Lagarde explica quinto corte seguido dos juros pelo BCE. Veja em direto

  • ECO
  • 6 Março 2025

A presidente do Banco Central Europeu vai falar sobre o racional por trás do quinto corte seguido nas taxas de juro e os próximos passos na política monetária.

O controlo da inflação e os estímulos à fraca economia da Zona Euro num contexto de turbulência geopolítica e comercial vão ser dois dos temas principais a abordar por Christine Lagarde numa conferência de imprensa em Frankfurt, após o Banco Central Europeu ter anunciado um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro.

Acompanhe aqui as declarações.

 

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Novobanco tem 3,5 mil milhões para entregar aos acionistas nos próximos três anos

Além dos 225 milhões de euros de dividendos de 2024, o Novobanco tem 3,3 mil milhões para distribuir nos próximos 3 anos em dividendos extraordinários e num plano de recompra de ações prórpias.

O Novobanco apresentou esta quinta-feira os seus resultados financeiros referentes ao exercício de 2024, alcançando um lucro recorde de 744,6 milhões de euros, um crescimento ligeiro de 0,2% face aos 743,1 milhões obtidos em 2023. Estes números marcam um novo capítulo na história da instituição financeira, que se prepara agora para iniciar uma nova fase estratégica num contexto pós-Acordo de Capital Contingente (CCA).

O fim antecipado do CCA, formalizado em dezembro de 2024, permite ao banco liderado por Mark Bourke iniciar a distribuição de dividendos aos seus acionistas, algo que estava vedado desde a sua criação em 2014, quando surgiu na sequência da resolução do Banco Espírito Santo (BES). O ponto mais aguardado pelos acionistas concretiza-se agora com a proposta de distribuição de dividendos no valor de 224,6 milhões de euros, que será votada na Assembleia Geral marcada para 21 de março de 2025.

Este montante corresponde a um pay-out de aproximadamente 30,2% do resultado líquido anual. “Terminámos o CCA no início de dezembro, o que nos permitirá, pela primeira vez, pagar dividendos, pelo que propomos um dividendo de mais de 224,6 milhões de euros, que representa 60% dos resultados obtidos no segundo semestre de 2024”, referiu Mark Bourke, CEO do Novobanco na apresentação dos resultados de 2024 esta manhã aos analistas.

Esta política de distribuição de dividendos beneficiará principalmente o fundo americano Lone Star, detentor de 75% do capital do banco através da Nani Holdings, mas também o Estado português, que também é acionista do banco através de uma participação de 11,46%, e do Fundo de Resolução, que detém 13,54% do capital do banco. Mas esta política de dividendos não deverá ficar por aqui.

O Novobanco prevê, nos próximos exercícios, manter uma política de distribuição de dividendos na ordem dos 60% dos resultados anuais, apesar de isso estar sujeito à aprovação dos reguladores e à incorporação dos resultados no capital. Além disso, refere também que “a previsão de remuneração dos acionistas está sujeita à execução bem-sucedida do plano de médio prazo e à evolução do ambiente de risco esperado”, notando que o banco tem disponível 3,3 mil milhões de euros para distribuir ao longo dos próximos três anos, já excluindo os 225 milhões de euros anunciados do exercício de 2024.

Segundo o plano de alocação de capital do banco, além de parte destes 3,3 mil milhões de euros serem distribuídos sob a forma de dividendos ordinários, poderão ainda ser alvo de uma distribuição de dividendos extraordinários e de um programa de recompra de ações próprias, com o intuito de “maximizar o valor para os acionistas”, refere o banco na apresentação dos resultados.

Posicionamento estratégico para os próximos anos

Mark Bourke e o CFO do banco, Benjamin Dickgiesser, detalharam também a estratégia que o Novobanco tem delineada para conquistar ainda mais quota de mercado nos principais segmentos da operação ao longo dos próximo ano.

No segmento empresarial, o CEO sublinhou a robustez da instituição nos principais centros económicos do país, sublinhando que o banco tem “quotas de mercado fortes” no segmento empresarial nos principais pontos do país, destacando como exemplo o Lisboa, Porto e Braga, e nas várias dimensões das empresas, com particular junto das médias empresas, em que o Novobanco apresenta uma quota de mercado de 18% neste segmento.

No mercado de retalho, o CEO identificou oportunidades de crescimento significativas, com particular ênfase na digitalização da oferta. “Vemos margem para irmos ao mercado de forma mais forte e de forma cada vez mais digital”, afirmou Bourke, destacando o facto de o Novobanco ter atualmente 1,7 milhões de clientes.

Na área do crédito ao consumo, o banco apresenta atualmente uma quota de mercado de 6,6%, um valor que o CEO considera passível de crescimento. “Não oferecemos todos os produtos que podíamos fazê-lo”, referiu Bourke, clarificando que há “oportunidade de aumentar os empréstimos ao consumo através de uma maior automatização e da melhoria de acompanhamento do cliente.” O banqueiro notou inclusive que esta quota poderá aumentar “sem o banco aumentar o seu nível de risco”, indicando uma estratégia de crescimento prudente, mas ambiciosa.

Durante a apresentação, Bourke abordou também o enquadramento político e macroeconómico em que o Novobanco opera, salientando que apesar da atual crise política, que poderá atirar o país para mais umas eleições antecipadas, isso não colocará em risco o IPO do banco.

“Independentemente se será o PS ou PSD a governar, ambos têm políticas que são muito conservadoras ao nível orçamental e economicamente, e espero essencialmente que isso continue”, referiu o CEO do Novobanco, notando ainda que “quaisquer conversações que façamos em redor do IPO ou em matérias relacionadas com isso com qualquer que seja o acionista no poder, deverá estar no mesmo nível em termos de confiança que temos atualmente”.

O fim do CCA marca o início de uma nova era para o Novobanco, permitindo à instituição focar-se inteiramente na sua estratégia de crescimento. A capacidade de distribuir dividendos representa não só um marco simbólico, mas também um sinal de solidez financeira e de normalização da atividade do banco. E a manutenção de uma política de dividendos generosa para os próximos exercícios deverá também contribuir para aumentar a atratividade do Novobanco junto de potenciais investidores, sobretudo numa altura em que o banco se prepara para ir para bolsa.

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EUA avisam que “todos se devem preparar” para a imposição de tarifas

  • Lusa
  • 6 Março 2025

Secretário de comércio dos EUA advertiu que a única maneira de evitar taifas é aplicando taxas "recíprocas" ou transferindo a produção para território norte-americano.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, advertiu que “todos se devem preparar” para a imposição de tarifas e disse que a única maneira de evitá-las é aplicando taxas “recíprocas” ou transferindo a produção para território norte-americano.

“Se eles querem evitar ou reduzir as tarifas, podem simplesmente eliminar ou reduzir as tarifas que nos impõem. É uma questão de equilíbrio e de igualdade. É uma forma justa e razoável de ver as coisas”, disse numa entrevista ao diário italiano ‘Repubblica’.

“É tudo uma questão de reciprocidade e de justiça: tratá-los-emos como nos tratam“, acrescentou.

A Casa Branca anunciou na terça-feira que as tarifas recíprocas entrarão em vigor em 02 de abril contra os países que Washington considera estarem a aplicar barreiras tarifárias e não tarifárias contra os bens e serviços dos EUA.

O secretário do Comércio também insistiu que as empresas estrangeiras que deslocalizem as suas fábricas para os EUA não estarão sujeitas às tarifas: “Se produzirem nos EUA, não pagam direitos aduaneiros”.

Desde que regressou à Casa Branca, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou por ativar as tarifas para corrigir o que considera défices comerciais injustos, atrair investimento estrangeiro e, sobretudo, argumenta, como medida de pressão contra o México, o Canadá e a China para reduzir o fluxo de fentanil que entra nas fronteiras dos EUA.

Presidente dos EUA (Donald Trump) e secretário de comércio dos EUA (Howard Lutnick)Lusa

Segundo Lutnick, esta estratégia reforçará igualmente a economia dos Estados Unidos, criando mais empregos e consolidando a política “America First”.

“Chegou o momento de mudar o modelo económico internacional que está em vigor desde os acordos de Bretton Woods”, afirmou.

O secretário do Comércio afirmou que os direitos aduaneiros que em vigor a partir de 02 de abril gerarão “enormes investimentos que impulsionarão o crescimento, proporcionarão grandes oportunidades de emprego e revitalizarão o setor transformador americano”.

“Cuidar dos trabalhadores americanos e tratar os nossos parceiros comerciais de forma justa é a nossa prioridade. Não procuramos ser injustos, mas exatamente o contrário: ser justos. A chave é a reciprocidade: se nos tratarem bem, nós tratá-los-emos bem”, afirmou.

Negou ainda que os direitos aduaneiros possam conduzir à inflação e argumentou que o verdadeiro problema é a impressão de dinheiro: “Se deixarmos de imprimir dinheiro, os preços baixam e as taxas de juro também”.

No que se refere à relação com a União Europeia (UE), Lutnick afirmou que têm tido “boas conversas” e que existe a possibilidade de “avançar em conjunto” para um sistema baseado numa “reciprocidade justa”.

As oportunidades para duas economias tão grandes como a UE e os EUA são enormes, se conseguirmos ultrapassar a burocracia absurda e as injustiças do sistema atual-

Howard Lutnick

Secretário de comércio dos EUA

“As oportunidades para duas economias tão grandes como a UE e os EUA são enormes, se conseguirmos ultrapassar a burocracia absurda e as injustiças do sistema atual”, afirmou.

Por isso, considerou essencial eliminar “regulamentos desnecessários e obstáculos dispendiosos” para facilitar o comércio livre e justo entre os EUA e a Europa e afirmou que, se tal for conseguido, ambos registarão “um crescimento significativo”.

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BCE corta 25 pontos nos juros e diz que política está “menos restritiva”

O banco central da zona euro voltou a cortar taxas de juro em 25 pontos base. Christine Lagarde salienta que política monetária está a ficar "significativamente menos restritiva".

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) voltou esta quinta-feira a cortar as taxas de referência em 25 pontos base, numa decisão que era antecipada pelos investidores e analistas. Trata-se da quinta vez consecutiva (e a sexta em sete reuniões) que a autoridade da política monetária corta o custo do euro.

Com esta decisão, anunciada pelo Conselho do BCE em Frankfurt, na Alemanha, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito baixa para 2,50%.

A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e a taxa de juro da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez fixam-se em 2.65% e 2,90%, respetivamente. As novas taxas entrarão em vigor a 12 de março, adiantou.

“A política monetária está a tornar-se significativamente menos restritiva, uma vez que os cortes nas taxas de juro estão a tornar os novos empréstimos menos dispendiosos para as empresas e as famílias e o crescimento dos empréstimos está a aumentar”, explicou, em comunicado.

Vários analistas haviam salientado a possibilidade de o BCE alterar a linguagem do comunicado face à de janeiro, que ainda classificava a política monetária como “permanecendo restritiva”. A alteração, segundo os analistas, deve significar que mais cortes nas taxas podem estar a caminho, dado que o banco central há muito que declarou que as restrições já não são necessárias, enquanto a inflação, de 2,4% no mês passado, está a regressar com segurança ao seu objetivo de 2% este ano.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

“Incerteza comercial” obriga a cortes nas projeções de crescimento

O BCE sublinhou que esse processo de desinflação “está bem encaminhado”.

“A inflação continuou a evoluir, em geral, como os especialistas esperavam, e as últimas projeções estão estreitamente alinhadas com as anteriores perspetivas de inflação, disse, informando que o staff do BCE considera agora que a inflação global se situará, em média, em 2,3% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,0% em 2027.

A revisão em alta da inflação global para 2025 “reflete uma dinâmica mais forte dos preços dos produtos energéticos”. Relativamente à inflação excluindo produtos energéticos e alimentares, os economistas do banco projetam uma média de 2,2% em 2025, 2,0% em 2026 e 1,9% em 2027.

A instituição liderada por Lagarde reconheceu que a economia enfrenta desafios contínuos e os economistas voltaram a reduzir as suas projeções de crescimento – para 0,9% em 2025, 1,2% em 2026 e 1,3% em 2027.

As revisões em baixa para 2025 e 2026 refletem exportações mais baixas e a atual fraqueza do investimento, em parte devido à elevada incerteza da política comercial, bem como à incerteza política mais geral”, explicou.

Por outro lado, o aumento dos rendimentos reais e o desvanecimento gradual dos efeitos de anteriores subidas das taxas continuam a ser os principais fatores subjacentes à esperada recuperação da procura ao longo do tempo, concluiu.

(Notícia atualizada às 13h36)

 

 

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Consultora de sustentabilidade compra grupo Engidro

Portuguesa S317 Consulting tem em marcha um plano de expansão, após a entrada de um fundo gerido pela Touro Capital Partners. Sociedade conjunta já tem uma centena de consultores em ESG.

A consultora S317 Consulting, especialista em transição energética, água e carbono, comprou o grupo português Engidro-Engineering Solutions, uma empresa de soluções de engenharia para gestão de recursos hídricos. O negócio acontece apenas quatro meses após a aquisição da Sair da Casca, que também está ligada à sustentabilidade.

O grupo combinado fica com uma equipa de cerca de 100 consultores em ESG e operações em mais de 30 países.

A Engidro opera na indústria da água e saneamento há mais de quatro décadas e fez cerca de 1450 projetos ligados a abastecimento, águas residuais, hidrologia, recursos hídricos, resíduos, arquitetura e ordenamento do território. A título de exemplo, fez parte do consórcio que desenvolveu o Plano de Drenagem de Lisboa. Porém, é a África, Ásia e América Latina que representam mais de 75% do seu volume de negócios.

Nas Caraíbas, lidera o consórcio que está a conceber o plano diretor de água e saneamento de Barbados e prepara-se para iniciar um projeto semelhante em Saint Martin. Em Moçambique, liderou projetos estruturantes como o Plano Nacional de Investimentos em Água e Saneamento, o Sistema de Informação Nacional de Água e Saneamento, e o Plano de Saneamento de Maputo. Por sua vez, em Angola, iniciará em breve o Plano de Água e Saneamento de Luanda.

“Água e energia são dois eixos fundamentais na transição para um futuro mais sustentável, tendo em conta que cerca de 10% do consumo energético está associado ao setor da água. Esta crescente interdependência exige soluções inteligentes, que aliem a eficiência hídrica à otimização energética”, acrescenta o managing partner da Engidro, Rui Marques.

No âmbito deste acordo, cujo valor não foi publicado, os sócios executivos da Engidro integram a estrutura acionista da S317 Consulting. Por enquanto, vão continuar a operar com as respetivas marcas.

“A compra da Engidro vem reforçar a nossa capacidade no mercado nacional e internacional, integrando agora mais competências e maior complementaridade, com equipas altamente especializadas em novas áreas de atuação, o que nos permite disponibilizar uma oferta de serviços sem precedentes”, explicou o fundador e administrador da S317 Consulting.

Filipe de Morais Vasconcelos acrescenta que, com a consolidação de estruturas, a sociedade aumenta “exponencialmente” o portefólio e ganha escala “para responder aos desafios dos nossos clientes, em todas as geografias, e acompanhar todas as etapas dos processos nos setores mais estratégicos, reforçando a nossa capacidade em água, saneamento e gestão de resíduos”.

Fundada em 2015, S317 Consulting adquiriu em novembro a Sair da Casca, após a entrada do fundo gerido pela Touro Capital Partners – liderada por António Ramalho – no capital da empresa. Entre as entidades com as quais trabalhou estão Banco Mundial, EDP, Galp, Cotesi, Mamaland, Greenvolt, Faurecia, Unicef, Proef, Veolia ou grupo Pestana

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Preço de venda da botija de butano volta a estar acima do preço eficiente em fevereiro

Há três meses que o preço de venda da garrafa de butano G26 excede o preço eficiente com margens.

As botijas de propano registaram um preço de venda em fevereiro inferior àquele que é considerado o preço eficiente, incluindo margens comerciais, pelo regulador, com exceção da garrafa de butano, de acordo com o relatório publicado esta quinta-feira pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

O preço eficiente com margens é o preço médio mensal comunicado pelo regulador, acrescido das margens comerciais máximas. O preço anunciado, ou de venda, resulta da média dos preços reportados no Balcão Único da Energia pelos operadores.

No caso da botija G26 de propano, o preço anunciado foi inferior em 1,3%, ao preço eficiente, ou seja, mais 42,9 cêntimos por garrafa. O custo anunciado da botija G110 de propano fixou-se 2,4% abaixo do preço eficiente, o correspondente a menos 2,925 euros por garrafa. Em sentido contrário, a bilha de G26 de butano registou um preço eficiente de 38,3 cêntimos, ou seja 1,1%, mais caro que o eficiente.

Em março, indica o mesmo relatório, o preço eficiente de todas as garrafas vai subir, “refletindo a evolução das cotações nos mercados internacionais”. A botija de propano deverá encarecer 0,68% (G26) para 32,45 euros e 0,62% para 117,05 euros (G110), e a de butano (G26) sobe 0,4%, para os 33,08 euros.

A tendência no que diz respeito ao preço anunciado tem sido ascendente nos últimos quatro meses, apresenta ainda o relatório, no que toca tanto ao preço eficiente com margens como ao preço anunciado. Este tem ficado geralmente abaixo do preço eficiente, exceto no que diz respeito à garrafa de butano, cujo preço anunciado excede desde dezembro do ano passado o preço eficiente com margens.

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Lufthansa admite que venda da TAP “pode levar mais tempo” devido à queda do Governo

CEO do grupo alemão assume que mantém interesse na privatização da TAP, mas salienta que está atento aos problemas políticos em Portugal que poderão atrasar o processo.

A Lufthansa continua atenta e interessada na privatização da TAP, mas admite que o calendário ficou mais incerto com a crise política em Portugal.

“Temos visto as notícias, o Governo português está a enfrentar algumas dificuldades. Achamos possível que leve mais tempo do que muitas pessoas pensam a que o processo da TAP avance”, afirmou esta quinta-feira o CEO do grupo alemão, Carsten Spohr, numa chamada com analistas para apresentar os resultados de 2024.

“Não é surpresa dizer que estamos interessados. Mas nas fusões e aquisições eu prefiro falar quando acontece e não antes”, acrescentou o responsável.

A Lufthansa tem sido apontada como interessada em várias companhias europeias, como a TAP, mas questionado sobre qual é a prioridade em termos de consolidação, o CEO preferiu centrar-se na ITA, empresa na qual tem 41% mas com a possibilidade de comprar o restante. “O foco atual é na ITA. É demasiado cedo para falar sobre o resto, os processos ainda nem sequer começaram”, afirmou Carsten Spohr.

Sem falar especificamente na TAP, Spohr lembrou o modelo de integração multimarca seguida pelo grupo Lufthansa, que opera sob várias marcas diferentes, como a Swiss ou a recém-adquirida ITA, de Itália. “O modelo que era visto como uma limitação transformou-se numa força, e acho que as pessoas em Lisboa ou em Madrid estão atentas à forma como gerimos este modelo” e a integração em curso da ITA, referiu.

Com a previsível queda do Governo português, ficando este com poderes limitados de gestão no curto prazo, há vários dossiers que poderão ficar suspensos. Um deles é mesmo a privatização da TAP, cujo modelo não tem colhido consenso entre PSD e PS, nomeadamente no que toca à parte do capital a vender. Estava previsto que o decreto-lei da privatização, que conteria o enquadramento e as condições dessa venda, fosse publicado até ao final do primeiro trimestre. No entanto, é bem possível que esse dossier fique agora suspenso, para que essas decisões sejam tomadas por um futuro Governo já com plenos poderes.

Recorde-se que, aquando da queda do anterior Executivo de António Costa, já tinha sido aprovado um decreto-lei de privatização, mas foi entendido que não havia condições para um Governo de gestão prosseguir com o processo. O mesmo deve suceder agora, apesar dos vários grandes grupos internacionais que já manifestaram interesse na companhia área portuguesa, como a Lufthansa, a Air France-KLM e o grupo IAG, da British Airways e da Iberia. A TAP foi privatizada em 2015 pelo Governo de Pedro Passos Coelho, já depois do programa de Governo ter sido rejeitado, decisão muito criticada pelo PS, que depois acabou por “reverter” essa decisão, quando António Costa chegou ao poder.

Sobre as novas instalações de reparações técnicas em Portugal, a gestão da Lufthansa referiu que os investimentos em Santa Maria da Feira e em Calgary, no Canadá, ambos sob o “chapéu” Lufthansa Technik, “são a base para o crescimento futuro” do grupo.

Em causa está a construção de uma nova unidade de 54 mil metros quadrados em Santa Maria da Feira, que deverá estar concluída até ao final de 2027 e criará mais de 700 empregos na região. O investimento não foi revelado, apenas que está na casa dos três dígitos, ou seja, acima de 100 milhões de euros.

Lucro cai 18%, apesar de recuperação no final do ano

A Lufthansa teve um lucro de 1,38 mil milhões de euros em 2024, menos 18% do que no ano anterior. Os resultados foram impactados pelas greves realizadas no início do ano, aumento de custos e atrasos na entrega de aeronaves.

No acumulado do ano, a empresa alemã reportou receitas de 37,6 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 6% face ao período homólogo, enquanto os custos cresceram 9% para 39 mil milhões de euros. “Apesar de um início desafiador em 2024, com grandes impactos das greves, o desempenho financeiro e operacional caminharam para a estabilização no final do ano”, refere o grupo na apresentação dos resultados.

O número de voos das companhias aéreas do grupo, entre as quais a Eurowings, Brussels Airlines ou Swiss, cresceu 4,7% face a 2023, tendo transportado mais de 131 milhões de passageiros. Em termos financeiros, a pior evolução foi mesmo a da casa-mãe, a companhia Lufthansa Airlines.

Para 2025, a empresa mostra-se otimista, prevendo que o lucro operacional “aumente significativamente” em relação a 2024, mesmo com o acréscimo esperado dos custos dos combustíveis em 200 milhões de euros com a obrigação de incorporação de quotas de combustível de aviação sustentável (SAF) que entrou em vigor este ano. Na base desse otimismo está a recuperação de vários indicadores-chaves no último trimestre de 2024, face ao registado nos meses anteriores.

(Notícia atualizada às 13h01)

 

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Crise política gera “desconfiança” na economia portuguesa e vai “minar ambiente de negócios”, alertam patrões

A queda do Governo, na sequência do anunciado chumbo parlamentar à moção de confiança, lançará “incerteza, desconfiança e imprevisibilidade” sobre a economia portuguesa, refere o diretor-geral da CIP.

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal alerta que “o anunciado contexto político dos próximos meses”, com a previsível rejeição da moção de confiança que levará à queda do Governo e à realização de eleições antecipadas, “lançará certamente incerteza, desconfiança e imprevisibilidade” sobre a economia portuguesa.

Através do diretor-geral, Rafael Alves Rocha, a principal confederação empresarial do país sublinha que este cenário de convulsão política a nível interno junta-se às “disrupções que hoje grassam pelo mundo”, numa alusão à guerra comercial agravada pelas novas tarifas dos EUA e às recentes tomadas de posição da nova administração liderada por Donald Trump sobre o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia.

“Tudo o que concorre para minar o ambiente de negócios”, conclui o porta-voz da CIP num comentário divulgado esta quinta-feira pela organização liderada por Armindo Monteiro na análise ao Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ ISEG, que para o arranque deste ano fala em “perspetivas envoltas em incerteza após os resultados positivos do final do ano”, alicerçados na aceleração do consumo privado, mas com “sinais de abrandamento” nos indicadores de atividade setoriais.

Rafael Alves Rocha, diretor-geral da CIP

O barómetro salienta o desempenho da economia portuguesa no quarto trimestre de 2024 que “surpreendeu pela positiva” — na semana passada foi revisto em alta ligeira pelo INE para 2,8%. Porém, adverte que “os indicadores disponíveis não permitem afastar um cenário de abrandamento face ao trimestre anterior”.

“Se os indicadores recolhidos junto dos consumidores permanecem favoráveis, nos indicadores de atividade setoriais os sinais de abrandamento predominam, na sequência da evolução observada em dezembro, que resultou da contração da produção industrial e da desaceleração no setor dos serviços, apesar do forte dinamismo registado no comércio a retalho”, resume.

Em fevereiro, o Índice de Confiança ISEG, relativo à evolução da atividade económica portuguesa no curto prazo, assumiu o valor de 47,2, uma subida de 0,4 p.p. do nível de confiança relativamente ao mês anterior. No entanto, lê-se no mesmo estudo, à semelhança do que já tinha acontecido em janeiro, aumentou a dispersão das votações dos membros do painel, composto por 16 professores desta escola de economia e gestão, pelo que “diminuiu o consenso dos mesmos sobre a evolução da economia portuguesa”.

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Cascais diz que ANAC valida taxas sobre avião da Sevenair retido em Tires

Operadora do voo entre Bragança e Portimão, que viu o avião retido em Tires no decurso de uma viagem, alegou ilegalidade de taxas cobradas. Cascais Dinâmica diz que a ANAC valida cobrança.

A Cascais Dinâmica, empresa da câmara cascalense que gere o Aeródromo Municipal de Tires, indica que a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) deu razão à cobrança de taxas de handling na operação do voo da Sevenair entre Bragança e Portimão, a qual tem em Cascais uma das suas paragens. As dívidas acumuladas relacionadas com estas taxas foram o argumento invocado pela Cascais Dinâmica para retenção da aeronave com que a Sevenair opera esta rota.

As taxas de serviços de handling prestados pela Cascais Dinâmica foram objeto de apreciação pela entidade reguladora do setor aéreo (ANAC – Autoridade Nacional da Aviação Civil, IP) a pedido do Grupo Sevenair, e essa autoridade concluiu pela legalidade das taxas faturadas pela Cascais Dinâmica, assim dando razão a esta empresa”, indica, em comunicado, a entidade gestora do aeródromo.

“O grupo Sevenair foi notificado sucessivas vezes para liquidar dívidas com antiguidade a Janeiro de 2023 e o acordo que firmou em Dezembro de 2024 para liquidação das mesmas não foi cumprido”, assegura a empresa da câmara presidida por Carlos Carreiras, adiantando que a transportadora aérea “invocou, inicialmente, a falta de pagamento, pelo Estado Português, de valores para justificar o seu incumprimento do acordo alcançado em dezembro de 2024 e, mais recentemente, invocou a ilegalidade de parte da dívida mantida, referente a taxas de handling”. Em causa está uma dívida de 132.471,95 euros reclamada pela autarquia.

Recorde-se que o voo entre Bragança e Portimão esteve suspenso no final de setembro, por inexistência de contrato válido entre o Estado e a Sevenair. A empresa, além de reclamar a formalização de um contrato, apontava a existência de dívidas estatais. A ligação foi restabelecida a 19 de fevereiro, mas no domingo houve uma paragem abrupta, quando a aeronave foi retida em Cascais, interrompendo uma viagem em direção à cidade algarvia.

“A empresa foi hoje [domingo] confrontada com uma situação inesperada. Um presidente de Câmara, no final do seu mandato e com conflitos partidários internos, decidiu ser notícia e pedir os holofotes do escândalo, ordenando suspender os serviços de um aeródromo central à operação da linha regional, com a intenção de paralisar os voos a partir de amanhã [segunda-feira]”, adiantou a Sevenair no domingo, num comunicado enviado à Lusa.

Para as 15 horas desta quinta-feira está marcada uma reunião na sede da ANAC, marcada por esta entidade, e para a qual também foi convidada a Sevenair, indica a Cascais Dinâmica.

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Governo aprova moção de confiança e culpa PS pela crise política

Documento puxa dos galões da "estabilidade política, social e económica" promovida pelo Executivo, responsabilizando o maior partido da oposição pela necessidade de avançar com esta "clarificação".

O Governo já aprovou esta quinta-feira, num Conselho de Ministros eletrónico, a moção de confiança. A votação na Assembleia da República deverá ser agendada para a próxima terça-feira. E o PS já anunciou que irá votar contra, o que inevitavelmente levará ao chumbo da proposta e à queda do Executivo. O Presidente da República aponta eleições legislativas antecipadas a 11 ou 18 de maio.

Com o título “estabilidade efetiva, com sentido de responsabilidade“, o texto da moção de confiança puxa dos galões da “estabilidade política, social e económica” que o Executivo diz ter conquistado, e responsabiliza o PS pela necessidade de avançar com esta “clarificação”.

Os negócios da empresa familiar Spinumviva do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e os potenciais conflitos de interesse com o cargo de chefe de Executivo espoletaram esta crise política. Depois de duas moções de censura rejeitadas, do Chega e do PCP, o Governo decidiu avançar com um voto de confiança por falta de “clarificação política” dos socialistas, de acordo com a proposta. De recordar que o PS absteve-se na moção e censura do PCP, numa votação que decorreu esta quarta-feira no Parlamento.

“Tendo sido levantadas dúvidas sobre a vida profissional e patrimonial do primeiro-ministro, este prestou os devidos esclarecimentos e reiterou as medidas adequadas para prevenir qualquer potencial conflitos de interesse”, de acordo com a moção de confiança.

A proposta defende que não foi “apontada qualquer ilegalidade”. “Ainda assim, as oposições persistiram em fomentar um clima de suspeição desprovido de bases factuais e sem a mínima correlação com a realidade”, segundo o documento.

O Governo sublinha que “o primeiro-ministro teve oportunidade de instar os partidos políticos a declarar, sem tibiezas, se conferiam o direito, ao Governo, de executar o seu programa viabilizado no Parlamento há menos de um ano”.

No entanto, “as respostas de parte relevante dos partidos, designadamente do Partido Socialista, enquanto maior partido da oposição, não permitem a clarificação política que o país precisa”, argumenta.

“Pelo contrário, essas respostas e as sucessivas declarações dos principais dirigentes do Partido Socialista parecem refletir uma férrea vontade de aprofundar um clima artificial de desgaste e de suspeição ininterrupta sobre o Governo”, acusa o Executivo.

O documento aprovado em Conselho de Ministros considera que, “por mais infundadas que sejam as alegações e por mais clarificadoras que se mostrem as respostas do Governo, parece ter-se entrado numa espiral sem fim, em que qualquer explicação é imediatamente revirada visando suscitar uma nova dúvida sem razão, nem sentido”.

Por isso, “o país precisa de clarificação política”. “Os grandes desafios internos de Portugal assim o exigem, e o preocupante agravamento do contexto internacional assim o impõe. Permitir o arrastamento do presente cenário seria contrário ao interesse nacional. E o Governo não o pode aceitar“, lê-se na moção de confiança.

“Para garantir a estabilidade política efetiva, imprescindível às condições necessárias para que possa prosseguir a execução do seu programa de transformação do País, é com pleno sentido de responsabilidade e exclusivo foco no interesse nacional que o Governo submete a presente moção de confiança. É hora de cada um assumir as suas responsabilidades“, escreve o Governo.

Antes de apresentar a razões para a apresentação de uma moção de confiança, o Executivo elencou as suas conquistas em áreas como a valorização das carreiras da Administração Pública, o aumento das pensões, o alívio nos impostos, o investimento na habitação, a decisão sobre o novo aeroporto e a linha ferroviária de alta de velocidade, o programa de emergência da saúde, o pacto para regular a imigração, o crescimento da economia, a descida da dívida pública ou o equilíbrio das contas públicas com um “sólido superávite”.

“O Governo conquistou a estabilidade política, promoveu a estabilidade social e consolidou a estabilidade económica e financeira que permitiram a Portugal iniciar um rumo virtuoso focado na resolução dos problemas das pessoas e na transformação do país”, segundo a proposta do Executivo.

(Notícia atualizada às 12h21)

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Crise política não põe em causa IPO do Novobanco, refere o CEO

Com lucro recorde de 744,6 milhões em 2024, o Novobanco mantém planos para o IPO, apesar da incerteza política. Mark Bourke confia na estabilidade orçamental, qualquer que seja o partido no governo.

A potencial cenário de eleições antecipadas, que poderá materializar-se já na próxima semana com o chumbo de uma moção de confiança ao Governo, não deverá alterar os planos do Novobanco para abrir o seu capital a novos investidores através de uma operação em bolsa (IPO), que pode ocorrer até junho ou até ao final do setembro.

Esta foi a mensagem transmitida esta quinta-feira por Mark Bourke, CEO do Novobanco, durante a apresentação dos resultados financeiros de 2024 aos analistas, numa clara tentativa de tranquilizar investidores e mercados face à instabilidade política que tem caracterizado o panorama nacional nas últimas semanas.

Este é um país com ampla estabilidade política, apesar da recente instabilidade política que poderá resultar na queda do Governo: ou é centro direita ou centro esquerda, com ambos os partidos de poder a estarem comprometidos com a estabilidade das contas públicas”, afirmou Bourke, numa análise pragmática do atual contexto político português.

Bourke foi ainda mais longe, estabelecendo uma linha de continuidade que transcende as cores partidárias. “Independentemente se será o PS ou PSD a governar, ambos têm políticas que são muito conservadoras ao nível orçamental e economicamente, e espero essencialmente que isso continue”.

Esta avaliação revela uma leitura do panorama político português alinhada com a perspetiva de muitos analistas e instituições financeiras que apontam para uma convergência pragmática das políticas económicas dos dois maiores partidos portugueses, apesar das diferenças ideológicas que os separam.

Além disso, o banqueiro afirmou ainda que “quaisquer conversações que façamos em redor do IPO ou em matérias relacionadas com isso com qualquer que seja o acionista [o Estado detém 11,46% do capital do Novobanco através da Direção-Geral do Tesouro e das Finanças] no poder, deverá estar no mesmo nível em termos de confiança que temos atualmente”.

Esta afirmação encerra uma dupla mensagem: por um lado, reflete a confiança inabalável da equipa de gestão na solidez do projeto Novobanco; por outro, sinaliza aos mercados que a operação de abertura de capital prosseguirá nos termos definidos pela equipa do banco, independentemente das vicissitudes políticas que o país possa atravessar nos próximos meses.

Desta forma, a janela que em fevereiro o Novobanco deu para avançar com o IPO — até junho ou até setembro — mantém-se intacta e sem qualquer alteração. A única coisa que está sob definição é a percentagem do capital que será colocado no mercado, sendo que essa alocação de capital estará dependente da procura por parte dos investidores, notou Bourke aos analistas.

Esta postura reflete também o culminar de um percurso de recuperação e consolidação que o Novobanco tem traçado nos últimos anos, e que agora se materializou num lucro recorde de 744,6 milhões de euros em 2024, um crescimento ligeiro de 0,2% face aos 743,1 milhões obtidos em 2023.

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Air France-KLM interessada na TAP apesar da crise política, mas CEO pede “visibilidade rapidamente”

Atraso com crise política não arrefece interesse do grupo franco-neerlandês na TAP, mas CEO diz que gostaria de ver garantida a estabilidade para avançar com compra de participação.

A Air France-KLM mantém o interesse na privatização da TAP e não vê um eventual atraso de seis a 12 meses provocado pela crise política como “material”, afirmou esta quinta-feira Ben Smith, CEO do grupo franco-neerlandês, pedindo no entanto “visibilidade rapidamente” e “estabilidade” para poder avançar com o negócio.

A Air France-KLM está na corrida pela privatização da TAP, a par da alemã Lufthansa e o grupo IAG, composto pela Iberia e a British Airways.

Em conferência de imprensa, questionado pelo ECO sobre um eventual atraso e arrefecimento do interesse na privatização, Ben Smith começou por responder que o grupo conhece muito bem o status quo do processo. “Se tivermos de viver seis, 12, 18, 24 meses [de atraso], não vejo que isso altere o nosso negócio”.

Continuando em modo de pergunta e auto-resposta o CEO disse: “Será que vamos desenvolver rotas de uma forma diferente porque não somos parceiros e não temos uma participação na TAP? Não vejo que isso aconteça de forma significativa.”

Sublinhou que, “portanto, o facto de poder haver um atraso de seis ou 12 meses” não “parece que seja material“.

Adiantou, contudo: “Gostaríamos de ter visibilidade o mais rapidamente possível, é uma parte importante da nossa rede, mas estamos a acompanhar o processo e esperamos ter estabilidade para podermos avançar.”

Na semana passada, Smith afirmou, durante a visita do presidente francês Emmanuel Macron a Portugal, que a Air France-KLM “está pronta para apresentar o seu projeto no âmbito do processo de privatização da TAP, que estamos a acompanhar há bastante tempo”.

O Governo português na quarta-feira sobreviveu uma segunda moção de censura no Parlamento focada na empresa familiar do primeiro-ministro Luís Montenegro, mas apresentou uma moção de confiança, que deverá também ser chumbada, enviando o país para eleições legislativas antecipadas que, segundo o Presidente da República, poderão ter lugar a 11 ou 18 de maio.

Marca, rede e empregos são para manter

Durante a visita de Estado na semana passada Macron sublinhou desejar “que a Air France e a TAP encontrem uma forma inovadora de casamento”.

Esta quinta-feira, Ben Smith foi questionado sobre como esse matrimónio se poderia materializar e se falou com membros do Governo durante a visita.

“Sim, falámos com muitas pessoas, muitas pessoas do governo português e penso que o que é importante, e o que estamos a ouvir deles, é a garantia de que a marca se manterá, que a rede para os mercados importantes, em particular para a América Latina, será mantida e reforçada e que os empregos qualificados que existem hoje em Portugal e o desenvolvimento de competências e de combustíveis sustentáveis serão incluídos nos planos de desenvolvimento futuro da TAP”, explicou.

“Nós temos experiência com isso, quando o grupo foi criado, havia garantias semelhantes, as mesmas preocupações que o Estado tinha”, sublinhou o CEO. “O facto de ser importante, para nós não faz sentido, mas podemos compreender politicamente esse tipo de garantias“.

Ben Smith vincou que “uma das coisas que mais nos interessa na TAP é a marca e a rede, e claro, se tivermos uma força de trabalho qualificada já instalada, é muito mais fácil para nós do que tentar recrutar novas pessoas”.

“Portanto, estas três preocupações podem ser facilmente satisfeitas e estão perfeitamente alinhadas com os nossos planos”, concluiu.

(Notícia atualizada às 12h10)

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