de lítio” nos últimos anos. “Tem sido visível um claro excesso de oferta que conduziu os preços a uma queda superior a 80% desde os máximos de 2022“, acrescenta Henrique Tomé, analista na XTB.

Em 2022, o preço do lítio ultrapassou os 70.000 dólares por tonelada, disparando a par da procura de veículos elétricos e dos avanços no armazenamento de energia, mas caiu mais de 80% nos dois anos seguintes, para cerca de 10.000 dólares.

O caso do lítio ilustra o clássico ciclo das matérias-primas, explica Henrique Valente. Uma mudança estrutural, neste caso a orientação para a aposta em veículos elétricos, provoca uma subida acentuada nos preços de uma matéria-prima. Este aumento atrai novos investimentos, mas há um desfasamento entre os sinais de preço, que são imediatos, e a expansão da oferta, que depende da construção de infraestruturas, estudos de impacto ambiental e processos de licenciamento.

“Durante este intervalo, o desequilíbrio entre a oferta e a procura contribui para a escalada de preços. Quando a nova oferta chega ao mercado, ocorre uma correção seguida de uma desalavancagem generalizada do setor”, conclui o analista da ActivTrades.

China, Trump e outros pesos pesados ‘esmagam’ o lítio

“O lítio continuará a ser considerado o ‘ouro branco’ da transição energética”, assume Henrique Valente, olhando à escassez de alternativas viáveis. No entanto, os analistas apontam vários fatores que afetam, negativamente, os preços deste metal precioso.

O excesso de oferta de lítio proveniente da China é apontado pela ActivTrades como uma das principais pressões sobre o preço da matéria-prima. Prevê-se uma acumulação de inventários até 2027, aponta Valente. Mas também têm existido desenvolvimentos relevantes fora do gigante asiático. Paulo Rosa assinala que, no Chile, está prevista uma duplicação da produção de lítio na próxima década. Em paralelo, a brasileira Rio Tinto ampliou a sua presença no mercado, ao adquirir a Arcadium Lithium, nos Estados Unidos, por 6,7 mil milhões de dólares. Além disso, investiu mais de 2,5 mil milhões de dólares para expandir a capacidade do projeto Rincon, localizado na Argentina.

Por outro lado, “a aceleração da procura, impulsionada pela transição energética, não será tão imediata como inicialmente antecipada“, escreve a ActivTrades, assinalando a desaceleração na adoção de veículos elétricos “em mercados chave”.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump prometeu reduzir os incentivos à produção e adoção de veículos elétricos. Já a desaceleração do crescimento económico na China prejudica a venda de elétricos neste país, aponta o Banco Carregosa. Trump tem ainda adotado uma postura cética em relação às energias renováveis, o que prejudica o lítio na medida em que o armazenamento também é aplicável ao sistema elétrico, relembra a XTB.

“Se esta abordagem se materializar durante a sua governação, teria um impacto negativo nos investimentos no setor a curto prazo, retardando o seu desenvolvimento”, prevê a ActivTrades. O esperado reforço do investimento na exploração de combustíveis fósseis também poderá levar a uma desvalorização maior do lítio, acrescenta Henrique Tomé.

A par destas dificuldades, o Banco Carregosa destaca eventuais avanços na tecnologia das baterias, que podem aumentar a eficiência e levar a uma redução do uso de lítio, moderando o crescimento da procura. Novas alternativas, como baterias de íons de sódio, ou “baterias de sal”, podem também fazer sombra ao ouro branco.

Contudo, nem tudo são pressões negativas. A refrear o excesso de procura podem vir a estar questões ambientais, geopolíticas e atrasos em projetos de mineração, acrescenta Paulo Rosa. “A longo prazo, a procura pelo lítio deverá continuar a crescer, movida pela crescente necessidade de baterias e pela transição para a eletrificação“, perspetiva ainda a ActivTrades. Este aumento também deve ser reforçado pelas metas de redução de emissões de carbono, pelo papel ativo dos governos na subsidiação e promoção das energias renováveis.

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Da gastronomia à natureza, os trunfos que os municípios levam à Fitur

De Norte a Sul do país, municípios acenam aos visitantes da Fitur, em Madrid, com os melhores ativos turísticos das regiões para alavancar a economia local.

Colocar o território no mapa do turismo internacional, acenando com o que de melhor existe em cada uma das regiões para captar cada vez mais visitantes, de modo a alavancar a economia local. É este um dos grandes objetivos que leva cada vez mais municípios portugueses a participar, a partir desta quarta-feira, na Feira Internacional de Turismo (Fitur) de Madrid.

Cada concelho usa os melhores trunfos que tem, como as únicas e memoráveis experiências que pode proporcionar, para estar sob os holofotes daquela que é considerada a maior feira de turismo da Península Ibérica e uma das mais importantes da Europa. E algumas das autarquias até juntam sinergias, “numa parceria inédita”, para apresentar uma estratégia conjunta, como acontece com as quatro comunidades intermunicipais (CIM) da região Centro do país – Leiria, Coimbra, Beiras e Serra da Estrela, e Viseu Dão Lafões.

Parque Natural da Serra da EstrelaTurismo Centro de Portugal

Juntos, conseguimos apresentar uma proposta turística integrada que destaca as singularidades de cada território, consolidando a nossa posição como um destino de referência no mercado ibérico”, começa por assinalar Fernando Ruas, presidente da CIM Viseu Dão Lafões.

Até 26 de janeiro, as quatro CIM avançam com uma estratégia comum na 45.ª edição da Fitur “com o objetivo de reforçar a notoriedade do território enquanto destino turístico diferenciador”, nota, por sua vez, Emílio Torrão, presidente da CIM Região de Coimbra. E os municípios têm razões de sobra para o fazer. Até porque, “este tipo de iniciativas reforça o posicionamento internacional da região e o seu atrativo no competitivo mercado turístico global”, justifica Gonçalo Lopes, na liderança da comunidade da Região de Leiria.

Juntos, conseguimos apresentar uma proposta turística integrada que destaca as singularidades de cada território, consolidando a nossa posição como um destino de referência no mercado ibérico.

Fernando Ruas

Presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões

Igualmente Luís Tadeu, responsável pela CIM da Região Beiras e Serra da Estrela, considera tratar-se de “uma oportunidade ímpar para destacar o papel [destas regiões] no mapa turístico ibérico europeu e reforçar a visibilidade dos territórios conhecidos pela sua tradição cultural e histórica, gastronomia, natureza e aventura e saúde e bem-estar”.

Num espaço comum, as quatro comunidades vão dar a conhecer os diversos ativos turísticos, como o enoturismo e as experiências de referência do território. Tempo ainda para conquistar os turistas pelo paladar com momentos para degustação de queijos e vinhos dos quatro territórios, bem à semelhança do que outras regiões do país vão fazer nesta 45.ª edição da Fitur.

Serra do Larouco, Montalegre, distrito de Vila Real, 14 de outubro de 2017. PEDRO SARMENTO COSTA / LUSAPEDRO SARMENTO COSTA / LUSA

Também a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT), uma estreia neste certame, visa posicionar-se como um destino de excelência para experiências de gastronomia, enoturismo e natureza.

“Além de promover os nossos ativos, geramos impactos positivos na economia local, estimulando o crescimento do turismo e do comércio regional”, afirma Ramiro Gonçalves, primeiro secretário da CIMAT. Esta comunidade integra os municípios de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.

Queremos mostrar ao mundo que o Oeste é muito mais do que um destino, é uma experiência autêntica que combina tradição, inovação e hospitalidade.

Pedro Folgado

Presidente da Comunidade Internacional do Oeste (OesteCIM)

Desde a Feira de Sabores e o Festival Gastronómico (Chaves), passando pelo icónico Vinho dos Mortos e o Boticas Parque (Boticas) até à apresentação da Festa de São Brás e as Carranhosas – considerados ícones da identidade cultural local de Ribeira de Pena –, e os fumeiros de Montalegre, muitos são os ativos que esta região mostra neste certame.

Além de dar a conhecer os produtos turísticos e conquistar visibilidade internacional, as autarquias pretendem ainda “fortalecer a rede de contactos e parcerias com operadores turísticos e investidores”, detalha Ramiro Gonçalves.

NazaréCâmara Municipal da Nazaré

Depois de, na edição de 2023, ter contabilizado a visita de 250.000 pessoas no seu stand, a OesteCIM volta a pisar território madrileno para acenar com os produtos, as paisagens, as praias e a gastronomia para captar mais visitantes e investimento no território.

Queremos mostrar ao mundo que o Oeste é muito mais do que um destino, é uma experiência autêntica que combina tradição, inovação e hospitalidade”, frisa o presidente da OesteCIM, Pedro Folgado. Esta comunidade representa os concelhos de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.

Mais a Norte, Gondomar vai a Madrid, pelas mãos do Turismo de Portugal, reafirmar a filigrana, classificada no inventário nacional como património cultural imaterial e um ícone deste território. Em destaque estará a Rota da Filigrana com a mestria das artesãs do ofício desta técnica secular.

Em 2024, a Fitur registou 153 mil profissionais e 97 mil visitantes do público em geral.

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Sucesso dos media em 2025 depende de “apoio governamental contínuo”, alerta APImprensa 

APImprensa e Plataforma de Media Privados antecipam os principais desafios para 2025.

Cláudia Maia, presidente da APImprensa.

A Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa) espera “consolidar avanços na digitalização e inovação do setor” em 2025, mas realça que o sucesso “depende de apoio governamental contínuo e políticas que promovam a sustentabilidade”. Sem a “intervenção adequada”, Cláudia Maia, presidente da APImprensa, antecipa que “a escassez de publicações poderá agravar-se, particularmente em regiões onde a informação local já é insuficiente”.

Segundo a responsável, a sustentabilidade financeira do setor continua em risco devido à queda nas receitas publicitárias e ao aumento dos custos de produção, pelo que a APImprensa tem promovido junto do poder político “um conjunto de medidas de apoio ao setor”.

E o atual Governo também “já deu sinais de que pretende apoiar a imprensa”, refere, nomeadamente com o Plano de Ação para a Comunicação Social, que “responde a muitas das propostas que têm vindo a ser feitas pela associação”, como o aumento do porte pago, os apoios à modernização tecnológica ou a publicitação dos fundos europeus e das deliberações autárquicas na imprensa local e regional.

Estes apoios são essenciais para enfrentar o que a associação considera um contexto económico desfavorável, que ameaça a viabilidade de muitos editores e a qualidade da informação disponível para os cidadãos. No fundo, são essenciais para garantir que a imprensa continua a desempenhar um papel vital na democracia portuguesa“, diz Cláudia Maia que alerta, no entanto, que “falta concretizar estes incentivos“.

Luís Nazaré, diretor executivo da Plataforma de Media Privados (PMP).

Também Luís Nazaré, diretor executivo da Plataforma de Media Privados (PMP) — que antecipa um 2025 “árduo”, face às “transformações tecnológicas e socioeconómicas, bem como às lacunas na defesa dos princípios da liberdade e do funcionamento justo do mercado” –, considera que “a implementação efetiva das medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social, em todos os seus eixos, poderá mitigar o quadro adverso do atual contexto“.

Para este ano e para os anos seguintes, o responsável antevê ainda uma “mistura” de desafios e oportunidades. Ao nível das “ameaças, cada vez mais intensas”, aponta o “poder abusivo” das plataformas digitais, a “pirataria impune” e as falhas do sistema de regulação.

Já a APImprensa acredita que o setor dos media enfrenta desafios significativos em 2025, nomeadamente ao nível da evolução tecnológica e, em particular, com a inteligência artificial (IA). É nesse sentido que a associação destaca a “urgência de modernizar e adaptar o setor, uma vez que mais de um terço das publicações ainda não têm uma presença digital robusta“.

“Para se manterem competitivos e relevantes, os meios têm de investir em inovação tecnológica e fortalecer a sua presença digital, de forma a captar a atenção de públicos mais jovens e diversificados. A IA apresenta oportunidades para automatizar certas tarefas editoriais, como a curadoria de conteúdos e a personalização de notícias, ainda que coloque também desafios em termos de verificação de factos e combate à desinformação, que se intensifica com as tecnologias de IA generativa“, entende Cláudia Maia.

Neste sentido, além de continuar a trabalhar com o Governo na “discussão de medidas que ajudem a fortalecer a imprensa nacional”, a APImprensa vai trabalhar este ano na “expansão de parcerias com empresas tecnológicas que sirvam as necessidades dos editores e a formação digital dos seus membros, para aproveitarem melhor as ferramentas de IA e as tendências emergentes no consumo de informação”.

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BCE, turismo e economia: a tríade do terceiro dia em Davos

Christine Lagarde é a figura de destaque esta quarta-feira na estância suíça. O ministro da Economia, Pedro Reis, termina a sua série de encontros bilaterais no Fórum Económico Mundial, na Suíça.

A intervenção da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, é a mais esperada no terceiro dia do Fórum Económico Mundial em Davos, que decorre uma semana antes da próxima reunião do Conselho de governadores do BCE, onde analistas antecipam o primeiro corte de juros do ano. Apesar de ser a figura principal do certame, é presença habitual nos Alpes suíços.

Desta vez, Christine Lagarde vai dividir o palco, às 15h15 (hora de Lisboa), com o CEO da L’Oréal, o empresário francês Nicolas Hieronimus, a CEO da gigante da ciência e tecnologia alemã Merck, Belen Garijo, e o vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, para debater o que é necessário para que os líderes estejam à altura dos desafios demográficos e de produtividade na União Europeia, na sequência de relatos de “vulnerabilidades” e agonia lenta”, como caracterizou o relatório Draghi sobre a competitividade europeia.

O discurso de Christine Lagarde ocorre pouco depois de o economista austríaco Robert Holzmann, governador do banco central da Áustria, ter dito na segunda-feira, em entrevista ao Político, que “cortar as taxas de juros quando a inflação sobe mais rápido do que o previsto, mesmo que temporariamente, corre o risco de prejudicar a credibilidade” da instituição com sede em Frankfurt. Mais: alertou que os riscos de nova escalada de preços estão a crescer e a decisão de cortar os juros, na próxima reunião de política monetária, ainda não é certa. O conselho de governadores do BCE reúne-se nos dias 29 e 30 de janeiro.

o ministro da Economia, Pedro Reis, termina hoje a sua série de encontros bilaterais na Suíça, que arrancaram ontem com uma agenda repleta de reuniões com outros governantes de países como Angola e Arábia Saudita. A comitiva política portuguesa é ainda composta pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, que falou esta terça-feira.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, que recentemente fez correr tinta por querer limitar a compra de casa por investidores não europeus, é outro dos políticos que sobressai na agenda do fórum esta quarta-feira, assim como a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

O programa prevê ainda outros tópicos de relevo para a economia mundial, entre os quais o turismo no panorama de negócios, tendo por base o cenário económico emergente que se espera para 2025. Para tal, o leque de oradores também é premium: uma managing director da consultora Bain & Company, Karen Harris, o economista-chefe da AXA Investment, Gilles Moëc, e o economista-chefe do Banco Bradesco, o brasileiro Fernando Honorato Barbosa. Na vertente do desenvolvimento turístico, a presidente executiva da Trip.com, Jane Sun, o comissário europeu Apostolos Tzitzikostas, o primeiro-ministro da Albânia e o ministro do Turismo da Arábia Saudita, Ahmad Alkhateeb, com quem Pedro Reis tem reunião marcada.

Energia dá gás ao segundo dia de trabalhos

Horas após Donald Trump tomar posse como 47º presidente dos EUA, começavam os trabalhos na estância de esqui mais famosa do mundo esta semana — e o tema Casa Branca não foi ignorado pelas personalidades que estiveram em Davos, nomeadamente a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho.

Em linha com o objetivo de Donald Trump de que os outros países aumentem as importações de petróleo e gás natural norte-americanos, o Governo português mostrou-se disponível e interessado em comprar mais Gás Natural Liquefeito (GNL) aos EUA e também à Nigéria para reduzir (ainda mais) os negócios de energia com a Rússia.
“Já somos bastante independentes do gás russo. Em 2021, tivemos 15% de importações deste gás e no ano passado passámos a importar 5%. Esperamos diminuir ainda mais essa percentagem, importando sobretudo gás da Nigéria e dos EUA”, antecipou ontem Maria Graça Carvalho, no debate em Davos.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, faz uma curta intervenção após visitar uma pedreira de mármore no âmbito de uma visita ao concelho de Vila Viçosa, 13 setembro 2025. NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

A presidente da Comissão Europeia abordou o mesmo assunto e garantiu que existe interesse em negociar, embora “as regras do jogo” estejam “a mudar”. “Nenhuma outra economia está tão integrada como estamos. De todos os ativos americanos no estrangeiro, dois terços estão na Europa e os EUA fornecem 50% do nosso GNL. As empresas europeias contratam cerca de 3,5 milhões de americanos, e outros milhões de empregos dependem do comércio com Europa”, argumentou Ursula von der Leyen.

O CEO da EDP, que também se deslocou a Davos no dia seguinte à tomada de posse de Donald Trump, garantiu que continua a ver os EUA como um grande mercado para a empresa portuguesa, até porque a maior economia do mundo precisa “de toda a oferta [de energia] que for possível”. Em entrevista ao canal CNBC, Miguel Stilwell de Andrade previu inclusive o crescimento, dada a necessidade de fontes de energia para alimentar os centros de dados e desenvolvimento de sistemas de IA.

EDP apresenta rebranding da marca - 02JUN22

A 55ª edição do Fórum Económico Mundial, que decorre entre os dias 20 e 24 de janeiro, está subordinada ao tema “Collaboration for the Intelligent Age” (“Colaboração para a Era da Inteligência”) e deverá receber cerca de três mil líderes mundiais de 130 países, entre os quais 60 chefes de governo e 900 CEO ou presidentes de empresas. A CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, vai discursar na quinta-feira às 12h15 (hora de Lisboa) sobre como se pode garantir um acesso mais equitativo aos benefícios da inteligência artificial a nível global.

Para receber todas estas individualidades, a segurança está reforçada em Davos desde o Natal através de cerca de cinco mil membros das Forças Armadas suíças que estão destacados para evitar e responder às ameaças de violência ou terrorismo. Desta vez, o contexto meteorológico é menos severo, comparativamente ao ano passado, quando as mínimas eram de -16ºC. Até sexta-feira, esperam-se temperaturas mínimas de – 6ºC e máximas de 7ºC.

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Zurab Pololikashvili, Secretário-Geral do Turismo da ONU: “O turismo é um defensor silencioso da paz e da unidade”

  • Servimedia
  • 22 Janeiro 2025

Coincidindo com a abertura da Fitur 2025, a ONU Turismo deu início à celebração do seu 50º aniversário com um evento de alto nível em Madrid.

Presidida pelo Secretário-Geral, Zurab Pololikashvili, a entidade destacou que o evento reafirmou o papel do turismo como um “motor de coesão, compreensão e paz num mundo marcado por divisões e conflitos”.

No seu discurso comemorativo, Pololikashvili sublinhou os desafios que o setor enfrenta, destacando a capacidade do turismo para promover o respeito mútuo e o diálogo. “O turismo é, em tempos de divisão, um defensor silencioso mas poderoso da unidade. Hoje, quando nos reunimos para celebrar, não podemos ignorar a realidade: 56 conflitos ativos assolam o mundo, o número mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, acreditamos que o turismo, quando floresce, traz estabilidade; oferece às comunidades uma participação na paz; mostra que o diálogo supera a discórdia e que as experiências partilhadas transcendem as fronteiras. O turismo é paz e a paz é turismo”, afirmou.

Durante o seu discurso, o Secretário-Geral refletiu sobre a capacidade do turismo para ultrapassar crises mundiais como os ataques de 11 de setembro, a pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia. “Ao longo dos anos, à medida que o turismo evoluiu, esta organização também evoluiu. Desde a União Internacional das Organizações Oficiais de Viagens até ao Turismo da ONU de hoje, temos respondido aos desafios do nosso tempo”, afirmou.

O evento destacou as realizações da ONU Turismo na criação de Gabinetes Regionais e Temáticos em regiões-chave como a Arábia Saudita e o Uzbequistão, bem como a sua aposta na aproximação entre o global e o local. Estes gabinetes foram criados durante os mandatos de Pololikashvili, que se candidata agora a um terceiro mandato, sublinhando o seu empenho na educação, na inovação e no investimento como pilares para garantir que o turismo continue a ser um motor de crescimento económico e de sustentabilidade.

“O nosso compromisso com a educação, a inovação e o investimento garante que o turismo continua a ser um veículo de capacitação e resiliência. Presto homenagem aos visionários que nos precederam, cuja visão transformou o turismo numa força global. Atualmente, enfrentamos um futuro de rápidos avanços tecnológicos e desafios imprevisíveis. Juntos, com os Estados-Membros, estamos a construir um setor inclusivo, sustentável e virado para o futuro”, concluiu Pololikashvili.

FITUR

O 50.º aniversário da ONU Turismo coincide com a 45.ª edição da Fitur, a feira internacional de turismo mais importante do setor. Durante o evento, Pololikashvili destacou a importância da Fitur no desenvolvimento do turismo mundial. “Nascida apenas cinco anos antes da ONU Turismo, a FITUR cresceu connosco, exemplificando o espírito de colaboração que define o nosso setor”, afirmou.

Nesta edição, o Brasil é o país parceiro convidado, com a presença em Madrid do seu Ministro do Turismo, Celso Sabino. Para além disso, o Brasil assume a presidência do Conselho Executivo do Turismo da ONU para 2025. Pololikashvili agradeceu ao Brasil a sua “liderança e colaboração”.

 

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Antiga Sonae Capital engorda rede de ginásios “low cost” até aos 40

Negócio de ginásios detido pela holding da família Azevedo vai continuar a crescer em 2025 com a abertura de duas unidades da Solinca e de 16 da marca Element, que já levou para a Chéquia.

Depois de ter investido mais de 10 milhões de euros no ano passado para fazer crescer a marca Element Gyms de 14 para 24 ginásios, a SC Fitness, que detém também a rede Solinca, tem um plano de expansão para chegar até ao final de 2025 com 40 unidades neste segmento “low cost”, adiantou ao ECO o presidente executivo, Bernardo Novo.

O gestor da empresa detida pela SC Investments — resultou da reestruturação do portefólio da Sonae Capital e pertence a 100% à Efanor, holding da família Azevedo – adianta que, após abrir em Canidelo (Gaia) a 30 de dezembro, prosseguiu “a bom ritmo” em janeiro com aberturas em Braga, Águas Santas (Maia), Castelo Branco e Oeiras (Taguspark), e chega ainda este mês ao Campo Pequeno (Lisboa).

“Dos novos ginásios, cinco foram construídos de raiz e um foi uma aquisição. O mercado português pode continuar a consolidar e a SC Fitness quer liderar esse movimento. Em 2024 assumimos a gestão de vários ginásios e, neste momento, temos outros processos de negociação e avaliação em curso que esperamos concluir nos próximos meses”, avança Bernardo Novo.

O mercado português pode continuar a consolidar e a SC Fitness quer liderar esse movimento. Em 2024, assumimos a gestão de vários ginásios e, neste momento, temos outros processos de negociação e avaliação em curso.

Bernardo Novo

CEO da SC Fitness

Criada no final de 2020 e acelerada pela pandemia que fez cair a pique a faturação dos ginásios, a Element tem um processo de gestão 100% digital, desde a inscrição até à frequência, com a promessa de “democratizar do fitness, tornando o treino mais autónomo e acessível a todos os jovens”. E foi com esta marca que a família Azevedo decidiu internacionalizar o negócio dos ginásios em 2024.

O líder da SC Fitness contabiliza que, neste momento, já tem quatro ginásios “em plena operação” na Chéquia, na região da Morávia, e “com uma performance muito positiva”. “Temos uma abertura prevista para abril e, no segundo semestre, iremos continuar a crescer” neste país do leste europeu, acrescenta.

Bernardo Novo, CEO da SC Fitness

Questionado sobre se está a ser avaliada a expansão para outros países, Bernardo Novo responde que está “focado em consolidar a operação na Chéquia e crescer durante 2025”. “Em paralelo”, completa o gestor da empresa controlada pela SC Investments, que este ano vai entrar com hotel na Madeira e somar uma unidade turística no Algarve, está “obviamente atento a oportunidades que surjam noutros mercados, mas sem fazer disso um a prioridade”.

A SC Fitness soma mais de 1.000 colaboradores e fechou o último exercício com uma “faturação a rondar os 63 milhões de euros”. No que toca à marca principal detida pela empresa, a rede da Solinca está a operar com 35 ginásios e no planeamento para este ano está a abertura de mais duas localizações, uma delas ainda no primeiro trimestre, refere o CEO, sem fornecer mais detalhes.

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Salário de Marcelo sobe 650 euros e Montenegro ganha mais 500 com fim dos cortes. Ordenados “ainda são baixos”, dizem peritos

Aguiar-Branco, deputados e autarcas conseguem um aumento de mais de 200 euros com a eliminação da penalização de 5%. Chega entrega aumento a instituições e Livre lança iniciativa para apoiar formação.

Os titulares de cargos políticos vão ter um aumento na conta bancária de até 650 euros brutos, a partir deste mês, com o fim do corte salarial de 5%, aprovado pelo Parlamento por proposta de PSD e CDS, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), e por via da atualização geral dos vencimentos da Função Pública em 2,15% para este ano.

O ordenado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai saltar cerca de 650 euros para 11.718,2 euros mensais brutos; o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, terá um vencimento de 9.374,55 euros, um incremento remuneratório de 525 euros; e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai auferir 8.768,65 euros, o que significa um encaixe adicional de 472 euros (ver quadro em baixo), segundo as contas feitas pelo ECO. De salientar que estes valores são brutos. Descontando IRS, contribuições sociais e ADSE, os ordenados podem encolher para metade como é o caso do salário de Marcelo que passa de 11.700 euros brutos para cerca de 6.000 euros líquidos.

Mas os salários “ainda são baixos” para as funções e responsabilidade em causa, alertam os peritos consultados pelo ECO que elogiam a reposição dos 5% que perdurava desde os tempos das troika. Ainda assim, reconhecem que, face à remuneração bruta média do país, de 1.528 euros por mês, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os vencimentos dos políticos podem ser um “tema incómodo e muito propício a abordagens populistas”. Veja-se, por exemplo, a polémica ação de protesto realizada pelo Chega contra a aprovação do fim do corte salarial, com a colocação de tarjas nas janelas do Parlamento, em clara “vandalização” do património público, como acusou, na altura, o presidente da Assembleia da República.

Os ministros serão aumentados em 427 euros mensais brutos e os secretários de Estado 389 euros, totalizando ordenados de 7.616,83 euros e de 6.779,81 euros ilíquidos, respetivamente. Também os vice-presidentes do Parlamento, como Teresa Morais, do PSD, Marcos Perestrello, do PS, Diogo Pacheco de Amorim, do Chega, ou Rodrigo Saraiva, da IL, terão um ganho adicional de 315 euros, totalizando um salário de 5.231,34 euros mensais brutos. Os deputados vão receber 4.185,07 euros: são mais 293 euros. E, se estiverem em exclusividade de funções, o avanço será maior, de 302 euros, para 4.603,58 euros, de acordo com as contas do ECO, entretanto confirmadas esta terça-feira pela Assembleia, através da publicação da respetiva tabela remuneratória no site do Parlamento.

As estas retribuições acrescem ainda ajudas de custo com alojamento, alimentação e deslocação, no caso dos parlamentares. Os governantes e membros dos seus gabinetes vão voltar a auferir estes abonos a partir deste ano, depois de terem sido retirados durante o período do resgate financeiro. Mas estes apoios, agora repostos, por decisão do atual Executivo de Luís Montenegro, terão “limites” e “regras de utilização”, que ainda serão definidos por portaria dos ministérios das Finanças e da Presidência.

Os cálculos para apurar os vencimentos dos titulares dos órgãos políticos foram realizados pelo ECO a partir da legislação em vigor e somando o salário base (indexado à remuneração do Chefe do Estado) às despesas de representação, uma parcela do vencimento que é paga de forma regular, todos os meses.

O vencimento do Presidente da República estava, no ano passado, em 8.193,97 euros mensais brutos. Aplicando a atualização da Função Pública de 2,15%, aquela remuneração sobe para 8.370,14 euros, já sem o corte de 5%. A este valor acrescem as despesas de representação, de 3.348,06 euros, que correspondem a 40% do salário base. Juntando as duas parcelas, Marcelo Rebelo de Sousa vai receber 11.718,2 euros.

Os ordenados dos restantes titulares de cargos políticos estão indexados à remuneração base do Chefe de Estado. O salário do presidente da Assembleia da República corresponde a “80% do vencimento do Presidente da República“, de acordo com o estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos. Para além disso, “tem direito a um abono mensal para despesas de representação no valor de 40% do respetivo vencimento“, segundo o mesmo diploma. Assim, José Pedro Aguiar-Branco vai receber 6.696,11 euros brutos de vencimento mais 2.678,44 euros de despesas de representação, o que totaliza 9.374,55 euros ilíquidos.

No caso do primeiro-ministro, o vencimento é equivalente a 75% do ordenado base do Presidente da República, o que resulta num ganho mensal bruto de 6.277,61 euros. Tem ainda direito “a um abono mensal para despesas de representação no valor de 40% do respetivo vencimento”, o que corresponde a 2.491,04 euros. No total, vai auferir 8.768,65 euros ilíquidos por mês.

Já os vencimentos dos ministros são 65% do ordenado do Chefe de Estado, o que se traduz em 5.440,59 euros mensais brutos. A esta parcela acrescem despesas de representação, correspondentes a 40% da respetiva remuneração: 2.176,24 euros. Tudo somado, dá um ganho mensal global de 7.616,83 euros brutos por mês. Os secretários de Estado recebem 60% do montante que é atribuído ao Presidente da República, isto é, 5.022,08 euros. Mais o abono mensal de 35% do respetivo salário, no valor de 1.757,73 euros, estes governantes terão uma remuneração mensal global de 6.779,81 euros.

No que diz respeito aos deputados, o salário corresponde a 50% do salário base de Belém. Isto significa que, este ano, os parlamentares irão auferir um vencimento de 4.185,07 euros. Se estiverem em exclusividade de funções, têm direito um abono mensal para despesas de representação equivalente do seu ordenado base 10%, isto é, a mais 418,51 euros. Juntando as duas alíneas, estes deputados terão uma retribuição brutal mensal de para 4 603,58 euros. O montante a atribuir aos vice-presidentes da Assembleia da República para despesas de representação é superior, sendo equivalente a 25% do seu ordenado base, o que corresponde a 1.046,27 euros. Assim, estes parlamentares conseguem tirar 5.231,34 euros no final do mês.

O fim da penalização de 5% sobre os salários dos titulares de órgãos políticos e gestores públicos, implementada em 2010, durante o chamado PEC [Programa de Estabilidade e Crescimento] II de José Sócrates, também vai beneficiar os presidentes de câmara e vereadores dos executivos municipais a tempo inteiro.

Os vencimentos destes autarcas são guiados pelo vencimento de Belém, sendo que as percentagens variam consoante o número de eleitores, segundo o estatuto dos eleitos locais. Os presidentes dos municípios de Lisboa, Carlos Moeda, e do Porto, Rui Moreira, ganham 55% do ordenado do Presidente da República, o que corresponde a 4.603,58 euros mensais brutos. A esta parcela, acrescem ainda despesas de representação no valor de 30% do vencimento base, isto é, 1,381,13 euros. Tudo somado, dá um ganho mensal bruto de 5.984,10 euros, o que significa um aumento de cerca de 351 euros face ao vencimento atual. No caso dos vereadores em regime de permanência, o incremento remuneratório será de 273 euros (ver tabela em cima), entre o ordenado de 3.682 euros mensais, equivalente a 80% do vencimento do presidente da autarquia, e os abonos mensais de 736,57 euros, que correspondem a 20% do respetivo ordenado.

Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, e Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa

Em autarquias com um número de votantes superior a 40 mil como Oeiras, Cascais ou Vila Nova de Gaia, o ordenado do presidente de câmara corresponde a 50% da remuneração base do Chefe do Estado a que se somam abonos mensais para despesas de representação. No total, estes autarcas vão receber 5.440,60 euros, isto é, mais cerca de 319 euros face ao vencimento do ano passado. Os vereadores a tempo inteiro vão dar um salto salarial de cerca de 248 euros para 4.017,67 euros.

Nos executivos municipais com um número de eleitores entre 40 mil e 10 mil, os presidentes auferem 45% do ordenado do Chefe do Estado, isto significa, para este ano, um ordenado de 3.766,56 euros mensais brutos, sem o corte de 5%. Adicionando as despesas de representação, no valor de 1.129,97 euros, estes edis vão ganhar 4.896,53 euros, ou seja, mais cerca de 287 euros. No caso dos vereadores, o incremento remuneratório irá rondar os 224 euros, o que irá elevar a retribuição final de 3.392,31 euros para 3.615.90 euros ilíquidos por mês.

Nas câmaras mais pequenas, com menos de 10 mil eleitores, os vencimentos dos presidentes sobem 255 euros para 4.352,48 euros mensais brutos, já incluindo as despesas de representação de 1.004,42 euros. Os vereadores vão auferir 3.214,14 euros, entre salário (2.678,45 euros) e abonos (535,69 euros), o que significa um incremento de 199 euros.

Especialistas alertam para “salários baixos” e criticam deriva “populista”

Protesto do Chega nas janelas da Assembleia da República contra a aprovação, no Parlamento, do fim do corte de 5% nos salários dos titulares de cargos públicos.JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Apesar dos aumentos salariais expressivos dos titulares de órgãos políticos por via do fim do corte de 5% e da atualização regular dos ordenados da Função Pública, vários especialistas ouvidos pelo ECO consideram que “os ordenados ainda são demasiado baixos para as funções e responsabilidades em causa, em especial no que diz respeito a funções executivas“, conclui André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

O politólogo concorda com o fim da penalização de 5% sobre o salário, uma vez que “os restantes cortes implementados em circunstâncias similares já foram levantados”. “Parece-me até demagógico e sintoma de cobardia política que ainda se mantivesse”, sublinha. No entanto, e “tendo em conta o baixo nível salarial geral do país, o tema é compreensivelmente incómodo e muito propício a abordagens populistas”, reconhece. Os últimos dados do INE indicam que o salário médio bruto, Portugal, está nos 1.528 euros mensais, o que compara com o ordenado do primeiro-ministro que ultrapassa os oito mil euros brutos ou de um deputado, que ronda os 4.600 euros ilíquidos, já contando com os abonos para despesas de representação.

Ainda assim, defende, “quem ocupa posições executivas de grande responsabilidade deveria ter remunerações superiores”. “As remunerações de quem exerce cargos políticos não são apenas pouco atraentes por comparação com as posições melhor remuneradas no setor privado, mas também por comparação com posições no próprio setor estatal, incluindo posições de nomeação eminentemente política como entidades reguladoras e variadas empresas estatais, as quais acabam por ser assim destinos privilegiados das redes de clientelismo partidário, argumenta.

António Costa Pinto, professor de Ciência Política e investigador no Instituto de Ciências Social, também considera que “os políticos, em Portugal, são mal pagos”. Porém, “quando há um forte sentimento anti-partidos, não é fácil aumentar os salários dos políticos”, admite. “Há um grande receio político de impopularidade por parte dos grandes partidos, há uma extrema dificuldade em assumir politicamente um salário de um político com dedicação exclusiva”, sublinha.

Para Costa Pinto, “o ponto mais importante é prosseguir com a dedicação exclusiva para justificar salários melhores, para que os políticos sejam melhor remunerados sob pena de termos lobistas no Parlamento”. “Outro ponto importante é atrair, sobretudo para a elite governante, quadros competentes da sociedade civil e para isso é preciso oferecer salários compatíveis”, reforça.

Na mesma senda, Gonçalo Carrilho, advogado e docente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, considera que “os salários dos políticos e dos titulares de altos cargos públicos são baixos”, perante “o nível de responsabilidade, nomeadamente a responsabilidade financeira”. “Mesmo com o fim do corte, os salários dos políticos são baixos, nomeadamente no caso dos membros do Governo, face ao respetivo nível de responsabilidade. Porém, estão alinhados com os salários dos políticos dos países mais pobres da União”, constata o mesmo especialista.

Citando um estudo do Instituto Mais+Liberdade, Gonçalo Carrilho mostra como “o salário do primeiro-ministro português é o 8.º mais baixo entre os países da União Europeia (UE) e o Reino Unido, Noruega, Suíça e Islândia”, considerando apenas o ordenado base, isto é, sem os abonos mensais para despesas de representação. Ainda assim, o vencimento do chefe do Executivo representa 345% do salário médio português, de acordo com a mesma análise.

O especialista em direito administrativo concorda igualmente com o fim de corte salarial de 5% e apela a uma mudança quanto à atualização dos vencimentos dos políticos. “Qualquer decisão – que no caso dos órgãos de soberania e poder local compete ao Parlamento – devia ser precedida de um estudo de direito comparado, isto é, um estudo sobre as remunerações destes cargos ao nível dos países UE e de um estudo horizontal e vertical dos salários da Administração Pública”, salienta.

Já Susana Coroado considera que “o tema” está “muito dependente do contexto do país, do nível de Governo, do um cargo em causa (executivo ou legislativo)”, pelo que “é difícil chegar a conclusões”. “Os estudos empíricos têm tido resultados contraditórios: estudos sobre os municípios no Brasil e Itália demonstraram que um aumento dos incentivos financeiros atraiu mais candidatos qualificados e melhorou a eficiência da gestão. Já no Canadá, os incentivos não tiveram nenhum efeito na idade ou na qualificação dos deputados e, no Parlamento Europeu, até diminuiu a qualificação dos deputados. Na Finlândia, o impacto foi apenas na atração de mais mulheres qualificadas, mas não de homens”, exemplificou a politóloga, e investigadora na Dublin City University.

Coroado nota que “vale a pena ter esta discussão”, contudo “é preciso avaliar a forma de recrutamento dos candidatos políticos a nível partidário”. “Listas fechadas não permitem aos eleitores premiarem pessoas mais qualificadas, pelo que um aumento salarial poderia criar ainda mais incentivos aos menos qualificados, mas mais obedientes ao partido, para fazerem tudo para garantir um lugar nas listas”, sinaliza.

Assim, o ideal seria “um debate público franco, através por exemplo de uma Assembleia de Cidadãos”, o que “poderia aumentar a legitimidade de um aumento salarial, uma vez que não seriam os políticos a decidir em causa própria”, vinca.

Chega entrega aumento a associações e Livre lança uma espécie de bolsa

Entre os grupos parlamentares que votaram contra a reposição do corte salarial, Chega e Livre confirmaram ao ECO que vão prescindir do aumento. Os deputados do partido de André Ventura vão doar os 5% a várias instituições de solidariedade social à sua escolha, como a “liga portuguesa contra o cancro, entidades de apoio a crianças com doença grave ou associações de ex-combatentes”, revelou fonte oficial do partido ao ECO. “Estamos em diálogo com os serviços financeiros da Assembleia da República para operacionalizar toda a situação atempadamente”, salientou fonte do gabinete de comunicação.

o partido de Rui Tavares espera lançar um apoio na área da educação e da formação que poderá passar pela criação de uma bolsa de estudo, mas o modelo ainda está a ser afinado. “Foram já dadas instruções para a abertura de uma conta numa instituição bancária que vai receber as transferências das verbas correspondentes ao valor dos 5% do corte, agora reposto, nos salários mensais dos deputados do Livre. O grupo parlamentar conta apresentar na primavera o regulamento e outros pormenores relacionados com esta iniciativa“, indicou ao ECO fonte oficial do partido.

O Bloco de Esquerda (BE), que igualmente rejeitou o projeto de PSD e CDS para eliminar a penalização de 5% sobre os vencimentos dos titulares de cargos políticos, vai entregar esse aumento à própria estrutura partidária. “As deputadas e deputados do Bloco de Esquerda fazem donativos regulares ao partido para financiar a sua atividade política. O valor do aumento, ao qual o Bloco de Esquerda se opôs, será refletido integralmente nesse mesmo donativo”, indicou ao ECO fonte do gabinete de comunicação do grupo parlamentar.

Já a Iniciativa Liberal (IL), que também votou contra o fim do corte, não vai prescindir da reposição dos 5%, ainda que seja favorável a uma melhoria dos salários dos políticos. Na altura, o partido de Rui Rocha opôs-se à iniciativa de PSD e CDS por considerar que estariam a decidir em causa própria, uma vez que o diploma iria ter efeitos imediatos já a 1 de janeiro deste ano. Para além disso, a IL defende um novo mecanismo de atualização salarial que deve estar indexado à evolução das condições socioeconómicas do país. Inclusivamente, apresentaram uma proposta legislativa nesse sentido, segundo a qual os salários dos políticos devem depender do crescimento do ordenado médio dos portugueses.

No que diz respeito ao PCP, que se absteve, fonte oficial do partido esclareceu que a reversão do corte não terá impacto algum no vencimento dos deputados, uma vez que “o salário efetivo dos eleitos do PCP é o que corresponde ao salário que auferia anteriormente”, isto é, antes de assumir funções na Assembleia da República. Este tem sido o princípio seguido por todos os comunistas eleitos, recorda fonte do gabinete parlamentar: “Há muito que os eleitos do PCP assumem o princípio de nem beneficiado nem prejudicado no exercício de funções públicas”. Ou seja, o valor que exceder o salário que o comunista já recebia antes de ser deputado é entregue ao comité central. O PCP esclarece ainda que só não votou favoravelmente o fim da penalização, porque “subsistem cortes que ainda não foram eliminados, nomeadamente sobre o valor do trabalho suplementar,” e que o partido de Paulo Raimundo exige que sejam repostos.

O projeto de lei de PSD e CDS, partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD), que terminou com o corte salarial de 5% passou assim com os votos favoráveis dos proponentes, do PS e do PAN. De lembrar que os socialistas tinham um diploma semelhante mas com produção de efeitos apenas nos mandatos políticos seguintes.

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Finanças reconduzem presidente da Parvalorem mas trocam dois administradores

Sofia Torres vai ser reconduzida na liderança do veículo que gere os ativos tóxicos do ex-BPN. Cumpre terceiro mandato. Os outros dois membros da administração estão de saída.

O Governo vai reconduzir a presidente da Parvalorem, Sofia Torres, para um novo mandato até 2027, mas os outros dois membros do conselho de administração do veículo que gere os ativos problemáticos do ex-BPN vão ser substituídos, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Oficialmente, o Ministério das Finanças não comenta estas informações. O ministério liderado por Joaquim Sarmento, que tem a tutela da Parvalorem, também não revela quem serão os dois novos administradores que irão ocupar os lugares de Susana Larisma (vogal executiva) e de Filipe de Sousa (vogal não executivo), cujos mandatos terminaram no final do ano passado.

No que diz respeito a Sofia Torres, a antiga responsável do IGCP e quadro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) irá cumprir o seu terceiro mandato à frente da Parvalorem, cargo que começou a desempenhar em 2019, nomeada pelo ministério então liderado por Mário Centeno.

Os nomes da próxima administração terão de ser apreciados pela Cresap, a comissão responsável pelos processos de seleção para a administração pública. E terão ainda de ser aprovados em assembleia geral da Parvalorem.

Dívida de 5,3 mil milhões ao Estado

A Parvalorem foi criada em 2010, juntamente com a Parups e Parparticipadas, na sequência da nacionalização do BPN, dois anos antes. Estes veículos financeiros ficaram responsáveis pela gestão e recuperação os ativos do banco falido, incluindo crédito, imóveis, obras de arte e outros negócios.

No final de 2023, ano em que registou prejuízos de quase 100 milhões de euros, a Parvalorem devia cerca de 5,3 mil milhões ao Estado por conta das injeções financeiras realizadas no âmbito da nacionalização do BPN. O ativo ascendia a cerca de 456 milhões de euros.

Até ao final de 2023, a Parvalorem já tinham recuperado um total de 1,24 mil milhões de euros em numerário, cerca de 31,2% do total de crédito cedido pelo banco falido (3,97 mil milhões). Valor ao qual acresce 492,5 milhões de euros resultantes da recuperação da Parups, que acabou por ser absorvida pela Parvalorem em 2022.

Fim à vista

No ano passado foi a vez de a Parparticipadas ser extinta com a integração de todo o património na Parvalorem, incluindo a Imofundos, que gere uma carteira de imóveis no valor de 200 milhões.

Com mais de 80 trabalhadores, a própria Parvalorem também tem o seu destino traçado em função da redução da sua atividade (à medida que vai recuperando os ativos). Ainda não há uma data, mas dentro da sociedade já se olha para o final do caminho.

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Aeroporto de Lisboa já é mais caro que Madrid e Barcelona. Companhias aéreas criticam proposta da ANA

Proposta da ANA para financiar a construção do novo aeroporto aumenta fosso nas taxas para Madrid, considerado o principal concorrente de Lisboa. Associação de companhias aéreas deixa crítica.

As taxas aeroportuárias em vigor no aeroporto de Lisboa já superaram as praticadas em Madrid ou Barcelona. A ANA pretende, ainda assim, subir os valores cobrados a partir de 2026 para pré-financiar a construção da nova infraestrutura no Campo de Tiro de Alcochete, o que motiva críticas da associação que representa as companhias aéreas.

Um gráfico apresentado pela ANA no Relatório Inicial sobre o novo aeroporto mostra que, num grupo comparativo de 20 aeroportos, o de Lisboa era em 2019 o segundo mais barato, à frente apenas do Aeroporto de Roma-Ciampino, o segundo mais importante da cidade italiana.

Com os aumentos de taxas entretanto ocorridos, em 2024 o Aeroporto Humberto Delgado já era o sétimo mais caro, à frente de Madrid e Barcelona, mas também de Varsóvia, Estocolmo, Dublin e Roma-Ciampino.

Comparação das taxas aeroportuárias em 20 aeroportos europeus incluída no Relatório Inicial da ANA.

A infraestrutura aeroportuária da capital portuguesa subirá ainda mais no ranking caso seja aplicada a proposta de aumento das taxas a partir de 2026, avançada pela ANA para financiar a construção do aeroporto Luís de Camões. Considerando as taxas a aplicar em 2030, Lisboa passaria a ter o 11.º aeroporto mais caro, acima também de Paris (Charles de Gaule), Genéve, Roma-Fuimucino e Copenhaga.

O fosso para Madrid-Barajas seria ainda maior, sendo que o relatório da ANA salienta que “o aeroporto espanhol pode ser identificado como o principal concorrente de Lisboa”. Acrescenta que se espera que “mantenha uma posição forte devido aos investimentos em curso em infraestruturas pela AENA e na companhia aérea pela Ibéria, sob a égide da IAG”.

A Associação das Companhias Aéreas em Portugal não deixa de manifestar, desde já, o seu ceticismo e crítica a um suposto aumento imediato das taxas reguladas, tendo em conta que o aeroporto Humberto Delgado já é, à data de hoje, uma infraestrutura com taxas mais caras do que Madrid e Barcelona.

António Moura Portugal

Diretor executivo da Associação das Companhias Aéreas em Portugal - RENA

“A Associação das Companhias Aéreas em Portugal (RENA) tomou conhecimento da proposta da ANA e da resposta do concedente, o Estado português. Este processo terá a sua evolução e na altura própria a RENA tomará a sua posição”, afirmou o diretor executivo, António Moura Portugal, ao ECO.

“No entanto, não deixa de manifestar, desde já, o seu ceticismo e crítica a um suposto aumento imediato das taxas reguladas, tendo em conta que o aeroporto Humberto Delgado já é, à data de hoje, uma infraestrutura com taxas mais caras do que Madrid e Barcelona“, acrescentou.

Já a ANA afirma no Relatório Inicial que “a proposta de revisão da regulação poderá levar a níveis de taxas aeroportuárias que, embora possam impactar a procura, continuam dentro da faixa de valores praticados em aeroportos comparáveis na Europa“.

Para pagar o financiamento para a construção do novo aeroporto, que tem um custo estimado de 8,5 mil milhões de euros, e manter a rentabilidade, a ANA propõe alargar a concessão por mais 30 anos, até 2092, e aumentar de forma significativa as taxas aeroportuárias, começando já no próximo ano.

No Relatório Inicial, a concessionária propõe que entre 2026 e 2030 ocorra um aumento anual igual à inflação acrescido de 9,8%. Ora antes de 2030 não arrancará a construção do Luís de Camões. A ANA diz que este pré-financiamento é necessário para acautelar as necessidades que “serão consideráveis durante a fase de construção”.

A concessionária pretende também tirar do contrato de concessão a limitação que impede que as taxas aeroportuárias sejam mais de 15% superiores à mediana dos valores praticados por um grupo de 12 aeroportos europeus. Uma disposição que visa garantir que a Portela se mantém competitiva face à concorrência.

O Governo confirmou na sexta-feira que pretende que a ANA prepare a candidatura para a construção do novo aeroporto de Lisboa, mas afirmou ter “dúvidas substanciais” sobre várias matérias, entre elas o modelo de alteração das taxas aeroportuárias.

A empresa detida pela francesa Vinci terá agora de promover uma consulta às companhias aéreas e outras partes interessadas e elaborar um relatório síntese no prazo de seis meses.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 22 Janeiro 2025

Leitão Amaro é ouvido no Parlamento sobre a nomeação do secretário-geral do Governo e Miguel Pinto Luz sobre a lei dos solos. IGCP avança com primeira operação de recompra de dívida do ano.

No dia em que António Leitão Amaro vai ao Parlamento falar sobre a nomeação do secretário-geral do Governo e respetiva equipa, Miguel Pinto Luz é ouvido sobre as mudanças à lei dos solos. O IGCP realiza um leilão de recompra de obrigações do Tesouro, naquela que é a primeira operação deste ano, e o Banco de Portugal divulga dados referentes a novembro de 2024 do endividamento do setor não financeiro. A nível europeu debate-se a presidência polaca do Conselho da União Europeia.

Leitão Amaro explica nomeação do secretário-geral do Governo

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, vai hoje ao Parlamento ser ouvido sobre a nomeação do secretário-geral do Governo e respetiva equipa. Em causa está sobretudo a alteração às regras do salário deste cargo para permitir um salário superior ao do primeiro-ministro, numa polémica que começou com a indicação inicial de Hélder Rosalino para o cargo e da sua posterior desistência após a polémica em torno da sua remuneração.

IGCP avança com primeira operação de recompra de dívida do ano

Esta quarta-feira, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realiza também um leilão de recompra de obrigações do Tesouro, a primeira operação deste ano. O foco da equipa ainda liderada por Miguel Martín estará na linha obrigacionista com vencimento a 15 de outubro deste ano, que atualmente conta com um saldo-vivo de 14,6 mil milhões de euros. Esta é uma das duas obrigações do Tesouro que irão vencer este ano – a outra atingirá a maturidade a 23 de julho e apresenta um saldo-vivo de mil milhões de euros.

Miguel Pinto Luz ouvido no Parlamento sobre lei dos solos

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, também vai ao Parlamento, a requerimento do BE, para ser ouvido sobre as alterações à lei dos solos. Recentemente, o Governo mostrou disponibilidade para fazer alguns ajustamentos à lei dos solos para incorporar as sugestões do Partido Socialista e, desta forma, conseguir o apoio necessário para assegurar a vigência da lei que vai ser alvo de uma apreciação parlamentar na sexta-feira. Também Isaltino Morais, a requerimento do PSD, vai ao Parlamento ser ouvido sobre o mesmo tema.

Banco de Portugal divulga dados de endividamento

O Banco de Portugal vai revelar os dados referentes a novembro de 2024 do endividamento do setor não financeiro. Em outubro, o endividamento do setor não financeiro diminuiu 0,2 mil milhões de euros, tendo o endividamento do setor público diminuído 1,2 mil milhões de euros e o endividamento do setor privado aumentado 1,1 mil milhões de euros.

Presidência polaca do Conselho da UE em debate

Os eurodeputados debatem esta terça-feira com o primeiro-ministro polaco Donald Tusk e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o programa da presidência polaca do Conselho para a União Europeia, que se foca na segurança do bloco comunitário, numa altura de incertezas e de desafios geopolíticos causados por conflitos.

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Netflix anuncia aumento de preços, incluindo em Portugal

Apesar do aumento registado na sua base de assinantes, a Netflix vai avançar com um aumento de preços em vários países, incluindo Portugal.

O número de assinantes da Netflix aumentou 18,9 milhões no último trimestre de 2024, superando as expetativas dos analistas e estabelecendo o número total de subscritores em 302 milhões. O crescimento, no entanto, não inibe a plataforma de streaming de aumentar os preços em alguns países, onde se inclui Portugal.

A empresa explica que, à medida que continua a investir em programação que agrade aos seus subscritores, vai aumentar os preços da maioria dos planos de subscrição nos EUA, Canadá, Argentina e Portugal.

“À medida que continuamos a investir em programação e a oferecer mais valor aos nossos membros, ocasionalmente pediremos aos nossos membros que paguem um pouco mais para que possamos reinvestir e melhorar ainda mais a Netflix”, refere a plataforma em comunicado.

Atualmente o preço de subscrição da Netflix em Portugal varia consoante o plano, entre o base (7,99 euros/mês), o standard (11,99 euros/mês) ou premium (15,99 euros/mês). Nos dois planos mais caros é possível incluir membros adicionais por mais 3,99 euros/mês. Apesar de a empresa não ter indicado a dimensão do aumento, soube-se já esta quarta-feira que, em Portugal, o aumento será entre um e dois euros mensais, consoante o plano.

A Netflix, que terminou a sessão desta terça-feira em Wall Street a valorizar acima de 1,5%, anunciou lucros por ação de 4,27 dólares, superando a previsão de Wall Street de 4,20 dólares por ação. As receitas da plataforma aumentaram 16% em relação ao mesmo período do ano passado, para os 10,2 mil milhões de dólares, superando também as estimativas de 10,1 mil milhões. Já o lucro cifrou-se em 1,9 mil milhões.

Para os resultados positivos e acima do esperado da Netflix contribuíram essencialmente, segundo a plataforma, a estreia da segunda temporada de Squid Game – que “está a caminho de se tornar uma das temporadas de séries originais da Netflix mais assistidas de sempre” –, o filme Carry-On ou a luta entre Jake Paul e Mike Tyson, que se tornou no evento desportivo mais transmitido de todos os tempos.

A empresa reviu também em alta as suas previsões para este ano, passando de 43,5 mil milhões de dólares de receita em 2025 para 44,5 mil milhões. Melhorar o seu negócio principal através de mais séries e filmes que os seus subscritores gostem, uma experiência de produto melhorada, um crescimento dos planos com anúncios e o desenvolvimento de outras iniciativas mais recentes, como a transmissão de programas ao vivo e jogos são outras das expectativas apontadas pela empresa para este ano.

(Notícia atualizada às 8h15 de 22 de janeiro para referir que o aumento em Portugal será de um a dois euros, consoante o plano)

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Freguesias só vão poder aceder ao PT2030 depois da reprogramação

"Já temos o programa minimamente desenhado com as várias áreas específicas nas quais se podem fazer as candidaturas", disse Hernâni Dias. "Mas ainda estamos a pensar incluir mais."

As freguesias só vão poder aceder diretamente a fundos europeus depois de concluída a reprogramação do Portugal 2030 e desenhado o programa, anunciou esta terça-feira ministro Adjunto e da Coesão Territorial.

“Depois de fechar a reprogramação do PRR – o trabalho de casa termina este mês –, o secretário de Estado tira um dia de folga e começa a trabalhar na reprogramação do PT2030”, gracejou Manuel Castro Almeida. “A tarefa deve demorar dois a três meses e Bruxelas tem de dar acordo e só depois podemos abrir concursos”, acrescentou o responsável.

O secretário de Estado da Administração Local, já tinha revelado na Comissão de Orçamento e Finanças, quando da discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2025, que “o Governo estava a trabalhar para que as freguesias” pudessem “aceder ao Portugal 2030”. Em 2025 haverá essa possibilidade. “Estamos a trabalhar para que haja esse pacote financeiro e a garantir que essas verbas existem”, revelou.

Mas o programa ainda está a “ser pensado e desenhado”. “Já temos o programa minimamente desenhado com as várias áreas específicas nas quais se podem fazer as candidaturas”, disse Hernâni Dias esta terça-feira. “Mas ainda estamos a pensar poder incluir coisas que não tínhamos pensado inicialmente”, acrescentou. “Logo que tenhamos a reprogramação feita faremos tudo o resto”, concluiu.

Há muito que as freguesias reclamam acesso direto aos fundos e sentem-se penalizadas por isso. A anterior ministra da Coesão inscreveu o acordo de Parceria do Portugal 2030 a possibilidade de as freguesias serem beneficiários de fundos europeus através dos Programas Regionais.

“As freguesias têm competências próprias, que serão aumentadas com a descentralização, nomeadamente no apoio aos cidadãos através dos Espaços Cidadão, na gestão dos espaços verdes, de pequenos equipamentos para as coletividades locais, entre outras”, disse ao ECO Ana Abrunhosa, em março de 2022. “O financiamento das freguesias será para as apoiar a fazer investimentos nestas áreas de competência”, acrescentou a responsável, na altura, explicando que a ideia era “serem diretamente beneficiárias”.

Pressionado pelos deputados social-democratas para apresentar resultados nesta matéria, Castro Almeida recorreu ao humor para recordar que as “freguesias estão há mais de 40 anos à espera de ter acesso aos fundos europeus. Encontrou um Governo sensível ao tema, mas não peça demais”.

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