Carlos Oliveira “trará valor à companhia”, diz CEO da TAP sobre o novo chairman

Presidente executivo da companhia considera que acumulação do cargo de CEO e 'chairman' não seria o melhor para a TAP no contexto do arranque da privatização.

O CEO da TAP, Luís Rodrigues, considera que com a privatização em marcha a acumulação com o cargo de presidente do conselho de administração “não seria o melhor”. Sobre o novo chairman, Carlos Oliveira, diz que trará valor à companhia.

Quando, em abril de 2023, entrou para a liderança da TAP, Luís Rodrigues acumulou os cargos de CEO e presidente do conselho de administração. É ainda o accountable manager da companhia, ou seja, o gestor responsável pela segurança do transporte aéreo junto do regulador, a ANAC.

Com o arranque da privatização, o Governo decidiu alterar o governance da TAP e pôr fim à acumulação de cargos. O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira a nomeação de Carlos Oliveira, atual presidente do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e antigo CEO da Fundação José Neves, para chairman da companhia aérea.

Como anunciado pelo Governo, o novo ‘chairman’ da TAP S.A. será o Eng.º Carlos Oliveira, personalidade com um extenso currículo, que certamente trará valor à Companhia, a quem damos as boas-vindas e com quem teremos toda a disponibilidade para trabalhar.

Luís Rodrigues

CEO da TAP

Numa mensagem enviada na quinta-feira os trabalhadores, a que o ECO teve acesso, o CEO da TAP considera que Carlos Oliveira “certamente trará valor à Companhia, a quem damos as boas-vindas e com quem teremos toda a disponibilidade para trabalhar”.

Luís Rodrigues afirma que a acumulação de cargos se dever a “circunstâncias excecionais”, “num período que coincidiu com a 2ª parte do Programa de Reestruturação”.

Com o anúncio público do processo de privatização e com tudo o que este vai exigir, naturalmente um processo complexo e longo, não seria o melhor para a TAP que a acumulação se mantivesse inalterada“, afirma.

Com um vasto currículo na gestão, e ligado à tecnologia e ao empreendedorismo, Carlos Oliveira completou recentemente, em maio de 2025, várias formações da IATA, nomeadamente “Introdução à Indústria da Aviação Num Mundo em Mudança”, “Visão Geral do Sistema de Transporte Aéreo”, “Gestão de Receitas das Companhias Aéreas” e “Atendimento ao Cliente nas Companhias Aéreas”, de acordo com informação disponibilizada pelo próprio no LinkedIn.

Foi também cofundador e CEO da Fundação José Neves, tendo abandonado a instituição quando José Neves se demitiu da Farfetch, numa altura em que a empresa colapsou. Antes disso, chegou a ser secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, entre junho de 2011 e fevereiro de 2023, no primeiro Governo de Pedro Passos Coelho, e presidiu à Startup Braga e à InvestBraga.

Esta quinta-feira, Luís Montenegro, primeiro-ministro, anunciou que o Governo vai reprivatizar 49,9% do capital da TAP, entregando 44,9% a um investidor privado ou mais e 5% aos trabalhadores. Se os objetivos do Executivo não forem atingidos, está previsto que o Governo possa matar o processo de reprivatização sem lugar a indemnização.

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Governo propõe (pela terceira vez) flexibilização do incentivo fiscal à valorização salarial

Governo tentou alterar o incentivo à valorização salarial no Orçamento do Estado para este ano, mas não conseguiu. Insistiu no arranque do ano, mas proposta caducou. Agora volta a defender mexida.

O Governo já entregou no Parlamento a proposta de lei que estipula que o benefício em IRC para as empresas que aumentem os salários também abrange aquelas que agravem a diferença entre os ordenados mais baixos e mais altos. Esta é a terceira vez (mas a primeira nesta legislatura) que o Executivo de Luís Montenegro defende esta alteração, sendo que deixa claro que, a ser agora aprovada, vai retroagir a janeiro deste ano.

Em causa está o incentivo fiscal à valorização salarial: no âmbito deste benefício, as empresas podem deduzir em 200%, em sede de IRC, os custos associados a aumentos salariais, mediante o cumprimento de certas condições.

Há vários anos que esta medida existe, tendo sido criada com o acordo de rendimentos assinado pelo Governo de António Costa com as confederações patronais e com a UGT. Mas o acordo sobre valorização salarial e crescimento económico que o Governo de Luís Montenegro assinou em outubro na Concertação Social veio abrir a porta a alterações nas condições de acesso.

Em concreto, ficou acordado que este benefício deixaria de estar vedado às empresas que aumentem o leque salarial dos trabalhadores. O Governo incluiu essa mudança no Orçamento do Estado para 2025, mas uma coligação negativa travou-o. O Executivo insistiu, entregando uma proposta de lei autónoma, mas o fim antecipado da legislatura impediu que esse diploma fizesse o seu caminho no Parlamento.

Agora, pela terceira vez, o Governo de Luís Montenegro propõe ao Parlamento que essa condição seja revogada, de modo a que se cumpra em pleno o acordo assinado em outubro na Concertação Social.

“A presente proposta de lei encontra-se alinhada com os objetivos do acordo tripartido celebrado, proporcionando incentivos fiscais que estimulam o investimento em inovação e sustentabilidade, considerando que a valorização salarial é vista como uma forma de fomentar o crescimento económico e o aumento do poder de compra dos trabalhadores“, lê-se no diploma apresentado esta semana pelo Governo.

E uma vez que esta alteração ao incentivo fiscal à valorização salarial resulta de um acordo já com oito meses, o Governo fixa que a alteração em causa “aplica-se aos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2025“.

De notar que o Executivo de Luís Montenegro continua a não ter maioria absoluta no Parlamento, pelo que terá de convencer a oposição (o Chega, por exemplo) a apoiar, desta vez, esta alteração a este benefício fiscal.

Sem esse apoio, o incentivo continuará a estar disponível apenas para os empregadores que aumentem em 4,7% a remuneração base dos trabalhadores que ganhem um valor igual ou inferior à remuneração média da empresa, assegurem um aumento global da remuneração média de, pelo menos, 4,7%, sejam abrangidos por negociação coletiva e não agravem a diferença entre os empregados que ganham mais e os que ganham menos.

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Taxas Euribor sobem a três e seis meses

  • Lusa
  • 11 Julho 2025

Indexantes usados no crédito à habitação subiram nos prazos a três e seis meses, mantendo-se a 12 meses.

As Euribor, taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa, subiram a três e a seis meses e manteve-se a 12 meses, mantendo-se acima de 2% nos três prazos.

  • A taxa Euribor a seis meses subiu para 2,072%, mais 0,002 pontos do que na quinta-feira.
  • A Euribor a três meses voltou a subir para 2,026%, mais 0,025 pontos do que na sessão anterior.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor manteve-se, ao ser fixada de novo em 2,089%.

As médias mensais da Euribor voltaram a cair em junho nos dois prazos mais curtos, menos intensamente do que nos meses anteriores e de forma mais acentuada no prazo mais curto (três meses).

Já a 12 meses, a média mensal da Euribor manteve-se em 2,081%.

A média da Euribor em junho desceu 0,103 pontos para 1,984% a três meses e 0,066 pontos para 2,050% a seis meses.

Na última reunião de política monetária em 04 e 05 de junho, em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) desceu as taxas de juro em 0,25 pontos base, tendo a principal taxa diretora caído para 2%.

Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano.

A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 23 e 24 de julho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Bruxelas quer bloquear pagamentos orçamentais a países que violam Estado de direito

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11 Julho 2025

Países como a Hungria correm o risco de perder milhares de milhões de euros com os planos da Comissão Europeia, que serão revelados na próxima quarta-feira.

A Comissão Europeia prepara-se para apertar o cerco aos países que violem as regras do Estado de direito. De acordo com o Politico, o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) para o período de 2028 a 2034 vai incluir um “sistema de condicionalidade simplificado e harmonizado para todos os fundos da União Europeia [UE] atribuídos aos Estados-membros” mediante o cumprimento das normas democráticas.

A informação consta de um documento visto pelo site noticioso, que deverá ser divulgado na próxima quarta-feira e marcará o início de pelo menos dois anos de negociações no Parlamento Europeu.

Anteriormente, apenas algumas partes do orçamento de 1,2 biliões de euros associavam os pagamentos aos Estados-membros aos temas do retrocesso democrático.

Esta medida pode exacerbar as tensões entre o Executivo comunitário e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que já viu alguns pagamentos serem retidos ao seu país e arrisca perder o poder após 15 anos, nas eleições previstas para 2026.

Orbán tem tido uma relação turbulenta com os responsáveis políticos da UE e outros governos, que têm criticado o que consideram ser as suas políticas autoritárias, como a repressão das liberdades judiciais e dos meios de comunicação social, bem como a sua proximidade à Rússia.

A Comissão Europeia pretende afastar-se do sistema atual, em que “os Estados-membros com problemas específicos podem ser tentados a transferir alguns investimentos entre programas para evitar estarem sujeitos a uma condição específica”, afirma.

Vários países da UE, entre os quais a Finlândia, apoiam o reforço da ligação entre o Estado de direito e o financiamento nas suas contribuições para a Comissão antes da apresentação da proposta de orçamento.

Para a Hungria, as regras agora anunciadas “permitem exercer uma pressão política arbitrária em áreas políticas não relacionadas com a proteção do orçamento da União” — argumentos de que a Eslováquia, que tem sido igualmente criticada por questões relacionadas com o Estado de direito, também fez eco.

A Hungria já tem bloqueados 18 mil milhões de euros em fundos que foram suspensos devido às violações da legislação europeia nos últimos anos. Porém, é pouco provável que Orbán, que está a fazer campanha com uma plataforma anti-UE, tome medidas para reclamar a devolução dos pagamentos antes de enfrentar o voto público.

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Banco de Fomento emitiu 42 mil milhões em garantias pré-aprovadas

Estas 160 mil garantias pré-aprovadas traduziram-se para já em 18 mil candidaturas, que representam um financiamento de 3,77 mil milhões de euros.

O Banco de Fomento já enviou mais de 160 mil garantias pré-aprovadas a micro, pequenas e médias empresas, que ascendem a cerca de 11 mil clientes, sendo que 91% são novos. Em causa estão 42 mil milhões de euros, no âmbito da linha BPF InvestEU e da nova linha BPF Export, que integra o “Programa Reforçar” criado para ajudar a mitigar o impacto das tarifas de Donald Trump.

Em 14 semanas, “a simplificação e dinamização da BPF InvestEU permitiu superar os resultados dos três anos anteriores”, sublinhou Gonçalo Regalado, na apresentação das primeiras Conversas com Fomento, que decorrem esta sexta-feira em Santa Maria da Feira e das quais o ECO é media partner.

Estas 160 mil garantias pré-aprovadas traduziram-se para já em 18 mil candidaturas, que representam um financiamento de 3,77 mil milhões de euros.

A meta no segundo trimestre era ter “três mil milhões de euros de candidaturas aprovadas e mais de dez mil empresas servidas”, disse Regalado, na conferência de imprensa que assinala os 100 primeiros dias de mandato.

candidaturas de todos os setores — dos serviços à construção, passando pela logística e pela agricultura – e de norte a sul do país. Mas o destaque vai para o comércio e a indústria, que lideram em número de candidaturas e no valor. O comércio apresentou 2.616 candidaturas, que representam um montante de financiamento de 675 milhões de euros (25% do total). Já na indústria as 1652 candidaturas somam 672 milhões (25% do total). A construção soma 1.522 candidaturas num total 369 milhões de euros (14%).

Em termos regionais há uma maior incidência das candidaturas em Lisboa (617) e no Porto (562), mas também em Braga (294) e Aveiro (183).

Mas ainda há mais linhas na calha. Para o terceiro trimestre, Gonçalo Regalado prevê arrancar com as quatro linhas de financiamento do Portugal 2030, “para acelerar o PT2030 que tem apenas 2% de execução, decorrido 50% do tempo”, explicou Gonçalo Regalado. Linhas que já se esperava estarem operacionais no início de maio, como disse no ECO dos Fundos a gestora do Compete.

Haverá ainda uma nova linha a PRR Empresarial de 315 milhões de euros, que “está a ser negociada com a estrutura de Missão Recuperar Portugal”, revelou o CEO do BPF. Por outro lado, a linha ADN+ de 1,8 mil milhões de euros para investimentos de curto e médio prazo e ainda a linha habitação de dois mil milhões de euros para apoiar projetos públicos e privados de habitação a custos controlados, que tem também o objetivo de acelerar estes investimentos.

Para o quarto trimestre está prevista a operacionalização do Member State Compartment do FEI INVEST EU, cujo protocolo é assinado esta sexta-feira entre a presidente executiva do FEI e o ministro da Economia e Coesão, Manuel Castro Almeida.

O Banco de Fomento está a candidatar-se a três produtos de garantia que podem gerar até 6,5 mil milhões de euros de crédito. O primeiro para reforçar a competitividade das pequenas e médias empresas, potenciando o acesso ao crédito a empresas de alto risco ou com garantias insuficientes para os bancos comerciais. O segundo facilitar o acesso a financiamento em inovação e tecnologia na transformação digital das empresas. E o terceiro apoiar investimentos na transição verde e na acessibilidade de produtos, serviços e infraestruturas para pessoas com deficiência. “Estes produtos permitem chegar a 30 ou 40 mil empresas”, disse Gonçalo Regalado.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, revelou que as empresas vão ter disponíveis 50 milhões de euros, nestes produtos, para ajudar a suportar os juros.

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“Menos burocracia no Estado não vai significar chico-espertismo”, diz Montenegro. Siga aqui

Encontro organizado pelo Banco Português de Fomento no Europarque reúne protagonistas de relevo do tecido empresarial e da política, com assinatura de contrato com o FEI. Acompanhe aqui em direto.

Cerca de 1.000 empresários estão esta sexta-feira no Europarque, em Santa Maria da Feira, para a primeira edição das “Conversas com Fomento”, uma iniciativa promovida pelo Banco Português de Fomento e que vai juntar protagonistas de relevo das empresas e do Estado, prometendo “reforçar as bases do desenvolvimento empresarial em Portugal”.

O evento fica também marcado pela assinatura de um contrato entre o Fundo Europeu de Investimento (FEI) e o Estado português que, segundo avançou já o ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, permitirá “mobilizar 6.500 milhões de euros para apoio a 30 mil empresas que vão poder beneficiar de crédito com garantia europeia”.

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“A contraproposta salarial é normalmente uma reação tardia”. Ouça o podcast “Trinta e oito vírgula quatro”

Os portugueses trabalham, em média, 38,4 anos. É esse o valor que dá título a este podcast que se debruça em entrevistas quinzenais sobre os temas mais quentes do mundo do trabalho.

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Sílvia Nunes tem dúvidas sobre a eficácia de oferecer uma contraproposta salarial a um trabalhador que tenha sinalizado a vontade de sair de uma organização. No episódio desta semana do podcast “Trinta e oito vírgula quatro”, a diretora da Michael Page Portugal explica que “rapidamente” os motivos, que estavam a levar esse trabalhador a ponderar sair, regressam. Também neste episódio, o professor catedrático e autor José Soares reflete sobre como melhorar a performance sem sacrificar o equilíbrio pessoal.

“Se o motivo que me leva a sair é puramente financeiro, e há uma contraproposta que garante o mesmo nível financeiro e me faz ficar, a minha pergunta é: em quanto tempo é que isso esgota? Fico por uma questão financeira, seis meses depois já estou habituada a viver naquele novo patamar financeiro e o que é que acontece a seguir? A minha desmotivação era só por essa razão? A priori não sou a favor das contrapropostas por essa razão”, sublinha a responsável.

Por outro lado, Sílvia Nunes atira que as contrapropostas são, regra geral, “reações tardias”. “Se a minha organização até ao momento não foi capaz de acompanhar o aumento que acabou de referir, por que razão é que, no momento em que digo que vou embora, a organização tenta igualar a oferta que estou a receber? Portanto, eventualmente, já teria conseguido fazer isso antes”, afirma a diretora da Michael Page Portugal.

Neste cenário, a responsável deixa claro que, se pudesse mudar algo na forma como os salários são negociados em Portugal, reforçaria a verdade nessas conversas, garantindo que tal é a chave para um melhor alinhamento entre as expectativas dos dois lados da mesa (empregadores e candidatos).

Também neste episódio José Soares, professor catedrático da Professor catedrático de Fisiologia na Universidade do Porto e autor do livro “Upgrade”, reflete sobre a importância do bem-estar para o desempenho profissional. O especialista tem trabalhado com líderes de empresas como a Deloitte, Unilabs, BPI e Adidas, e atletas de alto rendimento, como o piloto Miguel Oliveira.

“Dou muitas vezes este exemplo. Sabemos tudo sobre o carro que vamos a conduzir. Mas não sabemos nada sobre quem o vai a conduzir. O meu primeiro passo é exatamente esse. É dar ferramentas às pessoas para se conhecerem a si próprias. Muitas vezes, é um choque“, conta o professor.

Já sobre o burnout, José Soares avisa que “uma coisa é estar cansado”, outra coisa é estar nesse ponto, apesar de se multiplicarem os relatos de burnout. “Acho que às vezes é um exagero nessa perspetiva. E tem um inconveniente: desvaloriza as pessoas que têm burnout mesmo“, declara.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast de entrevistas quinzenais sobre as tendências que estão a fazer mexer o mercado de trabalho.

Estamos a viver mais, mas também estamos a trabalhar durante mais tempo. Numa década, a duração média estimada da vida de trabalho dos portugueses cresceu dois anos para 38,4. É esse o valor que dá título a este podcast e torna obrigatória a pergunta: afinal, se empenhamos tanto do nosso tempo a trabalhar, como podemos fazê-lo melhor?

Nesta temporada especial (de sete episódios, entre abril e julho), exploramos essa questão do ponto de vista dos rendimentos.

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EUA impõem tarifa de 35% a produtos do Canadá a partir de 1 de agosto

  • Lusa e ECO
  • 11 Julho 2025

Donald Trump disse também que planeia impor tarifas gerais de 15% ou 20% sobre a maioria dos outros parceiros comerciais. União Europeia pode estar prestes a receber carta.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai impor uma tarifa de 35% sobre as importações vindas do Canadá, a partir de 1 de agosto. “Em vez de trabalhar com os Estados Unidos, o Canadá retaliou com as suas próprias tarifas”, justificou o republicano, na quinta-feira.

A partir de 1 de agosto de 2025, vamos impor uma tarifa de 35% sobre os produtos canadianos exportados para os Estados Unidos, independentemente de quaisquer tarifas setoriais“, escreveu. Trump especificou que as tarifas serão adicionadas às impostas a setores específicos, como o aço ou os automóveis, duas das principais exportações do Canadá para os Estados Unidos, o maior parceiro comercial de Otava.

O republicano acrescentou que poderia considerar ajustar a tarifa se o Canadá ajudasse os Estados Unidos a conter o fluxo de fentanil, um poderoso opiáceo. “Estas tarifas podem ser alteradas, para mais ou para menos, dependendo da nossa relação com o seu país”, alertou Trump, numa carta dirigida ao primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, e partilhada na rede social que o republicano detém, a Truth Social.

Esta foi a última de 20 cartas enviadas pelo Presidente norte-americano a parceiros comerciais de todo o mundo desde segunda-feira.

O primeiro-ministro do Canadá reagiu à decisão do líder da Casa Branca através de uma mensagem publicada na rede social X, em que afirma que o seu Governo continuará a defender os trabalhadores e as empresas canadianas nas suas negociações com os EUA, à medida que se aproximam do prazo estabelecido.

A tarifa de 35% agora anunciada é um aumento da atual taxa de 25% que Trump tinha aplicado ao Canadá. A exclusão de bens abrangidos pelo acordo comercial EUA – México – Canadá (USMCA) deverá manter-se e as tarifas de 10% sobre energia e fertilizantes também não deverão mudar, embora o Presidente norte-americano não tenha tomado uma decisão final sobre essas questões, segundo um funcionário da Administração citado pela Reuters.

Na quinta-feira à noite, Trump anunciou, numa entrevista por telefone com a emissora norte-americana NBC, que planeava enviar uma carta semelhante à União Europeia (UE) “hoje ou amanhã” (quinta-feira ou esta sexta-feira). “Gostaria de fazer isso hoje” (quinta-feira), disse o Chefe de Estado norte-americano.

“Estou a falar com a UE, que, como sabem, é composta por vários países, e também com o Canadá. Devemos enviar [as cartas] nas próximas horas”, acrescentara Trump.

Na mesma entrevista, o Presidente dos EUA disse que outros parceiros comerciais que ainda não receberam uma carta provavelmente enfrentariam tarifas gerais. “Nem toda a gente tem de receber uma carta. Vocês sabem disso. Estamos apenas a definir as nossas tarifas. Vamos apenas dizer que todos os países restantes vão pagar, seja 20% ou 15%. Vamos resolver isso agora”, afirmou.

Na quarta-feira, o Presidente norte-americano anunciou que as tarifas de 50% sobre as importações de cobre entram em vigor a 1 de agosto.

Em 2024, os Estados Unidos importaram quase metade do cobre que consumiram, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA, sendo que a maioria das remessas vieram do Chile e do Canadá.

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OLI é a grande vencedora da 2ª edição do Prémio Inovação na Internacionalização

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  • 11 Julho 2025

Já são conhecidas as empresas vencedoras da segunda edição do prémio Inovação na Internacionalização da COTEC, em parceria com o Santander Portugal e a World Trade Center Lisboa.

A OLI, referência global em soluções sanitárias sustentáveis, foi eleita a grande vencedora pela robustez do seu crescimento internacional e pela sua capacidade de transformar inovação em valor concreto à escala mundial. A empresa de Aveiro tem um forte impacto em mercados como América Latina, Médio Oriente, Europa e Norte de África.

A Controlar, Palbit, Skypro e RCN – cujas trajectórias espelham estratégias inovadoras, ajustadas às exigências de um mundo interligado, diverso e competitivo, venceram nas respectivas categorias.

Jorge Portugal, Director-Geral da COTEC Portugal, disse: “Estas empresas mostram que a internacionalização não é um acto isolado, mas um processo evolucionário — feito de aprendizagem contínua, adaptação aos contextos culturais e construção progressiva de vantagens competitivas nos mercados globais.”

Amílcar Lourenço, Administrador Executivo do Santander Portugal, afirma: “Estes prémios celebram a coragem de inovar e a resiliência de quem transforma a internacionalização numa verdadeira conquista. Os vencedores — e todos os candidatos desta edição — refletem o melhor do espírito empresarial português: a capacidade de enfrentar desafios e de converter obstáculos em oportunidades de crescimento, contribuindo pelo desenvolvimento do país.”

Para Luciano Montenegro de Menezes, CEO do World Trade Center Lisboa, “O Prémio Inovação na Internacionalização é mais do que um reconhecimento: é uma alavanca para potenciar empresas com talento global. Através da rede internacional World Trade Centers Association, oferecemos a estas empresas novas oportunidades de crescimento, colaboração e internacionalização estruturada.”

Mais do que reconhecimento, um catalisador estratégico

O Prémio Inovação na Internacionalização tem como objetivo valorizar empresas que desafiam os modelos tradicionais de expansão internacional, promovendo a sua visibilidade e integração em redes globais. A distinção considera tanto a dimensão da empresa (Pequena, Média e MidCap) como a geografia predominante das exportações (Europa ou Global), ajustando assim a avaliação ao estádio de maturidade internacional.

Nesta edição, 104 empresas candidataram-se, oriundas de diversos setores. A seleção baseou-se em critérios quantitativos rigorosos — taxa de crescimento internacional, intensidade exportadora, investimento em I&D, produtividade, rentabilidade, sustentabilidade e propriedade intelectual — complementados por uma entrevista a cada finalista.

Os vencedores beneficiam de acesso privilegiado à rede internacional dos 320 World Trade Centers, presentes em 93 países e beneficiarão do apoio de uma equipa de especialistas em internacionalização do Santander, presente em 13 geografias. Os finalistas receberam um dossier de avaliação do seu processo de internacionalização produzido pela COTEC Portugal.

Vencedores por categoria:

Pequena Empresa – Europa:

RCN – Innovation in Aluminium Systems (Viana do Castelo) desenvolve sistemas modulares de alumínio para arquitectura, combinando leveza estrutural, estética e desempenho técnico. A sua inovação já conquistou mercados exigentes como os nórdicos e a Europa Central.

Pequena Empresa – Global:

Skypro (Lisboa) fornece uniformes e calçado técnico para tripulações aéreas em mais de 30 países, incluindo Emirates, TAP e Delta. Destaca-se pela inovação ergonómica, durabilidade e adaptação às exigências específicas da aviação comercial.

Média Empresa – Europa:

Palbit é uma referência na produção de ferramentas de corte em metal duro para indústrias como a metalomecânica, automóvel e energética. Com presença em mais de 60 países, investe continuamente em novos materiais e design técnico.

Média Empresa – Global:

Controlar desenvolve sistemas de teste e automação para os sectores automóvel e aeroespacial, operando a partir de Portugal, México e Índia. Trabalha com multinacionais como Bosch ou Airbus, com soluções centradas na fiabilidade e engenharia de sistemas inteligentes.

Small MidCap – Global: Grande Vencedora

OLI – Sistemas Sanitários (Aveiro) é líder ibérica na produção de sistemas de descarga e equipamentos sanitários. Com presença em mais de 80 países e uma taxa de exportação superior a 80%, alia engenharia, design e sustentabilidade numa proposta global de valor.

Júri com autoridade e diversidade de experiências

O júri que avaliou as candidaturas foi constituído por personalidades de reconhecido mérito nos domínios da inovação, da academia e do tecido empresarial:

Adolfo Mesquita Nunes (Pérez-Llorca), Alexandra Vilela (COMPETE 2030), Amílcar Lourenço (Santander), João Maciel (EDP Inovação), Cristina Rodrigues (Capgemini), Helena Bento (Oceanário de Lisboa), José Luís Alvim (Porto Business School), José Magro (WTC Lisboa Business Club), José Pulido Valente (IAPMEI), Manuel Ferreira (Banco BBVA), Miguel Athayde Marques (Universidade Católica), Rui Amorim de Sousa (Cerealis) e Sandra Santos (Logoplaste).

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Hoje nas notícias: Carlos Moedas, TAP e PRR

  • ECO
  • 11 Julho 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Carlos Moedas já decidiu que vai recandidatar-se à Câmara de Lisboa. Os três helicópteros da GulfMed que vão operar para o INEM terão um custo de pouco mais de um milhão de euros por mês. E a TAP marca naturalmente o dia. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Moedas anuncia recandidatura: “Ainda tenho muito para dar a Lisboa”

Carlos Moedas decidiu candidatar-se novamente à Câmara de Lisboa. Os lugares do CDS e da Iniciativa Liberal nas listas ainda não estão fechados, mas a apresentação da recandidatura acontecerá até ao final deste mês. “Ainda tenho muito para dar aos lisboetas”, afirmou o autarca em declarações ao Expresso, considerando que não era possível executar num só mandato os compromissos que assumiu há quatro anos. “Sinto a responsabilidade social e política de dar continuidade ao projeto de visão e valorização de Lisboa com que me comprometi. Porque em apenas quatro anos ninguém consegue resolver os males que um executivo socialista criou durante 14 anos”, justifica.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Três helicópteros de emergência vão custar um milhão por mês ao INEM

Os três helicópteros da empresa maltesa GulfMed que a partir da próxima semana vão operar para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) terão um custo de pouco mais de um milhão de euros por mês. Este valor é mais do dobro do valor hora que aquela entidade pagava à Avincis, a empresa que esteve a operar quatro aparelhos até ao final de junho. Neste momento, estão a funcionar um helicóptero ligeiro e outro médio (em Macedo de Cavaleiros e em Loulé) e na próxima terça-feira deverá começar a operar um terceiro, médio, que ficará na base de Évora.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Dinheiro do PRR não executado será entregue ao Banco de Fomento

O risco de Portugal falhar a execução da totalidade do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) deixou de ser uma preocupação para o Governo, que decidiu que os fundos remanescentes irão diretamente para o Banco Português de Fomento (BPF). Com a criação de um novo instrumento financeiro, dotado de uma verba inicial de 315 milhões de euros, o Executivo assegura que estes montantes não serão desperdiçados, sendo que o BPF passará a gerir estes recursos, que serão aplicados em investimentos inovadores.

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Governo admite troca de ações na venda da TAP

Entre os critérios financeiros para a avaliação das propostas no âmbito do processo de privatização da TAP consta o valor em euros oferecido pelas ações representativas de 44,9% do capital da companhia aérea. O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, admite que, além do encaixe imediato, serão tidas em conta outras formas de valorização, entre as quais trocas de participações: “Podemos valorizar propostas que venham com outras soluções, incluindo bónus por performance (earn-outs), valorização futura das ações remanescentes, dividendos e trocas de ações”. Fernando Medina considera, num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, que a separação do processo de privatização da TAP em duas fases põe em risco a realização da segunda fase. “Havendo compradores interessados, eu não teria arriscado desta forma”, escreve o ex-ministro das Finanças.

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PSP e GNR expulsaram 64 polícias por crimes graves. Mas há 122 ainda ao serviço

Entre 2014 e 2023, foram instaurados processos disciplinares a 188 polícias e militares da PSP e GNR relacionados com crimes graves, cuja moldura penal é superior a 3 anos, sendo que 64 desses elementos foram expulsos, enquanto 122 ainda estão ao serviço destas forças de segurança e dois passaram à reserva. Só na GNR, nesse período, foram condenados por crimes graves 74 militares, sendo que, destes, 43 ainda se encontram em serviço, 29 foram expulsos e 2 transitaram para a reserva ou reforma. No caso da PSP, foram instaurados 114 processos disciplinares, dos quais resultaram penas disciplinares de cariz expulsivo a 35 polícias.

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“Muitos dos alunos” de cursos profissionais acabam a trabalhar fora da área de formação

Cursos profissionais promovem transição mais rápida para o emprego e até estão associados a salários superiores aos do ensino secundário geral. Mas muitos alunos acabam a trabalhar fora da área.

Ainda que a maioria dos alunos de cursos profissionais consiga emprego no prazo de um a dois anos, muitos acabam a trabalhar fora da sua área de formação, aponta um novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). Os autores realçam, por isso, que é preciso alinhar melhor este tipo de ensino com as necessidades do mercado de trabalho, nomeadamente, através do aprofundamento das parcerias com empresas.

Comecemos por um retrato da participação nos cursos profissionais em Portugal. Se no início do século, o país estava atrasado face à maioria dos países da União Europeia, no que diz respeito à percentagem de jovens estudantes inscritos nos cursos de ensino e formação profissionais, hoje a realidade é outra.

Em concreto, no ano letivo de 2000/2001, 28% dos alunos do ensino secundário estavam inscritos nestes cursos, enquanto a média da União Europeia estava em 52%. Já “na sequência do aumento significativo da oferta, que se registou a partir de 2006“, a percentagem de alunos inscritos “subiu substancialmente”, tendo atingido um máximo de 45% no ano letivo de 2013/2014.

Desde então, a percentagem de inscritos diminuiu ligeiramente, mas mantém-se próxima dos 40%, o que significa que Portugal está, neste momento, mais próximo da média comunitária (que ronda os 50%) do que há duas décadas e meia.

“Em Portugal, há planos para expandir ainda mais o ensino e formação profissionais no futuro, tendo sido anunciado o objetivo de atingir 55% da totalidade dos alunos inscritos no secundário“, assinalam ainda os autores do novo estudo da FFMS.

“E tendo em conta o elevado investimento e os planos para novas reformas no ensino profissional, é fundamental avaliar o seu impacto”, defendem Pedro Martins, Luís Catela Nunes, Pedro Reis e Teresa Thomas.

Ora, de modo geral, a expansão do ensino e formação profissionais “teve resultados positivos“, indica o estudo conhecido esta sexta-feira. Por exemplo, o abandono escolar desceu de 39% em 2000 para menos de 10% no ano letivo de 2022/2023, e a taxa de inatividade entre os jovens (25 a 34 anos) que concluíram o ensino profissional é “notavelmente baixa“, em comparação com aqueles que concluíram o ensino geral (5,6% contra 10,6%).

Mais, os cursos profissionais estão a permitir uma “rápida transição para o mundo do trabalho“, com 72% dos alunos a conseguir emprego no prazo de um a dois anos. Entre os que concluíram o ensino geral, 56% conseguiram um posto de trabalho nesse timing.

E mesmo em temos salariais, os sinais são positivos: os alunos formados no ensino secundário profissional têm ordenados “mais elevados” do que os que concluíram o ensino secundário geral.

Muitos dos alunos que concluem os cursos profissionais acabam por trabalhar fora da sua área específica de formação, o que pode sugerir a necessidade de um melhor alinhamento dos cursos profissionais com as necessidades do mercado de trabalho.

FFMS

Mas nem todas as notícias são boas. “Continua a existir um desfasamento entre a formação a colocação profissional“, destacam os alunos, que referem que “muitos dos alunos que concluem os cursos profissionais acabam por trabalhar fora da sua área específica de formação, o que pode sugerir a necessidade de um melhor alinhamento dos cursos profissionais com as necessidades do mercado de trabalho“.

“Embora os alunos formados no ensino e formação profissionais entrem no mercado de trabalho, muitas vezes não o fazem desempenhando funções diretamente relacionadas com a sua formação. Por consequência, muitos deles podem não vir a aplicar plenamente as competências desenvolvidas durante a sua formação“, insistem os autores.

E afirmam, resumindo, que estes cursos parecem estar, assim, a funcionar bem como via de acesso ao emprego, mas de forma menos eficaz enquanto ferramenta para desenvolver “de forma consistente competências profissionais específicas que correspondam às necessidades do mercado de trabalho”.

Perante este cenário, são deixadas várias recomendações para resolver o desfasamento entre o ensino e o mercado de trabalho, como o aprofundamento das parcerias com empresas (estabelecer parcerias formais entre as instituições de ensino e os empregadores para conceber, de forma conjunta, programas de estudo), a promoção da aprendizagem em contexto de trabalho (reforçando os estágios, por exemplo), a simplificação dos regulamentos que regem a formação em contexto de trabalho (mitigando os obstáculos) e a melhoria da orientação profissional (de modo a ajudar os alunos a escolherem vias profissionais em linha com as suas competências).

Alinhar cursos com o mercado:

-Aprofundar parcerias com as empresas;
-Promover aprendizagem em contexto de trabalho;
-Simplificar quadros jurídicos;
-Melhorar a orientação profissional.

O novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos assinala ainda que é preciso que os cursos direcionados para áreas de atividade sazonal (como o turismo e agricultura) incorporem “competências transferíveis”, de modo a que os formandos sejam empregáveis durante todo o ano. E a pensar na transformação tecnológica, recomenda que o conteúdo dos cursos seja atualizado, de modo a incluir competências atualizadas nesse domínio, especialmente face à automação e à inteligência artificial.

Por outro lado, os autores observam que há elevada mobilidade dos indivíduos que se formam neste tipo de ensino, sublinhando que tal sugere que, “ao planear os cursos, é necessário que haja um maior alinhamento regional”. Por isso, aconselham que a oferta seja gerida ao nível das comissões de coordenação regional, que esta seja integrada com as estratégias económicas regionais e que haja partilha de infraestruturas, isto é, que os municípios possam coinvestir em instalações e equipamentos de ensino profissional partilhados, “sobretudo em zonas de baixa densidade populacional“.

Sobre as distribuição destes cursos por região, o estudo da FFMS indica que é também preciso dirigir de forma estratégica os fundos nacionais e comunitários para as regiões de baixa cobertura e incentivar a criação de cursos em locais deficitários, “dando prioridade ao alinhamento com as necessidades de mão de obra”.

De resto, em conferência de imprensa, o economista Pedro Martins, um dos autores deste estudo, enfatizou que em países onde estes cursos têm maior expressão a taxa de desemprego jovem tende a ser mais baixa do que noutros países europeus. Estando hoje Portugal entre os Estados-membros com um dos piores registos a este nível (a taxa de desemprego jovem corresponde a cerca do triplo da taxa de desemprego global), “há margem para ganhos” com uma aposta reforçada neste tipo de ensino.

Melhorar a imagem pública

Entre as várias recomendações que constam do novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, consta a indicação de que é preciso melhorar a imagem pública do ensino e formação profissionais. “Apesar dos resultados positivos alcançados, persiste uma perceção pública pouco favorável“.

Questionado sobre este ponto, o economista Pedro Martins explicou aos jornalistas que é necessário dar a conhecer o impacto positivo destes cursos na empregabilidade e até nos salários.

A esta recomendação, soma-se uma outra: “assegurar o reconhecimento dos cursos por parte dos respetivos setores de atividade: estabelecer parcerias com os empregadores, de modo a aprovar formalmente as credenciais do ensino e formação profissionais, promovendo a paridade com os graus académicos”.

Cursos profissionais promovem empreendedorismo

Além do impacto dos cursos profissionais no emprego, o novo estudo da FFMS apresenta dados também sobre os efeitos na criação de empresas e no empreendedorismo, destacando também a esse nível sinais positivos.

A criação de novas empresas aumentou significativamente após terem decorrido três a cinco anos desde a entrada no mercado de trabalho dos alunos que concluíram cursos de ensino e formação profissionais”, frisam os autores. “Este aumento foi mais significativo em termos de criação de sociedades do que de empresas em nome individual“, detalham os mesmos.

Perante estes dados, Pedro Martins, Luís Catela Nunes, Pedro Reis e Teresa Thomas recomendam integrar a formação empresarial nestes cursos, isto é, incluir módulos sobre desenvolvimento empresarial, inovação e criação do próprio emprego em todos os programas de ensino profissional.

Apoiar a criação de novas empresas por parte dos indivíduos formados no ensino e formação profissionais: proporcionar mentoria, financiamento inicial e acesso a incubadoras de forma a fomentar a criação de empresas alinhadas com a sua formação.

FFMS

Defendem também que a criação de novas empresas por parte destes alunos seja apoiada, através de mentorias, financiamento inicial e acesso a incubadoras. Outra recomendação passa pela simplificação da burocracia e da orientação, criando balcões de apoio para ajudar os recém-formados no processo de registo de empresas em nome individual e no acesso aos regimes fiscais ou de Segurança Social adequados.

Por fim, os autores salientam que seria útil organizar feiras ou market places onde os recém-formados poderiam apresentar os seus serviços ou produtos, “ajudando-os a ganhar visibilidade e a estabelecer contacto com potenciais clientes”.

Numa última nota, este estudo deixa claro que é preciso monitorizar e avaliar o impacto do ensino e formação profissionais, de modo a manter a “capacidade de resposta e eficácia”. É recomendado, assim, que sejam, nomeadamente, desenvolvidas estruturas de avaliação sólidas (acompanhar a eficácia dos cursos com base, por exemplo, na taxa de emprego, rendimentos e resultados empresariais).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 11 de julho

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  • 11 Julho 2025

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