Câmara de Montalegre avança para tribunal para travar exploração de lítio

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

Câmara de Montalegre vai interpor uma providência cautelar para travar a exploração de lítio no concelho na sequência da investigação que levou à demissão do primeiro-ministro.

A Câmara de Montalegre vai interpor uma providência cautelar para travar a exploração de lítio no concelho, anunciou esta quarta-feira a autarquia, referindo-se a um dos projetos na origem da investigação que na terça-feira levou à demissão do primeiro-ministro.

A informação foi avançada à agência Lusa pela presidente daquele município do norte do distrito de Vila Real, Fátima Fernandes.

Vamos interpor uma ação administrativa e providência cautelar no tribunal para parar a exploração na mina do Romano“, afirmou a autarca socialista, lembrando que a autarquia está contra o projeto da empresa Lusorecursos.

Quanto à investigação revelada na terça-feira e que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa, Fátima Fernandes disse confiar “totalmente na justiça”, que, acredita, “fará o seu caminho e irá apurar aquilo que houver a apurar”.

A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas, também no distrito de Vila Real), um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines (distrito de Setúbal) e o projeto de construção de ‘data center’ desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

Os dois projetos mineiros obtiveram uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, mas condicionada à concretização de medidas de compensação e de mitigação.

Fátima Fernandes especificou que a ação judicial pretende impedir que a mina do Romano avance para a fase de exploração.

“Porque consideramos que há matéria que nos permite fazer esta ação administrativa e porque verdadeiramente consideramos que é um projeto que não traz nada de bom para o nosso território”, justificou.

A autarca apontou para o impacte “muito negativo” na água da barragem do Alto Rabagão, um bem que considerou essencial quer para o consumo público, quer para a alimentação dos animais e a irrigação dos campos.

Além disso, indicou a necessidade de proteger o lobo-ibérico, considerou um contrassenso “destruir a natureza em nome do ambiente” e disse ainda que “não se pode considerar normal desalojar” pessoas que residem na zona onde vai ser implantada a mina.

“E temos um projeto muito maior que é o facto de sermos Património Agrícola Mundial. Esse, sim, é que nos pode projetar para o futuro, temos a certeza disso”, defendeu.

A mina de lítio do Romano obteve em 07 de setembro uma DIA favorável condicionada por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que impõe a alocação de ‘royalties’ ao município de Montalegre, medidas compensatórias para as populações locais e de minimização para o lobo-ibérico.

A Lusorecursos já disse que tenciona iniciar a exploração mineira em 2027.

A Associação Montalegre Com Vida, criada para lutar contra a exploração mineira, disse que a investigação divulgada na terça-feira “põe em causa toda a lisura do procedimento na atribuição da concessão de exploração do lítio em Montalegre”.

Por isso mesmo, exigiu às entidades competentes que “ajam em conformidade e procedam à anulação de todo o processo”.

Desde o início que a associação apontou para “a falta de transparência” no processo.

Câmara de Boticas ultima ação de impugnação à mina de lítio

O presidente da Câmara de Boticas afirmou que o município está a ultimar uma ação de impugnação à continuidade da mina do Barroso, incluída na investigação que levou à demissão do primeiro-ministro.

Esta é sem dúvida uma grande argumentação para que o projeto não vá para a frente”, realçou à agência Lusa o social-democrata Fernando Queiroga, referindo-se à investigação divulgada na terça-feira.

O autarca disse que o município está a ultimar a ação que dará entrada no tribunal no prazo estimado de 15 dias e que tem como objetivo travar o avanço da mina do Barroso, que obteve a 31 de maio uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, embora condicionada à concretização de medidas de compensação e mitigação.

A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas), um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e o projeto de construção de “data center” desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

A mina do Barroso foi o primeiro projeto de lítio em Portugal que obteve uma DIA favorável.

O projeto desenvolvido pela empresa Savannah prevê uma exploração a céu aberto, tem uma duração estimada de 17 anos, a área de concessão prevista é de 593 hectares, e é contestado por associações locais e ambientalistas, bem como pela Câmara de Boticas.

“Só nos dá mais força para continuarmos a nossa contestação e se a empresa continuar com o processo, como já emitiu um comunicado a dizer que vai continuar, nós também vamos continuar com o nosso processo”, afirmou.

Fernando Queiroga lembrou que já foi também submetida uma providência cautelar por parte da Junta de Freguesia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O papel da tecnologia na internacionalização das seguradoras

  • ECO Seguros
  • 8 Novembro 2023

Qual o impacto do uso da tecnologia na internacionalização do setor segurador? Este foi o mote do debate ECO Seguros, com a tecnológica Cleva Inetum e especialistas tecnológicos da Fidelidade.

A forma como a tecnologia pode impactar positivamente os negócios tem levado a que muitas empresas se interessem por adotar novas estratégias e métodos de trabalho que incluam esta ferramenta na sua comunicação, quer interna, quer externa.

As vantagens são muitas e, principalmente para as empresas que ambicionam internacionalizar os seus negócios, esta pode ser uma oportunidade para chegar a várias geografias mais rapidamente e sem grandes custos associados.

Ora, se a tecnologia tem sido uma vantagem para tantos setores no mercado, o setor segurador não foi exceção e também ele tem vindo a beneficiar do uso desta ferramenta para a internacionalização dos seus negócios. Como? É isso que foi discutido, no dia 7 de novembro, numa conversa intitulada “O papel da tecnologia na internacionalização de uma companhia de seguros”.

Este debate, moderado por Francisco Botelho, ECO Seguros, e por Sandra Ferreira, Key Account Manager da Cleva Inetum, contou como oradores com Rosa Mimoso, IT Strategy Lead da Fidelidade, e Miguel Casanova Pinto, Responsável dos Sistemas de Informação Internacional da Fidelidade.

Sendo a Fidelidade uma companhia de seguros internacional, com presença em 13 países, mas baseada em Portugal, esta conversa terá como objetivo perceber de que forma a tecnologia foi um aliado para que esta companhia de seguros se tenha conseguido tornar líder não só em Portugal, mas também na Bolívia, e a 3ª maior companhia em Moçambique e no Peru.

As vantagens, mas também os desafios do uso da tecnologia para a internacionalização do negócio segurador foram o mote desta conversa, que poderá assistir aqui.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bruxelas recomenda negociar adesões da Ucrânia e Moldova à UE

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

A Comissão recomenda que o Conselho "dê início às negociações de adesão com a Ucrânia", mas impõe porém quatro condições, uma das quais referente ao combate à corrupção.

A Comissão Europeia recomendou esta quarta-feira ao Conselho que inicie negociações para a adesão da Ucrânia e da Moldova à União Europeia (UE), dados os esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos e por considerar que a Moldova cumpriu os critérios para assegurar a estabilidade democrática e o Estado de direito.

Hoje é um dia histórico porque hoje a Comissão recomenda que o Conselho abra negociações formais com a Ucrânia e a Moldova“, anunciou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa em Bruxelas.

As declarações surgem no dia em que a instituição divulga que “à luz dos resultados alcançados desde junho de 2022 no âmbito dos critérios políticos, no quadro das sete etapas e posteriormente, a Comissão considera que a Ucrânia cumpre suficientemente os critérios relativos à estabilidade das instituições que garantem a democracia, o Estado de direito, os direitos humanos e o respeito e a proteção das minorias, estabelecidos pelo Conselho Europeu de Copenhaga em 1993, desde que prossiga os seus esforços de reforma e satisfaça os requisitos remanescentes no âmbito das sete etapas”.

“Nesta base, a Comissão recomenda que o Conselho dê início às negociações de adesão com a Ucrânia”, refere o documento, que impõe porém quatro condições, uma das quais referente ao combate à corrupção.

A Ucrânia tem de continuar a lutar contra a corrupção, construindo um novo historial de investigações e condenações por corrupção. A Comissão acompanhará continuamente os progressos e a conformidade em todos os domínios relacionados com a abertura das negociações e apresentará um relatório ao Conselho até março de 2024″, adianta Bruxelas no documento.

Quanto a Moldova, “em linha com os resultados alcançados desde junho de 2022 sob critérios políticos, no âmbito de um quadro de nove etapas e além disso”, a Comissão considera que o país “cumpre suficientemente os critérios relacionados com a estabilidade das instituições que asseguram a democracia, o Estado de direito, direitos humanos e respeito pela proteção de minorias”.

Apesar de não estar na mesma situação que a Ucrânia, Ursula von der Leyen reconheceu que a Moldova “também sofre as suas consequências”: “A Moldova está a acolher um grande número de refugiados da Ucrânia e, como a Ucrânia, fez grandes esforços para reformar, por exemplo, o sistema judicial, aumentou bastante o trabalho para combater a corrupção”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lacerda e Escária só deverão ser ouvidos na quinta-feira

O MP ainda não entregou às defesas dos arguidos os factos indiciados. Advogados terão de consultar o processo antes do interrogatório judicial. Prazo para ser feito acaba esta quinta-feira.

Os cinco detidos da investigação que levou esta terça-feira à demissão do primeiro-ministro, António Costa, vão ser presentes perante o juiz de instrução Nuno Dias da Costa, do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, esta quarta-feira. Mas só deverão ser interrogados na quinta, já que o Ministério Público (MP) ainda não entregou aos advogados de defesa a indiciação dos factos que lhes são imputados.

Diogo Lacerda Machado, detido no âmbito da investigação que levou à demissão de António Costa, foi contratado pela Start Campus para “aproveitar a sua relação de amizade com o primeiro-ministro” e a “proximidade” com Vítor Escária. A informação consta dos autos de buscas da operação citados pelo Expresso e a que o ECO também teve acesso.

No âmbito desta operação foram detidos o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; o advogado Diogo Lacerda Machado; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; e os dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, este último também sócio da Morais Leitão.

O MP constituiu ainda como arguidos o ministro João Galamba e o presidente do Conselho Diretivo da APA, Nuno Lacasta. Em causa, segundo a Procuradoria-Geral da Republica (PGR) estão crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

Os autos indicam a existência de reuniões suspeitas entre o advogado Lacerda Machado e o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. De acordo com o mandado de detenção, essas reuniões aconteciam na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, e também num gabinete usado por Vítor Escária na sede do Partido Socialista (PS), em Lisboa.

Outros encontros podiam ser marcados no escritório da Start Campus, empresa investigada neste caso de negócios de hidrogénio verde e lítio, e ocorrer em “almoços e jantares privados” em que em algumas ocasiões as refeições atingiam um “valor não despiciendo”. Segundo a equipa de procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), “o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, almoçavam e jantavam por isso sem nada pagar”.

Os procuradores, citados pelo Expresso, indicam ainda que o advogado Diogo Lacerda Machado foi contratado pelos investidores da Start Campus e depois diretamente por esta empresa, através de Afonso Salema, um dos administradores.

De acordo com os procuradores, o objetivo era “aproveitar a sua relação de amizade próxima com o primeiro-ministro”, bem como da relação de “proximidade” com Vítor Escária.

O advogado usaria igualmente essa proximidade para pressionar outros membros do Governo, através de Escária, bem como entidades como Instituto da Conservação e da Natureza e das Florestas (ICNF) ou o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, para “conferir andamento mais célere e favorável” a assuntos de interesse da Start Campus.

Nos autos de busca é também referido que João Galamba terá usado dois motoristas que prestaram serviço no seu gabinete enquanto secretário de Estado da Energia e Ambiente para que realizassem deslocações apenas para seu “beneficio pessoal”.

Segundo o Ministério Público (MP), o ministro “tem vindo a interferir em praticamente todas as matérias objeto de investigação”, desde os factos relacionados com a mina do Romano até ao projeto de data centre da Start Camps, um projeto avaliado em 500 milhões de euros, mas “perspetivando-se” que rapidamente ascenda aos 2 mil milhões de euros.

O MP indica que João Galamba é também “suspeito de ter ajudado a convencer a autarquia de Boticas a não se opor à exploração do lítio, financiando a autarquia com uma estrada no valor de 20 milhões de euros, acordo que terá tido a colaboração do presidente da APA”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Universidade Aberta e dona do Continente criam licenciatura em gestão de vendas e retalho

Licenciatura visa desenvolver conhecimentos, competências e aprofundar práticas no domínio da gestão, particularmente orientada para a área das vendas e do retalho.

A Universidade Aberta e a MC, dona do Continente, apresentaram uma nova licenciatura em gestão de vendas e retalho. O curso foi criado em parceria entre a instituição de ensino superior e a empresa do grupo Sonae para dar resposta às necessidades do setor de retalho e arranca com uma turma de 50 alunos.

Com 180 ECTS, a licenciatura visa desenvolver conhecimentos, competências e aprofundar práticas no domínio da gestão, particularmente orientada para a área das vendas e do retalho. Destina-se a profissionais que já exercem ou esperam vir a exercer a função de gestores e dirigentes em empresas de retalho de qualquer setor.

“Pretende-se desta forma contribuir para a aquisição de um conjunto de competências, nomeadamente no uso das tecnologias digitais, da identificação e caracterização dos mercados e no planeamento e gestão de operações, preparando os seus estudantes para o exercício da vida ativa”, destaca a reitora da Universidade Aberta, Carla Padrel de Oliveira, em comunicado.

Isabel Barros (administradora do pelouro people e transformação da MC) à esquerda e Carla Padrel de Oliveira (reitora da Universidade Aberta) à direita

Isabel Barros, administradora com o pelouro de people e transformação da MC, refere estar “muito entusiasmada com esta parceria” e acredita que “o futuro do trabalho não se fará sem uma aprendizagem e formação contínuas — e as nossas pessoas foram as primeiras a aceitar este desafio”. “A qualificação de adultos, através de uma licenciatura, foi mais uma etapa formativa da nossa estratégia de upskilling“, completa.

Esta é a primeira licenciatura da Universidade Aberta neste setor de atividade e tem a duração de três anos. Com um corpo docente composto por especialistas na área, centrada no modelo de ensino à distância e vocacionada para adultos, “permite assegurar a flexibilidade do ensino, a alunos com uma atividade profissional exigente, como é a atividade de retalho”.

Fundada em 1988, a Universidade Aberta (UAb) é a única instituição de ensino superior público à distância em Portugal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Metade dos municípios não reporta dados financeiros

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

A proposta de OE2024 prevê que os municípios que não reportem dados sobre a execução das competências recebidas no âmbito da descentralização tenham como sanção a retenção de 20% das verbas.

Cerca de metade dos municípios não reporta dados financeiros, afirmou esta quarta-feira a ministra da Coesão Territorial, justificando desta forma a proposta de aumento para 20% da retenção das transferências do Orçamento do Estado para os incumpridores.

Ana Abrunhosa está esta quarta-feira no parlamento a defender as propostas do Ministério da Coesão Territorial para o Orçamento do Estado do próximo ano (OE2024), no dia seguinte à demissão do primeiro-ministro, António Costa.

A proposta de OE2024 prevê que os municípios que não reportem dados de desempenho financeiro nem informações sobre a execução das competências recebidas no âmbito da descentralização tenham como sanção a retenção de 20% das verbas que receberiam através do Orçamento. Atualmente esta sanção já existe no Orçamento do Estado para 2023, mas é de 10%.

“Cerca de metade dos municípios dos municípios não reporta dados”, disse Ana Abrunhosa, destacando que a proposta partiu do ministério porque o Governo precisa que as autarquias façam esse reporte.

A governante destacou ter toda a disponibilidade para alterar a proposta e para um trabalho conjunto com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) “para que esta situação não exista”.

A ministra afirmou ainda que a falta de previsão de continuidade da Comissão de Acompanhamento da Descentralização na proposta de OE2024, outra das críticas da ANMP ao documento, “é um lapso”.

“É um lapso e ela deve continuar a existir”, disse.

Segundo a ANMP, atualmente são 77 as câmaras que estão com 10% das verbas retidas por falta de reporte financeiro.

A presidente da associação, Luísa Salgueiro, considera que “não faz sentido penalizar os municípios que não consigam fazer este reporte adequadamente“, porque o processo é muito burocrático e penaliza sobretudo as autarquias mais pequenos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Audição de Duarte Cordeiro adiada para sexta-feira. Parlamento publica novo calendário para Orçamento

Há novas datas para as audições dos ministros no âmbito do Orçamento do Estado, que continuam a desenrolar-se enquanto não há uma formalização da demissão do primeiro-ministro.

Enquanto a demissão do Governo não é formalizada, os trabalhos na Assembleia da República continuam como se estivesse tudo normal — quer isto dizer que os ministros continuam a ter de ir defender um Orçamento do Estado que pode não avançar. Para já, foram anunciadas alterações no calendário: por exemplo, o ministro do Ambiente deveria ir ao Parlamento esta quarta-feira para responder às perguntas dos deputados, mas a data terá mudado para sexta-feira.

O calendário da apreciação do Orçamento do Estado na especialidade já foi publicado no mês passado, contemplando mais de duas semanas de audições a todos os ministros e algumas organizações. Mas o site do Parlamento tem agora uma nota informativa com novas datas, cuja publicação indicada é de dia 6 de novembro.

Nestas novas datas há mudanças face ao calendário anterior, como a audição de Duarte Cordeiro, que estava marcada para esta quarta-feira, mas que terá passado para dia 10 de novembro (o Ministério do Ambiente foi um dos alvos das buscas desta terça-feira). Já a ministra da Habitação deveria ir na sexta-feira à Assembleia, mas está agora escalada para as 15h30 desta quinta-feira.

A ministra da Coesão está esta quarta-feira de manhã no Parlamento, como previsto, seguida pelo ministro da Cultura, que deveria ir dia 9, mas cuja data foi antecipada. Há ainda espaço para a ministra da Agricultura e da Alimentação esta quarta-feira, mas que também estava agendada para dia 9.

No dia 9 de novembro estavam previstas as audições do Conselho Económico e Social — que já não figura no calendário — e do Conselho das Finanças Públicas, cuja data se mantém.

Já no dia 10, estava prevista a audição da ministra da Habitação de manhã e do ministro das Infraestruturas à tarde. Mas, afinal, será Duarte Cordeiro ouvido às 9h00 (isto se até lá não for publicada a exoneração do Governo) e João Galamba às 15h30.

A continuação dos trabalhos depende, neste momento, do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir os partidos esta quarta-feira e reúne com o Conselho de Estado na quinta-feira, dia em que vai falar ao país e explicar qual será o rumo a tomar. Se decidir dissolver o Parlamento, o processo para.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dona da Mariano Shoes compra fábrica em Oliveira de Azeméis para duplicar produção

Salva da falência em 2019 por um conjunto de empresários, a nova dona da Mariano Shoes, de São João da Madeira, adquiriu uma unidade em Oliveira de Azeméis para apostar no calçado de senhora.

Fundada em 1945 em São João da Madeira pelo mestre artesão Manuel de Almeida Jorge, a Mariano Shoes, que foi comprada em 2020 pela All Around Shoes, mantém o espírito de artesão vivo e continua a apostar no calçado feito à mão, que chega a clientes de todo o mundo. Com o objetivo de duplicar a capacidade produtiva e apostar na produção de calçado de senhora, a dona da empresa de São João da Madeira adianta ao ECO/Local Online que comprou uma fábrica em Oliveira de Azeméis que produz calçado feminino de “alta qualidade”.

Com esta aquisição, contextualiza a diretora executiva, Fátima Oliveira, a Mariano Shoes passa a ter uma capacidade de produção de 400 a 600 pares de sapatos por dia, dependendo da tipologia do produto. A empresa fatura um milhão de euros — 80% são obtidos na exportação — e emprega agora um total de 60 pessoas nas duas unidades industriais.

“A All Around Shoes adquiriu uma nova empresa para dotar a marca de uma capacidade total de produtos de senhora. Na unidade de São João da Madeira não produzíamos sapatos de saltos e algumas tipologias de produto e adquirimos essa unidade para nos dar essa capacidade. A aquisição desta unidade possibilitou-nos duplicar a capacidade instalada, explica a gestora, sem revelar o valor deste negócio.

A All Around Shoes adquiriu uma nova empresa para dotar a marca de uma capacidade total de produtos de senhora. Na unidade de São João da Madeira não produzíamos sapatos de saltos e algumas tipologias de produto e adquirimos essa unidade para nos dar essa capacidade de produção.

Fátima Oliveira

Diretora executiva da All Around Shoes

Depois de passar por um período conturbado, a Mariano Shoes foi comprada em 2019 pela All Around Shoes, que impediu a falência da empresa de calçado. Os novos donos são um conjunto de acionistas de Lisboa, que incluí o empresário Fernando Neves de Almeida. Manteve os mesmos colaboradores, mas deu um novo rumo ao negócio, mantendo a produção de calçado de forma artesanal, desde o primeiro corte ao polimento final, a partir do local original na Rua Jaime Afreixo.

Um ano depois da aquisição da Mariano Shoes, que mantém colaboradores descendentes do fundador, a All Around Shoes investiu um milhão de euros na empresa de São João da Madeira para internacionalizar a marca. “Esse investimento destinou-se à compra da marca, ao processo de internacionalização e a investimentos de marketing“, sublinha a gestora.

Fátima Oliveira frisa que o “objetivo inicial na aquisição da marca era fazer a sua expansão nacional e internacionalmente. Mantemos os investimentos na marca Mariano e os mesmos esforços de internacionalização”. O Médio Oriente, Europa e os EUA são os mercados externos mais relevantes para a marca de calçado.

Foi no final de 2020 que a marca Mariano Shoes apostou no calçado feminino, algo que tem “corrido muito bem” e tem pernas para andar. “Temos tido um muito bom feedback e as vendas têm vindo a aumentar”, afirma a diretora executiva, Fátima Oliveira.

Abre duas lojas em Lisboa e “caminha” para norte

Além da aposta na internacionalização, a Mariano Shoes continua a afirmar-se no mercado nacional e acaba de inaugurar a segunda loja própria na capital portuguesa. Os planos de expansão não ficam por aqui e está prevista a abertura de uma loja no Porto no próximo ano.

O primeiro espaço comercial foi aberto na Rua Castilho, em 2021, e o segundo foi inaugurado em outubro no Centro Comercial Colombo. A abertura desta loja no shopping da capital integra-se na estratégia de reforçar a presença da marca em Lisboa. O próximo passo é abrir lojas próprias noutras localizações, sendo a cidade Invicta a “localização privilegiada”.

“Temos planos para abrir num futuro próximo lojas noutras localizações, sendo a prioridade o Porto. Vamos analisar os dados, os resultados e posteriormente definir quando fazer a expansão da rede de retalho. Diria que será no próximo ano, é esse o nosso objetivo”, completa Fátima Oliveira, diretora executiva da All Around Shoes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Euribor sobe a três meses e desce a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

A taxa Euribor subiu esta quarta-feira a três meses e desceu a seis e a 12 meses face a terça-feira.

A taxa Euribor subiu esta quarta-feira a três meses e desceu a seis e a 12 meses face a terça-feira. Com estas alterações, a taxa Euribor a 12 meses voltou a ficar pela oitava sessão consecutiva com um valor inferior ao da taxa a seis meses.

  • A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou para 4,027%, menos 0,001 pontos do que na terça-feira, depois de ter subido em 29 de setembro para 4,228%, um novo máximo desde novembro de 2008. Segundo dados do Banco de Portugal referentes a setembro de 2023, a Euribor a 12 meses representava 38,1% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 35,7% e 23,4%, respetivamente.
  • No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 6 de junho de 2022, também caiu para 4,066%, menos 0,006 pontos que na sessão anterior e contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.
  • Em sentido inverso, a Euribor a três meses avançou face à sessão anterior, ao ser fixada em 3,973%, mais 0,007 pontos, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, em 26 de outubro, em Atenas, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela primeira vez desde 21 de julho de 2022, após 10 subidas consecutivas.

A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de dezembro.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministério Público abre inquérito sobre corte de árvores na Serra da Lousã

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

CM da Lousã e sete associações manifestaram-se contra corte de árvores. A empresa autora dos cortes afirmou que todo o procedimento é legal e recusou que tenha sido violada qualquer regra.

O Ministério Público abriu um inquérito na sequência dos cortes rasos de árvores que ocorreram na serra da Lousã e que motivaram críticas de associações ambientalistas e da Câmara Municipal, revelou a Procuradoria-Geral da República (PGR).

“O inquérito encontra-se em curso e não tem arguidos constituídos”, disse à agência Lusa fonte oficial da PGR.

Segundo a PGR, neste inquérito “investigam-se factos suscetíveis de integrarem o crime de furto qualificado”.

No início de outubro, a Câmara da Lousã apresentou queixa-crime no Ministério Público contra uma empresa de exploração de madeira por alegado corte ilegal de árvores municipais na aldeia da Silveira, na serra da Lousã, numa zona da Rede Natura 2000.

Também em outubro, sete associações ambientalistas criticaram, num comunicado conjunto, os cortes rasos de árvores feitos, que são “reveladores de problemas crónicos de conservação da natureza” no país.

As sete associações, em comunicado enviado à agência Lusa, alertaram “para as consequências das fracas políticas de conservação da natureza em Portugal, patentes desta vez no caso dos cortes rasos de árvores na serra da Lousã, em plena Reserva Ecológica Nacional e Rede Natura 2000”.

A empresa autora dos cortes afirmou que todo o procedimento é legal e recusou que tenha sido violada qualquer regra.

Questionado pela agência Lusa, um dos sócios-gerentes da empresa, António Bandeira, explicou que a empresa não procedeu a qualquer ilegalidade durante a operação.

O corte começou no início de outubro e estava previsto a empresa cortar “entre 24 e 25 hectares” de um terreno com eucaliptos, pinheiros e mimosas, explicou, tendo optado por suspender a operação “há quase duas semanas”, por iniciativa da empresa.

Segundo António Bandeira, a madeira que foi cortada “foi adquirida a uma outra empresa, que, por sua vez, a comprou a particulares, que tinham o terreno”, salientando que tem em sua posse o contrato e a fatura de tais transações.

Quanto ao terreno municipal, o sócio-gerente da empresa explicou que não foi feito qualquer corte de árvores da autarquia, salientando que, quando foi sobreposta a área de corte com a área que o município alegava ser dele, constatou-se que a empresa não tinha cortado “uma única árvore no terreno” da Câmara.

Já sobre o corte em terreno de outro proprietário, António Bandeira explicou que os direitos de corte de madeira foram vendidos, antes de a propriedade ter mudado de dono.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mercado de trabalho estável. Desemprego mantém-se em 6,1%

No terceiro trimestre, o desemprego situou-se em 6,1%, valor idêntico ao registado nos três meses anteriores. Subutlização do trabalho diminuiu.

Apesar das incertezas e pressões que os empregadores enfrentam, o mercado de trabalho português está estável. De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o desemprego situou-se em 6,1% no terceiro trimestre, taxa idêntica à registada nos três meses anteriores.

“A taxa de desemprego foi estimada em 6,1%, valor igual ao do segundo trimestre de 2023 e superior em 0,1 pontos percentuais (p.p.) ao do terceiro trimestre de 2022″, informou esta manhã o gabinete de estatísticas.

Apesar da inflação, da escalada dos juros e dos efeitos das guerras em curso no leste europeu e no Médio Oriente, o mercado de trabalho português tem mostrado resiliência, o que é comprovado pelos dados relevados esta manhã.

No destaque publicado pelo INE, destaca-se ainda que, no terceiro trimestre, a população empregada aumentou em cadeia 0,5% para 5.015,5 mil indivíduos. Já face ao período homólogo a subida foi de 2,2%.

Entre os empregados, 16,6% estiveram em teletrabalho entre julho e setembro, isto é, estiveram a trabalhar a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação. Em causa estão 833 mil pessoas. De acordo com o INE, o peso do teletrabalho no total do emprego caiu face ao trimestre anterior (1,7 p.p.).

Com esta evolução do emprego e do desemprego, a população ativa cresceu 0,5% no terceiro trimestre, face aos três meses anteriores, para 5.341,6 mil pessoas. Em comparação com o verificado há um ano, o acréscimo foi de 2,4%.

Já quanto à subutilização do trabalho, registou-se um decréscimo em cadeia de 0,5% para 620,9 mil pessoas e um acréscimo de 1,7% face ao período homólogo. “A taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,3%, diminuiu trimestralmente (0,1 p.p.) e manteve-se inalterada em termos homólogos”, calcula o gabinete de estatísticas.

Notícia atualizada às 11h26

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Unesco lança plano para combater desinformação. 85% das pessoas estão preocupadas com o impacto da desinformação online

Segundo a diretora da Unesco, restringir o discurso seria uma solução "terrível" pelo que a aposta recai em meios de comunicação e ferramentas de informação independentes, qualitativas e gratuitas.

A Unesco, visando colocar um travão na intensificação da desinformação e do discurso de ódio online, classificada como “uma grande ameaça à estabilidade e à coesão social” pela sua diretora-geral Audrey Azoulay, divulgou um “plano de ação”.

Esta medida surge em conjunto com a divulgação do estudo “Survey on the impact of online disinformation and hate speech“, com representação global, onde 85% dos inquiridos se mostraram preocupados com o impacto da desinformação online, numa altura em que as redes sociais se tornaram a primeira fonte de informação para a maioria.

Entre os inquiridos, 87% consideram também que a desinformação já tem um grande impacto na vida política dos seus países e receiam que a mesma influencie os resultados nas próximas eleições, sendo que 88% pretendem que os governos e reguladores resolvam este problema rapidamente através de regulação sobre as redes sociais.

Com o objetivo de responder a este panorama, o plano de ação da Unesco foi delineado em torno de sete “princípios fundamentais”, começando pelo facto de o impacto nos direitos humanos dever ser a máxima orientadora para todas as tomadas de decisões, em todas as fases e por todas as partes interessadas.

O segundo princípio enuncia que devem ser criados reguladores públicos e independentes em todo o mundo “com funções claramente definidas e recursos suficientes para cumprirem a sua missão”, sendo que estes reguladores independentes devem trabalhar em coordenação numa rede de trabalho mais abrangente, de forma a prevenir que as empresas digitais tirem vantagens da disparidade entre as regulações de cada país.

A moderação de conteúdo deve ser viável e eficaz em grande escala, em todas as regiões e em todos os idiomas, e a responsabilização e a transparência têm de ser estabelecidas nos algoritmos das plataformas, as quais muitas vezes orientam a sua ação para maximizar o envolvimento dos utilizadores em detrimento do fornecimento de informações fiáveis, defende também a agência.

As plataformas terem mais iniciativa para educar e treinar os utilizadores a pensar de forma crítica e estas e os reguladores adotarem medidas mais robustas durante momentos mais “sensíveis”, como em crises ou em período de eleições, completam os sete “princípios fundamentais”.

Segundo o plano da Unesco, as plataformas online devem ter equipas de moderadores qualificados, em número suficiente e que falem todas as principais línguas, de forma a que possam realizar um controlo fiável e eficaz dos conteúdos publicados.

As plataformas devem ainda garantir a transparência desta moderação, incluindo quando esta é automatizada através de algoritmos, devendo também facilitar a sua utilização, em todas as principais línguas do país em que operam, e dar seguimento às reclamações dos utilizadores.

Algumas secções do plano são dedicadas a tentar garantir a integridade eleitoral, através de avaliações de risco eleitoral, sinalização clara de conteúdos e maior transparência na comunicação política, bem como para garantir respostas a situações de emergência como conflitos armados ou catástrofes.

Foram ainda incluídos elementos dirigidos ao setor cultural, destacando-se os riscos enfrentados pelos artistas e a necessidade de acesso online a “conteúdos culturais diversificados”, enquanto direito fundamental a ser preservado, refere a Unesco.

“A tecnologia digital permitiu um imenso progresso na questão da liberdade de expressão. Mas as redes sociais também aceleraram e amplificaram a proliferação de informações falsas e de discursos de ódio, levantando grandes riscos para a coesão social, paz e estabilidade. De forma a proteger o acesso à informação, devemos regular estas plataformas sem demora, ao mesmo tempo que protegemos a liberdade de expressão e os direitos humanos“, afirma Audrey Azoulay.

“O nosso trabalho tem sido guiado por um requisito central: a proteção da liberdade de expressão de todos os outros direitos humanos, a todo o tempo. Restringir ou limitar o discurso seria uma solução terrível. Dispor de meios de comunicação e ferramentas de informação independentes, qualitativos e gratuitos, é a melhor resposta a longo prazo à desinformação“, diz também a diretora-geral da Unesco.

Este plano da Unesco resulta de um processo de consulta “numa escala sem precedentes” com mais de dez mil contribuições de 134 países, recolhidas ao longo dos últimos 18 meses.

Segundo nota de imprensa, alguns reguladores independentes já saudaram a iniciativa e vários – em África e na América Latina – já indicaram que estão prontos para começar a implementar as medidas. De forma a promover estas ações, a Unesco vai organizar, em meados do próximo ano, a primeira Conferência Mundial de Reguladores.

A Unesco vai também apoiar os Estados-membros na implementação das medidas deste plano com um financiamento específico, no qual se inclui um milhão de euros já prometido pela Comissão Europeia.

Ainda quanto ao inquérito também divulgado – realizado pela Ipsos e que inquiriu oito mil pessoas de 16 países – este revelou que 56% dos utilizadores da internet acederam mais a notícias através das redes sociais do que através da televisão (44%) ou sites de notícias (29%).

As redes sociais foram a principal fonte de notícias em quase todos os países, embora a confiança nesta fonte seja mais baixa (50%) do que nos meios de comunicação tradicionais, como a televisão (66%), rádio (63%) e sites e apps de meios de comunicação (57%).

Além disso, 68% dos utilizadores de internet consideram as redes sociais são o meio onde a desinformação mais é propagada, à frente de aplicativos de mensagens (38%) e de sites e apps de meios de comunicação (20%).

O discurso de ódio também parece ser frequente, com 67% dos utilizadores a referirem já se terem deparado com essa situação em plataformas digitais, percentagem que sobe para 74% entre os utilizadores mais novos (menos de 35 anos).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.