Concentração de motos de Faro gera mais de 3 milhões de euros. Veja aqui fotos do evento

“Concentração de motos tem importância vital para Faro”, diz presidente da câmara, secundado pelo congénere do Turismo do Algarve. Novo líder do motoclube apresenta novidades ao ECO/Local Online.

A única concentração de motos nacional certificada internacionalmente volta a atingir o marco das 20 mil pessoas, com mais de 8.000 motos concentradas no tradicional terreno junto ao aeroporto de Faro. O evento começou na passada quinta-feira e tem final marcado para as ruas da capital algarvia com o desfile de milhares de motos na manhã de domingo. A 43.ª edição da concentração, segundo estimativa da autarquia e da organização, superará os três milhões de euros – com os bilhetes unitários de 65 euros e a nova modalidade de entrada válida apenas para quinta-feira, e que levou milhares de pessoas extra-concentração ao recinto.

43ª Concentração motard em Faro - 18JUL25
Com cerca de 20 mil pessoas no recinto da Concentração Internacional de Motos de Faro e cada entrada vendida por 65 euros, a bilheteira atinge os 1,3 milhões de euros, valor a que há a somar as novas entradas de um dia, válidas apenas para quinta-feira, com um preço simbólico de cinco eurosHugo Amaral/ECO

“A concentração tem para nós uma importância vital, tanto pela notoriedade, que traz pessoas de todos os continentes há muitos anos, como a nível económico, com mais de 30 mil pessoas no nosso concelho e nos limítrofes”, diz ao ECO/Local Online o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau.

Organizado pela primeira vez em 1982, a concentração teve então 200 participantes, número que representa menos de um quinto das pessoas que este ano constituem a equipa, que inclui forças de segurança e técnicos de saúde no hospital de campanha montado no recinto.

“Se das 20 mil pessoas que estão dentro do recinto, cada uma gastar 100 euros, são dois milhões de euros num fim-de-semana, um valor calculado por baixo”, diz o autarca.

A estadia não tem duração igual para todos os participantes, mas só na quinta-feira e na manhã de sexta-feira já tinham sido vendidas mais de 10.000 entradas. Ao final da tarde de sexta-feira já eram 17 mil as entradas vendidas.

Apoiamos a concentração do ponto de vista financeiro, para fazer face a alguns custos logísticos da organização, mas acima de tudo, alavancamos do ponto de vista promocional o evento porque sabemos que é bastante relevante para alguns dos nossos principais mercados.

André Gomes

Presidente do Turismo do Algarve

O montante considerado por Rogério Bacalhau deverá ser repartido por restauração, hotelaria e alojamento local para os que não optam por acampamento, combustível para cerca de 8.000 motos, taxas aeroportuárias pagas pelos que chegam de avião – alguns dos quais alugam moto à chegada –, milhares de artigos de merchandising e equipamento para motos à venda nas dezenas de bancas da feira.

A estes há que somar cerca de 1,5 milhões de euros em bilheteira, seja na entrada de cerca de 20 mil pessoas com custo unitário de 65 euros (com direito a acampamento) e validade para quatro dias, seja na nova modalidade apenas para visitantes na quinta-feira, com um valor de cinco euros. Sem especificar quantos destes bilhetes vendeu, a organização dá nota de que estiveram 21.500 pessoas a presenciar os concertos de quinta-feira, sendo que aqueles que haviam chegado para os quatro dias ainda não chegavam aos 10 mil.

Criado este ano, o bilhete de um dia gerou uma aceitação entre a população de Faro e de concelhos limítrofes que justifica a sua manutenção para próximas edições, diz Pedro Baptista, que este ano assume pela primeira vez a direção do evento, após ter substituído em novembro o primeiro e até aqui único presidente do Motoclube de Faro, José Amaro.

Há situações caricatas, pessoas que vêm totalmente equipadas, inclusive há quem traga o capacete, vêm de avião e no domingo ou segunda voltam para casa.

Rogério Bacalhau

Presidente da Câmara Municipal de Faro

O volume de negócios gerado pela concentração internacional de motos, que se realiza em Faro desde 1982, nunca foi devidamente calculado, e será precisamente em 2025 que a organização promoverá esse estudo pela primeira vez, assegura Pedro Baptista.

Mas mesmo ainda sem esse estudo mais fino, a análise dos responsáveis do turismo da região é francamente positiva. “Durante a concentração, há um crescimento efetivo na ocupação hoteleira”, nota André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, e não só na cidade que empresta o nome ao evento. “Até porque Faro não é dos concelhos onde temos mais oferta do ponto de vista hoteleiro, mas num conjunto de concelhos à volta da concentração, nomeadamente aqueles que são mais próximos, Loulé, Olhão, Albufeira”, conta André Gomes.

43ª Concentração motard em Faro - 18JUL25
43ª Concentração motard em FaroHugo Amaral/ECO

Entre as novidades deste ano está a candidatura a fundos do Turismo de Portugal – ainda a decorrer – e, para 2026, poderá estar aquela que seria a solução há muito procurada para o terreno privado onde decorre o evento e que, ao longo dos anos, tem motivado dúvidas relativas à viabilidade de presença do evento na edição seguinte. A situação no Vale das Almas “está mais ou menos ultrapassada.

“O município está a trabalhar para que o espaço possa ser um parque urbano”, a enquadrar com o parque natural da Ria Formosa, explica o autarca de Faro, que dentro de três meses terminará o seu terceiro e último mandato à frente da câmara da capital algarvia.

Com essa valência, terminam quaisquer hipóteses construtivas nos hectares ocupados pela concentração, e onde o motoclube trata, ao longo do ano, da limpeza, poda e plantação de árvores, nota o autarca.

Antigamente era um luxo viajar de avião, hoje, face ao preço dos bilhete, luxo é viajar de carro ou de moto

Pedro Baptista

Presidente do Motoclube de Faro

Rogério Bacalhau conhece bem esta que é a única concentração de motos portuguesa certificada pela entidade internacional de motociclismo. “Há muitas pessoas que vêm do estrangeiro de avião, chegam ao aeroporto e vão para a concentração, que fica a 500 metros”, conta.

“Há situações caricatas, pessoas que vêm totalmente equipadas, inclusive há quem traga o capacete, vêm de avião e no domingo ou segunda voltam para casa”, descreve o autarca.

Um modo de chegar à concentração que Pedro Baptista resume assim: “Antigamente era um luxo viajar de avião, hoje, face ao preço dos bilhete, luxo é viajar de carro ou de moto“. Ainda assim, nota, continuam a chegar motociclistas de Inglaterra, da Alemanha e de França.

A edição deste ano tem a particularidade de fazer parte de um calendário de 55 eventos patrocinados pelo Turismo do Algarve, entidade que celebra precisamente 55 anos. “Apoiamos a concentração do ponto de vista financeiro, para fazer face a alguns custos logísticos da organização. Mas acima de tudo alavancamos, do ponto de vista promocional, o evento porque sabemos que é bastante relevante para alguns dos nossos principais mercados”, diz André Gomes, presidente da entidade. Entre esses, Espanha e o Reino Unido, explica.

Ainda assim, desde o Brexit, a presença de britânicos teve uma redução, diz Pedro Baptista. Um dos meios para tentar inverter esta situação será a elaboração do cartaz do evento de 2026 até ao outono, de modo a permitir a marcação atempada, pormenoriza o presidente do Motoclube de Faro.

Ponto onde o presidente do motoclube e o líder do Turismo do Algarve não coincidem é na perspetiva de se poder “vender” a concentração internacional de motos como um festival de verão.

43ª Concentração motard em Faro - 18JUL25
Pedro Baptista, presidente do Motoclube de FaroHugo Amaral/ECO

A concentração também tem essa vertente de festival de música, havendo até a possibilidade de não motards entrarem no recinto e assistirem a esses concertos”, diz André Gomes. “É todo um impacto que gera não só naqueles que vêm de fora para participar especificamente na concentração, mas também nos próprios residentes e locais da região que já veem na concentração aquilo que também é a oferta do cartaz musical”.

Quem não quer ir em cantigas, apesar de apresentar no cartaz algumas bandas com notoriedade, como The Black Mamba, Moonspell ou os The Waterboys, é o presidente do motoclube: “Isto não é comparável com um festival de verão. Pode ter algumas semelhanças, mas a concentração nunca será festival de verão. Enquanto eu cá estiver, isto vai ser sempre só uma concentração, nunca será festival de verão”.

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Carneiro desafia (outra vez) Montenegro a dizer a verdade sobre acordos com Chega

  • Lusa
  • 19 Julho 2025

O secretário-geral do PS considera que "só mesmo o primeiro-ministro pode dizer que está a dizer a verdade sobre eventuais acordos entre o Governo e o Chega que agora tenta "a todo o custo" negar.

O secretário-geral do PS considerou este sábado que “só mesmo o primeiro-ministro pode dizer que está a dizer a verdade sobre eventuais acordos entre o Governo e o Chega que agora tenta “a todo o custo” negar. “Há muito tempo que não tínhamos um ministro a desmentir o primeiro-ministro. Na entrevista do ministro dos Assuntos Parlamentares, o doutor Carlos Abreu Amorim, por quem tenho muita estima, disse a verdade. Disse que, de facto, havia um acordo com o Chega, que agora, a todo custo, estão a tentar negar“, disse, em Baião, no distrito do Porto, José Luís Carneiro.

Confrontado com as declarações de Carlos Abreu Amorim à Rádio Observador, o líder socialista disse que “só mesmo o primeiro-ministro pode responder à questão sobre por que é que há um ministro que desmente o primeiro-ministro“. “É preciso perguntar ao primeiro-ministro quem fala a verdade. Se é o primeiro-ministro que disse no parlamento que não havia acordo, ou se é o ministro dos Assuntos Parlamentares que hoje disse que havia acordo”, referiu.

Em entrevista ao Observador, Carlos Abreu Amorim admitiu que houve um acordo de princípio entre o Governo e o Chega na imigração e no IRS e que também estão a conversar sobre o regime jurídico do Ensino Superior, isto depois de Luís Montenegro ter dito que não sabia do que se tratava o “acordo de princípio” revelado por André Ventura.

Sobre este tema, José Luís Carneiro não quis alongar-se nos comentários, preferindo garantir que “o PS, a cada crítica apresentará propostas alternativas para mostrar que está preparado para servir o país em todas as áreas do desenvolvimento”.

À margem da apresentação da candidatura de Paulo Pereira à Câmara Municipal de Baião, o secretário-geral do PS rejeitou responder à pergunta sobre se sente que o PS está a ficar para trás do Chega no plano das negociações com o Governo.

“Não queria comparar aquilo que é incomparável. Nós estamos muito para a frente, porque estamos aqui desde antes do 25 de Abril (…). Nós dissemos ao primeiro-ministro que queríamos ser uma oposição firme, responsável e alternativa. E é isso que nós procuraremos ser. A cada crítica apresentar soluções alternativas”, concluiu.

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BBVA pode recorrer à Justiça contra interferência do Governo espanhol na OPA

  • Lusa
  • 19 Julho 2025

O processo aberto pela Comissão Europeia contra Espanha dá ao banco BBVA a oportunidade de recorrer para o Supremo Tribunal contra a intervenção do Governo na OPA sobre o Sabadell.

O processo aberto pela Comissão Europeia contra Espanha dá ao banco BBVA a oportunidade de recorrer para o Supremo Tribunal contra a intervenção do Governo espanhol na OPA que lançou sobre o Sabadell, disseram fontes judiciais à Efe.

Em 24 de junho, o Governo espanhol aprovou a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do BBVA sobre o Sabadell mas com condição de os dois bancos se manterem como entidades separadas (personalidade jurídica, património e gestão) durante pelo menos três anos.

O executivo espanhol argumentou que impunha esta condição em nome do “interesse geral”, para manter o apoio ao crescimento e à atividade empresarial, proteger os trabalhadores e os clientes e alcançar a coesão territorial, entre outras razões.

Desde o lançamento da OPA, o BBVA tem considerado que apenas a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (o regulador) está autorizada a impor condições. Embora esta transação em concreto tenha sido analisada exaustivamente e a lei estipule que o Governo se pode manifestar nestes casos, o banco interpreta que só o poderá fazer para dar aprovação ou mesmo reduzir exigências.

tanto o Banco Sabadell como o Governo consideram que a lei permite o reforço dos compromissos acordados entre o BBVA e a CNMC ou a imposição de condições adicionais. Face a isto, o Governo espanhol lançou uma consulta pública sem precedentes para recolher a opinião de terceiros.

Contrariamente a este argumento, tanto o Banco Sabadell como o Governo consideram que a lei permite o reforço dos compromissos acordados entre o BBVA e a CNMC ou a imposição de condições adicionais. Face a isto, o Governo espanhol lançou uma consulta pública sem precedentes para recolher a opinião de terceiros.

A presidente da CNMC, Cani Fernández, considera que a lei da concorrência “faz pouco” para esclarecer se o Governo pode impor novos compromissos com base no interesse público.

Segundo fontes jurídicas contactadas pela agência Efe, a disparidade de critérios e o facto de o Governo ter imposto a condição de não haver fusão durante três anos significam que o BBVA tem a opção de contestar a decisão do Governo.

Um dos argumentos que o BBVA pode usar é de que a fusão foi aprovada por unanimidade pela CNMC. Além disso, a Comissão Europeia abriu esta semana um processo de infração contra Espanha por causa da legislação que permitiu ao Governo condicionar a fusão dos bancos BBVA e Sabadell.

Para a sociedade de advogados Navas & Cusí, especializada em direito financeiro e europeu, o argumento do interesse geral é um conceito jurídico “excessivamente amplo e indeterminado” e considera que o veto de uma transação bancária corporativa violaria o artigo 63.º do Tratado sobre o Funcionamento da UE, relativo à livre circulação de capitais.

Para o advogado Juan Ignacio Navas, a possibilidade de veto constitui “uma interferência política que Bruxelas — com razão — vê com desconfiança” e recorda que o Tribunal de Justiça da União Europeia deixou claro em diversas ocasiões que os vetos públicos são inaceitáveis se a transação for comercialmente razoável e justificada.

Outros juristas ouvidos pela Efe concordam que o BBVA tem mais fundamentos para recorrer para o Supremo Tribunal contra a intervenção pública na transação após Bruxelas ter aberto um processo a Espanha.

O banco basco BBVA lançou a OPA sobre o catalão Sabadell em meados de 2024. A OPA hostil foi autorizada pelo regulador espanhol no final de abril, mas o Governo espanhol podia invocar ainda princípios de “interesse geral” e intervir no processo, impondo mais condições para a concretização da operação, o que ocorreu no passado junho.

Esta operação tem acendido o debate económico e político em Espanha e tem sido criticada por cerca de 70 associações empresariais (sobretudo catalãs) e sindicatos.

Se a OPA tiver sucesso, a fusão dos dois bancos criará uma entidade com perto de um bilião de euros em ativos, 135.462 trabalhadores em todo o mundo (dos quais 19.213 do Sabadell) e uma rede de mais de 7.000 agências. Seria dos principais bancos europeus e ultrapassaria o CaixaBank (dono do BPI) em ativos, posicionando-se como o segundo maior banco de Espanha em ativos.

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O caso que está a abalar a fé do movimento MAGA em Trump

  • Joana Abrantes Gomes
  • 19 Julho 2025

Congressistas republicanos e membros do movimento MAGA estão contra a decisão do Departamento de Justiça dos EUA de não divulgar os “ficheiros Epstein”, contrariando uma promessa de Trump.

Depois de um período inicial de lua-de-mel marcado por uma lealdade aparentemente inabalável dos republicanos e do movimento MAGA (“Make America Great Again”) em relação a Donald Trump, começam agora a ver-se sinais de desgaste na base de apoio do Presidente dos EUA, regressado à Casa Branca há apenas meio ano e com uma taxa de aprovação no índice Reuters/Ipsos em queda.

Nas últimas semanas, o descontentamento com a posição da Administração norte-americana em relação ao Irão e ao apoio à Ucrânia deu lugar a fortes críticas contra o recuo na sua promessa de divulgar documentos que, segundo sugerido anteriormente, conteriam revelações importantes sobre Jeffrey Epstein, acusado de crimes sexuais e financeiros, incluindo abuso sexual de raparigas adolescentes e organização de uma rede de pedofilia e de tráfico sexual, e do qual está documentada a proximidade com Donald Trump.

O caso Epstein — que foi encerrado após a confirmação da sua morte, por suicídio, na prisão de segurança máxima de Manhattan, em Nova Iorque, em 10 de agosto de 2019 — tem estado no centro de uma nova polémica nos Estados Unidos, após o multimilionário Elon Musk, em rutura com Trump, ter levantado a suspeita, numa publicação na rede social X entretanto apagada, de que o líder da Casa Branca está implicado nos ficheiros em causa.

A indignação subiu de tom depois de o Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) e o FBI (Departamento Federal de Investigação) terem publicado um memorando, na semana passada, em que concluem que não há provas de que Epstein tenha mantido uma “lista de clientes” ou tenha sido assassinado. Além disso, divulgaram 10 horas de imagens de segurança da prisão que mostram que ninguém entrou na cela do milionário norte-americano no dia em que ele morreu por suicídio.

Jeffrey Epstein, acusado de crimes sexuais e financeiros, incluindo abuso sexual de raparigas adolescentes e organização de uma rede de pedofilia e de tráfico sexual, morreu na prisão em 2019.

Entre os devotos apoiantes do Presidente norte-americano que exigem a divulgação de mais informações sobre o caso está Marjorie Taylor Green. “É uma reversão total do que foi dito antes, e as pessoas simplesmente não estão dispostas a aceitar“, afirmou a deputada do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, conhecida por ser adepta de teorias da conspiração de extrema-direita, numa entrevista à NBC News.

Marjorie Taylor Green, que sempre foi uma das mais fervorosas apoiantes de Trump no Congresso, criticou duramente a decisão do DOJ de não divulgar mais informações sobre Epstein: “Não o aceito e acho que mais ninguém o deveria aceitar. Acho que é um murro no estômago quando as pessoas normais vão para a prisão a toda a hora, quando fazem asneiras e fazem algo de errado, e depois parece sempre que as elites ricas e poderosas escapam.

Nancy Mace, também membro do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, eleita pela Carolina do Sul, contou que tem sido bombardeada por eleitores furiosos que exigem mais transparência da Administração Trump sobre o caso. “É a única coisa de que ouvimos falar nas últimas 100 horas. Está em todas as plataformas de redes sociais, em todas as chamadas telefónicas para o escritório. Se se vê esse interesse num problema, é preciso dar resposta”, disse citada pelo The New York Times.

A congressista republicana defende a ideia de nomear um conselheiro especial para investigar se alguém destruiu provas e quem mais poderia estar envolvido no tráfico de meninas e mulheres jovens, apelando para que o Departamento de Justiça seja “mais transparente” nesta matéria.

O Republicano Mike Johnson, líder da Câmara dos Representantes e um fiel apoiante de Trump, também veio apelar à divulgação da informação sobre o caso Epstein.Lusa

O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, juntou-se aos pedidos para a divulgação dos documentos adicionais. “É um assunto muito delicado, mas devemos divulgar tudo e deixar que as pessoas decidam. Quer dizer, a Casa Branca e a equipa da Casa Branca têm conhecimento de factos que eu não conheço. Esta não é a minha área e não estive envolvido nisso. Mas concordo com o sentimento de que precisamos de divulgar os factos”, respondeu, quando questionado num podcast de direita se apoia que a associada de longa data de Epstein, Ghislaine Maxwell, testemunhe perante o Congresso e se quer que o DOJ divulgue tudo o que tem sobre Epstein.

Grande parte da ira, ainda assim, tem sido dirigida à procuradora-geral Pam Bondi, também leal a Trump e que foi acusada por influenciadores de extrema-direita de ser cúmplice de encobrir o caso Epstein. Neste contexto, depois de ter despedido vários funcionários do Departamento de Justiça que trabalharam com o procurador especial Jack Smith na investigação sobre a retenção de documentos confidenciais por Trump e os seus esforços para reverter os resultados das eleições de 2020, esta quinta-feira despediu Maurene Comey, a filha mais velha do ex-diretor do FBI James Comey — que já tinha sido demitido por Donald Trump durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, e está atualmente sob investigação juntamente com o ex-diretor da CIA, John Brennan — e a procuradora federal no caso de Ghislaine Maxwell, que conseguiu condenar a uma sentença de 20 anos de prisão em 2022.

Acho que é um murro no estômago quando as pessoas normais vão para a prisão a toda a hora, quando fazem asneiras e fazem algo de errado, e depois parece sempre que as elites ricas e poderosas escapam

Marjorie Taylor Greene

Deputada do Partido Republicano na Câmara dos Representantes dos EUA

No entanto, para os democratas, é Trump que não quer que os documentos se tornem públicos. “Definitivamente, esta não é uma razão para ela [Pam Bondi] se demitir, porque é claro que Donald Trump é quem está a dar o tom aqui”, disse o deputado democrata Jamie Raskin, membro da Câmara dos Representantes eleito por Maryland.

Trump cede à pressão para divulgar mais material

Para tentar amenizar a intensa pressão do seu contingente de apoiantes, o Presidente norte-americano anunciou que autorizava a procuradora-geral a divulgar publicamente “testemunhos pertinentes” relacionados com o acusado de tráfico sexual.

“Com base na quantidade ridícula de publicidade dada a Jeffrey Epstein, pedi à procuradora-geral Pam Bondi para produzir todo e qualquer testemunho pertinente do grande júri, sujeito à aprovação do tribunal“, escreveu Donald Trump numa publicação na Truth Social, na quinta-feira à noite. “Este esquema, perpetuado pelos democratas, deve acabar, agora mesmo!”, acrescentou.

Republicando a mensagem do líder da Casa Branca, Pam Bondi disse que faria esse pedido no tribunal federal na sexta-feira: “Presidente Trump — estamos prontos para pedir amanhã ao tribunal para revelar as transcrições do grande júri”.

O anúncio do Chefe de Estado norte-americano foi feito horas depois de o The Wall Street Journal ter publicado uma investigação sobre uma carta que Donald Trump terá enviado a Jeffrey Epstein em 2003, por ocasião do 50.º aniversário do milionário acusado de tráfico e abuso sexual de menores, para ser incluída num álbum que continha cartas de outros associados de Epstein e que estava a ser preparado por Ghislaine Maxwell.

Segundo o jornal, a carta contém várias linhas de texto datilografado, contidas dentro do contorno de uma mulher nua, desenhada alegadamente pelo atual Presidente dos EUA com um marcador. A assinatura do republicano surge rabiscada abaixo da cintura da mulher, “imitando pelos púbicos”. A carta conclui ainda com uma citação de Trump: “Feliz aniversário e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso”.

No mesmo artigo, o The Wall Street Journal afirma que entrevistou o líder da Casa Branca na terça-feira, tendo este negado ser o autor da carta e ameaçado processar o jornal caso publicasse a notícia.

As alegações de que Epstein tinha abusado sexualmente de raparigas tornaram-se públicas em 2006, sendo preso pela primeira vez nesse ano. Epstein morreu em 2019 na prisão, depois de ter sido detido uma segunda vez e acusado de conspiração de tráfico sexual.

Em junho do ano passado, Trump — cuja ligação a Epstein está bem documentada, existindo, inclusive, fotografias dos dois juntos em eventos sociais — foi questionado, numa entrevista à Fox News, se iria divulgar os ficheiros do caso se fosse eleito. O então candidato presidencial republicano respondeu inicialmente. “Sim, libertaria”. Porém, ao mesmo tempo, também expressou algumas reservas. “Não se quer afetar a vida das pessoas se houver lá coisas falsas, porque há muitas coisas falsas em todo o mundo. Mas acho que sim”, ressalvou.

Não é claro se o material recolhido pelo grande júri, um órgão de investigação nos EUA que ouve depoimentos de testemunhas e emite intimações, inclui informação que fará compreender melhor o caso Epstein, visto que não se trata de um registo completo da investigação — apenas o suficiente para obter uma acusação.

O Departamento de Justiça deverá pedir a divulgação de material adicional, que normalmente é mantido em segredo — mas não se sabe que argumentos usarão para convencer o juiz a divulgar documentos que foram retidos para proteção das vítimas e dos acusadores.

Já as notas do FBI e entrevistas conduzidas fora do processo do grande júri são ficheiros, por norma, muito mais volumosos, que, mesmo que não sejam relevantes para o processo criminal, podem melhorar a compreensão pública do caso.

Donald Trump, que nas últimas semanas tem-se ocupado sobretudo com a política externa, tem agora um espinho cravado na sua imagem doméstica, que está a provocar fortes críticas até de fervorosos apoiantes.

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Mariana Leitão quer combater Chega: O “novo socialismo à direita”

  • Lusa
  • 19 Julho 2025

A candidata única à liderança da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, prometeu um partido mais ideológico e até radical, combatendo o Chega como "um novo socialismo à direita".

A candidata única à liderança da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, prometeu este sábado um partido mais ideológico e até radical, combatendo o Chega como “um novo socialismo à direita”. Na sua primeira intervenção de apresentação da sua moção de estratégia global perante a X convenção nacional da IL, em Alcobaça, Leiria, Mariana Leitão, assumiu que o partido não tem atualmente condições de contribuir para uma solução de Governo e deve assumir-se, antes como “consciência liberal” do sistema político.

Hoje, o imobilismo começa a mudar de sinal. A direita do caos já começa a esconder-se atrás da responsabilidade para deixar tudo na mesma. Não tenhamos dúvidas: o Chega não é mais do que um novo socialismo à direita. Não defendem a nossa soberania enquanto indivíduos. Não defendem qualquer reforma para Portugal. São coletivistas, estatistas, e paternalistas“, defendeu.

Mariana Leitão dedicou uma fatia substancial do seu discurso a atacar o Chega, que acusou de precisar “tanto do Estado como os outros”, mas, “como a economia não cresce, querem os mesmos apoios, a mesma subsidio-dependência e o mesmo paternalismo, mas só para os seus”. “Nas políticas, pouco os distingue do desgoverno que nos trouxe até aqui. E é só uma questão de tempo até que todos o entendam“, afirmou.

Sobre o Governo PSD/CDS-PP, disse que “pensa que falar em reformas e inventar um ministério chega para agradar aos liberais”. “Aquilo que vos proponho hoje é uma Iniciativa Liberal revigorada: Este é, mais uma vez, o momento de afirmar as nossas ideias, sem concessões. E esperemos então para ver se este Governo terá a coragem para dar os passos necessários. E não cometerá erro algum sem o nosso aviso“, afirmou.

Com um novo ciclo, que começa nas eleições autárquicas, Mariana Leitão prometeu um novo impulso “dentro de casa”, com “uma Iniciativa Liberal mais coesa, mais ideológica, mais convicta”. “E para ser mais clara ainda: sejamos radicais – sim, radicais – naquilo que verdadeiramente importa”, defendeu, enfatizando a importância da responsabilidade e autonomia individuais.

Para Mariana Leitão, os liberais devem ser “radicais na certeza de que o Estado não é o pai de ninguém, nem o patrão de todos” e “radicais, acima de tudo, na defesa da liberdade de viver sem medo do Estado, sem medo da maioria, sem medo de qualquer moda de qualquer Governo”.

A candidata única à liderança dos liberais abordou as eleições autárquicas de 12 de outubro, sublinhando a sua importância, porque é “nas autarquias que se pode provar que uma gestão liberal faz a diferença” e afirmando os autarcas do partido como “agentes da mudança”.

“Em coligação ou sozinhos, os nossos princípios não se diluem. Pelo contrário: afirmam-se. Porque a exigência liberal nunca entra em silêncio – entra para mudar”, declarou.

Antes de Mariana Leitão, e também para apresentar a moção de estratégia global da candidata a líder, Mário Amorim Lopes, proposto para vice-presidente do partido na nova direção, fez a defesa do liberalismo em vigor na Argentina e do presidente daquele país, Javier Milei. “Milei é apenas o executor das nossas ideias, das ideias liberais, e que mostra que as nossas ideias têm sucesso”, defendeu, argumentando que “diminuem a pobreza” e “geram prosperidade”.

“Estas ideias têm em Portugal um rosto, a IL”, afirmou, considerando que só os liberais oferecem esperança, em alternativa ao “ressentimento e rancor”.

A Iniciativa Liberal realiza este sábado a sua X Convenção Nacional com 985 militantes inscritos que deverão eleger Mariana Leitão como próxima líder do partido, sucedendo a Rui Rocha, que ocupava o cargo desde 2023.

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Lusosider contrata DSTsolar para construir parque fotovoltaico

  • ECO
  • 19 Julho 2025

A Lusosider adjudicou à DSTsolar a construção de uma unidade fotovoltaica para autoconsumo de 10,2 megawatts (MW).

A Lusosider adjudicou à DSTsolar a construção de uma unidade fotovoltaica para autoconsumo de 10,2 megawatts (MW), num investimento de 8,5 milhões de euros, dos quais 45% comparticipados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O projeto irá satisfazer cerca de um terço do consumo anual de energia elétrica da unidade industrial no Seixal, evitando simultaneamente a emissão de mais de 2.400 toneladas de CO₂ [dióxido de carbono] por ano”, referiram as empresas, em comunicado.

O investimento, no valor de 8,5 milhões de euros, dos quais 45% comparticipados pelo PRR, “reflete o alinhamento do projeto com os objetivos da empresa, nacionais e europeus de transição energética e neutralidade carbónica”, salientam.

O parque fotovoltaico é constituído por 14.740 módulos solares, capaz de produzir anualmente 16,8 gigawatts-hora (GWh) de energia limpa, e representa um terço das necessidades elétricas da unidade industrial siderúrgica.

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Liberais reúnem-se para eleger Mariana Leitão

  • Lusa
  • 19 Julho 2025

A Iniciativa Liberal realiza a X Convenção Nacional com 985 militantes inscritos que deverão eleger Mariana Leitão como próxima líder do partido, sucedendo a Rui Rocha, que ocupava o cargo desde 2023.

A Iniciativa Liberal realiza este sábado a sua X Convenção Nacional com 985 militantes inscritos que deverão eleger Mariana Leitão como próxima líder do partido, sucedendo a Rui Rocha, que ocupava o cargo desde 2023. A convenção começou às 09h30, em Alcobaça (Leiria), com a ratificação do regimento da X Convenção, e deverá terminar por volta das 21:00, com um discurso da nova líder da IL.

Candidata única à liderança, Mariana Leitão deverá ser eleita como presidente da IL — o único cenário em que a atual líder parlamentar poderia falhar a eleição seria caso metade dos 985 militantes inscritos não marcassem presença no momento da votação, de acordo com o regimento da convenção.

Caso seja eleita, Mariana Leitão tornar-se-á na quinta líder do partido e na primeira mulher a ocupar o cargo, sucedendo a Rui Rocha, que se demitiu em 31 de maio, por considerar que o resultado da IL nas eleições legislativas tinha sido insuficiente.

Nessas legislativas, a IL obteve 5,36% e nove deputados, mais um do que nas eleições de 2024.

Na moção com que se apresentou a eleições, Mariana Leitão diz querer uma IL sem “medo de incomodar” e apela a um “reencontro com aquilo” que considera estado na génese do partido: “irreverência com propósito, liberdade com responsabilidade, frontalidade na mensagem, clareza nas ideias e coragem para liderar uma transformação“.

Na lista à Comissão Executiva que propõe, Mariana Leitão mantém 60% dos membros da anterior direção de Rui Rocha, com 15 dirigentes a permanecerem no órgão executivo e 10 a estrearem-se, entre os quais dois antigos apoiantes de Carla Castro, que disputou a liderança com Rui Rocha na convenção de 2023.

Além da votação para a nova liderança, os membros da IL vão também debater e votar 19 moções setoriais, que a oposição interna utilizou para deixar críticas à atual direção do partido, designadamente no que se refere à posição relativamente a temas como direitos sociais, minorias ou nacionalidade.

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Wall Street Journal vai “defender-se vigorosamente” de processo judicial de Trump

  • Lusa
  • 19 Julho 2025

O 'Journal' declarou que vai "defender-se vigorosamente" contra Trump, que processou o jornal por difamação após a publicação de um artigo que lhe atribui uma carta dirigida a Jeffrey Epstein.

O Wall Street Journal declarou que vai “defender-se vigorosamente” contra o Presidente norte-americano, que processou o jornal por difamação após a publicação de um artigo que atribui a Donald Trump uma carta dirigida a Jeffrey Epstein. “Temos total confiança no rigor e exatidão das nossas informações“, afirmou na sexta-feira, em comunicado, um porta-voz do grupo proprietário do Wall Street Journal (WSJ), referindo que vai “defender-se vigorosamente contra qualquer ação judicial”.

Trump processou na sexta-feira o WSJ, a News Corp, grupo que inclui o jornal, e o seu proprietário, Rupert Murdoch, por divulgar uma carta que o Presidente teria enviado ao falecido Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual e pederastia.

Na quinta-feira, o candidato republicano ameaçou levar aquela publicação a tribunal e, um dia mais tarde, deu seguimento à advertência, incluindo os dois redatores que escreveram o artigo, noticiaram os meios de comunicação social nacionais.

O WSJ noticiou na quinta-feira que, entre as cartas que Epstein recebeu no 50.º aniversário em 2003, havia uma com o nome de Trump e um desenho de uma mulher nua. A ilustração continha os seios e a palavra Donald na zona dos cabelos púbicos. A alegada carta do agora Presidente termina com a frase: “Feliz aniversário. Que cada dia seja mais um segredo maravilhoso“.

De acordo com o jornal, a antiga assistente de Epstein, Ghislaine Maxwell, que está a cumprir uma pena de 20 anos de prisão por ser cúmplice do magnata, recolheu cartas de Trump e de outros associados de Epstein para as incluir num álbum como presente.

O WSJ afirma que, numa entrevista com Trump na terça-feira, este negou ser o autor da missiva e ameaçou processar os meios de comunicação social se estes publicassem o artigo.

A publicação da carta coincide com a altura em que o escândalo Epstein voltou a público nos EUA, depois de o FBI e o Departamento de Justiça (DOJ) terem concluído, numa investigação, que o magnata não tinha uma “lista de clientes” das celebridades que chantageava.

O FBI e o DOJ também confirmaram a morte de Epstein por suicídio, desmentindo assim a teoria da conspiração de que teria sido assassinado para proteger os seus conhecidos, e anteciparam que não iriam divulgar mais nenhuma investigação sobre o caso.

Os adeptos do movimento Make America Great Again (MAGA) estão insatisfeitos com as conclusões destes inquéritos, uma vez que Trump, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, e o Diretor-Adjunto do FBI, Dan Bongino, prometeram revelar “a verdade” sobre o caso antes do início da atual administração dos EUA, em janeiro.

A pressão recebida levou o Presidente a autorizar Bondi a divulgar quaisquer ficheiros adicionais “credíveis” sobre o assunto, mas não sem antes criticar os seus apoiantes por, na sua opinião, se terão deixado “enganar” pelos democratas.

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SNS prevê para hoje cinco urgências encerradas

  • Lusa
  • 19 Julho 2025

Cinco urgências de ginecologia e obstetrícia e de pediatria vão estar hoje encerradas em Portugal continental, de acordo com as escalas publicadas no portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Cinco urgências de ginecologia e obstetrícia e de pediatria vão estar encerradas este sábado em Portugal continental, de acordo com as escalas publicadas no portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo os dados, consultados pela agência Lusa às 18:15 de sexta-feira, está previsto o encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia dos hospitais Garcia de Orta, Vila Franca de Xira (Lisboa), Santo André (Leiria) e Infante Dom Pedro (Aveiro).

O hospital de Vila Franca de Xira regista ainda o encerramento do serviço de urgência pediátrica, situação que se repete no domingo.

Na sexta-feira, estiveram encerradas quatro urgências de ginecologia e obstetrícia: Aveiro, Santarém, Barreiro e Almada, estas últimas no distrito de Setúbal.

A urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Francisco Xavier (Lisboa) está referenciada desde as 00:00 de hoje até à meia-noite, bem como a do Hospital de Braga e do Hospital São Bernardo (Setúbal), das 00:00 às 09:00.

Também a urgência pediátrica dos hospitais Amadora-Sintra, das 00:00 às 08:00 e das 20:00 à meia-noite, e Beatriz Ângelo (Loures), das 00:00 à meia-noite, encontra-se referenciada.

As urgências referenciadas dizem respeito a casos encaminhados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ou pela linha SNS 24.

As autoridades de saúde apelam à população para que, antes de se deslocar a uma urgência, contactar a Linha SNS24 (808 24 24 24) para receber orientação adequada.

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AMA esclarece política de contratos e concursos

  • ECO
  • 19 Julho 2025

Sofia Mota, presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), escreve um artigo em resposta às notícias do ECO publicadas nos dias 5 e 8 de julho, respetivamente.

O jornal ECO publicou dois artigos que colocam em causa o bom nome da AMA e dos seus trabalhadores, intitulados, respetivamente: “AMA, ‘um Centro de Emprego’ e Contratos da Glintt”, peça assinada pelos jornalistas Mariana Bandeira e António Costa – no dia 5 de julho; “Contratos da Glintt com AMA disparam com Gestora da Agência”, de 8 de julho, assinado pelo jornalista António Costa.

Nas referidas publicações, foram apresentadas informações incorretas e lesivas do bom nome desta Instituição, nomeadamente sobre os eventuais conflitos de interesses de membros do Conselho Diretivo da AMA e de alguns trabalhadores com a empresa Glintt, bem como o alegado favorecimento em procedimentos da contratação pública. Foi igualmente apresentado um enquadramento legal incorreto relativamente a prestação de serviços efetuada pelo Professor Doutor André Vasconcelos, acompanhado de interpretações especulativas que em nada correspondem a realidade. Assim, e ao abrigo do disposto no artigo 24.º e seguintes da Lei n.º 2/99, de 13 de janeiro, na sua redação atual, importa esclarecer o seguinte:

1. Através do seu Gabinete de Comunicação, a AMA foi contactada no dia 1 de julho pela jornalista Mariana Bandeira, que solicitou esclarecimentos sobre uma eventual queixa apresentada na PGR/PJ, relacionada com o trabalho desempenhado pelo Professor Universitário André Vasconcelos, enquanto consultor externo da AMA.

2. Entre as questões colocadas, foram abordadas as funções desempenhadas pelo Professor Doutor André Vasconcelos enquanto perito ou membro de júris de procedimentos da contratação pública, a sua participação em júris de recrutamento e o ponto de situação de um concurso público com publicidade internacional.

3. Inclusivamente, no dia 3 de julho, o Gabinete de Comunicação da AMA foi contactado telefonicamente pela jornalista Mariana Bandeira, a propósito do ponto de situação do procedimento aquisitivo por concurso público. Foi então frisado que, após a conclusão do procedimento, o contrato seria publicitado no portal BASEgov.PT, sendo igualmente informado, que as peças processuais estavam disponíveis para consulta pelos interessados devidamente registados na plataforma eletrónica Acingov.

4. No mesmo dia foi remetida a resposta elaborada pela AMA, respondendo, integralmente e sem reservas a todas as questões colocadas pela jornalista.

5. Ademais, houve a preocupação de proceder a todo o enquadramento legal, quer nos termos do Código dos Contratos Públicos (CCP), quer no âmbito do Estatuto do Pessoal Dirigente dos Serviços e Organismos da Administração Pública.

6. Relativamente ao segundo artigo, a AMA não foi contactada previamente, sendo certo que o mesmo contém afirmações falsas e infundadas que importa clarificar, com o necessário enquadramento jurídico e factual.

7. Assim, relativamente ao primeiro artigo, “AMA, ‘um Centro de Emprego’ e Contratos da Glintt”, peça assinada pelos jornalistas Mariana Bandeira e António Costa, no dia 5 de julho, importa proceder ao respetivo enquadramento legal da AMA.

8. A AMA é um instituto público de regime especial integrado na administração indireta do Estado, sendo equiparada a Entidade Pública Empresarial (E.P.E), para efeitos de desenvolvimento das redes de Lojas de Cidadão e operação de serviços de tecnologias de informação e comunicação, atento o artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 43/2012, de 12 de fevereiro, na sua redação atual.

9. Face a esta especificidade, os recursos humanos da AMA são compostos por funcionários públicos providos com um contrato em funções públicas, nos termos da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, mas também por outros trabalhadores ao abrigo de um contrato individual de trabalho e outros instrumentos legais nos termos do Código de Trabalho.

10. Consequentemente, face à sua natureza empresarial em determinadas matérias, a AMA tem recorrido à contratação de recursos humanos provenientes do setor privado, mas assegurando o cumprimento, integralmente e sem reservas, do estipulado no CCP e demais legislação vigente quando esses trabalhadores lidam com o regime do CCP.

11. A AMA exige, de forma rigorosa, declarações de inexistência de conflitos de interesse a todos os trabalhadores da AMA que intervêm nos procedimentos de contratação pública, assegurando plena conformidade legal.

12. Perante todo este enquadramento, e incorreto, abusivo e calunioso insinuar que o simples facto de algum membro do Conselho Diretivo ou outro trabalhador da AMA ter desempenhado funções, há vários anos, num determinado operador económico (neste caso, a Glintt), configure um conflito de interesses ou implique automaticamente a influência na decisão de adjudicação de contratos públicos.

13. Para além disso, a peça jornalística revela total desconhecimento dos princípios básicos de contratação pública, nomeadamente no que respeita à escolha dos diferentes operadores económicos.

14. Efetivamente, a mera apresentação de um produto ou serviço não implica que a AMA irá adquirir o mesmo. De resto, a AMA é contactada frequentemente por múltiplos operadores económicos para apresentar os seus produtos, tal como sucede com outras entidades da Administração Pública.

15. Na verdade, antes do lançamento de qualquer procedimento de contratação pública, é obrigatória a realização de uma pesquisa preliminar ao mercado, ao abrigo do artigo 35-A do CCP, no qual todas as comunicações trocadas com os diferentes operadores económicos vão constar em anexo ao caderno do procedimento aquisitivo a ser lançado, em conformidade com as recomendações do Tribunal de Contas.

16. Por outro lado, em diversos procedimentos da contratação pública mais formais (designadamente procedimento por concurso público) qualquer interessado ou concorrente dispõe de diversos mecanismos de participação e controlo, como pedidos de esclarecimento, identificação de erros e omissões, apresentação de observações durante a audiência dos interessados, bem como a possibilidade de interposição de recursos administrativos ou ações em sede de contencioso. Acresce ainda, em determinados casos e em função do valor do contrato, a sujeição a fiscalização prévia pelo Tribunal de Contas.

17. Relativamente, à situação laboral do Professor Doutor André Vasconcelos, docente com nomeação definitiva no Instituto Superior Técnico, e à sua eventual influência nos procedimentos aquisitivos da AMA, a peça jornalística
volta a incorrer em informações incorretas ao insinuar que o mesmo atua “(…) em matérias de contratação pública, lançamento de concursos e gestão (na sombra) de equipas internas e externas, o que constitui uma irregularidade»”.

18. Acresce que este tipo de afirmação colide com os esclarecimentos já prestados (incluindo o respetivo enquadramento legal) à jornalista Mariana Bandeira, os quais não foram mencionados no artigo.

19. Deste modo, e para repor a verdade dos factos, importa referir que o Professor Doutor André Vasconcelos não lidera equipas internas ou externas da AMA, responde exclusivamente ao Conselho Diretivo, e a sua intervenção em
procedimentos aquisitivos ao abrigo do CCP, limita-se à atuação como perito, sem direito de voto nas deliberações do júri, nos termos do artigo 67.º do CCP.

20. Aliás, o desconhecimento demonstrado sobre contratação publica fica evidente, ao confundir-se a função de júri em procedimentos de contratação pública ao abrigo do CCP, com a figura do jurado que integra o tribunal de júri em processos penais.

21. Além disso, desde o início do atual contrato de prestação de serviços, o Professor André Vasconcelos não foi, nem nunca será, nomeado gestor de qualquer contrato executado pela AMA, nos termos do artigo 290.º-A do CCP.
De resto, as funções de membros de júri e de gestor de contrato, ao abrigo do CCP, apenas podem ser desempenhadas por funcionários ou membros do Conselho Diretivo da AMA.

22. Ademais, qualquer individuo que tenha intervenção direta na elaboração das peças de qualquer procedimento da contratação publica, terá de assinar a respetiva declaração de registo de interesse, com o consequente escrutínio interno e externo.

23. No que diz respeito a procedimentos de recrutamento para dirigentes intermédios de 1.º e 2.º grau (Diretor de Serviços e Chefe de Divisão), foi devidamente esclarecido que, nos termos do artigo 21.º da Lei 2/2004, de 15 de janeiro, na sua redação atual, é obrigatória a integração de docentes universitários nos respetivos júris. A AMA tem, por isso, designado diferentes docentes para esse efeito, sendo certo que esta colaboração não é remunerada.

24. Quanto à representação em eventos públicos, urge referir que já foram nomeados outros docentes universitários/peritos para representar a AMA em eventos internacionais, sempre que tal se revele fundamental para a melhor representação desta Instituição.

25. Finalmente, ao contrário do sugerido na hiperligação do primeiro artigo, o contrato de prestação de serviços não viola qualquer disposição da Lei Geral de Trabalho em Funções Publicas. O Professor Doutor André Vasconcelos é Professor Auxiliar do Instituto Superior Técnico, com nomeação definitiva, pelo que a sua prestação de serviço jamais será convertida em contrato de trabalho com a AMA.

26. No que diz respeito ao artigo intitulado: “Contratos da Glintt com AMA disparam com Gestora da Agência”, publicado a 8 de julho e assinado pelo jornalista António Costa, para além da repetição de erros factuais e jurídicos, volta a apresentar a mesma alegação infundada de existência de nexo de causalidade entre o suposto desempenho de funções naquela consultora e a adjudicação de contratos públicos.

27. Por outro lado, ao contrário do alegado na peça jornalística, no qual é enfatizado que «(…) Sofia Mota contornou esta obrigação legal com um mecanismo expedito que é cada vez mais usado. O Conselho Diretivo da
AMA entrou em funções em maio de 2024 com o recurso ao chamado ‘regime de substituição», em termos legais urge clarificar o regime de escolha dos dirigentes superiores da Administração Pública.

28. Importa clarificar que Sofia Mota não se autonomeou Presidente da AMA, tendo sido nomeada, tal como os restantes membros do Conselho Diretivo, Mónica Letra e João Fernandes, por despacho n.º 6424/2024, da Senhora
Ministra da Juventude e da Modernização, de 20 de maio, publicado no Diário da República n.º 110, 2.º série de 7 de junho.

29. Inclusivamente, tal como consta do artigo 6.º da orgânica da AMA, aprovada pelo Decreto-lei n.º 43/2012, de 23 de fevereiro, na sua atual redação, a Presidente da AMA não detém competência legal para propor a nomeação de
vogais do Conselho Diretivo ao decisor político.

30. Além disso, todos os atuais membros do atual CD já submeteram as suas candidaturas à CRESAP, estando o processo já concluído, encontrando-se na fase de envio à tutela para nomeação.

31. Aliás, a peça jornalística também omite que o anterior Conselho Diretivo da AMA foi inicialmente também nomeado em regime de substituição, com efeitos a 1 de setembro de 2022, através do despacho 10607/2022, de 1 de setembro, publicado no DR n.º 169/2022, Série II de 22 de setembro. Apenas após a tramitação regular do procedimento da CRESAP, os membros foram designados em comissão de serviço pelo Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa.

32. Relativamente a Rita Rei, a peça jornalística incorre novamente em erros factuais, uma vez que a sua nomeação como dirigente foi deliberada pelo Conselho Diretivo (que é um órgão deliberativo) e não pela Presidente da AMA.

33. Ademais, Rita Rei foi nomeada para um cargo dirigente que já desempenhou anteriormente na AMA, sendo de salientar que se trata de uma funcionária dos quadros da AMA desde 2011 e que já desempenhou inúmeros cargos
dirigentes nesta instituição, conforme consta no respetivo currículo e no Despacho n.º 5731/2024, publicado no Diário da República II Série, de 22 de maio de 2024

34. Finalmente, a peça jornalística termina com mais uma contradição relativamente ao primeiro artigo, ao referir que André Vasconcelos “(…) já tinha sido quadro da AMA entre agosto de 2011 e maio de 2022”. Reitera-se o óbvio: o Professor André Vasconcelos é Professor Auxiliar no Instituto Superior Técnico, com nomeação definitiva, e nunca foi quadro da AMA, mas sim prestador de serviços.

Pela AMA,
Sofia Mota, presidente da Agência para a Modernização o Administrativa

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📹Alojamentos europeus estão otimistas para o verão?

Conheça a percentagem de alojamentos europeus que traçam um panorama positivo para a época alta e quais são os países mais otimistas e mais reticentes.

Os alojamentos europeus antecipam um bom desempenho nos próximos seis meses e preveem a contratação de mais recursos humanos. Conheça quais os países mais e menos otimistas.

O Barómetro Europeu de Alojamento, elaborado pela Booking, mostra ainda quais as maiores barreiras à contratação e quais as áreas que mais podem beneficiar com a Inteligência Artificial.

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Seis desafios do próximo governador do Banco de Portugal

Com o sistema financeiro normalizado, o mandato do sucessor de Mário Centeno poderá ser o mais tranquilo desde a crise financeira. Mas o próximo governador terá desafios pela frente.

O mandato do próximo governador do Banco de Portugal poderá ser o mais tranquilo desde a crise do subprime, em 2008. Ainda assim, não se espera uma vida fácil para o sucessor de Mário Centeno — que tomou posse há cinco anos, termina formalmente este sábado o seu mandato, e está agora de saída. Ainda não se sabe qual será a escolha do primeiro-ministro, sabe-se que Ricardo Reis e Vítor Gaspar declinaram os convites, mas é possível identificar o que aí vem. Dos riscos da baixa inflação à guerra comercial, estes são os principais trabalhos que o novo líder do supervisor financeiro terá pela frente.

Baixa inflação volta a ameaçar

Após a escalada dos preços nos últimos anos, a Zona Euro está novamente sob a ameaça da baixa inflação que pairou sob a região na década passada. E o discurso no seio do Banco Central Europeu (BCE), onde o governador do Banco de Portugal tem assento, já está a mudar.

O próprio Mário Centeno já deixou os avisos. “Se o crescimento económico for fraco nos próximos dois trimestres, se o investimento não aumentar e se a inflação se mantiver próxima de 1%, teremos de fazer alguma coisa”, disse o governador português, sinalizando que o banco central poderá acelerar o ritmo de cortes nas taxas de juro se a economia não mostrar sinais de recuperação.

Centeno não está sozinho. Olli Rehn, governador do Banco Central da Finlândia e colega do português no conselho do BCE, também advertiu para o risco de a “inflação ficar abaixo da meta por um período prolongado”.

A inflação na Zona Euro fixou-se nos 2% em junho, segundo dados do Eurostat publicados esta quinta-feira. O BCE está a projetar uma redução para 1,6% em 2026, antes de regressar aos 2% em 2027. Ainda assim, a inflação subjacente — a que o banco central tem particularmente em conta — deverá permanecer abaixo dos 2% nos próximos dois anos. E a economia da região, embora acelerando ligeiramente, não irá além de taxas de crescimento de 1,1% e 1,3% em 2026 e 2027.

Riscos financeiros aumentaram com guerras, incluindo comercial

Uma guerra às portas da Europa com a agressão russa à Ucrânia sem fim à vista. Forte instabilidade no Médio Oriente com os ataques de Israel na Faixa de Gaza e a relação tensa com o Irão. Trump a ameaçar constantemente os seus parceiros comerciais com tarifas que poderão colocar um travão na economia global.

Este ‘cocktail’ levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a considerar que os riscos para a estabilidade financeira “aumentaram significativamente” nos últimos meses. Para o Fundo, o clima de enorme incerteza geopolítica está a provocar uma forte volatilidade nos mercados financeiros — como se observou em abril, quando o Presidente dos EUA anunciou as tarifas recíprocas — e o risco de correção dos preços dos ativos pode deixar as instituições financeiras sob enorme stress.

Neste quadro, o FMI recomendou um reforço da vigilância da parte das autoridades, incluindo com responsabilidade de supervisão prudencial, para mitigar os riscos.

Quando é que o Banco de Portugal volta aos lucros?

A política monetária do BCE teve impacto nas contas do Banco de Portugal (e dos outros bancos centrais) nos últimos anos. Em 2023 e 2024, a instituição registou prejuízos operacionais de mais de 2 mil milhões de euros, obrigando a utilizar as reservas para evitar resultados líquidos negativos. O banco ainda conta com uma almofada financeira de 1,7 mil milhões de euros, que deverão ser suficientes para cobrir perdas no futuro.

Centeno já avisou o Governo para não esperar dividendos tão cedo — como aconteceu no passado. Em 2025 os resultados ainda vão continuar sob pressão, mas deverão regressar a terreno positivo em 2026. O Banco de Portugal vai querer repor a sua reserva que antes dos prejuízos estava nos 3,9 mil milhões.

Juros baixos começam a tirar lucros à banca

Depois de um período de resultados elevados, por conta da subida das taxas de juro, a inversão da política monetária do BCE iniciada no verão passado já está a condicionar os lucros dos bancos. E a expectativa é a de que nos próximos anos a rentabilidade das instituições financeiras continue em queda perante a contração da margem financeira.

O Banco de Portugal já avisou os banqueiros que devem ser inteligentes na forma como vão investir os resultados obtidos nos tempos de bonança. Pediu ainda aos bancos para reforçarem as suas almofadas financeiras para fazerem face a eventuais dificuldades no futuro.

O setor está a contar com o ajustamento realizado nos últimos anos para manter os custos controlados e esperam que o aumento da procura de crédito ajude mitigar o impacto da redução dos juros na margem financeira.

Consolidação na banca portuguesa ainda não acabou

O Abanca comprou o Eurobic a Isabel dos Santos e outros acionistas angolanos. O Novobanco foi finalmente vendido pela Lone Star aos franceses do Groupe BPCE. O setor financeiro entrou definitivamente numa nova era de normalização, depois da última década trágica, mas o processo de consolidação na banca não terminou. Há várias mudanças em perspetiva nas instituições mais pequenas.

O Banco de Portugal ainda tem de decidir se os chineses do VCredit podem comprar o Banco Português de Gestão (BPG), num negócio avaliado em cerca de 30 milhões de euros. Ou se a fintech francesa Rauva pode adquirir a licença bancária do BEM ao Banco Montepio.

Outros bancos também estão à procura de novos donos, como o Banco Carregosa e o BNI Europa. E não se sabe se o movimento de consolidação na Europa — que o BCE deseja — poderá voltar a Portugal.

Como ficam os criptoativos?

A entrada em vigor do MiCA deixou o setor dos criptoativos ‘órfão’ de uma autoridade em Portugal para autorizar novos operadores. Desde o início do ano, o Banco de Portugal deixou de estar habilitado a receber e apreciar pedidos para o exercício de atividade por falta de um diploma nacional de execução do novo regulamento europeu.

Esse diploma está nas mãos do Ministério das Finanças e está pronto a ir a Conselho de Ministros. Não se perspetivam mudanças no que toca à autoridade responsável pelas licenças aos chamados VASPs (prestador de serviços de ativos virtuais). Ao que tudo indica, o Banco de Portugal deverá manter essa função.

Falta ainda atribuir as responsabilidades de supervisão. Quem fica com a supervisão prudencial? E comportamental? Também aqui não deverá haver surpresas, prevendo-se que se mantenha a atual lógica da supervisão financeira.

Certo é que as regras europeias tardam em chegar a um mercado que está a ter um forte impulso do outro lado do Atlântico.

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