Governo já mudou lideranças de 14 entidades públicas em quatro meses

Da saúde à cultura, passando pelos polícias e pela habitação, o Governo já substituiu (ou prepara-se para substituir) as lideranças de 14 entidades e empresas públicas em quatro meses.

Entre exonerações, demissões ou não reconduções, o Governo já substituiu (ou prepara-se para substituir) as lideranças de 14 entidades e empresas públicas desde que tomou posse a 2 de abril, isto é, há quase quatro meses, segundo o balanço realizado pelo ECO.

Da saúde à cultura, passando pelos polícias pela habitação, a lista de mudanças nas lideranças dos organismos e empresas públicas tem crescido. Alguns deles foram nomeados em regime de substituição e ainda têm de passar pelo crivo da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), dado tratarem-se de altos quadros da Administração Pública.

O Governo liderado por Luís Montenegro recusa a existência de saneamentos políticos e alega que quer as direções ‘sintonizadas’ com Governo, bem como com a necessidade de “mudança de orientação”.

No debate quinzenal realizado a 15 de maio, o primeiro-ministro indicou que as mudanças de dirigentes de topo “vão continuar a acontecer” e só não foram em maior número porque o Executivo terá recusado substituir vários dirigentes que colocaram o lugar à disposição. “E vou-lhe dizer: houve vários. Nós é que não aproveitámos, no bom sentido do termo. Entendemos que não era o momento de os substituir“, justificou Montenegro.

A “dança das cadeiras” não é exclusiva deste Executivo. Aconteceu com outros Governos, principalmente quando mudam os ciclos políticos. Nos primeiros quatro meses de governação de António Costa houve 33 nomeações de altos dirigentes da administração pública em regime de substituição, segundo noticiou na altura o Público. E, também na altura, o argumento utilizado para algumas substituições foi imprimir uma nova orientação à gestão.

Maratona de substituições de lideranças

Neste Executivo, o “tiro” de partida foi dado pelo antigo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e por toda a sua equipa, que apresentaram a demissão à ministra da Saúde, a 23 de abril.

A decisão surgiu após o ministério liderado por Ana Paula Martins ter aumentado a pressão sobre a equipa de Fernando Araújo, ao pedir que apresentassem no prazo de 60 dias um relatório “sobre o estado atual de todas estas mudanças”, o qual o ex-secretário de Estado adjunto e da Saúde diz ter tido “conhecimento por email, na mesma altura que foi divulgado na comunicação social”.

Para substituir aquele que foi o primeiro CEO do SNS, o Governo nomeou cerca de um mês depois o tenente-coronel António Gandra d’Almeida, conhecido pelo perfil “operacional” e de “organização”, bem como pela experiência ligada a “questões de emergência”.

Ainda em abril, o Governo exonerou a provedora Ana Jorge e a restante mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) por “incapacidade de gestão”, na sequência dos problemas financeiros da instituição.

O tema levou os deputados a avançarem com um conjunto de audições “urgentes” com a então gestão e a anterior liderada por Edmundo Martinho, tendo culminado com a aprovação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da instituição fundada em 1498, que só vai arrancar após as férias parlamentares. Paulo Duarte de Sousa foi escolhido para novo provedor, Rita Prates para vice-provedora e David Lopes, Ângela Guerra, André Brandão de Almeida e Luís Carvalho e Rego para vogais.

As substituições aceleraram em maio, envolvendo cinco entidades e empresas públicas, segundo o balanço recolhido pelo ECO. Nesse mês, foi exonerado o diretor nacional da PSP — cargo ocupado por José Barros Correia desde setembro do ano passado, que foi substituído por Luís Carrilho –, bem como do até então presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA) João Dias, que admitiu ao ECO vir a contestar a decisão em tribunal.

Em maio, houve também três pedidos de demissão: de José Furtado, na altura presidente da Águas de Portugal, que foi substituído por Carmona Rodrigues; da presidente do Instituto da Segurança Social (ISS), Ana Vasques, que apresentou a renúncia por “falta de confiança” do Governo e foi substituída por Octávio Félix de Oliveira; e de Isabel Namora, que renunciou ao cargo diretora-geral da Administração da Justiça no início do mês, invocando motivos pessoais. Ana Cláudia Cáceres Pires foi nomeada para o cargo “em regime de substituição”.

No mesmo mês, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, tinha tentado nomear Gabriela Seara para presidente do Instituto de Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), mas a escolha acabou por ser chumbada pela CReSAP, segundo o Observador. Entretanto, a antiga vereadora acabou por ser resgatada por Carmona Rodrigues para ser assessora da Águas de Portugal.

Já em junho, o Governo dissolveu toda a administração da AICEP, que tinha iniciado funções em junho de 2023. O ministro da Economia indicou o economista e professor universitário Ricardo Arroja para substituir Filipe Santos Costa na liderança da agência de investimento e comercio externo de Portugal.

Nesse mês, José Manuel Passos, que dirigia o Instituto de Gestão Financeira da Educação desde 2013, — altura em que tinha a designação de Direção-Geral de Planeamento e Gestão Financeira –, apresentou a demissão, na sequência de uma tentativa de fraude de cerca de 2,5 milhões de euros. Cerca de um mês depois, Maria Duarte Nogueira foi a escolhida para o substituir em regime de substituição até à conclusão do concurso da CReSAP.

Já o último mês foi marcado, em larga medida, em torno da gestão do INEM. Logo a 1 de julho, o então presidente do INEM, Luís Meira — que já tinha colocado o lugar à disposição aquando da tomada de posse do novo Executivo –, pediu a demissão à ministra da Saúde por divergências relativamente ao contrato de aquisição de helicópteros de emergência médica e após uma troca de acusações entre a tutela e o instituto sobre o tema.

Dois dias depois, a tutela liderada por Ana Paula Martins anunciou ter escolhido Vítor Almeida para ocupar a liderança do INEM “em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo”. Mas cerca de uma semana depois o anestesista recuou na decisão, após ter imposto condições ao Ministério da Saúde que não foram acolhidas, nomeadamente ao nível da questão dos helicópteros de emergência médica, cujo contrato por ajuste direto arrisca ser chumbado pelo Tribunal de Contas, segundo avançou o Jornal de Notícias. Sérgio Dias Janeiro foi então o novo nome escolhido pela tutela para ocupar o cargo em regime de substituição.

Este mês, o Governo decidiu também exonerar a presidente do Instituto Camões, que estava há menos de um ano no cargo, o que, segundo o Expresso, iliba o Governo de lhe pagar uma indemnização, bem como da restante administração.

Na semana passada, foi ainda dissolvida toda a direção do Instituto Português do Desporto e Juventude, sendo que os mandatos do presidente Vítor Pataco e do vogal Carlos Pereira terminaram a 2 de julho, enquanto o mandato da vice-presidente Selene Martinho terminaria em 2028 e da vogal Sílvia Vermelho em 2026. Em ambos os organismos, o Executivo justificou a decisão com a “necessidade de imprimir” uma “nova orientação à gestão”.

O Governo anunciou também a transferência do atual presidente da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) para a nova estrutura de missão para as migrações e nomeou Pedro Portugal Gaspar, até agora diretor-geral do Consumidor, como novo líder da entidade.

No sábado, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação anunciou que exonerou a diretora-geral da Administração Escolar (DGAE), Susana Castanheira Lopes, que dirigia a entidade responsável pelos concursos de colocação de professores, por “falta de prestação de informações ou na prestação deficiente das mesmas”. O cargo será assumido por Maria Luísa Oliveira, em regime de substituição, com efeitos a partir desta segunda-feira. Foi ainda exonerado, a seu pedido, o vogal do conselho diretivo do IGeFE, Carlos Oliveira, responsável pela gestão do Portal das Matrículas

Contas feitas, entre exonerações, demissões ou não reconduções, o Governo já mexeu ou vai mexer nas direções de 14 entidades e empresas públicas desde que tomou posse, a 2 de abril. E com a primeira fase da reforma do Estado, que terá início em novembro, adivinham-se mexidas de, pelo menos, mais seis dirigentes de entidades públicas.

(Notícia corrigida às 12h36 para referir que o conselho diretivo do IHRU ainda se mantém o mesmo, depois de a CReSAP ter chumbado o nome de Gabriela Seara)

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Fusões e aquisições de empresas nacionais em mínimos de oito anos

Há três anos seguidos que o volume gerado em fusões e aquisições (M&A em inglês) de empresas nacionais está em queda e no primeiro semestre deste ano atingiu o valor mais baixo desde 2016.

O mercado global de fusões e aquisições (em inglês: Mergers and Acquisitions – M&A) apresentou uma dinâmica interessante no primeiro semestre de 2024, com um crescimento robusto em termos de valor e volume de negócios. No entanto, em Portugal, a realidade foi bastante distinta, com o mercado nacional a registar a terceira queda homóloga do volume global de negócios e a contabilizar o valor mais baixo dos últimos oito anos.

Globalmente, o montante gerado com operações de fusões e aquisições de empresas registou um aumento de 24% no primeiro semestre do ano em comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados do mais recente relatório sobre esta indústria da consultora Bain & Company.

Segundo a análise de David Harding e da restante equipa de analistas da Bain & Company, o crescimento global de M&A foi impulsionado principalmente pelos setores de energia e tecnologia, que juntos representaram uma parte substancial do valor total das transações.

Contrariamente à tendência global, o mercado de M&A em Portugal registou uma queda acentuada no primeiro semestre de 2024. Foram registados apenas 295 negócios, uma redução de 22% face ao mesmo período de 2023, marcando a maior queda homóloga de um primeiro semestre em pelo menos 10 anos.

No setor energético, por exemplo, as grandes operações de consolidação foram predominantes, refletindo a contínua dependência de recursos fósseis da economia mundial e a necessidade de fortalecer posições estratégicas, como ficou espelhado com a oferta da Diamondback Energy pela Endeavor e a aquisição da Marathon Oil pela ConocoPhillips, ambas avaliadas em mais de 20 mil milhões de euros.

Já no setor tecnológico, o destaque foi para os investimentos em inteligência artificial generativa, com um aumento significativo no valor das transações que, segundo dados da Bain & Company, resultou em 11 aquisições de empresas deste setor e efetuados 110 investimentos iniciais num valor total de 7.500 milhões de dólares, só no primeiro trimestre do ano.

“As empresas estão a reestruturar as suas estratégias de M&A para se adaptarem a condições macroeconómicas em mudança”, refere Álvaro Pires, sócio da Bain & Company.

Contrariamente à tendência global, o mercado M&A em Portugal registou uma queda acentuada no primeiro semestre de 2024. De acordo com dados da TTR Data, foram registados apenas 295 negócios, uma redução de 22% face ao mesmo período de 2023, marcando a maior queda homóloga de um primeiro semestre em pelo menos 10 anos.

As taxas de juro continuam a ter um efeito decisivo no volume de transações. Havia expectativas de uma inversão relevante da política monetária que animou o início do ano, mas que foram desfeitas pelos factos”, refere Duarte Schmidt Lino, sócio co-coordenador de Corporate M&A da PLMJ.

Em termos de volume de negócios também se verificou a mesma tendência de queda, contabilizando-se uma correção homóloga de 6,58%, com os primeiros seis meses do ano a fecharem com apenas 7.513 milhões de euros contabilizados em operações de fusão e aquisição envolvendo empresas nacionais, um mínimo de oito anos. É preciso recuar ao primeiro semestre de 2016 para se encontrar um valor tão baixo, segundo dados da TTR Data.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

António Rodrigues, strategy & corporate finance da PwC, explica que o mercado nacional de fusões e aquisições tende a apresentar um desfasamento temporal relativamente aos mercados mais maduros, como os EUA e o Reino Unido. “É frequente assistir-se a um atraso temporal quer nos períodos de aceleração da atividade, quer nos períodos de abrandamento”, diz o especialista, sublinhando que, “no primeiro semestre deste ano, a acentuada redução da atividade em território nacional é coincidente com a verificada na segunda metade do ano anterior em mercados mais maduros, pelo que, só por si, não constitui um fator de alarme.”

Apesar da queda geral, alguns setores destacaram-se no mercado português. A indústria transformadora, tradicionalmente ativa na consolidação empresarial, continuou a enfrentar desafios devido à volatilidade dos preços da energia e matérias-primas. Este cenário criou incertezas quanto à sustentabilidade dos modelos de negócio, dificultando a concretização de transações.

No entanto, entre os 10 maiores negócios concretizados em Portugal entre janeiro e junho, sete envolveram ativos e empresas ligadas ao setor da energia. É o caso do maior negócio do ano até ao momento, protagonizado pela Galp Energia e pela petrolífera estatal do Emirado de Abu Dhabi, a ADNOC (Abu Dhabi National Oil Company), que envolveu a alienação de 10% dos ativos upstream da petrolífera nacional em Moçambique por 650 milhões de dólares.

Mas também a conclusão da venda de alguns ativos brasileiros por parte da EDP Brasil (subsidiária da EDP) à empresa brasileira Actis por 482 milhões de euros, e a celebração oficial de uma joint-venture realizada entre a Galp e a Mitsui & Co, logo no início do ano, para produzir e comercializar biocombustíveis avançados numa unidade adjacente à refinaria de Sines com uma capacidade de 270 mil toneladas por ano, num negócio avaliado em 400 milhões de euros.

Visão animadora para o resto do ano

O primeiro semestre trouxe uma contração significativa ao mercado de fusões e aquisições em Portugal, à imagem do que também já tinha sido o primeiro semestre de 2023, reflexo de um cenário económico desafiador marcado por um ambiente de elevadas taxas de juro.

No entanto, há alguns sinais que apontam para uma recuperação nos próximos seis meses. “Os grandes fundos de investimento internacionais de capital de risco e de infraestruturas, mas também vários investidores nacionais, estão com muita liquidez acumulada para aquisições”, refere Duarte Schmidt Lino.

Estes atores do mercado, após um período de cautela, revelam-se mais abertos a concretizar novas oportunidades de investimento. É isso que também antecipa António Rodrigues. “A elevada liquidez nas mãos de large corporates e fundos de private equity, bem como o surgimento de um novo tipo de investidor até então praticamente inexistente, os family offices, constituem os principais fatores impulsionadores da esperada recuperação da atividade de fusões e aquisições, onde a maior profissionalização dos empresários também vem imprimir uma nova dinâmica.”

O mercado continua a favorecer os comprados com liquidez e pouca necessidade de alavancagem, mas com a expectativa de que o pico das taxas de juro já foi atingido, é provável que se assista a um aumento gradual nas transações alavancadas.

Esta combinação de capital disponível e o surgimento de novos investidores pode catalisar um aumento significativo nas transações nos próximos meses.

Os especialistas antecipam que os setores da indústria, tecnologia, saúde e imobiliário deverão liderar a recuperação do mercado, mantendo-se como os mais ativos e atrativos para investidores. Particularmente no setor industrial, tradicionalmente um dos mais dinâmicos em Portugal, espera-se que a volatilidade dos preços da energia e das matérias-primas dos últimos anos comece a estabilizar, reduzindo a incerteza e facilitando a concretização de negócios.

Esta estabilização pode ajudar a diminuir o hiato entre as expectativas de compradores e vendedores, que tem sido um dos principais obstáculos às transações recentes, de acordo com várias fontes ouvidas pelo ECO, que sublinham o facto de o mercado continuar a favorecer os compradores com liquidez e pouca necessidade de alavancagem.

No entanto, com a expectativa generalizada de que o pico das taxas de juro já foi atingido, é provável que se assista a um aumento gradual nas transações alavancadas à medida que o ano se aproxima do fim.

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As novas oportunidades que Oscar Herencia vê para a MetLife em Portugal

O responsável pela MetLife em Portugal e sul da Europa está atento ao novo sistema de crédito habitação jovem, seguros incorporados em produtos e serviços são apostas e seguradoras cativas um objetivo

Uma regulação especial das seguradoras cativas de bancos pode ser uma oportunidade para a Metlife “crescer ainda mais” e otimizar o seu papel e perfil nos mercados onde opera, assinalou Oscar Herencia, Vice presidente da Metlife para o sul da Europa e director geral da MetLife Espanha e Portugal, em entrevista a ECOseguros.

Oscar Herencia quer introduzir rapidamente seguros que dão a resposta às necessidades sentidas pelo mercado.

Em causa está um movimento da Autoridade Europeia dos Seguros e Fundos de Pensões (EIOPA) para aprimorar a supervisão sobre as cativas para fomentar a sua transparência e garantir a sua solidez financeira, especialmente no contexto da regulação Solvência II, um regime regulatório da União Europeia para as seguradoras. As cativas são seguradoras de propriedade de bancos ou outras empresas, usadas principalmente para gerenciar riscos internos.

Oscar Herencia ressalta que as seguradoras cativas, além de serem concorrentes, são também colegas da indústria e afirma que “não há nenhuma razão para desconfiar delas”. O responsável reforça que “elas realizam um trabalho tão profissional e com a mesma qualidade que os demais participantes do mercado”.

Herencia também observa que “há uma diferença entre um banco ser o dono de uma companhia e uma companhia ser absolutamente independente”. O responsável acredita que o facto da MetLife ser uma seguradora independente traz vantagens na autonomia da gestão dos dados e na ausência de conflitos de interesse com concorrentes. “Longe de ser um problema não ter um banco como proprietário, o que provavelmente facilitaria os negócios, isso nos confere outro caráter que tentamos otimizar da melhor maneira possível”, conclui.

Quem ganha com os seguros associados aos créditos para consumo?

No primeiro trimestre do ano o crédito pessoal atingiu um valor recorde e o diretor geral da Metlife para Portugal e Espanha ressalvou que a contratação de apólices de seguro associadas aos créditos ao consumo são uma mais-valia para o cliente e para bancos e instituições financeiras.

Para o cliente porque “numa situação de dificuldade, inclusive em caso de desemprego ou de incapacidade temporária” a seguradora vai pagar as despesas que cobre, possível, por exemplo, no crédito pessoal ou na compra de carro. Para a entidade financeira a mais-valia “é oferecer um serviço mais completo para o cliente final”. “É uma aproach win-win-win que ajuda as três partes”. Além disso, a Metlife aponta que outra mais-valia para os bancos é “a possibilidade [da MetLife] ser muito flexível, adaptar perfeitamente às necessidades do banco. Nesse sentido, temos alguma experiência em definir programas diferentes e em função do que eles estão a precisar”.

MetLife responde às novas gerações com ajuste de produtos

Com garantia pública para a compra de casa aos jovens, que deverá ser implementada a 1 de agosto, o responsável assinala que após ser concedido o crédito a um jovem o risco do devedor não pagar “é controlado e está dentro dos limites que trabalhamos”. Assim, acredita não ser necessário para a MetLife criar novos produtos “por já ter um produto competitivo”, mas o foco deverá estar em dar aos jovens alternativas que respondam às suas necessidades.

A MetLife apenas abre novas classes de seguro “unicamente” quando recebe feedback do mercado e após analisar, concluir fazer falta um produto. Tal aconteceu em 2022, quando desenvolveu cerca de 25 novos produtos seguros de assistência e danos a outros bens porque as novas gerações “precisam de soluções muito ajustadas às suas necessidades.”.

Como exemplo, o responsável mencionou ainda o produto lifestyle, ou estilo de vida, lançado em 2008 em Portugal que visa cobrir as despesas recorrentes dos clientes em caso de desemprego, ano que rebentou a crise financeira internacional.

“Portugal serve como espelho para trazer as práticas a Espanha”

Herencia enfatizou que a experiência em Portugal serve de modelo para a operação em Espanha, onde a MetLife está a expandir suas práticas bem-sucedidas. “Portugal serve como espelho para trazer as práticas a Espanha“, afirmou. A empresa também começou a distribuir produtos digitalmente, reforçando o compromisso da MetLife com o mercado português. “Para nós, a aposta por Portugal é uma aposta firme e comprometida”, concluiu Herencia.

Para a MetLife, Portugal representa um mercado fundamental, não apenas regionalmente, mas globalmente. Herencia ressaltou a diversificação de canais da empresa, que inclui uma rede de agências próprias altamente profissional e um “relacionamento excelente com brokers“.

Segundo Oscar Herencia, a capacidade de adaptação e filtragem foi crucial para o sucesso da MetLife em Portugal, que em 2025 completa 40 anos de operação no mercado português, permitindo a superação de concorrentes que não conseguiram se estabelecer de forma duradoura no mercado. “Vimos passar alguns concorrentes pelo mercado, que tentaram fazer direto ao consumidor como fazemos nós, tentaram banca e tiveram que sair porque não terminaram de organizar a participação“, explicou Herencia.

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Uma palavra para o Fórum Nacional de Seguros? Conheça-a aqui

  • ECO Seguros
  • 28 Julho 2024

Todos os participantes da terceira edição do Fórum Nacional de Seguros foram convidados a descrever o FNS numa só palavra. Veja, agora, o primeiro bloco de depoimentos de cada um deles.

Na terceira edição do Fórum Nacional de Seguros (FNS), o ECO Seguros desafiou todos os participantes do evento a descreverem o FNS em apenas uma palavra. Se para alguns foi fácil encontrar uma palavra forte que caracterizasse a iniciativa, para outros foi mais desafiador, mas nem por isso desistiram e opções não faltaram.

Veja, aqui, o primeiro bloco de depoimentos.

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Zurich Portugal reconhecida como Top Employer 2024

  • ECO Seguros
  • 28 Julho 2024

A seguradora tem vindo a apostar em manter um ambiente de trabalho que inspire os seus colaboradores, o que acaba por potenciar as suas capacidades, diz Helene Westerlind, CEO da empresa.

A Zurich Portugal está entre as 50 empresas consideradas empregadoras de topo em Portugal, tendo recebido a certificação ‘Top Employer Portugal 2024’, da entidade global que reconhece as empresas com as melhores práticas de gestão de pessoas – Top Employer Institute.

Helene Westerlind, CEO da Zurich Portugal, em entrevista ao ECO Seguros - 20OUT23
Helene Westerlind, CEO da Zurich Portugal: “Este reconhecimento reflete o nosso foco em querermos que cada um dos nossos colaboradores esteja no seu melhor e alcance o seu máximo potencial”.Hugo Amaral/ECO

A seguradora aposta em “fomentar um ambiente de trabalho que potencie os nossos atuais e futuros colaboradores, incentive o seu desenvolvimento e fomente uma cultura de inovação”, assinalou a CEO da Zurich em Portugal.

“Esta distinção está totalmente alinhada com a nossa ambição de sermos reconhecidos como empregador de topo em Portugal” e “reflete o nosso foco em querermos que cada um dos nossos colaboradores esteja no seu melhor e alcance o seu máximo potencial”, revelou Helene Westerlind.

Além da Zurich, a NTT Data, consultora com especialidade na área dos seguros, também recebeu a certificação ‘Top Employer Portugal 2024’.

Já em fevereiro deste ano a Zurich Portugal alcançou o 1.º lugar na categoria de grandes empresas (com mais 251 colaboradores) na 8.ª edição do Índice da Excelência, estudo do ambiente organizacional e de desenvolvimento do capital humano realizado pelo CEGOC e a consultora Neves de Almeida em parceria com o ISCTE Executive Education.

Na categoria de médias empresas, aquelas com 51 a 250 colaboradores, a CA Seguros destacou-se na 1.º posição e a Real Vida na 8.ª.

Quanto à categoria de vencedores por setor relativa à Banca, Seguros e Serviços Financeiros a CA Seguros foi a seguradora reconhecida.

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Vice-presidente da NYSE vai ser o próximo presidente da Acrisure

  • ECO Seguros
  • 28 Julho 2024

A corretora que adquiriu a portuguesa Universalis, e é hoje a 6ª maior do mundo, recrutou o vice-presidente da Bolsa de Nova Iorque para reportar ao fundador Greg Williams.

A Acrisure, 6ª maior corretora do mundo e que detém a Universalis em Portugal, anunciou que John Tuttle, atualmente vice-presidente da Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE), será o novo presidente da Acrisure a partir de 1 de setembro de 2024. Vai reportar ao Co-Fundador, Chairman e CEO da Acrisure, Greg Williams.

William Ruto, presidente do Quénia, com o novo presidente da Acrisure, John Tuttle.

Tuttle tem uma carreira de 17 anos na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE), para onde foi após estar na administração do Presidente George W. Bush, no Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA). Bacharel pela Eastern Michigan University e com um mestrado em Administração de Empresas pela University of Notre Dame, Tuttle fez parte do conselho de administração de várias organizações corporativas e sem fins lucrativos, antes de se juntar à NYSE.

“O domínio de John sobre os mercados de capitais e as suas relações profundamente enraizadas em toda a indústria de serviços financeiros fazem dele um candidato ideal para se juntar à Acrisure num momento crucial,” disse Greg Williams, Co-Fundador, Presidente e CEO da Acrisure, acrescentando que “a sua experiência no cenário global complementará a nossa equipa e o seu trabalho, tanto no setor público quanto no privado, posiciona-o como um forte defensor da nossa empresa e dos nossos clientes à medida que continuamos a transformarmo-nos e crescer.”

Na NYSE, Tuttle esteve envolvido em quase todas as linhas de negócio, incluindo listagens, mercados de capitais e produtos negociados em bolsa, ajudando a gerir as relações da Bolsa com 2.400 emissores e mais de 1.300 ofertas de ações, incluindo ofertas públicas iniciais (IPOs) e follow-ons, que arrecadaram mais de 1,5 biliões de dólares. Mais recentemente, Tuttle criou e serviu como presidente do NYSE Institute, a plataforma da Bolsa que une políticas públicas e comércio global.

Segundo a corretora, a nomeação de Tuttle reforça o compromisso da Acrisure em atrair talentos de topo e fomentar uma cultura corporativa inovadora. A Acrisure tem consistentemente demonstrado a sua capacidade de se adaptar e prosperar num mercado em rápida evolução.

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Grupo Ageas Portugal tem novo CFO

  • ECO Seguros
  • 28 Julho 2024

Evan Waks é o sucessor de Christophe Van de Weghe como administrador financeiro do grupo em Portugal. Vem da Ageas no Reino Unido.

O britânico Evan Waks é o novo administrador financeiro do Grupo Ageas Portugal, sucedendo a Christophe Van de Weghe que foi destacado desde 1 de junho para diretor de risco (CRO) da holding do grupo baseado em Bruxelas.

O novo CFO será vogal da administração e membro da comissão executiva da Ageas Vida, da Ageas Seguros e da Médis no atual mandato que dura até 2025.

Evan Waks vem da Ageas UK.

Waks vem da Ageas UK onde tinha a responsabilidade sobre as áreas de risco, compliance e legal, antes tinha estado durante 17 anos na AXA, em funções financeiras antes de se tornar responsável pelo risco.

O Grupo Ageas Portugal será liderado por Steven Braekeveldt até 1 de outubro, data em que se fará a transição para Luis Menezes. Na atual comissão executiva, para além da entrada de Waks, continuam Eduardo Consiglieri Pedroso, Gustavo Barreto, José Gomes, Nelson Machado, Pedro António e Vanda Antunes.

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Campanha de Kamala Harris já arrecadou 200 milhões de dólares

  • Lusa
  • 28 Julho 2024

Dois terços do dinheiro veio de contribuintes iniciantes no ciclo eleitoral de 2024. Mais de 170 mil voluntários já se inscreveram para ajudar na campanha à Casa Branca da atual vice-presidente.

A campanha da vice-presidente Kamala Harris já arrecadou 200 milhões de dólares desde que surgiu como provável candidata presidencial democrata na semana passada, um resultado impressionante na sua corrida contra o candidato republicano, o ex-Presidente Donald Trump.

A campanha, que anunciou hoje o mais recente total de angariação de fundos, afirmou que a maior parte das doações — 66% — vem de contribuintes iniciantes no ciclo eleitoral de 2024 e foram feitas depois de o Presidente Joe Biden ter anunciado a sua saída da corrida e o apoio a Harris.

Mais de 170 mil voluntários também se inscreveram para ajudar a campanha de Harris com serviços bancários por telefone, campanhas e outros esforços para conseguir votos. Faltam 100 dias para o dia das eleições.

“O ímpeto e a energia da vice-presidente Harris são reais – e também o são os fundamentos desta corrida: esta eleição será muito renhida e decidida por um pequeno número de eleitores em apenas alguns estados”, disse Michael Tyler, diretor de comunicação da campanha.

Harris fez campanha em Pittsfield, Massachusetts, no sábado, atraindo centenas de pessoas para uma angariação de fundos que foi organizada quando Biden ainda estava no topo da lista democrata. Esperava-se originalmente que a angariação de fundos arrecadasse 400 mil dólares, mas acabou por angariar cerca de 1,4 milhões de dólares, de acordo com a campanha.

Harris rapidamente reuniu o apoio democrata depois de Biden, cuja candidatura falhou após a sua desastrosa prestação no debate de 27 de junho contra Trump, e ter abandonado a corrida.

A ex-presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, o ex-líder da minoria na Câmara, Jim Clyburn, o ex-presidente Bill Clinton e a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton foram rápidos a anunciar o seu apoio a Harris.

Os angariadores de fundos democratas, o ex-presidente Barack Obama e a sua mulher Michelle Obama anunciaram o seu apoio na sexta-feira.

Harris disse no sábado que continuava a ser a “menos provável” na corrida, mas que a sua campanha estava a ganhar força.

O Future Forward, o maior apoio financeiro da política democrata, anunciou na semana passada que tinha garantido 150 milhões de dólares em compromissos de doadores nas primeiras 24 horas depois de Biden ter desistido e apoiado Harris.

Os candidatos democratas à Câmara e ao Senado dizem que também viram um aumento de apoio desde que Harris emergiu como a provável candidata do partido.

Entretanto, Trump, e o seu o companheiro de lista, para a vice-presidência, o senador JD Vance, e os seus apoiantes intensificaram os esforços para enquadrar Harris como uma política de extrema-esquerda, sem contacto com o norte-americano comum.

Vance disse hoje depois de uma paragem num restaurante em Waite Park, no Minnesota, que Harris “sentiu um pequeno solavanco com a sua apresentação”, mas previu que esta se dissiparia em breve.

“As pessoas vão conhecer o historial dela”, disse Vance. “Vão aprender que ela é uma radical. Vão aprender que ela é basicamente uma liberal de São Francisco que quer levar as políticas de São Francisco a todo o país”, disse.

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📹 O que falta para confirmar a candidatura de Kamala Harris à Casa Branca?

Os democratas uniram-se em torno da candidatura da atual vice-presidente dos EUA. Mas, para ser oficialmente nomeada, ainda tem de garantir o apoio da maioria dos delegados na convenção do partido.

Joe Biden não resistiu ao debate desastroso contra Donald Trump e à pressão que persistia há semanas, sobretudo no seio do Partido Democrata, para que abandonasse a corrida à Casa Branca. O anúncio da desistência foi formalizado no último domingo, após o qual o atual Presidente dos Estados Unidos rapidamente declarou o seu apoio a Kamala Harris para tomar o seu lugar na candidatura às eleições de 5 de novembro.

Nas 24 horas seguintes, Kamala Harris reuniu o apoio de governadores estaduais, dos líderes do partido no Congresso e também de algumas das principais figuras democratas, entre as quais a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e Bill e Hillary Clinton. Só faltava o apoio do casal Obama, que chegou esta sexta-feira.

Ainda assim, não é garantido que a antiga senadora e procuradora-geral da Califórnia seja a candidata dos democratas à eleição presidencial. Primeiro, ainda tem de confirmar o apoio de um número suficiente de delegados na convenção nacional do partido, agendada para o próximo mês, e propor um “número 2” para enfrentar os republicanos Donald Trump e J. D. Vance – um processo que o partido quer apressar.

https://videos.sapo.pt/l3EmJ1vn3cFyWZISvJTD

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Itália e China assinam plano de ação a três anos, para implementar cooperação

  • Lusa
  • 28 Julho 2024

Meloni está a tentar redefinir as relações com a China, perante os receios de uma guerra comercial com a União Europeia. Primeira-ministra italiana reuniu-se com o seu homólogo chinês, Li Qiang.

A Itália e China assinaram hoje um plano de ação a três anos, para implementar anteriores acordos e experimentar novas formas de cooperação, disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni numa visita oficial à capital chinesa.

Meloni está a tentar redefinir as relações com a China, pois os temores de uma guerra comercial com a União Europeia estão entrelaçados com o interesse contínuo em atrair investimentos chineses no fabrico de automóveis e outros setores.

“Certamente temos muito trabalho a fazer e estou convencida de que esse trabalho pode ser útil numa fase tão complexa ao nível global, e também importante ao nível multilateral”, disse Meloni no início de uma reunião com o seu homólogo chinês, Li Qiang.

A visita da chefe do Governo italiano de cinco dias, acontece vários meses após Itália ter saído da Iniciativa “Nova Rota da Seda”, uma política assinada pelo Presidente chinês Xi Jinping, para construir uma infraestrutura de energia e transporte ao redor do mundo para estimular o comércio global, ao mesmo tempo em que aprofunda os laços da China com outras nações.

A decisão da Itália em se juntar em 2019 deu à China uma incursão na Europa Ocidental e um impulso simbólico numa guerra comercial então violenta com os Estados Unidos, notícia a Associated Press (AP), mas Roma afirma que os benefícios económicos prometidos não se materializaram, e a sua adesão criou atritos com outros Governos da Europa Ocidental e os Estados Unidos.

A Itália, porém, continua interessada em buscar um relacionamento económico forte com a China.

A Stellantis, um grande grupo que inclui a italiana Fiat, anunciou em maio passado que havia constituído uma ‘joint-venture’ com a Leapmotor, uma ‘start-up’ chinesa de carros elétricos que começará a vender veículos elétricos na Europa.

Os veículos elétricos tornaram-se um símbolo das crescentes tensões comerciais entre a China e a União Europeia (EU), com a União impondo tarifas provisórias de até 37,6% sobre veículos elétricos fabricados na China no início de julho. Os dois lados estão em conversações para tentar resolver o problema até ao início de novembro.

Enquanto isso, a China lançou uma investigação ‘antidumping’ sobre as exportações europeias de carne suína, poucos dias após a UE anunciar que imporia tarifas sobre os veículos elétricos chineses.

Meloni, que chegou a Pequim no sábado, tinha-se já reunido com Li Qiang, em Nova Deli, em setembro passado, durante a cimeira anual do G-20, que reúne os líderes de 20 maiores economias mundiais.

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Carlos Tavares sob pressão após resultados desapontantes da Stellantis

Resultados do primeiro semestre foram mal recebidos pelos investidores, com opções erradas nos EUA a penalizarem as contas. "A descida está a começar e Tavares está encostado à parede", diz analista.

Carlos Tavares tornou-se um dos CEO mais admirados — e bem pagos — do mundo pela forma como tornou o grupo Stellantis, dono de marcas como a Peugeot, Fiat, Citroën, Opel, Jeep ou Maserati, num dos maiores construtores automóveis do mundo, com resultados invejados pela concorrência. Esse bom desempenho foi interrompido este semestre, com o gigante europeu a anunciar uma queda para quase metade dos lucros no primeiro semestre. O resultado, a par das dificuldades no mercado americano, deixam o português sobre alta pressão.

O grupo Stellantis viu as receitas caírem 14% para 85 mil milhões de euros, enquanto o resultado operacional caiu 40% para 8.463 mil milhões, com a respetiva margem a baixar 4,4 pontos percentuais para os 10%. Os lucros cifraram-se em 5,7 mil milhões de euros, menos 48% que no mesmo período de 2023.

Os resultados foram particularmente negativos nos EUA, onde o grupo tem as marcas Chrysler, Dodge, Jeep e Ram. A oferta desajustada de modelos e preços mais elevados levaram a uma quebra de 16% nas vendas e perda de quota de mercado.

Os números foram mal recebidos pelos investidores. As ações caíram 8,7% após a divulgação dos resultados na quinta-feira, tombando mais 3% no dia seguinte. Quedas que reforçaram a tendência que se vem a verificar desde março, com a cotação a desvalorizar 40,5% desde o recorde verificado nesse mês.

Os analistas também não pouparam nas críticas. “Eis-nos numa situação em que a Stellantis fez todas as coisas erradas num trimestre“, afirmou Daniel Roeska, analista sénior da Bernstein, à Yahoo! Finance.

“Eles aumentaram os stocks no ano passado. Tiveram que colocar descontos novamente. Baixaram os preços. Gastaram demasiado em fusões e aquisições. Gastaram demasiado em investimentos e basicamente não tinham fluxos de caixa libertos… Esta é realmente a primeira vez nos últimos três anos que a Stellantis estragou tudo”, acrescentou.

A descida está a começar e Tavares está encostado à parede”, afirmou Pierre-Olivier Essig, analista de ações da AIR Capital, em Londres, em declarações à Bloomberg. “O corte de custos está esgotado e não há inovação suficiente.

Face aos resultados apresentados, algumas casas de investimento vieram rever em baixa a avaliação das ações. Foi o caso da JP Morgan, que baixou o preço-alvo de 23 para 20 euros e da Stifel, que cortou de 27 para 23 euros.

O gestor de 65 anos, que há três meses viu os acionistas aprovarem o maior pacote remuneratório de um fabricante de automóveis tradicional (o de Elon Musk, na Tesla, é imbatíbel), no valor de 36,5 milhões de dólares, assumiu erros.

Neste momento não podemos ter marcas que não ganhem dinheiro. Se não forem capazes de monetizar o valor que representam, terá de haver decisões.

Carlos Tavares

CEO do grupo Stellantis

“O desempenho da empresa no primeiro semestre de 2024 não correspondeu às nossas expectativas, refletindo um contexto industrial desafiante e os nossos próprios problemas operacionais”, afirmou Carlos Tavares após a divulgação dos resultados. O CEO da Stellantis reconhecer “erros arrogantes” na gestão dos stocks nos Estados Unidos.

Face à evolução dos resultados, o grupo poderá vir a abrir mão de uma ou mais das suas 14 marcas. “Neste momento não podemos ter marcas que não ganhem dinheiro“, afirmou, acrescentando que “não há qualquer tabu” sobre esta questão. “Se não forem capazes de monetizar o valor que representam, terá de haver decisões”, insistiu.

O CEO da Stellantis reafirmou a intenção de manter uma margem operacional ajustada de dois dígitos e distribuir 7,7 mil milhões aos investidores em dividendos e a recompra de ações. Objetivos que pretende concretizar com a ajuda do lançamento de 20 novos modelos este ano.

A Stellantis não foi a única a ter um trimestre difícil. A Tesla registou uma quebra de 7% nas vendas e também viu as margens encolher, face ao abrandamento dos gastos dos consumidores em bens duradouros e a concorrência crescentes dos fabricantes chineses nos carros elétricos.

Carlos Tavares fez questão de assinalar o contexto difícil. “A transição porque estamos a passar vai ser imensamente desafiante. Isto é um solavanco. Haverá outros. Isto irá durar alguns anos — não é uma turbulência de curto prazo — e os mais resilientes, os mais focados, os mais centrados no consumidor irão sobreviver“, referiu, citado pela Bloomberg.

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Grupo de peritos alerta para risco de fraude no PRR da habitação

  • ECO
  • 28 Julho 2024

Grupo de reflexão multidisciplinar criado em 2020 pela PGR recomenda à Estrutura de Missão Recuperar Portugal que reforce o controlo das operações apoiadas pelo PRR.

Um grupo de peritos criado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para elaborar estratégias de combate à fraude nos fundos está preocupado com as novas regras que permitiram agilizar as candidaturas e pagamentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a construção de habitação, avança o Público este domingo.

O think tank elaborou uma recomendação à Estrutura de Missão Recuperar Portugal para que considere “reforçar o controlo das operações apoiadas pelo PRR” que sejam aprovadas ao abrigo das novas regras que entraram em vigor no início de Junho e que permitem a aprovação tácita das candidaturas e um pagamento antes da análise do processo. Esta foi a forma encontrada pelo Governo para tentar concretizar a construção de 26 mil fogos dentro dos prazos do PRR.

O grupo de reflexão multidisciplinar foi criado em 2020 pela PGR para antecipar estratégias de prevenção e combate a fraudes nos fundos europeus. Coordenado pela procuradora-geral adjunta Ana Carla Almeida, o grupo alerta que o adiantamento de verbas “com base em decisões de aprovação tácitas e prévias à própria análise das candidaturas potencia o risco de ocorrências susceptíveis de configurarem irregularidades e fraudes já depois de feitas disposições patrimoniais”. A recomendação foi também enviada para o Ministério das Infraestruturas e Habitação.

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