“Economia pode e deve ajudar a salvar a floresta portuguesa”

  • ECO
  • 8 Outubro 2024

Secretário de Estado das Florestas reforçou o compromisso do Governo em criar mecanismos que recompensem a gestão dos terrenos. Valor económico da floresta supera os 2,2 mil milhões de euros.

Desde o início do ano, já arderam em Portugal perto de 150 mil hectares, o terceiro pior valor da última década e o pior desde os grandes incêndios de 2017. “Precisamos de um pacto de regime não só entre partidos, mas com toda a sociedade. Acho que nos últimos 20 anos não aprendemos nada”, criticou António Luís Marques, diretor da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), durante a conferência “A Economia pode salvar a floresta?”. No evento – com organização do ECO e apoio do CCB, da Central de Biomassa do Fundão e da Toscca – juntaram-se empresários, investigadores e decisores públicos para refletir sobre o problema crónico do país com os fogos florestais.

António Luís Marques, diretor da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP)Hugo Amaral/ECO

Para o responsável da CAP, um dos grandes obstáculos à valorização económica da floresta “é a falta de atitude” na sua gestão, que em grande medida se deve ao “receio castrador” de falar “em economia, em privados, em investimento privado”. “A floresta pode salvar a economia”, sublinha. Mas para que isso seja possível, há problemas que é preciso superar e um deles é a dispersão da propriedade dos terrenos, que dificulta a gestão e torna, muitas vezes, a limpeza inviável.

Henrique Pereira dos Santos, arquiteto paisagista, que também participou no painel “Floresta e Economia: oportunidades de crescimento”, acrescenta o que considera ser “um problema de competitividade”. “O setor florestal não vale um caracol em Portugal”, aponta, distinguindo entre o que é o valor gerado pela produção florestal e a atividade industrial, onde realmente se gera valor. Porém, na opinião de Pereira dos Santos, é preciso criar mecanismos que recompensem aqueles que fazem gestão ativa da floresta e, com isso, assegurar que a mancha verde nacional se torna mais resiliente aos fogos.

Henrique Pereira dos Santos, arquiteto paisagistaHugo Amaral/ECO

Para Manuel Pitrez de Barros, diretor-geral da Centrais de Biomassa do Norte (CBN), é fundamental que haja “mais centrais de biomassa” em Portugal, a começar pelas áreas com maior risco de incêndio já “mapeadas pelo Governo”. “Após os grandes incêndios de 2017, deveriam ter sido lançados 61 MW de centrais de biomassa, mas ainda nenhuma foi adjudicada”, acrescenta. Sobre a importância da reflorestação, Pitrez de Barros lembra ainda que “uma árvore quando está a crescer consome sete vezes mais carbono do que uma árvore adulta”.

Manuel Pitrez de Barros, diretor-geral da Centrais de Biomassa do Norte (CBN)Hugo Amaral/ECO

A opinião de Pedro Pinhão, fundador da Toscca, vai no sentido de pagar aos proprietários os serviços de ecossistema, em particular a fixação de carbono, que deve ser paga “direta ou indiretamente por todos nós”. “O valor económico para a madeira está lá, mas num futuro próximo diria que a sequestração do carbono tem de ser algo pago”, insiste.

Conferência "A Economia pode salvar a floresta?" - 08OUT24
Pedro Pinhão, fundador da TosccaHugo Amaral/ECO

 

Floresta vale 2,24 mil milhões

O diretor do ECO, António Costa, assinalou esta manhã que “às vezes parece que temos vergonha de discutir o valor económico da floresta” e defendeu a necessidade de promover uma “discussão ativa e com tempo” sobre o tema. Alinhada com estas palavras esteve Lívia Madureira, professora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que apresentou os resultados do estudo ECOFOR – Valorização Económica dos Bens e Serviços dos Ecossistemas Florestais em Portugal. A investigadora lamentou que “o económico seja diabolizado” e reiterou a importância de permitir que “proprietários e agentes económicos possam capturar valor” a partir da floresta.

Na pesquisa do ECOFOR, os autores concluíram que o valor económico da floresta fosse de cerca de 2,24 mil milhões, com exceção do ano de 2017 em que se registou uma quebra acentuada na sequência dos grandes incêndios. Este valor inclui não apenas a madeira, mas também o sequestro de carbono, proteção dos recursos hídricos e dos solos ou até mesmo as atividades de recreio. Lívia Madureira sugere uma aposta na inovação em modelos de negócio, bem como uma melhor remuneração dos gestores deste património natural.

Navigator defende redirecionamento do Fundo Ambiental

Nuno Neto, diretor de Património e Produção Florestal da Navigator, revelou durante a conferência do ECO que a empresa registou incêndios em quase 2% da sua área florestal, acima da média habitual de 1,5%. Apesar do aumento, a multinacional consegue evitar perdas maiores não apenas pela gestão da floresta e investimento em prevenção, como também através do projeto de defesa que tem em parceria com a Altri. Trata-se de uma equipa com meios de combate a incêndios responsável por cerca de 200 mil hectares e que custa, em média, três milhões de euros por ano. “Em prevenção, gastamos seguramente mais do dobro disso entre as duas empresas. Algures entre 7 e 10 milhões por ano”, explicou.

Conferência "A Economia pode salvar a floresta?" - 08OUT24
Nuno Neto, diretor de Património e Produção Florestal da NavigatorHugo Amaral/ECO

O gestor diz ainda que “temos um investimento florestal gigantesco todos os anos em Portugal”, mas em “aviões, bombeiros e reconstrução de casas” que podia ser utilizado para os esforços de prevenção. “Alocar recursos no inverno vai fazer com que parte desses recursos não sejam necessários em época de incêndios”, acrescenta. O Fundo Ambiental, defende, deve ser mais redirecionado para a gestão dos combustíveis que alimentam os fogos.

No último painel da conferência, dedicado ao tema “Valor Económico da Floresta”, o diretor-geral da Biond lamentou que o eucalipto continue a ser visto como uma “espécie invasora” quando é, na verdade, aquela que mais potencial de rendimento apresenta aos investidores. “Essa é uma das espécies que mais atrai os investidores, que tem maior rendibilidade e que é das mais resistentes aos incêndios quando é bem gerida”, continuou Gonçalo Almeida Simões, lembrando ainda que o que mais arde no país, “na ordem dos 45%, são matos”.

Nuno Calado, diretor de sustentabilidade e floresta na Sonae Arauco, revelou que a empresa que representa tem dois perfis de gestão de propriedades: de minifúndio, com até quatro hectares, e das grandes áreas, com 500 ou 1.000 hectares. “O setor florestal é essencial para cumprir essa promessa [da neutralidade carbónica até 2045]. Isto não significa que não se corte madeira, significa que não pode arder floresta”, apontou.

No caso da Biond, a empresa promove programas operacionais em parceria com associações de produtores florestais com vista à gestão de combustível, mas também reflorestação. “Já investimos cerca de 19 milhões de euros nestes programas em 90 mil hectares”, diz Gonçalo Almeida Simões, acrescentando que estas iniciativas já impactaram “cerca de 10 mil proprietários”.

90 dias para conhecer plano de ação

A conferência contou ainda com a presença do secretário de Estado das Florestas Rui Ladeira, que reforçou o compromisso assumido pelo Governo no final de setembro para a apresentação, em 90 dias, do Plano de Intervenção para a Floresta 2025. “Este trabalho pretende que a nossa floresta seja mais rentável, melhor gerida e mais resiliente aos incêndios”, disse.

Conferência "A Economia pode salvar a floresta?" - 08OUT24
Rui Ladeira, Secretário de Estado das FlorestasHugo Amaral/ECO

Para que isso seja possível, o executivo quer “aumentar o rendimento de todos os agentes do setor” e, com recurso a todo “o conhecimento existente no país”, assegurar a “proteção dos ecossistemas”. “A economia pode e deve ajudar a salvar a floresta”, reiterou.

Pode assistir ao vídeo aqui:

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ECI tem 15 mil euros para a melhor inovação de retalho na Web Summit

As candidaturas ao Retail Challenge serão apresentadas no stand El Corte Inglés na Web Summit 2024, a decorrer em novembro, em Lisboa.

El Corte Inglés está à procura de ideias inovadoras para transformar o setor de retalho. As candidaturas para o Retail Challenge decorrem até 20 de outubro. As seis melhores ideias serão apresentadas no stand na cadeia da Web Summit, que decorre de 11 a 14 de novembro, em Lisboa. A melhor ideia ganha um prémio de 15 mil euros.

A cadeia de retalho espanhola, com dois grandes armazéns em Lisboa e Porto, está à procura de “ideias para compras com novas tecnologias, experiências de cliente diferenciadas e processos mais eficientes”, tendo para isso lançado o Retail Challenge.

As candidaturas para o concurso decorrem até 20 de outubro, com as seis melhores a terem oportunidade de apresentar o seu projeto durante um pitch a realizar-se no stand da cadeia durante a cimeira tecnológica. “A melhor ideia, de acordo com a votação do júri, recebe um prémio de 15 mil euros.”

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“Enorme pressão imobiliária” leva Leya a fechar livrarias no Porto, Aveiro e Viseu

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

Diretor-geral de edições no grupo Leya justificou o fecho destas livrarias com a “enorme pressão imobiliária”, que “não deixou grande margem” ao grupo editorial outra alternativa.

A Leya vai fechar as suas livrarias no Porto, em Aveiro e Viseu até janeiro do próximo ano, porque as novas propostas de arrendamento não lhe permitem manter um negócio que nem sequer é o centro da sua atividade.

A explicação foi dada à agência Lusa pelo diretor-geral de edições no grupo Leya, e presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, que justificou o fecho destas livrarias com a “enorme pressão imobiliária”, que “não deixou grande margem” ao grupo editorial para outra alternativa que não a de sair desse negócio.

“As três fecham, porque nas três seria preciso, basicamente, fazer um novo contrato de arrendamento e as condições que estavam a ser colocadas em cima da mesa não eram as mais favoráveis para o negócio do livro, ainda mais – e esta segunda parte é muito importante -, quando isso não é o negócio principal da Leya”, afirmou. A Leya é um editor que há anos, quando adquiriu a Oficina do Livro, adquiriu parte do retalho, lembrou.

A Oficina do Livro, antes de entrar na Leya, tinha livrarias, nós herdámos isso, depois também numa parceria com a Coimbra [Editora], em tempos idos, acabámos por ter ali mais uma ou duas unidades, nomeadamente a Buchholz [em Lisboa] que se mantém e, essa sim, com bastante vigor dentro da Leya”.

Segundo o responsável, mais do que uma livraria, a Buchholz é “uma sala de estar”, um local onde a Leya tem possibilidade de ter os seus autores, de fazer apresentações, clubes de leitura e uma série de outras ações que necessitam de um espaço como a livraria. “Tudo o resto, não sendo propriamente da área de edição e tendo um bocadinho aqui esta pressão dos custos mais altos imobiliários, decidimos que era altura de sair do negócio, que claramente não é o nosso”, acrescentou.

No caso da livraria de Ponta Delgada, não é exclusivamente da Leya, mas sim uma parceria, razão por que se vai manter em funcionamento. Quanto à do Funchal, vai continuar “como aquilo que já era, um ponto de apoio ao professor, essencialmente um ponto de apoio àquilo que é nossa divisão escolar”, esclareceu, recordando que já há muito que não é uma livraria de edições gerais.

Portanto, aproveitámos aqui agora esta altura, em que havia contratos para renovar com propostas que nos foram colocadas, que claramente não nos permitiam continuar o negócio que, não sendo o centro, tivemos, obviamente, de deixar”, reforçou, adiantando que os atuais contratos com as três livrarias da Leya totalmente dedicadas ao retalho do livro cessam entre final de dezembro (a do Porto e a de Aveiro) e janeiro (a de Viseu).

As livrarias em causa são a Latina, no Porto, a Pretexto, em Viseu, e a livraria do Centro Comercial Glicínias, em Aveiro. Em Lisboa, a única livraria do grupo editorial é a Buchholz.

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Benefícios fiscais atribuídos em 2023 sobem 9% para 3.139 milhões de euros

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

O valor total dos benefícios atribuídos em 2023 ascendeu a 3.139,2 milhões de euros, sendo este o terceiro ano consecutivo de subida. IRC concentra mais de metade do montante total.

O valor de benefícios fiscais atribuídos em 2023 ascendeu a 3.139 milhões de euros, subindo 9% face ao ano anterior, tendo chegado a quase 86 mil empresas e entidades, segundo as estatísticas da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

Em causa estão benefícios atribuídos através de vários impostos, nomeadamente IRC, ISV, IUC, IVA, IMI, ISP, Imposto do Selo e Impostos Especiais sobre o Consumo (IEC) através de isenções temporárias ou definitivas, taxas preferenciais e reduções de taxas, deduções ao rendimento e à coleta e ainda exclusões de tributação autónoma.

O valor total dos benefícios atribuídos em 2023, segundo indicam os dados estatísticos agora divulgados pela AT, ascendeu a 3.139,2 milhões de euros, sendo este o terceiro ano consecutivo de subida, após a queda verificada em 2020 (o primeiro ano da pandemia de covid-19 e de confinamento geral). Ainda assim, não foram superados os 3,2 mil milhões de euros contabilizados em 2019.

À semelhança do padrão observado em anos anteriores, o IRC concentra mais de metade do montante total de benefícios fiscais, ascendendo a 1.807 milhões de euros (superando os 1.637,9 mil milhões de 2022), com as deduções à coleta a responderem por 956 milhões de euros. Neste âmbito das deduções à coleta, os benefícios atribuídos por via do SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e ao Desenvolvimento Empresarial) ascenderam a 656,9 milhões de euros.

Ainda no IRC os benefícios com maior utilização, em termos de valor, são, além do SIFIDE, o Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), com 226 milhões de euros, e o Regime Fiscal de Incentivo à Capitalização das Empresas, com 179 milhões de euros. Em termos agregados, os benefícios concedidos em sede de dos IEC totalizaram 269,4 milhões de euros, enquanto os do ISV ascenderam a 348,6 milhões de euros, os do IUC a 9,6 milhões de euros e os do IVA a 124 milhões de euros.

No âmbito dos impostos sobre o património, o valor totalizou os 50,9 milhões de euros no IMI, para o qual contribuíram as isenções definitivas que são atribuídas a diversas instituições ou programas de incentivo ao arrendamento, entre outros. Já a despesa com benefícios em sede de IMT ascendeu a 246 milhões de euros, dos quais 95,6 milhões de euros em isenções a sociedades que adquirem imóveis para revenda.

A lista contempla ainda 288,8 milhões de euros de benefícios fiscais em sede de Imposto do Selo, nomeadamente por via de isenções atribuídas a determinadas entidades e atos. Estão neste caso os 109,7 milhões de euros de isenções tributárias a suprimentos efetuados por sócios às sociedades ou os 20,3 milhões de euros de benefícios concedidos a operações financeiras por prazo inferior a um ano efetuadas por sociedades de capital de risco a favor de sociedades em que detinham participações.

Os mesmos dados indicam ainda que em 2023 houve um total de 85.814 entidades e empresas que usufruíram do leque de benefícios contemplados na lei, mais cerca de 6.000 do que no ano anterior. Entre estes mais de 85 mil beneficiários, há duas dezenas que usufruíram de benefícios de valor superior a 10 milhões de euros.

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Torres Novas recebe milhares de crianças e jovens de Eco-Escolas

  • ECO
  • 8 Outubro 2024

O município vai organizar uma festa na próxima quinta-feira, para receber estudantes das Eco-Escolas de todo o país. O evento premeia escolas em várias categorias.

Torres Novas vai receber mais de três mil crianças, jovens e professores de Eco-Escolas de todo o país, num encontro onde estarão também autarcas de municípios onde este programa de sustentabilidade é desenvolvido. O evento conta com as escolas premiadas no ano letivo anterior e decorre na próxima quinta-feira, dia 10 de outubro.

A iniciativa terá lugar no Palácio dos Desportos Helena Sentieiro, onde serão entregues os prémios a mais de 20 projetos das Escolas galardoadas em 2023/2024, bem como outras distinções: Eco-Agrupamento, Escola-Madrinha, ou Município Parceiro. “Serão galardoadas como Eco-Escolas, 2021 escolas (das 2145 escolas que participaram), de todos os graus de ensino, em 244 municípios”, refere o comunicado. Atualmente, assegura a organização, 81% dos municípios do país já têm Eco-Escolas.

O evento é organizado pela Associação Bandeira Azul de Ambiente e Educação (ABAAE) e pelo Município de Torres Novas. O dia contará com atividades e jogos para os jovens, além de espetáculos das Eco-Escolas, culminando com a atuação das cantoras Rita Red Shoes e Carolina de Deus.

O Programa Eco-Escolas completa 28 anos a nível nacional e ultrapassou o marco das 2000 Bandeiras Verdes Eco-Escolas, sendo que no evento desta quinta-feira, cada escola vai receber a sua bandeira. O Eco-Escolas é um Programa internacional da Foundation for Environmental Education presente em 82 países.

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Dez números que mostram o valor da floresta e o desafio de a gerir

O valor económico total da floresta nacional, sem contabilizar os custos dos incêndios, é de 2,24 mil milhões de euros.

A floresta portuguesa tem valor económico e está subaproveitado — é isso que garantem os atores e académicos que se movem neste setor. “A economia pode e deve ajudar a salvar a floresta portuguesa”, sendo um “eixo fundamental” para a valorização do território, afirmou o secretário de Estado da Floresta, Rui Ladeira, numa conferência organizada pelo ECO.

Na mesma ocasião, os vários intervenientes, dos setores da sivicultura, da biomassa e da indústria papeleira, foram revelando diversos números que ilustram o valor económico que a floresta representa. Conheça-os abaixo.

2,24 mil milhões

O valor económico total da floresta nacional, sem contabilizar os custos dos incêndios, é de 2,24 mil milhões de euros, de acordo com o estudo ECOFOR – Valorização Económica dos Bens e Serviços dos Ecossistemas Florestais de Portugal, que se debruça sobre o período entre 2014 e 2019.

O estudo foi apresentado pela professora universitária na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) Lívia Madureira, que considera essencial que “proprietários e agentes económicos possam capturar valor”.

90%

A maior parte da área florestal no país é privada, salienta o diretor da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, António Marques. “Parece que é proibido falar de economia, de investimento privado, quando temos 90% da área [florestal] é privada”, comentou.

Entre estes proprietários, tanto existem produtores que procuram extrair valor dos terrenos, mas também aqueles que possuem apenas “pedras que tiveram o azar de herdar”, contrasta o mesmo responsável associativo.

0,57

A área média da propriedade em Portugal é de 0,57 hectares. “O problema da floresta portuguesa a norte do Tejo é a pequena propriedade”, identifica o líder da Toscca, assumindo que desta forma “ninguém vai investir”, pois “é inviável fazer o que quer que seja” com uma propriedade destas dimensões.

O diretor da CAP afirma que os proprietários chegam a agregar-se, e a fazer um plano de gestão florestal para determinada área, mas “vai a ver-se e nada”. Aponta um problema de falta de financiamento, em que este só é atribuído numa fase inicial mas não chega a sustentar o funcionamento.

2,3 milhões

A Navigator foi afetada pelos incêndios de setembro. A área ardida ficou um pouco acima da média histórica de 1,5% — chegou aos 2% da sua área florestal. Isto corresponde a cerca de 2,3 milhões de euros de perdas líquidas, estimou Nuno Neto, diretor de Património e Produção Florestal da Navigator.

No entanto, acrescentou, o maior impacto dos incêndios não é sentido no próprio ano em que ocorrem, mas sim nos anos seguintes. Este impacto traduz-se na madeira que não é aproveitada, no tempo de crescimento que se perdeu e também no cenário de crescente descrença e abandono, que reduz a produtividade.

10 milhões

Na Navigator, indicou, trabalha-se 12 meses do ano no combate a incêndios. No combate em si, são gastos cerca de 3,5 milhões de euros anualmente, enquanto o investimento em prevenção é de 7 a 10 milhões de euros.

“Nós temos um investimento florestal gigantesco todos os anos em Portugal”, sublinhou o gestor da Navigator, contabilizando os gastos em aviões, carros de combate e reconstrução de casas. A alocação de parte desses recursos quando chove, isto é, em épocas de baixo risco de incêndio, “pagaria muitos hectares de limpeza de combustíveis finos”. O gestor considera ainda que o Fundo Ambiental, um dos fundos de maior dotação do Estado, “está subutilizado” nesta vertente.

18%

O eucalipto tem um peso de 18% nas áreas que mais ardem, apontou Gonçalo Almeida Simões, diretor-geral da Biond. Já olhando ao eucalipto “bem gerido”, apenas 2% arde, afunilou.

Essa é uma das espécies que mais atrai os investidores, que tem maior rendibilidade e que é das mais resistentes aos incêndios quando é bem gerida“, defendeu o diretor-geral, ao mesmo tempo que considerou estar-se a “discriminar uma espécie”, e que “essa questão devia ser repensada”.

30%

O diretor de Sustentabilidade e Floresta da Sonae Arauco, Nuno Calado, estima que nos terrenos de menor dimensão geridos pela sua empresa os custos são 25% a 30% mais caros, em comparação com os terrenos de maior dimensão, sublinhando a importância da escala.

Por um lado, a Sonae Arauco gere propriedades de grandes áreas, na ordem dos 500 ou 1.000 hectares. Por outro, e com maiores custos, a empresa gere os chamados minifúndios, que só ocupam três a quatro hectares, usados para projetos de investigação e desenvolvimento. A diferença nos custos, de acordo com a escala, é sentida na hora de ir ao mercado contratar prestadores de serviço.

61

O diretor-geral da Centrais de Biomassa do Norte, Manuel Pitrez de Barros, recordou que, após os grandes incêndios de 2017, estava planeado o lançamento de centrais de biomassa com uma capacidade de 61 megawatts. No entanto, até ao momento, ainda nenhuma foi adjudicada”, lamentou.

O arquiteto paisagista Henrique Pereira dos Santos, ressalvou que as centrais de biomassa não produzem com a biomassa fina que se está a acumular no território e a “dar gás” aos incêndios. Pitrez de Barros contrapôs que as empresas que gerem estas centrais “fazem questão” de receber este material e valorizá-lo, apesar de não ter o mesmo poder calorífico.

58%

O défice de madeira do país é de 58%, indicou Pedro Pinhão, fundador da Toscca, uma empresa de equipamentos de madeira para exteriores. Esta empresa, importa metade da madeira que utiliza. “Com a floresta bem gerida, teríamos matéria-prima para todos e eventualmente por mais alguns“, remata.

Uma das formas de incentivar a plantação de árvores é colocar um valor na fixação de carbono, um dos grandes méritos da madeira, e que “terá de ser pago direta ou indiretamente por nós todos”, defende.

25

O secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, garantiu que o plano de intervenção para as florestas, que o Governo lançou a 27 de setembro, estará pronto nos 90 dias seguintes ao lançamento, e que no 91.º dia estará pronto para a aplicação. A 25 de dezembro deste ano terminam esses 91 dias.

O Plano de Intervenção para a Floresta 2025, a designação oficial do referido plano, está a ser elaborado sob a alçada dos membros do Governo responsáveis pelas áreas governativas da coesão ­territorial, da justiça, do ambiente e da agricultura.

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Reestruturação da BlackRock altera participações na EDP e EDP Renováveis

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

A BlackRock, após reestruturação, passa a deter 6,13% do capital da EDP e uma participação de 3,06% na EDP Renováveis.

A BlackRock anunciou esta terça-feira a alteração de participações na EDP e EDP Renováveis devido a uma reestruturação do grupo, segundo dois comunicados publicados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Assim, esta segunda-feira, a BlackRock “comunicou à EDP ter realizado uma restruturação e, em decorrência, terem sido alterados os respetivos títulos de imputação”, tendo a sociedade informado a empresa portuguesa de que era “detentora de uma participação representativa de 6,13% do capital social e dos respetivos direitos de voto da EDP, verificando-se, assim, uma redução da mesma dado que, de acordo com a última informação reportada a 31 de dezembro de 2023, tal participação era representativa de 6,33% do capital social e dos respetivos direitos de voto”.

“Na última notificação efetuada, em 22 de abril de 2022, a BlackRock detinha uma participação de 9,37% do capital social e dos respetivos direitos de voto da EDP”, indicou ainda.

Já no caso da EDPR, a Blackrock deu conta da “respetiva alteração de participação para 3,06% do capital social e dos respetivos direitos de voto da EDP comparativamente aos 3,05% reportados a 07 de agosto de 2024”.

Assim, “na sequência das referidas transações, a Blackrock detém uma participação total de 3,06% no capital social da EDPR, correspondente a 31.830.921 direitos de voto, dos quais 30.232.536 dizem respeito a direitos de voto associados a ações (2,907%), e 1.598.385 (0,153%) são direitos de voto através de instrumentos financeiros”, concluiu.

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Governo já assinou protocolo com a Vasp para distribuir jornais em quatro concelhos do interior

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

Pedro Duarte também divulgou que a Lusa vai ser compensada pela quebra de receitas resultantes dos descontos que vai atribuir aos media já a partir do próximo ano.

O ministro dos Assuntos Parlamentares disse que o protocolo com a Vasp para a distribuição de jornais e revistas em quatro concelhos onde estes não são vendidos foi assinado na segunda-feira.

Numa conferência sobre o “Futuro dos media” esta manhã, Pedro Duarte tinha adiantado que estava acordado com a distribuidora Vasp um protocolo para garantir “de forma temporária” a distribuição nestes quatro concelhos que terão ponto de venda onde as pessoas poderão comprar jornais e revistas.

Os quatro concelhos em questão são Vimioso, Freixo de Espada a Cinta, Marvão e Alcoutim, precisou o governante, durante o encontro com jornalistas sobre o Plano de Ação para a Comunicação Social, que decorreu esta tarde no Campus XXI, em Lisboa.

“O protocolo com a Vasp foi assinado ontem [segunda-feira] mesmo pelo secretário de Estado [Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim] e é de execução imediata“, disse Pedro Duarte, quando questionado sobre o tema. “Até ao final do ano vamos conseguir ter em execução“, rematou.

Sobre o concurso público para a distribuição de jornais e revistas no país, este será “ao nível das CCDR”, ou seja, por regiões.

Lusa vai ser compensada pelos descontos dados aos media

Pedro Duarte também divulgou que a Lusa vai ser compensada pela quebra de receitas resultantes dos descontos que vai atribuir aos media já a partir do próximo ano.

Entre as 30 medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social divulgado esta terça-feira, encontra-se a que sustenta que “devem ser criados benefícios que aliviem os órgãos de comunicação social nacionais nos custos associados aos serviços atualmente indispensáveis da Lusa para qualquer meio“.

Esta medida será aplicada após “a revisão do Contrato de Serviço Público com visto do Tribunal de Contas” e tem um custo estimado de dois milhões de euros de redução de receita para a Lusa.

Questionado sobre como vai ser compensada a agência de notícias, Pedro Duarte afirmou: “Sim, nós pretendemos compensar a Lusa pelo montante“. Mas “ainda estamos a trabalhar se é via indemnização compensatória ou via Orçamento do Estado numa outra formulação, o mecanismo não está definido“, acrescentou o governante, que respondia a questões dos jornalistas numa conferência de imprensa, no Campos XXI, em Lisboa, a propósito do plano.

De acordo com o plano, os descontos para serviços de interesse público são entre entre 50% e 75% para os media regionais e locais e entre 30% e 50% para nacionais.

Atualmente, a Lusa já disponibiliza três serviços gratuitos referentes a temas de identidade de género, desinformação e cultura.

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Entidade Reguladora para a Comunicação Social precisa de revisão dos seus estatutos

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

Sobre a elaboração do Código da Comunicação Social, Helena Sousa mostrou-se preocupada com o facto de este se poder tornar "um pouco mais complexo" mas que "o mais importante é que aconteça".

A presidente Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) afirmou esta segunda-feira ter alguma preocupação sobre a elaboração do Código da Comunicação Social, pela sua complexidade, e referiu que a entidade precisa de uma revisão dos seus estatutos. Helena Sousa falava na conferência “O futuro dos media”, onde Luís Montenegro e Pedro Duarte apresentaram o plano de ação para os media.

A responsável sublinhou que são necessárias novas leis e que o novo código, que faz parte das 30 medidas do Plano de Ação do Governo para os media, “pode ter a vantagem de articular não só documentos”, mas também como “sedimentar” alguns conceitos.

Mas “também pode tornar-se um pouco mais complexo, tenho essa preocupação, nada contra o código e acho que o mais importante é que aconteça”, sublinhou Helena Sousa. Um código, disse, “tem uma amplitude e uma dimensão que pode ser um pouco mais complexa”, mas essa é a “minha única preocupação” relativamente a esta medida.

Por outro, Helena Sousa defende uma revisão dos estatutos da ERC. “Precisamos de uma revisão dos estatutos, tem a ver com as competências e funções”, atendendo às alterações que se têm registado no setor desde a sua criação.

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China retalia com medidas anti-dumping sobre o brandy europeu. Bruxelas promete contestar junto do OMC

Risco de uma guerra comercial aberta entre a UE e a China sobe de tom. Bruxelas já garantiu que vai contestar da decisão junto da Organização Mundial do Comércio.

As exportações europeias de brandy vão mesmo ser alvo de medidas temporárias anti-dumping na China. A decisão surge depois de a Comissão Europeia ter decidido adotar novas taxas sobre os carros elétricos chineses e é encarada como uma retaliação em Bruxelas. Em comunicado, o executivo comunitário rejeita a decisão do Ministério do Comércio da China, anunciada esta terça-feira, e garante que vai contestar dela junto da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“A União Europeia (UE) encara com a maior seriedade qualquer utilização desleal dos instrumentos de defesa comercial contra qualquer setor da nossa economia”, lê-se num comunicado divulgado esta tarde, e no qual o executivo comunitário afirma que irá “contestar firmemente” das medidas anti-dumping provisórias anunciadas pela China sobre as exportações de brandy para aquele país.

Paralelamente, a Comissão Europeia anunciou que vai identificar e avaliar “cuidadosamente” as possibilidades de ser criado um apoio adequado aos produtores deste produto na UE “que enfrentam o impacto negativo desta decisão injustificada do governo da China”.

A decisão da China avançar com medidas anti-dumping contra o brandy produzido no bloco europeu e exportado para aquele país surge na sequência de uma investigação lançada pelo Ministério do Comércio chinês, em julho, sobre as alegações de que os produtores europeus estão a vender as suas marcas na China abaixo dos preços de mercado. E dias depois de o executivo de von der Leyen anunciar que vai avançar com taxas de até 35% sobre a importação de carros elétricos chineses, a partir de novembro, Pequim anunciou as conclusões da investigação.

Assim, e a partir de 11 de outubro, os produtores de brandy terão de fornecer um depósito de segurança às alfândegas chinesas quando exportarem os seus produtos para aquele país, informou o Ministério do Comércio chinês no comunicado, esta terça-feira. Os depósitos serão calculados de acordo com taxas que variam entre 30,6 e 39% para produtores como Remy Martin, Moët Hennessy ou Martell.

O ataque ao brandy da UE marca a mais recente retaliação de Pequim contra o bloco e junta-se à investigação em curso sobre as importações europeias de carne de porco e laticínios europeus.

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Cimeira luso-espanhola realiza-se em Faro a 23 de outubro

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

A reunião terá uma participação alargada, com a presença de 13 ministros de cada país, além dos dois chefes de Governo, Luís Montenegro e Pedro Sánchez.

A 35.ª Cimeira Luso-espanhola vai realizar-se em 23 de outubro, em Faro, e terá como tema central “Água um bem comum”, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro português. A reunião terá uma participação alargada, com a presença de 13 ministros de cada país, além dos dois chefes de Governo, Luís Montenegro e Pedro Sánchez, e vai realizar-se no Palácio Fialho, em Faro.

Os trabalhos arrancarão pelas 09:30 e terminarão com um almoço entre as duas delegações. Na cimeira ibérica, de acordo com a mesma fonte, deverão ser assinados acordos no âmbito da Convenção de Albufeira, instrumento de cooperação bilateral que regula desde 2000 a proteção das águas das bacias hidrográficas partilhadas entre Espanha e Portugal, dos rios Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana, promovendo também a utilização sustentável e coordenada das suas águas.

Na cimeira ibérica de outubro, esperam-se também desenvolvimentos sobre os projetos da Ponte de Alcoutim – Sanlucar de Guadiana e da Ponte Internacional sobre o Rio Sever (entre Nisa e Cedillo) financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Em abril, foi anunciada a realização desta cimeira para a segunda quinzena de outubro durante a primeira visita oficial de Luis Montenegro como primeiro-ministro, a Espanha, poucas semanas depois de tomar posse.

“Não há diferenças partidárias que possam colocar em crise um segundo ou um milímetro a relação que aprofundamos há séculos em benefício das pessoas”, afirmou o social-democrata Luís Montenegro, numa conferência de imprensa em Madrid ao lado do chefe do Governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez.

No final do encontro, ambos destacaram as boas relações entre Portugal e Espanha, tanto bilaterais como no seio da União Europeia ou de outras instituições internacionais e multilaterais, e garantiram que assim continuarão, com os dois governos a prometerem continuar a trabalhar juntos, apesar de agora serem executivos de cores e famílias políticas diferentes.

“A notícia de hoje é que as nossas boas relações bilaterais vão continuar a estreitar-se. Os nossos governos continuarão a trabalhar em benefício dos portugueses e dos espanhóis. E vamos continuar a impulsionar uma Europa que tem de ser mais competitiva, resiliente e, sobretudo, e sublinho, mais social. E fazê-lo, em definitivo, juntos”, disse então Pedro Sánchez.

A nível bilateral, ambos reiteraram, entre outros, compromissos comuns para concretização de ligações ferroviárias, rodoviárias ou energéticas, muitos deles relacionados com os planos de resiliência e recuperação e outros fundos europeus. Numa reunião em 27 de setembro, em Aranjuez, na região de Madrid, Portugal e Espanha acordaram definir caudais diários mínimos para o rio Tejo e estabelecer também, pela primeira vez, caudais para o Guadiana.

A ministra portuguesa com a tutela do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, e espanhola, Teresa Ribera, anunciaram ainda um princípio de acordo para o pagamento a Portugal da água captada no Alqueva por agricultores espanhóis, nas mesmas condições e preços que pagam os utilizadores do lado português.

Nessa ocasião, as ministras remeteram a assinatura dos acordos definitivos para a cimeira ibérica, agora marcada para 23 de outubro, em Faro. A última cimeira ibérica tinha acontecido em 14 e 15 de março de 2023, em Lanzarote, e teve um foco especial na cultura e na figura do escritor José Saramago, poucos meses depois de outra luso-espanhola entre os dois países, em novembro de 2022 Viana do Castelo, que teve como tema central a inovação.

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Rui Rocha acusa Montenegro de “atacar liberdade jornalística” e compara-o a Ventura

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

Rui Rocha lamentou caracterização das redes sociais como "inimigas da democracia" e da comunicação social. Ventura também acusa Montenegro de ter “conceção de liberdade de expressão muito reduzida".

O presidente da IL acusou esta terça-feira o primeiro-ministro de ter feito uma “intervenção perigosa” com o objetivo de “atacar a liberdade jornalística” e comparou-o com o líder do Chega, André Ventura.

Numa conferência de imprensa marcada para a sede do partido, em Lisboa, Rui Rocha criticou Luís Montenegro, considerando que “não cabe ao Governo dizer aos jornalistas como devem ou como não devem exercer as suas funções“.

“Digo-o com o à-vontade de quem, muitas vezes, vê peças jornalísticas, vê intervenções nas quais não se revê, mas isso é assim mesmo, é a liberdade jornalística e a liberdade de imprensa que se impõe”, acrescentou.

Rui Rocha lamentou também que Montenegro tenha caracterizado as redes sociais como “inimigas da democracia” e da comunicação social, considerando que esse tipo de declarações são uma forma de “ataque à liberdade de expressão”.

O líder dos liberais comparou ainda essas afirmações às de André Ventura, em 2020, quando garantiu que, se o Chega vencesse as eleições, a então rede social ‘Twitter’ deixaria de “ser a bandalheira que é”.

Rui Rocha considerou não haver “nenhum problema” com a utilização auriculares durante o exercício da profissão de jornalista, numa referência às palavras do primeiro-ministro, que lamentou ver jornalistas com “um auricular no qual lhe estão a soprar a pergunta que devem fazer”.

Estas declarações surgem depois de o primeiro-ministro afirmar esta terça-feira que pretende em Portugal um jornalismo livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de qualidade e sem perguntas sopradas.

“Digo-vos isto preocupado com as garantias de qualidade naquilo que é o exercício de uma profissão efetivamente muito relevante”, declarou Luís Montenegro no final da intervenção com cerca de 30 minutos, feita de improviso, na abertura da conferência sobre “O futuro dos media”, em Lisboa.

Sobre as medidas dirigidas à RTP, Rui Rocha reiterou a proposta da IL para privatizar o canal de televisão e lamentou que o Governo faça o “caminho oposto” a essa privatização ao “retirar a RTP do mercado concorrencial”.

Para Rui Rocha, o conjunto de medidas anunciado mantém “uma RTP pública, mas enfraquecida”, ao ficar dependente das contribuições audiovisuais, e será prejudicial para todo o setor da comunicação social a médio e longo prazo.

O líder dos liberais esclareceu que o facto de as empresas privadas de comunicação social terem elogiado as medidas não demove o partido de “defender as condições concorrenciais” deste setor, afirmando que a IL “gosta muito de uma iniciativa privada forte, mas com concorrência”.

Com estas medidas, disse Rui Rocha, a RTP ficará mais “dependente do poder político” e da sua “boa vontade”.

O Governo apresentou esta segunda-feira o Plano de Ação para a Comunicação Social, no qual prevê a eliminação gradual da publicidade comercial na RTP até 2027, a compensar com “espaços de promoção de eventos e iniciativas culturais”, é a maior novidade do plano, onde se prevê igualmente a revisão do contrato de concessão do serviço público, a fim de “modernizar” e “diferenciar” a televisão do Estado dos outros canais.

Ventura acusa Montenegro de ter “conceção de liberdade de expressão muito reduzida”

Por seu lado, o líder do Chega, André Ventura, acusou o primeiro-ministro de ter uma “conceção de liberdade de expressão muito reduzida”, após este caracterizar as redes sociais como “inimigas da democracia”.

“Nós ouvimos hoje o primeiro-ministro de Portugal dizer que as redes sociais, e esta liberdade das redes sociais, são um sinal negativo da democracia, são o inimigo da democracia, e eu acho que é muito grave nós termos um primeiro-ministro europeu a dizer isto“, afirmou, condenando “com muita veemência as palavras de Luís Montenegro sobre as redes sociais”.

André Ventura afirmou que as redes sociais “são hoje a forma de liberdade e de expressão de muitos cidadãos”, e considerou que “esta desconsideração mostra que o primeiro-ministro, na verdade, tem uma conceção de liberdade de expressão muito reduzida e acha que as novas formas de expressão, que não estão controladas ou que muitas vezes são formas de expressão livres das pessoas nas suas redes sociais, são um sinal negativo”.

“Nós achamos que são um sinal positivo, e eu pensava que em todas as democracias europeias hoje era assim que era visto”, contrapôs.

Aos jornalistas, o presidente do Chega anunciou também que o partido vai propor a audição, com caráter de urgência, do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte. Ventura disse que o seu partido quer que o ministro dê explicações aos deputados “sobre o modelo de financiamento da RTP”, uma vez que foi o Governo prevê o fim da publicidade da RTP em 2027.

O líder do Chega questionou “como é que vai ser financiada a RTP” e se “isto significa que vai haver mais dinheiro colocado na Rádio e Televisão Portuguesa, ou seja, se os portugueses vão colocar mais dinheiro na televisão pública”.

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