Refinaria de lítio em Montalegre conta estar em operação em 2028

Os problemas financeiros da empresa de baterias Northvolt ou o cancelamento da refinaria de lítio pela Galp não altera os planos da Lusorecursos, que pretende arrancar a refinação em 2028.

A Lusorecursos, empresa que detém a concessão para explorar o lítio da mina de Montalegre, afirma que os planos de extração e refinação do minério se mantêm, depois de a Galp cancelar os seus planos para construir uma refinaria em Setúbal. Esperam iniciar a extração em 2027 e começar a entregar o produto da refinação em 2028, a clientes com os quais a empresa está agora em conversações.

“Estamos a desenvolver as medidas requeridas na declaração de impacto ambiental. Temos muitos trâmites administrativos que foram atrasando, mas estamos a prever iniciarmos a exploração em 2027, e termos hidróxido ou carbonato de lítio [produtos da refinação] para 2028“, afirma Ricardo Pinheiro, gestor e administrador da Lusorecursos.

A Lusorecursos obteve, em setembro de 2023, uma declaração de impacto ambiental (DIA) favorável para o projeto, um investimento de 650 milhões de euros, embora condicionada ao cumprimento de várias condições. Nessa altura, já a empresa estimava que a extração de lítio se iniciasse em 2027.

Estão identificadas e certificadas 15 milhões de toneladas no pegmatito do Romano, a estrutura rochosa de onde extrairá o lítio, e o objetivo é a cada ano extrair um milhão e meio de toneladas. Depois da refinação, estes volumes traduzem-se em 17.000 toneladas anuais de lítio (mais precisamente Lithium Carbonate equivalent, ou LCE, o lítio que se usa no fabrico de baterias).

Este produto ainda não tem destino fechado, mas está em discussão. O gestor indica estar em conversações com clientes a nível europeu, preferindo não avança nomes. Avança apenas que está a falar tanto com fábricas de baterias que têm a capacidade de “ativação de materiais”, um passo necessário para que o lítio possa ser usado nas baterias, como com agentes focados nessa ativação de materiais. Em todo o caso, não se tratam de “projetos novos”, e sim empresas “com negócio estável”, avalia.

Não temos qualquer problema relativamente à viabilidade económica. O produto tem valor acrescentado, é aceite no mercado, estamos a negociar com clientes e temos uma mina consciente.

Ricardo Pinheiro

CEO da Lusorecursos

Confrontado com o recente abalo da Northvolt, a promessa europeia das baterias elétricas que entregou um pedido de proteção de credores e cujo CEO e fundador abandonou “o barco”, Ricardo Pinheiro desvaloriza o impacto deste desfecho no mercado. “Queriam estar em todo o lado e mais algum. Mas o dinheiro não é infinito. E é preciso viabilidade técnica”, critica. Acredita também que “o mercado está a ajustar-se. É normal haver muitos projetos e que haja uma seleção natural do que sobrevive. Há 20 refinarias planeadas para a Europa, nem todas vão sobreviver“.

BMW, Volkswagen, Volvo, todas estas empresas tinham contrato com a Northvolt, para que esta as fornecesse de baterias. “Há mercado. Não foi por causa do que aconteceu com a Northvolt que já não há cadeia. Pode continuar-se com outros projetos exequíveis e credíveis”, comenta. Ainda assim, reconhece que estes acontecimentos têm consequências na confiança que existe no setor e no desenvolvimento da cadeia de valor das baterias, no que toca os mercados financeiros.

Sobre a Lusorecursos, não assinala quaisquer problemas semelhantes. “Não temos qualquer problema relativamente à viabilidade económica. O produto tem valor acrescentado, é aceite no mercado, estamos a negociar com clientes e temos uma mina consciente”, remata.

Já em relação à Galp, que desistiu do projeto de refinaria que tinha para Setúbal em parceria com a Northvolt, avaliado em 1.100 milhões de euros, o gestor da Lusorecursos afirma que “nunca esteve em cima da mesa” a hipótese de esta refinaria ser um dos destinos do material extraído na mina de Montalegre.

Apesar de confiante no futuro do negócio que gere, Ricardo Pinheiro reconhece que há desafios neste setor que a Europa deve endereçar, se pretender reindustrializar. Defende que é necessário “implementar o mais rapidamente possível” o Plano Draghi, no qual Mario Draghi aponta a cadeia de valor do lítio como “crucial” para o futuro do Velho Continente, mas também o Regulamento das Matérias-primas Críticas.

Os envolvidos têm de sentir que estas medidas são aplicadas no terreno. Porque quanto mais tarde, mais difícil é combater a ofensiva chinesa“, afirma Pinheiro, referindo-se à dominância que a China tem de momento nesta área, e que pode continuar a construir.

Turbulência sente-se no mercado

As questões sobre a saúde deste setor começaram a surgir quando, a 21 de novembro, a fábrica sueca de baterias de lítio Northvolt apresentou um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos, depois de ter falhado um acordo com investidores para salvar a empresa de baterias, que já contou com uma injeção de capital superior a 14 mil milhões de euros.

Já esta semana, na terça-feira à noite, a Galp anunciou que vai cancelar o projeto Aurora, a refinaria de lítio que previa instalar em Setúbal através de uma parceria com a Northvolt. A decisão surge depois de a Northvolt ter travado o investimento no projeto conjunto com a petrolífera portuguesa, uma vez que se encontra com graves problemas financeiros, justificou a petrolífera.

Neste contexto, a Lifthium Energy, empresa criada pela Bondalti e José de Mello para atuar na área do lítio, afirma-se “empenhada” em avançar com o seu projeto de refinaria, mas não tem, para já, qualquer decisão final quanto a este investimento.

Por seu lado, Savannah Resources, empresa que tem a concessão da exploração do lítio no Barroso, em Portugal, afirma que o seu caminho é “independente” do da Galp e diz estar a discutir a possibilidade, com o parceiro AMG e outros, de se construírem mais refinarias na Península Ibérica.

Esta quarta-feira, no rescaldo do anúncio da Galp, a consultora Mckinsey afirmou que via a cadeia de valor dos veículos elétricos como uma oportunidade chave para uma reindustrialização em Portugal, apesar do recente revés protagonizado pela petrolífera. “Acreditamos que Portugal pode ter um papel muito importante nessa indústria” mas é necessário “garantir que os projetos têm as condições para avançarem”, referiu André Anacleto, sócio da Mckinsey, na apresentação do Índice de Industrialização e Transição Energética criado pela consultora.

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Mota-Engil quer acelerar contributo do Brasil com crescimento de perto de dois dígitos

A construtora está otimista para o pacote de grandes investimentos que o Brasil vai lançar. Quanto à participada espanhola Duro Felguera, o CFO assegura que a exposição é "muito minoritária".

A Mota-Engil quer reforçar a sua presença no mercado brasileiro nos próximos anos, aumentando o peso na carteira de encomendas do grupo, que subiu para um recorde de 14,8 mil milhões de euros, no final de setembro. O administrador financeiro (CFO) da construtora portuguesa, José Carlos Nogueira, antecipa um crescimento anual próximo de dois dígitos, destacando as oportunidades neste país da América Latina.

Sobre a parceria com a espanhola Duro Felguera, que está a atravessar dificuldades, o responsável diz que a participação direta do grupo Mota-Engil é inferior a 13% e não antecipa impacto na empresa portuguesa.

“É importante para nós posicionarmo-nos com alguma relevância no Brasil. O Brasil tem obrigação de crescer, senão a dois dígitos, pelo menos a um dígito alto nos próximos anos como contributo para o grupo Mota-Engil“, adiantou o CFO da Mota-Engil, em declarações ao ECO.

José Carlos Nogueira destaca a “dimensão continental” do Brasil, “com uma economia com uma grande capacidade.” “Pela nossa proximidade cultural é um país que nos interessa, onde já estamos há muitos anos, através de uma parceria também local, através da empresa Construtora do Brasil, e quando olhamos para o pacote dos grandes investimentos que o Brasil está a desenvolver neste momento, uma grande parte deles é através de parcerias público-privadas. Uma oportunidade que, com a expertise que temos, não desperdiçaremos”, explica.

Em termos de oportunidades concretas, o CFO da Mota-Engil olha com otimismo para o mercado brasileiro, referindo que “o Brasil está a fazer um caminho grande na sua reindustrialização“. Mais do que as concessões rodoviárias “vai haver concessões muito importantes na área industrial, energia e transformação. Na área das energias renováveis também.”

África é a região com maior peso na carteira de encomendas, representando 55% do total no final de 2023, enquanto a América Latina — México ainda é o país que pesa mais na região — representava 34% do total, no último ano, segundo os dados divulgados no relatório e contas de 2023.

No mesmo documento, a empresa previa que, em 2024, a Empresa Construtora do Brasil registasse um “desempenho operacional positivo, alicerçado na carteira de encomendas entretanto angariada e na procura de oportunidades para expandir a mesma nos planos de infraestrutura estaduais, bem como junto de novos clientes privados, apoiando os mesmos no desenvolvimento dos seus projetos estratégicos.”

Empresa atenta a oportunidades de M&A

Com 90% do volume de negócios gerado no exterior, a Mota-Engil está agora focada “no aumento da rentabilidade das operações” e na concretização do plano estratégico para 2026. Ainda assim, José Carlos Nogueira admite que “estamos sempre atentos a oportunidades no mercado e se surgir [uma oportunidade de M&A] não perderemos a oportunidade.”

“Somos uma empresa verdadeiramente internacional e dotada da capacidade para fazer essa integração no mercado internacional e continuar a desenvolvê-lo, nomeadamente nas regiões onde encontramos maior potencial, África, em primeiro lugar, e a América Latina, que são as regiões com maior potencial de crescimento e desenvolvimento das suas economias”, acrescentou o responsável.

Quanto a Portugal, a construtora, cujo consórcio que integra ganhou o concurso para as obras de alargamento do Humberto Delgado, diz que a empresa tem a obrigação de posicionar-se “no que são os grandes projetos estruturantes em Portugal”.

Na alta velocidade, onde ganharam a adjudicação do primeiro troço, a empresa refere que está a estudar profundamente todo o pacote de alta velocidade em Portugal.

Somos a empresa com maior número de km de ferrovia em construção no mundo neste momento. Dá-nos uma capacidade de estudarmos convenientemente o segundo troço que será lançado para a alta velocidade e em que esperamos, até por algum economia de escala que exista com o primeiro, nos posicionarmos também de forma vencedora nesse segundo troço”, remata o CFO.

Acionistas “muito minoritários” na Duro Felguera

Numa semana em que surgiram novas notícias sobre a espanhola Duro Felguera, participada da Mota-Engil que está a passar por dificuldades, o responsável pelo pelouro financeiro mostra-se tranquilo, notando que a situação não deverá ter impacto no grupo português.

“O tema da Duro Felguera nasce como um braço capaz para o desenvolvimento de grandes investimentos que vai haver na reindustrialização, mas é importante perceber que a Mota-Engil esteve envolvida como parceiro industrial, mas posicionou-se sempre com um ticket de capital muito, muito exíguo, abaixo dos 13%, nos 12,5%”, esclarece José Carlos Nogueira.

O CFO da Mota acrescenta que a empresa tinha conhecimento que “a Duro Felguera tinha três mercados onde apresentava problemas”, fez “o caminho com a Duro Felguera de acomodar antes da operação o que eram as perdas e a avaliação de risco dessa mesma operação”. E a Mota-Engil “entra já numa ótica de futuro e de ter um parceiro industrial num setor em que ainda hoje em dia é muito difícil encontrar e é muito especializado com parcerias capazes de nos darem essa expertise para incorporação nos nossos grandes projetos”, acrescenta.

Dito isto, o CFO nota que a exposição do grupo “está dentro de um ambiente bastante controlado. Somos muito minoritários na estrutura acionista da Duro Felguera“, reforça.

A Mota-Engil e o grupo mexicano Prodi completaram no final do ano passado a injeção de 90 milhões de euros na Duro Felguera, o primeiro passo para a entrada como novos acionistas da cotada espanhola que em 2021 recebeu um apoio público temporário no valor de 120 milhões de euros. Depois dos primeiros 30 milhões em outubro, desembolsaram em dezembro a segunda tranche de 60 milhões de euros.

Já no passado mês de junho, a Mota-Engil, através da sua subsidiária no México, assinou um contrato com a Pemex Transformación Industrial, subsidiária da empresa petrolífera estatal mexicana, Petróleos Mexicanos, para a construção de uma unidade industrial de fertilizantes no país, um contrato no valor de 1,2 mil milhões de dólares, que integra a sua associada Duro Felguera.

Trata-se do primeiro projeto conjunto com a espanhola, que viu esta semana a estatal argelina Sonelgaz reclamar o pagamento de mais de 400 milhões, isto depois de o CEO, Jaime Argüelles, ter renunciado ao cargo após a empresa ter reportado prejuízos de 26 milhões de euros na primeira metade do ano.

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Mota-Engil foi a “vítima perfeita para um fundo abutre”, diz administrador financeiro

As ações da construtora têm estado sob forte pressão em bolsa, acumulando uma desvalorização de 37,7% desde o início do ano. O anúncio de uma posição curta de um hedge fund intensificou as quedas.

As ações da Mota-Engil EGL 0,81% vivem um ano difícil em bolsa. Apesar de nos primeiros nove meses do ano a construtora ter apresentado um crescimento de 51% dos lucros para 77 milhões de euros e uma carteira de encomendas recorde, a empresa afunda cerca de 38% em bolsa. Um comportamento em grande medida determinado pela tomada de uma posição negativa por parte de um hedge fund. Para José Carlos Nogueira, CFO da construtora, a Mota-Engil foi “a vítima perfeita”, após ter triplicado de valor em 2023.

“Fomos este ano a vítima perfeita para um hedge fund ou para um fundo abutre. Fomos a ação que melhor desempenho teve em 2023, logo um alvo interessante para esses fundos”, justifica José Carlos Nogueira em declarações exclusivas ao ECO. O administrador financeiro da empresa lembra que estes fundos especuladores identificam muitas vezes as empresas onde vão assumir posições através de algoritmos “e a Mota-Engil foi a ação que mais chamou a atenção”, após o disparo de 238,5% no último ano.

Fomos este ano a vítima perfeita para um hedge fund ou para um fundo abutre. Fomos a ação que melhor performou em 2023, logo um alvo interessante para esses fundos (…) Qualquer movimento especulativo cria um efeito muito significativo na performance da ação.

José Carlos Nogueira

CFO da Mota-Engil

Conforme explica o administrador responsável pelo pelouro financeiro da empresa, “num mercado de capitais infelizmente bastante exíguo, e com um free float da empresa também relativamente tímido. Qualquer movimento especulativo cria um efeito muito significativo na performance da ação.

A entrada, no início de setembro, do hedge fund norte-americano Muddy Waters Capital Domino Master Fund no capital da empresa, com uma posição curta, à data, de 0,65% precipitou a queda das ações da empresa, atirando as cotações abaixo dos 3 euros.

Ações da Mota-Engil sob pressão

Entretanto, as ações mantiveram a tendência descendente, apesar deste hedge fund ter recentemente reduzido ligeiramente a participação a descoberto, que visa ganhar com a queda dos títulos, para 0,57%, de acordo com a informação divulgada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Desde o início do ano, as ações da companhia liderada por Carlos Mota dos Santos acumula uma queda de 37,7%.

[O desempenho bolsista] nada tem a ver com a performance [financeira] da empresa. Fizemos um caminho muito interessante, sobejamente conhecido pelo mercado e pelos investidores. Nenhum dos investidores charneira alterou o seu posicionamento no capital da Mota-Engil“, destaca o CFO da empresa.

[O desempenho bolsista] nada tem a ver com a performance [financeira] da empresa. Fizemos um caminho muito interessante, sobejamente conhecido pelo mercado e pelos investidores.

José Carlos Nogueira

CFO da Mota-Engil

Em setembro passado, o CEO da construtora, Carlos Mota dos Santos, já tinha adiantado ao ECO que “a queda dos títulos da Mota-Engil é um movimento especulativo que não reflete a atividade operacional, nem os resultados da empresa e que está em contraciclo com a performance da empresa nos últimos anos”.

O líder da empresa tem aproveitado a fraqueza das ações para reforçar a sua posição no capital, mostrando que está confiante na evolução da empresa. Apenas este ano, o CEO da Mota-Engil já foi ao mercado em cinco ocasiões diferentes comprar títulos da construtora, tendo reforçado a sua posição com 25 mil novos títulos, num investimento agregado de 89,7 mil euros, segundo cálculos do ECO.

Para José Carlos Nogueira, a entrada de um fundo especulador no capital da empresa é uma realidade com a qual a companhia tem de aprender a viver, ainda que “nada tenha a ver com a realidade”.

“Temos é que continuar a fazer esta maratona [para prosseguir com o plano estratégico]. A ação é muito importante para nós e para os nossos acionistas, que investem e acreditam em nós, mas em que nada abala o que é a nossa capacidade de continuarmos o caminho que temos vindo a fazer”, reforçou.

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Famílias com prenda antecipada: prestação da casa cai até 130 euros em dezembro

Descida das Euribor vai deixar uma prenda antecipada no sapatinho de muitas famílias portuguesas com crédito à habitação. A prestação vai aliviar até 130 euros no próximo mês.

Dezembro traz um presente no sapatinho para muitas famílias portuguesas com empréstimo da casa. Os contratos cujas condições forem revistas no próximo mês vão ter uma redução acentuada na prestação mensal, com descidas que poderão superar os 130 euros, de acordo com os cálculos realizados pelo ECO.

O alívio nos encargos com o crédito à habitação reflete sobretudo a descida das Euribor, que são usadas como indexante na maioria dos empréstimos da casa em Portugal.

Há um ano que estas taxas interbancárias estão em rota descendente, após terem atingido máximos de mais de uma década, acompanhando as expectativas dos investidores relativamente às taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE). Atualmente as três principais taxas já se encontram abaixo dos 3%.

Com a inflação sob controlo, o BCE já começou a desapertar a malha da sua política monetária no verão. Desde junho que a autoridade liderada por Christine Lagarde já baixou as taxas em 75 pontos base e a próxima reunião marcada para 12 de dezembro deverá trazer um novo corte de 25 pontos base — é isso que esperam os analistas, embora haja quem defenda que se deva acelerar o calendário perante a deterioração das condições económicas na Zona Euro.

Para o próximo ano são esperados mais cortes do banco central em virtude do quadro macroeconómico desfavorável e que poderá sofrer com a incerteza nos motores do euro — Alemanha e França — e também com o impacto do aumento das tarifas nos EUA sob a nova Administração Trump.

Ou seja, as famílias poderão contar com mais euros nos bolsos por conta do alívio da prestação da casa que se espera para o próximo ano. Assim apontam os contratos forward sobre as Euribor, que deixam antecipar que as taxas a três e seis meses baixem para os 2% ao longo de 2025.

Euribor aliviam

Fonte: Refinitiv

Quanto é que a minha prestação vai cair?

Para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e com um spread de 1%, as contas para dezembro são as seguintes:

  • Euribor a três meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá descer para 716,99 euros, menos 47,32 euros (-6,19%) relativamente à prestação que pagava desde agosto;
  • Euribor a seis meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses rondará os 698,25 euros, uma descida de 87,57 euros (-11,14%) em relação à prestação que pagava desde maio;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá cair para 674,24 euros, menos 133,01 euros (-16,48%) face à prestação que pagou no último ano.

Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas para o seu caso e se o seu contrato for revisto agora, saiba quanto irá pagar a menos.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o simulador.

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OE2025 vai à votação final global com mais de 300 milhões de nova despesa

Entre de 2.100 propostas alterações foram aprovadas mais de 240. Só em medidas do PSD-CDS e o aumento das pensões do PS a 'fatura' vai subir em, pelo menos, 314 milhões de euros.

A proposta final global do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) é votada esta sexta-feira, tendo a aprovação garantida devido aos votos favoráveis do PSD e CDS-PP, os partidos que suportam o Governo, e a abstenção do PS. O documento sai, contudo, da especialidade com alterações ‘pesadas’. Entre as novas medidas da Aliança Democrática (AD) e do PS a ‘fatura’ para o próximo ano sobe, pelo menos, cerca de 314 milhões de euros, a que poderá ainda somar-se mais 400 milhões se o Governo voltar a atribuir o ‘bónus’ aos pensionistas.

Contra a vontade do Governo, a proposta do PS para um aumento extraordinário permanente para os pensionistas no próximo ano teve ‘luz verde’. Além disso, o Executivo viu travado o pedido para mexer nas férias e greves da Função Pública e a proposta orçamental passa a prever a manutenção da publicidade na RTP. Aos olhos dos politólogos, embora a proposta permita validar o xadrez político na Assembleia da República, “fragiliza” o Governo ao serem aprovadas 186 medidas da oposição — mas não ao ponto de ameaçar a governação até ao próximo Orçamento.

“O Governo sai fragilizado porque viu algumas medidas que propôs rejeitadas, e posicionamentos políticos da oposição que claramente evidenciam um nível de maior popularidade em determinados grupos, mas não o suficiente para o Governo assumir que não tem condições para governar até ao próximo Orçamento do Estado“, considera Bruno Ferreira da Costa, professor de Ciência Política na Universidade da Beira Interior (UBI) em declarações ao ECO. Ou seja, há medidas da oposição que “enfraquecem a posição do Executivo de Montenegro em todo este processo” por irem contra uma “vontade” clara do Governo e dos partidos que o suportam, diz o politólogo da UBI.

Paula Espírito Santo não vê com surpresa que a proposta orçamental tenha saído desvirtuada, tendo em conta as propostas recorde que deram entrada no Parlamento, mais de 2.100. “Seria de esperar que ficasse [desvirtuado] dado o equilíbrio de forças no hemiciclo“, diz a politóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), acrescentando, ainda assim, ser um desfecho “benéfico do ponto de vista de integração de propostas de partidos diferentes”, diz. “Não é um orçamento que vai derrubar o Governo“, vinca.

Ao longo de uma ‘maratona’ de votações de quatro dias, que pela primeira vez contou com a presença do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, foram aprovadas 243 propostas de alteração, 57 das quais do PSD e CDS-PP. Nas contas finais, o maior vencedor da oposição é o PAN (46 iniciativas), seguido pelo PCP (34) e o Livre (29) – estes foram também dos partidos que apresentaram dos maiores números de propostas de alteração.

Orçamento do Estado sai da especialidade com 243 alterações aprovadas, a larga maioria da oposição.

Segue-se na lista o Bloco de Esquerda (27) e o Chega (26), partido que pela primeira vez conseguiu vitórias na especialidade, chegando assim ao fim a prática dos últimos anos de sair desta fase do processo sem qualquer proposta viabilizada. Por seu lado, o PS viu passarem 18 iniciativas e a IL seis. Apesar deste retrato, o PS é o partido que faz a maior mossa ao Executivo, devido ao aumento permanente das pensões em 1,25 pontos percentuais.

A proposta socialista deverá custar 273,8 milhões de euros aos cofres do Estado só em 2025, segundo as contas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Para o PS, o impacto será um pouco inferior, de 265 milhões de euros. Já o bónus pontual entre 100 e 200 euros que o Governo pretende atribuir, em 2025, caso haja margem orçamental, vai representar uma despesa adicional de 400 milhões de euros. Contudo, este brinde tem um caráter pontual, isto é, não conta para a atualização regular anual das prestações, o que significa que este encargo só será sentido no próximo ano. Já a medida do PS tem um efeito permanente na base da atualização das pensões com impactos a longo prazo. No entanto, a UTAO não apresentou estimativas do custo desta medida nos próximos anos.

Ao impacto das pensões soma-se o custo de cerca de 40 milhões de euros associados a propostas do PSD e CDS-PP, segundo contas anunciadas pelo líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares. Assim, o Orçamento terá, pelo menos, mais cerca de 314 milhões de euros de despesa que não estava prevista pelo Executivo. Apesar de grande parte das alterações aprovadas pela oposição serem de natureza residual — e muitos representarem cavaleiros orçamentais — a fatura final ainda não está contabilizada.

“Nesta matéria, o Executivo fica numa posição difícil porque deixa de ter condições para assinalar em praça pública uma discordância evidente face a essa medida” dado que, simultaneamente, conseguiu ver aprovada a atribuição de um suplemento extra aos pensionistas, num cenário de margem orçamental, argumenta Bruno Ferreira Costa. “Seria contraproducente agora o Governo voltar a insistir nesta narrativa“, diz.

Por seu turno, Paula Espírito Santo não descarta que essa cartada venha a ser jogada — juntamente com as outras que façam referência às propostas da oposição que foram aprovadas à revelia do Governo — num cenário em que a execução orçamental comprometa as metas definidas pelo Ministério das Finanças.

O Governo pode um dia atirar à cara que uma determinada medida comprometeu outra e que isso é da responsabilidade de certo partido. Mas, neste momento, parece-me que há pouca margem para o fazer porque o documento final do OE2025 deve, acima de tudo, ser um compromisso parlamentar”, argumenta Paula Espírito Santo. “Ter um orçamento que reflete essa capacidade negocial entre os partidos é importante, embora o Governo possa não ficar tão satisfeito”, acrescenta.

“O Governo sai fragilizado deste debate na especialidade, mas não o suficiente para assumir que não tem condições para governar até ao próximo orçamento do Estado.

Bruno Costa Ferreira

Professor de Ciência Política na Universidade da Beira Interior

Entre as principais medidas da oposição viabilizadas incluem-se ainda a redução do IVA sobre as touradas para 6%, bem como da alimentação para bebés e a manutenção da publicidade na RTP. Contudo, outra das maiores ‘derrotas’ do Governo passa pelo travão ao pedido de autorização legislativa que permitia ao Executivo alterar a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, designadamente na marcação de férias, nas regras dos pré-avisos de greve e no regime de mobilidade da Função Pública, devido à aprovação de uma iniciativa do BE, com os votos de toda a esquerda e PAN, a abstenção do Chega e os votos contra do PSD, CDS e IL.

Aos olhos dos politólogos, é certo que, pelo menos até ao verão do próximo ano Luís Montenegro consiga governar — ainda que o faça com um orçamento que não é completamente da sua autoria. Bruno Ferreira Costa não descarta, no entanto, que as “coisas possam vir a aquecer” aquando das eleições autárquicas, que deverão decorrer entre setembro e outubro, de 2025. Nessa altura, diz, “pode ser criado um ambiente de antecipação” para eleições antecipadas.

Os vencedores e os perdedores

Mas se o Executivo não está satisfeito, há partidos que estarão. Um deles, é o PAN que conseguiu ser dos partidos com maior número de propostas aprovadas, algo que, segundo Bruno Ferreira Costa, já é ” tradição” uma vez que a deputada única, Inês Sousa Real, consegue aprovar propostas tanto nas governações de PS como do PSD. Este ano, o partido entregou mais de 200 iniciativas.

Em sentido contrário, surge a Iniciativa Liberal que, aos olhos do politólogo da UBI, embora não saia derrotada, termina a maratona parlamentar “eclipsada” por ter conseguido aprovar apenas uma das medidas sobre a qual fez campanha, a redução do IVA para 6% na comida para bebés, e por não se ter conseguido “distanciar do Governo” em matérias relevantes, aponta o politólogo.

Já o PS, depois de os avanços e recuos sobre o sentido de voto que adotaria aquando da votação na generalidade, conseguiu ganhar pontos por ter conseguido levar avante o aumento das pensões — embora o tenha conseguido graças à abstenção do Chega. Partido que, por seu turno, não conseguiu ver a própria proposta direcionada aos pensionistas aprovada. Os socialistas viram, contudo, ficar pelo caminho duas bandeiras: o regime de dedicação exclusiva no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o reforço na habitação. Chumbada foi também a proposta para o fim permanente das comissões no reembolso antecipado do crédito à habitação com taxa fixa e a redução do limite que a banca pode cobrar no caso da taxa fixa de 2% para 0,5%.

Por seu lado, André Ventura conseguiu ainda assim marcar terreno, destaca Bruno Ferreira Costa. Durante o debate, esta quinta-feira, o líder do partido anunciou que os 50 deputados concordaram em abdicar do aumento salarial dos políticos em 2025 — decisão que fragilizou a bancada do PSD devido à reação explosiva do líder da bancada, Hugo Soares.

Ficou visivelmente irritado“, comenta o politólogo, prevendo que o momento “viralize” nas redes sociais. “Em termos da perceção e de comunicação com o eleitorado, acaba por ser uma mensagem muito forte, ainda que com um certo populismo”, admite.

Paralelamente ao contexto da Assembleia da República, Bruno Ferreira destaca a conferência de imprensa de Luís Montenegro, na quarta-feira à noite, que serviu para falar sobre segurança interna, num dia em que a Polícia Judiciária colocara em curso uma mega-operação no concelho de Loures, distrito de Lisboa, para a detenção de “vários suspeitos” do incêndio num autocarro em Santo António dos Cavaleiros, que em outubro feriu gravemente o motorista.

Parece-me que o facto de o Parlamento ter aprovado algumas medidas da oposição passou a imagem de que o Governo estava a sair derrotado, e por isso, talvez, numa altura em que o país deveria estar focado em discutir o Orçamento, o primeiro-ministro decide fazer uma conferência de imprensa paralela, a uma hora que passa pouco despercebida”, acrescenta o politólogo.

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Fim antecipado do acordo do Novobanco está por dias. Venda de capital no primeiro semestre de 2025

Finanças devem aprovar na próxima semana o fim antecipado do Acordo de Capital Contingente entre o Fundo de Resolução e o Novobanco. Assim, o Lone Star pode avançar com venda de capital do Novobanco.

O Ministério das Finanças deverá dar luz verde ao fim antecipado do chamado Acordo de Capital Contingente (CCA, em inglês) entre o Fundo de Resolução e o Novobanco já na próxima semana, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO, num passo que permitirá ao fundo Lone Star lançar finalmente o processo de venda da instituição, provavelmente no primeiro semestre de 2025.

O fim do acordo do CCA (Contingent Capital Agreement) não só permite avançar para uma operação de venda do Novobanco, como vai desbloquear mais de mil milhões de euros em dividendos que a instituição poderá distribuir (se tiver aprovação dos reguladores) pelos acionistas, uma condição essencial para que o processo de dispersão de capital do banco possa avançar.

Nos últimos quatro anos, o banco acumulou resultados de quase dois mil milhões de euros, dinheiro que, perante a impossibilidade de serem distribuídos dividendos (dividend ban imposto pelo CCA), deixaram o balanço da instituição liderada por Mark Bourke numa posição de sobrecapitalização.

Desde meados do mês passado que a equipa do ministério liderado por Joaquim Miranda Sarmento se encontra a analisar o contrato que estabelecerá os termos e condições da extinção do mecanismo através do qual o Fundo de Resolução injetou 3,4 mil milhões de euros no banco. O ECO contactou as Finanças mas não teve uma resposta até à publicação deste artigo. Ainda assim, o ECO apurou que aguarda uma carta do Fundo de Resolução com os termos finais do entendimento com o Fundo Lone Star — nomeadamente a inclusão do Estado como terceiro acionista do Novobanco, com os mesmos direitos e proteção do próprio FdR — para a conclusão formal do processo.

Por outro lado, com o término antecipado do acordo – que só terminaria no final do próximo ano — ficam ainda resolvidas as disputas entre Fundo de Resolução e Novobanco, avaliadas em cerca de 400 milhões de euros.

Uma delas, no valor de 180 milhões de euros, já tem decisão do tribunal arbitral em favor do banco, embora passível de recurso.

Uma outra disputa no valor de 200 milhões (relativo ao pagamento não efetuado em 2021, relacionado com o agravamento do IMI para imóveis detidos por sociedades localizadas em offshore) e que ainda tramita no tribunal arbitral também vai cair por terra.

Assim sendo, no âmbito do fim antecipado do CCA, o Fundo de Resolução pagará uma compensação ao Novobanco num montante bastante inferior ao da disputa já decidida pelo tribunal e com os fundos que detém numa conta escrow e que recebeu do Banco Económico.

Para o fundo Lone Star, que comprou 75% do capital do Novobanco a troco de mil milhões de euros, além dos dividendos, isto significa que poderá lançar finalmente o processo de venda da instituição através de uma operação na bolsa (IPO, initial public offering) ou venda direta.

Este último cenário tem ganhado mais tração nos últimos tempos com a disponibilidade dos rivais para olharem para o negócio. O mais vocal foi o presidente do Santander Totta: “Será uma questão de preço”, disse Pedro Castro e Almeida esta semana. Paulo Macedo também disse que a Caixa não ficará “imóvel” num processo de consolidação da banca.

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AEMinho: Produtividade é um tema “incontornável e estrutural” para as empresas

O presidente da AEMinho, Ramiro Brito, argumenta que o país vive "um contexto em que promover o crescimento das empresas é estrutural e obrigatório".

A AEMinho promoveu esta quarta-feira um fórum dedicado ao tema da produtividade, o primeiro de vários eventos anuais que a associação que representa os patrões do Minho pretende organizar. Num evento organizado em colaboração com a Associação Business Roundtable Portugal (BRP), o presidente da AEMinho, Ramiro Brito, destacou a relevância deste tema “incontornável e estrutural para a atividade empresarial e para a economia.”

“Este é o primeiro de uma série de eventos anuais que pretendemos promover daqui em diante”, destacou Ramiro Brito, no discurso de abertura do Grow, um fórum dedicado ao tema da produtividade, que contou também com a parceria da PwC e da Deloitte e juntou empresários e vários especialistas para debater a importância da escala na produtividade, o impacto da IA e a importância fiscal na produtividade.

Ramiro Brito justificou a importância deste evento, que decorreu esta quarta-feira na Reitoria da Universidade do Minho, com a necessidade de “criar consciência crítica e promover a difusão deste tipo de informação e conhecimento na comunidade empresarial é um fator essencial ao crescimento. Vivemos um contexto em que promover o crescimento das empresas é estrutural e obrigatório.”

Este é um tópico incontornável e estrutural para a atividade empresarial e para a economia”, reforçou.

Também Carlos Moreira da Silva, o presidente da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que representa 43 empresas e grupos empresariais, responsáveis por um volume de negócios de 124 mil milhões de euros e que empregam 424 mil trabalhadores, notou que “esta iniciativa é muito importante para a missão do BRP, sendo também muito relevante para a economia portuguesa.”

Carlos Moreira da Silva sublinhou que é importante “conseguir incentivar o crescimento das empresas para que possam ser mais produtivas, e possam assim contribuir para a economia nacional“. Quanto à importância da escala, o presidente da BRP, que adiantou que o IRC progressivo “foi um tiro no pé”, considera que “produtividade e escala são dois fatores críticos para o nosso desenvolvimento”.

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PS e PSD chumbam orçamento de Setúbal. Autarca acusa partidos de impedirem funcionamento da câmara

PS e PSD chumbaram o orçamento para 2025, de 338 milhões de euros, do município de Setúbal. Autarca André Martins reage e acusa-os de impedirem normal funcionamento da câmara.

O presidente da câmara de Setúbal acusa os principais partidos de oposição – PS e PSD – de impedirem, de “forma leviana e irresponsável”, o Executivo da CDU de “concretizar obras necessárias à população” e travarem o normal funcionamento da autarquia. André Martins reage, assim, ao chumbo dos socialistas e social-democratas ao orçamento de 338 milhões de euros, mais 99 milhões do que o orçamento de 2024, em reunião extraordinária do município.

“Nós não compreendemos, nem podemos aceitar, que o PS e o PSD se juntem para impedir o executivo CDU de concretizar obras necessárias às nossas populações. E por isso estamos aqui a denunciar este comportamento indigno”, assinala, em comunicado, o autarca eleito pela CDU. André Martins diz que “em política não vale tudo” e, como tal, acusa os dois partidos de oposição de “quererem tirar resultados partidários quando se aproximam eleições”.

O presidente da câmara sadina diz que “o grande objetivo do PS e do PSD sempre foi criar maiores dificuldades à gestão da CDU”, denunciando que atuaram de “forma leviana e irresponsável”, depois de, “em conjunto, obrigarem ao maior corte de sempre nas receitas municipais, na ordem dos 20 milhões de euros, que afeta a capacidade financeira” da autarquia.

O edil está convencido de que terá o apoio dos munícipes quando souberem o que está em causa. “Estou certo de que, quando as populações tiverem melhor conhecimento do que está aqui em causa e das verdadeiras razões do chumbo anunciado deste orçamento para vigorar no ano de 2025, impedindo o normal funcionamento da atividade municipal, haverá certamente uma reação forte e alargada a um comportamento de quem, ao longo deste mandato, tudo tem feito para obstaculizar a gestão municipal a favor das populações de Setúbal e Azeitão e de um futuro melhor para Setúbal”, afirma.

André Martins lamenta, por isso, que a oposição tenha chumbado o orçamento para 2025, quando “Setúbal é “o terceiro município do país com maior valor de candidaturas aprovadas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), superior a 150 milhões de euros”. Mais, sustenta, o concelho “tem garantido para 2021-2025 o maior investimento de sempre de qualquer mandato autárquico depois do 25 de Abril, resultando disso a apresentação à Câmara Municipal do maior orçamento de sempre”, na ordem dos 339 milhões de euros.

O presidente de câmara alega ainda que “no final de três anos de mandato já há o maior investimento garantido na educação, saúde, desporto, cultura, ambiente e espaços verdes, mobilidade e transportes, no movimento associativo e habitação”.

Mais, completa, “é o município do país com maior nível de descentralização para as freguesias, tanto na atividade como no valor [com vista a] garantir maior proximidade e eficácia na avaliação e resolução dos problemas”.

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Líder britânico anuncia plano para reduzir a imigração

  • Lusa
  • 28 Novembro 2024

Starmer advertiu que os empregadores que não cumprirem as regras relativas aos vistos ou aos salários mínimos serão proibidos de contratar trabalhadores estrangeiros durante dois anos.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou esta quinta-feira um “plano” para reduzir a imigração, com requisitos mais rigorosos para a contratação de trabalhadores estrangeiros e sanções mais severas para as empresas que infrinjam a legislação em matéria de vistos.

Numa conferência de imprensa em Downing Street, a sede do executivo, o primeiro-ministro trabalhista atacou o “fracasso” do anterior governo conservador, que prometeu “recuperar o controlo” da imigração graças ao ‘Brexit’ (saída britânica do bloco europeu), e defendeu uma “nova abordagem”, seja na atribuição de vistos de trabalho ou na gestão do sistema de asilo.

O tema da imigração é sensível para o Governo britânico trabalhista, que fez da redução da migração uma das suas prioridades, prometendo fazer melhor do que os seus antecessores conservadores nesta área, o que ajudou à sua ascensão ao poder em julho.

O primeiro-ministro fez este anúncio no mesmo dia em que a ministra do Interior, Yvette Cooper, anunciou um “pacto” com o Iraque para reduzir a migração ilegal, incluindo uma maior cooperação para combater as redes de tráfico de seres humanos. Keir Starmer referiu que os pormenores deste “plano de redução da imigração” serão conhecidos num futuro próximo, recusando-se neste momento a “dar um número arbitrário” de imigrantes que o Reino Unido aceitará em cada ano.

Em particular, o plano tenciona visar os vistos de trabalho, a principal causa de imigração para o Reino Unido, entre junho de 2023 e junho de 2024, de acordo com os últimos dados publicados hoje pelo Office for National Statistics (ONS). Keir Starmer apresentou um esboço deste futuro plano, que reforçará as condições exigidas às empresas para contratarem trabalhadores estrangeiros, nomeadamente em termos de “formação dos trabalhadores no Reino Unido”.

Nas mesmas declarações, o primeiro-ministro britânico advertiu que os empregadores que não cumprirem as regras relativas aos vistos ou aos salários mínimos serão proibidos de contratar trabalhadores estrangeiros durante dois anos. O anterior Governo conservador liderado por Rishi Sunak proibiu a reunificação familiar para determinados estudantes e para os trabalhadores estrangeiros empregados no setor da saúde, e aumentou também o salário mínimo necessário para a obtenção de um visto de trabalho.

De acordo com números hoje publicados pelo instituto nacional de estatísticas britânico (ONS), a imigração líquida (os que entraram menos os que saíram) caiu 20% num ano no Reino Unido, uma consequência das políticas restritivas do executivo anterior.

Londres já assinou acordos de cooperação com outros países para combater a imigração ilegal, nomeadamente com a Albânia em 2022, e, mais recentemente, com países de trânsito da Europa de Leste, como a Sérvia, o Kosovo e a Macedónia do Norte. No total, 1,2 milhões de pessoas entraram no território entre junho de 2023 e junho de 2024, e 479 mil saíram no mesmo período, elevando o número líquido de imigração para 728 mil pessoas.

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Duplo bónus para pensionistas e fim dos cortes salariais dos políticos marcam as votações do 4.º dia

Também foi aprovado o IVA das touradas a 6%. Pelo caminho ficou a isenção de comissões no reembolso do crédito da casa e o pedido do Governo para mexer na lei da Função Pública.

O quarto dia de votações na especialidade das propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) ficou marcado por derrotas e conquistas para o Governo de Luís Montenegro. Ao todo, foram aprovadas 38 iniciativas, entre as quais o emblemático aumento extraordinário das pensões em 1,25 pontos percentuais para prestações até cerca de 1.565 euros, proposto do PS. Esta atualização suplementar somada à atualização regular decorrente da lei dará mais 21 euros por mês à pensão média (553 euros) a partir de janeiro.

Mas os deputados também deram luz verde ao bónus entre 100 e 200 euros que o Executivo poderá atribuir de forma pontual no próximo ano, caso haja folga orçamental para este brinde.

Entre as 38 iniciativas viabilizadas, 27 são da oposição, sendo o Chega o campeão com nove. Segue-se o PS e o Livre, ambos com cinco propostas aprovadas, o BE com quatro, o PCP com duas, e a IL e o PAN, com uma cada. PSD e CDS conseguiram fazer passar 11 medidas, mas a esmagadora maioria são meras correções à proposta orçamental.

Apesar do braço de ferro com o PS no caso das pensões, o partido de Pedro Nuno Santos acabou por apoiar a proposta de PSD e CDS para acabar com o corte de 5% dos políticos e gestores públicos com efeitos imediatos já em 2025. De lembrar que a iniciativa socialista defendia que o fim da penalização só se deveria aplicar a futuros mandatos para os deputados não estarem a legislar em causa própria.

Pelo caminho ficou uma proposta da IL para atualizar o regime remuneratório do Presidente da República, o qual serve de indexante para os ordenados do presidente da Assembleia da República, do primeiro-ministro, ministros, secretários de Estado e deputados.

Uma breve união que rapidamente desapareceu com o PS a juntar-se à esquerda para somar algumas batalhas perdidas para os partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD). Os três pedidos de autorização legislativa inscritos no Orçamento do Estado foram todos chumbados ou retirados da proposta orçamental.

Uma iniciativa do BE travou a possibilidade de o Governo mexer na marcação de férias, regras dos pré-avisos de greve e regime de mobilidade da Função Pública. No entanto, as negociações entre a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, e as estruturas sindicais estão a decorrer pelo que o Executivo deverá apresentar nova proposta, depois do OE2025, sem a forma de pedido de autorização legislativa e que terá de passar pelo escrutínio dos deputados.

O Parlamento chumbou outro pedido de autorização legislativa para implementar um projeto-piloto no sistema de avaliação integrada da Administração Pública (SIADAP) com vista à criação de um prémio de produtividade para os funcionários públicos. E ficou sem efeito uma proposta do OE que dava carta-branca ao Governo para mudar o IVA, designadamente para baixar o imposto sobre a construção e reabilitação de habitação da taxa máxima, de 23%, para a taxa reduzida, de 6%. Esta era uma das bandeiras do Executivo da AD de Luís Montenegro.

Mas PSD e CDS também alcançaram vitórias, designadamente com a redução do IVA dos bilhetes das touradas da taxa máxima, de 23%, para a taxa mínima, de 6%. A iniciativa contou com o apoio do Chega e do PCP, como seria de esperar. E o PS absteve-se, apesar de ter sido o autor, enquanto Governo, do agravamento do imposto no Orçamento do Estado de 2020.

Com a ajuda do Chega, os partidos da AD conseguiram ainda travar a iniciativa do PS para isentar de comissão a amortização antecipada do crédito à habitação a taxa variável. Esta medida está em vigor de forma temporária para minimizar o impacto negativo da subida dos juros, mas termina no final do ano. Como a proposta caiu, os mutuários vão voltar a pagar 0,5% sempre que reembolsem antecipadamente o empréstimo a partir do próximo ano. A iniciativa socialista também descia a comissão dos contratos a taxa fixa de 2% para 0,5%.

Para esta sexta, está marcada a votação final global do documento, que o Secretário-Geral do o PS prometeu viabilizar antes do debate do OE 2025 no Parlamento.

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Almirante Gouveia e Melo indisponível para continuar a chefiar Armada

  • Lusa
  • 28 Novembro 2024

O almirante também já transmitiu esta informação ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.

O almirante Gouveia e Melo comunicou ao Conselho do Almirantado que está indisponível para continuar mais dois anos na chefia do Estado-Maior da Armada, terminando o mandato em dezembro, disseram à Lusa fontes militares.

De acordo com as mesmas fontes, esta decisão foi comunicada pelo almirante Henrique Gouveia e Melo na quarta-feira à tarde numa reunião do Conselho do Almirantado, o conselho superior do ramo, composto por todos os vice-almirantes no ativo. O almirante também já transmitiu esta informação ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, adiantaram à Lusa as mesmas fontes.

Contactado pela agência Lusa, o almirante Gouveia e Melo recusou fazer qualquer comentário sobre o processo e salientou que as reuniões do Conselho do Almirantado “são secretas”. Também o Ministério da Defesa Nacional nada adiantou até agora sobre o assunto. Na quarta-feira, arrancou formalmente o processo de nomeação do próximo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA).

A Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas (LOBOFA) estabelece que os chefes de Estado-Maior dos ramos são nomeados e exonerados pelo Presidente da República, sob proposta do Governo.

Esta proposta deve ser precedida da audição, pelo ministro da Defesa Nacional, do chefe do Estado-Maior General das Forças Amadas (CEMGFA). O CEMGFA pronuncia-se nesta reunião depois de ter ouvido o Conselho Superior do respetivo ramo, que, no caso da Marinha, é o Conselho do Almirantado.

O processo, segundo a lei, deve ser iniciado pelo executivo, “sempre que possível, pelo menos um mês antes da vacatura do cargo, por forma a permitir a substituição imediata do respetivo titular”.

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Ministro da Educação admite que números de alunos sem aulas não são fiáveis

  • ECO
  • 28 Novembro 2024

Depois de ter anunciado uma redução de 90% do número de alunos sem professor a pelo menos uma disciplina, o ministro Fernando Alexandre diz agora que os dados não são fiáveis.

O Ministério da Educação admite que os números de alunos sem aulas que divulgou publicamente afinal não são fiáveis, com o ministro Fernando Alexandre a lamentar ter partilhado dados que apontavam uma redução de 90% dos alunos sem professor a uma disciplina, adianta o jornal Expresso (acesso pago).

O mesmo jornal noticiou na semana passada que havia 2.238 alunos que ainda não tinham tido aulas a pelo menos uma disciplina desde o início do ano letivo, o que corresponderia a uma redução de 90% face aos 21 mil em idêntico período de 2023/24, de acordo com as contas apresentados pelo ministro.

O valor foi contestado pela oposição, nomeadamente pelo anterior ministro da pasta, João Costa, que tinha dados contraditórios que havia recebido dos serviços.

Confrontado com dados contraditórios, o MECI [Ministério da Educação, Ciência e Inovação] considerou não existir fiabilidade na informação prestada pelos serviços sobre o ano letivo de 2023/24, colocando em causa o rigor de todos os dados que têm vindo a público, incluindo o valor de referência escolhido pelo Governo para a avaliação do efeito das suas medidas, assim como os dados divulgados pelo ex-ministro João Costa”, refere agora o ministério.

Fernando Alexandre, citado pelo jornal, lamentou ter indicado aquele dado e que se tivesse o conhecimento que tem hoje, não o teria feito. “Confesso que já não acredito nestes números [fornecidos pela DGEstE]. Para mim deixaram de ter validade. Simplesmente não são credíveis”, disse o ministro.

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