Fábrica de mobiliário da falida Kiune vai a leilão por 1,8 milhões em Torres Vedras

Localizado em Ponte do Rol, Torres Vedras, a fábrica de mobiliário da falida Kiune, anteriormente conhecida como Cozimafra, está à venda por 1,8 milhões. As licitações decorrem até 25 de junho.

Fundada em 2016, em Torres Vedras, com o nome Cozimafra Prestige, designação que usou até 2023, a fábrica de mobiliário da Kiune está a ser vendida em leilão por 1,8 milhões de euros. As licitações decorrem até 25 de junho.

O passivo insolvente é composto por um armazém industrial, máquinas e equipamentos. Os ativos podem ser adquiridos lote a lote ou através de dois tipos de combinação de venda. A unidade industrial completa (imóvel com os bens móveis) tem um valor base de 1,8 milhões de euros e um valor mínimo de 1,6 milhões de euros.

O armazém industrial tem uma área total de 5.828 metros quadrados e é constituído pelos pavilhões A e B, duas frações autónomas com logradouro comum. Os pavilhões têm áreas brutas privativas de 1.158 e 1.386 metros quadrados, respetivamente.

“O edifício tem um valor base de 1.722 milhões de euros e um valor mínimo de 1.463 milhões de euros. Os interessados podem iniciar as ofertas em 1,2 milhões de euros”, adianta a Leilosoc.

O armazém beneficia de isenção de Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto de Selo.

Para participar neste leilão, que decorre na plataforma de leilões da Leilosoc, é preciso efetuar um registo gratuito antes de licitar o imóvel.

A agora insolvente foi fundada em 2016, em Torres Vedras, com o nome Cozimafra Prestige, designação que utilizou até ao final de 2023, altura em que passou a ser Kiune. A especialista em fabrico de mobiliário dedicava-se ao design, produção, comercialização, importação, exportação, instalação, assistência e manutenção de mobiliário para cozinha, lavandaria, quarto, sala e casa de banho.

Em fevereiro, a Kiune foi declarada insolvente e encerrou portas, deixando 37 trabalhadores no desemprego. A dívida ascende a 3,1 milhões de euros, tendo como principais credores bancos e instituições financeiras, apurou o ECO.

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Portugal ganha mais 3.200 milionários no último ano

O número de fortunas acima de um milhão de dólares cresceu 1,9% no país, enquanto a nível mundial o aumento foi de 1,2%. Atualmente, Portugal conta com cerca de 175 mil milionários.

Portugal registou um aumento de 1,9% no número de milionários em 2024, passando de cerca de 171,8 mil em 2023 para aproximadamente 175 mil pessoas com património líquido superior a um milhão de dólares no final do ano passado, segundo o mais recente relatório “Global Wealth Report 2025” da UBS, publicado esta quarta-feira.

Este crescimento traduz-se na entrada de mais 3.200 pessoas no grupo de milionários no país ao longo do ano passado, consolidando uma tendência de crescimento deste clube restrito nos últimos anos, se bem que este ano a um ritmo mais lento do que em anos anteriores.

Segundo cálculos do banco suíço, os cerca de 175 milionários portugueses detêm aproximadamente 376 mil milhões de dólares em património, cerca de 2.149 milhões de euros por milionário. Este valor compara com uma riqueza média por adulto em Portugal de 163.933 dólares, enquanto a riqueza mediana é de 81.353 dólares — um sinal claro da concentração de riqueza nos escalões superiores.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Os dados do UBS destacam ainda que a generalidade dos portugueses apresenta uma alocação mais conservadora do seu património quando comparada com outros países europeus, refletindo uma tradição de investimento em ativos imobiliários.

Os analistas do banco suíço revelam, por exemplo, que em 2024, os ativos financeiros representavam 36,5% da riqueza bruta dos portugueses, enquanto os ativos não financeiros — sobretudo imóveis e terrenos — correspondiam a 74,5% do total, evidenciando o peso do património imobiliário nas carteiras das famílias nacionais. O endividamento, por sua vez, mantinha-se relativamente controlado, situando-se em 10,9% da riqueza bruta, valor próximo ao de outros países do sul da Europa, como Espanha e Grécia.

Esta composição patrimonial tem implicações diretas na forma como a riqueza é acumulada e preservada em Portugal. O forte peso do imobiliário torna a riqueza mais sensível a oscilações nos preços das casas e à evolução das taxas de juro, enquanto a menor exposição a ativos financeiros limita o potencial de valorização em períodos de forte desempenho dos mercados bolsistas.

Em 2024, haviam quase 60 milhões de milionários globalmente que, no conjunto, controlavam mais de 226 biliões de dólares, segundo estimativas do UBS.

O UBS revela alguns dados relativos à desigualdade em Portugal, revelando que o país apresenta um coeficiente de Gini de 0,61 em 2024 (ligeiramente abaixo dos números de 2019), o que indica um nível de desigualdade patrimonial elevado no contexto europeu, embora muito inferior ao de países como Brasil, Rússia ou África do Sul, que apresentam coeficiente de Gini acima dos 0,8.

Este valor significa que a distribuição da riqueza continua bastante concentrada, com uma parte significativa do património detida por uma minoria da população. Apesar disso, a última década registou uma ligeira tendência de redução da desigualdade, acompanhando o crescimento da riqueza mediana, que subiu mais de 25% desde o início da década, sugerindo que os ganhos de riqueza foram relativamente mais expressivos nos escalões intermédios da sociedade portuguesa.

Espelho do quadro dos milionários no mundo

Para o UBS, um milionário é definido como uma pessoa com património líquido superior a um milhão de dólares americanos (cerca de 870 mil euros ao câmbio atual). Em 2024, haviam quase 60 milhões de pessoas globalmente com estas condições, que controlavam mais de 226 biliões de dólares, segundo cálculos do UBS.

Só no ano passado foram adicionados a este clube restrito de fortunas 680 mil novos milionários mundialmente. Porém, o relatório estabelece diferentes escalas de riqueza, sendo que os indivíduos com património entre um e cinco milhões de dólares são classificados como “Everyday Millionaires” (milionários diários, numa tradução direta do inglês).

Este segmento, que o relatório destaca como “em crescimento, mas frequentemente negligenciado”, tem vindo a crescer significativamente, representando atualmente cerca de 52 milhões de pessoas a nível mundial e controlando aproximadamente 107 biliões de dólares em riqueza total, “mais de quatro vezes o montante que possuíam em 2000, o que equivale a mais de 2,5 vezes em termos reais”, referem os analistas do UBS.

E segundo as previsões do UBS, tanto o número de milionários como a riqueza detida por cada um tenderá a continuar a crescer nos próximos anos. Isso deverá acontecer globalmente como em Portugal, sendo que “esta expansão será liderada pelos EUA, bem como pela Grande China, América Latina e Oceânia”, vaticinam os analistas do UBS.

A nível mundial, espera-se que o número de milionários continue a crescer na maioria dos 56 mercados analisados pelo UBS, com as projeções a apontarem para “mais 5,34 milhões de pessoas a juntarem-se às fileiras dos milionários até 2029, um aumento de quase 9% em relação a 2024”, lê-se no relatório. No relatório do ano passado, os analistas do UBS apontavam para que Portugal pudesse chegar aos 189,1 mil milionários em 2028. A confirmar-se, irá traduzir-se num incremento de 8,1% face aos números de 2024.

Nos próximos 20 a 25 anos, mais de 83 biliões de dólares serão transferidos [globalmente], com cerca de 9 biliões a movimentarem-se horizontalmente entre cônjuges, e 74 biliões a movimentarem-se entre gerações.

UBS Wealth Management

Relatório Global Wealth Report 2025

Internacionalmente, os EUA mantêm-se como o país com maior número absoluto de milionários, concentrando quase quatro em cada dez milionários. “Os EUA, a China continental e França registaram o maior número de milionários [em 2024], com os EUA a representarem quase 40% dos milionários globais”, confirma o relatório, que acrescenta que os EUA adicionaram mais de 379 mil novos milionários no ano passado, “mais de 1.000 por dia”.

“Não é surpreendente que os EUA tenham o maior número de milionários, desde logo por ser também a maior economia do mundo, e acredito que continuará a ser assim na próxima década”, referi James Mazeau, analista do UBS esta quarta-feira no decorrer da apresentação do relatório aos jornalistas.

No entanto, em termos de crescimento do número de milionários o destaque recai para a Turquia, que registou um aumento anual de 8%. Os Emirados Árabes Unidos ocuparam a segunda posição deste ranking com um crescimento de 5,8%. Estes dois países refletem uma tendência de crescimento particularmente forte em mercados emergentes e economias em transformação.

Forças de criação de riqueza em 2024

Os analistas do UBS revelam também que o crescimento da riqueza mundial em 2024 foi impulsionado principalmente pelo desempenho dos mercados financeiros. Segundo o relatório, “a nível mundial, a riqueza financeira total registou um aumento de 6,2% em dólares, enquanto a riqueza não financeira cresceu apenas 1,7% e a dívida total permaneceu inalterada”.

Esta dinâmica beneficiou particularmente os milionários norte-americanos e os milionários expostos ao mercado de capitais dos EUA, “o desempenho particularmente forte dos mercados financeiros dos EUA em 2024, associado a uma moeda estável, foi o que provocou o desempenho bastante unilateral da região”, lê-se no relatório.

A América do Norte registou um crescimento de riqueza de 11,35%, muito superior aos 2,85% da região Ásia-Pacífico e aos modestos 0,44% da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). “Os EUA e as economias mais ancoradas ao dólar registaram um aumento maior da riqueza no último ano como consequência da subida do dólar”, sublinhou Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Wealth Management, esta quarta-feira no decorrer da sua intervenção na apresentação do relatório aos jornalistas.

Uma das principais conclusões do relatório do UBS prende-se com a grande transferência de riqueza que está prevista para as próximas duas a três décadas. A nível global, “nos próximos 20 a 25 anos, mais de 83 biliões de dólares serão transferidos, com cerca de nove biliões a movimentarem-se horizontalmente entre cônjuges, e 74 biliões a movimentarem-se entre gerações”, destaca o relatório.

Em Portugal, esta transferência assume proporções particularmente significativas. O UBS estima que nas próximas décadas seja transferido o equivalente a mais de um quarto da riqueza nacional, incluindo transferências inter-geracionais e intra-geracionais (entre cônjuges). “Em Espanha, estas transferências poderão ascender a 17% da riqueza do país, em Portugal a mais de 26% e na Grécia a 40%”, referem os analistas numa análise aos países do Sul da Europa.

“A riqueza não é apenas uma medida económica – é uma força social e política. À medida que navegamos na quarta revolução industrial e no aumento da dívida pública, como a riqueza é distribuída e transferida irá moldar as oportunidades, as políticas e o progresso”, destaca Paul Donovan no relatório.

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Euribor desce a três, a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 18 Junho 2025

As taxas Euribor desceram esta quarta-feira, embora ainda permanecendo acima de 2% nos três prazos: a 12 meses baixou para 2,099%, a seis meses caiu para 2,061% e a três meses recuou para 2,014%.

A Euribor desceu esta quarta-feira a três, a seis e a 12 meses e permaneceu acima de 2% nos três prazos. Com estas alterações, a taxa a três meses, que baixou para 2,014%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,061%) e a 12 meses (2,099%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, recuou, ao ser fixada em 2,061%, menos 0,010 pontos.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também baixou, ao ser fixada em 2,099%, menos 0,012 pontos do que na terça-feira.
  • A Euribor a três meses, que esteve abaixo de 2% entre 30 de maio e 12 de junho, também baixou, para 2,014%, menos 0,009 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a abril indicam que a Euribor a seis meses representava 37,61% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,46% e 25,60%, respetivamente.

Em maio, as médias mensais da Euribor voltaram a cair nos três prazos, menos intensamente do que nos meses anteriores e mais fortemente no prazo mais curto (três meses): a três meses desceu 0,162 pontos, para 2,087%; a seis meses recuou 0,086 pontos, para 2,116%; e a 12 meses caiu 0,062 pontos, para 2,081%.

Na última reunião de política monetária em 4 e 5 de junho em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) desceu as taxas de juro em 0,25 pontos base, tendo a principal taxa diretora caído para 2%. Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano. A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 23 e 24 de julho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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PLMJ assessora Davidson Kempner no financiamento da Aquaterra

A equipa multidisciplinar da PLMJ envolvida na operação foi liderada pelos sócios André Figueiredo, de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais, e Tomás Almeida Ribeiro, de Corporate M&A.

A sociedade de advogados PLMJ assessorou os americanos da Davidson Kempner no investimento realizado na Aquaterra, empresa em Portugal dedicada à produção sustentável de abacate e tangerina. A equipa da Sérvulo assessorou a Aquaterra.

“O trabalho realizado incluiu uma due diligence especializada ao Grupo Aquaterra, bem como a revisão e negociação dos documentos da transação em cooperação com o assessor internacional, a Freshfields Bruckhaus Deringer”, refere o escritório em comunicado.

A equipa multidisciplinar envolvida na operação foi liderada pelos sócios André Figueiredo, de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais, e Tomás Almeida Ribeiro, de Corporate M&A. Participaram ainda os advogados Nuno Morgado Pereira, de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais, Carolina Inverno Branco, de Corporate M&A, Raquel Freitas, de Público/Ambiente, e Telmo Coutinho Rodrigues, de Público/Regulatório.

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Bruxelas processa Portugal por falhas em legislação sobre impostos especiais de consumo

  • Lusa
  • 18 Junho 2025

Apesar de Portugal ter comunicado várias medidas nacionais, ainda estão em falta algumas disposições para transpor na íntegra duas leis europeias sobre impostos especiais sobre o consumo.

A Comissão Europeia vai processar Portugal no Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) por não ter transposto para o direito nacional regras para impostos especiais sobre o consumo e harmonização dos relativos a álcool e bebidas alcoólicas. Numa outra decisão, divulgada esta quarta-feira, Bruxelas deu a Portugal mais dois meses para cumprir a lei da UE sobre atrasos de pagamento, ameaçando o país com sanções caso não corrija as falhas.

Em causa, segundo um comunicado do executivo comunitário, está a falta de notificação, por Lisboa, da transposição de duas leis europeias sobre impostos especiais sobre o consumo – Diretiva (UE) 2020/262 e a Diretiva (UE) 2020/1151, que deveriam estar plenamente adotadas até 31 de dezembro de 2021.

Todos os Estados-membros da UE estavam obrigados a colocar em vigor a legislação necessária para transpor e a comunicar imediatamente o texto dessas medidas à Comissão.

De acordo com a informação divulgada, em 28 de janeiro de 2022, foram enviadas duas cartas de notificação para cumprir, seguidas de pareceres fundamentados — a segunda etapa do processo de infração, em 15 de julho de 2022.

Segundo o executivo comunitário, apesar de Portugal ter comunicado várias medidas nacionais, ainda estão em falta algumas disposições para transpor estas diretivas na íntegra.

Portugal é o único Estado-membro que não transpôs integralmente as disposições destas diretivas para o direito nacional.

A Comissão considera que os esforços envidados pelas autoridades competentes até à data são insuficientes, pelo que decidiu instaurar uma ação contra Portugal no Tribunal de Justiça da União Europeia solicitando a aplicação de sanções financeiras.

A Diretiva (UE) 2020/262 do Conselho, de 19 de dezembro de 2019, que estabelece o regime geral dos impostos especiais de consumo (reformulação), define princípios e regras comuns em matéria de produção, armazenamento e circulação dos produtos sujeitos a impostos especiais de consumo.

Bruxelas defende ser importante que Portugal cumpra todas as regras que compõem este quadro jurídico e, em particular, as relativas às situações transfronteiriças, à validade e liberação das garantias em toda a UE, às suspeitas de fraude ou irregularidade e às obrigações das autoridades competentes, bem como as relativas aos expedidores e destinatários em situações específicas.

A Diretiva (UE) 2020/1151 estabelece um sistema de certificação à escala do bloco para os pequenos produtores de álcool, que lhes permite beneficiar mais facilmente de taxas reduzidas do imposto especial de consumo em toda a UE.

A legislação em causa reforça igualmente a luta contra a fraude, clarificando as condições de aplicação de isenções ao álcool não destinado ao consumo humano. A lacuna de transposição identificada em Portugal afeta o comércio transfronteiriço de álcool produzido por pequenos produtores de vinho noutros Estados-membros e de álcool não destinado ao consumo humano.

Portugal tem dois meses para corrigir falhas

A Comissão Europeia deu ainda dois meses a Portugal para executar a diretiva da União Europeia (UE) relativa aos atrasos de pagamento por o país continuar sem cumprir as suas obrigações, ameaçando com tribunal e sanções financeiras.

O executivo comunitário aponta que enviou a Portugal – assim como à Eslováquia – uma carta de notificação por estes dois países “não terem cumprido as suas obrigações ao abrigo da diretiva relativa aos atrasos de pagamento, tal como confirmado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia”.

Bruxelas já havia pedido há cerca de um ano que estes dois países cumprissem as obrigações que lhes incumbem por força desta legislação comunitária, mas “as medidas anunciadas por Portugal e pela Eslováquia desde os acórdãos não permitiram melhorar suficientemente a resolução do problema”, justifica a instituição.

Portugal e a Eslováquia dispõem agora de dois meses para responder e colmatar as lacunas apontadas pela Comissão Europeia, sendo que, na ausência de uma resposta satisfatória, os processos podem avançar para o Tribunal de Justiça da UE e passar pela imposição de sanções financeiras.

A diretiva em causa obriga as autoridades públicas a pagar as suas faturas no prazo de 30 dias (60 dias para as autoridades que prestam cuidados de saúde).

“Os atrasos de pagamento têm um impacto negativo nas empresas, reduzindo a liquidez, dificultando o crescimento e enfraquecendo a resiliência. Além disso, limitam a capacidade de uma empresa de adotar práticas mais ecológicas e de aderir à transformação digital”, elenca Bruxelas.

Ainda esta quarta-feira, a Comissão Europeia abriu um processo de infração a Portugal por falhas na aplicação das regras da União Europeia contra a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, enviando uma carta de notificação por incumprimento.

Na carta de notificação, Bruxelas dá dois meses a Portugal para responder às “deficiências estruturais” na aplicação do regime de certificação das capturas da UE, que tem por objetivo impedir a entrada no mercado da UE de pescado capturado de forma ilegal, não declarada e não regulamentada.

Numa outra decisão, divulgada no âmbito do pacote de infrações de mês de junho, Bruxelas deu mais dois meses a Portugal para cumprir a legislação da União Europeia em matéria de impostos especiais de consumo sobre o vinho, por o país aplicar incorretamente uma taxa zero a alguns mais fortes.

O executivo comunitário indica que decidiu enviar um parecer fundamentado a Portugal por incumprimento das regras da União Europeia (UE) em matéria de impostos especiais de consumo sobre o vinho.

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PGR confirma que municípios com centros eletroprodutores têm direito a renda

  • Lusa
  • 18 Junho 2025

Os concelhos onde estão instalados centros produtores de energia elétrica têm direito ao pagamento de uma renda anual, confirma um parecer da PGR remetido à Associação de Municípios.

Os municípios onde estão instalados centros produtores de energia elétrica têm direito ao pagamento de uma renda anual, confirma um parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) remetido à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

No parecer a que a agência Lusa teve acesso, o conselho consultivo da PGR sublinha que se mantém em vigência o decreto-lei n.º 424/83, de 6 de dezembro, que consagra o pagamento de uma renda anual aos municípios afetados por centros produtores de energia elétrica.

“O facto de um dos índices necessários para as fórmulas, constantes dos artigos 2.º e 3.º do decreto-lei n.º 424/83 ter deixado de ser publicado pela ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos], não é suficiente para considerar verificada a caducidade deste diploma legal ou de qualquer seu preceito por apenas poder afligir o meio de quantificação do valor da renda e não o direito consignado no artigo 1.º do mesmo decreto-lei”, lê-se no extenso documento.

Segundo o parecer, o diploma legal continua em pleno vigor e assegura aos municípios onde estão instaladas centrais elétricas o direito a uma compensação anual, reconhecida como uma contrapartida pública pela utilização do território e pelos potenciais impactos ambientais e sociais causados pela produção de energia.

A PGR conclui assim que a legislação posterior do setor energético não veio revogar nem contrariar esse direito, recomendando ainda que o enquadramento jurídico seja atualizado, de forma a refletir a realidade atual do setor energético, incluindo novas formas de produção e exploração.

“Salvaguarda-se, deste modo, o regime legal de rendas aos municípios pelos titulares de centros eletroprodutores, como o contemplado no decreto-lei n.º 424/83. Aplica-se porém o novo regime de cedências e compensações consagrado no referido artigo 49.º se a obtenção da reserva de capacidade de injeção na RESP [Rede Elétrica de Serviço Pública] pelos centros eletroprodutores ocorrer após 15 de janeiro de 2022, pelo que o regime de rendas municipais previsto no decreto-lei n.º 424/83 não foi revogado pela mera entrada em vigor do decreto-lei n.º 15/2022 a 15 de janeiro de 2022”, alega.

Para a presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, trata-se de um parecer “muito relevante”, que “no fundo veio acolher aquelas que eram as reivindicações dos municípios”.

“É um parecer que pode ter um impacto muito positivo nos municípios que têm centros eletroprodutores e isso é positivo para os territórios”, conclui.

Lei precisa de clarificação, reage APREN

Entretanto, a APREN já veio desvalorizar o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) que confirma o direito dos municípios a rendas anuais pela instalação de centrais elétricas, defendendo que “é preciso haver uma clarificação em sede do parlamento ou do Governo”.

“O parecer diz que é preciso haver uma clarificação em sede do parlamento ou do Governo deste enquadramento. É óbvio que não se pode simplesmente aplicar uma norma de 1983 a tecnologias como eólicas, solar ou hídricas de bombagem. Não faz sentido assumir que um enquadramento pensado para outra realidade se mantém válido sem adaptação”, afirmou à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), Pedro Amaral Jorge.

“Isto parece-nos mais uma tentativa da Associação Nacional de Municípios de procurar uma participação dos produtores de eletricidade no financiamento das autarquias”, afirmou.

O responsável reiterou a disponibilidade para discutir o tema com os municípios, mas frisou que tal deve ser feito “em sede de rendimento e não de património, como na tentativa de aplicar o IMI às renováveis”. Ainda assim, defendeu que estas questões devem ser analisadas caso a caso.

Segundo Pedro Amaral Jorge, não há enquadramento legal que sustente o pagamento obrigatório de rendas, “a menos que isso tenha sido acordado com os municípios, como acontece com os cerca de 5.000 megawatts de eólicas atualmente instalados”.

O dirigente defendeu ainda que o decreto-lei em causa, de 1983, foi criado num contexto muito diferente, estando focado em centrais térmicas e hídricas e numa estrutura empresarial dominada pela EDP. “Não nos parece que aquilo possa ser extrapolado para fora desse universo”, apontou.

Da leitura que a APREN fez do parecer, Pedro Amaral Jorge salientou que a própria PGR reconhece a necessidade de uma clarificação legislativa e “não determina que o decreto-lei de 83 seja automaticamente aplicável”.

(Notícia atualizada às 19h40 com reação da APREN)

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Bial vai buscar nova CFO à gestora da bolsa de Londres

Jasmine Zhong assume as funções de administradora financeira no próximo mês de novembro, substituindo José Redondo no cargo.

A Bial nomeaou Jasmine Zhong como nova Chief Financial Officer (CFO) da empresa, substituindo José Redondo no cargo no próximo mês de novembro, anunciou a empresa. A nova administradora com o pelouro financeiro desempenhava, atualmente, o cargo de CFO de Operações e Integração no London Stock Exchange Group (LSEG), a gestora da bolsa de Londres, e conta com uma longa carreira na indústria farmacêutica, tendo estado 17 anos na AstraZeneca.

A Bial, empresa farmacêutica de inovação, acaba de anunciar a integração de Jasmine Zhong como administradora executiva, com as funções de Chief Financial Officer, a partir de novembro de 2025″, adiantou a empresa em comunicado.

Jasmine Zhong sucede a José Redondo, que cessou funções executivas depois de 39 anos ao serviço da empresa, passando agora a integrar o conselho de administração como membro não executivo.

Jasmine Zhong desempenhava atualmente as funções de CFO de Operações e Integração no London Stock Exchange Group (LSEG), onde era responsável pela governance dos investimentos e as parcerias financeiras para a transformação da empresa. Com mais de duas décadas de experiência internacional no setor farmacêutico, de consultoria e serviços financeiros, Jasmine Zhong esteve 17 anos na farmacêutica AstraZeneca, onde desempenhou várias funções em várias localizações.

“É com satisfação que damos as boas-vindas à Jasmine no conselho de administração como nova CFO da Bial. A sua vasta experiência na área financeira, com um forte foco operacional e na vertente de investimentos, será particularmente relevante neste momento da vida da Bial, em que a inovação e a consolidação da presença nos principais mercados internacionais constituem a prioridade estratégica da empresa”, comentou o chairman António Horta Osório, citado em comunicado.

O chairman da farmacêutica acrescentou ainda que “é igualmente um privilégio continuar a contar com a experiência e o profundo conhecimento do José Redondo, agora como membro não executivo do Conselho de Administração, depois de todo um percurso profissional de extrema dedicação e de excelência que marcam a história da Bial”.

Já Jasmine Zhong reforça que está “muito entusiasmada por assumir esta nova função e por trabalhar com toda a equipa da Bial, assegurando que a estratégia financeira cria valor para todos os stakeholders e está alinhada com a sua ambiciosa visão de contribuir para melhorar a vida dos doentes em todo o mundo”.

A nova CFO do grupo Bial possui um MBA em contabilidade e finanças pela Terry College of Business da Universidade da Geórgia e é licenciada pela Universidade de Hunan, tendo ainda completado programas de formação executiva no MIT e na Stanford-National University of Singapore. É também membro do Chartered Institute of Management Accountants

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PT2030 com execução de 8,1% até maio. Compete persiste em último

O PT2030 tem 7,61 mil milhões de euros de fundos aprovados, ou seja, um terço do fundo programado e 1,86 mil milhões de euros de fundos executados.

O Portugal 2030 (PT2030) terminou o mês de maio com uma taxa de execução de 8,1%, mais 0,8 pontos percentuais face ao mês anterior. O Pessoas2030 lidera com uma execução de 21,4%, sendo o único com mais de mil milhões de euros executados. O pior desempenho continua a ser o do Compete: apenas 1,3%.

O novo quadro comunitário de apoio tem 7,61 mil milhões de euros de fundos aprovados, ou seja, um terço do fundo programado e 1,86 mil milhões de euros de fundos executados, sendo que a maior parte deste desempenho é da responsabilidade do programa Pessoas2030, com uma taxa de execução de 21,4% (1,21 mil milhões de euros).

O segundo e terceiro lugares do pódio são ocupados, respetivamente, pelo Programa de Assistência Técnica (19,4%, que correspondem a 32,6 milhões de euros), e pelo Mar2030, com uma taxa de execução de 12,4% (48,5 milhões de euros, um valor ainda provisório). Mas estes dois programas são de pequena dimensão.

o Compete, também conhecido como o programa das empresas, é o terceiro com maior volume de fundos aprovados (1,08 mil milhões), mas cai para último na execução, com 48,87 milhões de euros (1,3%, uma subida mensal de 0,2 pontos percentuais).

Em termos percentuais, os programas que conseguiram acelerar mais a execução foram o Pessoas2030 (+2,2 pontos percentuais), o Lisboa2030 (+1,4 pp) e o Sustentável2030 (+0,9 pp).

O Sustentável2030 já tem 1,13 mil milhões de euros aprovados, mas apenas 195,9 milhões executados (6,3%), o que o colocaria em risco de ter de devolver verbas a Bruxelas por não cumprir a regra da guilhotina. Mas com a reprogramação do Portugal 2030, que já foi submetida a Bruxelas, esse risco estará sanado, já que será este programa temático que vai assumir parte do financiamento da barragem do Pisão, da Tomada de Água do Pomarão e da dessalinizadora do Algarve, projetos que caíram do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) por não conseguirem cumprir o cronograma da bazuca europeia. Resta ver como decorrem as negociações com a Comissão Europeia ao longo desta semana, tal como o ECO avançou, que podem obrigar a novos ajustes no exercício de reprogramação atrasando a conclusão do mesmo.

A taxa de execução de 8,1% em maio do PT2030 compara com os 26% em junho de 2018 do Portugal 2020. Mas é preciso ter em conta que, no PT2020, a agricultura estava incluída e, nessa altura, já contava com uma taxa de execução de 43% (em junho de 2018), ajudando muito positivamente os dados globais.

A influenciar negativamente o desempenho do PT2030 está a sua entrada em vigor ainda mais tarde do que é habitual e a simultaneidade no tempo com o encerramento do PT2020 e a execução do PRR, que acabou por ter uma dotação idêntica a um quadro comunitário (22,2 mil milhões de euros), mas que tem de estar integralmente executado até 2026.

Em fevereiro de 2025 (ainda não há dados mais recentes), o PT2020, que ainda não encerrou, contava com uma taxa de execução de 99,6% e de 112% de taxa de compromisso.

A monitorização mensal do PT2030 revela ainda que, no final de maio, em termos de taxas de aprovação a liderança vai também para o Pessoas2030 que tem 3,13 mil milhões aprovados, num total de 4.327 operações. Seguem-se o Sustentável2030 (1,13 mil milhões num total de 61 operações, mais três face ao mês anterior) e o Compete2030 (1,08 mil milhões distribuídos por 1.385 operações, ou seja mais 391 face ao mês anterior, o que representa um grande salto). No extremo oposto está o Programa de Assistência Técnica com apenas 88,87 milhões (31 operações), exatamente os mesmos valores do mês anterior.

Em termos globais, 33,1% do PT2030 já foi aprovado, num total de 7,61 mil milhões de euros, ou seja, um terço do fundo programado já foi aprovado.

Em comunicado, a AD&C sublinha que, “até 31 de maio, mais de metade dos avisos lançados já foram encerrados”. “Dos 22,99 mil milhões de euros do fundo programado, 13,47 mil milhões foram colocados a concurso. Destes, 47% pertencem ao FEDER, 33% ao Fundo Social Europeu+ e 16% ao Fundo de Coesão. Os 729 avisos já encerrados lançaram a concurso mais de 8,8 mil milhões de fundo“, lê-se.

Bruxelas já transferiu, a título de pagamentos intermédios, 19,19 mil milhões para os 27 Estados-membros, até 31 de maio. “No conjunto dos 14 Estados-membros com envelopes financeiros acima dos seis mil milhões, Portugal recebeu 786 milhões de fundo, situando-se em 10.º lugar em termos de proporção de pagamentos intermédios recebidos face ao programado, com 3,4%, seguindo-se Alemanha, Itália, Croácia e Espanha, com inferiores proporções de pagamentos face aos respetivos envelopes financeiros”, lê-se na monitorização mensal. Portugal manteve a mesma posição face ao reporte anterior.

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Prestação da casa cai para valor mais baixo em mais de ano e meio

Juros do crédito à habitação estão em queda há 16 meses. Taxa caiu para 3,57% em maio, atirando a prestação média da casa para o valor mais baixo desde outubro de 2023.

A prestação da casa caiu em maio para o valor mais baixo em mais de ano e meio, refletindo o alívio das taxas de juro do crédito à habitação, que estão em queda há 16 meses, revelou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

No mês passado, a prestação média para a generalidade dos contratos da casa fixou-se nos 395 euros no mês passado, menos um euro em relação a abril e nove euros em comparação com maio de 2024, segundo o gabinete de estatística.

A redução dos encargos com o empréstimo da casa deve-se à descida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), que desde o verão do ano passado tem vindo a aliviar a política monetária perante a desaceleração dos preços na Zona Euro.

De acordo com o INE, a taxa implícita nos contratos de crédito à habitação, que está em queda desde janeiro do ano passado, atingiu em maio os 3,57%, o valor mais baixo em dois anos.

Juros da casa cedem há 16 meses seguidos

Fonte: INE

Nesse sentido, as componentes de capital amortizado e juros da prestação da casa têm vindo a equilibrar-se: da mensalidade média de 395 euros registada no mês passado, 185 euros correspondiam a capital amortizado (mais dois euros em relação a abril) e 210 euros a juros totais (menos três euros).

Por sua vez, o capital médio em dívida ao banco continua a subir: aumentou 629 euros para 71.042 euros em maio, o valor mais elevado desde que há registos.

(Notícia atualizada às 11h44)

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Portugal paga menos de 2% por 750 milhões de dívida de curto prazo

Custos de financiamento de curto prazo continuam a baixar. IGCP concretizou financiamento de 750 milhões de euros a 11 meses com taxa de juro mais baixa em cerca de três anos.

Portugal voltou a pagar menos de 2% numa operação de financiamento com Bilhetes do Tesouro a 11 meses. Esta quarta-feira, o Estado obteve 750 milhões de euros junto dos mercados à taxa mais reduzida em quase três anos.

Os títulos de dívida, com maturidade em maio de 2026, tiveram uma taxa de juro média de 1,941%, mais baixa do que no anterior leilão comparável, realizado em abril, e na qual os investidores tinham exigido uma taxa de 1,974%.

Com o alívio da inflação e da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) desde o último verão, as taxas de juro do mercado têm vindo a descer nos últimos meses e a ter reflexos numa redução dos custos de financiamento dos Estados. No caso do leilão desta manhã, o IGCP — a agência que faz a gestão da dívida pública e conduz estas operações — conseguiu ter a taxa de juro mais baixa desde outubro de 2022, há quase três anos.

IGCP paga taxa mais baixa em quase três anos

Fonte: IGCP

Para este resultado contribuiu o forte apetite dos investidores. A procura superou os 2,4 mil milhões de euros, 3,2 vezes mais do que o montante que acabou por ser emitido pela entidade liderada por Pedro Cabeços.

Ainda esta quarta-feira, o Eurostat revelou que a taxa de inflação na Zona Euro caiu para 1,9% em maio. O facto de a subida dos preços estar a convergir para o objetivo do BCE tem levado as autoridades monetárias a cortar as taxas de juro oficiais e arrastando consigo todo o mercado.

Este foi o último leilão de Bilhetes do Tesouro do segundo trimestre.

(Notícia atualizada às 10h54)

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Inflação na Zona Euro recua para 1,9% em maio. Portugal abaixo da média

Índice de Preços no Consumidor desacelerou face aos 2,2% registados em abril e ficou abaixo da meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) em maio, confirmou o Eurostat.

A taxa de inflação homóloga da Zona Euro desacelerou para 1,9% em maio, abaixo dos 2,2% registados em abril, e face aos 2,6% de há um ano, confirmou esta quarta-feira o Eurostat. O índice de preços no consumidor dos países do euro já está, assim, num nível inferior ao objetivo de 2% do Banco Central Europeu (BCE). Portugal registou a quinta taxa mais baixa da região, com o índice a situar-se em 1,7%.

Os números divulgados pelo gabinete de estatísticas europeu confirmam os dados da estimativa rápida divulgada no início do mês.

Na União Europeia, a taxa de inflação homóloga recuou para 2,2% em maio, face aos 2,4% registados em abril e aos 2,7% fixados no mesmo mês do ano passado.

“Em maio de 2025, a maior contribuição para a taxa de inflação anual da área do euro veio dos serviços (+1,47 pontos percentuais, pp), seguidos de alimentos, álcool e tabaco (+0,62 pp), bens industriais não energéticos (+0,16 pp) e energia (-0,34 pp)”, explica o Eurostat.

Portugal registou uma taxa anual harmonizada de 1,7%, duas décimas abaixo da média da Zona Euro, e a quinta taxa mais baixa no conjunto dos países do euro, juntamente com a Itália. Apenas o Chipre (0,4%), França (0,6%), Irlanda (1,4%), Dinamarca (1,5%) verificaram uma evolução mais baixa.

Em sentido oposto, a Roménia (5,4%), Estónia (4,6%) e Hungria (4,5%) registaram as taxas de inflação mais elevadas.

Face a abril, a inflação anual caiu em 14 Estados-membros, permaneceu estável num e subiu em 12, acrescenta o Eurostat.

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PME

Financiamento empresarial: apenas 8% das PME nacionais têm finanças saudáveis

  • ECO
  • 18 Junho 2025

Os dados foram apresentados primeira talk da série ‘Impulso PME’, promovida pelo ECO e pela Five Credit e resulta de um estudo que analisou 200 mil pequenas e médias empresas.

O auditório do ECO encheu-se para acolher a primeira de três talks organizadas em parceria com a Five Credit. O encontro, dedicado ao crescimento e financiamento das pequenas e médias empresas (PMEs), reuniu gestores, economistas e representantes do setor financeiro para discutir dados, tendências e soluções. “O objetivo é chegar às empresas e facilitar o seu dia-a-dia”, afirmou Mafalda Duarte, CEO da Five Credit, reforçando a missão da iniciativa.

Mafalda Duarte, CEO da Five Credit

O evento, moderado por Tiago Freire, subdirector do ECO, destacou a importância de espaços de debate sobre temas estruturantes da economia portuguesa. Francesco Franco, partner da Five Credit, lançou os dados e paradoxos centrais da sessão, nomeadamente a baixa produtividade dos empresários em nome individual (ENI) quando comparada com a realidade a que se assiste em outras estruturas empresariais, o acesso ao financiamento e a heterogeneidade dos indicadores financeiros das PMEs.

Francesco Franco, Fundador e Managing Partner da Five Credit

Dados financeiros e inteligência artificial

A importância dos dados esteve presente ao longo de toda a sessão. Francesco Franco apresentou um estudo com base em 200 mil empresas, destacando que apenas 8% apresentam três indicadores financeiros considerados ‘bons’ (autonomia financeira, liquidez e rentabilidade). “82% das empresas apresentam indicadores mistos”, salientou, reforçando a necessidade de uma análise mais fina e segmentada.

Já José Farinha apelou a uma revolução no setor da contabilidade. “Nós temos que começar a fazer contabilidade a sério. Está muito longe de ser apenas a declaração do IVA”, enfatizou. O chairman da BTOCNET destacou ainda a importância do reporting simples e útil, acessível ao empresário comum: “É suposto entregarmos informação em português e não em contabilidade”.

José Farinha, Chairman da BTOCNET

O debate abordou também os obstáculos ao crescimento das empresas, em especial a transição de micro para pequenas ou médias empresas. “A única barreira que mais pode existir é na nossa própria cabeça”, disse Filipe de Botton, chairman da Logoplaste, sublinhando que a ambição e a diferenciação continuam a ser as maiores alavancas para crescer.

Filipe de Botton, Chairman da Logoplaste

No entanto, tanto Nuno Martins como Filipe de Botton admitiram que o mercado português, pela sua dimensão, impõe restrições à escala. Uma solução possível? A verticalização. “Se conseguir fazer todo o percurso, desde o cliente até à produção, consigo ganhar escala mesmo num mercado pequeno”, sugeriu o membro da Comissão Executiva da CGD.

Financiamento: retrato contraditório

Um dos paradoxos em destaque foi o do financiamento. Enquanto os dados do Banco Central Europeu (BCE) apontam para uma situação favorável de acesso ao crédito pelas PMEs, o índice ESAF, elaborado pelo Fundo Europeu de Investimento (FEI), apresenta Portugal numa posição menos favorável. “São indicadores produzidos por instituições com muita credibilidade, mas que transmitem mensagens diferentes”, explicou Francesco Franco. A disparidade ilustra a complexidade do tema e a necessidade de uma leitura crítica dos dados.

Nuno Martins, Membro da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos

Nuno Martins, membro da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, explicou que “não sentimos nenhum problema na procura de crédito”, referindo-se à competição feroz entre os bancos no apoio às empresas. No entanto, sublinhou a necessidade de uma boa estrutura de capitais e de informação financeira de qualidade. “Se a empresa tem história e demonstra viabilidade, o banco está mais disposto a financiar”, afirmou.

Cultura empresarial e parceria

A sessão terminou com uma reflexão sobre a relação das PME com os seus parceiros — entidades financiadoras, consultores e contabilistas. “Hoje somos muitas vezes chamados a elaborar planos de negócio com os clientes. Há uma maior interação”, afirmou José Farinha, apontando a necessidade de capacitação por parte dos profissionais. “Não vamos perder clientes para a inteligência artificial, vamos perder para quem a usar melhor”.

José Farinha, Chairman da BTOCNET, e Nuno Martins, Membro da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos

Em jeito de conclusão, os intervenientes convergiram na ideia de que é preciso fomentar uma cultura de dados, rigor financeiro e planeamento. Como sintetizou Nuno Martins: “O banco tem de atuar como parceiro do negócio. E o empresário tem de ter a coragem de planear, de investir e de se capacitar”.

O paradoxo dos ENI: Que barreiras para se transformarem em Microempresas

Francesco Franco trouxe ainda à conversa o que chamou “o paradoxo dos ENI”, referindo-se aos empresários em nome individual. “São absolutamente indispensáveis para absorver o emprego em Portugal, uma vez que representam 22% do emprego total do país”, referiu. Contudo, a produtividade deste segmento é significativamente baixa. “A produtividade é três vezes menor do que a de uma microempresa”, adiantou. Este padrão, frisou, repete-se transversalmente em todos os setores da economia.

O auditório do ECO encheu-se para acolher a primeira de três talks organizadas em parceria com a Five Credit

A diferença entre microempresas e ENIs acabou por ser um dos tópicos em debate. “Qual é o clique que permite a um ENI transformar-se numa microempresa mais produtiva?”, questionou o partner da Five Credit. A resposta pode estar, entre outras coisas, na adoção de contabilidade organizada e em modelos mais formais de operação.

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A próxima sessão do ciclo está já prometida. Até lá, ficou o desafio de construir um tecido empresarial mais informado, produtivo e preparado para um mundo cada vez mais automatizado — mas onde o fator humano, ainda, faz toda a diferença.

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