Tupperware alarga até 14 de fevereiro dispensa de trabalhadores

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2025

A incerteza do futuro da fábrica da Tupperware, em Constância, e dos 200 trabalhadores continua, agora até dia 14 de fevereiro.

Os 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância (Santarém), que cessariam funções esta sexta-feira na empresa, foram notificados do alargamento da dispensa da apresentação ao trabalho até 14 de fevereiro, disse à Lusa fonte sindical.

“Os trabalhadores já foram notificados ontem [quinta-feira], através de mensagem, para se manterem em casa até à próxima sexta-feira, portanto, dia 14 de fevereiro, sexta-feira da próxima semana, e na segunda-feira deslocam-se à empresa para trazerem o documento [comprovativo] que os está a mandar ficar em casa”, disse à Lusa fonte do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras (SITE CRSA).

Segundo Isabel Matias, dirigente sindical, a incerteza do futuro da fábrica e dos 200 trabalhadores continua, agora até dia 14 de fevereiro. “Depois, a partir daí, logo se vê, mas por agora continua a incerteza”, declarou.

Os 200 funcionários da Tupperware foram informados em 9 de janeiro que iriam continuar a trabalhar até final do mês, com o respetivo pagamento de vencimento, sendo o período alargado, inicialmente, até 7 de fevereiro, e agora, por mais uma semana, mantendo-se a incerteza sobre o futuro da fábrica e dos trabalhadores.

“A administração começou a dispensar trabalhadores por falta de serviço e para não estarmos lá parados começou a dispensar os trabalhadores para poderem ficar em casa, a receber com todos os direitos, com subsídio de alimentação e subsídio de turno, quem tivesse turnos”, disse à Lusa, no final de janeiro, um trabalhador da fábrica instalada em Montalvo.

A carta, entregue em mãos em 31 de janeiro, “diz que fomos dispensados do serviço até dia 7 de fevereiro, salvo se a empresa precisar dos nossos serviços, e aí ligará para nos apresentarmos para trabalhar”, disse então à Lusa Rui Caseiro, com 47 anos de idade e 23 de casa, tendo hoje indicado que irá na segunda-feira “assinar mais uma semana de dispensa”.

A carta de dispensa “não é ainda uma carta de despedimento”, notou Caseiro, tendo referido que as cartas foram entregues “de forma gradual e por secções”, e que os funcionários “podem ser chamados a retomar o trabalho”, havendo ainda a “esperança” que a empresa não feche portas e que os trabalhadores não vão para o desemprego.

Numa das cartas de dispensa, dirigida aos trabalhadores da produção e assinada pelo diretor da unidade fabril, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que, “na sequência da reunião de 09 de janeiro de 2025 e conforme acordado, vimos pela presente comunicar que se encontra dispensado de comparecer ao serviço e prestar trabalho de 16 de janeiro a 07 de fevereiro de 2025, inclusive”.

A carta refere ainda que, “durante o referido período, [o trabalhador] fica dispensado dos deveres de assiduidade e pontualidade”, e que “esta dispensa não altera a sua situação laboral, mantendo todos os direitos e regalias, incluindo o pagamento da remuneração e respetiva contagem da antiguidade”.

Apesar da dispensa, o trabalhador “deverá manter-se disponível para colaborar com a Tupperware – Indústria Lusitana de Artigos Domésticos Lda ou retomar a sua prestação de trabalho quando tal lhe seja solicitado”, pode ler-se, comprometendo-se a empresa a “avisar com um dia útil de antecedência caso seja necessário retomar a prestação de trabalho”.

Rui Caseiro disse hoje à Lusa que “os vencimentos estão todos em dia”, incluindo o do mês de janeiro, tendo indicado que o futuro “continua incerto” e que “há interessados em tentar manter o funcionamento” da fábrica. “Dizem que ainda há uma luz para o futuro. As pessoas andam na expectativa. Estamos na incerteza mesmo. As pessoas estão a viver um dia de cada vez”, afirmou.

Contactado o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira disse esta sexta-feira à Lusa que o processo negocial com o grupo de empresários portugueses interessados na fábrica da Tupperware continua a decorrer. “As informações que tenho é que o processo negocial mantém-se. Vamos ver se nos próximos dias existem desenvolvimentos”, declarou, tendo feito notar que “o poder de decidir está nas mãos dos credores, dos investidores e dos fundos de investimento na América”.

Face a estas movimentações, Sérgio Oliveira disse existirem várias possibilidades, sendo que “a da insolvência é que ninguém quer”.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.

O pedido de insolvência da casa-mãe tem consequências diretas na unidade portuguesa e pode deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali são efetivos, a maioria dos quais residente em Montalvo. A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

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Startup que ofereceu solução de IA ao INEM denuncia sistema obsoleto: “É impossível conseguir alguma coisa”

Atendedor automático com IA oferecido pela Sword Health foi posto na gaveta. Startup denuncia sistema do INEM "obsoleto", enquanto a comissão de trabalhadores diz que a proposta era "impossível".

A startup portuguesa que ofereceu ao INEM um sistema de atendimento automático de chamadas com recurso a inteligência artificial (IA) admitiu estar a enfrentar sérias dificuldades na sua implementação. Segundo o fundador da Sword Health, Virgílio Bento, “não é possível integrar” a solução no sistema de informação do instituto de emergência médica porque este, além de “frágil”, está “obsoleto”. Entretanto, a Comissão de Trabalhadores do INEM acusou a empresa portuguesa de ser “alarmista” e de ter “ideologias utópicas”, considerando que era “garantidamente impossível” que a solução proposta fosse funcionar.

O Expresso avançou esta sexta-feira que a ideia da startup para o INEM terá sido posta na gaveta e, ao semanário, o empreendedor português mostrou-se “perplexo” com o que os técnicos da startup encontraram no INEM: “Precisamos de muita coisa, é uma lista muito longa. Não é possível integrar a nossa solução no sistema de informação do INEM para as chamadas serem roteadas para o operador humano ou para a IA. O que encontrámos é assustador”, afirmou.

A história começa em novembro, quando se soube da intenção da Sword Health de oferecer esta solução ao Governo. No mês seguinte, em dezembro, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, confirmou na Assembleia da República que a IA iria passar a ajudar o INEM no atendimento de chamadas “dentro de poucas semanas”, disse a governante, aceitando desta forma o contributo da empresa privada. O anúncio não escapou desde logo a críticas e alertas sobre a proteção de dados sensíveis e outros riscos.

Todavia, no terreno, a Sword Health admite agora ter encontrado muitas dificuldades em implementar esta solução junto do INEM: “É impossível conseguir alguma coisa com a camada intermédia de técnicos que estão na mesma posição há 10/20 anos sem conhecimentos básicos. Adicionalmente, há uma aversão à mudança patológica. Esses dois ingredientes combinados explicam o estado do sistema de informação que encontrámos”, defendeu Virgílio Bento esta sexta-feira, numa publicação no LinkedIn.

O CEO foi ainda mais além: “As verdadeiras vítimas disto tudo são os técnicos de emergência médica que trabalham com sentido de missão e têm um sistema que em vez de lhes tornar a vida mais fácil, torna o trabalho deles ainda mais difícil”, acrescentou, adiantando que, mesmo perante estes desafios do sistema, os técnicos do INEM “tiveram todo o interesse e disponibilidade” em ajudar.

O fundador desta startup, que já conquistou o estatuto de ‘unicórnio’, por ter sido avaliada em mais de mil milhões de euros, deixou também em suspenso se alguma vez este sistema chegará ao terreno: “Gostaríamos que fosse uma realidade no INEM, mas a integração não depende de nós. Se acontecer, vai melhorar o sistema de emergência. Se não, ao menos peçam uma auditoria ao sistema de informação e garantam que é robusto e não falha. Só isso já evita um desastre no futuro”, apelou.

Um dos aspetos salientados por Virgílio Bento no LinkedIn foi o facto de a empresa não ter conseguido aceder às chamadas gravadas do INEM. “Nunca tivemos acesso às mesmas o que tornou significativamente mais difícil o desenvolvimento do sistema”, escreveu, algo que diz ser necessário “para perceber a robustez real do sistema” de IA, que “segue uma árvore de decisão clínica especificada” pela própria startup.

O ECO tentou contactar Virgílio Bento, mas não foi possível até à publicação desta notícia. A Sword Health oferece soluções tecnológicas com base em IA aplicadas à prestação de cuidados de saúde, estando também presente no mercado norte-americano.

Proposta da Sword era “impossível”, dizem trabalhadores do INEM

Apesar do elogio de Virgílio Bento aos técnicos do instituto, as declarações caíram mal junto do organismo que os representa. A Comissão de Trabalhadores do INEM publicou um comunicado esta sexta-feira à tarde no qual recusa que os trabalhadores do instituto sejam “incapazes”. “Não se devem confundir os profissionais do INEM com a incapacidade de empresas externas ao INEM em implementar soluções que na nossa opinião são impossíveis”, anunciou.

“O INEM não precisa de um sistema de substituição incapaz de lidar com as subtilezas do discurso e análise humana, mas sim de uma atualização de recursos informáticos que permita aos profissionais utilizar as ferramentas tecnológicas em benefício da rapidez e eficiência da tarefa e consequentemente do cidadão”, acrescentou. Defendendo que “nenhum sistema informático poderá substituir um profissional de saúde”, a comissão pede, em alternativa, mais “contratação de recursos humanos” para diminuir os tempos de resposta às chamadas.

“Lamentamos profundamente a posição desta empresa, não só pela incapacidade que demonstrou em implementar um sistema que, nos moldes em que foi proposto, era garantidamente impossível, mas também do arrastar de culpas para o INEM e mais gravoso ainda para os seus profissionais”, apontou a comissão de trabalhadores.

Sword Health demonstra solução proposta ao INEM

Também esta sexta-feira, antes da resposta da Comissão de Trabalhadores, o líder da Sword Health publicou na mesma rede social um vídeo que demonstra o funcionamento da solução que pretendia aplicar no INEM.

O conteúdo simula uma chamada telefónica para o 112 após a ocorrência de um acidente, em que o operador, um programa de IA, vai guiando a chamada em linguagem natural, despacha uma ambulância após pedir a localização e afere o estado da vítima.

A empresa assegura que a demonstração é verdadeira. Mas Virgílio Bento prometeu fazer uma demonstração em direto no Instagram, para afastar quaisquer dúvidas.

Ora, a controvérsia em torno da implementação de um sistema de IA por uma empresa privada num organismo público de saúde já vinha de trás. Pouco depois de ter sido conhecida a intenção da Sword Health e do Ministério da Saúde no final do ano passado, alguns especialistas alertaram para eventuais riscos num artigo publicado no jornal Público, incluindo, mas não só, questões relacionadas com a proteção de dados pessoais e com um eventual direito dos utentes a saberem que estão a conversar com uma máquina, e não com um humano.

Esses alertas foram mal recebidos pelo fundador da Sword: “Quando se tenta fazer algo inovador e com verdadeiro impacto nas pessoas, pode-se sempre contar com os típicos Velhos do Restelo, autodenominados ‘especialistas’, a inventar problemas que não existem e que não têm relevância alguma”, reagiu Virgílio Bento, em dezembro, noutra publicação no LinkedIn.

Por sua vez, Nuno Sebastião, fundador da Feedzai, outra empresa portuguesa que aplica IA ao setor financeiro (e que também é acionista da Sword Health), escreveu na mesma plataforma ter participado numa reunião com “membros muito seniores do Governo” sobre o uso de IA e de IA generativa na “máquina administrativa como um todo. Mas saiu do encontro “profundamente desapontado” com os “especialistas” que defendiam “que fosse o Estado a correr o risco”, a “pagar a conta” e a “criar mais uma agência”, desabafou.

Com as declarações de Virgílio Bento a serem mal recebidas pela Comissão de Trabalhadores do INEM, a controvérsia volta a instalar-se. O caso é paradigmático e expõe as tensões que podem existir entre um setor privado tendencialmente mais veloz e um setor público bastante mais lento e cauteloso, como o ECO antecipou em janeiro.

(Notícia atualizada às 16h48 com reação da comissão de trabalhadores do INEM em comunicado)

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Netflix acelera para comprar direitos da F1 nos EUA

Gigante do streaming está a considerar fazer uma proposta para ficar com os direitos de transmissão das corridas de Fórmula 1 nos Estados Unidos a partir de 2026. Acordo com a ESPN está a terminar.

A gigante do streaming Netflix está a considerar fazer uma proposta para adquirir os direitos de transmissão em direto das corridas de Fórmula 1 (F1) nos Estados Unidos a partir de 2026, avança a The Athletic. A empresa norte-americana quer entrar na competição com a ESPN, que assinou um acordo de 90 milhões de dólares (87 milhões de euros) para transmitir as principais provas mundiais de automobilismo.

A ESPN tem os direitos de transmissão da F1 nos Estados Unidos desde 2017, mas o contrato termina no final da temporada de 2025. Segundo as fontes do portal desportivo do “New York Times”, a Netflix está a acelerar para a substituir partir do próximo ano.

Esta seria o primeiro investimento da Netflix na transmissão de provas desportivas em direto em grande escala e não surpreenderia o mercado, dado que foi sinalizando o interesse de diversificar os conteúdos além dos filmes e séries e documentários. Note-se o exemplo da transmissão dos jogos da NFL no Natal e dos combates de boxe entre Jake Paul e Mike Tyson.

Além disso, a Netflix estreou em 2019 uma série documental, que se tornou um fenómeno mundial, dedicada exclusivamente à F1 e aos bastidores da categoria-rainha do automobilismo: “Drive to Survive”. A série renovou e aumentou de novo o público nas bancadas dos grandes prémios, especialmente nos Estados Unidos. Inclusive em 2023 a F1 regressou à cidade de Las Vegas mais de quatro décadas depois.

Na Europa, a batalha pelos direitos televisivos faz-se a partir de Espanha. A espanhola Dorna Sports, que tem os direitos exclusivos do MotoGP, está em processo de venda de uma participação maioritária de 86% ao grupo norte-americano Liberty Media, dona da F1 por cerca de 4,2 mil milhões de euros.

A Comissão Europeia tem estado atenta ao negócio entre as empresas norte-americana e espanhola e, em janeiro, esteve a receber comentários (observações de terceiros) para dar sequência à investigação. Bruxelas deu início, a 19 de dezembro de 2024, ao processo de análise à operação, após ter concluído que a “concentração notificada suscita sérias dúvidas quanto à sua compatibilidade com o mercado comum”.

A Dorna Sports, que também tem os direitos das Superbikes até 2036 e dos campeonatos do mundo de juniores e das motos elétricas até 2041, teve prejuízos consolidados de 27 milhões de euros em 2023, o que representa mais do triplo do ano anterior, apesar do crescimento de 2,4% do volume de negócios para 482 milhões de euros.

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Estado entrega quase 5 milhões à gestora do Alqueva em novo aumento de capital

Este é o primeiro aumento de capital de 2025, mas no ano passado, a EDIA recebeu 61,4 milhões do Estado.

A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva vai beneficiar de mais uma injeção de capital por parte do Estado. Esta quinta-feira foi aprovado um aumento de capital de 4,9 milhões de euros.

“Foi aprovado por deliberação social unânime por escrito aumentar o capital social da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, no montante de 4.931.280 de euros, através da emissão de 986.256 de ações nominativas, no valor de 5 euros cada, a subscrever e a realizar pelo Estado, em numerário”, lê-se no comunicado publicado na página do regulador dos mercados, a Comissão do Mercado e dos Valores Mobiliários.

Este é o primeiro aumento de capital este ano, mas as injeções por parte do Estado são algo recorrentes. Só no ano passado, até 10 de dezembro, o Estado entregou 54,9 milhões de euros a esta empresa, que gere o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva, em aumentos de capital.

No entanto, a 30 de dezembro foi notificada ainda a celebração de um contrato de suprimentos de 6,5 milhões de euros, “destinado a satisfazer as necessidades de financiamento da empresa, nomeadamente para fazer face aos pagamentos de gastos com energia”, lê-se na nota.

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Braga investe 2,5 milhões de euros em iluminação pública LED

Braga substitui iluminação convencional por tecnologia LED para obter um "retorno financeiro atrativo num período de tempo inferior a 10 anos devido ao menor consumo energético".

A Câmara Municipal de Braga vai investir 2,5 milhões de euros na substituição de iluminação convencional por tecnologia LED que permite reduzir em 60% os atuais custos. Segundo a autarquia, liderada pelo social-democrata Rui Moreira, “a iluminação pública é o principal fator de encargos municipais com a energia”.

Num comunicado, o município explica que “a substituição da iluminação existente para tecnologia LED, embora represente custos no imediato, permite obter um retorno financeiro atrativo num período de tempo inferior a 10 anos devido ao menor consumo energético“.

O assunto será levado à reunião do Executivo municipal da próxima segunda-feira. Em cima da mesa vai estar a proposta da empreitada de promoção da eficiência energética na iluminação pública no concelho.

Com um preço contratual estimado de cerca de 2,5 milhões de euros, o concurso contempla nove lotes para instalação de equipamento de iluminação exterior. O prazo máximo de execução de cada empreitada é de 65 dias.

A câmara vai, assim, substituir os equipamentos convencionais – com lâmpadas de vapor de sódio – do parque de iluminação pública por luminárias LED. Do total de 37.331 luminárias instaladas no concelho, cerca de 18.441 ainda têm lâmpadas VSAP (vapor de sódio a alta pressão).

Com esta intervenção a autarquia aposta no aumento da eficiência energética com vista a implementar maior sustentabilidade no concelho.

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Ministro da Economia defende aliança ibérica em grandes projetos

O ministro defende que Portugal e Espanha devem unir esforços em áreas estratégicas, como o hidrogénio verde e a mobilidade, capitalizando o potencial de atração de capital estrangeiro.

O ministro da Economia, Pedro Reis, defendeu esta sexta-feira um reforço da agenda ibérica, desafiando Espanha a trabalhar em conjunto com Portugal em grandes projetos e temas estratégicos, como o hidrogénio verde, a mobilidade e a transição para os veículos elétricos.

Sou profundamente defensor de um reforço da agenda ibérica“, destacou Pedro Reis, durante uma intervenção num almoço em que participou esta sexta-feira da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, no Porto. “É preciso ter um plano de ação. Não podemos ir a todas, mas devemos ir às principais”, argumentou o governante.

No âmbito desta agenda ibérica, Pedro Reis diz que se pode “ir mais longe, nos grandes projetos europeus, nos grandes eventos, na diplomacia económica para mercados terceiros”, mas “sobretudo numa política articulada de atratividade para investimentos estratégicos“.

Sobre o que poderão ser estes investimentos estratégicos, Pedro Reis disse que os dois países podiam apostar numa “aliança para o hidrogénio verde, nos projetos conjuntos de aceleração de projetos de startups tecnológicas, nas data centers e nos giga projetos, na mobilidade, nas renováveis marinhas, no cluster do automóvel elétrico“.

“Se tivermos a grandeza e o pragmatismo de ver isto em conjunto tornamo-nos um player no mapa europeu e no grande jogo do investimento externo mundial”, reforçou.

Num momento em que o mundo enfrenta novos riscos geopolíticos e grande incerteza sobre o potencial impacto de tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos, com impacto no comércio internacional, o ministro diz que neste ambiente de “volatilidade extrema”, abriu-se uma oportunidade para Portugal, que se assume como “um caso sério da atratividade do investimento”.

Para Pedro Reis, Portugal é hoje olhado pelos investidores estrangeiros como um “porto de abrigo”, com estabilidade política e a implementar medidas que têm como objetivo promover a competitividade e atrair investimento.

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Primeira Liga #21: O FC Porto x Sporting, os Mercados e a oportunidade do Benfica

Se a Primeira Liga fosse cinema, o filme da semana seria sem dúvida o FC Porto x Sporting, com estreia para Anselmi nos grandes jogos em Portugal. Um dia depois, o Benfica recebe o Moreirense.

Se a Primeira Liga fosse cinema – e claramente que o está a ser esta temporada – o filme da semana seria sem dúvida o FC Porto x Sporting, com estreia para Martín Anselmi nos grandes jogos em Portugal. O duelo está marcado para esta sexta-feira às 20h15 no Estádio do Dragão. Um dia depois, o Benfica recebe às 18h00 o Moreirense no Estádio da Luz. Destaque também para o Famalicão x Vitória SC e o Farense x Nacional, duas equipas que lutam pela manutenção da Primeira Liga. Os madeirenses estão numa posição mais confortável no 14.º lugar com 19 pontos, enquanto os algarvios ocupam o 17.º posto com 15 pontos.

Recordando os principais momentos da última jornada, o FC Porto empatou 2-2 fora de casa com o Rio Ave na estreia de Martín Anselmi na Liga, com erros individuais de Nehuén Pérez e Otávio que também fizeram golo; o Benfica venceu fora o Estrela Amadora por 3-2 e o Sporting bateu em Alvalade o Farense por 3-1. Houve também a primeira vitória de Luís Freire no comando técnico do Vitória SC: ganhou 2-0 ao AVS SAD.

FC Porto x Sporting: Tudo pode e vai mudar na Primeira Liga

Não é preciso calculadora

Já estamos numa altura em que cada deslize pode ter fraturas graves e não pode haver brincadeiras. Este é simplesmente um jogo muito importante: uma vitória do Sporting significaria a consolidação da liderança e o afastamento do FC Porto do sonho (ficaria a 11 pontos a faltar 13 jornadas); um empate deixaria o Benfica a salivar com a possibilidade de, vencendo o Moreirense, ficar a quatro pontos do 1.º lugar; e uma vitória do FC Porto atiraria à condição o Benfica para 3.º lugar, mas seria o resultado desejado pelas águias (vencendo o Moreirense ficaria a 3 pontos do 1.º) e, no geral, apimentaria a corrida a 3 pelo título. É um facto que um destes três cenários vai acontecer. Atenção que caso o FC Porto perca e o Braga ganhe, os dragões cairiam para o 4.º lugar.

Dragão a recuperar leva novo golpe pesado

Este será o primeiro clássico de Martín Anselmi pelo FC Porto, depois da vitória sobre o Maccabi Tel Aviv (1-0) e empate com o Rio Ave (2-2). Nos últimos quatro jogos da Primeira Liga, os dragões apenas conseguiram 2 pontos de possíveis 12, mas, embora seja verdade, é uma estatística injusta neste momento, pois há mudança de treinador e Martín Anselmi só fez um jogo no campeonato. Além disso, o técnico argentino ficou sem o melhor jogador Nico González – que rumou ao Manchester City por 60 milhões de euros – tendo saído ainda Wenderson Galeno (Al Ahli), Iván Jaime (Valência) e Wendell (São Paulo). Apesar de terem contratado o médio Tomás Pérez neste mercado, faltava claramente um substituto de Nico González e o FC Porto fica desfalcado no miolo do terreno. William Gomes, extremo brasileiro, também chegou ao plantel.

Lesões, lesões e lesões

Engane-se quem pensa que o Sporting vive no País das Maravilhas. É o líder da Primeira Liga com vantagem confortável e voltou a vencer, porém a onda de lesões faz ferida. Viktor Gyokeres e Hidemasa Morita falharam a receção ao Farense e há dúvidas sobre se irão a jogo com o FC Porto, acrescentando ainda a saída de Geny Catamo de maca. É uma onda de lesões que Rui Borges tem sobrevivido, mas isso expõe outros jogadores a sobrecarga e adia uma questão inevitável: ir ao mercado por mais soluções. Chegou Biel, extremo-esquerdo (uma área importante a reforçar com a saída de Marcus Edwards para o Burnley) e o guarda-redes Rui Silva (outra área importante), porém faltava ainda um novo lateral-direito e pelo menos mais um médio.

Benfica x Moreirense: Obrigação de vencer

Não é somente mais um jogo no Estádio do Luz. Em fim-de-semana de clássico, as contas na Primeira Liga podem mudar num estalar de dedos e o Benfica receberá este sábado às 18h00 o Moreirense, já sabendo o resultado do FC Porto x Sporting e isso é um detalhe muito importante. Aconteça o que acontecer no clássico, vencer este jogo é uma obrigação para o Benfica, pois pode ser uma oportunidade: seja para aproximar-se do Sporting seja para distanciar-se do FC Porto ou os dois em simultâneo em caso de empate. Desde a semana complicada das derrotas com o Barcelona (4-5) e o Casa Pia (3-1) e o áudio de Bruno Lage, os encarnados ganharam à Juventus (0-2) e Estrela Amadora (2-3), tendo agora a possibilidade de fazer hat-trick de vitórias e reforçar uma maré positiva.

Olhando ao outro lado do terreno, o Moreirense vive uma fase muito complicada da temporada, com uma série de 8 jogos sem vencer. A última vitória foi precisamente no dia 5 de dezembro frente ao Sporting (2-1). Pelo meio, perdeu 5 jogos (Nacional, FC Porto, Gil Vicente na Taça de Portugal, Arouca e Braga) e empatou 3 (Estoril, AVS SAD e Farense). A turma de César Peixoto já teve bons momentos esta temporada e encontra-se no 11.º lugar com 23 pontos. Um jogo com um grande pode ser mais difícil, mas é também uma maior motivação.

O Tema Mercado

O Benfica contratou Bruma (extremo-esquerdo), Andrea Belotti (avançado) e Samuel Dahl (lateral-esquerdo). Seguindo por ordem, Bruma é num primeiro pensamento um reforço que vai acrescentar qualidade imediata às opções ofensivas de Bruno Lage, mas é necessário perceber o contexto em que se insere. No lado esquerdo, Andreas Schjelderup é um jovem de enorme potencial que está a brilhar e Kerem Akturkoglu já provou ser uma mais-valia. No lado direito, Ángel Di María está a fazer uma grande temporada com 14 golos e 7 assistências até ao momento. Há ainda Gianluca Prestianni e Benjamín Rollheiser, que já jogou como médio. Obviamente que com um calendário pesado é ótimo haver mais soluções, mas a gestão tem de ser cautelosa

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ERC deteta “hibridização entre informação e opinião” em noticiários

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2025

Foram analisadas 140 edições de blocos informativos com 3.952 peças, da RTP1,RTP2, SIC, TVI e CMTV, num total de 170 horas, 28 minutos e 53 segundos de emissão.

Os noticiários de horário nobre da RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV em 2023 têm em comum a tendência de inserção de comentário nos alinhamentos demarcados como opinião, detetando-se “a hibridização entre informação e opinião” em certos casos.

Esta informação consta do relatório de avaliação dos deveres de rigor e de isenção na informação diária de horário nobre, elaborado pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), divulgado esta sexta-feira.

No total foram analisadas 140 edições de blocos informativos com 3.952 peças dos quatro serviços de programas generalistas nacionais de acesso não condicionado livre — RTP1, RTP2, SIC e TVI — e pelo serviço de programas generalista nacional de acesso não condicionado com assinatura — CMTV, num total de 170 horas, 28 minutos e 53 segundos de emissão.

“Neste relatório, a ERC destaca como característica comum a todos os noticiários a tendência de inserção de espaços de comentário nos alinhamentos devidamente demarcados como opinião, sendo atribuídos a personalidades que os operadores apresentam como comentadores”, refere o regulador de media.

“Porém, detetou-se a hibridização entre informação e opinião em certos casos que desafiam a delimitação clara da natureza do conteúdo emitido, o que merece reflexão“, acrescenta.

Nos noticiários da RTP1, RTP2, SIC e TVI, a ERC regista que “a percentagem de peças que têm informação atribuída (isto é, que identificam pelo menos uma fonte de informação) se situa entre os 86% e 93%” e que, “no caso da CMTV, a tendência verificada neste indicador é relativamente inferior (66% das peças)”.

Quando analisado o nível de atribuição da origem da informação, para todos os serviços de programas, observa-se “que essa atribuição foi parcial entre 24% a 34% dos casos, o que significa que apenas parte das fontes de informação foram identificadas corretamente”.

De acordo com a análise, registou-se também “o predomínio de peças que não exigiram a aplicação do princípio do contraditório, sendo que, nos casos em que era exigido, tal foi genericamente respeitado“.

Constata-se ainda que “são residuais (0,4%) as peças com elementos suscetíveis de desrespeitar a presunção da inocência, observando-se que a grande maioria dos casos identificados ocorre no ‘Grande Jornal’ da CMTV”.

Na análise, “não foram identificadas situações de incitamento à violência ou ao ódio contra pessoas ou grupos de pessoas em razão do sexo, raça, cor, origem étnica ou social, orientação sexual ou outros fatores passíveis de discriminação”.

A versão completa do relatório pode ser consultada em https://www.erc.pt/pt/a-erc/noticias/erc-analisa-rigor-e-isencao-nos-noticiarios-de-horario-nobre-da-rtp1-rtp2-sic-tvi-e-cmtv-em-2023/.

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Estudo do BCE dá ‘luz verde’ à realização de mais cortes das taxas de juro

A taxa de juro de equilíbrio na Zona Euro situa-se entre 1,75% e 2,25%, segundo um estudo do BCE. Porém, os autores alertam que este indicador não é uma "referência mecânica para decisões monetárias".

A taxa de juro que define o equilíbrio entre o crescimento económico e o controlo da inflação na zona euro situa-se atualmente entre 1,75% e 2,25%, segundo um estudo publicado esta sexta-feira por três economistas do Banco Central Europeu (BCE). Esta faixa de valores, conhecida como taxa natural de juros ou r*, tornou-se um dos guias mais debatidos — e controversos — para as decisões monetárias da entidade liderada por Christine Lagarde.

A conclusão deste estudo, assinada pelos economistas Claus Brand, Noëmie Lisack e Falk Mazelis, sugere que o BCE está a operar num terreno menos expansionista do que há dois anos, mas ainda com margem para ajustes, considerando que a taxa permanente de depósitos está atualmente nos 2,75%, após em janeiro ter realizado o quinto corte das taxas de juro desde junho de 2024.

A taxa de juro natural é definida como “a taxa real de juro que não é expansionista nem contracionista”. É uma espécie de ponto de equilíbrio onde a poupança das famílias e o investimento das empresas se harmonizam, sem gerar pressões inflacionistas ou deflacionistas na economia. Se os juros reais (descontada a inflação) estiverem abaixo da r*, a economia aquece; se estiverem acima, arrefece.

Para a Zona Euro, o cálculo atual aponta para uma taxa nominal (incluindo inflação) entre 1,75% e 2,25%, o que significa que, se a inflação estabilizar na meta de 2%, a taxa de depósito do BCE (hoje em 2,75%) precisaria cair para próximo dessa faixa para ser considerada “neutra”. Mas aqui começa o primeiro aviso do estudo: “As estimativas da r* estão envoltas em incertezas de modelo, parâmetros, filtros e dados em tempo real”.

Os investigadores revelam que desde o final de 2023 a r* manteve-se estável, refletindo um equilíbrio frágil entre fatores como o envelhecimento populacional (que reduz o crescimento potencial) e o investimento em transição energética (que o sustenta). “As estimativas mais recentes da taxa real natural […] variam entre -0,5% e +0,5%”, o que, somado à meta de inflação, chega aos 1,75%-2,25% nominais, por exemplo, destacam os investigadores.

Mas a aparente tranquilidade esconde um desafio técnico colossal. Diferentes metodologias produzem resultados díspares. Os três economistas do BCE referem, por exemplo, que seguindo os modelos semi estruturais, a taxa de juro natural estará próxima de 2%, mas recorrendo a modelos baseados em expectativas de mercado esse valor é ligeiramente inferior. Já recorrendo à abordagem Holston-Laubach-Williams (HLW), usada pela Fed de Nova Iorque, a r* assume um valor de até 1,84%, mas com margens de erro de mais ou menos 10 pontos percentuais, tornando “difícil afirmar se a estimativa é diferente de zero”.

Face a todas estas incógnitas e dúvidas, a principal mensagem do estudo é de uma humildade estatística. Embora a r* ajude a avaliar riscos – como o regresso ao limite inferior efetivo (quando os juros não podem ser cortados mais) –, “não pode ser vista como um indicador mecânico para calibrar a política monetária”, essencialmente por conta de três razões:

  • Grande incerteza: O estudo refere que a faixa de 1,75%-2,25% para a r* esconde “a incerteza cumulativa de parâmetros e filtros que pode abranger vários pontos percentuais”. Ou seja, a r* poderá ser 1% ou 3%, e o BCE só descobrirá anos depois.
  • Efeito de mudança de dados: Revisões históricas do PIB ou da inflação alteram drasticamente as estimativas. Os autores do estudo mostram que ajustes retroativos já causaram variações de 1 ponto percentual na r* calculada, por exemplo.
  • Transmissão imperfeita: A r* foca-se na taxa de juro de curto prazo, mas “a transmissão da política monetária depende de condições financeiras mais amplas”, como o crédito bancário ou a evolução dos mercados de capitais, referem os investigadores.

As conclusões e várias observações realizadas por Claus Brand, Noëmie Lisack e Falk Mazelis abrem um debate mais amplo sobre se a r* é um fenómeno puramente económico ou uma construção política. Para os autores, “a ligação entre a taxa de curto prazo e a economia mais ampla é contingente e instável”, dependendo de fatores como a regulamentação bancária ou o apetite por risco nos mercados.

O estudo divulgado esta sexta-feira e esperado com grande expectativa pelos vários agentes do mercado não enterra a r*, mas enterra a ilusão de precisão. Para Christine Lagarde, a mensagem é clara: “Não há alternativa a tomar decisões com base numa análise abrangente dos dados”, mesmo que isso signifique conviver com margens de erro maiores do que os titulares sugerem, sublinham os investigadores.

Para os portugueses e restantes europeus, isso traduz-se em juros mais altos por mais tempo, se bem que com trajetórias suaves. A era de dinheiro gratuito acabou, mas o BCE não quer estrangular a recuperação. “As estimativas da r* fornecem informações complementares […] mas não podem ser usadas como norma mecânica”, sublinham os autores do estudo. Na prática, é como navegar com um GPS que por vezes avaria — mas ainda assim, melhor do que nada.

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Clubes portugueses foram os quartos que mais receberam no ‘mercado de inverno’

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2025

Transações efetuadas em janeiro de 2025 proporcionaram aos clubes portugueses um encaixe equivalente a 169,5 milhões de euros. Portugal foi apenas o 12.º mais gastador nesta janela de transferências.

Os clubes portugueses ficaram em quarto lugar na lista dos que receberam mais dinheiro com transferências internacionais de futebolistas profissionais masculinos no recente ‘mercado de inverno’, que bateu vários recordes, segundo o relatório divulgado pela FIFA.

As transações efetuadas em janeiro de 2025 proporcionaram aos clubes portugueses um encaixe equivalente a 169,5 milhões de euros (ME), o quarto mais elevado, só superado pelo de franceses (357,3 ME), alemães (217,7 ME) e ingleses (175,3 ME).

Apesar de ter sido um dos países que contratou maior número de jogadores, Portugal foi apenas o 12.º mais gastador nesta janela de transferências, com 38,7 ME, muito distante da Inglaterra, que encabeça a lista de forma destacada, com um total de 599,3 ME.

Com mais do dobro da Alemanha, o segundo país que mais dinheiro despendeu (285,1 ME), as equipas inglesas foram as principais responsáveis pelo recorde registado no ‘mercado de inverno’ de 2025, que registou um volume de negócios de 2,26 mil ME.

Aquele valor superou em 47,1% o anterior máximo (1,54 mil ME, estabelecido em janeiro de 2023) e representa um crescimento de 57,9% relativamente a 2024, tendo correspondência no número de jogadores transferidos, que totalizou 5.863, mais 942 do que no ano passado (19,1%), também um novo recorde.

Os clubes portugueses também deram uma contribuição importante para aquele resultado, uma vez que foram os terceiros mais ativos, tendo contratado 207 futebolistas, número que apenas foi ultrapassado por Brasil (471) e Argentina (265).

Portugal cai para o quinto lugar no estudo da FIFA em matérias de saídas de jogadores, com 170 a abandonarem os clubes lusos, num parâmetro liderado por Argentina (255), seguido de Brasil (212) e Inglaterra (211).

No futebol profissional feminino também se registaram novos máximos, tanto no valor global que os clubes gastaram para retocar os plantéis, que ascendeu a 5,55 ME (subida de 180,6% em relação a 2024), como no número de atletas envolvidas (455, mais 22,6%).

Tal como aconteceu no setor masculino, a Inglaterra comanda de forma destacada a lista dos países mais gastadores, com cerca de metade do total (2,21 ME), com os Estados Unidos a serem o maior beneficiário, ao receberem 2,65 ME, enquanto Portugal não contribuiu para esta estatística.

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PGR admite que inquérito do processo Tutti Frutti demorou “muito tempo” a ser concluído

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2025

Procurador-geral da República Amadeu Guerra reconhece que "oito anos é muito tempo", mas ressalva que a investigação acelerou depois de ter sido criada, em 2023, uma equipa especial para este caso.

O procurador-geral da República (PGR) admitiu esta sexta-feira que o inquérito do processo Tutti Frutti demorou “muito tempo” a ser concluído, ressalvando que a investigação acelerou depois de ter sido criada, em 2023, uma equipa especial para o caso.

“Oito anos é muito tempo, é verdade. Mas nós queremos que esses prazos acabem”, afirmou Amadeu Guerra, à saída de uma reunião de trabalho com magistrados do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal Central Administrativo Sul, em Lisboa.

O PGR sustentou, ainda assim, que, após “uma fase inicial em que a Polícia Judiciária não tinha os meios que tem hoje”, o “processo andou de forma muito rápida” a partir do momento em que a sua antecessora, Lucília Gago, constituiu em 2023 uma equipa especial com procuradores e elementos daquele órgão de investigação criminal.

“Aí não há nada a dizer relativamente à Polícia Judiciária, antes pelo contrário. Fizeram um trabalho muito meritório e que contribuiu exatamente para conseguirmos em dois anos recuperar o tempo possível”, frisou.

O Ministério Público acusou 60 pessoas de, no global, 463 crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, tráfico de influência, branqueamento, burla qualificada, falsificação de documento, abuso de poder e recebimento indevido de vantagem.

Entre os arguidos, há deputados na Assembleia da República, presidentes de juntas de freguesia em Lisboa e vereadores na capital do PSD e do PS, suspeitos de adjudicações a empresas como contrapartida, sobretudo, à concessão de apoio político local.

Alguns dos acusados suspenderam ou renunciaram entretanto aos mandatos.

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Stellantis em aliança com empresa europeia de IA para ter assistente por voz nos carros

Fabricante de marcas como a Citroen, Fiat ou Peugeot aprofunda parceria com a Mistral, empresa francesa de Inteligência Artificial. Primeiro produto será um assistente a bordo controlado por voz.

A Stellantis está a reforçar a parceria estratégica com a Mistral, empresa francesa de Inteligência Artificial (IA), com o primeiro produto a chegar aos automóveis a ser um assistente de bordo virtual, acionado por voz e que funciona com recurso àquela tecnologia.

Em causa está um “assistente avançado para automóveis, concebido para fornecer apoio de conversação em tempo real aos condutores”, segundo um anúncio conjunto. “O assistente funciona como um manual do utilizador em tempo real, ativado por voz. Os clientes poderão fazer perguntas sobre as características do veículo, resolução de problemas ou indicadores de aviso e receber orientação imediata através de uma interação natural e conversacional”, acrescentam as empresas.

Este sistema “será continuamente atualizado e adaptado às marcas e modelos Stellantis para proporcionar uma experiência contínua e intuitiva”.

Esta será a face mais visível – para o consumidor – desta parceria que se estende a outras áreas, até ao próprio processo de fabrico dos automóveis. Entre as soluções que estão a ser implementadas contam-se a deteção de anomalias através de IA, melhorando o controlo de qualidade em fábrica, ou a análise de dados de feedback de veículos, com um acompanhamento em tempo real.

“Existem muitos intervenientes no espaço da IA, e estamos particularmente felizes com a parceria com a Mistral AI pela sua forte capacidade de se adaptar rapidamente e gerar resultados significativos de uma forma altamente colaborativa”, disse Ned Curic, diretor de Engenharia e Tecnologia da Stellantis. “Juntos, estamos a explorar o potencial da IA em vários domínios para melhorar o nosso desenvolvimento de produtos, a experiência do cliente e proporcionar benefícios reais”.

“Esta parceria é um passo importante no nosso compromisso de tornar a GenAI mais acessível e valiosa”, refere Arthur Mensch, CEO e cofundador da Mistral AI. “A abordagem ousada da Stellantis à tecnologia e a sua capacidade de integrar IA avançada em experiências no mundo real tornam-na um parceiro ideal para mostrar como as soluções versáteis da Mistral AI podem reinventar a mobilidade e capacitar os engenheiros no seu trabalho”.

Numa altura em que a atenção tem estado centrada na disputa entre empresas norte-americanas e chinesas no campo da IA generativa, esta aliança de um grande fabricante automóvel com uma empresa europeia pode ser vista como um exemplo de desenvolvimento no Velho Continente. Em maio de 2024, a Mistral completou uma ronda de financiamento de 600 milhões de euros, deixando-a com uma avaliação de perto de seis mil milhões de euros. A empresa tem sido vista como uma espécie de “campeão europeu” na IA e uma concorrente de chineses e norte-americanos. No entanto, a Microsoft é uma das primeiras investidoras no capital da empresa.

A Mistral AI tem sede em Paris, nasceu em 2023 e foi criada por Arthur Mensch, Guillaume Lample, and Timothée Lacroix, antigos estudantes da École Polytechnique e com posteriores passagens pela Meta e pela Google.

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