Câmara de Lisboa deverá investir 900 milhões de euros em habitação nos próximos dez anos

O município deverá construir 3.000 fogos até 2028 e destinar terrenos para 500 casas em cooperativa, no âmbito da primeira Carta de Habitação. PS de Lisboa acusa executivo de "empurrar" investimento.

A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, esta sexta-feira, em reunião do Executivo, a primeira Carta Municipal de Habitação, que prevê um investimento de 900 milhões de euros nos próximos 10 anos. Será ainda submetida à deliberação da Assembleia Municipal de Lisboa.

O documento obteve luz verde da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), que governa sem maioria absoluta, e mereceu a abstenção de PS e PCP. Os vereadores do BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) votaram contra. Mesmo sem voto contra, os socialistas não poupam nas críticas ao executivo de Carlos Moedas.

Esta Carta de Habitação resulta da inclusão de alterações resultantes do processo de consulta pública, pretendendo garantir uma política de habitação para a próxima década.

“Alcançou-se um compromisso político histórico para investir mais de 900 milhões de euros em habitação, permitindo construir 3.000 novas casas públicas até 2028, urbanizar terrenos públicos parados, como o Casal do Pinto e o Vale de Santo António, e destinar terrenos com capacidade para 500 casas em cooperativa, entre outras medidas essenciais para concretizar as prioridades ambiciosas estabelecidas pelos Novos Tempos”, assinala o autarca Carlos Moedas, num comunicado. Entre as metas estabelecidas constam, elenca, “aumentar e melhorar a oferta de habitação pública, reduzir as assimetrias no acesso à habitação e regenerar a cidade esquecida”.

A vereadora da Habitação e Obras Municipais, Filipa Roseta, considera, por sua vez, que “a cidade fica dotada de uma política de habitação audaciosa para os próximos dez anos, que inclui a reabilitação de habitações vazias e lança uma onda de renovação dos bairros municipais, dotando-os de condições habitacionais e energéticas nunca antes garantidas”.

Alcançou-se um compromisso político histórico para investir mais de 900 milhões de euros em habitação, permitindo construir 3000 novas casas públicas até 2028, urbanizar terrenos públicos parados, como o Casal do Pinto e o Vale de Santo António (…).

Carlos Moedas

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Além da oferta de habitação pública, este instrumento lança igualmente, explana o município, “as bases de um sistema assente nos pilares privado e em parceria para a oferta de habitação acessível”.

A autarquia já mapeou um potencial de construção de 7.400 casas, das quais 3.000 com investimento totalmente público. “Iremos disponibilizar as restantes 4.000 potenciais a parceiros de construção”, detalha Filipa Roseta.

Neste âmbito, está já em curso o programa Cooperativas 1ª Habitação Lisboa, com um concurso aberto para a construção de habitação em cooperativa na freguesia do Lumiar. Para a vereadora, a autarquia passa a ter agora “todas as condições para fazer um verdadeiro choque de oferta de habitação, pondo toda a propriedade municipal com capacidade habitacional a uso, ao serviço das pessoas e das famílias”.

PS acusa Moedas de “empurrar” investimento para 2033

Já a vereação do PS, absteve-se na deliberação da Carta de Habitação, que considera tratar-se de “um ‘flop’”, por “manter sérias divergências” com o documento. Numa nota de imprensa, os socialistas apontam “falhas e omissões que não foram corrigidas”: a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), a identificação da “verdadeira carência habitacional da cidade” e a apresentação de números “pouco rigorosos e fiáveis, variando consoante a página e, muitas vezes, com o claro propósito de serem instrumentalizados para guerrilha política e consolidar uma narrativa a que um documento estratégico devia ser alheio”.

Os vereadores do PS acusam ainda a autarquia de “empurrar” investimento para 2033, “o que levanta sérias dúvidas quanto à capacidade de Carlos Moedas para executar o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”. Apontam ainda o dedo por o “documento não configurar uma verdadeira Carta da Habitação, uma vez que olha apenas para a habitação municipal e ignora o potencial de construção quer em terrenos do Estado, quer por privados, não o tentando sequer mobilizar através de incentivos e benefícios fiscais”.

Mais, assinalam, “a Carta Municipal de Habitação foi objeto de uma consulta pública bastante participada, que veio dar razão em toda a linha às propostas do PS. Carlos Moedas, que ‘governa com as pessoas’, ignorou as participações públicas; não teve, uma vez mais, disponibilidade para se sentar com os partidos, consideração para os ouvir, optando pela intransigência habitual, chegando até ao ponto de fazer ultimatos através dos jornais, só à última hora aceitou incorporar propostas da oposição”.

Para os vereadores do PCP, que também se abstiveram, o programa de ação deste instrumento municipal “fica aquém do nível de carências que a cidade manifesta” ao nível da habitação. Já “no campo da mobilização do solo com potencial habitacional, [o documento] deixa em branco o que fazer com o património público do Estado. Além disso, mantém fora do quadro de intervenção o grave e volumoso problema dos 48.000 fogos vagos e devolutos”, alerta o vereador João Ferreira.

O vereador entende que “a Carta Municipal aprovada regista na construção e recuperação de casas um programa de ação que, embora insuficiente, supera significativamente o histórico recente de atuação municipal, ainda que muito sustentado pelo financiamento PRR”. Alerta, contudo, para a necessidade de se “reivindicar do Estado, ao abrigo da Lei de Bases da Habitação, as medidas e iniciativas de política nacional de habitação que contribuam com respostas para os problemas da habitação na cidade de Lisboa e na Área Metropolitana de Lisboa”.

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Mais de 120 ocorrências e 21 detidos em desacatos após morte de Odair Moniz

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

A PSP indicou ainda que foram feridas sete pessoas, entre as quais dois polícias que foram apedrejados e cinco cidadãos esfaqueados ou queimados, entre os quais um motorista da Carris Metropolitana.

A PSP registou 123 ocorrências, deteve 21 cidadãos e identificou 19 desde segunda-feira, no âmbito dos desacatos que se seguiram à morte de um homem por um polícia no bairro do Zambujal, na Amadora, anunciou esta sexta-feira aquela força.

Num balanço sobre os incidentes que se seguiram à morte de Odair Moniz, a PSP indicou ainda que foram feridas sete pessoas, entre as quais dois polícias que foram apedrejados e cinco cidadãos esfaqueados ou queimados, entre os quais um motorista da Carris Metropolitana, que, segundo a empresa de transportes, ficou em estado grave, embora já fora de perigo de vida. Foram detidos 21 suspeitos e identificadas 19 pessoas.

De acordo com a PSP, as “várias ocorrências de desordem e de incêndio em mobiliário urbano (maioritariamente em caixotes do lixo)” ocorreram essencialmente na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Almada, Barreiro, Seixal e Setúbal, no distrito de Setúbal, e Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Odivelas, Oeiras e Sintra, no distrito de Lisboa. Em Leiria foi registado um incêndio num ecoponto.

A PSP destacou que foram danificadas cinco viaturas policiais (baleadas, incendiadas e apedrejadas), incendiados 16 veículos ligeiros e dois motociclos, além dos danos causados em cinco autocarros, dos quais quatro foram incendiados e um apedrejado. Foi também verificado um “atentado” contra uma esquadra da PSP, através do arremesso de engenhos pirotécnicos.

“A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa, que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade”, sublinhou a polícia.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa. Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

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Tumultos ameaçam “afetar” imagem de Portugal junto de investidores

Há investidores estrangeiros surpreendidos com tumultos das últimas noites na região de Lisboa, e fizeram perguntas em grupos no WhatsApp. País pode ser prejudicado em ranking internacional.

Os tumultos que se registam há várias noites na região de Lisboa podem vir a ter impacto na imagem de país seguro, um dos fatores críticos junto dos investidores estrangeiros, principalmente se os incidentes se prolongarem no tempo e a situação se agravar. Os desacatos chamaram a atenção da entidade que publica um dos índices de segurança mais reconhecidos a nível internacional e já circulam pedidos de informação em grupos no WhatsApp que incluem esses investidores, segundo informações recolhidas pelo ECO.

A morte do cidadão cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos, na madrugada da passada segunda-feira, depois de ter sido baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, em circunstâncias que ainda estão por apurar, serviu de catalisador para desacatos em várias regiões da área metropolitana nas últimas noites.

A política tem registado ignições de “inúmeros” caixotes do lixo, mas também de viaturas e autocarros da Carris, havendo registo de pelo menos três feridos, um deles com gravidade. Há ainda notícia de apedrejamento de viaturas policiais, lançamento de petardos e arremesso de um engenho pirotécnico para o interior de uma esquadra da polícia, em vários concelhos da Grande Lisboa, bem como de um ecoponto incendiado em Leiria.

O motorista de um autocarro da Carris incendiado durante os tumultos ficou gravemente ferido na sequência de queimaduras, segundo a PSPLusa

Portugal é considerado o sétimo país mais seguro do mundo na última edição do Global Peace Index, relativa a este ano, que analisa “163 estados independentes e territórios”, nos quais reside 99,7% da população mundial, e os ordena consoante o nível de “pacificidade”. Para elaborar a lista, o Institute for Economics & Peace (IEP), um think tank, recorre a “23 indicadores qualitativos e quantitativos provenientes de fontes altamente respeitáveis, em vários domínios”.

Essa perceção de Portugal como país relativamente seguro tem servido de cartão-de-visita para atrair investimento estrangeiro. Nos últimos dez anos, o stock de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em Portugal subiu de 115,4 mil milhões de euros no final de 2014 para quase 191 mil milhões no segundo trimestre de 2024, um recorde, para o qual contribuiu também o regime dos vistos gold. Poderá essa característica nacional estar a ser posta em causa, ainda mais quando já há notícias sobre os desacatos na imprensa internacional?

Para responder a essa questão, o ECO contactou o IEP, fundado pelo empreendedor australiano Steve Killelea, que publica o referido Global Peace Index (GPI). Um porta-voz do instituto recusou “comentar ou responder” a incidentes específicos como os que têm afetado a região de Lisboa. Mas admitiu que a situação será tida em conta na próxima edição do índice de paz: “Iremos incluir todos esses dados no nosso GPI 2025, que será publicado em meados do próximo ano”, afirmou.

Portugal já esteve melhor, mas também muito pior no ranking

Ainda é prematuro avaliar qual o impacto que os tumultos vão ter na perceção externa da segurança do país. Em 2023, o país ocupava a mesma sétima posição no ranking do GPI, caindo um lugar face ao ano anterior, numa tendência negativa que se está a registar desde a pandemia. Em 2019 e 2020, chegou a estar no pódio mundial, figurando na terceira posição.

Mesmo assim, se as tensões em Lisboa penalizarem Portugal neste índice global, frequentemente citado, a situação poderá não ser dramática, pelo menos em termos relativos, porque o país nem sempre comparou assim tão bem em termos de segurança: há dez anos, o cenário era muito pior.

Luís Marques Fernandes, presidente do Observatório de Segurança Interna, lembra que Portugal já ocupou a 18.ª posição no mesmo índice em 2014, com um score de 1,425. Dez anos depois, em 2024, com Portugal no 7.º lugar entre os mais seguros, o score é de 1,372 (a pontuação mais baixa evidencia uma melhoria).

“Há um certo espanto nas pessoas”

Só que a perceção também conta, e muito. O investidor luso-inglês Stephan de Moraes, presidente da Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI), considera que, “quando se trata de desacatos de ordem pública significativos, pode começar a afetar ligeiramente” a reputação do país. E revela ao ECO que os incidentes na região de Lisboa já chegaram aos ouvidos de alguns investidores estrangeiros.

“Efetivamente, já vi alguns comentários no WhatsApp de algum espanto com o que está a acontecer”, diz o também cofundador do fundo de capital de risco Indico Capital. “Grupos onde estão investidores internacionais e onde estou presente. Há um certo espanto das pessoas”, especifica, acrescentando: “Este tipo de acontecimentos não favorece a confiança de investidores internacionais em colocar recursos na economia portuguesa.”

Do mesmo modo, Stephan de Moraes confirma que o tema da segurança tem vindo a ganhar expressão, sobretudo junto dos “investidores estrangeiros que vivem cá”, que “estão mais atentos a estas questões”. “Já houve outros incidentes, alguns assaltos, relacionados com a perceção de diminuição de segurança”, reconhece. “Essa perceção de safe heaven” – uma espécie de paraíso seguro – “destrói-se quando há temas desta natureza”, diz o investidor.

De outra perspetiva, a reação descrita por Stephan de Moraes mostra também “que os investidores estrangeiros não têm uma perceção correta do nível de desigualdade da sociedade portuguesa”. “Se a falta de oportunidades tanto a nível educacional como económico for muito grande, mais cedo ou mais tarde existem manifestações desta natureza. É uma forma de expressar o descontentamento sobre realidades económicas a que uma parte da população é sujeita”, interpreta.

Para já, pelo menos nesta fase, ainda há tempo de evitar um dano reputacional maior: “Ainda estamos a tempo, obviamente, desde que [estas situações] sejam resolvidas. Tem de ser imediatamente resolvido.”

Efetivamente, já vi alguns comentários no WhatsApp de algum espanto com o que está a acontecer. Grupos onde estão investidores internacionais e onde estou presente.

Stephan de Moraes

Do capital de risco para o imobiliário, José Cardoso Botelho, presidente executivo da Vanguard Properties, grupo que se apresenta como “o maior promotor imobiliário do país”, também adverte que a perceção dos investidores internacionais pode mudar se a situação dos tumultos “continuar e se agravar”. Todavia, pelo menos até esta sexta-feira à tarde, José Cardoso Botelho ainda não tinha ouvido comentários de investidores estrangeiros sobre a situação em Portugal. “Até agora, não vejo que tenha qualquer impacto”, disse o gestor ao ECO, salientando que, no setor, o que tem mais pesado nas decisões é mais “a insegurança da componente fiscal e legislativa do que a segurança ao nível dos bens”.

A lei é para “todos”

O “trágico desfecho” da perseguição policial a Odair Moniz, morto pela polícia na Cova da Moura, serviu de rastilho para os protestos que se estão a verificar, mas é necessária uma “postura assertiva” da parte do Estado contra os grupos que estão a perpetrar essas ações, pois nem por isso deixam de ser crimes.

Por outras palavras, por mais “zangado” que se esteja “com o sistema”, a “população portuguesa, ou que habita em Portugal, seja nacional ou não, tem de cumprir as leis do Estado português, independentemente de gostar ou não”, recorda o presidente do Observatório de Segurança Interna.

Assim, “a postura certa” da parte do Governo e das autoridades devem ser “a assertiva”. “Se em determinado momento tirarmos o poder ao Estado, o que garante a liberdade de qualquer cidadão?”, interroga Luís Marques Fernandes, para quem as dúvidas sobre a legitimidade dos disparos do agente da PSP, que conduziram à morte de uma pessoa naquela fatídica madrugada, deve ser reservada para as instâncias próprias, nomeadamente os tribunais.

Em resposta aos acontecimentos das últimas noites, o Governo anunciou o “acionamento de todos os meios de vigilância dos comportamentos incorretos”, presenciais e também cibernéticos, com enfoque nas “redes sociais”, disse na quinta-feira o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, à saída de uma reunião com autarcas dos concelhos afetados pelos distúrbios.

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Professores pedem a Marcelo para que submeta reingresso na CGA à fiscalização preventiva do TC

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

A proposta que clarifica o reingresso de funcionários públicos na Caixa Geral de Aposentações foi aprovada esta sexta no parlamento. Professores pedem a Marcelo envie o diploma para o Constitucional.

A Fenprof lamentou esta sexta-feira a aprovação da proposta que clarifica o reingresso de funcionários públicos na Caixa Geral de Aposentações (CGA) e apelou ao Presidente da República que submeta o diploma à fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional.

A proposta que clarifica o reingresso de funcionários públicos na Caixa Geral de Aposentações (CGA) foi aprovada esta sexta no parlamento, depois de ter sofrido alterações na especialidade para incluir mais trabalhadores.

Após propostas na especialidade, na Comissão de Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o reingresso passou a incluir os trabalhadores cuja interrupção do vínculo foi “involuntária, limitada no tempo e justificada pelas especificidades próprias da carreira em que o funcionário ou agente está inserido” e que comprovem que não tenham “exercido atividade remunerada” durante o período em que interromperam o vínculo público.

Apesar das alterações, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) alerta que serão excluídos, ainda assim, “milhares de docentes que tendo ficado no desemprego durante meses ou anos não tiveram alternativa” a procurar outro emprego. “Cada vez mais se confirma que a anunciada valorização dos docentes é coisa que sai da boca dos governantes, mas, depois, quando os atos deveriam corresponder às palavras, a distância é enorme”, escreve a federação em comunicado.

A proposta de lei visa clarificar o regresso de trabalhadores à CGA que saíram posteriormente a 1 de janeiro de 2006, tema que tem sido uma das principais reivindicações dos sindicatos que representam os professores nos últimos anos, que ajudaram a levar vários casos a tribunal, com decisões a favor dos docentes.

Na sessão plenária, antes da votação final global, o PS pediu a avocação da votação de uma das suas propostas, apresentada na discussão na especialidade, que retirava a necessidade de comprovar não ter exercido atividade remunerada. No entanto, a proposta voltou a ser rejeitada, com os votos contra do PSD, IL, CDS e Chega, partidos que a Fenprof acusa de tramarem milhares de professores.

Os deputados avançaram então para a votação do texto final, após as alterações na especialidade, que foi aprovado com os votos contra do PS, IL, BE, PCP e Livre e votos a favor dos restantes. “A Fenprof não irá abandonar esta luta, que é da mais elementar justiça, e, desde já, apela ao Presidente da República, à Assembleia da República e à Provedoria de Justiça que requeiram a fiscalização preventiva da constitucionalidade lei aprovada”, acrescenta o comunicado.

Em 11 de julho, o Governo tinha aprovado, em Conselho de Ministros, um decreto-lei interpretativo sobre o reingresso de funcionários públicos na CGA. No entanto, o Presidente da República decidiu devolvê-lo sem promulgação, pedindo que fosse “convertido em proposta de lei ou proposta de lei de autorização legislativa”, tendo o Governo aprovado e entregue no parlamento uma proposta que mantinha o mesmo conteúdo.

De acordo com o diploma, que sofreu entretanto algumas alterações em sede de especialidade, estão abrangidos “os subscritores que cessam o seu vínculo de emprego público após 1 de janeiro de 2006 e que, posteriormente, voltem a estabelecer novo vínculo de emprego público, em condições que, antes da entrada em vigor da Lei n.º 60/2005, de 29 de dezembro, na sua redação atual, conferiam direito de inscrição na Caixa Geral de Aposentações”.

Ou seja, tal como definido pelo decreto-lei original do Governo e que foi vetado pelo Presidente da República, estão excluídos os funcionários que saíram da Função Pública para o privado.

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Tribunal da Relação dá razão parcial a trabalhadores da Menzies

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

O sindicato apresentou um recurso sobre a recuperação de anuidades e progressão da carreira na Menzies (antiga Groundforce). os juízes revogaram "parcialmente a sentença", adianta o Sitava.

O Tribunal da Relação deu parcialmente razão a um recurso apresentado pelo Sindicato dos Trabalhadores de Aviação e Aeroportos (Sitava) acerca da recuperação de anuidades e progressão da carreira na Menzies (antiga Groundforce), segundo um comunicado da estrutura sindical. O Sitava lembrou que, “goradas todas as tentativas de acordo, intentou uma ação judicial em 2019 com vista à recuperação das anuidades”.

“Ao longo destes mais de cinco anos, o processo sofreu vários avanços e recuos, tendo estado, inclusivamente, parado devido à pandemia. Recentemente fomos surpreendidos com uma decisão que determinou a extinção do processo por inutilidade superveniente da lide” face à insolvência do grupo de handling, “o que prejudicava a condenação da empresa”, destacou.

“Recorremos dessa decisão para o Tribunal da Relação que agora proferiu acórdão”, indicou, salientando que os juízes decidiram “revogar parcialmente a sentença proferida em primeira instância, relativamente à inutilidade superveniente da lide no âmbito da ação instaurada pelo Sitava, determinando o prosseguimento dos autos (para apreciação)”.

Assim, o tribunal manda “julgar a ação, no que diz respeito à consideração de todo o tempo de antiguidade para efeitos de contabilização das anuidades, bem como da progressão na carreira, excluindo, no entanto, retroativos”.

“Não sendo uma decisão que nos satisfaça completamente é, ainda assim, uma decisão que nos acalenta alguma esperança de que possa vir a ser feita (alguma) justiça”, lê-se na mesma nota. Fonte do Sitava disse à Lusa que as anuidades em causa eram, em agosto de 2021, de cerca de seis milhões de euros.

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Renamo não reconhece resultados e quer anulação da votação em Moçambique

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

"Não aceitamos os resultados e vamos usar todos os mecanismos internos e internacionais para que estas eleições sejam declaradas inexistentes", disse o líder da Renamo.

O líder da Renamo e candidato presidencial Ossufo Momade afirmou esta sexta-feira que o maior partido da oposição moçambicana não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais, que se não foram anulados “não se responsabiliza” por “possíveis eventos”.

A Renamo está ciente da responsabilidade que tem neste país, por isso declaramos, aqui e agora, que não aceitamos os resultados e vamos usar todos os mecanismos internos e internacionais para que estas eleições sejam declaradas inexistentes e seja resposta a justiça eleitoral. Caso contrário, a Renamo não se responsabiliza pelos possíveis eventos pós-eleitorais”, anunciou Momade, em Maputo.

Ao pronunciar-se pela primeira vez após as eleições gerais de 9 de outubro, no dia seguinte à Comissão Nacional de Eleições ter anunciado os resultados oficiais da votação, que o colocam como terceiro candidato presidencial, entre quatro, e retiram a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) do estatuto de maior partido da oposição – passou de 60 para 20 deputados –, atrás do Podemos (31 deputados), Ossufo Momade afirmou que os resultados representam uma “alteração da vontade de popular”.

“Estas não foram eleições. Foi um crime, um desrespeito e violação flagrante dos direitos fundamentais, como é o caso de enchimento nas urnas, infiltração de atas e editais falsos, manipulação dos resultados eleitorais, discrepâncias numéricas entre os editais distritais e as mesas de votos”, disse ainda.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República de 9 de outubro, com 70,67% dos votos, resultados que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional. Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos.

Na terceira posição da eleição presidencial ficou Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), até agora maior partido da oposição, com 5,81%, seguido de Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático do Moçambique (MDM), com 3,21%.

O anúncio dos resultados feito na quinta-feira pela CNE aconteceu no primeiro de dois dias de greve geral e manifestações em todo o país convocadas por Mondlane contra o processo eleitoral deste ano, que está a ser marcado por confrontos entre manifestantes e a polícia nas principais avenidas da capital moçambicana.

Mais de 300 pessoas foram detidas, segundo a policia, e nas ruas e bairros de Maputo, a capital, era visível esta manhã o rasto dos confrontos com os manifestantes que saíram às ruas queimando pneus e cortando avenidas, com forte resposta policial, com blindados, equipas cinotécnicas, lançamento de gás lacrimogéneo e tiros para o ar.

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Chefe da diplomacia da UE condena morte de 128 jornalistas num ano

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

"Os jornalistas estão a pagar um preço elevado na cobertura do conflito no Médio Oriente. Três foram mortos hoje num ataque das Forças de Defesa de Israel no Líbano", disse Josep Borrell.

O chefe da diplomacia da União Europeia condenou a morte de 128 jornalistas na guerra de Israel contra o Hamas e na ofensiva israelita contra o Hezbollah – três dos quais mortos esta sexta-feira –, pedindo proteção para a imprensa.

Os jornalistas estão a pagar um preço elevado na cobertura do conflito no Médio Oriente. Três foram mortos hoje num ataque das Forças de Defesa de Israel no Líbano, quase 130 das vítimas do último ano em Gaza”, condenou o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter). “Condenamos esta situação”, adiantou o responsável, vincando que “a liberdade e o acesso à imprensa devem ser garantidos e os jornalistas devem ser protegidos, sempre”.

A posição surge no dia em que o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) divulgou que pelo menos 128 jornalistas foram, este ano, mortos na guerra de Israel contra o Hamas e na ofensiva israelita contra o Hezbollah, além de 69 repórteres feitos prisioneiros. Os últimos dados disponibilizados pelo Comité, atualizados até 17 de outubro, estimam o número de jornalistas mortos nos conflitos em 128 e que outros 69 foram feitos prisioneiros.

Esta sexta, foram contabilizadas mais três mortes entre repórteres que cobrem os conflitos na região, tornando-se o cenário de guerra em que morreram mais jornalistas num ano. Os três jornalistas cobriam a ofensiva israelita no Líbano e morreram num alegado atentado bombista do exército israelita contra a sua residência na cidade libanesa de Hasbaya, no sul do país, segundo a televisão Al-Jazeera e a agência de notícias nacional do Líbano.

De acordo com o CPJ, sediado em Nova Iorque, só em Gaza foram mortos mais jornalistas no decurso de um ano do que em qualquer outro conflito documentado. Alguns dos jornalistas foram mortos enquanto usavam coletes de imprensa, incluindo três dos cinco que foram atacados diretamente pelas Forças de Defesa de Israel, observou o CPJ.

Um número recorde de jornalistas palestinianos foi também detido. As autoridades israelitas têm agora o recorde mundial de detenção do maior número de jornalistas per capita num período de um ano, muitos dos quais foram detidos sem acusação”, sublinham. Segundo a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), só na Palestina existem 24 casos documentados de jornalistas detidos, desaparecidos ou mortos no último ano.

Esta organização recolhe também informações sobre os numerosos jornalistas mortos no exercício da sua profissão, principalmente na Faixa de Gaza, mas também no Líbano e em Israel, e acrescenta dados pessoais e as circunstâncias das suas mortes, sem quantificar um total. Recolhe também dados sobre repórteres e trabalhadores dos meios de comunicação social que foram vítimas do conflito nos outros territórios afetados pelo conflito: Líbano, Cisjordânia e o próprio território israelita.

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Jerónimo Martins entra no capital do Observador

A Recheio SGPS, liderada por Pedro Soares dos Santos, fica com uma participação de 4,99%. Luís Amaral, o principal acionista, desce dos 55% para os 49,95% e Carlos Moreira da Silva sobe para 5%.

A Jerónimo Martins entrou no capital do Observador, apurou o ECO/+M. A estreia no setor dos media do grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, que será feita através da sociedade Recheio SGPS SA, foi confirmada pelo Observador. O novo acionista fica com uma participação de 4,99% e operação está inserida num aumento de capital da dona do Observador. O aumento de capital é de 2,4 milhões de euros, o maior desde a criação do título, e será feito a 1,2 euros por ação, representando um prémio de 20% face ao seu valor nominal.

Em simultâneo, Luís Amaral, que acompanhou o aumento de capital na proporção da sua participação, reduz dos anteriores 55% para 49,95%. Em sentido contrário, Carlos Moreira da Silva, que controla a BA Glass, aumenta a sua participação para 5%, tornando-se um dos acionistas de referência. O valor do capital social do Observador passou assim a ser de 12.369.260,17 euros.

A Recheio vai então juntar-se, na estrutura acionista da Observador On Time, a Luís Amaral (Amaral y Hijas Holding S.L. – 49,95%), António Carrapatoso (Orientempo, Investimentos e Consultoria, S.A. – 6,59%), Pedro de Almeida (Ardma SGPS, Lda. – 5,00%), Alexandre Relvas (Famav Investimentos, Lda. – 5,00%), Filipe de Botton (Lusofinança, Sociedade Serviços Financeiros, Lda. 5,00%), Carlos Moreira da Silva (Teak Capital, S.A.- 5,00%), João Talone (Ribacapital, SGPS, Lda. – 3,71%), Pedro Martinho (3,33%), António Champalimaud (Holdac, SGPS, S.A. – 3,10%), João Fonseca (Atrium Capital, S.A.- 2,52%), António Viana-Baptista (1,52%), Duarte Schmidt Lino (1,04%), José Manuel Fernandes (0,98%), Rui Ramos (0,98%), João de Castello Branco (0,54%), Rudolf Gruner (0,23%), Jorge Bleck (0,21%), Filipe Simões de Almeida (0,18%), Duarte Vasconcelos (0,08%) António Pinto Leite (0,05%). Estas participações refletem já o aumento de capital.

Este aumento de capital permitirá ao Observador reforçar os seus recursos e as suas capacidades, e continuar a crescer significativamente, com sustentabilidade económica e financeira. O Observador e toda a sua equipa ficam assim ainda mais preparados para cumprirem a missão a que se propuseram, com os esperados benefícios para os seus leitores e ouvintes e para todos os cidadãos e país em geral, comenta António Carrapatoso, presidente do conselho de administração executivo do Observador. “Este aumento de capital representa mais uma confirmação da confiança que os nossos acionistas depositam na direção e redação do nosso jornal e rádio“, acrescenta José Manuel Fernandes, administrador e publisher do Observador.

Este será o segundo aumento de capital da Observador On Time este ano. Em março foi registado um aumento de cerca de 860 mil euros, o que coloca o capital social da empresa nos 9,9 milhões de euros. Em 2023, foram duas as operações para reforçar o capital da empresa. A última, no montante de 1,1 milhões de euros foi e setembro. Já em março desse ano, foi registada a entrada de um milhão de euros, uma operação que terá acontecido três meses antes.

Rudolf Gruner explicava na altura que a empresa ficava assim com um capital social na casa dos oito milhões de euros, aos quais acrescia dois milhões em prestações acessórias. Começámos com 3 milhões em 2014, vamos nos 10 milhões. Quase todos os anos temos vindo a fazer pequenos aumentos de capital para financiar a atividade e permitir o crescimento do projeto”, prosseguia Gruner, lembrando que o Observador foi lançado com 40 pessoas e em 2023 eram mais de 140″.

Este aumento de capital destinava-se ao reforço do investimento na rádio e no áudio – o que não é necessariamente a mesma coisa – e também em novos segmentos, como a secção Mental, sobre saúde mental.

Na rádio, o objetivo era reforçar a cobertura da estação. A Rádio Observador tinha duas frequências em Lisboa/Centro e duas no Porto/Norte, “mas não é suficiente”, dizia o responsável, que contava alargar o alcance do FM ainda em 2023.

Entretanto, já este ano, as cidades de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Marinha Grande, Peniche e Pombal passaram a ter acesso à Rádio Observador em FM. “É uma faixa importante do território que a rádio ambicionava pela sua densidade populacional e pela vitalidade destas cidades do centro litoral do país“, dizia o Observador, que alcança assim, em 94.0 FM, um público potencial de 467 mil pessoas do distrito de Leiria.

A chegada a Leiria deu-se através de um acordo de associação à com a EDR – Empresa de Difusão de Rádio, dona da Rádio 94 FM, que passa assim de generalista a temática, dando origem à Rádio Observador Leiria. A EDR junta-se então à Rádio Baía (Seixal), RFA (Vila do Conde), Baobad (Aveiro), Rádio Mais (Lisboa), Rádio Maior (Santarém), que já transmitiam em associação à Rádio Observador.

É uma frequência muito importante. Permite finalmente fechar o eixo Lisboa-Porto, já é possível percorrer a A1 e A8 sempre a ouvir, em FM, a Rádio Observador”, comenta com o +M Rudolf Gruner.

O objetivo é continuar a crescer. “Vamos continuar a expandir a cobertura, enquanto fizer sentido”, garante Gruner. “Um dia, a esmagadora maioria das pessoas ouvirá rádio no telemóvel, no digital, e o FM já não será tão relevante. Mas, neste momento, ainda é“, acrescenta. Assim, avançava, “continuaremos à procura de novas oportunidades”.

Com este acordo, o sexto, ficou completo o número máximo de transmissão em associação previsto na Lei da Rádio. Restam, para continuar a aumentar o alcance territorial, as parcerias com estações locais, mas aí com a obrigatoriedade de oito horas de emissão local, lembra o responsável. Entretanto, já este ano, a Observador On Time, comprou a Emissora das Beiras, no concelho de Tondela, que passou a emitir a rádio de informação em setembro, na altura dos incêndios.

Para além da expansão do negócio, os aumentos de capital, têm servido também para ajudar a financiar a operação. “Pé ante pé vamos crescendo, mas nunca chegamos ao break even”, referia em 2023 o responsável. O melhor ano, em termos de EBITDA foi 2021, período no qual registaram um resultado negativo de cerca de 200 mil euros, recorda. Atingir o break even “é um objetivo importante”. “A nossa perspetiva de negócio não é estar sempre dependente do acionista para a atividade. Para o crescimento do negócio é outra coisa”, acrescenta.

Em, 2023, de acordo com o Portal da Transparência, a dona do Observador registou resultados negativos de 1,2 milhões de euros e em 2022 de 876 mil euros.

 

(notícia atualizada às 18h45)

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Países Baixos querem introduzir controlo nas fronteiras e repatriar mais sírios

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

Outras medidas incluem a abolição das autorizações de residência por tempo indeterminado para os refugiados e a redução do tempo destas autorizações de cinco para três anos.

O Governo dos Países Baixos, liderado pela extrema-direita, anunciou esta sexta-feira medidas, cada vez mais rigorosas, em matéria de asilo, incluindo a introdução de controlos nas fronteiras e a classificação de certas regiões da Síria como “zonas seguras”.

O primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof, apresentou os planos do seu governo numa conferência de imprensa, após vários dias de intensas negociações entre a coligação de quatro partidos no poder, liderada pelo Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, do deputado anti-imigração Geert Wilders.

As medidas reforçadas incluem controlos fronteiriços semelhantes aos efetuados na Alemanha, a abolição das autorizações de residência por tempo indeterminado para os refugiados e a redução das autorizações de residência de cinco para três anos, “de acordo com os países vizinhos”. “As nossas discussões produziram finalmente um resultado muito sólido”, disse Dick Schoof aos jornalistas.

“Hoje temos um pacote completo de medidas para implementar a nossa política de asilo mais rapidamente, para a tornar mais rigorosa e para a simplificar”, acrescentou o primeiro-ministro. A política do Governo neerlandês em relação à Síria também será “consideravelmente reforçada”, com certas partes do país a serem classificadas como “seguras” este ano, disse Dick Schoof.

Isto significa que os requerentes de asilo provenientes das chamadas zonas “seguras” também poderão ser repatriados e que os que já possuem uma autorização de residência neerlandesa “poderão ser considerados” para repatriamento. No entanto, o Governo recuou perante a vontade de Geert Wilders de declarar uma “crise de asilo” nos Países Baixos, o que teria desencadeado uma legislação de emergência que permitiria ao Governo contornar o parlamento.

O plano foi contestado pelo Novo Contrato Social (NSC), um jovem partido da coligação cujo apoio é essencial para o atual executivo liderado por Dick Schoof. As novas medidas terão agora de ser aprovadas tanto pela câmara baixa como pela câmara alta do parlamento em Haia.

O anúncio segue-se a um apelo geral dos líderes da União Europeia (UE), na semana passada, a novas leis de emergência para aumentar e acelerar o repatriamento de migrantes, numa altura em que a retórica da UE tem vindo a assumir uma orientação cada vez mais à direita. Numa cimeira em Bruxelas, os dirigentes afirmaram que as discussões se centraram na imigração, uma questão que cresceu na agenda política na sequência das vitórias da extrema-direita em vários países, incluindo os Países Baixos.

O PVV de Geert Wilders obteve uma grande vitória eleitoral no ano passado e o veterano da legislação anti-islâmica prometeu “a política de imigração mais rigorosa possível” para lidar com o que ele descreve como a “crise de asilo” do país. Os pormenores das novas medidas foram divulgados no início desta semana e os partidos da oposição e grupos de defesa dos direitos humanos criticaram as propostas.

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Gafi inclui Angola na “lista cinzenta” de combate ao branqueamento de capitais

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

Além de Angola, o Gafi incluiu na “lista cinzenta” a Costa do Marfim, Argélia e Líbano. “O processo de inclusão na lista (cinzenta) não é uma medida punitiva”, diz a presidente do Gafi.

O Grupo de Ação Financeira (Gafi), uma organização que luta contra o branqueamento de capitais, anunciou esta sexta-feira que incluiu Angola na sua “lista cinzenta”, como é conhecida a relação de países que ficam com monitorização reforçada pela entidade.

O anúncio foi feito pela presidente do Gafi, Elisa de Anda Madrazo, no final de uma reunião plenária em que sublinhou que “o processo de inclusão na lista (cinzenta) não é uma medida punitiva”.

“Pelo contrário, trata-se de orientar os países na via da melhoria. Todos estes países trabalharam ativamente com os respetivos organismos regionais e com o Gafi para desenvolver um plano de ação”, acrescentou. Além de Angola, foram integrados na “lista cinzenta” a Costa do Marfim, Argélia e Líbano.

Esta foi a primeira reunião plenária do Grupo, sob a presidência de Anda Madrazo, e nela participaram representantes de mais de 200 membros da rede mundial e de organizações observadoras, incluindo o Fundo Monetário Internacional, as Nações Unidas, o Banco Mundial, a Interpol e o Grupo Egmont de Unidades de Informação Financeira.

O Gafi explica no seu portal eletrónico que quando coloca uma jurisdição sob monitorização reforçada, isso significa que o país se comprometeu a resolver rapidamente as deficiências estratégicas identificadas dentro dos prazos acordados e está sujeito a uma monitorização reforçada.

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Produtora Sky Dreams prepara série inspirada em músicas dos Xutos & Pontapés

  • Lusa
  • 25 Outubro 2024

"Circo de Feras", título que adota o nome de um álbum, de 1987, e de uma das mais conhecidas músicas dos Xutos & Pontapés, é uma produção da Sky Dreams para a RTP.

A produtora portuguesa Sky Dreams está a preparar uma série de ficção, intitulada “Circo de Feras”, inspirada em músicas do grupo rock Xutos & Pontapés.

Não tem diretamente a ver com os Xutos, mas as músicas deles inspiram certas personagens, como por exemplo o ‘homem do leme’ ou Maria [‘Para ti Maria’]. São as músicas que têm alguma identificação direta ou indireta sobre a vida das personagens”, explicou o produtor Pedro Duarte.

“Circo de Feras” tem argumento de Patrícia Muller e realização de João Maia e a rodagem só deverá acontecer em 2025, com a produtora ainda “em negociações finais” quanto ao elenco.

Sobre a utilização das músicas que servem de base a esta série, Pedro Duarte disse que “está tudo acertado com os Xutos & Pontapés” e que foram escolhidos temas de vários álbuns da banda.

Os Xutos & Pontapés são uma das mais duradouras bandas rock portuguesas, tendo surgido há 45 anos, a contar de 13 de janeiro de 1979, dia em que deram o primeiro concerto no salão de baile dos Alunos de Apolo, em Lisboa.

Na altura, o grupo, que chegou a chamar-se Delirium Tremens e depois Beijinhos e Parabéns, integrava os jovens Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel, influenciados pelo punk rock que entrava em força na cena musical estrangeira.

Quarenta e cinco anos depois do primeiro concerto, o grupo persiste na música portuguesa com mais de uma dezena de álbuns e muitas canções que servem de âncora para um clã do rock com milhares de fãs de várias gerações.

Mesmo depois da morte do guitarrista Zé Pedro, em 2017, a banda manteve-se ativa, em palco e em estúdio, com Tim (vocalista e baixista), João Cabeleira (guitarrista), Gui (saxofonista) e Kalú (baterista).

“Circo de Feras”, título que adota o nome de um álbum, de 1987, e de uma das mais conhecidas músicas dos Xutos & Pontapés, é uma produção da Sky Dreams para a RTP.

Atualmente a Sky Dreams está a terminar a rodagem da série “O Arquiteto”, também de Patrícia Muller e João Maia, sobre um escândalo sexual que envolveu o arquiteto Tomás Taveira no final dos anos 1980. A série, produzida para a o canal televisivo TVI e para a plataforma de streaming Prime Video, é protagonizada pelo ator Rui Melo.

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Ministério Público abre processo a André Ventura por incitamento ao ódio

O Ministério Público abriu um processo para investigar as declarações de André Ventura, do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, e do assessor Ricardo Reis, por incitamento ao ódio.

O Ministério Público (MP) abriu um processo para investigar as declarações do presidente do Chega André Ventura, do líder parlamentar do partido Pedro Pinto e do assessor Ricardo Reis, por incitamento ao ódio, relacionadas com a morte de Odair Moniz, avança a Sic Notícias. O inquérito corre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Lisboa.

Em causa estão declarações do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, sobre os tumultos dos últimos dias relacionados com a morte de Odair Moniz, baleado pela polícia na Amadora, afirmando que se as forças de segurança “disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem”.

Sobre o agente da PSP que baleou Odair Moniz, também André Ventura, presidente do Chega, fez declarações polémicas. “Nós não devíamos constituir este homem arguido; nós devíamos agradecer a este polícia o trabalho que fez. Nós devíamos condecorá-lo e não constitui-lo arguido, ameaçar com processos ou ameaçar prende-lo”, disse.

Esta tomada de posição por parte do MP surge no dia em que foi conhecida uma queixa-crime apresentada por um grupo de cidadãos, dos quais fazem parte a ex-ministra da Justiça Francisca Van Dunem. De acordo com o projeto de queixa-crime, a que o Diário de Notícias teve acesso, os principais ilícitos são: “instigação à prática de crime”, apologia da prática de crime” e “incitamento à desobediência coletiva”.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da AML, onde foram incendiados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, um motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.

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