Ministro francês das Finanças diz que Trump arrisca credibilidade do dólar se mexer na Fed

  • Lusa
  • 20 Abril 2025

O ministro francês das Finanças considera que Donald Trump, colocaria em risco a credibilidade do dólar e desestabilizaria a economia dos EUA se demitisse o presidente da Reserva Federal.

O ministro francês das Finanças, Eric Lombard, considera que o Presidente norte-americano, Donald Trump, colocaria em risco a credibilidade do dólar e desestabilizaria a economia dos EUA se demitisse o presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell. “Donald Trump prejudicou a credibilidade do dólar com as suas medidas agressivas em matéria de direitos aduaneiros – durante muito tempo“, afirmou Lombard numa entrevista publicada no jornal La Tribune Dimanche, citada pela Bloomberg.

Se o presidente do banco central norte-americano for afastado, “esta credibilidade será ainda mais afetada, com a evolução do mercado obrigacionista”. O resultado seria um aumento dos custos do serviço da dívida e “uma profunda desorganização da economia do país”, afirmou Lombard, acrescentando que as consequências levariam os Estados Unidos, mais cedo ou mais tarde, a negociações para acabar com as tensões.

Os comentários de Lombard surgem depois de Donald Trump, frustrado com a precaução de Powell em reduzir as taxas de juro dos EUA, ter publicado nas redes sociais, na passada quinta-feira, que a saída do presidente da Fed “já vem tarde“, não ficando claro se pretende demitir Powell ou está ansioso pelo fim do seu mandato, em maio de 2026. O diretor do Conselho Económico Nacional dos Estados Unidos, Kevin Hassett, disse esta sexta-feira que Trump está a estudar se pode demiti-lo.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, já se opôs publicamente a Trump em várias questões, incluindo a Ucrânia, comércio e até se ofereceu para acolher em França cientistas sediados nos Estados Unidos cujo financiamento federal para investigação foi cortado.

Mesmo assim, os comentários de Lombard são “invulgarmente diretos” sobre os assuntos internos dos Estados Unidos, nota a agência Bloomberg.

O ministro francês das Finanças afirmou que as tarifas de 10% impostas por Trump às importações da União Europeia não fazem sentido e que o objetivo da Europa é criar uma zona de comércio livre com os Estados Unidos.

O nível de 10% é “um aumento enorme, que não é sustentável para a economia dos Estados Unidos e representa grandes riscos para o comércio global“, disse Lombard.

O ministro das Finanças apelou também aos CEO europeus para que demonstrem “patriotismo” e trabalhem com os seus governos para que a região não saia prejudicada.

Na quinta-feira, o bilionário francês Bernard Arnault, cujo grupo LVMH é proprietário de marcas de champanhe como Moët & Chandon e Veuve Clicquot, bem como do conhaque Hennessy, pareceu sugerir que os líderes da UE não estavam a exercer pressão suficiente para chegar a um acordo sobre os direitos aduaneiros.

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Empresas portuguesas testam soluções para dar “passaporte digital” aos produtos

Um regulamento técnico e de difícil leitura, o investimento em digitalização e a "concorrência desleal" são os principais desafios. Do calçado à cutelaria, várias empresas já estão a testar soluções.

É já a partir do próximo ano que as empresas vão ser obrigadas a ter um Passaporte Digital do Produto (DPP), uma iniciativa da União Europeia que tem como objetivo aumentar a transparência e rastreabilidade na indústria. Uma obrigatoriedade que está a desafiar o tecido empresarial, que passará a ter de recolher e organizar dados que até agora não eram obrigatórios — e para a qual as empresas parecem ainda não estar preparadas.

Um regulamento demasiado técnico e ainda indefinido, o investimento em tecnologia e o desafio de reorganização das empresas estão entre as principais dificuldades apontadas. Outro dos obstáculos enumerados pelos especialistas ouvidos pelo ECO é a “concorrência desleal” face a empresas de países terceiros, que não são obrigadas a ter o Passaporte Digital do Produto.

Os têxteis, a par de grupos de produtos como mobiliário e equipamentos eletrónicos, são considerados prioritários na definição de requisitos de conceção ecológica. E serão objeto do primeiro plano de trabalho da Comissão, que deverá ser adotado nos próximos dias.

O presidente da Associação Nacional das Indústrias do Vestuário e Confeção (Anivec) lamenta que o Passaporte Digital do Produto seja “uma obrigação para as empresas europeias e não para as empresas de países terceiros”, recordando que “mais de 85% dos produtos têxteis e vestuário consumidos na Europa têm proveniência de países terceiros”. César Araújo considera que esta regulamentação é “concorrência desleal”.

O Passaporte Digital do Produto é uma obrigação para as empresas europeias e não para as empresas de países terceiros. Isto é uma concorrência desleal.

César Araújo

Presidente da Anivec

O Centro Tecnológico das Empresas do Setor Têxtil e Vestuário (Citeve) tem realizado investimentos em ferramentas tecnológicas — desde o armazenamento de dados até à disponibilização e interoperabilidade — que cobrem aspetos essenciais para a operacionalização futura do Passaporte Digital do Produto neste setor tradicional.

Há quatro anos, o diretor geral do Citeve, Braz Costa, já avisava que era “imprescindível criar indicadores que melhorem a transparência, rastreabilidade e avaliação do ciclo de vida das peças”. Uma espécie de um bilhete de identidade das peças de roupa.

O Passaporte Digital do Produto vai reunir informações essenciais sobre um produto, nomeadamente a composição, origem, impacto ambiental e circularidade – e que poderá ser acedido ao longo de toda a cadeia de valor pelos consumidores.

Para ajudar as empresas neste processo foi criado o Greentech Lab, um projeto que faz parte da Rede Nacional de Test Beds e concebido para apoiar as pequenas e médias empresas na transição para a sustentabilidade. “Aqui, as empresas podem experimentar soluções, perceber o que funciona e como se adaptar antes de terem de cumprir a regulamentação de forma obrigatória”, refere João Pedro Pinto, partner da Aliados Consulting, entidade promotora do projeto.

“O nosso objetivo é tornar esta mudança mais simples e acessível para as empresas, transformando um desafio numa oportunidade”, afiança o partner da Aliados Consulting. João Pedro Pinto explica ao ECO que as empresas vão ter de “investir em tecnologia para garantir que essa informação está acessível digitalmente” e “adaptar processos internos e a relação com fornecedores para cumprimento dos novos requisitos”.

As empresas vão ter que investir em tecnologia para garantir que essa informação está acessível digitalmente e adaptar processos internos e a relação com fornecedores para cumprimento dos novos requisitos.

João Pedro Pinto

Partner da Aliados Consulting

No entanto, o partner da Aliados Consulting considera que, apesar destes desafios, o DPP irá trazer benefícios, como uma maior confiança por parte dos clientes, a otimização da cadeia de abastecimento e novas oportunidades de negócio.

Numa primeira fase, as empresas têm de perceber que informações vão ter de fornecer sobre os seus produtos. “Isso significa fazer um levantamento detalhado dos dados que já recolhem e dos que ainda precisam de começar a registar – desde a composição dos materiais até à pegada ambiental”, detalha João Pedro Pinto.

As regras do Passaporte Digital do Produto ainda estão a ser fechadas e podem variar consoante o setor. O partner da Aliados Consulting aconselha as “empresas a estarem atentas às atualizações para garantir que cumprem os requisitos desde o início”.

“Não basta ter a informação – é preciso estruturá-la de forma digital e garantir que pode ser facilmente partilhada ao longo da cadeia de valor”, afirma João Pedro Pinto, acrescentando que “mesmo sem todos os detalhes fechados, as empresas já podem começar por mapear o que têm, o que falta e como se podem adaptar, para não serem apanhadas desprevenidas quando a obrigatoriedade entrar em vigor”.

Qual o grau de preparação?

O partner da Aliados Consulting, entidade promotora do projeto GreenTech Lab considera que a “a maioria das empresas ainda não está preparada”. “Algumas grandes empresas e setores como a eletrónica e a moda já começaram a preparar-se, mas muitas PME ainda desconhecem o impacto que isto terá no seu negócio“, avisa João Pedro Pinto.

Uma opinião partilhada pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), que atesta igualmente que as “empresas não estão preparadas”. A associação liderada por Luís Miguel Ribeiro explica ao ECO que “o regulamento que fixa indicativamente os requisitos de desempenho, informacionais e outras obrigações adicionais, é um regulamento base que será posteriormente complementado por atos delegados específicos para cada grande grupo/família de produtos e, esses regulamentos delegados, com a adaptação dos requisitos genéricos fixados no Regulamento Base, ainda não foram publicados”.

“Ainda que já se conheçam genericamente os elementos que irão constituir o Passaporte Digital do Produto, o conhecimento dos aspetos específicos relativos a cada grupo de produtos é condição essencial para as empresas começarem a preparar o seu “sistema” de produção e recolherem informação a fim de conseguirem disponibilizar o documento”, refere o líder da AEP.

O presidente da Anivec considera que o têxtil e o vestuário estão preparados para a rastreabilidade, embora considere que existem indefinições no regulamento. “Não podemos dizer que estamos preparados sem saber as regras do jogo“, refere César Araújo.

Quais os principais desafios?

Um regulamento técnico e de difícil leitura, o investimento em digitalização e o desafio de reorganização do tecido industrial empresas são alguns dos principais desafios elencados pelos vários intervenientes ouvidos pelo ECO.

O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) considera que a “interpretação do próprio regulamento, muito extenso e muito técnico, com muitas remissões, e nem sempre escrito numa linguagem amigável”, é uma grande dificuldade para o tecido empresarial.

Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de PortugalHenrique Casinhas/ECO

A acrescentar à lista das dificuldades, enumera o “desafio da reorganização da empresa, necessária à integração das obrigações substantivas e de informação previstas no regulamento nos procedimentos da empresa, a fim de facilitarem a aplicação do regulamento” e “o investimento na digitalização deste instrumento, sem o qual não é possível dar resposta às exigências do regulamento”.

“Há aspetos do PDP que ainda não se encontram totalmente definidos, o que dificulta a adoção de uma abordagem preventiva por parte dos operadores económicos. De facto, não é fácil preparar aquilo que ainda não se conhece bem”, comentam Raquel Barroso Margarida de Oliveira Pedro, da Abreu Advogados.

A implementação poderá representar um desafio significativo para as empresas portuguesas, especialmente no que diz respeito à rastreabilidade dos produtos ao longo da sua cadeia de valor.

Abreu Advogados

Embora o Passaporte Digital do Produto represente um passo fundamental para a transparência e sustentabilidade no mercado europeu, a Abreu Advogados recorda que a “implementação poderá representar um desafio significativo para as empresas portuguesas, especialmente no que diz respeito à rastreabilidade dos produtos ao longo da sua cadeia de valor”.

Garantir que as informações essenciais sobre os produtos estão disponíveis e são rastreáveis em cada fase do seu ciclo de vida “exige um investimento considerável na aquisição ou desenvolvimento de soluções tecnológicas adequadas, bem como na formação dos trabalhadores”, asseguram as duas especialistas.

Na ótica das porta-vozes da Abreu Advogados, “as mudanças poderão revelar-se particularmente exigentes por prejudicar sobretudo as pequenas e médias empresas, que dispõem de recursos técnicos e financeiros limitados e que, muitas vezes, já enfrentam dificuldades consideráveis ao nível da transição digital e capacitação de recursos humanos”.

O líder da Anivec não tem dúvidas de que o maior desafio das empresas é a “concorrência” desleal perante as empresas de países terceiros que não são obrigadas a ter o Passaporte Digital do Produto. “O setor não está é preparado para a concorrência desleal que a Europa está estimular – que é o que está a acontecer”, considerando que a “Europa está indiretamente a aniquilar setores europeus”.

César Araújo recorda que “quem não cumpre os critérios, consegue pôr um produto mais barato no mercado”. E assegura que a grande maioria dos consumidores europeus não querem saber se o produto tem passaporte ou não; querem é o melhor preço”.

Calçado, cutelaria e embalagens antecipam soluções

Antecipando este desafio, mais de 30 pequenas e médias empresas já estão a testar soluções no GreenTech Lab, a plataforma que permite validar produtos e processos para cumprir os novos requisitos europeus de rastreabilidade, transparência e circularidade.

Embora a cutelaria não esteja abrangida pela obrigatoriedade em 2026 já decretada para indústrias como o têxtil ou o calçado, Emídio Silvério, responsável de sustentabilidade da Herdmar sabe que esse momento há de chegar. E a centenária Herdmar que ser das primeiras a ter um conjunto de talheres que mostre ao consumidor, através de um QR Code, essa informação sobre a compra da matéria-prima, as emissões, os gastos de água ou os métodos de produção.

A Herdmar está a trabalhar com uma consultora e espera ter esse produto no mercado até ao final do ano, como base para um modelo que possa ser extrapolado. “Se as diferenças de preços não forem gritantes”, Emídio Silvério acredita que será algo valorizado pelos consumidores. “Exportamos para mais de 80 países e alguns terão essa consciência e capacidade de absorver” o custo adicional, confia o responsável de sustentabilidade.

Reportagem na Herdmar, fábrica de cutelaria - 17MAR25

A Herdmar é uma das empresas que integra o GreenTech Lab, que na ótica da CEO Clara Marques “permitiu à empresa aceder a uma plataforma de conhecimento e suporte tecnológico para o desenvolvimento de um projeto-piloto centrado na criação do nosso DPP. “Estar na vanguarda do ecodesign e da economia circular é essencial para o futuro da cutelaria de mesa”, resume.

Outra das empresas que integra este projeto é a Procalçado. “Ao integrar esta plataforma, estamos a preparar-nos para os desafios regulatórios e a garantir que os nossos produtos cumprem os mais altos padrões de transparência e circularidade”, diz o responsável de engenharia de materiais. “O DPP reforça a confiança dos consumidores e melhora a eficiência da nossa cadeia de abastecimento, ao facilitar processos de reciclagem, reutilização e promoção da economia circular na indústria do calçado” destaca Rui Martins.

O DPP reforça a confiança dos consumidores e melhora a eficiência da nossa cadeia de abastecimento, ao facilitar processos de reciclagem, reutilização e promoção da economia circular na indústria do calçado.

Rui Martins

Responsável de engenharia de materiais da Procalçado

Já Isabel Neto, gestora de qualidade e ambiente da Sopsa Eco Innovation, salienta que a empresa entrou no GreenTech Lab com o objetivo de se preparar para a implementação do DPP e “antecipar os desafios” que essa transição poderá trazer. “Está a ajudar-nos a definir o caminho a seguir para desenvolvermos um Passaporte Digital dos nossos produtos de forma eficaz e alinhada com as exigências do mercado”.

“Acreditamos que esta mudança terá um impacto positivo tanto na nossa empresa como no setor, impulsionando um mercado mais transparente e eficiente, onde a rastreabilidade e a sustentabilidade sejam normas e não exceções”, corrobora Natércia Garrido, responsável pela gestão da qualidade, ambiente, saúde e segurança no trabalho da Silvex.

A Fapil já tem uma gama Ocean que é produzida com, pelo menos, 20% de plástico marítimo reciclado (artes de pesca) e entre 50% a 80% de plástico terrestre reciclado. “Vivemos uma mudança de paradigma, onde a redução da pegada de carbono e dos gases de efeito estufa é central para a sustentabilidade empresarial”, reforça Sara Teixeira do departamento de sustentabilidade da Fapil.

Apesar do setor alimentar não estar atualmente incluído nas categorias prioritárias para a implementação do DPP, também o CEO da Arcádia conta ao ECO que a empresa “está comprometida em promover a transparência e sustentabilidade na cadeia de valor”. “Continuaremos a monitorizar as diretrizes europeias e a adaptar as nossas práticas para assegurar conformidade com futuras regulamentações que possam impactar o nosso setor”, assegura Francisco Bastos.

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Católica vai dar formação a trabalhadores do Bankinter

Parceria entre Católica e Bankinter vai facilitar até ao fim do ano acesso dos trabalhadores do banco a formação executiva.

A Católica Lisbon School of Business and Economics e o Bankinter Portugal fecharam uma parceria este mês, que vai garantir aos trabalhadores do banco acesso a formação executiva.

“A parceria vai permitir, até ao final do ano, facilitar o acesso a programas de inscrição aberta da Formação de Executivos da Católica-Lisbon, considerada pelo ranking de 2024 do Financial Times Executive Education como a 27.ª melhor escola da Europa nesta tipologia de programas”, anunciou a escola de negócios, numa nota enviada às redações.

Ao abrigo deste protocolo, os trabalhadores poderão escolher “os programas que melhor se adequem às suas necessidades e aspirações“, é referido em comunicado.

Para Nuno Moreira da Cruz, dean para a formação de executivos da referida escola, sublinha que “a formação executiva é uma extensão da estratégia corporativa que oferece soluções práticas e personalizadas para alcançar os objetivos de negócio“, pelo que “apostar na capacitação dos colaboradores é investir no futuro”, defende o responsável.

“Esta parceria reforça o nosso compromisso com a valorização dos nossos colaboradores, proporcionando-lhes acesso a formação de excelência que complementa o nosso plano anual”, afirma, por sua vez, Pedro Ervilha, diretor financeiro, gestão de pessoas e comunicação do Bankinter em Portugal.

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📹 Como a Europa se quer tornar líder em Inteligência Artificial

  • ECO
  • 19 Abril 2025

A Comissão Europeia apresentou um Plano de Ação para a Inteligência Artificial. Veja o resumo em cinco pontos essenciais.

Fábricas de IA; grandes quantidades de dados; disponibilidade e partilha de conhecimento; IA para cidadãos e um calendário muito mais rápido do que imagina. Estas são as cinco coisas que precisa de saber sobre o Plano de Ação da IA da Comissão Europeia.

Veja o vídeo.

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Ucrânia nega que acordo sobre recursos minerais reconheça apoio dos EUA como dívida

  • Lusa
  • 19 Abril 2025

Vice-ministro da Economia ucraniano realça que "não há qualquer conversa sobre qualquer nova dívida ou sobre a conversão de ajuda anterior em dívida".

O Ministério da Economia ucraniano negou hoje que o acordo sobre recursos minerais que Kiev e os EUA querem fechar antes de 26 de abril reconheça o apoio de Washington como uma dívida do país atacado pela Rússia.

Não há qualquer conversa sobre qualquer nova dívida ou sobre a conversão de ajuda anterior em dívida“, uma vez que “não há lógica de ‘dívida’ nas propostas dos EUA ou da Ucrânia”, garantiu o vice-ministro da Economia ucraniano, Taras Kachka, em declarações à televisão ucraniana, noticiadas pela agência de notícias local Ukrinform.

No texto que está a ser tratado por responsáveis da administração Trump e do poder executivo liderado por Volodymyr Zelensky, “trata-se de quanto os Estados Unidos e a Ucrânia querem ganhar com investimentos“, acrescentou o responsável governamental ucraniano.

Segundo Kachka, tanto americanos como ucranianos entendem que o apoio a Kiev contra a Rússia “não é uma dívida, mas sim uma cooperação mutuamente benéfica”.

Na quinta-feira, soube-se que a Ucrânia e os Estados Unidos assinaram um memorando no qual Kiev e Washington aproximaram as suas posições e onde está expresso que os dois países querem criar “um fundo de investimento para a reconstrução”, como parte de uma aliança económica entre as duas nações.

“Este fundo, como instrumento financeiro, terá o direito privilegiado de investir numa vasta gama de instalações na Ucrânia, assim que surgirem oportunidades”, acrescentou hoje Taras Kachka. “Em primeiro lugar, estamos a falar de minerais, mas também estamos interessados em investimentos americanos em infraestruturas: estradas, portos, energia“, detalhou.

De acordo com o responsável, que também desempenha as funções de representante comercial da Ucrânia, uma delegação ucraniana chegará a Washington na próxima quinta-feira para discutir o acordo.

O objetivo da viagem é concluir as discussões técnicas sobre o fundo de investimento para a reconstrução da Ucrânia, que será estabelecido no âmbito do acordo.

As equipas de negociação devem reportar o seu progresso até 26 de abril, com a intenção de “concluir as negociações até essa data e assinar o acordo o mais rapidamente possível”, de acordo com o texto do memorando.

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Vladimir Putin anuncia “trégua de Páscoa” na guerra na Ucrânia

Putin anunciou "trégua de Páscoa" no conflito com a Ucrânia. Já Zelensky realçou, entretanto, que os drones russos que continuam nos céus do país invadido mostram a verdadeira atitude de Moscovo.

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou este sábado que “tréguas de Páscoa” no conflito com a Ucrânia, segundo avança a Reuters. Isto um dia depois de os Estados Unidos terem ameaçado abandonar os esforços para a paz no leste europeu.

Entretanto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já assinalou que os drones russos que se mantêm nos céus do país invadido revelam a verdadeira atitude de Moscovo. O responsável atirou ainda que a trégua proposta por Vladimir Putin “é mais uma tentativa de brincar com vidas humanas“.

De acordo com a referida agência, em causa está um cessar-fogo unilateral (isto é, não resulta de qualquer acordo com a Ucrânia), tendo Vladimir Putin ordenado que as forças russas suspendam os ataques entre as 18h00 russas deste sábado (16h00 de Lisboa) e a meia-noite de domingo (22h00 de Lisboa).

“Guiado por considerações humanitárias, o lado russo anuncia uma trégua de Páscoa. Ordeno a interrupção de todas as ações militares durante este período“, indicou Vladimir Putin ao líder do exército russo, numa reunião no Kremlin, de acordo com a Reuters.

Assumimos que a Ucrânia seguirá o exemplo. Ao mesmo tempo, as nossas tropas devem estar preparadas para repelir possíveis violações da trégua e provocações pelo inimigo“, acrescentou o Presidente russo.

Segundo a agência mencionada, entretanto, Volodymyr Zelenskiy realçou que a Força Aérea ucraniana tem estado a repelir este sábado ataques de drones russos, salientando que tal mostra a verdadeira atitude de Moscovo face à Páscoa e às vidas das pessoas.

Por outro lado, a Rússia informou este sábado que, “como gesto de boa vontade”, 31 prisioneiros de guerra ucranianos feridos foram transferidos em troca de 15 soldados russos também feridos. Já o Presidente ucraniano indicou que 277 “guerreiros ucranianos regressaram a casa do cativeiro russo”, numa troca de prisioneiros com a Rússia mediada pelos Emirados Árabes Unidos.

A trégua anunciada pela Rússia acontece um dia depois de o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ter avisado que os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz, se não houver progressos nos próximos dias. “Temos de determinar nos próximos dias se [a paz] é viável ou não” e, “se não for possível, temos de passar a outra coisa”, porque “os Estados Unidos têm outras prioridades”, declarou.

Na mesma linha, o Presidente dos Estados Unidos sugeriu, também na sexta-feira, que pode abandonar as negociações com Moscovo e Kiev sobre o conflito na Ucrânia “muito em breve”, se não houver progressos. “Se por algum motivo algum dos lados tornar as coisas demasiado difíceis, diremos apenas: ‘vocês são estúpidos, vocês são idiotas, vocês são pessoas horríveis’, e seguiremos em frente“, assinalou Donald Trump, ainda que tenha acrescentado: “mas espero que não tenhamos de fazer isso“.

Entretanto, a Bloomberg avançou que, num esforço para alcançar a paz no leste europeu, os Estados Unidos estão abertos a reconhecer a Crimeia como território russo.

A Crimeia foi tomada pela Rússia em 2014, na sequência de uma invasão, e a comunidade internacional tem resistido a reconhecer essa região como território russo, de modo a evitar legitimar a anexação que considera ilegal. Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já deixou claro várias vezes que a Ucrânia não cederá nenhuma parte do território à Rússia, como via para alcançar um acordo de paz.

Segundo a Bloomberg, outra das condições previstas na proposta colocada em cima da mesa pelos Estados Unidos é o alívio das sanções que estão, neste momento, impostas à Rússia, bem como a garantia de que a Ucrânia não se juntará à NATO.

Desde que tomou posse, em janeiro, como Presidente dos Estados Unidos tem tentado obter um cessar-fogo rápido na Ucrânia, mas as negociações, até ao momento, não têm sido frutíferas. A guerra na Ucrânia já dura há mais de três anos.

(Notícia atualizada às 16h45 com reação do Presidente da Ucrânia)

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ECO Quiz. Exportações, qualificações e “via verde” da imigração

  • Tiago Lopes
  • 19 Abril 2025

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou?

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. No ano passado, Portugal exportou bens no valor de 5.318 milhões de euros para os EUA. Desse total, 2.365 milhões estão livres das tarifas de 10% aplicadas por Donald Trump.

Mais de um quinto dos diplomados da União Europeia tem qualificações a mais para os empregos que exercem, de acordo com os dados divulgados na passada terça-feira pelo Eurostat. Ainda assim, em Portugal, esse desajuste é menos expressivo.

O ECO publica todas as semanas um quiz, que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento.

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Guerra comercial. Volvo Trucks planeia cortar até 800 empregos nos EUA

Volvo Trucks está a planear cortar 800 empregos na Pensilvânia, Virgínia e Maryland, numa altura em que, por efeito das tarifas de Donald Trump, a incerteza domina o mercado.

A fabricante Volvo Trucks está a planear cortar até 800 postos de trabalho em três das suas instalações nos Estados Unidos nos próximos três meses, avança a Reuters. Isto numa altura em que a incerteza domina o mercado por efeito das tarifas que o Presidente norte-americano, Donald Trump, tem anunciado contra vários países.

De acordo com a Reuters, que cita um porta-voz da Volvo, a fabricante automóvel já deu nota dos referidos despedimentos aos trabalhadores das suas instalações na Pensilvânia, Virgínia e Maryland.

No total, a Volvo Trucks emprega hoje quase 20 mil pessoas na América do Norte. A guerra comercial que tem sido promovida por Donald Trump está a minar a confiança dos consumidores e dos empresários, e é um dos motivos para os despedimentos agora anunciados pela empresa sueca.

“As encomendas de camiões pesados estão a ser afetadas de forma negativa pela incerteza do mercado quando às taxas de transporte e à procura, pelas possíveis mudanças na regulação e pelas tarifas“, sublinha o já mencionado porta-voz. “Lamentamos ter de tomar esta decisão, mas temos de alinhar a produção com a procura diminuída de veículos“, detalha a mesma fonte.

(Notícia corrigida, depois de clarificar que está em causa a Volvo Trucks. Pelo erro pedimos desculpas aos leitores)

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Partidos esperam campanha mais barata do que em 2024, mas Chega dobra orçamento

  • Lusa
  • 19 Abril 2025

Maioria dos partidos estão a apostar numa redução dos custos da campanha face a 2024, mas Chega é exceção. Mais do que duplica o seu orçamento eleitoral.

Os partidos políticos apostam, na campanha para as legislativas de maio, numa clara redução dos gastos face ao ano passado, com a exceção do Chega, que, depois de crescer para 50 deputados, mais do que duplica o seu orçamento eleitoral.

Com duas campanhas em pouco mais de um ano, a tendência entre os partidos é de contenção de custos e poupança em relação a 2024. No total, os partidos preveem gastar 8,45 milhões de euros nesta campanha e, entre os que já têm representação parlamentar, a diferença é de mais de dois milhões de euros em comparação ao que foi efetivamente gasto em 2024.

Ainda assim, o valor orçamentado pelos partidos parlamentares para este ano supera ligeiramente os 7,98 milhões que tinham sido previstos no ano passado, revelando que a intenção de conter custos surge sobretudo após as derrapagens registadas na última campanha.

Os pequenos partidos querem gastar poucos mais de 126 mil euros para tentarem ter votos suficientes para se estrearem no parlamento, com destaque para o JPP, que espera poder financiar a totalidade da campanha com a subvenção estatal – conquistada apenas no caso de eleição de pelo menos um deputado.

Chega mais do que duplica orçamento e é o único que prevê gastar mais

Nesta campanha eleitoral, o Chega prevê gastar 1,6 milhões de euros, mais do dobro dos 700 mil euros orçamentados em 2024. A previsão reparte-se igualmente entre subvenção estatal (800 mil euros) e fundos próprios do partido (também 800 mil euros), e supera até o valor efetivamente gasto pelo partido de André Ventura em 2024, onde os gastos chegaram aos 1,3 milhões.

Além do reforço significativo no orçamento, o Chega contraria a tendência dos restantes partidos e é o único com representação parlamentar a estimar gastar mais do que despendeu nas eleições antecipadas de 2024.

Partidos mais contidos: AD e PS preveem gastar menos 1,9 ME

No sentido contrário, AD e PS, somados, planeiam gastar menos cerca de 1,9 milhões de euros face ao que foi investido na campanha de 2024. A AD – que, desde aí, passou de oposição para coligação de Governo – prevê uma despesa total 2,55 milhões, reduzindo em mais de 700 mil o valor efetivamente gasto em 2024, que ultrapassou os 3,25 milhões de euros.

Os socialistas, que fizeram o caminho inverso e são agora oposição, deixam o posto de partido com maior orçamento, reduzindo o seu investimento em mais de 700 mil euros em relação a 2024. O PS prevê que esta campanha não ultrapasse os 2,25 milhões de euros, e espera financiá-la totalmente através da subvenção estatal.

No total, os partidos representados no parlamento contam investir menos 2,1 milhões do que em 2024, e todos, à exceção do Chega, fazem estimativas inferiores às despesas do ano passado.

AD investe estratégia de comunicação, PS aposta no digital

Para tentar manter-se no poder após o dia 18 de maio, a coligação PSD-CDS investe em força na conceção da campanha, onde se incluem os gastos com agências de comunicação e estudos eleitorais, orçamentando um milhão de euros para esse propósito. Este valor representa um acréscimo de mais 250 mil euros face ao gasto em 2024.

O PS reforça a aposta na propaganda digital e impressa, elevando o investimento nesta rubrica para 420 mil euros, um aumento substancial face aos cerca de 298 mil euros inicialmente previstos na campanha anterior. O partido liderado por Pedro Nuno Santos acabou por gastar mais de 524 mil euros na campanha do ano passado neste tipo de propaganda, e parece agora ajustar as expectativas.

Em contrapartida, os socialistas cortam nas despesas com estruturas físicas, como cartazes e telas, prevendo agora gastar 300 mil euros, menos de metade dos 624 mil euros gastos na campanha anterior.

Liberais lideram na angariação de fundos

A Iniciativa Liberal destaca-se pela aposta na angariação privada de fundos, contando com 75 mil euros oriundos desse tipo de financiamento. Este valor representa cerca de 13% do seu orçamento total, estimado em 575 mil euros, e faz dos liberais o partido parlamentar com maior proporção de financiamento externo ao Estado ou às contas do partido.

A acompanhar a IL no topo da lista dos partidos com maiores angariações de fundo estão a AD e, curiosamente, dois partidos sem assento parlamentar: a Nova Direita e o Ergue-te. A AD conta com 25 mil euros de angariações de fundos, a Nova Direita, liderada por Ossanda Liber, com 30 mil euros e o Ergue-te com 15 mil.

À esquerda, PCP e BE são os únicos dois partidos com representação parlamentar a contar com dinheiro recolhido em angariação de fundos. Os comunistas contam investir, desse parâmetro, 10 mil euros e os bloquistas 5 mil.

Esquerda poupada, com PCP e BE a abdicar de investimento na estratégia

A CDU (PCP/PEV/ID) e o Bloco de Esquerda partilham nesta campanha uma estratégia comum de contenção orçamental, cortando face às campanhas anteriores. A CDU prevê gastar 595 mil euros, menos cerca de 190 mil euros do que o valor inicialmente previsto nas legislativas de 2024 e menos 61 mil do que foi efetivamente gasto no ano passado.

O Bloco de Esquerda segue também uma linha de poupança, prevendo agora investir pouco mais de 460 mil euros, uma redução superior a 48 mil euros face ao orçamento de 2024, quando estimava gastar 508 mil euros.

Tal como a CDU, os bloquistas abdicam de despesas conceção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado, apostando sobretudo em propaganda digital, comícios e cartazes.

Já o Livre prevê investir 150 mil euros, valor quase idêntico aos 151 mil euros gastos efetivamente em 2024, e o PAN reduz o orçamento em relação à última campanha, estimando gastar 150 mil euros, menos 23,5 mil euros do que em 2024.

JPP com expectativas de eleger, PTP é o mais poupado

O Juntos pelo Povo (JPP), que vem de um segundo lugar nas eleições regionais da Madeira, estima gastar 55 mil euros na campanha eleitoral e prevê financiar integralmente este valor com a subvenção estatal, verba apenas garantida com a eleição de pelo menos um deputado à Assembleia da República, o que indica que o partido espera replicar o bom resultado conseguido na Madeira e estrear-se no parlamento nacional.

Entre todos os partidos que apresentaram contas de campanha, o Partido Trabalhista Português (PTP) destaca-se como o mais poupado nesta campanha. O PTP estima investir apenas 100 euros, integralmente financiados com fundos próprios, o que o torna o partido com menor orçamento declarado nesta corrida eleitoral.

Destaque também para a Nova Direita, que garante ter angariado 30 mil euros com os quais financiará a totalidade da campanha, e o Partido Liberal Social, que investirá 12.500 euros nesta disputa eleitoral, 10 mil dos quais oriundos de fundos próprios. O partido foi fundado este ano por José Cardoso, antigo membro da IL, e vai constar no boletim de voto pela primeira vez.

No total, os partidos sem representação parlamentar planeiam gastar pouco mais de 126 mil euros. O ADN, o Volt Portugal e Nós, Cidadãos! foram os únicos que não entregaram ainda o orçamento de campanha, de acordo com a página do Tribunal Constitucional.

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Estudo indica que 20,4% dos votos nas últimas eleições não elegeram deputados

  • Lusa
  • 19 Abril 2025

Cerca de 1,2 milhões de votos nas últimas eleições legislativas foram "desperdiçados" e não serviram para eleger nenhum deputado, revela novo estudo.

Um estudo indica que cerca de 1,2 milhões de votos nas últimas eleições legislativas foram “desperdiçados” e não serviram para eleger nenhum deputado, correspondendo a 20,4% do total, com os territórios do interior a serem particularmente prejudicados.

Este estudo, intitulado “Os votos sem representatividade”, foi elaborado pelo matemático Henrique Oliveira, do Instituto Superior Técnico (IST), e trata-se de uma atualização de outro estudo que já tinha sido feito a propósito das eleições legislativas de 2024, mas que ainda não tinha contabilizado os votos dos círculos eleitorais da Europa e Fora da Europa.

“Encontrámos 1.263.334 votos sem representatividade no país, somando os restos de todos os círculos eleitorais analisados (sem brancos e nulos). Correspondem a 20,4% dos votos válidos”, lê-se no estudo.

Em declarações à agência Lusa, Henrique Oliveira salientou que as principais conclusões do estudo são que “existe uma grande desigualdade no território e na emigração entre os grandes círculos e os pequenos“.

Uma pessoa que vote em Lisboa quase certamente elegerá um deputado com o seu voto, a não ser que vote num partido muito pequeno. Em Portalegre, só pode eleger duas forças políticas no máximo, tal como [no círculo] Fora da Europa ou da Europa”, referiu.

Segundo o estudo, é nos círculos eleitorais mais pequenos que há uma maior “falta de representatividade”: em Portalegre, por exemplo, 49,5% dos votos válidos nas últimas legislativas não elegeram nenhum mandato, seguindo-se Beja (48,4%), os círculos da Europa (46,8%) e Fora da Europa (45,6%).

Quase metade dos votos de Portalegre não servem para eleger nenhum deputado, ao passo que cerca de 90% dos votos de Lisboa e de 84% no Porto servem para eleger deputados. É uma grande desigualdade territorial: o voto do interior, o voto do emigrante, vale menos do que o voto de Lisboa, Porto, Braga, de todos os grandes círculos”, referiu Henrique Oliveira.

Outra conclusão do estudo, segundo o professor de matemática do IST, é que “os partidos que conseguem capitalizar mais o voto são os grandes partidos — que conseguem ver 90% dos seus votos convertidos em mandatos” –, enquanto os pequenos “não conseguem passar dos 40 a 45%“.

Segundo os dados do estudo, o PAN precisou de 126.805 votos para conseguir obter um mandato parlamentar, enquanto o PS só precisou de 23.237 votos para eleger um deputado – ou seja, como refere Henrique Oliveira, o PAN precisou de “cinco vezes mais votos do que o PS”.

O PS é, de acordo com o estudo, a força política “mais eficiente” em termos de votos, com 92,4% dos votos nos socialistas a converterem-se em mandatos, seguindo pela AD (92%) e o Chega (90,7%).

À Lusa, Henrique Oliveira referiu que esta discrepância entre partidos é inerente ao sistema eleitoral português, que converte votos em mandatos através do método d’Hondt, mas o mesmo não se pode dizer quanto às desigualdades territoriais.

É um défice que existe na democracia portuguesa: o interior já é, muitas vezes, esquecido, e ainda por cima vale menos, em termos democráticos, do que o litoral“, referiu, salientando que há formas de tornar o sistema mais igualitário nessa matéria.

Uma delas é criar um círculo de compensação nacional, o que iria ter um grande inconveniente, que era dificultar muito a criação de maiorias políticas. Outra maneira era agrupar os círculos do interior em grandes círculos — por exemplo, podíamos juntar o Alentejo e o Algarve — que elegeriam nove, dez mandatos“, exemplificou.

Quanto a formas de corrigir desigualdades entre os partidos, Henrique Oliveira deu o exemplo do sistema eleitoral de Israel — que tem um único círculo nacional, o que garante uma maior representatividade –, mas advertiu que teria o inconveniente de tornar “praticamente impossíveis” maiorias absolutas.

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BCE estima que euro digital substitua cinco em cada 10 euros em dinheiro

  • Lusa
  • 19 Abril 2025

o BCE estima que, por cada dez euros digitais emitidos, serão retirados de circulação cinco euros físicos e os depósitos bancários perderão três.

O Banco Central Europeu (BCE) acredita que a adoção do euro digital vai levar à retirada de cinco em cada dez euros físicos em circulação, segundo um relatório hoje divulgado.

Esta é a principal conclusão do último relatório da organização que, ao contrário de outros bancos centrais, como a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos (EUA), trabalha há anos para implementar este meio de pagamento.

A Fed já se comprometeu a não desenvolver um dólar digital, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva que promove as criptomoedas, procurando tornar o país um líder mundial em ativos digitais, ao mesmo tempo que proíbe o estabelecimento de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês).

O BCE está a adotar uma abordagem diferente, como sublinhou o membro do Comité Executivo Piero Cipollone esta semana.

A instituição liderada por Christine Lagarde defende o projeto como uma questão de soberania estratégica e apresenta o euro digital como um novo passivo monetário, além das notas e reservas dos bancos comerciais, o que não aumentaria necessariamente os balanços dos bancos centrais.

Os efeitos da emissão de moedas digitais dependerão, não só do seu desenho, mas também do seu apelo aos consumidores, o que exige que os bancos centrais analisem a remuneração, os limites de retenção e os critérios de acesso.

O relatório indica ainda que o impacto líquido da digitalização no tamanho do balanço também pode ser negativo, uma vez que o número de notas em circulação pode diminuir e as características de desenho das CBDC podem limitar a sua adoção como reserva de valor.

Isto implica uma “substituição” de alguns ativos por outros, uma vez que a procura do euro digital levará a uma queda das notas em circulação e dos depósitos bancários, juntamente com um aumento dos ativos no balanço do BCE por outros meios.

A quantidade real de CBDC em circulação na zona euro será determinada pela procura das famílias, tal como a procura das famílias determina a quantidade de notas em circulação.

Com base nesta premissa, o BCE estima que, por cada dez euros digitais emitidos, serão retirados de circulação cinco euros físicos e os depósitos bancários perderão três.

O BCE considerou três cenários possíveis, consoante a procura seja baixa, média ou elevada: no primeiro caso, a descida das notas seria de 15.000 milhões; no segundo, 125.000; e no terceiro, 256.000.

O cálculo do BCE inclui também as moedas, que são quantitativamente muito menos relevantes do que as notas.

Em dezembro de 2023, existiam 1.567.200 milhões de euros em notas e 33.500 milhões de euros em moedas denominadas em euros em circulação, de acordo com as próprias estatísticas da agência.

Entre os principais riscos da adoção do euro digital estão os riscos de reputação e os que decorrem da dependência da nova moeda, com infraestruturas e instalações altamente suscetíveis a ataques cibernéticos.

Neste sentido, o relatório observa que o Banco de Compensações Internacionais lançou o “Projeto Polaris” para apoiar os bancos centrais na conceção, implementação e operação de sistemas CBDC seguros e resilientes, para “mitigar os riscos operacionais, legais e de reputação que enfrentam devido a ciberameaças ou falhas operacionais”.

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Só metade dos estrangeiros que residem em Portugal estão inscritos nos centros de saúde

  • ECO
  • 19 Abril 2025

AIMA estima que haja 1,6 milhões de estrangeiros a residir em Portugal, mas só 882 mil estão inscritos nos cuidados de saúde primários.

Há cerca de 882 mil estrangeiros que residem em Portugal inscritos nos centros de saúde, segundo avança este sábado o Público. No total, o país conta com 1,6 milhões de estrangeiros residentes, o que significa que só metade está inscrita nos cuidados de saúde primários.

De acordo com o jornal, que cita os dados da Administração Central do Sistema de Saúde, dos cerca de 882 mil estrangeiros inscritos nos cuidados de saúde primários, 52.886 não completaram o preenchimento de todos os dados considerados obrigatórios. Ora, a responsabilidade financeira só é assumida pelo Estado quando há registo atualizado no SNS, frisa o Público.

Essa atualização obrigatória está a preocupar o colectivo “Humans Before Borders”, que já apelou a que o Governo não tome “nenhuma decisão administrativa resulte em discriminação ou restrição injustificada ao direito à saúde”.

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