Lula da Silva promete reciprocidade se Trump impuser tarifas a produtos do Brasil

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2025

"É muito simples. Se ele tributar os produtos brasileiros haverá reciprocidade no Brasil na hora de tributar os produtos que são importados dos Estados Unidos", disse Lula da Silva.

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta quinta-feira que aplicará o princípio da reciprocidade se o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir impor tarifas aos produtos brasileiros.

“É muito simples. Se ele tributar os produtos brasileiros haverá reciprocidade no Brasil na hora de tributar os produtos que são importados dos Estados Unidos”, disse Lula da Silva numa conferência de imprensa.

O Presidente brasileiro tem evitado entrar em atrito com o Presidente dos Estados Unidos e, depois desta afirmação, reforçou que o seu país deseja manter “uma relação de um Estado soberano contra Estado soberano” com o Governo norte-americano.

“Trump foi eleito para governar os Estados Unidos. Na carta [que enviei] para ele disse que espero que ele tenha uma boa governança nos Estados Unidos. Fui eleito para governar o Brasil. Quero respeitar os Estados Unidos e quero que Trump respeite o Brasil”, afirmou Lula da Silva.

“Da minha parte, o que quero é melhorar a relação com os Estados Unidos, exportar mais se for necessário, importar mais se for necessário, e manter a nossa relação [do Brasil com os Estados Unidos] que é de 200 anos”, acrescentou.

Nos últimos dias, o Presidente norte-americano disse publicamente que o Brasil é “um tremendo criador de tarifas” e acusou o país sul-americano, juntamente com a China e a Índia, de “querer prejudicar a economia dos Estados Unidos”.

O Presidente brasileiro afirmou que não se preocupa com o facto de Trump dizer que vai “brigar pela Groenlândia, vai brigar pelo Golfo do México, vai brigar pelo Canal do Panamá”, mas destacou que o líder norte-americano “tem que respeitar a soberania dos outros países”.

Lula da Silva também disse que ainda não conversou com Trump, mas lembrou que poderá encontrá-lo na próxima reunião do G7, caso seja convidado, ou durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

O Presidente brasileiro concluiu os seus comentários fazendo uma crítica à nova política externa dos Estados Unidos ao dizer que considerou as decisões de Trump de não cumprir o Acordo de Paris e de não participar da Organização Mundial da Saúde (OMS) “uma regressão da civilização humana”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Regresso de gás russo à UE em cima da mesa no acordo de paz com a Ucrânia

  • ECO
  • 30 Janeiro 2025

A proposta terá sido acolhida por altos representantes da Alemanha e poder vir a contar com o apoio de outros Estados-membros que têm sentindo aumentos nos preços da energia.

Afinal, o gás russo poderá vir a ser uma peça chave num eventual acordo de paz entre Kiev e Moscovo, pondo assim fim a uma guerra que já se prolonga há quase três anos. De acordo com a notícia avançada pelo Financial Times, esta quinta-feira, os executivos europeus estarão a analisar a hipótese de retomar as compras de gás russo por gasoduto à União Europeia (UE) como parte de uma cláusula de um potencial acordo entre os dois países em conflito.

De acordo com as três fontes ouvidas pelo jornal britânico, a proposta terá sido acolhida por altos representantes da Alemanha e poderá vir a contar com o apoio de outros Estados-membros que têm sentido aumentos nos preços da eletricidade, nas últimas semanas, e que consideram que o fornecimento de gás russo poderá reduzir os custos energéticos europeus.

Certo é que uma retoma das importações europeias de gás natural russo aumentaria significativamente as receitas de Moscovo. Antes da guerra, os fluxos através de gasodutos da Rússia representavam cerca de 40% do abastecimento total da UE, sendo a Alemanha o maior importador.

Não vamos fazer quaisquer ligações entre o transporte de gás pela Ucrânia e conversas sobre acordos de paz que tenham sido noticiados. Quando tivermos essas conversas, serão com a Ucrânia”, referiu a porta-voz da Comissão Europeia Paula Pinho, esta quinta-feira, durante uma conferência de imprensa em Bruxelas.

A solução também poderá agradar países como a Hungria e Eslováquia que, até ao início desta semana, pressionaram os restantes Estados-membros a recuar na intenção de cortar por completo as importações de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia, propostas no 16º pacote de sanções contra o Kremlin, dado que a Ucrânia deixou de receber estas importações a partir do dia 1 de janeiro de 2025. Bruxelas resistiu à ameaça de veto de Budapeste, mas não a troco de nada.

A Comissão está disposta a prosseguir as discussões com a Ucrânia sobre o fornecimento de gás à Europa através do sistema de gasodutos da Ucrânia“, refere um comunicado de segunda-feira, citado pela Reuters. “A Comissão está disposta a associar a Hungria a este processo, juntamente com a Eslováquia”, garantiu o executivo comunitário.

De acordo com o Politico, o novo pacote de sanções não deverá incluir uma proibição geral das importações de GNL, como a UE têm vindo a insistir, mas deverá manter restrições contra as exportações de petróleo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bruxelas apoia com 35,5 milhões interligações de hidrogénio na Península Ibérica

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2025

O H2med surge na lista de apoio europeu, incluindo 7,2 milhões para uma interconexão entre Celorico da Beira e Zamora e o restante para um interconector entre Espanha e França.

A Comissão Europeia vai apoiar, com 35,5 milhões de euros, interligações de hidrogénio na Península Ibérica, incluindo 7,2 milhões para uma interconexão entre Celorico da Beira e Zamora e o restante para um interconector entre Espanha e França.

O anúncio foi feito esta quinta-feira em Bruxelas pelo executivo comunitário, que em comunicado revela um ‘bolo’ total de 1,25 mil milhões de euros em subvenções do Mecanismo Interligar a Europa a 41 projetos transfronteiriços de infraestruturas energéticas com estatuto de projetos de interesse comum, um dos quais é o H2med, uma iniciativa transnacional para interligar as redes de hidrogénio da Península Ibérica com o Norte e Centro da Europa.

Segundo a lista das propostas selecionadas para subvenções, agora disponibilizada, ao H2med poderão ser alocados até 35,5 milhões de euros: para uma interligação de hidrogénio H2Med CelZa (7,2 milhões de euros) e para outra interconexão entre Barcelona e Marselha (28,3 milhões de euros).

Foi ainda selecionado outro projeto que abrange Portugal, para realização de estudos para a iniciativa European Hydrogen Backbone visando a criação de uma rede transeuropeia de hidrogénio composta por cerca de 28.000 quilómetros em 2030 (aos quais serão disponibilizados 2,8 milhões de euros).

Está em causa o projeto H2med, de interligações energéticas entre Portugal, Espanha e França. Segundo a informação disponibilizada na sua página da internet, o H2med envolve cinco parceiros na Europa (incluindo a REN – Redes Energéticas Nacionais) e tem um orçamento global de 2.500 milhões de euros, que preveem que, até 2030, seja fornecido hidrogénio verde a um custo acessível à Europa a partir de 2030.

A partir dessa data, terá uma capacidade de transporte anual de dois milhões de toneladas de hidrogénio ‘verde’ (o que representa 10% do consumo estimado na Europa em 2030).

Em outubro de 2022, os governos de Portugal, França e Espanha chegaram a acordo para acelerar as interconexões na Península Ibérica, abandonando o projeto existente destinado apenas ao gás por um outro que prevê um gasoduto marítimo para, além de numa fase inicial transportar este combustível fóssil, se destinar futuramente ao hidrogénio ‘verde’.

Os três países decidiram avançar com um “Corredor de Energia Verde”, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) e chegaram a acordo na necessidade de concluir as futuras interligações de gás renovável entre Portugal e Espanha, nomeadamente a ligação de Celorico da Beira e Zamora (CelZa).

Logo na altura, foi admitido que o projeto pudesse ser totalmente financiado por verbas europeias, através do Mecanismo Interligar a Europa. Em janeiro de 2023, a Alemanha decidiu apoiar e aderir a esta iniciativa de corredor de hidrogénio. A ideia é que as novas infraestruturas na Península Ibérica permitam a distribuição de hidrogénio ‘verde’ e que sejam tecnicamente adaptadas para transportar outros gases renováveis.

O hidrogénio representa cerca de 2% do cabaz energético da UE e praticamente todo o existente (95%) é produzido por combustíveis fósseis, que libertam anualmente entre 70 a 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). O hidrogénio ‘verde’, por seu lado, é proveniente de fontes renováveis, pelo que não emite CO2 e liberta quantidades diminutas de poluentes atmosféricos.

Pode ser utilizado como matéria-prima, combustível e vetor de transporte ou armazenamento de energia e aplicado nos setores da indústria, dos transportes, da energia e dos edifícios.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministério Público investiga manifestações dos bombeiros sapadores

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2025

O Ministério Público está a investigar duas manifestações dos bombeiros sapadores, a 2 de outubro e 3 de dezembro, em que foram utilizados ilegalmente petardos e ocupada a a escadaria do Parlamento.

O Ministério Público está a investigar duas manifestações dos bombeiros sapadores em que foram utilizados ilegalmente petardos, não foram comunicadas às autoridades e numa delas foi ocupada a escadaria do parlamento.

Numa resposta à Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou que foram instaurados inquéritos às manifestações de 2 de outubro e 3 de dezembro que seguem no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. A PGR adianta que o inquérito à manifestação de 2 de outubro vai ser apensado à investigação do protesto de 3 de dezembro.

Estas duas manifestações foram participadas ao Ministério Público pela PSP, considerando que a manifestação dos bombeiros sapadores de 2 de outubro na Assembleia da República violou um conjunto de regras como a ocupação da escadaria do parlamento, uma vez que se tratou da “invasão de um espaço limitado”, além da realização de protestos não autorizados.

Em 2 de outubro, centenas de bombeiros sapadores ocuparam durante três horas a escadaria da Assembleia da República, num protesto também marcado por rebentamento de petardos e queima de pneus.

Dois meses depois, a 3 de dezembro, os bombeiros sapadores realizaram uma manifestação junto à sede do Governo, em Lisboa, enquanto decorria uma reunião negocial entre os dirigentes sindicais, encontro que acabou por ser suspenso pelo executivo, que alegou falta de condições tendo em conta devido ao lançamento de petardos e tochas.

Segundo a PSP, esta manifestação não foi comunicada às autoridades e foram utilizados ilegalmente artigos de pirotecnia. Os bombeiros sapadores lutavam por melhores condições salariais, tendo na semana passada seis associações sindicais chegado a acordo com o Governo sobre aumentos salariais e criação do suplemento de risco.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lagarde afasta entrada de bitcoin nas reservas do BCE

A presidente do BCE defende que as reservas devem ser constituídas por ativos líquidos e seguros e sem suspeição, afastando a inclusão das criptomoedas nas reservas do banco central.

As reservas do Banco Central Europeu devem ser “líquidas e seguras”, defendeu esta quinta-feira a presidente do banco central, afastando a inclusão da bitcoin nestas reservas, depois de o governador da República Checa ter admitido a utilização desta criptomoeda nas reservas do país.

“As reservas devem ser líquidas, seguras, protegidas e sem a suspeita de lavagem de dinheiro e outras atividades ilegais”, assegurou Christine Lagarde, questionada sobre a possibilidade da criptomoeda entrar nas reservas, depois de o governador checo Ales Mich ter admitido a possibilidade de incluir a bitcoin nas reservas do país.

Estou confiante de que as bitcoin não entrarão nas reservas de nenhum dos bancos centrais dos membros do conselho geral“, acrescentou Lagarde, que afastou a inclusão deste ativo nas reservas do BCE.

As declarações do governador checo estão a ser tudo menos consensuais. O ministro das Finanças do país, Zbynek Stanjura, já se mostrou contra a proposta de Mich, argumentando que o uso de criptomoedas como reserva pode ser inadequado devido à excessiva volatilidade do preço dos ativos.

As criptomoedas têm ganhado uma atenção extra, sobretudo depois da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. O republicano quer construir uma reserva estratégica de bitcoin, assim como promover a mineração de bitcoins em território norte-americano ou criar um Conselho Consultivo Presidencial para as cripto. Medidas que levaram a bitcoin a novos máximos, acima dos 100 mil dólares.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Relação de Lisboa rejeita contratos de trabalho entre estafetas e Uber Eats

Não há consenso nos tribunais sobre trabalho nas plataformas digitais. Depois de Relação de Guimarães ter reconhecido contratos, noutros dois casos, Relação de Lisboa rejeita subordinação.

Há mais duas decisões dos tribunais portugueses que rejeitam o reconhecimento de contratos de trabalho entre estafetas e a plataforma digital Uber Eats. Desta vez, foi o Tribunal de Relação de Lisboa a pronunciar-se: em duas decisões a que o ECO teve acesso, realça-se que os estafetas têm autonomia e até podem trabalhar para plataformas concorrentes (“inclusive em simultâneo”), pelo que não se entende que haja “indícios de contrato de trabalho”.

No centro destas decisões está a chamada Agenda do Trabalho Digno, pacote de alterações à lei do trabalho promovido pelo Governo anterior e que abriu a porta a que os estafetas sejam reconhecidos como trabalhadores por conta de outrem, desde que haja indícios de subordinação, como a fixação de retribuição e o poder disciplinar.

Com base nessas alterações legislativas, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) foi para o terreno e identificou centenas de estafetas, tendo o Ministério Público avançado com processos no sentido do reconhecimento de contratos de trabalho com as plataformas digitais.

De acordo com o relatório enviado pela própria ACT ao Parlamento, a maioria das decisões de primeira instância (e já são quase 70) não reconhece a existência de contratos entre os estafetas e as plataformas. No entanto, em vários desses casos, o Ministério Público recorreu, pelo que estão agora a ser conhecidas também as decisões de segunda instância.

Por exemplo, conforme escreveu o ECO, o Tribunal da Relação de Évora confirmou a sentença que ditava a inexistência de contratos de trabalho entre a Glovo e 27 estafetas. Mas o Tribunal da Relação de Guimarães reconheceu o contrato a um estafeta, argumentando que o estafeta está sujeito a diversas formas de “controlo e de avaliação algorítmica por parte da plataforma”.

Já, desta vez, foi a vez do Tribunal da Relação de Lisboa se pronunciar. O ECO teve acesso a duas decisões relativas ao Uber Eats e em ambos os casos as juízas rejeitam haver indícios de subordinação que justifiquem o reconhecimento de um contrato de trabalho.

Numa dessas decisões, as juízas frisam que os instrumentos de trabalho pertencem ao próprio estafeta, o qual é livre de escolher não só o horário durante o qual presta atividade, mas também o local e até o melhor percurso para as entregas.

Acresce que o estafeta não está sujeito a exclusividade e a Uber Eats não controla o desempenho do estafeta. “Dir-se-á que o algoritmo exerce tal controle e que os tradicionais indícios como sejam a ausência de dever de assiduidade ou não concorrência, e mesmo a circunstância de não se estar vinculado a um horário de trabalho não constitui obstáculo à presença de subordinação jurídica. Porém, isso não ficou demonstrado no caso concreto e, logo, não pode pressupor-se”, lê-se na decisão.

Além disso, as juízas o estafeta pode filtrar os pedidos, em função do preço por quilómetro, e não é obrigado a usar “roupa distintiva da marca Uber Eats”.

“Tudo ponderado não vemos no conjunto de factos cuja prova se obteve indícios de contrato de trabalho, não obstante se admitir a inserção numa certa organização, porém sem que os autos evidenciem o exercício de poderes de autoridade conformes à disciplina laboral“, sublinham.

Já na outra decisão, a Relação de Lisboa destaca a autonomia do estafeta, detalhando que este não tem de justificar ausências, pode fazer-se substituir, pode bloquear clientes e pode prestar atividade a plataformas concorrentes, “inclusive em simultâneo”.

A ministra do Trabalho, Maria do Rosário do Trabalho, já adiantou que o trabalho nas plataformas digitais será uma das matérias a revisitar, no âmbito da reavaliação das mudanças à lei do trabalho que foram feitas na primavera de 2023. A falta de consenso nos tribunais torna clara a necessidade dessa reflexão, assinalam também os advogados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Gestora do Mar 2030 vai ser ouvida no Parlamento sobre a execução do plano

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2025

No requerimento para a audição de Dina Ferreira, o Chega defendeu que a execução do Portugal 2030 não está dentro do ideal.

A gestora do Mar 2030, Dina Ferreira, vai ser chamada ao Parlamento a propósito da execução do plano, após os deputados terem aprovado um requerimento do grupo parlamentar do Chega.

O requerimento em causa foi aprovado esta quarta-feira, por unanimidade, na Comissão Eventual de Acompanhamento da Execução do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e do PT 2030 (Portugal 2030). “Propomos, com o apoio dos nossos serviços, […] a data indicativa de 11 de fevereiro, pelas 17:00”, anunciou a presidente desta comissão parlamentar, Dulcineia Moura (PSD).

Durante a reunião da comissão de acompanhamento da execução do PRR e do PT 2030 foi colocada a possibilidade de a audição da gestora do Mar 2030 ser realizada em conjunto com a Comissão de Agricultura e Pescas. Os partidos não se opuseram. Neste sentido, a presidente da comissão adiantou que vai endereçar uma missiva à Comissão de Agricultura e Pescas para avaliarem esta possibilidade.

No requerimento para a audição de Dina Ferreira, o Chega defendeu que a execução do Portugal 2030 não está dentro do ideal e que existe uma grande heterogeneidade em termos dos diferentes programas. Para o partido, o Mar 2030 levanta preocupações acrescidas, uma vez que não cumpriu a meta de execução estipulada para 2024.

A par disto, assinalou a falta de transparência como outro dos problemas deste programa, precisando que, em muitos casos, faltam dados do Mar 2030, sendo este o “único [programa] com dados indisponíveis”.

O programa Mar 2030 conta com uma dotação de 539,9 milhões de euros, entre o valor do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura (FEAMPA) e a contrapartida nacional.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Europa enfrenta necessidades de investimento “sem precedentes”

No conjunto, serão necessários cerca de 800 mil milhões de euros para avançar na descarbonização, inovação e defesa, sendo que mais de 50% estão concentrados no tema da transição energética.

A partner da PwC, Cláudia Coelho, aponta para necessidades de investimento “sem precedentes”, associadas à descarbonização, inovação e defesa na União Europeia. Embora a Europa esteja numa “boa situação” em relação à capacidade renovável, está aquém das metas e ainda não consegue colmatá-las com tecnologia e produtos desenvolvidos integralmente no Velho Continente. A simplificação das exigências regulamentares que aí vem poderá ajudar neste caminho.

Olhando aos objetivos da União Europeia no que diz respeito à descarbonização, inovação e defesa, “as necessidades de investimento alcançam níveis sem precedentes”, alerta a partner da PwC. No conjunto, serão necessários cerca de 800 mil milhões de euros, sendo que mais de 50% estão concentrados no tema da transição energética, quer na área da energia, quer nos transportes.

Cláudia Coelho falava na segunda conferência dedicada às conclusões do Relatório Draghi, e que se debruçava sobre o tema Indústria Verde, na qual apresentou o tema “Descarbonização e Indústria Verde, Desafios e Oportunidades”. No que diz respeito à capacidade de produção de energias renováveis, a Europa está “numa boa situação”, embora seja necessário reduzir custos da energia e aumentar a eficiência, indica.

Relatório Draghi: Uma oportunidade para a Europa? Indústria Verde - 30JAN25
Cláudia Coelho, Partner da PwCHugo Amaral/ECO

De momento, a Europa conta 22% de energia com origem renovável, acima dos 14% da China e 9% dos Estados Unidos, e comprometeu-se a atingir os 42,5% até 2030. Este objetivo implica triplicar a energia solar e duplicar a energia eólica. Em conjunto com a ambição quanto aos veículos elétricos, “significa que há necessidade de investir nestas áreas, e a Europa devia ter a capacidade para ser a própria a fornecer toda a tecnologia e produtos necessários para cumprir com as metas. “A Europa não fez ainda esse caminho e acabamos com o risco de transferir este potencial para outras economias, como a China“, alerta.

“Temos de ter capacidade de atrair investimento e mobilizar o setor privado, fundos de pensões… Investidores que possam contribuir. E para isso precisamos de ter as condições adequadas“, afere. Exemplos dessas condições são a reorientação da atuação da União Europeia para setores estratégicos, a aceleração das interligações energéticas e a simplificação das regras regulamentares e administrativas.

A boa notícia, do ponto de vista de Cláudia Coelho é que a UE já anunciou que vai rever vários diplomas e apresentar as modificações no final de fevereiro, no chamado pacote Omnibus. É previsível a simplificação dos requisitos da diretiva de due dilligence, da diretiva de reporte de sustentabilidade e da taxonomia europeia. “Julgo que as empresas vão de facto beneficiar”, pontuou.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Solução de inteligência artificial para setor da saúde vence Pitch Day da UPTEC

Conversor de energia das ondas e agência para a música eletrónica foram os outros projetos premiados no evento final da Escola de Startups do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

O pitch da Braining, uma solução que utiliza Realidade Virtual (VR) e Inteligência Artificial (IA) para apoiar pacientes na reabilitação de acidentes vasculares cerebrais, foi o vencedor da Escola de Startups da UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

O fundador Nuno Almeida apresentou à plateia e ao painel de jurados o conceito do projeto da Braining: uma plataforma Software as a Service (SaaS) que combina VR e IA para oferecer a sobreviventes de AVC e a profissionais de saúde uma solução personalizada para a reabilitação.

O prémio foi entregue por Francisca Vieira Matias, representante da Fundação Santander. Entre os jurados estavam também João Miguel Dias (Armilar), Rodrigo Dahl (Super Bock), Sérgio Rodrigues (COREangels), Orlando Rocha (Miew) e Filipa Pontes, representante da Vodafone Business.

Já a Waveng, que criou um conversor de energia das ondas em energia renovável, arrecadou a distinção de Melhor Projeto de Impacto, atribuído à ideia de negócio com maiores possibilidades de impacto no mercado. A ideia centra-se no aproveitamento da energia das ondas com o seu Pivoting Wave Energy Converter (PWEC), concebido para eficiência e baixo impacto ambiental, além de reduzir os custos de produção em comparação com tecnologias existentes.

O Prémio de Melhor Evolução, que destaca o percurso de um dos projetos empresariais ao longo do programa, foi para a Plástica Sonora, uma agência de artistas portuguesa focada na representação de mulheres e pessoas não binárias no mundo da música eletrónica. O projeto inclui também uma plataforma de programas de rádio e pretende colmatar uma lacuna do mercado, acrescentando valor social e justiça à indústria da música.

Durante o Pitch Day subiram ao palco 12 dos 22 projetos da 12ª edição da Escola de Startups, programa de aceleração criado pela UPTEC. “Três meses de muitos desafios e desenvolvimento de competências ligadas ao percurso empreendedor”, sublinha Raphael Stanzani, gestor de programas de empreendedorismo da UPTEC, citado em comunicado.

Ao longo do programa, os participantes tiveram acesso a workshops práticos e a mentoria individual que permitiu a evolução das suas ideias de negócio. “Conseguimos ver projetos a avançar com pilotos, assinar protocolos de colaboração, qualificarem-se para test-beds e a angariar clientes”, acrescenta o gestor de programas de empreendedorismo da UPTEC.

O programa de aceleração da UPTEC já apoiou mais de 500 empreendedores e cerca de 200 projetos empresariais, dos quais resultaram mais de novas 70 empresas. As candidaturas para a próxima edição do programa já estão abertas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nestlé Waters processada por despejo ilegal de resíduos em França

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2025

A Nestlé Waters está a ser processada por armazenar resíduos e manter quatro lixeiras ilegais, equivalentes a 126 piscinas olímpicas.

A Nestlé Waters enfrenta mais um processo judicial, e foi agora notificada para comparecer em tribunal por alegado despejo ilegal de resíduos poluentes na região de Vosges, no leste de França.

A Nestlé Waters está a ser processada por armazenar resíduos e manter quatro lixeiras ilegais em Contrexéville, They-sous-Montfort, Saint-Ouen-Les-Parey e Crainvilliers, o que representa um volume acumulado de 473.700 metros cúbicos, o equivalente a 126 piscinas olímpicas. O julgamento, decidido na sequência de um inquérito da unidade regional do ambiente do Ministério Público de Nancy, terá lugar de 26 a 28 de maio.

Os investigadores encontraram nas lixeiras resíduos sob a forma de “garrafas de água, garrafas de vidro, garrafas de polímero”, bem como “resíduos de demolição”, “carcaças de veículos, objetos volumosos” e “tampas de plástico”. A manutenção destes aterros sanitários causou “graves danos à saúde humana” e “uma degradação substancial do ambiente”, salientou o tribunal na sua ata de audiência, consultada pela AFP.

A Nestlé também está a ser processada por ter, nas imediações desses aterros, “permitido que partículas de microplástico” fluíssem para as águas superficiais e subterrâneas em concentrações que “impossibilitam toda a vida aquática e têm efeitos nocivos para a saúde, a flora e a fauna”.

A empresa afirma que estes aterros “datam dos anos 60, antes de a Nestlé Waters se tornar proprietária” dos terrenos. “Atualmente, a maioria dos locais já foram limpos pela Nestlé Waters e estamos a aguardar o feedback das autoridades ambientais para especificar a melhor opção de gestão para os restantes locais”, assegurou a empresa numa mensagem à AFP.

“É essencial que haja um julgamento para os aterros sanitários, porque se trata de um caso grave de poluição”, declarou à AFP, porta-voz do coletivo Eau 88 e presidente da Vosges Nature Environnement, Bernard Schmitt, que apresentou a queixa.

Em setembro, a Nestlé assinou um acordo judicial de interesse público (CJIP) com o Ministério Público de Épinal e aceitou pagar uma multa de dois milhões de euros relativa a dois processos, um por perfuração ilegal e outro por sistemas de desinfeção proibidos para as suas águas minerais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

+M

As verdadeiras tendências e como as marcas as podem capitalizar, segundo o Publicis Groupe

"Ajudar na tomada de decisões de quanto e onde uma marca deve investir em função do que tem para oferecer" é o objetivo do estudo. Conheça os 10 fenómenos analisados e as recomendações para as marcas.

Quando olhamos para um fenómeno, toda a gente o reconhece. O ponto é que consoante ele é uma tendência, um hype ou um fenómeno normalizado, a forma com as marcas se têm de posicionar é diferente“. A ideia foi avançada por Patrícia Araújo, chief strategy officer do Grupo Publicis Portugal, à margem do evento de apresentação do estudo “Trend or Hype, onde foram dados a conhecer quais os fenómenos sociais que se verificaram ser verdadeiras tendências no contexto nacional.

No evento foi apresentada a primeira edição deste estudo em Portugal, que pretende distinguir entre aquilo que é apenas uma moda passageira do que é verdadeiramente uma tendência que veio para ficar. “Todos os novos desenvolvimentos a que assistimos trazem expectativas coletivas e partilhadas do que pode vir a ser diferente, que é o que define um hype. Mas quando a expectativa se concretiza e condiciona comportamentos, estamos perante uma tendência“, explicou Patrícia Araújo na apresentação.

Segundo a responsável, o estudo recorreu a um algoritmo que atribuiu um índice de relevância (de 0 a 100 pontos), sendo que para um fenómeno ser considerado como uma verdadeira tendência, este teria de obter uma pontuação superior a 50 e que a sociedade não só falasse como agisse em relação ao tema.

Um fenómeno ser considerado uma tendência significa que “já há comportamentos associados e que este pode ser um agente de mudança importante nos comportamentos sociais“, explicou depois Patrícia Araújo ao +M. As marcas devem assim, depois, tentar perceber se têm “espaço de crescimento, de relação e de conexão para chegar a esse grupo de pessoas ou consumidores”.

O que este estudo permite é “ajudar na tomada de decisões de quanto e onde uma marca deve investir em função do que tem para oferecer, daquilo que é a sua proposta de valor e de como esta pode ser relevante junto das pessoas“, disse a responsável.

No entanto é importante que uma marca não defenda junto dos seus consumidores algo sobre a qual “não tem propriedade” e que não pertença ao seu espaço, pois isso vai “soar estranho e a falso”, alerta a chief strategy officer do Grupo Publicis Portugal. “Qualquer marca é passível de se acionar em alguns destes fenómenos. Depois depende da proposta de valor de cada marca e dos seus objetivos“, acrescenta.

A primeira edição do estudo — que vai contar com uma edição por ano — centrou a sua investigação em 10 fenómenos principais: “orgulho low cost”, “diversidade é a norma”, “tecnologia: amigo ou inimigo”, “economia da atenção”, “senior power”, “economia yolo”, “sociedade dos extremos”, “bem-me-quer mal-me-quer”, “sociedade sem tempo” e “diluição do compromisso”, sendo que apenas dois foram considerados verdadeiras tendências: o “orgulho low cost” e o “tecnologia: amigo ou inimigo”.

Orgulho low cost

A “lowcostização” (51 pontos, segundo o algoritmo do estudo) continua a ser um fenómeno popular e uma tendência relevante, com os consumidores a apostarem na compra de produtos das marcas de distribuição e com isso a ser já um motivo de orgulho.

Segundo se refere no estudo, “quando os consumidores comparam produtos ou serviços, procuram o preço mais baixo, mas também o valor que receberão em troca“. Nesse sentido, “é fundamental reconhecer que a diferenciação raramente é alcançada apenas através do preço, e nunca é uma diferença sustentável; ela é conseguida construindo valor”, sendo que para isso as marcas precisam de combinar diversos fatores como inovação, emoção ou comunicação, para “inovar com produtos ou serviços únicos que as marcas brancas não consigam igualar”.

Além disso, as marcas devem “criar conexões emocionais com os consumidores, ou seja, tocar-lhes o coração. Construir em experiência de valor. E comunicar. O conteúdo e a mensagem desempenham um papel crucial na comunicação do valor da marca e na diferenciação em relação às marcas brancas, que na maior parte das vezes não têm presença publicitária normalizada“, acrescenta-se.

Diversidade é a norma

A diversidade (41 pontos) é uma trend que já passou, segundo o estudo, uma vez que conta com tomadas de ação mas que a discussão sobre o tema já não é tão intensa. Trata-se assim de um “fenómeno normalizado, que faz parte do dia-a-dia das pessoas, apesar de ser relativamente recente”. “Não se trata de o fenómeno não ser importante, mas sim de que este já está enraizado e integrado na rotina e deixou de ter um hype tão intenso como conceito geral”, especifica-se.

No caso deste fenómeno, a recomendação é dupla. Por um lado as marcas devem “voltar às origens”, encarando a diversidade como “uma questão social e dinâmica em constante evolução” e estando atentas “às novas formas de exclusão ou de inclusão que possam surgir, para garantir que continuam a acompanhar a evolução social”.

Além disso, “é crucial tratar o tema com naturalidade, sem dramatismos ou excessos. A diversidade, enquanto parte integrante da vida contemporânea, não precisa de ser amplificada de forma forçada. A sua normalização é, por si só, uma conquista, e agir em consonância com esta realidade será sempre bem visto”, lê-se no estudo.

Tecnologia: amigo ou inimigo

O algoritmo do estudo classifica este fenómeno efetivamente como uma trend (64 pontos) com um duplo sentido: “por um lado, as pessoas sentem-se ameaçadas, reconhecendo esta preocupação nas suas vidas, mas, por outro, são irresistivelmente fascinadas pelas possibilidades que a tecnologia oferece”.

As pessoas “não só participam ativamente nas discussões sobre o tema, abordando tanto as oportunidades como as ameaças associadas à tecnologia, como também estão a integrar cada vez mais a tecnologia nas suas rotinas diárias, através de assistentes virtuais, dispositivos inteligentes e, mais recentemente, ferramentas de inteligência artificial, que se estão a tornar rapidamente indispensáveis no quotidiano para muitos”.

O fenómeno é também impulsionado por uma “combinação de receio e curiosidade, onde o medo das potenciais consequências da tecnologia coexiste com a valorização das suas vantagens tangíveis, como a simplificação e a eficiência nas tarefas diárias”.

Segundo o estudo, a oportunidade para as marcas reside em “explorar e aproveitar os aspetos positivos da tecnologia”, enquanto facilitadora, empoderadora, simplificadora ou potenciadora.

“É essencial ajudar as pessoas a abraçar este potencial positivo, colmatando as lacunas existentes e promovendo uma abordagem mais inclusiva e humana no desenvolvimento tecnológico”, refere-se no estudo.

O foco das marcas deve assim concentrar-se em mostrar a sua proposta de valor através de ferramentas de inteligência artificial. Ou seja, o foco de ser “menos sobre se utilizam ou não uma determinada ferramenta e mais se, ao incorporarem essa ferramenta, conseguem trazer benefícios concretos para o consumidor”, explicou Patrícia Araújo ao +M.

Patrícia Araújo, chief strategy officer do Grupo Publicis Portugal.

Economia da atenção

O fenómeno da economia da atenção (43 pontos) tem-se intensificado ao longo dos anos, tornando-se uma nova realidade e uma preocupação na sociedade moderna. Mas embora seja um tema recorrente nas conversas diárias, “ainda não se pode considerar uma tendência plenamente estabelecida, em parte devido à ausência de uma resposta coletiva significativa a este fenómeno”.

No entanto, apesar das diferenças na forma como este fenómeno é encarado, “há sinais de que, mais cedo ou mais tarde, poderá consolidar-se como uma tendência mais reconhecida, à medida que as discussões sobre o seu impacto se tornam mais comuns e que se começam a procurar formas de lidar com as suas consequências”, adianta-se no estudo.

Por agora, a confluência de expectativas — com pessoas a exigirem uma adaptação à sua alta intensidade de consumo e outras a desejarem evitar uma sobrecarga e concentrarem-se apenas no que consideram realmente importante — “exige das marcas uma flexibilidade sem precedentes, desafiando-as a criar abordagens híbridas e personalizadas, capazes de capturar a atenção tanto no imediato quanto em interações mais duradouras, oferecendo valor para consumidores de perfis e necessidades tão distintos“.

“É paradoxal que, num momento de atenção limitada e oportunidades reduzidas para captar a atenção, existam conteúdos com durações cada vez maiores (como acontece na indústria do cinema). Talvez seja o momento de perceber que, se o tempo é dinheiro, a qualidade do conteúdo é valor. A eficácia das marcas pode depender da sua capacidade de criar conteúdo que não apenas capture a atenção, mas também ofereça valor real e ressoe profundamente com o público em meio de um mar de estímulos“, refere-se no Trend or Hype.

Senior Power

Embora o senior power (25 pontos) — onde o comportamento dos seniores parece desafiar a ideia tradicional de reforma — tenha vindo a ganhar visibilidade e relevância nos últimos anos, o mesmo “ainda não se configura como uma tendência generalizada, mas sim como um fenómeno de nicho”, ou seja, apenas precisamente junto das pessoas mais velhas, na situação de reforma ou pré-reforma.

No entanto, embora este fenómeno seja restrito a um grupo etário específico, “é importante notar que o grupo sénior está a crescer na população portuguesa, que é uma das mais envelhecidas do mundo”, destaca-se no estudo, além de ser uma franja da população que dispõe de uma boa capacidade económica e tempo livre.

“Além disso, na era da diversidade, o conceito de idadismo começa a ganhar relevância entre este grupo, que se sente injustamente discriminado pela sociedade, pelas empresas e pelas marcas”, refere-se.

Neste contexto, o estudo sugere que “as marcas que conseguirem compreender e empatizar verdadeiramente com esta geração terão um acesso privilegiado a um público com poder de compra, desejo de viver intensamente e de se sentir incluído“. Assim, é importante que as marcas evitem cair em estereótipos e que se conectem “genuinamente” com este grupo de pessoas, não bastando para tal selecionar pessoas mais velhas nos castings.

Economia YOLO

Viver o momento sem pensar demasiado no futuro (YOLO – “you only live once“) tornou-se num fenómeno com grande presença nas conversas, mas com menor tradução em comportamentos reais.

“As pessoas falam muito sobre isso, mas a sua tradução a nível comportamental, não é tão evidente quanto parece, pelo menos de uma forma transversal”, refere-se no estudo, pelo que a preferência por “aproveitar enquanto se pode” parece ser mais uma expressão de desejo do que uma prática amplamente adotada, pelo que a economia YOLO (41 pontos) tem-se revelado “um hype que reflete mais uma forma de lidar com a frustração do que uma transformação real nos estilos de vida”.

Perante este cenário, as marcas têm uma “boa oportunidade” à sua disposição, estando bem posicionadas para “explorar o prazer imediato que caracteriza o fenómeno YOLO”. “Aproveitar esta mentalidade pode ser uma poderosa alavanca para se conectar com os consumidores, oferecendo-lhes experiências e produtos que ressoem com o seu desejo de viver intensamente o presente, transformando a incerteza em uma oportunidade de inovação e engagement“, refere-se no estudo.

Sociedade dos extremos

Longe de ser uma novidade ou algo em fase de hype, o fenómeno de uma sociedade de extremos (48 pontos) já se tornou parte integrante e normalizada da sociedade. “Não estamos mais a lidar com um fenómeno passageiro, mas sim com uma realidade que já não se pode ignorar. É algo que, com o tempo, se foi consolidando, e deixou de ser apenas um tema de debate para se transformar numa experiência diária, onde as escolhas e atitudes de cada indivíduo refletem esta divisão crescente”, refere-se no estudo.

Este posicionamento da sociedade afeta inclusive o modo de consumir, tendo os consumidores passado a ver as marcas como “reflexo das suas próprias identidades, alinhadas ou em oposição aos seus valores”. Já as marcas, por sua vez, “correm o risco, quer por ação ou por omissão, de ser entendidas e percecionas com base nas suas posturas e valores”.

“Quanto à tomada de posição, as marcas parecem ter uma ideia relativamente clara. Sem cair em extremismos, optam pela cautela: reconhecem o fenómeno e a sua relevância na sociedade, mas a curto-médio prazo, poucas tomam medidas concretas para integrá-lo nas suas estratégias”, avança-se no estudo.

Na verdade, “não tomar uma posição é, por si só, uma postura”, acrescenta-se, mas essa não tem de ser a única. “Estar de um lado ou do outro de qualquer divisão, ou até ser quem a identifica, expõe e trabalha para a atenuar são oportunidades claras para se tornarem relevantes para as pessoas. Adotar uma posição pode trazer relevância, empatia e uma conexão emocional com alguns… mas corre o risco de alienar ou ofender outros”, lê-se no Trend or Hype.

O dilema está lançado: não ter uma postura é, em si, uma postura. Ser explícito pode ofender, mas permanecer em silêncio também. Ter um posicionamento claro e atuar com consistência e autenticidade pode não servir para todos, mas assegura relações e conexões sólidas entre marcas e consumidores“, acrescenta-se.

Patrícia Araújo, chief strategy officer do Grupo Publicis Portugal.

Bem-me-quer, mal-me-quer

A tensão entre a autoaceitação e a aprovação social é um fenómeno que não passa despercebido, no entanto “o discurso social sobre a beleza da autoaceitação não tem sido acompanhado por ações concretas que o sustentem”.

Este fenómeno (33 pontos) continua a ser um hype precisamente porque “expressa uma contradição não resolvida: as pessoas sentem-se divididas entre o desejo de autenticidade e a imposição de uma perfeição inatingível”, sendo este um fenómeno que permanece mais ao nível da conversa do que da prática.

Assim, hoje surge uma nova oportunidade para as marcas se conectarem com o consumidor, ajudando-o a defender as suas aspirações e a sentir-se bem consigo próprio. Nesta ótica, as marcas devem evitar estigmatizar, promover a ideia de que qualquer forma de ser é válida e valiosa e agir concretamente nesse sentido: as marcas “devem focar-se mais nas ações que realizam do que nas intenções que manifestam“, lê-se no estudo.

A sociedade sem tempo

A falta de tempo é uma tensão social de grande relevância e um tema “sobre o qual todos falam, mas do qual poucos sabem escapar”. É um fenómeno que domina as conversas mas, apesar da sua visibilidade, “ainda não desencadeou uma mobilização social significativa”.

Neste sentido, este fenómeno (52 pontos) é um hype que capta a atenção mediática e individual, mas que “não reflete uma transformação social consolidada”. “As pessoas procuram simplificar as suas vidas… mas uma sociedade que se mede pela produtividade tangível não facilita”, lê-se no estudo.

Neste sentido, “ser a primeira marca numa lista mental é uma forma clara de agregar valor, pois poupa tempo ao consumidor“. Além disso, “se o tempo é ouro, o tempo que uma pessoa dedica a uma marca é ainda mais valioso, seja ao visualizar a sua publicidade, seja ao escolhê-la na prateleira. Portanto, devemos assegurar que esse tempo seja bem aproveitado e de valor real”, aconselha-se no estudo.

As marcas que se empenharem em otimizar, conciliar e proporcionar mais tempo de lazer ou qualidade de vida terão uma vantagem significativa junto dos consumidores. Empresas como a Apple, Google ou Amazon, que incorporam a simplicidade de uso e a rapidez dos resultados como parte fundamental da sua proposta de valor, entendem bem esta necessidade”, acrescenta-se.

A diluição do compromisso

Numa altura em que as pessoas estão a redefinir o que significa comprometer-se, eliminando a rigidez associada ao conceito, o compromisso tornou-se mais flexível, mais fluído e mais adaptado às circunstâncias e às necessidades momentâneas, pelo que a diluição do compromisso é um fenómeno (26 pontos) com baixa relevância, mas ao qual é importante estar alerta.

Afinal, “se procuramos compromissos mais leves e abertos com as pessoas, porque haveríamos de ser diferentes na relação com as marcas?”, questiona-se no estudo, onde se refere que a “oferta esmagadora” de escolhas faz com que o comprometimento com uma única marca “pareça limitador”.

“Observamos que os consumidores não só mudam de marca com facilidade, como também as utilizam de forma simultânea, conforme as suas necessidades e desejos. Até o próprio ato de fazer compras mudou radicalmente. Já não existe o cliente fiel que faz todas as suas compras num único lugar”, lê-se.

“Neste cenário, o verdadeiro valor está na capacidade de se reinventar, emocionar e conquistar de dia para dia. A adaptação e inovação constantes permitirão que os consumidores continuem a escolher-nos, mesmo quando as opções são infinitas. O desafio não é apenas conquistar, mas manter o interesse aceso, cultivando uma relação intensa e duradoura“, acrescenta-se ainda.

Estudo pretende oferecer “lente diferenciada”

Num “contexto global saturado por informações incessantes e mudanças constantes”, o Trend or Hype procura assim “oferecer uma lente diferenciada para as marcas entenderem profundamente quais fenómenos sociais são sustentáveis a longo prazo e relevantes na sociedade, e quais são apenas modas passageiras, trazendo mais clareza para a tomada de decisões estratégicas”, refere-se em nota de imprensa.

O estudo, que já conta com duas edições em Espanha, foi agora apresentado pela primeira vez em Portugal, numa edição que contou com a parceria da Scopen.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Habitação. Marvila e Foz são as freguesias mais caras de Lisboa e Porto

Maior acréscimo na mediana do preço da habitação em relação ao trimestre homólogo pertence em Lisboa ao Areeiro e no Porto à Campanhã.

Marvila é a freguesia de Lisboa com o preço por metro quadrado mediano mais elevado, fixando-se mesmo acima da mediana de Lisboa, enquanto Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde é a freguesia do Porto com o preço mais alto, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira.

No período de 12 meses de outubro de 2023 a setembro de 2024, entre as 24 freguesias de Lisboa, as freguesias de Marvila, Santo António, Estrela, Santa Maria e Areeiro foram as que registaram os preços medianos mais altos e superiores a 5.250 euros/m2:

  • Marvila (6.014 euros/m2)
  • Santo António (5.985 euros/m2)
  • Estrela (5.663 euros/m2)
  • Santa Maria Maior (5.350 euros/m2)
  • Areeiro (5.284 euros/m2)

O INE destaca que, excetuando Santo António (-1,6%), estas freguesias “registaram, simultaneamente, preços medianos acima do valor de Lisboa (4.252 eurs/m2) e taxas de variação, em relação ao período homólogo, superiores à verificada no município (2,4%)”.

O maior acréscimo na mediana do preço da habitação em relação ao trimestre homólogo (últimos 12 meses) foi registado na freguesia de Areeiro, com um aumento de 29,5%.

Por outro lado, Alcântara (4.151 euros/m2 e -4,1%), Carnide (4.032 euros/m2 e -5,5%), Ajuda (4.000 euros/m2 e -2,0%), Benfica (3.873 euros/m2 e 2,0%), Penha de França (3.577 euros/m2 e -0,3%) e Olivais (3.468 euros/m2 e -5,5%) registaram preços e taxas de variação homólogas inferiores a Lisboa.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

No Porto, destacaram-se, por apresentarem preços medianos acima do valor do Porto (2.940 euros/m2) e taxas de variação homóloga inferiores à observada no município (5,1%):

  • União de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (3.961 euros/m2 e 3,7%)
  • União de freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória (3.169 euros/m2 e -1,8%)
  • União de freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos (3.129 euros/m2 e 2,7%)

O INE assinala que a freguesia de Campanhã (2.924 €/m2) foi, de entre as freguesias do Porto, a que registou o maio aumento homólogo: 35,1%.

“Este aumento expressivo do preço mediano de habitação na freguesia de Campanhã resultou, sobretudo, da venda de alojamentos novos – que representou cerca de 54,6% das transações desta freguesia, valor que se tinha situado em 30,3% no trimestre homólogo – e cujo valor mediano foi de 3.315 euros/m2″, explica.

As freguesias de Bonfim (2.800 euros/m2 e 9,2%) e Ramalde (2.757 euros/m2 e 8,7%) registaram, de outubro de 2023 a setembro de 2024, um preço mediano inferior ao do Porto, mas uma taxa de variação homóloga superior.

Já Paranhos (2.773 euros/m2 e 1,7%) foi a única freguesia do concelho do Porto a apresentar, no mesmo período, um preço mediano e uma taxa de variação homóloga inferiores às do município.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.