Hoje nas notícias: imposto da banca, Inapa e urgências

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário, um imposto criado durante a pandemia para os bancos ajudarem ao financiamento da Segurança Social, está quase a cair, após três decisões de inconstitucionalidade pelos juízes do Palácio Ratton, sendo que os bancos podem vir a ser ressarcidos. João Nuno Mendes, então secretário de Estado das Finanças, sugeriu a venda da participação na Inapa à Parpública, em setembro de 2022, mas faltou a ordem do também então ministro Fernando Medina para o efeito. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Tribunal Constitucional deixa imposto adicional sobre os bancos por um fio

O Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário (ASSB) — um imposto criado pelo Governo de António Costa durante a pandemia para os bancos ajudarem ao financiamento da Segurança Social, bastante pressionada com apoios sociais e pagamentos do lay-off — está perto de deixar de poder ser aplicado. Alguns bancos têm lutado na Justiça pelo fim desta contribuição, vendo o Tribunal Constitucional dar-lhes razão em recursos já depois de várias decisões favoráveis à banca em comissão arbitral. Por enquanto, “cai” o que pagaram em 2020, dados os três acórdãos nesse sentido, mas para que a lei — cuja previsão de receita este anos é de 39 milhões de euros — seja considerada inconstitucional com força obrigatória geral e deixe de poder ser aplicada, falta apenas mais um acórdão.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Parpública recebeu sugestão para vender Inapa mas faltou ordem de Medina

Em setembro de 2022, um despacho assinado pelo então secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, afastava a possibilidade de a Parpública conceder suprimentos à Inapa, tal como havia sido noticiado. Porém, no mesmo documento, o governante sugeria à Parpública que avaliasse a possibilidade de vender a participação de cerca de 40% que detém na empresa de distribuição de papel. Faltou a “luz verde” de Fernando Medina, que tutelava o Ministério das Finanças, embora a própria situação da Inapa não facilitasse a sua venda.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Ordem admite mais urgências abertas com menos médicos do que o previsto

O bastonário da Ordem dos Médicos quer rever a forma como são constituídas as equipas nos serviços de urgência de ginecologia-obstetrícia para evitar que hospitais com a mesma dimensão e com atividade idêntica funcionem de forma diferente. “Atualmente, há urgências que fecham com o mesmo número de médicos de outras que continuam abertas. Isto não pode acontecer. A resposta tem de ser mais uniforme no país”, defende Carlos Cortes, que tenciona discutir esta questão com a ministra da Saúde na reunião que tem marcada esta sexta-feira.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionando)

Grandes obras contratadas até junho caem para metade

As obras públicas de grande dimensão (acima de sete milhões de euros) contratadas no primeiro semestre deste ano — em que foram celebrados 32 contratos, segundo o portal Base — totalizaram cerca de 560 milhões de euros, um valor ligeiramente acima do registado no mesmo período de 2023 (551 milhões). Quando comparado com a segunda metade do ano passado (mais de 1,1 mil milhões de euros), o número de grandes empreitadas contratadas representa uma queda para metade. Porém, o valor apurado no segundo semestre de 2023 reflete a contratação de duas das maiores obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Prescrição livra Sócrates dos crimes da casa de Paris

O crime de falsificação de documento de que é acusado José Sócrates no âmbito da “Operação Marquês”, relacionado com a casa de Paris, já prescreveu. Em causa está o alegado contrato de arrendamento fictício do apartamento onde o antigo primeiro-ministro viveu entre setembro de 2012 e julho de 2013. A acusação sustenta que o ex-governante era o dono do apartamento, que custou cerca de dois milhões de euros e ficou em nome do amigo e alegado testa de ferro Carlos Santos Silva. Também o empresário fica livre deste crime, de que era coautor.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

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As novas Agendas de Inovação no PT2030

  • BRANDS' ECO
  • 9 Agosto 2024

O PT2030 vai lançar um instrumento de apoio à I&D+I, que seguirá traços das Agendas de Inovação do PRR, apoiando consórcios entre PME, grandes empresas e entidades do sistema científico e tecnológico.

O Portugal 2030 (PT2030), que materializa o Acordo de Parceria estabelecido entre Portugal e a Comissão Europeia para a implementação da política de coesão no país entre 2021-2027, pretende afirmar-se como uma alavanca para um Portugal mais inteligente, investindo na inovação, na digitalização, na competitividade das empresas, nas competências para a especialização inteligente, na transição industrial e no empreendedorismo.

No tocante à inovação e competitividade empresarial, o Regulamento Específico da Área Temática Transição Digital do Portugal 2030 (regulamentado pela Portaria n.º 328-B/2023) avança com um conjunto de instrumentos com forte continuidade com o PT2020 e com o PRR, entre os quais se destaca o sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial”. Este novo sistema de incentivos terá como objetivo o desenvolvimento de atividades desde a investigação até à produção e/ou introdução no mercado de produtos ou processos decorrentes da cooperação entre empresas e entidades não empresariais do sistema de inovação, replicando em grande medida o modelo das Agendas de Inovação do PRR, embora com uma ambição menor e dimensão de investimento inferior.

"O sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial” corresponderá, provavelmente, a um dos instrumentos mais estratégicos do PT2030.”

O sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial” corresponderá, provavelmente, a um dos instrumentos mais estratégicos do PT2030, pela capacidade que incorpora para impulsionar estruturalmente a valorização económica de conhecimento e de tecnologia no país, potenciando a competitividade das nossas indústrias através de uma maior aproximação entre o sistema científico e tecnológico nacional e o tecido empresarial e entre o próprio tecido empresarial, nomeadamente entre PME e grandes empresas.

Um outro aspeto distintivo será a possibilidade de apoio à inovação produtiva pelas grandes empresas, sendo que estes investimentos em inovação produtiva têm de (i) ser complementares às atividades de I&D apoiadas, visando a incorporação dos seus resultados na atividade económica e a sua introdução no mercado ou disponibilização aos potenciais utilizadores, (ii) ter como objetivo a produção de bens de alta ou média-alta intensidade tecnológica ou de serviços intensivos em conhecimento com foco transacionável ou internacionalizável, com elevado nível de incorporação nacional, que permitam completar cadeias de valor e a integração em cadeias de valor globais, (iii) estar inseridos em domínios prioritários de especialização inteligente e (iv) corresponder a um investimento inicial, ou a um investimento inicial a favor de uma nova atividade económica (i.e. criação de um novo estabelecimento ou diversificação da atividade de um estabelecimento existente, aumento da capacidade de um estabelecimento já existente, diversificação da produção de um estabelecimento para produtos não produzidos ou serviços não prestados anteriormente ou alteração fundamental do processo global de produção ou da prestação global dos serviços de um estabelecimento existente).

"Será muito importante aproveitar o momento para capitalizar todas as iniciativas coletivas relevantes que foram colocadas no terreno em Portugal na última década e meia.”

Assumindo a forte seletividade que se pretende imprimir neste processo, será muito importante aproveitar o momento para capitalizar todas as iniciativas coletivas relevantes que foram colocadas no terreno em Portugal na última década e meia (e.g. reconhecimento de clusters, estratégias de especialização inteligente, centros de interface, CoLABs), bem como estimular estrategicamente sinergias e fertilização cruzada entre atividades, setores e domínios tecnológicos.

A dupla transição em curso (digital e climática), a par da penetração crescente da Indústria 4.0 na economia, estão a desestruturar fortemente a forma como as atividades económicas se desenvolvem, alterando os seus fatores-chave de competitividade. A ideia de base subjacente ao novo sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial” mostra-se, assim, tremendamente poderosa e oportuna, podendo introduzir um importante elemento de mudança na forma como a política de competitividade é implementada no nosso país, integrando o que frequentemente anda (indevidamente) desintegrado.

"A dupla transição em curso (digital e climática), a par da penetração crescente da Indústria 4.0 na economia, estão a desestruturar fortemente a forma como as atividades económicas se desenvolvem, alterando os seus fatores-chave de competitividade.”

A EY está a acompanhar muito de perto este novo sistema de incentivos, podendo apoiar o ecossistema nacional de inovação na constituição de consórcios completos e na conceção de ideias disruptivas para a preparação de candidaturas ganhadoras ao PT2030.

Francisco Hamilton, Partner EY, Tax Services, e Hermano Rodrigues, Principal EY-Parthenon

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Caldea revoluciona o seu programa de espectáculos e workshops no seu 30º aniversário

  • Servimedia
  • 9 Agosto 2024

Caldea comemora o seu 30.º aniversário com um programa de espetáculos e workshops de bem-estar durante o mês de agosto, como atração adicional para a época de verão.

A Gran Laguna será o centro nevrálgico do novo espetáculo que o Caldea estreia esta sexta-feira. Uma proposta que funde dança urbana, dança acrobática e acrobacias aéreas com correias. O grupo de artistas formado por dois acrobatas e cinco bailarinos estreará o novo palco do Gran Laguna e executará uma coreografia ao ritmo de canções emocionantes como “Beautiful Things” de Benson Boone e “Pushin On” de WEI2 e criará figuras impressionantes à volta das luzes e dos jogos de água.

O espetáculo, que pode ser visto até 25 de agosto, terá duas apresentações diárias: às 11h40 e às 21h40. O espetáculo terá uma duração de 12 minutos, divididos em 5 blocos de atuação que combinam as diferentes disciplinas. O espetáculo pode ser visto mediante a aquisição de qualquer tipo de acesso.

Imminent Produccions é a empresa cinematográfica que criou o conceito do novo espetáculo. Com sede em Andorra e Los Angeles, abrange desde o desenvolvimento conceptual à produção audiovisual, tendo participado em filmes, curtas-metragens e documentários nacionais e internacionais. Os bailarinos participam inclusivamente no prestigiado programa America’s Got Talent.

Paralelamente, as “Champagne Sessions” continuarão a ser oferecidas todas as sextas-feiras e sábados, a partir das 19h30, na grande lagoa interior de três níveis, onde os visitantes podem desfrutar de música ao vivo de um saxofonista ou de canto enquanto bebem um cocktail na água.

Como novidade, de 9 a 25 de agosto, haverá um espetáculo especial com um DJ ao vivo e um grupo de bailarinos e acrobatas que executarão uma coreografia na lagoa exterior.

Além disso, o Caldea está a lançar o Mindful Music Experience, um workshop inovador criado expressamente pelo compositor musical David Sitges e pela instrutora Silvia Monné. Tem lugar na água com música ao vivo e a participação ativa dos clientes, para viver uma experiência única no meio aquático. A atividade pode ser desfrutada todas as quintas, sextas, sábados e domingos às 11h, 12h, 16h e 18h.

Há também as tradicionais sessões de mindfulness onde são trabalhados 10 movimentos “mindful” criados pelo mestre Thich Nhat Hanh, combinando alongamentos suaves, posturas conscientes de yoga, técnicas de respiração e técnicas de auto-massagem com pressão de bolas e outros objectos. Neste caso, o workshop realiza-se todas as segundas, terças e quartas-feiras às 11h, 12h, 16h e 18h.

Por fim, o famoso workshop de taças tibetanas também continuará a ser oferecido, proporcionando 45 minutos de quietude absoluta através do som suave das taças tibetanas, que tem um poder curativo e relaxante. Os visitantes podem participar no workshop todos os dias da semana, às 13.00, 17.00, 18.30 e 19.30 horas. Todos os visitantes com Premium Access terão acesso gratuito aos workshops de bem-estar.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 9 de agosto

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

Ao longo desta sexta-feira, 9 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A Iberdrola, a Cox, a Cepsa e o Grupo Térvalis promovem a produção de amoníaco verde a partir do hidrogénio

  • Servimedia
  • 9 Agosto 2024

A procura de amoníaco em 2050 exigirá mais 24 milhões de toneladas para utilizações químicas e mais 44 milhões de toneladas para fertilizantes.

As empresas e instituições já estão a trabalhar em técnicas para a produção renovável e sustentável do amoníaco, de acordo com dados da Comissão para as Transições Energéticas.

É o caso de várias empresas espanholas que estão a investir no desenvolvimento e na produção de amoníaco a partir do hidrogénio verde, que vai desempenhar um papel importante graças às suas novas aplicações no transporte marítimo ou na geração de energia, além de ser um transportador de hidrogénio.

Uma das empresas líderes neste compromisso é a Iberdrola, que obteve recentemente a atribuição de 242 milhões de euros do Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico (MITECO) para um dos projetos que está a desenvolver na sua fábrica de hidrogénio em Puertollano (Ciudad Real).

Esta iniciativa visa a produção de amoníaco e de adubos verdes em Puertollano, em colaboração com a Fertiberia. Além disso, anunciou um projeto de investimento de quase 427 milhões de euros para a produção em grande escala de amoníaco verde em Sines, Portugal. A fábrica ocupará uma área de aproximadamente 21 hectares e terá uma capacidade de produção anual de cerca de 95.000 toneladas de amoníaco verde a partir de eletrolisadores de 137 MW.

Da mesma forma, a Cox, que tem mais de 25 anos de experiência em hidrogénio, desenvolveu um estudo para a produção de amoníaco a partir de hidrogénio verde numa central híbrida com energia solar, eólica, ligação à rede e baterias na África do Sul, uma das regiões do mundo com as melhores condições de sol e vento para o desenvolvimento de energias renováveis.

Uma ferramenta desenvolvida internamente, denominada LHySA, foi utilizada para simular o funcionamento ao longo da vida dos diferentes sistemas que compõem a central híbrida e fornece dados chave de desempenho e eficiência para o dimensionamento e cálculo dos custos de funcionamento da central.

Por outro lado, a Cepsa assinou um acordo para armazenar a sua produção de amoníaco verde nas instalações da Evos em Algeciras, e de metanol verde nas de Roterdão (Holanda), com o objetivo de facilitar o transporte de produtos derivados do hidrogénio verde entre os portos espanhóis e holandeses.

Assim, a empresa continua a promover o Vale do Hidrogénio Verde da Andaluzia através da futura fábrica de metanol verde no porto de Huelva, que terá uma capacidade de produção anual estimada em 300.000 toneladas; e da fábrica de amoníaco verde com uma capacidade de produção anual de até 750.000 toneladas.

Juntamente com eles, o Grupo Térvalis – através da sua filial Fertinagro Biotech -, a Iam Caecius SL e a Energias de Portugal (EDP) vão desenvolver o projeto Ver-Amonia no município de Teruel, em Andorra, para o qual receberam uma subvenção europeia de 53 milhões de euros. Prevê-se que a infraestrutura esteja operacional em 2027 e que produza 15 000 toneladas de amoníaco verde por ano. A instalação será composta por duas fábricas, situadas a poucos quilómetros de distância: uma terá turbinas eólicas e painéis fotovoltaicos (com uma potência total de 35 MW) que gerarão eletricidade para alimentar o processo de eletrólise da outra (25 MW).

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Plataforma portuguesa já faz “match” entre 15 mil enfermeiros e turnos

Só entre janeiro e junho, a MyCareForce já possibilitou o preenchimento de 15 mil turnos em unidades de saúde em Portugal. Conta com 17.500 profissionais inscritos, dos quais 15 mil enfermeiros.

De um lado estão os enfermeiros e auxiliares de saúde. Do outro, as unidades de prestação de cuidados de saúde que procuram profissionais para preencherem turnos. A fazer a ponte está, há três anos e meio, a plataforma portuguesa MyCareForce. Em conversa com o ECO, Pedro Cruz Morais, um dos fundadores, adianta que só no primeiro semestre deste ano a plataforma possibilitou o preenchimento de 15 mil turnos. Estão inscritos, neste momento, mais de 17 mil utilizadores, dos quais 15 mil são enfermeiros.

João Hugo Silva (à esquerda) e Pedro Cruz Morais são os líderes e fundadores da MyCareforceDR

“Temos crescido bastante. Éramos dois fundadores em 2021 a levar a empresa para a frente. Ao fim de três anos e meio, temos uma equipa de 30 pessoas, entre Portugal e Brasil. Temos 17.500 utilizadores, dos quais 15 mil são enfermeiros“, avança o responsável da plataforma que “aplica a gig economy [economia de partilha] ao setor da saúde”.

Segundo Pedro Cruz Morais, apesar de a MyCareForce se destacar das agências “mais tradicionais”, por ser tecnologicamente inovadora, engana-se quem acha que só tem profissionais mais jovens. “Temos todas as faixas etárias”, garante o fundador. “Aliás, os primeiros enfermeiros até eram já mais experientes. Acho que isso contribuiu para a validação da plataforma e para crescermos“, sublinha.

E com os tais 17.500 profissionais inscritos e 70 unidades de saúde associadas, a MyCareForce possibilitou, entre janeiro e junho deste ano, o preenchimento de 15 mil turnos, o equivalente a 129 mil horas de trabalho, que se traduzem em 1,7 milhões de euros transacionados, destaca o mesmo.

O primeiro semestre da MyCareForce
15 mil turnos preenchidos
129 mil horas de trabalho
1,7 milhões de euros transacionados

Pedro Cruz Morais acredita que o negócio ainda crescerá mais nos próximos tempos, até porque há cada vez mais unidades de prestação de cuidados (de hospitais públicos e privados a clínicas, passando por laboratórios e residências) a publicar turnos nesta plataforma. “Cada vez publicam mais”, assegura o empreendedor.

Brasil ultrapassa Portugal já em 2025

Ainda que tenha nascido em Portugal, a MyCareForce também já está no Brasil, país onde o potencial de crescimento, prevê Pedro Cruz Morais, é imenso. “A operação no Brasil ainda não ultrapassou a operação em Portugal, mas, pelo potencial que o mercado tem, irá ultrapassar. Ainda não este ano, mas já no início do próximo ano“, projeta o responsável.

Numa entrevista ao ECO na primavera, João Hugo da Silva, também fundador desta plataforma, tinha adiantado que a operação brasileira deveria ultrapassar a portuguesa nos próximos dois anos. As declarações de Pedro Cruz Morais significam, portanto, que tal deverá acontecer mais cedo do que inicialmente previsto.

De resto, a MyCareForce já conta com dez unidades de saúde associadas no Brasil, reconhecendo o referido empreendedor que há sempre desafios ao chegar a um novo mercado, ao “levantar uma operação do zero“. “Mas temos muitas aprendizagens feitas em Portugal e temos agora de construir clientes. Já temos alguma tração“, frisa.

Quanto ao concorrência, tanto no Brasil como em Portugal, Pedro Cruz Morais adianta que a MyCareForce tem de fazer frente às agências tradicionais de outsourcing, mas elege a digitalização e flexibilidade como elementos que põem esta plataforma em vantagem na corrida.

Distinguimo-nos completamente do modo tradicional. Temos tudo digitalizado“, sublinha o fundador, que lembra que, nas demais agências, o processo ainda tende a ser mais moroso e menos ágil.

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Empresas entre o aumento de custos e a necessidade de segurar quota de mercado

Com margens de lucro sob pressão, as empresas deverão passar para os clientes o aumento de custos que têm enfrentado. Setores exportadores estão a sacrificar margens para proteger mercado.

Custos mais altos, maior instabilidade e economia a desacelerar. É esta a conjuntura que deverá forçar as empresas a aumentar preços nos próximos meses, para protegerem as suas margens de lucro. Apesar da conjuntura mais difícil que o tecido empresarial enfrenta, nem todos os setores conseguem passar para os clientes o aumento de custos. Setores que dependem de mercados externos estão a ser forçados a sacrificar as suas margens para manter volumes de negócios.

Todos os setores de atividade em Portugal estão a preparar-se para subir novamente os preços de venda ao consumidor nos próximos meses, revela o inquérito de conjuntura de julho, baseado nas respostas de cinco mil empresas, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo estes indicadores, o saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda nos próximos três meses “aumentou significativamente na indústria transformadora, na construção e obras públicas e no comércio e, de forma moderada, nos serviços”.

Perante a instabilidade global, que deve permanecer nos próximos meses (correndo mesmo o risco de se agravar), é muito provável que venha a ocorrer uma transmissão dos expectáveis aumentos de preços no produtor para o consumidor final”, antecipa o presidente do conselho de administração da AEP. “De outro modo, poderá estar em causa a própria sobrevivência de algumas empresas, aquelas com menor capacidade para absorver uma significativa subida de custos sem perda da sua competitividade”, justifica Luís Miguel Ribeiro.

Perante a instabilidade global, que deve permanecer nos próximos meses (correndo mesmo o risco de se agravar), é muito provável que venha a ocorrer uma transmissão dos expectáveis aumentos de preços no produtor para o consumidor final. De outro modo, poderá estar em causa a própria sobrevivência de algumas empresas, aquelas com menor capacidade para absorver uma significativa subida de custos sem perda da sua competitividade.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente do conselho de administração da AEP

A intenção de voltar a agravar preços surge num momento marcado por crescentes riscos geopolíticos e as margens de lucro das empresas não financeiras na Zona Euro atingiram, no 1º trimestre de 2024, valores mínimos dos últimos 15 trimestres, segundo dados do Eurostat. É preciso recuar até ao segundo trimestre de 2020 para encontrar uma margem de lucro mais baixa, realça a Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Segundo a associação, “em Portugal, a trajetória descendente ao longo dos últimos trimestres é semelhante, sendo que a agravar a situação está o facto das margens das empresas não financeiras portuguesas serem significativamente mais baixas face às homólogas dos países da Área Euro“, realça Luís Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da AEP.

“Os custos suportados pelas empresas têm aumentando constantemente, devido aos elevados custos de financiamento, aumentos dos salários bem acima da média dos últimos anos e subida do preço das commodities, destacando-se o preço dos fretes marítimos, que aumentou assinalavelmente em função das tensões geopolíticas no Médio Oriente”, explica o presidente do conselho de administração da AEP.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, causou grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia.

Depois da guerra na Ucrânia, a guerra no Médio Oriente – e a escalada das tensões na região entre Israel e o Irão – tem agravado o sentimento nos mercados e conduzido a novas subidas de preços. “Nos últimos dias, a escalada do conflito no Médio Oriente poderá agravar o aumento dos custos de transportes e logística, por via das alterações das rotas e encarecer as matérias-primas e produtos, tal como aconteceu antes”, refere Luís Miguel Ribeiro.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, causou grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia e forçou vários setores a procurar alternativas, não só de transporte, mas também de fornecimento.

Além dos problemas nos transportes, as empresas estão a ser confrontadas com um abrandamento do ambiente económico. “A atividade económica em Portugal tem vindo a desacelerar, fruto de uma conjuntura desfavorável, sendo que em determinados setores de atividade está mesmo em queda”, nota Luís Miguel Ribeiro”, dando como exemplo a indústria transformadora, “visto que assinala uma diminuição do Valor Acrescentado Bruto há seis trimestres consecutivos, que não teve paralelo noutro ramo de atividade, e deve ser encarado com séria preocupação, até pela relevância da indústria transformadora na economia portuguesa via emprego, exportações, investimento, entre outros fatores, de que é exemplo o elevado potencial na área de um modelo económico mais sustentável.”

“Por tudo isto, é natural que em determinados setores de atividade algumas empresas não tenham margem suficiente para absorver os diversos aumentos dos custos descritos anteriormente, pelo que será necessário repercutir esses custos nos preços ao consumidor final”, acrescenta o mesmo responsável.

O presidente da AEP nota que, “caso as empresas optem por absorver a totalidade dos aumentos dos custos, isso agravará a tendência de queda das margens, o que poderá gerar repercussões no mercado de trabalho, um dos pilares da melhoria da prestação da economia portuguesa nos últimos anos.”

As previsões de crescimento para a economia portuguesa apontam para uma subida do produto interno bruto entre 1,5% e cerca de 2%. A estimativa inscrita no Orçamento do Estado para 2024, e no Programa de Estabilidade, aponta para um crescimento de 1,5%, ficando no entanto abaixo das projeções do Banco de Portugal de 2%. Já a Comissão Europeia vê Portugal a crescer 1,7% este ano, enquanto o FMI projeta um crescimento próximo de 2%.

Estas taxas de crescimento ficam aquém da registada no ano passado. Portugal foi das economias que mais cresceu em 2023 entre 27 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ficando em quinto lugar com uma variação do PIB de 2,3%.

Enquanto a economia dá sinais de enfraquecimento, os preços continuam a descer, mas mantêm-se em níveis próximos de 3% – a taxa de inflação homóloga em junho foi de 2,8% – com os produtos energéticos a continuarem a aumentar.

O setor agrícola – europeu e, particularmente, o português – soube sempre adaptar-se e encontrar caminhos para garantir que nenhum alimento faltasse à mesa dos Estados-membros e que a produção fosse escoada.

Luís Mira

Secretário-Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)

Estando o setor agrícola, como qualquer outro, exposto à conjuntura inflacionista, muitas das vezes o efeito só é sentido bastantes meses após o agravamento da inflação. Por outro lado, e como foi possível confirmar durante os anos de pandemia e o primeiro ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o setor agrícola – europeu e, particularmente, o português – soube sempre adaptar-se e encontrar caminhos para garantir que nenhum alimento faltasse à mesa dos Estados-membros e que a produção fosse escoada. Não será diferente desta vez”, explica Luís Mira, Secretário Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal).

Para o representante dos agricultores, “o importante é que se garanta que os apoios aos agricultores portugueses são pagos a tempo e a horas e que a Política Agrícola Comum é ajustada às necessidades e circunstâncias do setor agrícola nacional.

Quanto às oscilações nos custos de produção, Luís Mira refere que “não só levam mais tempo a repercutir-se nos preços de venda do produtor, como também são influenciados por outros fenómenos mais ou menos imprevisíveis e que impactam a produtividade de determinadas colheitas: é exemplo disso o aumento elevado dos preços do azeite, após a campanha passada, muito impactado pela elevada procura espanhola que se fez sentir na sequência da grande quebra de produção no país vizinho”. “Há ainda que ter em conta que, em muitos casos, estamos a falar de commodities, cujos preços não dependem do produto”, conclui.

Apesar das especificidades que influenciam os preços dos produtos agrícolas, certo é que alterações na base da cadeia de abastecimento irão refletir-se nos preços a que chegam os produtos às prateleiras do supermercado.

Questionada pelo ECO, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição preferiu não fazer comentários sobre possíveis subidas de preços no setor da distribuição, argumentando que as suas respostas “poderiam confundir-se com uma intromissão na política comercial dos seus associados, sobre a qual a APED não pode, nem deve, pronunciar-se ou sugerir qualquer tipo ou forma de orientação. Fazê-lo seria extravasar os limites da sua atuação e dos seus próprios fins enquanto associação representativa de mais de 200 empresas de distribuição.”

Mais custos, preços mais baixos

Apesar do aumento de custos para as empresas ser uma realidade, nem todos os setores veem na subida de preços uma solução. Para setores com maior exposição aos mercados externos, agravar preços para os clientes significa perder competitividade e, provavelmente, volume de negócios.

As empresas [da indústria de mobiliário] gostariam muito (de aumentar preços), mas não têm grande margem. Não é fácil fazer aumentos de preços. No mercado francês há alguma restrição e no mercado alemão”, explica Gualter Morgado, diretor-executivo da APIMA (Associação Portuguesa de Indústrias de Mobiliário e Afins).

De acordo com o responsável, o setor tem “vivido com dificuldades no mercado. Há um esforço na diversificação grande na promoção da internacionalização. Criar alternativas aos mercados em dificuldades.”

Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, alerta para problemas que o setor atravessa.

Com o grosso das suas receitas no exterior, o setor do têxtil e vestuário é outro que não tem margem para subir preços. “A competição internacional está extremamente agressiva”, explica Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, acrescentando que “os preços médios até estão a baixar para competir” com outros players nos mercados.

Segundo Mário Jorge Machado, “a agressividade de preços no mercado internacional é enorme“. Ainda assim, reconhece que as empresas têm enfrentado alguns aumentos de custos, nomeadamente associados a aumentos salariais e energia.

“As empresas estão a sacrificar margens para manter volumes de negócios”, refere o presidente da ATP, notando o momento difícil que o setor atravessar e alertando que poderá haver empresas têxteis e do vestuário “que poderão não aguentar” este “esforço extra para manter quota de mercado”, caso a recuperação económica tarde em chegar.

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#5 As férias de Madalena Tomé. Um mergulho com Simone Biles

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

CEO da SIBS tem curiosidade em assistir ao documentário "O Regresso de Simone Biles". Vai manter contacto com as equipas nas férias até porque a reta final de ano promete novidades importantes.

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

As férias de Madalena Cascais Tomé incluem a família, os amigos e muitos livros. Mas, em plenos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a CEO da SIBS está com curiosidade em ver o recente documentário sobre “O regresso de Simone Biles”, a ginasta norte-americana que “rompeu com os estereótipos e trouxe para discussão temas muito importantes como a questão da saúde mental em ambiente sob pressão”. Mantém sempre o contacto com as suas equipas, até porque a reta final do ano que traz “novidades importantes” no portefólio da empresa líder nos pagamentos em Portugal.

Que livros, séries e podcasts vai levar na bagagem e porquê?

Livros fazem sempre parte da minha “mala”. De preferência em formato tradicional. Este verão levarei certamente alguns livros de ficção, em particular dois que estou ansiosa por ler, “A elegância do ouriço” de Muriel Barbery, “O Rouxinol” de Kristin Hannah, e “Violeta” de Isabel Allende, por quem me recomendou. Ler um bom livro de ficção é algo que me prende e me distrai em completo, e que só consigo fazer nas férias. Outros livros que seguem comigo são “Of Paradise and Power – America and Europe in the new world order”, de Robert Kagan, um livro ímpar sobre ideais, poder e ética, fundamental para desafiar a nossa perspetiva sobre as relações entre estes dois espaços económicos, e a “A Última Lição de Sobrinho Simões”, escrito por Luís Osório, com reflexões sobre a sabedoria acumulada ao longo de uma vida dedicada ao estudo e à compreensão do mundo. Espero conseguir chegar ao livro “De bom a Excelente”, de Jim Collins, que apesar de não ser recente ainda não consegui ler, mas sobre o qual tenho muita curiosidade uma vez que resulta de um longo trabalho de investigação e análise a cerca de 1.500 empresas para aferir o que as difere para alcançar o sucesso sustentável ao longo dos anos, e também ao livro “Right kind of wrong, the science of failing well”, da Amy Edmondson, baseado em anos de pesquisa abrangendo várias industrias, e que explora a importância do fracasso para a inovação e para o conhecimento.

Sobre podcasts, o “CEO é o Limite” e o “Money Money Money” do Expresso, bem como o “Money Bar”, estão entre a minha lista de podcasts que ouço regularmente. São podcasts enriquecedores e educacionais, têm sempre algo a acrescentar. Também os podcasts “Bloomberg Businessweek” e “TWiT – This Week In Tech” são muito interessante, com perspetivas sobre tendências dos mercados e tecnológicas.

Há alguns filmes e séries, que estou com alguma curiosidade em ver, nomeadamente o documentário recente sobre “O Regresso de Simone Biles”, que mostra como ela marcou o desporto, rompeu com estereótipos e trouxe para discussão temas muito importantes como a questão da saúde mental em ambiente sob pressão.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Nas férias descanso e tenho mais tempo para estar com a minha família e amigos. No entanto, mantenho sempre o contacto com as equipas, é importante que um CEO se mantenha disponível para os temas mais urgentes. Tento aproveitar ao máximo para descansar de forma a “recarrega baterias” e preparar o regresso.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira pessoal?

Totalmente. As férias, sem a azáfama da rotina e do dia-a-dia, com muita praia, sol e mar, são para mim um lugar de descanso e de lazer. Mas são também um bom momento para fazer balanços e refletir sobre o futuro. Volto novamente de férias com uma perspetiva renovada.

Descobrir e inovar consiste em olhar para o mundo e para as questões em aberto e ter a disciplina e energia de pensar diferente e explorar novas soluções. Nas férias existe mais tempo para o fazer. Para além de ter novas experiências e de estar em novos ambientes, que trazem sempre inspiração e novas ideias.

Que temas vão marcar o setor na rentrée?

Considero que os temas que vão marcar a rentrée são já os da ordem do dia mas que estão em constante mudança e atualização, desde a Inteligência Artificial à Cibersegurança. Em setembro muitas das empresas, incluindo a SIBS, vão entrar em ciclo de orçamentação e planeamento, pelo que existirão certamente avaliações de cenários e projeções sobre a evolução da Economia.

A partir de setembro teremos também a visão mais completa sobre novos órgãos e instituições Europeias, e começaremos a ter novamente evoluções na discussão de algumas matérias regulamentares fundamentais, e que poderão moldar o futuro dos serviços digitais na Europa, incluindo o Euro Digital. Na SIBS, teremos novidades importantes até ao final do ano, incluindo novas funcionalidades nas nossas soluções de pagamento e digitalização, e evoluções no contexto dos pagamentos na Europa.

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Itália, Equador e Tailândia dão três golpes contra as transmissões ilegais de futebol na Internet

  • Servimedia
  • 9 Agosto 2024

A LALIGA junta-se a outras competições e organismos europeus que apelam à X para que tome mais medidas na Pluta contra a pirataria.

As autoridades de Itália, do Equador e da Tailândia empreenderam nos últimos dias três importantes ações contra a fraude audiovisual, reforçando a luta que se trava a nível mundial neste domínio para fazer face a um problema que, no caso do futebol espanhol, provoca a perda de cerca de 600 milhões de euros por ano.

De facto, a associação patronal do futebol espanhol juntou-se recentemente a 14 organizações, como a Premier League, a Bundesliga e a Serie A italiana, para enviar uma carta a Linda Yaccarino, CEO da X, a rede social detida por Elon Musk, para exigir “atenção imediata” às “falhas na luta contra a fraude audiovisual” na plataforma e “solicitar urgentemente uma reunião com os seus representantes devido ao que consideramos uma situação inaceitável”. A carta critica ainda “a atitude da X relativamente à remoção de conteúdos ilegais em direto”, porque “é claramente insuficiente e inadequada”.

Este é mais um exemplo dos esforços conjuntos globais que estão a ser desenvolvidos em todo o mundo contra o flagelo da pirataria audiovisual, que a LALIGA lidera em Espanha. Por exemplo, no Equador, foi levada a cabo uma importante operação contra a pirataria em coordenação com vários operadores de Internet, como a Celerity, a Xtrim e a Netlife, que, na sequência de uma resolução judicial, bloquearam vários endereços IP para impedir a difusão de conteúdos audiovisuais ilegais.

Como resultado desta operação, a MagisTV, uma das plataformas “piratas” latino-americanas mais populares a nível internacional, que oferece conteúdos protegidos por direitos de autor roubados de outras fontes em troca de uma assinatura, foi bloqueada no Equador. A plataforma disse em comunicado que, devido ao bloqueio, “não pode oferecer um sinal ao vivo” do conteúdo, reconhecendo que se trata de um “serviço ilegal de IPTV”, o que pode “levar a este tipo de inconveniência” para os seus utilizadores.

A LigaPro, congénere da LALIGA no Equador, emitiu outro comunicado em que se congratula com esta ação, depois de ter sido vítima de uma fraude que “causa muitos danos à indústria do futebol e, por conseguinte, aos nossos clubes e jogadores”.

Entretanto, o Departamento de Investigações Especiais (DSI) da Tailândia descobriu uma rede ilegal de streaming e apostas em linha. As autoridades tailandesas acreditam que a rede utilizava uma lavagem de carros como cobertura para transmitir jogos de futebol no estrangeiro para os seus 30.000 membros, causando prejuízos superiores a 74,7 milhões de euros, de acordo com os meios de comunicação social locais.

Neste contexto, os detidos foram acusados de violação dos direitos de transmissão do último campeonato europeu de futebol na Alemanha e de branqueamento de capitais.

Segundo o meio de comunicação social italiano Repubblica, a autoridade para a garantia das comunicações em Itália (Agcom) quer obrigar a Google a introduzir mais medidas de luta contra a fraude audiovisual. Neste contexto, pede à empresa americana que limite a pesquisa de sítios que ofereçam serviços de IPTV em território italiano. Uma ação contra este tipo de sítios foi também implementada no passado pelo Reino Unido.

Para tentar evitar este tipo de roubo, a Itália, um dos países com uma das legislações mais avançadas em matéria de luta contra a fraude audiovisual, lançou o sistema Piracy Shield, que permite bloquear as retransmissões nos 30 minutos seguintes ao envio de um aviso pelo organismo governamental correspondente aos operadores que alojam os conteúdos ilegais em streaming.

Estas últimas operações levadas a cabo em vários países marcam a luta contra a fraude audiovisual a nível internacional, evitando assim riscos para os utilizadores, como no caso daqueles que contratam serviços ilegais contra pagamento.

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Arranca a nova época de futebol. E as marcas também entram em jogo

A dar nome às competições ou a "colocar" o seu logótipo nas camisolas dos clubes de futebol, o que têm as marcas a ganhar com os seus patrocínios no mundo do futebol português?

O pontapé de saída para a nova época do futebol português é dado esta sexta-feira, com o confronto entre o campeão em título Sporting CP e o Rio Ave, mas não são só as equipas que “entram em campo”. Muitas são as marcas que fazem questão de não serem apanhadas fora de jogo, associando-se tanto às competições – e até dando-lhes nome – como aos clubes de futebol.

Uma aproximação e envolvimento com o público, o aumento da notoriedade e visibilidade da marca, a possibilidade de comunicar mais criativamente ou o fortalecimento da presença no mercado são alguns dos benefícios que as marcas apontam para se associarem ao mundo desportivo do futebol português. Mas há outros fatores que explicam a associação das marcas, como a demonstração de apoio ao desporto nacional ou a promoção de iniciativas de responsabilidade social.

Para a Liga Portugal – entidade organizadora da Liga Portugal Betclic (primeira liga), Liga Portugal Meu Super (segunda liga) ou Allianz CUP (taça da liga) – estes patrocínios “têm uma importância fulcral ao nível do posicionamento e fortalecimento da marca Liga Portugal e das suas competições”, existindo “uma partilha de valores entre a marca Liga Portugal e os seus parceiros que sai reforçada com estas parcerias”, explica João Medeiros Cardoso, diretor-geral da Liga Portugal Comercial.

João Medeiros Cardoso, diretor-geral da Liga Portugal Comercial.

“Adicionalmente, o facto de termos marcas de referência tanto a nível nacional como a nível internacional, com estratégias de comunicação e ativação diferenciadas, permite que a marca Liga Portugal e as suas competições cheguem a um público extremamente abrangente e diversificado. Este é um aspeto fundamental para afirmar o futebol e as competições organizadas pela Liga Portugal enquanto indústria de entretenimento transversal a várias gerações e setores“, acrescenta.

O que têm as marcas a ganhar?

Por parte da Betclic – que dá nome à primeira liga portuguesa -, Ricardo Domingues, diretor de mercados internacionais, começa por referir que o posicionamento estratégico da marca de apostas desportivas não passa apenas por apoiar o futebol mas sim por “estar lado a lado com o desporto português“, pelo que a marca é também patrocinadora das ligas masculinas e femininas de Basquetebol.

Mas esta parceria tem “dado oportunidade para comunicar de forma ainda mais criativa“, revela Ricardo Domingues, quer seja através das campanhas regulares da marca ou com novas ações criadas para ativar o patrocínio.

No entanto, “o atual naming da competição [Liga Portugal Betclic] não é o melhor para o recall da marca“, observa, apontando que “LP Betclic” ou “Liga Betclic” parecem designações “bastante mais impactantes que o nome oficial”. Esta é, aliás, uma reflexão que a marca já está a fazer, mas a garantia dada por Ricardo Domingues é a de que “a Betclic é um parceiro ativo do futebol português e que tudo fará para contribuir de forma positiva para o desporto nacional”.

Ricardo Domingues, diretor de mercados internacionais da Betclic

Já a Allianz, que dá nome à taça da Liga (Allianz CUP) desde 2018, considera que a parceria reflete o seu compromisso com o desporto e a comunidade, “reforçando a marca Allianz junto de um público vasto e diversificado“.

“Investimos neste patrocínio porque acreditamos nos valores que o desporto representa, tais como a determinação, o trabalho em equipa e a excelência – valores que também são fundamentais para a Allianz”, explica José Francisco Neves, diretor de marketing da Allianz Portugal, que faz um balanço “extremamente positivo” deste investimento.

A Allianz CUP “não só nos proporciona uma plataforma para aumentar a nossa visibilidade, notoriedade e reconhecimento de marca, mas também nos permite envolver de forma significativa com os nossos clientes, parceiros e a comunidade em geral. Este patrocínio tem sido uma excelente oportunidade para fortalecer a nossa presença no mercado e para demonstrar o nosso apoio contínuo ao desporto e à cultura em Portugal“.

“Quando nos associamos ao desporto nacional estamos presentes onde os portugueses estão e, nestes casos, ligados de uma forma mais lúdica e descontraída, derrubando assim algumas barreiras muitas vezes associadas à atividade seguradora“, acrescenta.

De uma forma genérica, “o potencial para as marcas patrocinadoras deste tipo de competições é enorme“, uma vez que “as competições desportivas, especialmente aquelas com grande visibilidade mediática, oferecem uma exposição significativa e a oportunidade de se conectarem com um público diversificado”, bem como “proporcionam um excelente retorno sobre o investimento em termos de marketing e comunicação, ajudando a diferenciar a marca num mercado competitivo“, diz ainda José Francisco Neves.

José Francisco Neves, diretor de marketing da Allianz Portugal

Mas para lá do apoio e naming de competições, muitas marcas apostam também em patrocinar os clubes de futebol.

A Betano, por exemplo, é patrocinadora do Sporting CP, FC Porto e SL Benfica desde a época 2021/22, sendo a marca que aparece na parte da frente dos equipamentos dos leões e dos dragões. O balanço feito destas relações “é muito positivo”, sendo que a marca “tem vindo ao longo do tempo a ganhar preponderância como patrocinadora em cada um dos clubes, sendo hoje, destacadamente, uma das principais marcas no território do futebol”, diz José Almeida, marketing manager da Betano Portugal.

“Do ponto de vista do negócio, estes patrocínios permitem-nos melhorar a experiência dos nossos clientes, uma vez que nos disponibilizam ferramentas e experiências premium que valorizam a experiência de entretenimento de quem nos segue“, refere o responsável.

José Almeida aponta ainda um objetivo “muito relevante” para o patrocínio, relacionado com o “aumento dos índices de notoriedade da marca“, em particular junto dos adeptos de futebol que são o público-alvo preferencial da marca.

“E, claro, existe também uma dimensão muito relevante relacionada com o impacto que estes patrocínios têm na imagem da Betano, nomeadamente a associação a determinados atributos que vêm fortalecer o nosso posicionamento“, acrescenta.

José Almeida, marketing manager da Betano Portugal

Já a Emirates, patrocinadora oficial do Benfica desde o início da temporada 2015/16, diz que o seu patrocínio ao clube da Luz demonstra o “compromisso com o país e com as comunidades locais“, e que o mesmo permite “conectar e envolver uma base de adeptos estimada em 14 milhões que vêm de todo o mundo para apoiar as Águias”.

De uma forma mais genérica, a Emirates refere que o seu portefólio de patrocínios permite uma interação com o público global e uma aproximação às pessoas. “O futebol é um desporto verdadeiramente global que sempre foi uma parte importante da nossa carteira de patrocínios, uma vez que somos patrocinadores oficiais de algumas das melhores clube do mundo. No caso de Portugal, o nosso objetivo é aproximarmo-nos dos milhões de sócios e adeptos portugueses para desfrutarmos, em conjunto, de paixões partilhadas“, diz David Quito, country manager da Emirates em Portugal.

David Quito, country manager da Emirates em Portugal

Em jeito de síntese, o diretor-geral da Liga Portugal Comercial considera que os patrocinadores encontram na Liga Portugal a “oportunidade de gerar notoriedade para as suas marcas“. No entanto, as mais-valias “vão muito para além desse aspeto”.

“Hoje as parcerias comerciais entre a Liga Portugal e as marcas patrocinadoras contemplam um conjunto de ativos que podem ser rentabilizados através da estratégia de comunicação e ativação destas marcas, gerando o esperado retorno para as mesmas. Ativos relacionados com experiências e conteúdos que permitem criar laços emocionais entre a marca e os seus consumidores que, no final do dia, são os nossos adeptos”, acrescenta João Medeiros Cardoso.

Como vão ser ativados estes patrocínios?

“Tal como temos vindo a fazer em todas as épocas, durante a próxima final four, pretendemos proporcionar momentos de celebração que vão muito além dos jogos que decorrem no relvado“, começa por referir José Francisco Neves. Nesse sentido, a Allianz vai promover momentos entre os seus colaboradores, para as famílias e adeptos, bem como “diversas atividades que acontecem na Fan Zone, durante aquela que já é considerada ‘a semana do futebol’, na cidade de Leiria”.

A Allianz vai também voltar “a converter golos em ações de responsabilidade social“. Todos os anos a marca tem feito uma ativação com ligação direta ao futebol onde converte os golos marcados durante a final four da competição em ações de responsabilidade social. Esta ação já possibilitou a reflorestação de florestas ardidas ou a entrega de alimentos para o Banco Alimentar e de tricicletas para o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA).

“Além disso, levámos pessoas com incapacidades ao estádio, criámos momentos únicos durante a entrada dos jogadores em campo com idosos e crianças em contexto mais desfavorecido. Este tipo de ações serão sempre oportunidades para refazer ou fazer mais e melhor, durante as próximas épocas“, acrescenta o diretor de marketing da Allianz Portugal.

“Não pretendemos revelar as surpresas que estamos a preparar, mas podemos assegurar que continuaremos a manter o nosso ADN para amplificar todas as nossas ações no âmbito deste patrocínio“, diz por sua vez Ricardo Domingues, diretor de mercados internacionais da Betclic.

Além de ter o seu logótipo estampado nas camisolas do equipamento do clube das águias, a Emirates diz desfrutar da “imensa visibilidade de marca no Estádio do Sport Lisboa e Benfica”, tendo também direito a “ações promocionais – como os ‘Match Day Sponsors‘ e outras – nos minutos que antecedem os jogos no Estádio da Luz“.

Além disso, a marca dispõe da “possibilidade de capitalizar oportunidades de marketing nas plataformas de media do Benfica“, sendo que a companhia aérea “também recebe direitos de acesso aos jogadores e de hospitalidade interativa“, explica David Quito.

Por parte da Betano, José Almeida diz que a marca é “um patrocinador muito ativo, que trabalha de forma muito próxima com os clubes e que procura inovar constantemente nas várias iniciativas” que desenvolve ao longo do ano, mas não adianta que ativações podem ser esperadas este ano.

Ao invés disso, recorda, a título de exemplo, a campanha “Um amor partilhado”, desenvolvida na época passada, assim como “dezenas de ativações dentro e fora dos estádios” e colaborações com os clubes em “diversas iniciativas de responsabilidade social, como o novo espaço sensorial no Estádio do Dragão ou a celebração do dia Internacional das Línguas Gestuais”.

Quanto ao investimento…

Nenhuma das marcas revelou qual o investimento feito no âmbito dos seus patrocínios. No entanto, Ricardo Domingues, por parte da Betclic, refere que, no momento do acordo a três anos feito com a Liga Portugal, foi anunciado que esse “seria o patrocínio mais completo na história do futebol português” e que essa “continua a ser uma realidade”. O responsável acrescenta ainda que a marca tem vindo a reforçar o investimento no sentido de ser “uma das principais marcas no ecossistema desportivo em Portugal”.

Esta informação é corroborada por parte da Liga Portugal, com João Medeiros Cardoso a avançar que neste momento tem lugar o “mais robusto acordo de naming sponsor celebrado em Portugal (Liga Portugal Betclic)”, assim como “o acordo de naming sponsor com maior longevidade em Portugal (Allianz CUP)”.

Além disso, foi celebrado este ano um novo acordo de naming sponsor para a segunda liga, que se passou a designar “Liga Portugal 2 Meu Super” – com a rede de supermercados a suceder à Sabseg que dava nome à competição desde 2020 – “o que evidencia a atratividade deste tipo de acordos para as marcas patrocinadoras“, acrescenta o responsável.

O +M também contactou o Meu Super, mas não conseguiu obter respostas até ao momento da publicação deste artigo.

Entre as outras principais patrocinadoras da Liga Portugal encontram-se marcas como Abanca, Puma, Continente, Super Bock, Kinto, Solinca, Domino’s, Under Blue, Skoiy ou Leroy Merlin.

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Preços do gás atingem máximos, mas analistas antecipam alívio

Das temperaturas mais quentes a tensões geopolíticas, são vários os motivos para os preços do gás estarem a subir. Mas uma maior oferta deverá trazer alívio no médio prazo.

Os preços do gás natural na Europa têm vindo a subir nos últimos meses e atingiram, esta quinta-feira, o valor mais elevado desde o final do ano passado. Os analistas contactados pelo ECO/Capital Verde apontam riscos que colocam pressão sobre a cotação do gás nos próximos meses, pelo que podem existir mais subidas. No entanto, veem um cenário de maior alívio no médio prazo.

Os contratos futuros de gás natural que são referência na Europa, os holandeses Title Transfer Facility (TTF), atingiram os 38,451 euros por megawatt-hora (MWh) esta quinta-feira. Esta fasquia está muito longe do registado no pico da crise energética, em 2022, quando os mesmos contratos chegaram a fechar nos 172 euros por MWh, nesse mês de agosto.

“Poderemos afirmar que a cotação do gás natural na Europa está atualmente sujeita a diversas pressões ascendentes. (…) No curto prazo espera-se que os preços permaneçam voláteis e tendam a subir“, escreve João Queiroz, responsável de trading do Banco Carregosa, em resposta ao ECO/Capital Verde. Também Henrique Tomé, analista da corretora XTB, considera que situações de tensão no leste da Europa podem “trazer momentos de maior volatilidade nos preços”. No entanto, “espera-se que essa volatilidade seja limitada a curto prazo“, remata.

Gráfico da plataforma ICE (ice.com)

O episódio que mais recentemente trouxe inquietação aos mercados foi a alegada tomada de controlo, por parte de militares ucranianos, de uma infraestrutura por onde o gás russo passa para abastecer a Europa, na cidade ucraniana de Sudzha. De acordo com a Reuters, que cita analistas da Energy Aspects, “há o risco de que a Gazprom use o conflito como desculpa para cortar o fornecimento”. Ainda assim, as autoridades ucranianas afirmam que os fluxos de gás vindos da Rússia se mantêm, para já, constantes.

O atual acordo de trânsito de gás entre a Rússia e a Ucrânia expira no final de 2024, o que adiciona um “risco significativo” de aumento de preços no caso de uma interrupção no fornecimento”, continua Queiroz. “As autoridades europeias negoceiam para tentar manter o fluxo de gás após o vencimento do acordo, mas ainda não existe qualquer probabilidade de sucesso”, remata.

Além disso, a Noruega, atualmente o principal fornecedor da Europa, está prestes a entrar num período mais intenso de manutenção, já no final de agosto. “Qualquer trabalho adicional não esperado nem planeado teria impacto na volatilidade dos preços. Durante os períodos de manutenção, a capacidade de exportação é mais reduzida, não existindo margem para acomodar eventuais ajustes que resultem num acréscimo da procura”, alerta Queiroz.

EPA/INGO WAGNEREPA/INGO WAGNER

Assim, nos próximos três a seis meses, existe uma “relevante probabilidade” dos preços estarem “suportados e voláteis devido aos riscos contínuos de interrupção no fornecimento através da Ucrânia e às manutenções na Noruega” identifica o responsável de trading no Banco Carregosa. O preço de referência na Holanda já subiu aproximadamente de 40% desde abril. Os preços podem variar, neste mesmo horizonte, 35 e 45 euros por megawatt-hora, prevê João Queiroz, “dependendo da severidade das interrupções e das condições climatéricas”.

Clima, Médio Oriente e mais procura preocupam

Mas o que justifica a tendência ascendente que já se verificava antes da instabilidade na cidade ucraniana? O crescendo é, em parte, justificado pela recuperação mais lata dos mercados acionistas, enquadra João Queiroz. “Tendo em conta que os preços estão a ser negociados em valores tão baixos, poderá haver sempre momentos de recuperação”, corrobora Henrique Tomé, que destaca que os preços estão 90% abaixo dos picos de 2022.

Há ainda que ter em conta o habitual efeito de sazonalidade. “Durante o período do verão, é normal verificarmos a recuperação nos preços das matérias-primas energéticas”, aponta o analista da XTB. Queiroz indica mesmo que o clima mais quente do que o normal na Europa e na Ásia aumentou a procura por gás natural para a produção de eletricidade, especialmente para arrefecimento de ar ambiente.

"Durante o período do verão, é normal verificarmos a recuperação nos preços das matérias-primas energéticas.”

Henrique Tomé

Analista da XTB

Mas a geopolítica também já estava a fazer a sua parte antes deste episódio na Ucrânia entrar em jogo: o conflito no Médio Oriente tem riscos de fornecimento associados. O escalar das tensões entre Israel e grupos como o Hezbollah, assim como a instabilidade em torno do Estreito de Ormuz, “aumentam o potencial de risco de interrupções no fornecimento de gás”, aponta o mesmo responsável do Banco Carregosa. Ao mesmo tempo, diversas unidades globais de gás natural liquefeito, incluindo na Malásia e Austrália, estão a operar com capacidade reduzida, “o que constrange ainda mais a oferta”.

Do lado da procura, a Europa está a competir com a Ásia por gás natural liquefeito (GNL) e as importações europeias estão mais baixas. A pesar nas contas está ainda a “elevada procura” do Japão e da Coreia do Sul numa altura em que a oferta não aumentou.

Economia mais fraca e reservas maiores retiram pressão

A aliviar a pressão em torno dos preços do gás estão essencialmente dois fatores: as previsões de aumento da oferta e a provável queda da procura, decorrente do abrandamento económico.

Devemos esperar um maior aumento dos inventários num futuro próximo e ainda há espaço para mais quedas no preço“, afirma Henrique Tomé. A 12 meses, a capacidade de reabastecer os inventários durante o verão de 2025 pode não ser tão limitada”, considerando os contributos dos EUA e do Qatar, explica João Queiroz. “Os EUA e o Qatar têm-se posicionado para serem os maiores contribuidores da Europa e globais a partir de meados de 2025 o que poderá mitigar o potencial de valorização desta mercadorias a médio prazo”, afirma.

"Os EUA e o Qatar têm-se posicionado para serem os maiores contribuidores da Europa e globais a partir de meados de 2025 o que poderá mitigar o potencial de valorização desta mercadorias a médio prazo.”

João Queiroz

Responsável de Trading no Banco Carregosa

Por outro lado, tem sido recorrentes os sinais de abrandamento económico na economia global e as matérias-primas energéticas como o gás ou o petróleo são vulneráveis a estas mudanças. “Ora, se tivermos em conta o cenário em que o abrandamento económico deverá permanecer, ou até mesmo intensificar-se, estes tipos de matérias-primas ficarão expostas a momentos de novas pressões de baixa nos preços”, prevê Henrique Tomé.

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Salário líquido tem a maior subida de sempre, mas ainda perde dois euros por ano para a inflação

Ordenado médio líquido dos trabalhadores dependentes subiu, em termos reais, 6,12% para 1.137 euros no segundo trimestre, mas ainda está a contrair 0,18% por ano devido ao aumento do custo de vida.

O salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem fixou-se em 1.137 euros no segundo trimestre, a maior subida homóloga de sempre, quer em termos nominais (8,91%), quer em termos reais (6,12%), mas ainda não recuperou o poder de compra de 2021 que foi ceifado pela onda inflacionista, segundo as contas do ECO com base nos novos dados publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), juntamente com as estatísticas do emprego.

Desde 2011, início da série estatística do INE, que o ordenado médio líquido do trabalho dependente, já depois dos descontos para o IRS e contribuições sociais, não subia tanto. No segundo trimestre, aumentou 8,91%, de 1.044 euros para 1.137 euros, na comparação com o mesmo período do ano passado. Descontando a inflação de junho, que se cifrou em 2,79%, o crescimento real dos salários médios líquidos foi de 6,12%.

Apesar disso, os vencimentos ainda não superaram a crise inflacionista, pelo que ainda estão a contrair 0,18% por ano desde 2021. Isto significa uma desvalorização de cerca de dois euros anuais num ordenado médio líquido de 1.137 euros por mês.

Os dados mais recentes do INE revelam ainda que, pela primeira vez, no último ano, os salários das mulheres subiram mais do que os dos homens em termos percentuais. No segundo trimestre, o vencimento líquido das trabalhadoras por conta de outrem teve um aumento de 87 euros face ao período homólogo, passando de 959 para 1.049 euros, o que corresponde a uma subida de 9,07% em termos nominais e de 6,28% em termos reais, isto é, descontando o impacto da inflação. Já o salário dos trabalhadores cresceu 102 euros, de 1.135 para 1.237 euros mensais, o que traduz uma variação nominal de 8,99% e real de 6,20%.

Tanto homens como mulheres ainda não conseguiram recuperar o poder de compra de 2021, sendo que as trabalhadoras saem mais penalizadas neste campo: enquanto o salário real dos homens regista uma correção anual média de 0,08% desde o segundo trimestre de 2021, o que representa uma perda de 0,99 euros, o salário real das mulheres regista uma contração anual média de 0,27%, isto é, de 2,83 euros, desde então.

Maiores aumentos para militares e agricultores

Analisando a variação das remunerações médias líquidas por grupos de profissões, o INE mostra que, no segundo trimestre do ano, a classe das Forças Armadas continua a beneficiar do maior incremento salarial. A folha de vencimento destes profissionais subiu de 1.285 euros para 1.516 euros, um aumento de de 231 euros, o que corresponde a um crescimento homólogo de 17,98%.

Em termos reais, e descontando o impacto da inflação de 2,79%, o impulso no ordenado foi inferior, de 15,19%, cerca de 2,5 vezes acima da média nacional (6,12%). Ainda assim, conseguiram recuperar o poder de compra de 2021. Olhando para os últimos três anos, a folha e vencimento destes profissionais estava a subir, anualmente, 3,77%.

No ranking dos maiores aumentos, surge, em segundo lugar, o grupo dos agricultores e pescadores. Estes trabalhadores auferiam, em média, 853 euros, no segundo trimestre, o que traduz um crescimento de 100 euros, ou de 13,28%, face ao salário de 753 euros que ganhavam no mesmo período do ano passado.

Se subtrairmos o efeito da inflação, o aumento salarial destes profissionais é menos expressivo: 10,49%. Mas, tal como nas Forças Armadas, os agricultores e pescadores não sofreram perdas devido ao impacto da inflação. Desde 2021 que os seus ordenados médios líquidos estão a subir 2,99% por ano.

A completar o pódio dos maiores aumentos estão os técnicos de nível intermédio, que tiveram um incremento salarial de 108 euros, ou de 9,74%, o que elevou o ordenado de 1.109 para 1.217. Em termos reais a subida foi de 6,95%. Também neste caso, houve recuperação do poder de compra com estes profissionais a ganhar 0,39% por ano desde 2021.

Trabalhadores não qualificados e da montagem com subidas salariais mais modestas

Em sentido oposto, os grupos profissionais com aumentos salariais menos significativos, em termos homólogos, foram os trabalhadores não qualificados. Entre abril e junho, o vencimento destes profissionais alcançou 689 euros, uma subida de 3,45%, ou de 23 euros, face ao ordenado de 666 euros registado um ano antes. Contabilizando o impacto do Índice de Preços no Consumidor (IPC), o incremento salarial recua para 0,66%. Esta classe de trabalhadores não conseguiu superar a onda inflacionista. Desde 2021 que estes funcionários estão a perder anualmente 0,13% do seu salário.

Os operadores de máquina e de montagem e os administrativos completam a lista das três classes profissionais com crescimentos remuneratórios mais modestos.

No caso dos trabalhadores de montagem, o ordenado deu um salto de 52 euros, ou 5,6%, evoluindo de 929 euros para 981 euros. Em termos reais, a subida foi de apenas 2,81%. No entanto, e ao contrário dos trabalhadores não qualificados, estes profissionais viram o salário ganhar poder de compra desde 2021 ao beneficiar de um incremento anual de 1,38%.

O pessoal administrativo teve direito a um aumento de 66 euros ou de 7,45%, o que elevou o ordenado médio líquido de 886 para 952 euros. Em termos reais, a trajetória foi inferior, de 4,66%. Ainda assim, têm conseguido recuperar o poder de compra, uma vez que o ordenado está a evoluir positivamente em 0,35% por ano.

Quase todas as classes profissionais conseguiram recuperar o poder de compra de 2021, exceto os especialistas das atividades intelectuais e científicas, onde se enquadram os professores e médicos, os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores e os trabalhadores não qualificados, que viram o ordenado encolher anualmente 0,38% 0,34% e 0,13%, respetivamente.

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