País perdeu 42 mil jovens com habilitações superiores em dois anos, alerta ministro das Finanças
Miranda Sarmento destaca o "problema" do país em "reter e atrair" talento jovem qualificado, denunciando a fuga de cérebros verificada entre 2021 e 2023. "Perdemos 42 mil jovens com habilitações", diz
O ministro das Finanças reconhece que o país tem “um problema de retenção e atração de jovens qualificados”, alertando, a título de exemplo, que no espaço de dois anos, o país perdeu 42 mil jovens com habilitações académicas no ensino superior.
“Entre 2021 e 2023, perdemos 42 mil jovens com habilitações superiores, apesar de termos formado cerca de 80 mil por ano. Temos um problema de retenção e atração de jovens qualificados”, frisou Joaquim Miranda Sarmento, durante a audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, na Assembleia da República, citando os dados do gabinete de estatística Eurostat.
Segundo o ministro, entre 2020 e 2023, “houve um aumento de licenciados em toda a população ativa”. “Se considerarmos apenas a população ativa entre os 28 e os 35 temos uma quebra significativa no número de licenciados”, alerta, referindo que em 2021 havia 653 licenciados em Portugal mas que em 2023 esse valor caiu para 611 mil jovens entre os 18 e os 35 anos.
Assim, Miranda Sarmento estima que se reduziu “em 42 mil” o número de jovens no país “com pelo menos licenciatura ou eventualmente mestrado ou doutoramento”, uma realidade que denuncia o “problema” do país em reter e atrair jovens qualificados, uma vez que “as universidades portuguesas, em licenciatura, formam entre 50 a 55 mil jovens por ano. Este valor cresce para os 80 mil se forem considerados os jovens com mestrados e doutoramento.
As declarações do ministro das Finanças surgem na sequência dos alertas deixados pelo governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, que defendeu esta semana que há “números enganadores” quanto à capacidade de Portugal reter jovens qualificados e disse que o país consegue ser um recetor líquido de licenciados.
Segundo o governador do BdP, nos últimos oito anos a população ativa com formação superior aumentou em média 70 mil indivíduos por ano e das universidades portuguesas (públicas e privadas) saem por ano pouco mais de 50 mil pelo que, concluiu, “Portugal tem conseguido ser um recetor líquido de diplomados” com o ensino superior.
Centeno disse ainda que os dados do Eurostat “mostram que a percentagem de jovens portugueses que emigram é inferior – menos de metade – da que se observa em países como Alemanha, Dinamarca ou Países Baixos”.
Além de Miranda Sarmento, também a ministra Maria do Rosário Palma Ramalho, garantiu, esta sexta-feira que “três em cada dez jovens escolheram emigrar“, dos quais “muitos” são qualificados.
“Temos a informação que três em cada dez jovens escolheram emigrar e que muita dessa emigração é dos jovens mais qualificados“, respondeu a governante, que destacou também o alto nível de desemprego jovem registado em Portugal, neste momento.
Noticia atualizada pela última vez às 17h32
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