Momento para começar ajustamento orçamental é agora, defende Vítor Gaspar

  • Lusa
  • 23 Outubro 2024

Diretor do Departamento de Finanças Públicas do FMI alerta para riscos dos níveis elevados da dívida pública mundial e alerta que atraso no processo de ajustamento orçamental é arriscado.

O diretor do Departamento de Finanças Públicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu esta quarta-feira, em entrevista à Lusa, que o momento para os países combaterem o crescimento da dívida pública através de um ajustamento orçamental “é agora“.

“A dívida pública a nível global é muito alta, está a crescer e tem associados riscos consideráveis, para este ano prevemos que chegue a 100 biliões de dólares e num caso de cenário adverso pode chegar aos 100% do PIB mundial até ao final da década“, disse Vítor Gaspar na entrevista à Lusa em Washington, no dia em que é apresentado o Fiscal Monitor, um relatório sobre as finanças públicas mundiais, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana na capital norte-americana.

O antigo ministro das Finanças de Portugal enfatizou que “os riscos associados a este crescimento da dívida são mais importantes do que podem parecer à primeira vista, e em quase todo o mundo o tempo de atuar para controlar a dívida e os riscos a ela associados é agora”, alertando que “um atraso no processo de ajustamento orçamental é custoso e é arriscado” devido à atual conjuntura.

As circunstâncias macroeconómicas “são favoráveis ao ajustamento neste momento porque as condições financeiras estão relativamente fáceis, os bancos centrais de economias importantes estão num ciclo de descida das taxas de juro diretoras e, portanto, há possibilidade de compensação dos efeitos do ajustamento orçamental sobre a atividade económica e o emprego por via da política monetária“.

Por conseguinte, “é difícil imaginar uma situação mais favorável para começar um processo de ajustamento“, concluiu Vítor Gaspar.

Questionado sobre quais as recomendações do Fundo para os países acautelarem o crescimento económico e o emprego em face da austeridade necessária para reduzir a dívida pública, Vítor Gaspar admitiu que o trabalho dos ministros das Finanças “é difícil”, mas salientou que é preciso proteger o investimento público.

É muito importante proteger o investimento público, dada a sua importância para o crescimento e a competitividade; este tipo de investimento é também pressionado para ser bem sucedido nas transições energéticas e para uma economia de informação e da digitalização, e também por esse lado temos pressões sobre a despesa pública”, acrescentou, admitindo que uma subida de impostos nunca é popular, além de estar pura e simplesmente impossibilitada nalguns países por decisão política.

A tributação nunca é popular e em muitos países há linhas vermelhas políticas ao acréscimo de tributação, isso é visível nos títulos dos jornais e nas aberturas dos noticiários em todo o mundo, mas a situação de hoje, em que a dívida é elevada, o crescimento é baixo, e existem pressões sobre a despesa e restrições sobre a receita, cria o risco de os défices acumularem-se, a dívida aumentar e isso cria problemas, dificuldades e desafios para a sustentabilidade da dívida e também riscos para a estabilidade monetária e financeira“, afirmou, lembrando que este “é o trilema de política orçamental que cristaliza as escolhas dos ministros das Finanças”.

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“Fuse Valley vai ter continuidade, com ou sem Farfetch”, garante promotor do projeto imobiliário

O Castro Group, responsável pelo Fuse Valley, está a "ultimar as negociações" com os novos donos da Farfetch para decidir "qual será o modelo de negócios futuro" do espaço projetado com José Neves.

“O Fuse Valley vai ter continuidade com ou sem a Farfetch”, garantiu o presidente executivo do Castro Group, responsável pela construção do megaempreendimento em Matosinhos, anunciado em 2021, onde a tecnológica portuguesa tencionava localizar o seu campus empresarial. Paulo Castro está em negociações com os novos donos coreanos, que pagaram 500 milhões de dólares pelo marketplace de moda de luxo, para delinear o novo modelo de negócios para este projeto.

“A única coisa que posso dizer sobre o Fuse Valley, neste momento, é que estamos a ultimar as negociações. Esperámos no início do próximo ano conseguir anunciar ao mercado a continuidade do projeto até porque achamos que continua a fazer sentido”, afirmou o responsável do Castro Group, à margem da apresentação pública do projeto Smart Park Matosinhos, esta quarta-feira em Leça do Balio.

Questionado pelo ECO sobre se o projeto vai avançar juntamente com a Farfetch, que no final do ano passado passou para as mãos dos sul-coreanos da Coupang, o CEO do grupo imobiliário bracarense respondeu que “não necessariamente”. Embora “muito próximas” de serem fechadas, as negociações ainda prosseguem com a tecnológica, visando perceber “qual será o modelo de negócios futuro”.

Podemos tentar de alguma forma substituir a Farfetch por outros investidores, ou podemos nós assumir essa parte do investimento. Tudo isso está neste momento a ser equacionado.

Paulo Castro

CEO do Castro Group

Caso os novos donos da Farfetch optem por não dar continuidade ao projeto, o líder da construtora bracarense adianta que “o novo modelo de negócios poderá passar por tentar substitui a Farfetch por outros investidores” ou até o “Castro Group assumir essa parte do investimento”. “Tudo isso está neste momento a ser equacionado. Decorrem conversas entre as partes e continuamos com a mesma convicção, que é a dar continuidade ao projeto. Foi um esforço muito grande em chegarmos até aqui”, acrescentou.

 

Este mega empreendimento imobiliário no valor de 200 milhões de euros, anunciado em 2021, além do futuro campus global da Farfetch, previa acolher outras empresas, um hotel e 42 apartamentos. O projeto inicial previa que dos 140 mil metros quadrados, 60 mil fossem ocupados pela tecnológica fundada e liderada então por José Neves. Com ou sem a tecnológica, a promotora está ainda a aguardar o licenciamento por parte da Câmara – um “processo muito complexo e demorado” – para arrancar com as obras.

Apresentado, na altura, como o empreendimento “mais sustentável de Portugal”, o CEO do Castro Group realça que, apesar de ter sido “pensado há cinco ou seis anos, este projeto continua completamente atual”. “Palavras que na altura não estavam associadas ao mercado imobiliário, como a sustentabilidade, flexibilidade, inovação ou espaços verdes, tudo isto continua na ordem do dia. Continuamos convictos de que continua a ser um projeto necessário não só à cidade, mas a toda esta região Norte do país”, conclui o líder da empresa.

Oito meses após a venda, aquele que foi o primeiro unicórnio de capitais portugueses é hoje uma empresa bem diferente daquela que o vimaranense José Neves idealizou. Com algumas equipas quase reduzidas a zero após o plano de despedimentos anunciado em fevereiro, menos exuberante e mais concentrada, a nova Farfetch está a moldar-se cada vez mais à imagem da Coupang, conhecida como a Amazon da Coreia.

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FMI prevê redução mais acelerada da dívida pública que o Governo. Antevê rácio abaixo de 90% do PIB já em 2025

O otimismo do Fundo Monetário Internacional relativamente às projeções do Governo em matéria de controlo da dívida pública esbate num maior conservadorismo em matéria de saldo orçamental.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revela-se mais otimista que o Governo na trajetória da dívida pública para os próximos anos, antecipando que o rácio da dívida feche este ano nos 94,4% e baixe para os 89,4% já no próximo ano, segundo as previsões reveladas esta terça-feira no relatório “Fiscal Monitor”.

Estes números comparam com as estimativas do Governo presentes no relatório da Proposta do Orçamento de Estado para 2025 (OE2025), que apontam para um rácio da dívida pública de 95,9% do PIB este ano e de 93,3% em 2025.

O otimismo da equipa de técnicos do FMI liderada pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar é também visível nas projeções para os próximos quatro anos, apontando para um abrandamento do rácio de dívida pública até 79,4% do PIB em 2028, quando o Governo prevê que nesse ano o rácio da dívida situe-se nos 83,2% do PIB, segundo o Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo 2025 – 2028 enviado para Bruxelas em meados deste mês.

O FMI revela que as projeções apresentadas neste relatório para 2024 se baseiam “no orçamento aprovado pelas autoridades, ajustado de modo a refletir as previsões macroeconómicas dos técnicos do FMI”. Para os anos seguintes, as projeções “baseiam-se no pressuposto de políticas inalteradas” e que “as projeções para 2024 refletem a informação disponível na proposta de orçamento para 2024.”

A previsão para a evolução da dívida pública nacional nos próximos anos é também largamente mais otimista do que as previsões que o Fundo tem para o resto do mundo, que apontam para um stock global de dívida pública acima dos 100 biliões de dólares já este ano, e “com o rácio da dívida a aproximar-se dos 100% do PIB no final da década, ficando acima do pico registado na pandemia”, destaca Vítor Gaspar na conferência de imprensa de apresentação do relatório, esta quarta-feira.

Fazendo um quadro geral no decorrer da sua intervenção inicial, o diretor do departamento de Finanças Públicas do FMI desde 2014 refere inclusive que, globalmente, “os défices orçamentais estão elevados e os rácios de dívida global estão muito elevados, estão a aumentar e a tornar-se arriscados.”

No plano orçamental, as projeções do FMI para Portugal apontam para um excedente orçamental de 0,2% em 2025 e nos anos seguintes até 2029. Já o Governo, segundo o plano enviado para Bruxelas, prevê passar de excedente orçamental de 0,4% este ano para 0,3% em 2025, reduzindo-se para 0,1% em 2026 (num cenário de políticas invariantes). Esta evolução resulta do impacto negativo no saldo da execução de projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) financiados por empréstimos e, em 2025, do impacto das medidas discricionárias aprovadas em 2024 e das novas medidas incluídas no OE2025.

Além disso, as previsões do Governo apontam ainda para uma melhoria das contas públicas a partir de 2026, contando com um excedente orçamental de 1,1% em 2027 e 1,3% em 2028. O Ministério das Finanças justifica a melhoria do saldo projetado como sendo “estrutural e concentrado no lado das despesas”.

Mais conservadores que as projeções do Governo são também os números do FMI referentes ao saldo primário (retira a despesa com juros e as medidas temporárias não recorrentes). Enquanto o Governo antecipa um excedente do saldo primário equivalente a 2,5% do PIB em 2024 e 2025, o FMI projeta um saldo de 2,2% este ano e 2,3% em 2025.

Para os anos seguintes, o FMI projeta um saldo primário de 2,2% do PIB em 2026 e 2027 e um abrandamento para 2,1% em 2027 e 2028. Já o Governo, de acordo com os dados enviados para Bruxelas no âmbito do Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo 2025 – 2028 aponta para um saldo de 3,2% em 2027 e 3,4% em 2028. No entanto, quando descontado as despesas financiadas por empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Executivo de Luís Montenegro aponta para um saldo primário de 2,4% em 2024, 2,5% em 2025, 2,6% em 2026, 2,8% em 2027 e 2,9% em 2028.

(Texto atualizado às 14h45 com declarações de Vítor Gaspar)

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Câmara de Lisboa questiona Governo sobre “entrega” de aeródromo Figo Maduro à ANA e impacto na população

A moção será enviada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, e a todos os Grupos Parlamentares na AR.

A Câmara Municipal de Lisboa vai pedir esclarecimentos ao Governo sobre a transferência do aeródromo de Figo Maduro à ANA pelo período de 40 anos e exigir medidas de minimização do impacto desta decisão na cidade e nos munícipes. A posição foi deliberada esta quarta-feira, em reunião do Executivo, na sequência de uma moção apresentada pelos vereadores do PCP, João Ferreira e Ana Jara, que foi aprovada por unanimidade e a que o ECO/Local Online teve acesso.

Esta moção será enviada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, e a todos os Grupos Parlamentares com assento político na Assembleia da República. Em declarações ao ECO/Local Online, o vereador João Ferreira explicou que o documento em causa “questiona o Governo sobre a razão deste alargamento da concessão [à ANA] com inclusão da concessão do aeródromo de Figo Maduro”.

Refira-se que o Governo decidiu transferir o aeródromo de Figo Maduro, área interligada com o Aeroporto Humberto Delgado, para a concessionária, no âmbito das obras previstas para esta infraestrutura.

João Ferreira referiu ainda que “se o Governo vai constituir uma comissão de negociação para renegociar os termos da concessão, então que sejam tidos em conta aspetos que a câmara acha importantes, designadamente exposições que protejam a população residente em Lisboa enquanto o aeroporto estiver a funcionar; coisa que não foi feita aquando da concessão original em que não se quis saber dessas medidas de minimização do impacto“. Até porque, justifica o vereador comunista, “a renegociação dos termos da concessão não pode ser concretizada apenas quando tal interessa à ANA/Vinci, devendo ser utilizada para defender o interesse público“.

O município lisboeta vai, assim, “requerer ao Governo que o mandato atribuído à comissão negociadora integre um levantamento de necessidades identificadas pela Câmara Municipal de Lisboa relativas aos termos do contrato de concessão, nomeadamente referentes aos impactos sobre os residentes da cidade de Lisboa e à necessidade da sua minimização, durante o tempo em que o Aeroporto Humberto Delgado se mantenha em funcionamento”, lê-se no documento aprovado por unanimidade na reunião do Executivo. A informação foi confirmada ao ECO/Local Online pela autarquia liderada pelo social-democrata Carlos Moedas.

A renegociação dos termos da concessão não pode ser concretizada apenas quando tal interessa à ANA/Vinci, devendo ser utilizada para defender o interesse público.

João Ferreira

Vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa

Igualmente “no quadro de uma perspetivada utilização temporária pela ANA/Vinci do espaço do atual Aeródromo de Figo Maduro, [a câmara de Lisboa vai] questionar o Governo sobre a razão para se revelar necessária a integração na concessão à ANA/Vinci que está prevista durar mais 40 anos”, refere a mesma moção.

Do lado do Partido Socialista, “a questão principal prende-se com a ‘cedência temporária’ do uso destes terrenos [Figo Maduro] à ANA/Vinci até à deslocalização do Aeroporto Humberto Delgado para o Campo de Tiro de Alcochete, o que deverá ocorrer nos próximos seis a 10 anos. Não se entende, por isso, a razão de uma concessão por 40 anos”. “Concordamos, por isso, que se questione o governo sobre a razão para uma extensão tão prolongada da concessão.”

Os vereadores comunistas, que tiveram a concordância dos vários partidos com assento na autarquia lisboeta, discordam da decisão do Governo. Segundo João Ferreira, “trata-se de colocar mais uma infraestrutura pública ao serviço da ANA/Vinci, alegadamente em resposta à necessidade criada pelo sucessivo adiamento da construção do novo aeroporto de Lisboa”.

O despacho 12047/2024, de 14 de outubro, procede “à constituição da comissão de negociação com a ANA”, para definir “os termos de afetação do Aeródromo de Trânsito 1 [Figo Maduro] à Concessão, incluindo do montante de contrapartida que a ANA deve atribuir ao Concedente pelos benefícios daí resultantes, através da introdução de modificações ao Contrato de Concessão que sejam necessárias para o efeito”.

A moção vem ainda, assinalou João Ferreira, “reafirmar a oposição a qualquer aumento do tráfego na Portela“. Ou seja, lê-se no documento, “aprovar as conclusões do debate sobre as obras de expansão da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado (AHD) aprovadas pelo Governo, recusando liminarmente qualquer aumento da sua capacidade”. O documento defende mesmo “o encerramento faseado do AHD, tão rapidamente quanto possível, em menos de dez anos, cumprindo todas as medidas de mitigação dos impactos negativos até ao seu encerramento”.

Para os vereadores do PCP, todas estas medidas do Governo “visam prolongar dentro da cidade de Lisboa um aeroporto internacional, em prejuízo da população da cidade e da economia da área metropolitana”.

 

Nota: Alterado às 19h00 com posição do PS e clarificação de que a moção contesta a concessão por um período de tempo superior ao da utilização prevista para o Aeroporto Humberto Delgado

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Blandy’s Madeira lança vinhos Madeira de 10 anos e aposta em rebranding

A par da nova linha de vinhos de 10 anos, a Blandy’s Madeira aposta num rebranding das garrafas e numa campanha. A ação representa um investimento na ordem dos 40% do orçamento total de marketing.

A Blandy’s Madeira lançou uma nova linha de vinhos Madeira de 10 anos, visando celebrar a tradição e a inovação. Esta nova linha, composta por vinhos de diferentes graus de doçura (seco, meio seco, meio doce e doce), é acompanhada por um rebranding das suas garrafas, passando a apresentar-se ao mercado em vidro transparente e rótulos coloridos, em contraste com a tradicional apresentação dos vinhos Madeira.

Joana Lomelino Freitas, diretora de marketing da Blandy’s Madeira, explica que a marca, sendo “uma das mais tradicionais produtoras de vinho Madeira com mais de dois séculos de história na arte de fazer vinho Madeira”, percebeu a importância de se reinventar para acompanhar as novas tendências de consumo, sem perder a sua identidade.

“Esta nova família de vinhos não representa apenas a evolução das técnicas de vinificação, mas também uma mudança visual significativa. Ao abandonar a tradicional imagem dos vinhos Madeira, a Blandy’s introduziu garrafas de vidro transparente e rótulos coloridos, que criam um contraste marcante com o visual clássico e sóbrio da categoria“, refere ao +M.

Joana Jomelino Freitas, diretora de marketing da Blandy’s Madeira.

Esta mudança na apresentação das garrafas visa “destacar a qualidade e a inovação dos produtos, enquanto transmite um apelo mais contemporâneo e vibrante, para atrair tanto os consumidores tradicionais como um público mais jovem, que procura autenticidade e originalidade”.

Com cores “vivas e frescas”, o novo design “melhora a visibilidade dos produtos nas prateleiras e conta uma nova história sobre a marca, fiel às suas raízes, mas aberta à modernidade e à criatividade“, acrescenta.

Por parte da Nuts Branding, que assina o rebranding, a fundadora da agência, Patrícia Conde, acrescenta que o principal objetivo do rebranding passa por “reposicionar a marca, com a renovação da sua imagem e reforço da respetiva relevância, tanto para os consumidores tradicionais, quanto para uma nova geração“. Ou seja, “acompanhar as tendências do mercado, sem perder a essência de herança familiar e artesanal“.

Ao lançar uma nova linha de vinhos de 10 anos, a marca também optou pelo desenvolvimento de uma campanha criativa que refletisse renovação. Neste sentido, foi lançada a “Unconventional”, que acompanha o rebranding e que foi sustentada num conceito criativo que adota “um tom provocador e inovador“. A mesma marca presença no aeroporto da Madeira, em mupis nas ruas do Funchal, em ativações em pontos de venda nacionais e no digital.

“Em suma, esta campanha visa transmitir a mensagem de uma constante evolução, com a marca pronta para atender às necessidades de um público mais dinâmico e sofisticado, sem abrir mão de sua autenticidade e tradição. Através desta nova abordagem visual e estratégica, o objetivo é tornar os vinhos Madeira mais atraentes e acessíveis em diversos contextos de consumo, de ocasiões formais a momentos mais descontraídos”, explica Patrícia Conde.

“Com cenários que são inspirados no surrealismo e conceitos visuais que vão além do convencional, a campanha transmite a ideia de que, com os novos vinhos da Blandy’s, o único limite é a criatividade“, acrescenta a diretora criativa, referindo ainda que a versatilidade dos vinhos é um dos “principais pilares da campanha”, onde se demonstra que estes podem ser desfrutados em qualquer momento, quer como aperitivos ou digestivo.

A assinatura “Uma nova geração de vinho Madeira” é também ela sinal de “um cruzamento entre a tradição e a inovação, entre uma história secular e capacidade de chegar a novos públicos”, diz Patrícia Conde.

Patrícia Conde, fundadora da NUTS Branding e diretora criativa da campanha

Em termos de investimento, Joana Lomelino Freitas adianta que esta campanha – direcionada maioritariamente para o mercado regional, nacional, e do Reino Unido e Estados Unidos da América – “levará uma fatia grande do orçamento de marketing“, na ordem dos 40% do orçamento total.

Sendo uma marca com mais de 210 anos de existência, a comunicação da Blandy’s Madeira “terá que respeitar todos os valores da família e da sua herança histórica”, mas também “deve responder aos novos desafios que o mercado apresenta”, diz Joana Lomelino Freitas.

“Numa perspetiva macro, é assim que estratégia de Blandy’s se posiciona. Queremos criar engagement, com uma componente necessariamente emocional, sem deixar de assegurar aos mais tradicionalistas que a qualidade do produto continua acima de qualquer dúvida. É sob estes dois vetores que nos queremos apresentar. Corresponder às expectativas de quem confia no nosso produto, daqueles que sempre tiveram na Blandy’s a referência de vinho Madeira, e de todos os que serão impactados com o processo de renovação de imagem em que nos encontramos”, refere a diretora de marketing.

No que toca à competição dentro do setor, Joana Lomelino Freitas recorda que o vinho Madeira se insere numa categoria muito pequena dentro do mundo dos vinhos, onde “todo o processo é em microescala, não mecanizável, com vinhas em pequenas parcelas de terreno“, sendo que atualmente existem apenas cerca de 400 hectares de vinha em toda a ilha da Madeira.

“Tendo isto em consideração, o nosso cenário é um pouco diferente do restante setor dos vinhos. Inevitavelmente, seremos sempre um produto de nicho e por isso o nosso trabalho tem que ser minucioso, preciso e consistente. Estamos atentos às tendências de mercado, e, respeitando a herança histórica da Blandy’s, ajustamos a nossa estratégia ao target“, afirma.

“Neste sentido, os novos 10 anos da Blandy’s foram pensados para se destacarem na categoria, e simplificarem a comunicação com o público-alvo, ajudando-o a fazer uma escolha mais de encontro às suas preferências. Queremos comunicar que o vinho Madeira é um vinho versátil, gastronómico e para todos os momentos“, acrescenta.

Sendo o departamento de marketing, com a atual configuração, “relativamente recente”, a Blandy’s Madeira está ainda a ajustar o orçamento que aloca ao marketing, sendo que atualmente trabalha com uma “métrica de 3% a 5% do valor previsto de faturação anual“, refere a responsável.

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Líder da CP sem “medo da concorrência” na Alta Velocidade. Compra de comboios avança ainda este ano

O presidente da CP afirma que a empresa está preparada para operar com concorrência na alta velocidade e diz que "há mercado para a CP e para os outros operadores."

O presidente da CP, Pedro Moreira, adiantou que a operadora pretende lançar o concurso para a compra de comboios para o serviço da Alta Velocidade “ainda este ano”, acrescentando que a empresa está preparada para operar com outros concorrentes. “Não temos medo da concorrência. Há mercado para a CP e para os outros operadores“, garantiu.

A CP já tinha adiantado que pretendia lançar um concurso para a compra de 14 novos comboios, mas o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse que não seriam comprados tantos comboios como CP queria. Ainda assim, o responsável pela empresa, a falar no Parlamento, adiantou que “nunca nos foi transmitido qualquer limitação ao número de comboios que vamos adquirir”. Notou, contudo, que “ainda não [tem] uma decisão formal sobre número de comboios que vão ser autorizados a comprar para poder avançar com o concurso”.

“Há um conjunto de unidades para aquisição inicial e para aquisição opcional em função das necessidades e do objetivo de internacionalização de serviços”, detalhou o presidente da CP na mesma audição, onde explicou que a empresa está a trabalhar na estratégia para a alta velocidade e, no seu plano de negócios, já está a acautelar o impacto da entrada de concorrentes na Alta Velocidade.

Pedro Moreira disse ainda aos deputados que a empresa está convicta que vai ter sucesso na alta velocidade. “Isso não implica que outros players não possam estar presentes, isso está presente no nosso plano de negócios“, acrescentou.

“Estamos seguros que conseguimos fazer um bom trabalho na alta velocidade”, sem ter de dispensar ninguém, mesmo num ambiente de concorrência, garantiu o presidente da CP na audição parlamentar. “O nosso plano já prevê que vamos operar com concorrência. Não temos medo da concorrência. Há mercado para a CP e para os outros operadores“, reforçou.

Ainda relativamente à concorrência na alta velocidade, Pedro Moreira mostrou-se tranquilo, considerando que “não [tem] a pretensão de estar a operar de forma isolada, como monopólio”. Segundo adiantou aos deputados, numa primeira fase o número de ligações que a CP pretende assegurar representa 40% da capacidade da infraestrutura e na segunda fase 20% ou menos da capacidade.

Quanto à aquisição dos comboios de Alta Velocidade, Pedro Moreira referiu que, no plano de negócio da empresa, “a primeira tranche dessa despesa não cai em 2025, mas em 2026.”

Negociação para valorizar carreiras

A um dia de começar uma nova greve dos trabalhadores, Pedro Moreira referiu que hà “abertura por parte da empresa em negociar”, mas reconheceu a existência de “limitações relativamente à greve planeada a partir de amanhã”.

Ainda assim, o responsável mostrou-se preocupado com a necessidade de valorizar os trabalhadores da empresa. “A CP está a pagar abaixo dos valores de mercado. A CP tem trabalhadores altamente qualificados e há um risco cada vez maior de nos virem buscar” estes trabalhadores.

“Precisávamos de valorizar mais as carreiras da CP”, reforçou, tecendo uma comparação com o Metro de Lisboa, onde profissionais com a mesma categoria recebem mais que os funcionários da operadora. Nesse sentido, a empresa iniciou um trabalho com todos os sindicatos, no sentido de desenvolver uma proposta de valorização de carreiras e acautelar a perda de poder de compra dos trabalhadores.

“O sucesso da empresa é um trabalho conjunto desta equipa de todos os trabalhadores. há muito trabalho a esse nível”, reconheceu.

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Antiga fábrica da Lactogal transformada em hub empresarial de 35 milhões em Matosinhos

Com uma área total de construção de 27.200 metros quadrados, o Smart Park Matosinhos estará concluído em abril do próximo ano. Escritórios já estão reservados para empresas de tecnologia e engenharia.

A antiga fábrica da Lactogal em Leça do Balio está a ser transformada num espaço multifuncional para acolher empresas, restaurantes, comércio e serviços. O futuro Smart Park Matosinhos, um empreendimento com 20 mil metros quadrados, estará concluído em abril do próximo ano e representou um investimento de 35 milhões de euros por parte do Castro Group.

“Quando entrei na fábrica fiquei surpreendido pela qualidade da estrutura, pela arquitetura única e imponência do espaço. Tudo isto fez-me perceber que este lugar merecia ser visto com outros olhos. O que inicialmente seria um ativo para demolir rapidamente se tornou numa missão de preservação”, disse Paulo Castro, CEO do grupo imobiliário bracarense, na apresentação pública do projeto.

Este lugar merecia ser visto com outros olhos. O que inicialmente seria um ativo para demolir rapidamente se tornou numa missão de preservação.

Paulo Castro

CEO do Castro Group

O CEO do Castro Group realça ainda que o “projeto vai muito mais além de uma reabilitação”. “Trata-se de uma requalificação de memórias, um tributo à história local e ao mesmo tempo uma projeção clara de transformar a antiga fábrica num espaço multifuncional, vibrante e inovador”, afirma o líder do Castro Group.

Com uma área total de construção de 27.200 metros quadrados, o Spark Matosinhos conta com uma zona de escritórios com cerca de 11.500 metros quadrados, outra dedicada a comércio e serviços com cerca de 1.800 metros quadrados e ainda 4.000 metros quadrados de zonas de lazer e áreas comuns. O edifício conta ainda com um ginásio e 377 lugares de estacionamento, 20% deles para veículos elétricos, além de parque de bicicletas e trotinetes.

Paulo Castro adiantou ao ECO que o espaço tem capacidade para albergar entre 1.000 a 1.200 trabalhadores nos escritório e entre oito a dez lojas. “Já temos uma boa percentagem comercializada. Aliás já tínhamos antes de começar a obra”, frisa o CEO do Castro Group.

Os futuros ocupantes são empresas na área da tecnologia e engenharia. “Temos uma oferta que vai desde um posto de trabalho a um escritório flexível de dez pessoas ou até um edifício corporativo na torre, que poderá ser ocupado apenas por uma empresa. Temos uma oferta bastante eclética para todos os géneros de empresas”, acrescentou o responsável.

Temos uma oferta que vai desde um posto de trabalho a um escritório flexível de dez pessoas ou até um edifício corporativo na torre, que poderá ser ocupado apenas por uma empresa.

Paulo Castro

CEO do Castro Group

 

Este edifício foi uma das primeiras unidades industriais da produtora de leite Lactogal, cuja construção arrancou em 1964 e terminou em 1967. A unidade fabril era utilizada para a produção e armazenamento de leite, tendo sido descontinuada a partir de 2009. O Castro Group comprou o ativo em 2022, com as obras a serem iniciadas no último trimestre de 2023.

Reabilitação, tecnologia, comunidade, conexão e natureza são os pilares deste projeto assinado pelo gabinete de arquitetura português Paulo Merlini Architects. “Sentimos um grande orgulho em apresentar um edifício que não apenas redefine o conceito de espaço de trabalho, mas também promove a sustentabilidade e o bem-estar dos seus ocupantes”, disse o Paulo Merlini, CEO e fundador do gabinete, na apresentação oficial do projeto Spark.

O Spark está localizado junto dos principais acessos à cidade do Porto (A4, A20, A28, A41 e A1), ao Aeroporto Francisco Sá Caneiro e às universidades. O empreendimento estará servido por uma rede de transportes públicos, nomeadamente metro, autocarros e comboio. O empreendimento vai ganhar mais uma acessibilidade tendo em conta que a linha de comboios de Leixões vai ser reativada para passageiros em dezembro, ficando a cerca de 500 metros do Spark.

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Firmas de advogados no Reino Unido cobram mais 40% por hora em relação a 2019

Em média, as maiores firmas britânicas cobram 449 libras por hora, cerca de 538 euros. Ou seja, mais 128 libras do que em 2019, segundo dados da PwC. Entre as razões apontadas está a inflação.

Os dez maiores escritórios de advogados do Reino Unido estão a cobrar quase mais 40% por hora em comparação com 2019, avança o Financial Times. Este aumento ocorreu numa altura em que as firmas registam um aumento do número de horas faturáveis, traduzindo-se assim num crescimento médio de 11,6% dos honorários no Reino Unido.

Em média, as maiores firmas britânicas cobram 449 libras por hora, cerca de 538 euros. Ou seja, mais 128 libras do que em 2019, segundo dados da PwC. Entre as razões apontadas para o aumento dos honorários está a inflação e o crescimento das firmas americanas em Londres. Assim, esta pressão provocou um aumento acentuado dos salários.

Uma vez que as empresas americanas tendem a cobrar mais por hora do que as britânicas, as firmas de advogados do Reino Unido aumentaram os preços, ainda assim abaixo dos valores praticados pelos americanos. Paralelamente, os custos salariais também estão a aumentar, tendo o “magic circle” – formado pela Freshfields Bruckhaus Deringer, Linklaters, Clifford Chance, A&O Shearman e Slaughter and May – aumentado todos os salários dos advogados recém-formados em 20% este ano.

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Regulador volta a fixar tarifas da água a partir de 2026

A partir de 2026, a entidade reguladora vai recuperar os poderes para fixar os preços da água dos sistemas em alta nas regiões Centro Litoral, Vale do Tejo, Norte e Grande Porto e Algarve.

A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) vai poder voltar a fixar tarifas da água para os serviços de captação e armazenamento partir de 2026. A confirmação surge esta quarta-feira num decreto-lei publicado em Diário da República, no qual é anunciado foi restabelecida “a competência prevista na versão originária dos estatutos da ERSAR, relativa à fixação das tarifas em todos os sistemas de titularidade estatal“. A retirada de competência tinha sido decidida pelo Governo de António Costa, no Orçamento do Estado para 2021, mas este ano o Executivo liderado por Luís Montenegro decidiu revogá-la.

Assim, a partir de 2026, a entidade reguladora liderada por Vera Eiró vai voltar a recuperar os poderes para ditar os preços praticados nas entidades em alta nas regiões Centro Litoral, Vale do Tejo, Norte e Grande Porto e Algarve, não estando previsto uma alteração nas tabelas de preço em 2024 e 2025.

Mantêm-se vigentes, no ano de 2024, as tarifas, os rendimentos tarifários e demais valores cobrados nos termos dos contratos de concessão, aplicados em 2023, aos utilizadores municipais, utilizadores finais e clientes dos sistemas multimunicipais de abastecimento de água e de saneamento do Centro Litoral de Portugal, do Norte de Portugal e do Vale do Tejo, do sistema multimunicipal de abastecimento de água do sul do Grande Porto, do sistema multimunicipal de saneamento do Grande Porto e do sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Algarve”, lê-se no decreto-lei. De fora, ficam as áreas cobertas pela Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) nas atividades em alta.

Resumindo, a competência de definição das tarifas ao nível municipal mantém-se com órgãos autárquicos, respeitando-se o núcleo essencial da autonomia local. A ERSAR retoma as competências que detinha anteriormente, cabendo-lhe definir as regras que devem ser cumpridas por todas as entidades gestoras e fiscalizar o seu cumprimento, intervindo especificamente apenas nos casos em que se constate a violação da lei.

A recuperação dos poderes da ERSAR já estava prevista. A 8 de agosto, o Conselho de Ministros determinou que a partir de 2026 o regulador ira recuperar os poderes de fixação de tarifas, tendo sido decidido “manter os preços de 2023 com um ajuste à inflação prevista”, indicou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, na altura.

Para o ministro, “não deveria ter saído dali em 2021, foi um erro“, pelo que o Governo altera e regressa à “situação pré-existente: o poder de fixação de tarifas para os vários tipos de sistemas volta para o regulador, que o fará com independência, racionalidade e imparcialidade”.

No entanto, as declarações do ministro suscitaram dúvidas, tendo a Associação de Municípios Portugueses (ANMP) considerado que a decisão “viola a autonomia do poder local”. O regulador passa a determinar os preços para os serviços de captação e armazenamento, excluindo a distribuição, que se mantém nas mãos dos municípios.

A própria reguladora já tinha afirmado, numa entrevista ao ECO, que o fim da fixação de tarifas da água pelo regulador tinha sido “muito prejudicial para o setor”.

“Estou no terceiro ano de mandato, e posso dizer que foi uma alteração legislativa muito prejudicial para o setor porque o facto de a ERSAR poder intervir nesta matéria é algo que poderia ajudar muitos municípios. Não é retirar competências aos municípios, é permitir que eles possam tomar a decisão certa. Do ponto de vista político, estas decisões são muito difíceis de serem tomadas, seja porque enfrentam dificuldades na Câmara Municipal ou na Assembleia Municipal”, explicou Vera Eiró em entrevista ao ECO, em fevereiro.

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CP já vendeu 3.354 passes ferroviários e “reservou” 1.500 viagens de Intercidades

A empresa de comboios recebeu 1.500 reservas para viagens de Intercidades. Quanto ao número de passageiros, empresa diz que teve um crescimento de 11% em 2023 e em 2024 vai "bater recordes".

A CP – Comboios de Portugal vendeu 3.354 passes ferroviários nos dois primeiros dias em que a nova modalidade começou a ser comercializada, contabilizou o presidente da empresa, adiantando ainda que neste mesmo período foram feitas 1.500 reservas para viagens nos intercidades.

Em dois dias, [o passe verde] está a ter uma boa adesão“, adiantou o presidente da CP, Pedro Moreira, numa audição no Parlamento, na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, feita a pedido do Bloco de Esquerda, sobre o plano de negócio da empresa. De acordo com o líder da companhia, foram vendidos 3.354 passes deste novo título que permite viagens ilimitadas em diversos serviços ferroviários por um preço fixo mensal de 20 euros.

Quanto aos custos destes novos passes, Pedro Moreira adiantou que “os cálculos estão no caminho certo e irão aproximar-se dos números que vamos aferir”. Recorde-se que o Governo vai compensar a CP em 18,9 milhões de euros anuais, via contrato de serviço público com o Estado, pelo Passe Ferroviário de 20 euros.

O passe ferroviário verde vai permitir viajar nos serviços regionais e inter-regionais, bem como nos comboios urbanos de Coimbra, Lisboa e Porto e em viagens em segunda classe nos intercidades. Neste último caso, a reserva do lugar deve ser feita nas 24 horas anteriores à partida, sendo que só é permitido reservar um lugar por viagem, até um máximo de duas viagens diferentes por dia.

Nos urbanos de Lisboa e Porto, o passe será válido apenas nas linhas não abrangidas pelos passes intermodais metropolitanos — respetivamente, o Navegante e o Andante, ambos com um preço de até 40 euros. Assim, o novo título de transporte ferroviário abrange somente a linha Carregado — Azambuja em Lisboa e os percursos Vila das Aves — Guimarães, Paredes — Marco de Canaveses, Paramos — Aveiro e Lousado — Braga no Porto.

O presidente da CP rebateu ainda a ideia que tem vindo a perder receitas e passageiros, notando que a empresa “tem tido um aumento de passageiros“, que no ano passado subiram para 163 milhões. “Nos primeiros oito meses do ano há um aumento de perto de 11% face ao homólogo”, acompanhado de um aumento de receitas em 12,9%. Nos comboios regionais houve um aumento 30% de passageiros e um aumento de 21% em receitas.

“Em 2023 houve um crescimento de 11% dos passageiros e em 2024 vamos bater novos recordes de número de passageiros”, rematou o responsável.

Associação europeia fala em “canibalização” do mercado com novo passe ferroviário

A associação europeia de operadores ferroviários independentes Allrail reitera que o novo passe ferroviário de 20 euros vai “canibalizar o mercado único ferroviário” da União Europeia e apela à intervenção dos decisores políticos para garantir “uma concorrência justa”.

“O preço extremamente baixo do novo passe ferroviário é claramente insustentável; irá canibalizar todas as tentativas de abertura do mercado do transporte ferroviário de passageiros de longa distância”, sustenta a Allrail em comunicado.

Segundo a associação, os casos de outros Estados-membros da União Europeia, “desde a Suécia à Chéquia”, evidenciam que “não são necessários subsídios para baixar os preços”, já que “tal resulta da liberalização do mercado”. “Pelo contrário, em Portugal, os novos operadores de longa distância serão obrigados a concorrer contra o dinheiro dos contribuintes, o que é obviamente impossível”, critica.

Apontando o “preço absurdamente barato” do novo passe, a Allrail nota que “oferece viagens ilimitadas em todos os serviços ferroviários subsidiados com o dinheiro dos contribuintes (inclusivamente nos serviços urbanos que não estão abrangidos por passe intermodal metropolitano)” e “pode inclusivamente ser usado nos serviços ferroviários de longa distância (o Intercidades) que foram atribuídos por ajuste direto em regime de exclusividade à CP, o operador ferroviário estatal português”.

Destaca ainda estarem abrangidas “viagens com qualquer duração (mais de oito horas num único sentido)” e “ilimitadas por mês (com possibilidade de reserva de lugar para duas viagens distintas por dia)”, sendo “o contribuinte a suportar a totalidade dos prejuízos da CP”.

A este propósito, a associação cita Diogo da Silva Branco Magalhães, ‘bid director’ na Deutsche Bahn (caminhos-de-ferro alemães), segundo o qual “a receita resultante deste novo passe ferroviário pode nem sequer cobrir um terço do custo do serviço”.

Defendendo a criação de “condições para uma concorrência justa, permitindo aos operadores independentes entrar no mercado”, a Allrail contesta as “políticas nacionais que minam o espaço ferroviário único da União Europeia e inviabilizam os investimentos na alta velocidade em Portugal”. “O desafio é tremendo. É necessária uma ação urgente e decisiva, pedindo-se a intervenção dos nossos decisores políticos”, sustenta.

Citado no comunicado, o secretário-geral da associação afirma: “Este não é um momento para hesitações. É um momento para ter a coragem de fazer o que é necessário para criar um mercado justo e competitivo”. Segundo Nick Brooks, “os investidores privados virão para Portugal, mas só se houver medidas fortes contra a canibalização dos serviços que está a ser suportada pelos contribuintes”.

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Endividamento das famílias portuguesas sobe 2% para máximo de quase 12 anos

Há dez meses seguidos que o endividamento das famílias regista aumentos homólogos consecutivos, enquanto o Estado e as empresas têm reduzido o seu volume de endividamento.

O endividamento das famílias portuguesas atingiu um marco significativo em agosto, ultrapassando os 157 mil milhões de euros em agosto. É o valor mais elevado desde novembro de 2012.

Os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal revelam um crescimento homólogo face a agosto de 2023 de 2,28%. Trata-se do décimo mês consecutivo de aumentos do montante de endividamento dos particulares, e na taxa de crescimento homóloga mais elevada desde janeiro de 2023.

O crescimento contínuo do endividamento das famílias pode ser atribuído principalmente ao aumento do crédito à habitação, sugerindo que apesar dos elevados preços da habitação, as famílias continuam a comprar casa.

Esta dinâmica de crescimento do endividamento das famílias compara com um decréscimo do endividamento das empresas e do Estado, que não só registaram um decréscimo anual de 1,88% e 2,8%, respetivamente, em agosto, como há vários meses que o endividamento do setor público e do setor empresarial está a abrandar.

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Segundo os dados do Banco de Portugal, há nove meses consecutivos que o endividamento do setor público apresenta taxas de crescimento homólogas negativas, enquanto no caso das empresas essa dinâmica alastra-se já a dez meses seguidos.

A mesma tendência é espelhada no volume do endividamento da economia (considerando apenas o setor não financeiro), que em agosto registou uma queda homóloga de 1,44% para cerca de 819,8 mil milhões de euros, face aos 822,6 mil milhões de euros de agosto de 2023.

No entanto, em termos mensais, o Banco de Portugal revela que, em agosto, o endividamento do setor não financeiro aumentou 0,2%, cerca de 1,3 mil milhões de euros, enquanto o endividamento do setor público cresceu 0,28% e dos particulares subiu 0,44%.

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Empresas deparam-se com ciberataques cada vez mais sofisticados e falta de profissionais

  • Lusa
  • 23 Outubro 2024

A cibersegurança está no topo das preocupações das empresas, que enfrentam ameaças cada vez mais complexas, enquanto se deparam com escassez de profissionais na área, avisa responsável da Fortinet.

O gestor de desenvolvimento de negócio da Fortinet, Paulo Pinto, diz que o crescimento de ciberataques, a sua sofisticação e a falta de profissionais qualificados são alguns dos desafios que as empresas enfrentam em termos de cibersegurança.

Paulo Pinto é um dos oradores do Digital Operational Resilience Summit (DORS), organizado pela Nos, que decorre na quinta-feira em Lisboa, onde os desafios da cibersegurança e da resiliência das tecnologias vão estar em destaque.

Entre os principais desafios que as empresas enfrentam, nomeadamente as de comunicações eletrónicas, no âmbito da cibersegurança está o crescimento de ataques em número e impacto.

“As empresas com maiores superfícies de ataque estão a ser cada vez mais visadas por ataques que exploram vulnerabilidades em dispositivos IoT [Internet of Things, ou internet das coisas, em português], enquanto vulnerabilidades antigas continuam a ser exploradas, o que exige uma política robusta de atualizações e correções de segurança”, aponta o business developer manager da Fortinet.

Outro dos desafios é a sofisticação dos ataques cibernéticos, porque, especialmente os praticados por grupos de ameaças persistentes avançadas (APT), “têm-se tornado mais sofisticados”. Estes grupos “concentram-se em comprometer infraestruturas críticas e roubar dados sensíveis, transformando organizações críticas em alvos estratégicos para espionagem e sabotagem”.

Os ciberataques de ransomware são outro desafio, com o aumento dos ataques dirigidos a setores críticos, incluindo o das comunicações, a revelar-se “uma preocupação crescente”, sendo que estes “são frequentemente concebidos para interromper operações essenciais” e causar disrupção no “dia-a-dia da sociedade”.

Por outro lado, aponta, há falta de profissionais qualificados na área da cibersegurança, o que dificulta a capacidade das empresas de responder de forma eficaz aos ataques e de manter uma postura de segurança proativa”.

Além disso, “o tempo médio entre a descoberta de uma nova vulnerabilidade e a sua exploração tem diminuído, o que exige que as empresas sejam mais ágeis na aplicação de patches de segurança”, refere.

Cyber Summit 2022 na Abreu Advogados - 09NOV22
Paulo Pinto, Business Development Manager da Fortinet PortugalHugo Amaral/ECO

Questionado sobre se considera que a inteligência artificial (IA) generativa poderá aumentar o número de ciberataques sofisticados, Paulo Pinto elenca a facilitação de ataques, a redução das barreiras de entrada e deepfakes e fraudes.

“A IA permite que hackers lancem ataques mais rapidamente, como a criação de novos malwares e a exploração de vulnerabilidades de aplicações de forma automatizada, sem intervenção humana direta”, explica o responsável.

As ferramentas da IA “ajudam cibercriminosos, mesmo aqueles com menos conhecimento, a realizar ataques de phishing e engenharia social de maneira muito mais convincente, como criar e-mails em inglês perfeito, independentemente da língua nativa do atacante”, refere.

Por outro lado, “a IA tem sido usada para criar deepfakes sofisticados, como o caso de um administrador financeiro (CFO) falso numa videochamada que resultou numa fraude de 25 milhões de dólares”, referindo-se à ocorrência na multinacional de design e engenharia Arup em janeiro.

No entanto, a IA também pode ajudar a mitigar os ciberataques, através da melhoria do threat intelligence, e acelerar a deteção e a resposta às ameaças.

“A IA pode ser usada para melhorar a informação disponível sobre ameaças a uma determinada organização, automatizando a coleta e análise de dados e correlacionando informações para gerar linhas de atuação possíveis”, pois isso “permite identificar ameaças mais rapidamente e de forma mais precisa”, aponta.

Outra das vantagens são os firewalls de próxima geração (NGFW) com IA: “Firewalls modernos incorporam modelos de IA para aumentar a eficácia de funções como prevenção de intrusões, proteção contra ‘«malware e sandboxing“.

A inteligência artificial “também melhora a visibilidade da rede e facilita a gestão centralizada de políticas de segurança”.

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