Investimento em arte cai em 2023. Vendas nas principais casas de leilões abaixo dos níveis pré-pandemia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 2 Novembro 2024

As vendas no mercado de arte caíram 4% em 2023, assistindo-se a um declínio notável no gasto médio. Porém, o investimento em obras de artistas emergentes e femininas está a aumentar.

Maior interesse em explorar novas galerias, foco em artistas emergentes e femininas e participação em eventos artísticos acima dos níveis registados antes da pandemia de Covid-19. Estas são algumas das conclusões do relatório da Art Basel e do UBS sobre o mercado de arte, que aponta para um abrandamento das vendas em 2023, cenário que deverá manter-se até ao fim deste ano.

O inquérito sobre colecionismo global, divulgado na quinta-feira e elaborado pela economista cultural e fundadora da Arts Economics Clare McAndrew, traça um retrato das atitudes e dos comportamentos dos indivíduos com elevado património líquido (high-net-worth individuals, ou HNWIs, em inglês) durante o ano passado e a primeira metade de 2024.

Foram inquiridos mais de 3.660 colecionadores de arte com um património líquido acima de um milhão de dólares (excluindo ativos imobiliários e empresariais) em 14 mercados-chave: Brasil, França, Alemanha, Hong Kong, Itália, Japão, China Continental, Singapura, Taiwan, Reino Unido, Estados Unidos, Indonésia, Suíça e México – sendo que foi a primeira vez que estes três últimos países participaram no estudo.

Vendas e gasto médio em obras de arte em queda

Após a recuperação da pandemia de Covid-19, as vendas no mercado de arte abrandaram no ano passado, caindo 4% para 65 mil milhões de dólares, devido, sobretudo, ao segmento de luxo. O relatório refere que houve um decréscimo de 32% no gasto médio dos HNWIs, para 363.905 dólares, enquanto a despesa mediana destes colecionadores também baixou, mas de forma menos significativa – de 50.165 dólares em 2022 para 50.000 dólares em 2023.

Agregado global das importações de arte e antiguidades (2010-2023). Fonte: Arts Economics com dados da UN ComtradeO ambiente de compra cauteloso manteve-se nos primeiros seis meses deste ano, destacando-se o abrandamento da atividade no setor dos leilões. Entre janeiro e junho deste ano, as vendas da Christie’s, Sotheby’s, Phillips e Bonhams desceram 26% no seu conjunto face a igual período de 2023 e ficaram abaixo dos níveis pré-pandemia. “A despesa mediana para o primeiro semestre de 2024 (25.555 dólares), se indicativa do nível para o segundo semestre do ano, poderá refletir um nível anual estável de despesa”, antecipa o “Art Basel and UBS Survey of Global Collecting 2024”.

Investimento dos millennials baixou para metade. Chineses são os que gastam mais

Até 2022, os inquiridos mais jovens vinham a registar alguns dos maiores aumentos no gasto médio, mas a tendência inverteu-se no último ano, com o principal motivo para o declínio a incidir na diminuição de 50% das despesas dos millennials (geração nascida entre 1981 e 1996), para 395.000 dólares.

Já os colecionadores da Geração X (nascidos entre 1965 e 1980), apesar do baixo crescimento anual de 3%, tiveram o gasto médio mais elevado em 2023 (578.000 dólares). A sua liderança manteve-se nos primeiros seis meses deste ano, com níveis mais de um terço superiores aos dos millennials e o dobro relativamente aos boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e à Geração Z (de 1997 a 2012).

Na comparação por país, destacam-se os investidores da China continental com o maior gasto em arte e antiguidades em 2023 e no primeiro semestre de 2024, registando uma mediana de 97.000 dólares, mais do que o dobro de qualquer outra região.

Foco crescente em artistas emergentes e femininas

Em 2023 e na primeira metade deste ano, mais de metade (52%) das despesas dos HNWIs foi em obras de artistas novos e emergentes, contra 44% no inquérito relativo a 2022. Já 21% dos gastos foram em obras de artistas a meio da carreira (menos 6% face ao inquérito anterior) e 26% em obras de artistas consagrados (queda de 2% em relação a 2023 e de 5% comparativamente a 2022).

Além do maior apoio a artistas em início de carreira, a percentagem de obras de artistas do sexo feminino nas coleções privadas dos inquiridos também aumentou, atingindo um rácio de 44% em relação às obras de artistas do sexo masculino em 2024, o seu nível mais elevado em sete anos, quando em 2018 o rácio era de 33%. Igualmente, a percentagem de despesas em obras de mulheres também foi de 44%, contra 56% nos gastos em obras feitas por homens.

Pinturas são a arte favorita

A pintura continua a dominar como o tipo de arte preferido dos investidores: mais de três quartos dos HNWIs compraram um quadro em 2023 e no início deste ano. Não obstante, as obras em papel também estão a ganhar força, com metade dos inquiridos a investir ativamente nesta categoria, enquanto os gastos em prints tiveram um aumento notável de 35% no último ano.

Já as despesas em esculturas e outros tipos de trabalhos artísticos, como fotografia e arte digital, têm vindo a abrandar, em grande parte devido à concentração da atividade do mercado de arte em obras a preços mais acessíveis.

Quanto aos canais de compra de arte, a esmagadora maioria dos investidores privilegia as galerias e os revendedores, seguindo-se os leilões. O estudo assinala que “a compra multiplataforma veio para ficar” em 2024: só entre as compras diretamente a negociadores de arte, 29% fizeram-no através dos seus websites, sem ver o trabalho pessoalmente; 28% compraram por e-mail ou telefone, também sem ver a obra pessoalmente; 23% fizeram a aquisição pelo Instagram; e 20% optaram por comprar pessoalmente, em eventos ou exposições em galerias.

Quase 90% dos HNWIs compraram em novas galerias em 2023 e este ano. O número de galerias às quais adquiriram obras de arte é maior do que em anos anteriores, com uma média de 18 em 2023 e 17 até agora em 2024, acima das 13 registadas em 2019.

Mais de 70% têm obras herdadas ou doadas nas suas coleções

Os inquéritos dos últimos nove anos mostraram um pico de alocação da riqueza dos HNWIs para o mercado de arte de 24% em 2022, caindo para 19% em 2023 e novamente para 15% em 2024. Os mais ricos (com um património avaliado em mais de 50 milhões de dólares) destacam-se ao alocar 25% da sua riqueza às suas coleções artísticas.

Outro dado do estudo é que 91% dos inquiridos tinham obras que foram herdadas ou oferecidas, mas apenas 72% destes mantiveram pelo menos algumas dessas obras nas suas coleções privadas.

Percentagem de obras herdadas nas coleções dos HNWI em 2024. Fonte: Arts Economics

Entre os principais motivos para a venda de obras herdadas, 55% apontaram não ter espaço suficiente para as guardar, enquanto 47% utilizaram os lucros para ajudar a liquidar os impostos sobre as heranças. Menos de um terço dos investidores mais jovens (millennials e Geração Z) referiram a falta de adequação às suas coleções como motivo para a venda ou a doação.

Maior participação em eventos artísticos

Os HNWIs participaram, em média, em 49 eventos artísticos no ano passado, perspetivando participar em 46 em 2024, mais oito do que em 2019. Para 2025, a maioria dos colecionadores planeava participar em exposições em galerias ou feiras de arte, com 48% a esperar atingir aproximadamente os mesmos números que este ano e 44% a esperar participar em mais eventos do que em 2024.

Simultaneamente, 43% dos inquiridos disseram que planeiam comprar uma obra de arte nos próximos 12 meses, abaixo dos pouco mais de metade da amostra em 2022 e 2023. Em sentido inverso, os que esperam vender obras das suas coleções particulares aumentaram para 55%.

Citado no relatório, Christl Novakovic, em representação do UBS, sublinhou o papel da inteligência artificial (IA) no mercado de arte, notando que as ferramentas baseadas em IA “estão a melhorar a forma como os colecionadores e as instituições descobrem, interagem e apreciam a arte” e antecipando que “é provável que a sua integração no mundo da arte se intensifique”.

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Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas impunes

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas passam impunes, segundo um relatório hoje publicado pela UNESCO para assinalar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.

Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas passam impunes, segundo um relatório publicado pela UNESCO para assinalar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas. De acordo com o documento, em 2022 e 2023, houve uma descida de quatro pontos percentuais do número de assassinatos de jornalistas que passaram impunes face a 2018 e de 10 pontos face a 2012.

A UNESCO registou 162 assassinatos de jornalistas e trabalhadores do setor da comunicação em 2022 e 2023, traduzindo-se num aumento de 38% face a 2020 e 2021.

Para esta subida, a agência das Nações Unidas destaca o impacto das mortes em zonas de conflito que, com 44 mortes em 2023, atingiu o número mais alto desde 2018.

Nos países que não estão a viver um conflito armado, “houve um pico significativo em 2022, com 60 assassinatos, o número mais alto alguma vez registado pela UNESCO”, que no ano seguinte contrastou com o total anual (30) mais baixo desde 2008.

Em 2022, o México foi palco do maior número de assassinatos de jornalistas, com 19 casos, seguindo-se Ucrânia (11) e Haiti (nove), enquanto no ano passado a Palestina registou 24 mortes de jornalistas, à frente de México (sete) e Guatemala (cinco).

No biénio em análise, nos países lusófonos contaram-se quatro mortes: três no Brasil e uma em Moçambique.

Desde o início deste registo pela UNESCO, em 2006, apenas 210 casos foram considerados resolvidos, num tempo de espera médio de quatro anos.

Num comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, pediu aos Estados-membros para “fazerem mais para assegurar que estes crimes nunca passam impunes”.

Em 2022 e 2023, um jornalista foi assassinado a cada quatro dias apenas por fazer o seu trabalho de procurar a verdade. Para a vasta maioria destes casos, ninguém será responsabilizado. Apelo a todos os Estados-membros para fazerem mais para assegurar que estes crimes nunca passam impunes“, afirmou. “Acusar e sentenciar estes perpetradores é uma alavanca enorme para prevenir futuros ataques a jornalistas”, acrescentou a responsável.

 

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Estão confirmados pelo menos 211 mortos em Valência

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

Pelo menos 211 pessoas morreram nas inundações em Espanha, disse o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez. E estão confirmadas mais forças militares e de segurança no terreno.

Pelo menos 211 pessoas morreram nas inundações em Espanha, disse o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez. O número oficial de vítimas conhecido até agora era de 205 mortos, 203 das quais na região autónoma da Comunidade Valenciana.

Segundo disse Sánchez, as equipas das forças armadas e das forças de segurança do Estado já encontraram 211 cadáveres nos locais em que atuaram no terreno, referindo em concreto e como exemplo milhares de garagens, casas e estradas inundadas. O primeiro-ministro, que fez uma declaração a partir da sede do Governo de Espanha, em Madrid, referiu que há ainda dezenas de pessoas que continuam a procurar familiares e amigos desaparecidos, sem concretizar um número.

Os trabalhos de busca de desaparecidos e de recuperação de eventuais cadáveres vai continuar nos próximos dias, acrescentou, numa declaração em que anunciou o envio de mais 5.000 militares e de mais 5.000 elementos das forças de segurança nacionais para o terreno, para dar resposta a uma “situação trágica”, com “problemas e carências severas” e em que a resposta das administrações tem sido insuficiente em Valência.

Pedro Sánchez reconheceu que há uma “situação trágica” em Valência e anunciou o envio de mais 10 mil militares e polícias para o terreno. “A situação que vivemos é trágica, é dramática“, disse Sánchez, numa declaração a partir da sede do Governo, em Madrid, sublinhando que o leste de Espanha, e sobretudo a região de Valência, foi atingida na terça-feira por um temporal que provavelmente provocou as inundações mais graves deste século em todo o continente europeu.

Estou consciente de que a resposta que se está a dar não é suficiente. Sei. Sei que há problemas e carências, que ainda há serviços colapsados, municípios sepultados pelo lodo, pessoas desesperadas que procuram os seus familiares, pessoas que não conseguem aceder às suas casas, lares destruídos e sepultados pela lama. Temos de melhorar“, afirmou Sánchez.

O primeiro-ministro, que é socialista, apelou à união das administrações e garantiu todo o apoio que for necessário ao governo regional da Comunidade Valenciana (do Partido Popular), a quem compete a coordenação da resposta no terreno e as solicitações de meios ao Estado central, como lembrou o hoje o próprio Sánchez.

No imediato, e em resposta a um pedido desta manhã de sábado da Comunidade Valenciana, serão enviados mais 5.000 militares para o terreno, onde já estão mais de 2.000 elementos das Forças Armadas, disse Sánchez. O primeiro-ministro anunciou também mais 5.000 elementos das forças de segurança nacionais (Polícia e Guarda Civil).

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Valência pede mais cinco mil militares para resgates e apoio às populações

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

O governo da Comunidade Valenciana pediu mais militares para tarefas de resgate, limpeza e apoio às populações nas zonas mais afetadas pelo temporal que atingiu o leste de Espanha.

O governo regional da Comunidade Valenciana pediu mais cinco mil militares para tarefas de resgate, limpeza e apoio às populações nas zonas mais afetadas pelo temporal que atingiu o leste de Espanha na terça-feira. Com este reforço, que tem de ter agora resposta por parte do Governo de Espanha, aumentará para 7.000 o número de militares no terreno, que são dos três ramos das Forças Armadas e da Unidade Militar de Emergências (UME), especializada em resposta em cenários de catástrofe.

O executivo valenciano explicou, num comunicado, que depois de “72 horas de intenso trabalho de diagnóstico e primeira atenção, já não existe qualquer núcleo de população isolada e os acessos são seguros com as mensagens de preocupação enviadas à população e aos voluntários“. Também “as bases logísticas estão já operativas“.

A Comunidade Valenciana solicita, assim, que se mobilizem agora as Forças Armadas “em toda a sua extensão”. “Uma vez que conseguimos assegurar todos os pontos logísticos, garantir o acesso rodoviário por todas as vias e organizar a distribuição de voluntários, é agora seguro pedir mais 5.000 militares“, afirmou o presidente do governo autonómico, citado num comunicado.

O governo regional pede, assim, mais 5.000 militares para o terreno para resgates, remoção de escombros e distribuição de água, alimentos ou medicamentos, entre outros apoios às populações das zonas afetadas pelas cheias.

O Governo de Espanha já tinha previsto reforçar com mais 1.000 militares o dispositivo das Forças Armadas no terreno, onde há mais de 200 mortos confirmados e dezenas de pessoas continuam desaparecidas.

Os meios do Estado espanhol nas zonas afetadas pelo temporal, em especial na Comunidade Valenciana, no leste do país, incluem ainda mais de 4.500 elementos das forças de segurança nacionais (polícia e Guarda Civil).

A região com mais danos e vítimas causados pelo temporal é a Comunidade Valenciana, e em especial a província de Valência, onde ocorreram 202 das 205 mortes confirmadas até agora pelas autoridades.

O Governo espanhol reconheceu na quinta-feira à noite, pela primeira vez, que ainda permanecem “dezenas e dezenas” de pessoas desaparecidas nas áreas afetadas pelo mau tempo, o que confirmam também relatos das populações aos meios de comunicação social.

Além das vítimas mortais, o temporal provocou também danos em infraestruturas, com estradas e vias danificadas que permanecem intransitáveis, incluindo autoestradas.

Durante a madrugada de hoje, as autoridades de Valência restringiram a circulação de veículos nas zonas mais afetadas pelas cheias, limitando-a aos serviços essenciais e às empresas responsáveis por garantir o fornecimento de serviços básicos.

A solidariedade das populações com os mais atingidos pelo temporal de terça-feira à noite atingiu tal dimensão na sexta-feira, um dia feriado em Espanha, que as autoridades apelaram ao regresso a casa dos voluntários ou a que, pelo menos, não se deslocassem de carro, por estarem a impedir o acesso dos meios de emergência e assistência da polícia, das Forças Armadas e dos serviços de saúde.

A Comunidade Valenciana acabou, ao final do dia de sexta-feira, por avançar com a criação de um centro de coordenação na cidade de Valência para gerir as multidões de voluntários.

O executivo pediu aos voluntários para a partir das 07:00 de hoje se dirigirem à Cidade das Artes e das Ciências de Valência, onde está a funcionar desde essa hora um centro de voluntariado e a partir de onde estão a ser organizados e orientados grupos para as tarefas e locais necessários.

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Conferência Cascais Ambiente: que soluções existem para a prevenção de resíduos?

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  • 2 Novembro 2024

Esta iniciativa pretende promover uma cultura de sustentabilidade e de ação ambiental com o objetivo de moldar um futuro mais verde.

No contexto da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, Cascais será palco da Conferência Cascais Ambiente, a realizar-se no dia 21 de novembro no Edifício Cruzeiro.

Esta iniciativa pretende promover uma cultura de sustentabilidade e de ação ambiental, reunindo especialistas e líderes de diferentes setores para debater estratégias que podem moldar um futuro mais verde.

O evento é gratuito, mas sujeito a inscrição aqui.

PROGRAMA (em atualização)

9h30 Sessão de Abertura
António Costa
, Diretor do ECO
Luís Almeida Capão, Diretor Municipal de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Cascais
Emídio Sousa, Secretário de Estado do Ambiente

10h00 O que é a EWWR e Contexto Europeu
Françoise Bonnet, Secretária-Geral ACR+ Association of Cities and Regions

10h15 Mesa-Redonda: Desperdício Alimentar (grande tema EWWR 2024)
Hunter Halder
, Fundador da REFOOD
Guilherme Gonçalves, Gestor de Projetos de I&D e Inovação da MC Sonae Continente
Eduardo Diniz, Responsável da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar
Fernanda Santos, Coordenadora do Departamento de Formação e Educação e Projetos da DECO

11h00 Zero Waste Cities: Combater o Desperdício na Escala Urbana
Sara Correia
, Engenheira Ambiental da Associação ZERO

11h25 Pausa para café

11h45 Mesa-Redonda: A Prevenção na Cadeia de Valor dos Resíduos
Luís Almeida Capão, Diretor Municipal de Ambiente e Sustentabilidade da CM de Cascais
Nuno Soares
, CEO da Tratolixo
Pedro Nazareth, CEO da Electrão
Luísa Magalhães, Diretora Executiva da Smart Waste Portugal

12h30 Contar a História do Desperdício: O Desafio da Sensibilização/Comunicação
One-on-one com Catarina Barreiros, Fundadora & CEO da Loja do Zero

13h00 Encerramento Institucional
Carlos Carreiras
, Presidente da Câmara Municipal de Cascais

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No “Little Portugal” da Carolina do Norte conta-se “cada dólar”

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

O Little Portugal está cheio e Rosemary Pereira não tem mãos a medir, servindo bifanas e outros pratos portugueses, raros na Carolina do Norte, onde uma indigesta inflação é tema de conversa.

O Little Portugal está cheio e Rosemary Pereira não tem mãos a medir, servindo bifanas, churrasco e outros pratos portugueses, raros na Carolina do Norte, onde uma indigesta inflação é tema de conversa com clientes. As sondagens colocam a economia entre as principais preocupações dos eleitores antes das presidenciais de 05 de novembro. A perceção do desempenho económico da administração de Joe Biden, de quem é vice-presidente a candidata democrata Kamala Harris, não é positiva e, para tornar a situação mais complicada, este parece ser o ponto forte de Donald Trump.

Primeiro negócio de Rosemary Pereira, o restaurante Little Portugal arrancou com o final da pandemia e durante a última campanha eleitoral. A comerciante luso-americana, que investiu numa zona onde não há portugueses, mostra-se satisfeita com o negócio, mas queixa-se do custo de vida e aponta o dedo a Biden. “Se a economia estivesse melhor, mais gente saía, a gente da classe média estaria mais livre para não estar a contar cada dólar, cada nota“, afirma à Lusa a comerciante com origens em Mineola, Nova Iorque.

Tenho pessoas que vinham duas vezes por semana e agora vêm uma. E vêm porque gostam e porque querem estar cá, clientes de há anos e com quem temos aquelas amizades“, adianta, no restaurante decorado com padrão de azulejos portugueses e um grande galo de Barcelos, lembrança das suas raízes minhotas. Em pior situação, sublinha, estão os reformados, cujos aumentos de pensões não têm acompanhado o do custo de vida.

Na Carolina do Norte, mas também na Florida e na Georgia, eleitores queixaram-se à Lusa do aumento do custo de vida. Aqueles que exprimiram preferência por Trump apontaram, geralmente, este como o principal fator para a sua escolha, invocando o passado do ex-presidente como empresário.

Num comício na semana passada em Raleigh, perto do Little Portugal, Kamala Harris comprometeu-se a fazer da redução do custo de vida a sua principal prioridade, caso derrote Trump.

Perante um anfiteatro lotado, Harris reforçou a mensagem de que Trump é instável e “obcecado com a vingança e à procura de poder sem limites” e contrastou o que seria a “lista de inimigos” com que o republicano voltaria à presidência, com a sua “lista de coisas a fazer pelo povo americano”, perante uma audiência entusiástica. “No topo da minha lista está baixar o vosso custo de vida“, disse a candidata democrata.

As eleições entram na reta final com Trump e Harris praticamente empatados nas sondagens em estados como a Carolina do Norte, Georgia e Pensilvânia, onde uma vitória fará a diferença em termos de votos do colégio eleitoral. Foi com vitórias neste estado que Trump conseguiu derrotar Hillary Clinton em 2016, apesar de a democrata ter sido a mais votada no total nacional.

Muito em função da questão dos preços – ou da perceção desta – Rosemary já escolheu Donald Trump e revela mesmo entusiasmo pelo magnata. “Há quatro anos [final do mandato de Trump] não estávamos nesta situação, as coisas eram melhores. Quem não vê isso… ‘I´m sorry’!“, exclama, recorrendo ao inglês para mostrar incompreensão da opinião contrária. E dá o exemplo do preço da gasolina, que disparou: “fiquei… wow!”. “Para alguém que está reformado, esse dinheiro era comida para por na mesa e que já perderam“, sublinha.

A Carolina do Norte foi o estado onde nas últimas eleições Donald Trump ganhou por uma margem mais estreita, tendo perdido pontos em relação a 2016, e é neste estado que repousam muitas das esperanças democratas de evitar um regresso do republicano à Casa Branca.

Depois de um pico de inflação na primeira metade do mandato de Biden, a subida dos preços tem de facto vindo a abrandar de maneira consistente. Dados oficiais divulgados na quinta-feira indicam que a inflação atingiu 2,1 por cento no último ano.

Mesmo as estatísticas de perceção da inflação mostram que esta tem vindo a recuar entre os consumidores: é o caso dos indicadores de confiança da Universidade de Michigan e do Conference Board. Mas continuam abaixo do histórico em períodos de crescimento económico sólido e de evolução positiva do mercado de trabalho, como o atual.

Joanne Hsu, economista da Universidade de Michigan, afirmou na semana passada que “não é que [os consumidores] tenham perdido noção da realidade”. “Os preços elevados continuam a pesar nas suas finanças pessoais e isso continua a ser muito frustrante“, disse ao jornal New York Times.

É o caso de Rosemary, que relata que os preços aumentaram após a pandemia “e depois nunca baixaram”, sobrecarregando os pequenos empresários. “Onde podia fazer-se a publicidade por 200 dólares, agora faz-se por 500. Os produtos já custam mais, os empregados querem ser pagos mais… É tudo, é tudo!“, exclama à Lusa. E queixa-se de que, trabalhando com produtos portugueses, sofre também com o encarecimento do transporte desde New Jersey, onde junto da comunidade portuguesa estão concentradas as empresas importadoras.

Para Rosemary, mãe de três filhos, o problema é sobretudo ao “trabalho duro” não corresponder um rendimento equivalente: “Dá, mas podia dar mais se as coisas não estivessem como estão”.

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Exportações para a China crescem 2,6% até setembro

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

As exportações lusófonas para a China aumentaram 2,6% nos primeiros nove meses de 2024, mantendo o melhor arranque de ano de sempre, de acordo com dados oficiais.

As exportações lusófonas para a China aumentaram 2,6% nos primeiros nove meses de 2024, mantendo o melhor arranque de ano de sempre, de acordo com dados oficiais. As exportações atingiram 109,1 mil milhões de dólares (100,3 mil milhões de euros), o valor mais elevado para o período entre janeiro e setembro desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar este tipo de dados dos Serviços de Alfândega da China, em 2013.

Os dados divulgados na sexta-feira mostram que a subida sobretudo devido ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas cresceram 2,8%, para 91,2 mil milhões de dólares (83,8 mil milhões de euros), um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

As vendas de mercadorias de Angola para a China aumentaram 2,2% para 13,5 mil milhões de dólares (12,4 mil milhões de euros), enquanto as exportações de Portugal subiram 8,9% para 2,33 mil milhões de dólares (2,14 mil milhões de euros).

Também Moçambique exportou mais para a China, com as vendas moçambicanas a subirem 6,1%, para 1,26 mil milhões de dólares (1,16 mil milhões de euros).

Pelo contrário, as exportações da Guiné Equatorial para o mercado chinês desceram 16,8%, para 885,2 milhões de dólares (813,6 milhões de euros), enquanto as vendas de Timor-Leste (menos 99%), Cabo Verde (menos 82,4%) e São Tomé e Príncipe (menos 91,1%) também caíram em comparação com o período entre janeiro e setembro de 2023.

As exportações da Guiné-Bissau para a China mantiveram-se inalteradas nos primeiros nove meses de 2024, embora o país não tenha vendido mais de mil dólares (cerca de 919 euros) em mercadorias.

Na direção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 65,1 mil milhões de dólares (59,8 mil milhões de euros) da China, um aumento anual de 17,9% e um novo recorde para os primeiros nove meses do ano.

O Brasil foi o maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, com importações a atingirem 55,1 mil milhões de dólares (50,6 mil milhões de euros), seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 4,64 mil milhões de dólares (4,27 mil milhões de euros).

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 174,2 mil milhões de dólares (160,1 mil milhões de euros) entre janeiro e setembro, mais 7,8% do que em igual período de 2023 e um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

A China registou um défice comercial de 44,1 mil milhões de dólares (40,5 mil milhões de euros) com o bloco lusófono no período entre janeiro e setembro deste ano.

Em abril, o Fórum de Macau realizou a sexta conferência ministerial, durante a qual foi aprovado o novo plano de ação do organismo até 2027, concentrado em novas áreas de cooperação, como a economia digital e a economia azul.

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PSI fecha semana plena de resultados a subir quase 1%

O principal índice da bolsa portuguesa acompanhou os ganhos das bolsas mundiais com Jerónimo Martins a recuperar mais 2,24%. Já a Semapa caiu 2,3%, reagindo à queda no lucro trimestral.

A bolsa de Lisboa subiu quase 1% na última sessão da semana, primeira do mês de novembro, com apenas duas cotadas a fecharem em terreno negativo. O índice acompanhou os ganhos da generalidade das praças europeias, num dia que também está a ser de otimismo nos mercados norte-americanos.

Enquanto o Stoxx 600 subiu 1,1% e o espanhol IBEX-35 somou 1,3%, o português PSI valorizou 0,95%, para 6.594,91 pontos, o que permitiu ao índice fechar a semana com ganhos acumulados de 1,25%, invertendo uma sequência de duas semanas consecutivas de perdas.

Os CTT estiveram em destaque desde a abertura, comandando os ganhos na praça nacional. Com a sessão concluída, os Correios mantiveram o melhor desempenho do dia, subindo 2,34%, para 4,375 euros por ação, na semana em que apresentaram resultados, nomeadamente uma quebra de 22% nos lucros dos primeiros nove meses do ano.

A Jerónimo Martins, que também apresentou resultados esta semana, fechou a valorizar 2,24%, ocupando o segundo lugar do pódio do PSI, com os títulos a valerem 18,27 euros. A empresa prolongou, assim, os ganhos de mais de 8% registados na sessão anterior.

Ações da Jerónimo Martins recuperam

As cotadas do setor energético também contribuíram para os ganhos do PSI esta sexta-feira. Desde logo, a Galp, que deu o tiro de partida de uma semana preenchida por resultados, ao apresentar na segunda-feira passada uma subida de 24% do resultado líquido nos nove meses até setembro, batendo um novo recorde. Mas a petrolífera, que recuperou 1,72% nesta sessão, acabou por encerrar com uma queda semanal de 4% no preço das respetivas ações.

Enquanto isso, a EDP e a EDP Renováveis somaram, respetivamente, 1,53% e 1,11% nesta sessão.

Do lado oposto, o BCP corrigiu ligeiramente, na ordem dos 0,06%, mas fechou nos 46,31 cêntimos por ação, mantendo assim a capitalização bolsista de sete mil milhões de euros que alcançou na sessão anterior — na sequência, igualmente, da apresentação de resultados e de um plano estratégico que prevê distribuir aos acionistas até 75% dos resultados nos próximos quatro anos.

Já a Semapa saiu-se prejudicada, ao perder 2,30%, para 14,42 euros. Na quinta-feira, já após o fecho dos mercados de capitais na Europa, a companhia revelou aos acionistas que os lucros encolheram 16,5% no terceiro trimestre, para 49,7 milhões de euros, apesar de ter fechado os nove meses do ano com um aumento dos lucros de 8,6% face ao mesmo período do ano anterior.

Os investidores, incluindo na Europa, estavam à espera para conhecer novos dados do mercado laboral norte-americano, e assim foi: excluindo o setor agrícola, a maior economia do mundo gerou apena 12 mil empregos em outubro, muito abaixo dos 100 mil que eram esperados pelos economistas, devido ao impacto negativo de dois furacões e da greve na Boeing. Contudo, as bolsas em Wall Street acabaram por descartar esses dados e valorizar ainda assim, na esperança de um corte maior das taxas de juro na próxima reunião da Fed, que decorrerá na próxima semana.

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“Bónus” de mandatos ao partido vencedor das legislativas é a solução para um Governo estável?

UTAO sugere que seja atribuído ao partido do Governo mandatos extra por forma a alcançar uma maioria estável no Parlamento. Partidos mais pequenos só entram na AR se conseguirem 3% dos votos.

E se, nas próximas eleições legislativas, o partido mais votado ganhasse automaticamente deputados extra por forma a alcançar uma maioria estável que apoiasse o Governo em funções? A sugestão foi deixada pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) no âmbito da discussão sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), numa altura em que a proposta do Governo entra na fase de debate na especialidade, depois de ter sido aprovada na generalidade pela Assembleia da República, na passada quinta-feira. Aos olhos dos politólogos, esta poderá ser uma solução para minimizar os cenários de instabilidade política, mas admitem alguma resistência dos partidos — especialmente dos mais pequenos.

Vindo da UTAO, o que se pretende [com esta proposta] é gerar um equilíbrio político, económico e também nas finanças públicas. A instabilidade política motiva instabilidade económica e social, e com isto a UTAO quer tentar assegurar uma democracia estável e um Governo que tenha o seu tempo de longevidade normal”, aponta Paula Espírito Santo, politóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), em declarações ao ECO.

Mas o que diz a proposta? Ora, a equipa de economistas “deixa à consideração pública” a “criação de um mecanismo que reforce a probabilidade de haver no Parlamento uma maioria de deputados que apoie o Governo em funções”.

“Trata-se de combinar o sistema de representação proporcional existente com a introdução de uma expressão aritmética que atribua um determinado número de mandatos adicionais ao partido mais votado nas eleições legislativas, em caso de vitória sem maioria absoluta de deputados”, explicam. Por outras palavras, ao partido que ganhasse as eleições legislativas ser-lhe-iam atribuídos mandatos adicionais para reforçar a sua posição parlamentar, garantindo, desta forma, uma maioria estável e um apoio mais seguro ao Governo, à semelhança do que acontece na Grécia, desde 2023.

Parlamento grego no centro de Atenas, Grécia.NUNO VEIGA/LUSA

Nas eleições do no passado naquele país a regra foi: se o partido ou coligação pré-eleitoral tiver tido, pelo menos, 25% dos votos nas urnas, ganha um bónus de 20 lugares. Ademais, um lugar adicional é-lhe atribuído por cada 0,5 pontos percentuais que tiver obtido nas urnas depois dos 25% dos votos, até perfazer um máximo de 50 mandatos extra. No caso grego, há uma outra regra em vigor há mais tempo e que se mantém: só entram para o Parlamento (composto por 300 deputados) os partidos que tiverem tido o mínimo de 3% dos votos nas eleições parlamentares.

Em termos práticos, e transpondo diretamente a regra para Portugal, num cenário em que este sistema eleitoral vigorasse, a Aliança Democrática (AD), que conseguiu 28,83% dos votos e elegeu 78 deputados do PSD e dois do CDS/PP, nas últimas eleições legislativas, teria direito a mais 20 deputados. Considerando que a Assembleia Nacional é composta por 230 deputados, o acréscimo seria de 27, perfazendo um total de 105 deputados. Neste cenário, a proximidade de deputados atual com o PS (78 deputados) deixaria de ser uma realidade.

Em sentido contrário, o PAN deixaria de ter representação parlamentar por ter conquistado apenas 1,95% dos votos.

O nosso sistema atual com as listas proporcionais por distrito, já incorpora, implicitamente, um bónus para partidos mais votados, permitindo a formação de maiorias“, explica André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

“Não se trata de um bónus explícito como no sistema grego, mas o que acontece, é que há um conjunto de votos desperdiçados nos partidos mais pequenos, e em especial nos círculos que elegem menos deputados. O efeito dos votos desperdiçados é, na prática, um bónus para os partidos maiores”, detalha o politólogo, aludindo ao método d’Hondt, sistema que distribui os assentos parlamentares em proporção ao número de votos obtidos por cada partido. Na última ida às urnas, em março, quase 1,2 milhões de votos não serviram para eleger deputados, prejudicando, sobretudo, os partidos mais pequenos.

Mas com base neste sistema sugerido pela UTAO, o “bónus” deixaria de ser implícito e seria concedido ao partido com mais votos, permitindo alcançar uma maioria estável.

“De certa forma, a sugestão acaba por distorcer o método de Hondt e do sistema proporcional. Podemos dizer que num plano abstrato gera maior conforto ao partido que ganhar. No fundo, a própria representação eleitoral acaba por ser uma forma de desempate considerando que a solução política e parlamentar pode não gerar o equilíbrio que se pretende nem uma maioria absoluta”, avalia Paula Espírito Santo.

Maioria estável ameaça consenso democrático?

“Conforto” é de facto o adjetivo mais adequado para caracterizar este cenário, uma vez que um partido que tenha uma maioria estável deixa de estar criticamente dependente de consensos políticos para fazer aprovar propostas na Assembleia da República. Ou até mesmo Orçamentos do Estado.

Um sistema mais proporcional apela mais ao consenso e diálogo, o que por um lado é positivo mas facilita crises políticas“, alerta André Azevedo Alves. “Por outro lado, sistemas maioritários conferem maior segurança“, diz.

Porém, aos olhos do especialista, não será por isso que este sistema se torna “mais ou menos democrático”, uma vez que os deputados continuam a ser eleitos através de “uma eleição livre e com regras aceites”. “É, no entanto, um sistema que apela menos ao consenso e à negociação, e valoriza mais o confronto entre o Governo e a oposição“, argumenta.

Por seu turno, embora reconheça que essa possa ser uma realidade, Paula Espírito Santo recorda que o “poder tem como objetivo manter-se” e que, por norma, os partidos que formam Governo “não se limitam apenas àquela legislatura de quatro anos”.

“A capacidade de diálogo, de introdução de propostas dos seus opositores e a própria retórica política estará sempre presente. O principal eixo do sistema democrático é a capacidade de negociar sabendo que os partidos têm uma base muito volátil”, diz ainda a politóloga, recordando que no último mandato do Governo de António Costa (2022-2023), o ex-primeiro-ministro procurou levar a cabo essa responsabilidade mesmo governando com uma maioria absoluta. “Não se pode fechar as portas ao diálogo, se não seria subverter a lógica do sistema democrático”.

Novo sistema arriscaria sobrevivência dos partidos mais pequenos

No relatório, a UTAO deixa claro que este mecanismo não promove a formação de “maiorias absolutas”, mas sim procura “aumentar a probabilidade de haver um Governo com apoio maioritário no Parlamento”. Neste cenário, sugere a entidade liderada por Rui Baleiras, “as coligações pós-eleitorais poderão tornar-se mais frequentes do que até hoje“.

Um mecanismo assim daria maior protagonismo a partidos pequenos do que o status quo, pois poderiam aspirar, com maior frequência, a fazer parte das soluções de Governo (ter ou não ter representantes no Governo é outra questão, a decidir entre as partes)”, lê-se no relatório.

No entanto, mesmo que fosse proposta uma revisão constitucional, não é líquido que, para além do PS e do PSD, essa seja uma vontade das restantes bancadas parlamentares. O Bloco de Esquerda, por exemplo, já se manifestou contra a sugestão deixada pela UTAO.

Não vai ser fácil convencer os partidos mais pequenos“, prevê Paula Espírito Santo. “Os partidos vão tentar perceber se isto compromete, de alguma forma, a sua longevidade e/ou sobrevivência. Por via da coligação, a proposta precavê a dificuldade que possam ter de eleger ou de se fazer ouvir, mas pode diluir a existência dos partidos“, aponta a politóloga.

Isto é um sistema que cria condições para os partidos mais pequenos se dissiparem nas coligações“, explica André Azevedo Alves, referindo, a título de exemplo, e neste contexto, um cenário no qual a Iniciativa Liberal (IL) iria a eleições coligada com o PSD e o CDS-PP. “Obviamente que não significaria que os liberais desapareceriam, mas acaba por limitar a margem de sobrevivência da IL“.

E fora do quadro dos pequenos partidos, o Chega, enquanto terceiro maior partido, passaria a reunir condições de protesto.

“André Ventura cavalgaria a proposta como uma tentativa de PS e PSD se blindarem face à concorrência do Chega que hoje, nas sondagens, destaca-se como o terceiro maior partido”, refere André Azevedo Alves. “Mais do que prejudicar os pequenos partidos, seria uma espécie de conluio do PS e PSD para se protegerem face ao Chega“.

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Castelo Branco defende criatividade como instrumento de desenvolvimento económico do território

"A criatividade deve também gerar valor na economia, emprego e progresso", diz o vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco.

“O segundo Fórum Iberoamericano de Cidades Criativas, [que terminou esta quinta-feira em Castelo Branco], vem reafirmar o compromisso desta rede: a criatividade enquanto instrumento de desenvolvimento do territórioe motor da economia local. É desta forma que Hélder Henriques, vice-presidente da câmara local, começa por fazer o balanço dos quatro dias da iniciativa que reuniu uma mão cheia de especialistas mundiais.

“Além da preservação e salvaguarda do património, a criatividade deve também gerar valor na economia, emprego e progresso no âmbito daquilo que é nosso nos diferentes territórios, cada um com a sua especificidade”, assinala o autarca em declarações ao ECO/Local Online à margem desta iniciativa que teve o Chile como país convidado.

Além da preservação e salvaguarda do património, a criatividade deve também gerar valor na economia, emprego e progresso no âmbito daquilo que é o nosso nos diferentes territórios, cada um com a sua especificidade.

Hélder

Vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco

A realização desta conferência em Castelo Branco acontece precisamente na sequência da conquista, em 2023, do estatuto de cidade membro da Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco, na categoria de Artesanato e Artes Populares. “O nosso principal argumento, no âmbito da candidatura que realizamos à Unesco, foi o nosso bordado albicastrense, que tem um conjunto de dimensões muito assinaláveis”, detalha Hélder Henriques. Este ex-libris da cidade deverá, em breve, ganhar um novo impulso. “Estamos crentes de que rapidamente será inscrito no inventário nacional do património cultural, sustenta, devendo em breve terminar a consulta pública que decorre com esse propósito.

Após quatro dias de conferências em torno do papel fulcral das cidades criativas da Unesco, o número dois do município de Castelo Branco considera que “este tipo de encontros é relevante para fazer rede e obter contactos, para partilhar experiências e projetos”.

Além de Castelo Branco, também Idanha-a-Nova e Leiria, Óbidos, Caldas da Rainha são mais algumas localidades portuguesas que fazem parte da lista das Cidades Criativas da Unesco.

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Bolsas em Wall Street avançam, indiferentes a más notícias no emprego

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

A bolsa de Nova Iorque negociava em alta na primeira sessão de novembro, com os investidores a descartarem os últimos dados do emprego, que ficaram muito abaixo do esperado devido a greves e furacões.

A bolsa de Nova Iorque negociava esta sexta-feira em alta na primeira sessão de novembro, com os investidores aparentemente indiferentes aos últimos dados do emprego, que ficaram muito abaixo do esperado devido a greves e furacões.

Às 14h35 (hora de Lisboa), o Dow Jones subia 1,18%, para 42.256,67 pontos, e o Nasdaq valorizava 1,40%, para 18.348,09 pontos. O índice alargado S&P 500 subia 1,02%, para 5.763,93 pontos.

Estas subidas seguem-se a uma sessão negativa na quinta-feira, em que o S&P 500 e o Nasdaq registaram os seus piores dias desde o início de setembro, caindo 1,86% e 2,76%, respetivamente.

O mercado bolsista encerrou esta sexta-feira uma semana de resultados tecnológicos, com desempenhos mistos da Alphabet, Microsoft e Meta.

A Intel liderava esta sexta-feira as subidas no índice Dow Jones, com ganhos de 7,18%, apesar de ter registado um prejuízo pior do que o previsto. As receitas superaram as estimativas dos analistas e a previsão de resultados apresentadas para o trimestre em curso também superaram as expectativas.

A subir estavam também as ações da Amazon, 6,66%, após a empresa ter divulgado um lucro acima do esperado pelos analistas no terceiro trimestre. Ainda no Dow Jones, a Chevron e a Boeing subiam 4,01% e 2,79%, respetivamente.

Estes resultados ajudaram a compensar a descida de 0,64% da Apple, que publicou na quinta-feira resultados trimestrais ligeiramente melhores do que o previsto, graças, nomeadamente, a uma recuperação das vendas do iPhone, mas não entusiasmou Wall Street com o seu discurso sobre a inteligência artificial.

Para além das eleições Presidenciais norte-americanas de 5 de novembro, que têm provocado uma elevada volatilidade, os investidores estão também atentos à reunião de política monetária da Reserva Federal (Fed), a 6 e 7 de novembro.

Os dados divulgados esta sexta-feira pelo Departamento de Estatísticas do Emprego norte-americano indicam que a criação de emprego nos Estados Unidos desacelerou fortemente em outubro, tendo sido criados apenas 12.000 empregos, muito abaixo das estimativas dos analistas, que apontam para cerca de 100.000, e longe dos 223.000 empregos criados em setembro.

Os economistas estimam que os furacões Helene e Milton, combinados com as greves na Boeing e noutras empresas, impactaram negativamente o crescimento líquido do emprego em dezenas de milhares de postos de trabalho no mês passado. Já a taxa de desemprego manteve-se em 4,1%.

A quebra na geração de emprego foi tão forte que há investidores a apostar que a Fed irá proceder a uma redução mais forte do que o habitual na sua principal taxa de juro, apontando para uma quebra de meio ponto percentual.

Contudo, a expectativa generalizada em Wall Street continua a ser de que a Fed procederá ao tradicional corte de um quarto de ponto percentual na próxima semana. Certo parece ser que os dados do emprego abaixo do esperado tenham eliminando a pequena probabilidade que os analistas admitiam de uma manutenção das taxas.

A esperança em Wall Street é que a economia americana ainda escape a uma recessão, mesmo que o mercado de trabalho continue a abrandar, graças, em parte, aos próximos cortes nas taxas por parte da Fed.

Também foi publicado o índice de atividade industrial (PMI) dos Estados Unidos, que caiu para 46,5 em outubro, face a 47,2 em setembro.

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Novo tarifário da EPAL acresce 33 cêntimos por mês para maioria dos consumidores

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

O novo tarifário da EPAL entra em vigor esta sexta-feira e representa, para a maioria dos clientes domésticos, um acréscimo de 33 cêntimos mensais, tendo por base um consumo médio mensal de 8 m3.

O novo tarifário da Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) entra esta sexta-feira em vigor e representa, para a maioria dos clientes domésticos, um acréscimo de 33 cêntimos mensalmente.

Em comunicado, a EPAL avança que as tarifas foram aprovadas e atualizadas de acordo com a previsão do índice harmonizado de preços no consumidor, publicado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) para 2024.

Para a maioria dos clientes domésticos da EPAL (cerca de 85%), a atualização de preços reflete um acréscimo de 33 cêntimos por mês, tendo por base um consumo médio mensal de oito metros cúbicos e um contador de até 25 milímetros.

A área servida pela EPAL e pelas Águas do Vale do Tejo abrange 91 municípios e serve 3,5 milhões de habitantes.

No comunicado, a EPAL destaca ainda a tarifa social da água, destinada a clientes mais carenciados, que prevê descontos que podem ir até aos 93%, bem como a tarifa familiar, destinada a agregados familiares com cinco ou mais pessoas.

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