Mais de metade das farmácias reportaram faltas de medicamentos em 2024

  • Lusa e ECO
  • 7 Fevereiro 2025

No top 20 dos medicamentos que mais falharam no ano passado estão os antidiabéticos e os usados nos casos de hiperatividade e défice de atenção, mostra relatório anual.

Mais de metade das farmácias reportaram no ano passado ao Infarmed falhas de medicamentos e no top 20 dos que mais falharam estão os antidiabéticos e os usados nos casos de hiperatividade e défice de atenção, segundo dados oficiais.

Os dados do Relatório Anual da Gestão da Disponibilidade de Medicamentos relativos a 2024 indicam que foram 1.545 as farmácias que notificaram faltas de medicamentos, uma situação que acontece quando não é possível satisfazer a prescrição médica num período inferior a 12 horas.

Quanto aos medicamentos com ruturas notificadas, apenas 14 (menos três do que em 2023) não tinham substituto no mercado, mas ainda assim o Infarmed aplicou medidas de mitigação que impediram o efeito no doente.

No total, o documento diz que das 12.436 apresentações comercializadas, 80% (9.899) nunca esteve em rutura, 17% (2.141) esteve, mas sem qualquer impacto no doente, 3% (377) teve um impacto médio e em 19 (0,2%) o impacto da rutura foi elevado, pois não há substituto no mercado, mas o Infarmed encontrou soluções de mitigação.

Entre os medicamentos cuja rutura teve um impacto considerado elevado estão anti-infecciosos, fármacos para o sistema nervoso central, para o aparelho cardiovascular, hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas, medicação antialérgica e fármacos para tratamento de cancro (antineoplásicos e imunomoduladores).

Segundo dados divulgados pela Autoridade Nacional para o Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), para impedir o impacto no utente, o Infarmed aplicou diversas medidas, entre elas a Autorização de Utilização Excecional — ao hospital ou ao distribuidor -, a monitorização das necessidades dos utentes para se fazer uma distribuição limitada.

O relatório refere ainda que no ano passado a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica emitiu 58 pareceres sobre alternativas terapêuticas, uma opção para quando falta um medicamento.

Em 2024, 72% das ruturas (3.160 ruturas notificadas)foram efetivas, enquanto 28% não chegaram a ocorrer porque o risco foi mitigado com as diversas medidas adotadas.

Em declarações aos jornalistas, o diretor da Unidade de Projectos Interinstituicionais e para o Sistema de Saúde do Infarned, Nuno Simões, sublinhou que as roturas não são apenas um problema português, pois acontecem em toda a Europa, e sublinhou que há a nível europeu grupos de trabalho que visam analisar o problema e que tudo está a ser discutido a nível europeu para harmonizar “medidas para garantir maior disponibilidade de medicamentos a nível nacional, de cada país, e salvaguardar melhor os direitos dos doentes”.

Sempre que o titular de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) prevê uma interrupção do abastecimento deve notificá-la ao Infarmed, com dois meses de antecedência. Contudo, em mais de metade dos casos esse prazo não foi cumprido.

Aliás, o relatório diz mesmo que se tem verificado “um aumento do incumprimento dos dois meses da notificação antecipada por parte dos titulares de AIM”.

Quanto ao tempo de duração das ruturas, metade apresentou uma duração inferior a dois meses, 23% uma duração entre dois e quatro meses, 11% entre quatro e seis meses e apenas 16% com uma duração superior a seis meses.

Já quanto aos motivos das ruturas, na maior parte dos casos (57,44%) foram atrasos no fabrico ou incumprimento das condições contratualizadas, em 21,17% dos casos deveram-se ao aumento da procura (prescrição ou aquisição) e em 6,01% foi por problemas logísticos como atrasos na entrega devido ao transporte, armazenamento ou distribuição.

Relativamente à situação de escassez de medicamentos prolongada no tempo, o Infarmed tem monitorização os casos de alguns antidiabéticos, medicamentos para a hiperatividade e défice de atenção, para tratamento da insuficiência pancreática, para a erradicação da bactéria Helicobacter pylori, tratar ulceras gástricas e para a hipertensão.

Quanto aos antidiabéticos, sobretudo o semaglutido (nas três dosagens), dulaglutido e liraglutido, que têm escasseado no mercado pois a procura aumentou desde que começaram a ser também usados para perder peso, o Infarmed diz que a escassez se deverá manter durante o ano de 2025.

A escassez destes medicamentos e os dados recolhidos de consumo no mercado levou a autoridade do medicamento a iniciar um processo de auditorias, que deverá estar concluído no final de fevereiro ou início de março, segundo disse o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, na sessão de apresentação do relatório, depois de dois anos sem terem sido apresentados estes dados de gestão de disponibilidade.

Infarmed autorizou 17.486 pedidos de exportação de medicamentos

O Infarmed autorizou no ano passado 17.486 pedidos de exportação de medicamentos e proibiu 9.559, quase mais 2.000 do que no ano anterior. A informação enviada à Lusa indica que os pedidos de exportação de medicamentos mais do que duplicaram de 2022 (7.888) para 2023 (16.045), subindo ligeiramente para 17.486 no ano passado, um comportamento idêntico ao que aconteceu com os pedidos rejeitados. Se em 2022 o Infarmed rejeitou 4.278 pedidos, em 2023 esse número subiu para 7.247. No ano passado foram negados 9.559.

O Relatório Anual da Gestão da Disponibilidade de Medicamentos relativo a 2024 refere que o maior destino de exportação foi a Alemanha (39%), seguida do Reino Unido (12%), República Checa (10%), Holanda (8%) e Angola (7%). Itália, França e Dinamarca, com 4% cada, foram outros dos países de destino das exportações de medicamentos, assim como a Polónia (3%), Hungria (2%), entre outros (7%).

No top dos medicamentos mais exportados estão cremes para eczema atópico, pílulas contracetivas, pomadas para inflamação associada a doenças de pele sensíveis aos corticoides e medicamentos para tratamento da diabetes mellitus tipo 2 em crianças e adultos.

No âmbito do controlo da disponibilidade de medicamentos, uma das medidas adotadas para garantir o equilíbrio entre o abastecimento regular do mercado e o comércio paralelo e exportação de medicamentos é um regulamento que prevê a elaboração de uma lista de notificação prévia de exportação (atualizada trimestralmente) e outra, atualizada todos os meses, que elenca os medicamentos cuja exportação está temporariamente suspensa.

Nesta última, atualizada no início do mês, constam 68 medicamentos de várias categorias, entre os quais fármacos usado no tratamento do cancro de mama, transtorno do défice de atenção e hiperatividade e antibióticos.

Antes da apresentação do relatório, o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, em declarações aos jornalistas, falou da revisão da legislação farmacêutica, cuja área objeto revisão é a disponibilidade e escassez de medicamentos e destacou o “reforço da articulação europeia” em situações de maior vulnerabilidade.

Questionado sobre a possibilidade de compras conjuntas, como aconteceu com as vacinas da Covid-19, para obviar ruturas de medicamentos, o responsável afirmou “não esta excluída”, mas lembrou que é uma decisão mais morosa pois trata-se de “um conjunto de Estados que tem determinado tipo de regras”.

“Essa questão das compras conjuntas não creio que esteja excluída essa possibilidade, mas vamos agora aguardar que, no âmbito daquela análise que está a ser feita das vulnerabilidades das cadeias de distribuição, das áreas em que há maior risco de escassez, (…) que há de dar origem a nova legislação, o tal ‘Critical Medicines Act’”, afirmou, acrescentando: “esse instrumento há de identificar linhas de ação e uma delas poderá ser essa.

Rui Santos Ivo apontou ainda o trabalho a nível europeu que está a ser desenvolvido na área das reservas estratégicas, exemplificando com a iniciativa rescEU: “e uma iniciativa de reservas conjuntas dos vários países para que cada um possa dar um contributo para essa grande reserva da União Europeia”. “Portugal está também nesse processo. Temos um conjunto de medicamentos (…) que nós estamos também a incluir nessa reserva”, acrescentou.

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Chinesa Xiaomi acelera produção de veículos elétricos após sucesso do SU7

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2025

A Xiaomi lançou o SU7 em março de 2024 e as vendas excederam até as previsões internas da empresa, ultrapassando as 135 mil unidades até ao final do ano passado.

O fundador da empresa chinesa de tecnologia Xiaomi disse esta sexta-feira que está à procura de formas de acelerar a produção de veículos, após o sucesso da primeira incursão no segmento elétrico, com o modelo SU7.

“Vou trabalhar com a equipa para procurar formas de acelerar a produção sem comprometer a qualidade ou a segurança”, disse Lei Jun, na rede social X, onde já tinha revelado que estava na fábrica de carros elétricos da empresa.

A Xiaomi lançou o SU7 em março de 2024, e as vendas excederam até as previsões internas da empresa, ultrapassando as 135 mil unidades até ao final do ano passado.

Agora, com o lançamento do SUV elétrico YU7 – um potencial rival do Model Y da norte-americana Tesla – previsto para meados deste ano, Lei anunciou nas redes sociais que o objetivo é vender 300 mil veículos em 2025.

Após o anúncio, as ações da Xiaomi subiram 4,69% durante a sessão de hoje na Bolsa de Valores de Hong Kong.

A cotação das ações da empresa tecnológica está em máximos históricos depois de terem mais do que triplicado (+234%) nos últimos 12 meses, encorajadas não só pelo sucesso do SU7, mas também pelas previsões de uma recuperação da procura por produtos eletrónicos, tendo em conta o “plano de renovação” multibilionário anunciado pelo Governo da China, para apoiar a troca de artigos antigos por novos.

O programa, avaliado inicialmente em cerca de 700 mil milhões de dólares (674 mil milhões de euros), visa incentivar a entrega de bens de consumo – por exemplo, eletrodomésticos – como parte do pagamento de novos bens, estimulando assim a procura interna.

Em janeiro, as autoridades anunciaram que vão incluir telemóveis, computadores e dispositivos inteligentes entre os produtos subsidiados.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 7 de fevereiro

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2025

Ao longo desta sexta-feira, 7 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Bahrain Victorious torna-se o parceiro de nome do estádio de Córdoba e patrocinador oficial do clube

  • Servimedia
  • 7 Fevereiro 2025

O Córdoba Club de Fútbol anunciou uma aliança estratégica com o Bahrain Victorious, que passa a ser o patrocinador principal do clube e o novo naming partner do Estádio Nuevo Arcángel.

O clube explicou que este acordo representa um “marco histórico” para o clube e afirmou que reforça o perfil internacional tanto do clube como da cidade e província de Córdoba. O clube indicou que a aliança com o Bahrain Victorious permitirá ao clube continuar o seu crescimento desportivo e económico, reforçando simultaneamente a sua presença no panorama futebolístico mundial.

O clube de Córdoba sublinhou que o Bahrain Victorious é um símbolo do desempenho desportivo do Bahrein, “refletindo o seu compromisso com a excelência e a inovação”. Os promotores do acordo declararam que, “com uma visão clara para elevar o perfil do Bahrein a nível internacional, o Bahrain Victorious procura mostrar os êxitos desportivos do Reino, ao mesmo tempo que promove uma cultura de determinação e sucesso. Através da sua presença estratégica no mundo do desporto, o Bahrain Victorious pretende apoiar os atletas e representar as aspirações do Bahrein na busca da excelência, inspirando as gerações futuras e unindo as culturas através do poder do desporto”.

O clube cordobês considera ainda que a assinatura desta parceria com o Bahrain Victorious é um passo decisivo na consolidação do Córdoba CF no futebol profissional, com o apoio de um parceiro internacional “de prestígio” que “contribuirá para escrever um novo capítulo na história do Clube”.

Como parte deste acordo, o Estádio Municipal Nuevo Arcángel passará a chamar-se “Estádio Bahrain Victorious Nuevo Arcángel de Córdoba”, juntando-se à lista de estádios com patrocínio global. Além disso, o logótipo do Bahrain Victorious aparecerá de forma destacada na parte frontal dos equipamentos da equipa principal, bem como em diferentes plataformas e materiais promocionais do clube.

Será realizado um evento de lançamento oficial nos próximos dias para fornecer mais pormenores sobre a parceria. O clube expressou a sua “mais profunda gratidão ao Bahrain Victorious pela sua confiança e compromisso com o projeto Córdoba CF. Esta aliança reforça o apoio inabalável da Infinity ao clube, mantendo o seu firme compromisso desde o início para construir um futuro brilhante para o Cordoba Football Club”.

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O Diriyah Festival, o Hay Festival e o Festival Internacional de Poesia de Medellín: forças motrizes da literatura em todo o mundo

  • Servimedia
  • 7 Fevereiro 2025

O Festival de Diriyah dá início à temporada internacional, traçando a extensa tradição literária da Arábia Saudita e a sua evolução ao longo dos anos.

A literatura é uma ponte que liga culturas, tempos e ideias, e a sua celebração em festivais internacionais é um ponto de encontro para escritores, leitores e amantes da literatura. Entre os eventos mais proeminentes do mundo literário contam-se o Hay Festival, no Reino Unido, o Diriyah Festival, na Arábia Saudita, e o Festival Internacional de Poesia de Medellín, na Colômbia.

Estes festivais exemplificam a diversidade e a riqueza da cultura literária mundial, oferecendo espaços de encontro e reflexão aos amantes da literatura de todo o mundo. O Festival de Diriyah é uma celebração cultural que destaca o rico património literário e oral da Arábia Saudita. Localizado na cidade histórica de Diriyah, o evento procura revitalizar e promover as tradições de narração de histórias do país, proporcionando uma plataforma para contadores de histórias, poetas e escritores contemporâneos.

A edição de 2025, que se realiza esta semana, inclui sessões de narração de histórias, oficinas literárias, exposições que traçam a evolução da literatura saudita ao longo dos séculos e sessões de leitura bilingue destinadas a promover a literacia na primeira infância. Os escritores e contadores de histórias locais que participam no evento estão a explorar a ligação entre a narração de histórias populares e a literatura moderna.

O Hay Festival do Reino Unido foi fundado em 1988 em Hay-on-Wye, no País de Gales, e estabeleceu-se como um dos mais prestigiados encontros literários do mundo. Este evento anual reúne um leque diversificado de vozes dos domínios da literatura, arte, ciência, política, música e comédia, incentivando o diálogo entre comunidades. Para além do seu evento emblemático no País de Gales, o Hay Festival expandiu o seu alcance a nível mundial, organizando eventos em diferentes países e adaptando-se a diferentes culturas.

Em 2025, o festival realizar-se-á de 22 de maio a 1 de junho em Hay-on-Wye. Todos os anos, a cidade atrai milhares de visitantes que têm a oportunidade de participar em workshops, palestras e apresentações. Durante mais de duas décadas, o Hay Festival contou com a presença de artistas como Salman Rushdie, Margaret Atwood e Stephen Fry, entre muitos outros.

Por último, o Festival Internacional de Poesia de Medellín tornou-se, desde a sua criação em 1991, uma referência mundial para os amantes da poesia. Este evento anual, organizado pela Corporación de Arte y Poesía Prometeo, reúne poetas de diferentes gerações, tendências e regiões do mundo, oferecendo leituras em mais de 40 línguas.

A 35.ª edição do festival está agendada para 5-12 de julho de 2025, sob o tema “A vida emergirá liberta do ferro”, um apelo ao renascimento do instinto natural e poético. Espera-se que cerca de 80 poetas de 40 países e 90 artistas locais participem em numerosas atividades em toda a cidade.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2025

O Santander Totta apresenta os resultados do ano passado e a Anacom faz o balanço anual do 5G no país. Governo deve anunciar o sucessor de Hernâni Dias.

A fechar esta semana é esperado que o Governo anuncie o sucessor de Hernâni Dias, que se demitiu depois de criar duas empresas na área de imobiliário. O banco Santander Totta também vai mostrar os resultados do ano passado e o INE divulga como evoluíram os custos da construção de habitação nova no país.

Santander Totta presta contas do ano de 2024

O banco liderado por Pedro Castro e Almeida revela, durante a manhã desta quinta-feira, os resultados do ano passado. Nos primeiros nove meses do ano passado, o Santander Totta registou lucros de 778,1 milhões de euros, mais 25,1% que no mesmo período do ano anterior. Os créditos subiram 6,6% nesse período e os depósitos cresceram mais de 4%.

Como evoluíram os custos de construção de habitação?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o índice de custos de construção de habitação nova em dezembro do ano passado. Até novembro, estes custos aumentaram 3,4% em termos homólogos e 4,1% face ao mês anterior. Já o preço dos materiais baixou 0,3% face ao mesmo período do ano anterior e o custo da mão de obra subiu 8,1%.

Eurostat divulga produção do setor dos serviços

O gabinete europeu de estatísticas (Eurostat) também vai publicar um conjunto de indicadores, entre os quais a evolução do setor dos serviços na União Europeia e na zona euro em novembro de 2024. Até outubro do ano passado, a produção neste setor cresceu 1,7% na zona euro e 1,5% na UE em termos homólogos.

Anacom faz balanço do 5G

O regulador das telecomunicações tem previsto fazer, esta quinta-feira, o balanço trimestral e anual do desenvolvimento do 5G em Portugal. Até setembro de 2024, o número de estações instaladas no país tinha aumentado 2%, face ao trimestre anterior, e as antenas chegavam a 2.217 freguesias, cerca de 72% do total.

Montenegro deve anunciar sucessor de Hernâni Dias

Para hoje é ainda esperado que Luís Montenegro indique o nome do próximo Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território. Hernâni Dias demitiu-se a 28 de janeiro depois de ser conhecido que estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e também porque criou, depois de entrar no executivo, duas empresas no setor do imobiliário e construção, num potencial conflito de interesses com a área que tutelava.

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Autarquias estão a demorar mais tempo a pagar aos fornecedores

As câmaras que mais agravaram o tempo que demoram a pagar aos seus fornecedores são Santa Comba Dão (+93 dias) e, em ex aequo, Nelas e Setúbal, com mais 81 dias. Tábua contesta dados da DGAL.

As autarquias estão a demorar mais tempo a pagar aos seus fornecedores. No final do ano passado, num universo de 221 municípios para os quais existem dados, 20 demoravam mais de 60 dias a cumprir as suas obrigações e quase todos registam um agravamento face ao terceiro trimestre de 2024.

Das 20 câmaras incumpridoras da lei, dez demoram mais de 90 dias a pagar as faturas a fornecedores, mais três do que no trimestre anterior. Os dados da Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL) revelam que uma manteve o desempenho (Figueiró dos Vinhos, com 63 dias) e só uma melhorou os prazos de pagamento – Alfândega da Fé, que reduziu os seus prazos de pagamento em 27 dias para 91 dias.

O fecho das contas das autarquias no final do ano, o acerto de faturas característico do período e a demora no lançamento das faturas no sistema podem justificar este agravamento. Ao que o ECO apurou, a questão está inclusivamente a ser acompanhada pela Associação Nacional de Municípios, que está em diálogo com o Governo para que sejam adotadas medidas para resolver o problema.

O ECO questionou o Ministério da Coesão sobre este tema, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Este agravamento surge num contexto de aprofundamento do processo de descentralização de competências para os municípios, que aumentou a pressão nas contas das autarquias. A própria ANMP, no parecer à proposta de Orçamento do Estado para 2025, sublinhava que a descentralização trouxe “custos gerais e administrativos acrescidos não compensados pelo Fundo de Financiamento da Descentralização”; “novas obrigações ao nível dos transportes públicos de passageiros, onde nem sempre é assegurada a sustentabilidade financeira do serviço”; obrigatoriedade de intervir ao nível do direito à habitação, “sem o adequado e atempado financiamento”; “crescentes e subfinanciadas exigências ao nível da água, dos resíduos e da proteção civil”. As valorizações salariais dos funcionários públicos, o aumento da inflação e dos juros também pesam nos orçamentos que em termos genéricos reduziram o excedente de 353 milhões para 24 milhões, em 2023, de acordo com o Conselho de Finanças Públicas.

Tábua contesta números

De acordo com a DGAL, Tábua é a autarquia que mais tempo demora a pagar aos fornecedores, mas a câmara já contestou por escrito a informação. Nos últimos três meses de 2024, teria precisado de 253 dias para pagar as suas faturas, um forte agravamento face aos 120 dias registados no terceiro trimestre. No entanto, segundo a autarquia houve uma melhoria de desempenho, ao levar 109 dias a pagar.

O presidente da Câmara de Tábua denuncia ao ECO que os dados da DGAL estão errados, porque a autarquia reduziu as dívidas aos fornecedores em mais de um milhão de euros no final do ano passado. Ricardo Cruz revelou que o ROC da câmara enviou para a DGAL a contestação dos cálculos que segundo a autarquia revelam menos de metade dos valores apontados.

Já não é a primeira vez que a DGAL se engana a compilar os dados das autarquias. No final de 2023, Tábua surgia com um prazo médio de pagamento de 219 dias, quando afinal eram 123 dias. Uma revisão que o presidente da câmara justificou, ao ECO, com o facto de só “em abril as contas estarem fechadas e os dados estabilizados”. Uma revisão em baixa de 96 dias “é considerável”, desabafou na altura. Agora está em causa uma revisão muito maior – 144 dias.

Tábua tentou aderir a um saneamento financeiro voluntário, porque o nível de dívidas da autarquia não era suficiente para recorrer ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), nem tão pouco para um saneamento obrigatório. O edil socialista explicou que para isso foi necessário deixar acumular algumas dívidas para poder “encaixar” nos critérios do saneamento voluntário. Em causa estava a contração de um empréstimo de seis milhões de euros junto da banca para pagar aos fornecedores. No entanto, as “taxas de juros de 5,5%” que lhe foram pedidas “eram incomportáveis para municípios pequenos como Tábua”, por isso, não se avançou com esta opção, que estava a ser negociada com os ministérios das Finanças e da Coesão.

A solução foi retomar os pagamentos que tinham sido suspensos para fazer volume e tendo sido saldados mais de um milhão de euros em dívidas que agora ascendem a cerca de 3,4 milhões de euros, revelou o autarca. Ricardo Cruz queixa-se da injustiça de autarquias que recorrem ao FAM pagarem apenas juros de 0,9%, quando as “mais bem-comportadas” tem de suportar os juros de mercado.

Perante a “situação frágil de tesouraria” de alguns municípios, a ANMP no parecer à proposta do OE2025 sugeria que o OE2025 viabilizasse “a criação de um empréstimo extraordinário junto do FAM destinado à liquidação de pagamentos em atraso”. Em 2022, o OE previa a criação deste tipo de empréstimos, para financiar despesa corrente, por contrapartida de uma diminuição das transferências.

“Estão em causa municípios muito dependentes das transferências do OE que, na conjuntura atual de aumento de preços e valorizações remuneratórias, viram todas as despesas correntes aumentar, o que, perante a incapacidade de gerar receitas próprias, trouxe como consequência o aumento muito significativo da dívida de curto prazo (a fornecedores) e o aumento do prazo médio de pagamentos e dos pagamentos em atraso, bloqueando a capacidade de assunção de nova despesa, por inexistência de fundos disponíveis e criando constrangimentos graves nas próprias economias locais”, justificava a ANMP no parecer, recordando que “a taxa de juro comercial de mora atinge o valor elevadíssimo de 12,5%”.

A proposta da ANMP era criar um empréstimo junto do FAM, com caráter excecional, destinado aos municípios que, no final de 2024, apresentassem um volume de pagamentos em atraso superior a um milhão de euros e que ainda não tinham aderido ao FAM, com uma taxa de juro “largamente mais favorável do que as taxas de mercado e a taxa de juro de mora e com um prazo máximo de 14 anos.

Santa Comba Dão Nelas e Setúbal agravam mais atrasos

No universo de 221 municípios para os quais existem dados (menos 39 do que no trimestre anterior) na DGAL, 20 demoravam mais de 60 dias a pagar aos fornecedores, sendo que as autarquias que mais tempo demoram a pagar são Tábua (253 dias, valor contestado e que a retira do TOP10), seguida de Santa Comba Dão (224 dias) e Setúbal (155 dias). Mas as câmaras que mais agravaram o seu desempenho foram Santa Comba Dão (+93 dias) e em ex aequo Nelas e Setúbal com mais 81 dias.

“As transferências de competências para os municípios sem os adequados envelopes financeiros será uma das principais causas”, explicou ao ECO o gabinete da presidência da Câmara de Setúbal. “Tal como acontece com diversas autarquias portuguesas, a situação financeira do município de Setúbal tem vindo a ter uma evolução que não é isenta de problemas, com dificuldades em fazer face, atempadamente, aos compromissos assumidos”, acrescenta.

A autarquia liderada por André Valente Martins dá dois exemplos de pressão: a educação e a saúde. No “caso da educação, desde abril de 2022 a Câmara Municipal de Setúbal já acumulou um défice superior a três milhões de euros” e a autarquia “assumiu, em contrato-programa, a construção do novo centro de saúde de Azeitão”, sendo que “até à data, os valores da responsabilidade do Ministério da Saúde ainda não foram pagos”. “Estamos a falar de mais de 1,3 milhões de euros”, frisa o gabinete do edil comunista.

Valente Martins critica a “crescente desresponsabilização do Estado e dos sucessivos governos no que diz respeito ao necessário investimento na saúde”, e a “recusa da Administração Central em construir novos centros de saúde”. “Mesmo nos casos em que a câmara obteve financiamento comunitário, estas empreitadas representaram um acréscimo de pressão na tesouraria do município”, acrescenta, sublinhando que “os sucessivos cortes, de forma irresponsável, nas receitas municipais impostos pelos partidos da oposição – PS e PSD” se traduzem no seu mandato na perda estimada “de mais de 20 milhões de euros através da imposição da redução das taxas do IMI e da participação variável do IRS”.

Nelas, que teve o mesmo agravamento na demora dos pagamentos a fornecedores (+81 dias), aponta outras razões para este desempenho, nomeadamente ao nível das utilities. As faturas da Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão, que recolhe e trata os resíduos de 19 municípios da região, estavam pré-registadas, mas só tiveram cabimento no final do ano. A E-redes procedeu no final do ano aos habituais acertos e estavam por isso 300 mil euros em falta em janeiro, avançou ao ECO o vereador Artur Ferreira. Além disso, Nelas compra água a Mangualde, fruto de um protocolo de 1995, que tem por hábito fazer “acertos de contas, com a emissão de notas de crédito que beneficiam os seus saldos mas prejudicam os nossos e isso voltou a acontecer”, acrescentou o responsável.

Nos atrasos pesam ainda as faturas em dívida dos transportes escolares e das refeições escolares. Sem contar com as dívidas a Mangualde que “ainda estão em negociação, a câmara tem cerca de 1,4 milhões de euros por liquidar aos fornecedores, revelou Artur Ferreira.

O ECO contactou também a câmara municipal de Santa Comba Dão, mas até à publicação deste artigo não obteve resposta.

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Tarifas e política energética de Trump ameaçam resultados da Galp, dizem analistas

Os resultados da Galp podem ser penalizados se Trump agravar as taxas aduaneiras à União Europeia. Descida da cotação do petróleo devido a um aumento de produção nos EUA também terá impacto.

As margens de lucro da Galp podem sofrer na sequência da imposição de tarifas aduaneiras que o presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu aplicar a produtos europeus, indicam os analistas consultados pelo ECO/Capital Verde. O impacto tanto pode ser direto, caso as taxas incidam sobre combustíveis fósseis, como indireto, tendo em conta o eventual efeito negativo na economia europeia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou este domingo que a União Europeia não irá escapar à imposição de tarifas aduaneiras, por parte da maior economia do mundo, sobre os seus produtos. Isto, depois de ter anunciado tarifas de 25% sobre os seus maiores parceiros comerciais, México e Canadá, embora acabasse por adiar a entrada em vigor desta ação por um mês, até 1 de março. No caso do Canadá, o petróleo exportado para os Estados Unidos é uma exceção, e só será taxado em 10%. A China também não escapou a novas tarifas, de 10%.

Os Estados Unidos importaram, em 2023, 9,7 milhões de barris de petróleo e produtos derivados a partir de Portugal, de acordo com dados da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês).

A Galp reconhece os Estados Unidos como um dos seus principais mercados de exportação. “Os EUA, particularmente a Costa Leste, continuaram a ser um dos destinos mais significativos para a exportação de componentes pesados da gasolina, aproveitando a sua posição do outro lado do Atlântico”, lê-se no Relatório e Contas relativo a 2023. No mesmo, a empresa afirma que “o fuelóleo, a gasolina e o gasóleo foram os principais produtos exportados, representando 31%, 22% e 12% das exportações totais, respetivamente, maioritariamente para os EUA, Espanha e Gibraltar“.

Em 2023, a venda de produtos petrolíferos resultantes das atividades de refinação e comercialização da Galp totalizou 14,8 milhões de toneladas (mton). Deste volume, 7,1 mton foram vendidas à área Comercial da Galp, 3,4 mton a outros operadores e 3,7 mton foram exportadas, aponta o relatório. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a Galp (através da empresa Petrogal) é a segunda maior exportadora portuguesa para os Estados Unidos, em valor exportado.

Já na última atualização com dados comerciais partilhados pela Galp, publicada no início desta semana e que diz respeito ao quarto trimestre do ano passado, a petrolífera nota uma quebra de 15% nas margens de refinação.

O analista da XTB, Vítor Madeira, observa que “de momento, não parece existir grande reação no preço das ações da empresa” às ameaças de tarifas por parte dos Estados Unidos. “Embora as ações estejam a cair, estas quedas podem ser associadas às quedas no preço das matérias-primas energéticas”, completa.

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No entanto, “tarifas sobre produtos energéticos podem aumentar os custos operacionais, reduzindo as margens de lucro da Galp“, afirma Henrique Valente, representante de Contas da ActivTrades. Na ótica deste analista, o impacto direto na Galp dependerá da natureza específica das tarifas e dos produtos visados. “Se as tarifas incidirem sobre produtos energéticos ou relacionados, a Galp poderá enfrentar desafios adicionais, como aumento de custos ou restrições comerciais”, sustenta.

Desaceleração económica na Europa pode pesar

A guerra comercial pode contribuir para a desaceleração do crescimento europeu, reduzindo a procura por combustíveis e afetando as receitas da Galp“, aponta, por outro lado, Henrique Valente, acrescentando que a imposição de tarifas por parte da UE, em retaliação, pode ainda “distorcer o mercado energético e impactar negativamente a competitividade da empresa”.

O economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa, corrobora que “a imposição de tarifas adicionais pelos EUA sobre produtos europeus poderá afetar a economia da União Europeia, incluindo Portugal” e que “uma redução na atividade económica europeia pode levar a uma menor procura por combustíveis e outros produtos energéticos, pressionando as margens de lucro da Galp“.

Já a favor da empresa está a sua expansão geográfica. “A Galp tem expandido as suas atividades, apostando em novas geografias, como a Namíbia. Essa estratégia de diversificação pode ajudar a reduzir os efeitos negativos resultantes das políticas comerciais dos EUA“, entende Paulo Rosa.

O economista do Banco Carregosa indica que, de acordo com o economista-chefe para a Europa do Goldman Sachs, Sven Jari Stehn, uma tarifa de 10% sobre todas as importações dos EUA vindas da União Europeia poderia eliminar um ponto percentual do crescimento da zona do euro. Numa abordagem mais cautelosa, Paulo Rosa sublinha que o impacto real da imposição de tarifas na economia europeia dependerá de vários fatores, incluindo as respostas políticas e económicas da União Europeia e dos seus Estados-membros.

Por fim, a “incerteza gerada por uma guerra comercial pode dificultar o planeamento estratégico da empresa e afetar a confiança dos investidores“, afere Henrique Valente.

Mais oferta de petróleo e gás pressiona preços

Além da ameaça de tarifas, Donald Trump avançou com uma política energética que fomenta a exploração e produção de petróleo, o que pode também pressionar a empresa. “Caso o plano do presidente Donald Trump com o drill baby drill’ [aposta na exploração e produção de energias fósseis] aumente exponencialmente a produção de petróleo e gás, isto pode provocar uma pressão descendente sobre os preços“, assume também Vítor Madeira, somando a este fator a “pressão” que Trump tem exercido junto da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para que estes aumentem a produção, e desta forma os preços baixem. A desaceleração económica de mercados-chave, como a China, também pode exercer pressão sobre os preços da energia, acrescenta ainda Henrique Valente.

Olhando ao efeito na petrolífera portuguesa, caso o preço das matérias-primas caia nos mercados internacionais, “surge a possibilidade de provocar quedas nas margens da Galp, e assim, obter piores resultados“, afirma o analista da XTB. Paulo Rosa concorda que “para a Galp, preços mais baixos do petróleo podem resultar em margens de lucro reduzidas nas suas operações de exploração e produção (upstream)”.

Ainda assim, o economista sénior do Banco Carregosa observa que, como empresa integrada, a Galp também atua na refinação e distribuição (downstream), “áreas que podem beneficiar de custos mais baixos do petróleo bruto“. A diversificação da petrolífera no campo das energias renováveis constitui também novas fontes de receita menos expostas à volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis.

Numa nota positiva, apesar das intenções de Trump “de aumentar a produção de petróleo e gás através da desregulamentação ambiental”, as grandes empresas petrolíferas “preferem adotar uma postura cautelosa, apostando na estabilidade financeira, em vez de expandir a produção de forma agressiva”, ressalva Henrique Valente. Um fator que contraria eventuais futuras quedas significativas da matéria-prima, apesar das políticas da Casa Branca.

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Salário médio líquido dispara 10% para 1.142 euros. É a maior subida da década. Veja as profissões que mais ganham

Ordenado limpo de impostos aumentou 100 euros, no ano passado face a 2023. Militares tiveram o maior incremento à boleia do subsídio de risco. Mas a desigualdade entre homens e mulheres agravou-se.

O salário médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem, em Portugal, subiu 100 euros para 1.142 euros, o que corresponde a um aumento de 9,6%, em relação ao vencimento médio de 1.042 euros de 2023. É a maior subida da década, segundo as contas do ECO com base nos dados publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Na comparação com 2011, início da série, o ordenado médio, já limpo de impostos e contribuições, teve uma progressão de 331 euros (41%) face aos 811 euros praticados na altura.

Entre os grupos profissionais com incrementos mais generosos, o destaque vai para os militares das Forças Armadas que tiveram um aumento histórico de 22% (277 euros) à boleia da subida do suplemento de condição militar de 100 para 300 euros. Agricultores e técnicos de nível intermédio completam o pódio do grupo de profissões que sentiram valorizações salariais mais elevadas (ver tabela em baixo).

Analisando a evolução do salário médio líquido desde 2011, o ano mais antigo para o qual o INE disponibiliza dados, verifica-se que 2024 foi o ano no qual as remunerações, depois de descontados impostos e contribuições sociais, mais subiram. O aumento de 9,6% foi histórico, tendo em conta que as variações anuais rondaram sempre os 2% e 3%.

A forte subida do salário mínimo nos últimos anos, de 7,8% em 2023 e de 7,9% em 2024, a par da atualização remuneratória dos trabalhadores do Estado e da maior subida da base remuneratória da Administração Pública (BRAP) deram um especial contributo para a alavancagem do ordenado médio líquido no ano passado.

Para além disso, várias carreiras da Administração Pública como a dos professores, funcionários judiciais, forças de segurança (Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana), guardas prisionais, Forças Armadas e enfermeiros alcançaram, no ano passado, acordos para o descongelamento e valorização dos seus salários, o que também teve um peso especial na variação dos vencimentos médios.

Nunca em anos anteriores o ordenado médio tinha subido tanto. De lembrar que, em 2023, o incremento remuneratório foi de apenas 2,76%, tendo inclusivamente ficado aquém da inflação média registada naquele ano, de 4,3%. Recuando mais no tempo e excluindo a performance salarial de 2024, só se verificaram aumentos mais substantivos em 2020, com uma variação de 4,06%, e, em 2021, com 3,69%.

O período que registou uma evolução dos ordenados menos significativa está concentrado nos anos da governação de Pedro Passos Coelho, entre 2012 e 2014, fortemente marcada pela intervenção da troika. Em 2013, até houve uma contração de 0,62% do salário médio líquido mensal dos trabalhadores por contra de outrem, que caiu de 811 para 808 euros. Para esta evolução, contribuiu, por um lado, os cortes salariais entre 2,5% e 12% na Função Pública, aplicados em 2013, para quem auferisse mais de 600 euros brutos mensais e, por outro, o congelamento da retribuição mínima mensal garantida nos 485 anos, entre 2012 e 2014.

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Desigualdade salarial entre homens e mulher agravou-se para 206 euros

Apesar da evolução positiva das remunerações que, no ano passado, mais do que compensou a inflação média anual, de 2,4%, a desigualdade salarial entre homens e mulheres piorou. O fosso estava nos 178 euros e, agora, agravou-se para 206 euros, segundos os dados do INE. Aliás, esta tendência tem vindo a acentuar-se pelo menos desde 2022. Nesse ano, as trabalhadoras ganhavam menos 166 euros do que os congéneres masculinos.

Os homens também beneficiaram de um aumento mais generoso, de 10,14%, passando a ganhar, no ano passado, 1.249 euros em média, ou seja, mais 115 euros face ao vencimento de 1.134 euros.

O vencimento médio líquido das trabalhadoras, já depois dos descontos para IRS e as contribuições sociais, deu um salto menor, de 9,1% ou de 87 euros, passando de 956 euros para 1.043 euros, segundo os cálculos do ECO com base nas estatísticas do INE.

Maiores aumentos para as Forças Armadas, agricultores e técnicos

Quanto à variação do ordenado médio líquido mensal por conjuntos de profissões, o INE indica que a classe das Forças Armadas foi a que beneficiou da maior subida salarial (21,7%), que ultrapassou largamente a inflação de 2024 (2,4%). Este grupo auferia, em 2023, 1.274 euros por mês e viu o ordenado engordar 277 euros para 1.551 euros, no ano passado, o que traduz um avanço de quase 22%. Trata-se de um incremento recorde que, em grande medida, reflete a subida do suplemento de condição militar de 100 para 300 euros.

No ranking dos maiores aumentos, surge, em segundo lugar, a classe dos agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta, O salário médio destes trabalhadores subiu 75 euros, de 748 para 823 euros, o que corresponde a um aumento de 10%, também acima da variação do índice de preços.

A completar o pódio, na terceira posição, estão os técnicos e profissões de nível intermédio que passaram a ganhar 1.225 euros, ou seja, mais 109 euros face ao vencimento médio do ano anterior, de 1.116 euros. Esta variação de 9,8% também suplantou a inflação.

Todos os grupos de profissões registaram variações do salário médio líquido acima do índice de preços. De destacar, por exemplo, o pessoal administrativo: em termos absolutos, o ordenado médio subiu 81 euros, de 889 para 970 euros, o que corresponde a um aumento de 9,1%, mas já abaixo da variação global do vencimento médio líquido para o conjunto do país (9,6%).

No caso do grupo dos especialistas das atividades intelectuais e científicas, onde estão os professores e médicos, o vencimento médio líquido subiu 117 euros, de 1.452 para 1.569 euros, o que corresponde a uma variação de 8,1%.

Entre os grupos profissionais que registaram aumentos mais modestos, o destaque vai para a classe dos trabalhadores não qualificados, dos trabalhadores da montagem e dos gestores de topo de empresas e representantes do poder legislativo, como deputados ou membros do Governo.

No ano passado, o ordenado médio dos trabalhadores não qualificados subiu 40 euros para 697 euros face ao vencimento médio de 657 euros registado em 2023, o que corresponde a um incremento de 6,1%. É a variação mais comedida entre as profissões analisadas pelo INE. De salientar que estes valores estão abaixo do ordenado mínimo que, no ano passado, estava nos 820 euros mensais brutos, porque são já líquidos de impostos e contribuições sociais.

Os operadores e trabalhadores da montagem passaram a ganhar em média, no ano passado, 985 euros por mês, uma subida de 63 euros (6,8%) face ao vencimento anterior, que estava nos 922 euros.

Já os gestores de topo e os representantes do poder legislativa ganharam mais 123 euros, passando de um vencimento médio líquido de 1.763 euros para 1.886 euros. Ainda assim, é preciso sublinhar que esta categoria profissional é a mais bem remunerada, segundo os dados do INE.

O vencimento deste grupo de trabalhadores é mais do dobro do ordenado médio mais baixo, de 697 euros, pago aos trabalhadores não qualificados. A diferença entre o vencimento dos gestores de topo, de 1.886 euros, e o ordenado dos não qualificados é de 1.189 euros, o que corresponde a um fosso de 170,59%, que se tem vindo a agravar. Em 2023, a diferença estava nos 1.109 euros (169%).

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Fusão entre Caixa e Novobanco cria gigante público com quase um terço do mercado

'Nova Caixa' ficaria a gerir mais de 100 mil milhões em depósitos e teria uma carteira de crédito na ordem dos 75 mil milhões, passando a controlar cerca de um terço do mercado da banca em Portugal.

Uma eventual fusão entre a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novobanco daria origem a um gigante público com quase um terço de quota de mercado nos depósitos, mas também no crédito às famílias e empresas em Portugal.

O governador do Banco de Portugal alertou esta quarta-feira para as “consequências sistémicas” que um negócio dessa natureza poderia trazer para o mercado bancário nacional já de si altamente concentrado.

“A Caixa é um banco muito importante, mas isso traz também responsabilidade. É uma decisão de negócio com consequências sistémicas que têm de ser analisadas”, afirmou Mário Centeno em entrevista à agência Reuters, preferindo uma solução para o Novobanco que passe pelo mercado acionista através de um IPO. Seria “um bom resultado para o funcionamento e a competitividade do setor bancário”, admitiu.

O cenário da Caixa avançar para o Novobanco intensificou-se na última semana, com o próprio ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, a abrir a porta a esse cenário: “Se a Caixa entender fazer essa avaliação face a situações que possam vir a ocorrer no futuro, o Governo depois tomará decisões com base nessa avaliação”.

O que dizem os números?

A Caixa já detém a liderança de mercado em Portugal. Sobretudo nos depósitos e no crédito à habitação, mercados onde detém atualmente mais de um quinto de quota, de acordo com os dados mais recentes apresentados pelos bancos (setembro de 2024).

Ou seja, a aquisição do Novobanco iria reforçar ainda mais a posição de liderança do banco público nesses segmentos – se a operação passasse sem a imposição de remédios pela Autoridade da Concorrência.

No caso dos depósitos, um ‘super banco público’ iria gerir mais de 100 mil milhões de euros em depósitos, com uma quota de mercado superior a 32%. E a carteira de crédito da casa superaria os 37 mil milhões, correspondendo a uma quota na ordem dos 32%.

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Também no crédito às empresas, onde o Novobanco mantém o ADN que herdou do BES, a ‘super Caixa’ passaria a líder incontestável do mercado, com uma carteira de mais de 37 mil milhões de euros e uma quota acima dos 30%.

Para trás (ou melhor, bem para trás) ficaria o atual líder do mercado, o Santander Totta, que tem uma quota a rondar os 19%, e os restantes bancos.

‘Espanholização’ da banca?

A mesma situação de hegemonia de mercado se passaria caso fosse o Santander a avançar para a compra do Novobanco. O Totta passaria a controlar também uma quota de mercado acima de 30% no crédito da casa e às empresas. Nos depósitos, contudo, a Caixa manteria a liderança.

Um cenário (também muito especulado) em que o BPI ficaria com o Novobanco também resultaria num dos grandes bancos em Portugal, mas a competir taco-a-taco com os rivais nos diferentes segmentos de mercado. Por exemplo, nos depósitos, Caixa e BCP continuariam a ser maiores. No crédito à habitação, tirava a liderança ao banco público, mas por uma curta margem.

Certo é que em qualquer dos casos (Santander ou BPI) o mercado bancário assistiria a um aumento significativo da presença espanhola.

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Concentração alivia, mas pode aumentar outra vez

Portugal apresenta um grau de concentração de 71,52%, ou seja, mais de sete euros por cada dez em ativos estão concentrados nos cinco maiores bancos a operar por cá, de acordo com as estatísticas do Banco Central Europeu referentes ao final de 2023.

Estes números situam Portugal no lugar 14 dos mercados bancários mais concentrados dentro da União Europeia, onde o grau médio de concentração dos ativos nos cinco maiores bancos é de 68,6%.

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Desde pelo menos 1999 que o sistema português tem observado uma tendência crescente no grau de concentração. Passou de 44% naquele ano para 73,9% em 2021, quando atingiu o pico. Tem vindo a aliviar nos últimos dois anos, mas caso o Novobanco vá para as mãos de um rival direto, seja Caixa, BCP, Santander ou BPI, o grau de concentração dará um novo salto.

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De Lisboa ao Minho, cinco reitores pedem critérios claros ao Governo sobre classificação das universidades

Reitores de Lisboa, Coimbra, Porto, Minho e Iscte pedem ao Governo que o financiamento às universidades seja "previsível e independente de ciclos eleitorais".

Os reitores das universidades de Lisboa, Coimbra, Porto, Minho e Iscte apelam ao ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, que sejam estabelecidos critérios claros quanto às condições em que as instituições podem manter, ou definir, o seu estatuto de “Universidade”, “Universidade Politécnica” ou “Instituto Politécnico”. E que o financiamento às universidades seja “previsível e independente de ciclos eleitorais”.

Num comunicado conjunto, os cinco reitores – Luís Ferreira (Universidade de Lisboa), António de Sousa Pereira (Porto), Maria de Lurdes Rodrigues (Iscte), Amílcar Falcão (Coimbra) e Rui Vieira de Castro (Minho) – reagem às medidas anunciadas, esta quinta-feira, pelo ministro no âmbito da reforma do regime jurídico do ensino superior que foi aprovado em Conselho de Ministros. E que segue agora para discussão no Parlamento.

É insustentável um sistema em que a classificação das instituições não repouse em critérios de exigência, rigorosos e escrutináveis, ou que ela seja determinada de forma discricionária pelos governos, sujeitando-os a pressões locais e regionais de todo o tipo”, defendem os quatro reitores.

Universidade do PortoEgídio Santos/U.Porto

Os responsáveis sugerem como critérios para classificação de uma instituição como universidade a definição objetiva do número de cursos, de estudantes, de áreas científicas. Acresce, elencam, “a existência de centros de investigação com condições para ministrar ciclos de estudos de doutoramento nas áreas principais em que a instituição oferece formação”.

Apontam a evidência de práticas de investigação e internacionalização consolidadas como outro dos requisitos. “Deverá ser o posicionamento das instituições face a estes critérios a determinar o seu estatuto, não a decisão de um governo”, frisam, na mesma nota.

Numa conferência de imprensa, Fernando Alexandre explicou que o objetivo destas medidas é reforçar a autonomia das instituições, bem como estimular a competição e a qualidade.

Além dos critérios exigentes e objetivos para a classificação das instituições como “Universidade”, “Universidade Politécnica” ou “Instituto Politécnico”, os cinco reitores pedem ao ministro que clarifique “a consagração da autonomia e do financiamento plurianual das instituições, única forma de estas poderem programar estrategicamente os seus investimentos”.

Os reitores das universidades de Lisboa e do Porto, do Iscte, da Universidade de Coimbra e da Universidade do Minho, apelam também a Fernando Alexandre para que este novo regime “regulamente os financiamentos plurianuais das instituições de ensino superior”.

“Como qualquer tipo de investimento estratégico implica a passagem de vários anos entre a tomada de decisão e a sua concretização, é imprescindível que o financiamento seja feito um quadro de estabilidade previsto na lei”, afirmam os reitores. Pedem, por isso, que o financiamento às universidades seja “previsível e independente de ciclos eleitorais”.

Por fim, os reitores querem ver esclarecidas as garantias de democraticidade e colegialidade na gestão das universidades. E apelam, por isso, a Fernando Alexandre para que a revisão deste regime permita que as “universidades se tornem verdadeiramente competitivas no espaço europeu de ensino”.

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Costa garante apoio da UE ao “papel essencial” do Tribunal Penal Internacional

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2025

O encontro de Costa com a presidente do TPI ocorreu no dia em que o Donald Trump anunciou sanções contra o TPI "pelas suas ações contra os Estados Unidos e os seus aliados".

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, recebeu esta quinta-feira em Bruxelas a presidente do Tribunal Penal Internacional (TPI), a quem garantiu o apoio da União Europeia (UE) perante o “papel essencial na justiça” deste organismo.

Hoje encontrei-me com a juíza Tomoko Akane, presidente do Tribunal Penal Internacional. O TPI desempenha um papel essencial na justiça a favor das vítimas de alguns dos crimes mais horríveis do mundo”, afirmou António Costa, numa mensagem publicada na rede social X, acompanhada por fotografias do encontro.

No dia em que foi avançada a informação de que o Presidente norte-americano, Donald Trump, planeia sancionar o TPI “pelas suas ações contra os Estados Unidos e os seus aliados”, nomeadamente Israel (um reconhecido aliado de Washington), o antigo primeiro-ministro português vincou na mensagem, sem nunca mencionar esta possível medida norte-americana, que “a independência e a imparcialidade são características essenciais da atividade do tribunal”.

“A UE continua empenhada em pôr termo à impunidade e em garantir a responsabilização por todas as violações do direito internacional”, adiantou António Costa. Fontes europeias ouvidas pela Lusa indicaram que, neste encontro que decorreu na sede do Conselho Europeu em Bruxelas, foram analisadas estas potenciais sanções dos Estados Unidos e como estas poderão afetar a instituição.

Perante tal cenário, o Conselho Europeu reafirmou o apoio da União Europeia ao TPI, de acordo com as mesmas fontes, que apontaram que Costa e Akane discutiram possíveis formas de o bloco europeu reforçar o seu apoio a esta instituição regida pelo direito internacional.

O TPI foi criado com base no Estatuto de Roma, que entrou em vigor em 2002, e é uma instituição independente (não integrante das Nações Unidas) para julgar sujeitos individuais pela prática dos mais graves crimes internacionais, como genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

Em novembro passado, o TPI emitiu mandados de prisão contra líderes de Israel e do Hamas, acusando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o então ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, de usarem a fome como método de guerra, perseguição, assassinato e atos desumanos, enquanto os líderes do grupo extremista palestiniano foram responsabilizados por crimes contra a humanidade (alguns dos acusados já foram declarados como mortos).

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