Exportações e importações de bens voltam a cair em junho

Défice da balança comercial atingiu 1.892 milhões de euros em junho de 2024, refletindo uma diminuição de 323 milhões de euros, em termos homólogos.

As exportações e importações de bens voltaram a cair em junho, tendo registado quedas de 3,8% e 6,4%, respetivamente, de acordo com dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O comércio internacional de bens em Portugal voltou assim a arrefecer, seguindo a tendência verificada em maio.

A influenciar o comportamento das exportações face ao mês homólogo estiveram as exportações de material de transporte, com um recuo de 18,5%, influenciado sobretudo pelos automóveis para transporte de passageiros. Em sentido contrário, salienta-se o acréscimo de 8,6% das exportações de fornecimentos industriais, sobretudo medicamentos para os Estados Unidos.

Já nas importações destacou-se a queda de 19,9% dos combustíveis e lubrificantes, devido, essencialmente, ao decréscimo em volume (-42,1%) dos óleos brutos de petróleo e de 11,5% nas máquinas e outros bens de capital, nomeadamente células fotovoltaicas. Descontando os combustíveis, as exportações caíram 4,7% e as importações 4,6%, o que compara com -1,5% e -4,3%, respetivamente, em maio.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Os dados do INE indicam que o défice da balança comercial atingiu 1.892 milhões de euros em junho de 2024, uma diminuição de 323 milhões de euros face a junho de 2023. Excluindo Combustíveis e lubrificantes, o défice recuou 68 milhões, para 1 533 milhões de euros.

Entre os principais países parceiros de Portugal, nas exportações, destacam-se o decréscimo das transações de bens com França (-11,8%), sobretudo máquinas e aparelhos e veículos e outro material de transporte, e o acréscimo nos movimentos com destino aos Estados Unidos (+47,9%), principalmente medicamentos. Nas importações, salientam-se, os decréscimos das transações de bens com o Brasil (-46,8%) e os Estados Unidos (-45,9%), sobretudo de óleos brutos de petróleo em ambos, e com Espanha (-5,4%), maioritariamente de fornecimentos industriais.

No conjunto do ano de 2023, as exportações e as importações de bens diminuíram, respetivamente, 1,4% e 4% em relação ao ano anterior, o que compara com o crescimento de 23,2% e 31,8%, pela mesma ordem, em 2022, tendo o défice da balança comercial atingido 27.808 milhões de euros, uma queda de 3.351 milhões de euros face ao ano anterior, com um aumento de 2,0 p.p. na taxa de cobertura (73,6% em 2023).

(Notícia atualizada pela última vez às 11h52)

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Taxas Euribor descem em todos os prazos

  • Lusa
  • 9 Agosto 2024

Esta sexta-feira, a Euribor caiu para 3,557% a três meses, para 3,437% a seis meses e para 3,176% a 12 meses.

A taxa Euribor desceu esta sexta-feira a três, a seis e a 12 meses, mas ficou acima nos três prazos dos novos mínimos de mais de um ano atingidos na terça-feira. Com estas alterações, a taxa a três meses, que recuou para 3,557%, manteve-se acima da taxa a seis meses (3,437%) e da taxa a 12 meses (3,176%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro, desceu esta sexta-feira para 3,437%, menos 0,051 pontos, depois de ter caído na terça-feira para 3,397%, um novo mínimo desde 12 de abril de 2023, e de ter atingido 4,143% em 18 de outubro, um máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, baixou esta sexta-feira para 3,176%, menos 0,026 pontos, depois de ter recuado na terça-feira para 3,138%, um novo mínimo desde 21 de dezembro de 2022, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses caiu, ao ser fixada em 3,557%, menos 0,020 pontos, depois de ter descido na terça-feira para 3,523%, um novo mínimo desde 15 de junho de 2023, e de, em 19 de outubro, ter subido para 4,002%, um máximo desde novembro de 2008.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a maio apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 37,5% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,8% e 25,2%, respetivamente.

Em 18 de julho, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro diretoras e a presidente da instituição, Christine Lagarde, não esclareceu o que vai acontecer na próxima reunião em 12 de setembro, ao afirmar que tudo depende dos dados que entretanto forem sendo conhecidos. Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado dez aumentos desde 21 de julho de 2022. Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

A média da Euribor em julho voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas mais acentuadamente no prazo mais longo. A média da Euribor em julho baixou 0,040 pontos para 3,685% a três meses (contra 3,725% em junho), 0,071 pontos para 3,644% a seis meses (contra 3,715%) e 0,124 pontos para 3,526% a 12 meses (contra 3,650%).

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Metro de Lisboa recebe primeiras de 42 novas carruagens que custaram 73 milhões

As novas carruagens deverão estar a funcionar no início do próximo ano, sendo que o Metropolitano de Lisboa lançou ainda, em outubro, um concurso para a compra de outras 72 novas carruagens.

O Metropolitano de Lisboa recebeu esta sexta-feira a primeira das 14 unidades triplas, compostas por 42 carruagens, que comprou ao Agrupamento Stadler Rail Valencia, S.A.U./ Siemens Mobility Unipessoal, num investimento de perto de 73 milhões de euros. As novas carruagens deverão estar a funcionar no início do próximo ano.

Segundo avançou a empresa em comunicado, a aquisição destas 42 novas carruagens, no âmbito do Plano de Expansão e Modernização do Metro de Lisboa, representa um investimento de 72,7 milhões de euros e “constitui um avanço significativo no âmbito da inovação e modernização do Metropolitano de Lisboa, com o consequente aumento da qualidade do serviço e da oferta”.

As novas carruagens contam com janelas amplas, painéis de portas e áreas de intercirculação com elevado espaço livre para facilitar a entrada e saída de passageiros, um salão de passageiros concebido para maximizar o espaço disponível, sendo que cada unidade tripla dispõe de 90 lugares sentados, sendo 30 assentos prioritários, e tem espaço para fixar duas cadeiras de rodas.

O Metropolitano de Lisboa informa ainda que além da compra destas 14 unidades triplas, lançou no final de 2023 um outro concurso público internacional para a compra de mais 24 novas unidades triplas (72 carruagens) para reforço da frota existente, face à expansão da rede do Metropolitano de Lisboa. Este investimento conta com a opção de aquisição de mais 12 unidades triplas (36 carruagens), com o preço base de 138 milhões de euros.

“A opção de adquirir mais 12 unidades triplas prende-se com a necessidade de vir a substituir, de forma contínua, o material circulante que se encontra em fim de vida, procurando, desta forma, assegurar-se as condições de flexibilidade e interoperacionalidade de toda a frota”, explica o comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lei que cria o imposto adicional sobre a banca perto de cair

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

Os bancos podem vir a ser ressarcidos pela contribuição paga em 2020, ano em que a lei entrou em vigor. É preciso mais um acórdão favorável do Tribunal Constitucional para que deixe de ser aplicada.

Com a Segurança Social bastante pressionada com os pagamentos do lay-off e de apoios sociais durante a pandemia de Covid-19, o Governo de António Costa decidiu criar um imposto adicional sobre a banca, que ajudaria a financiar a instituição. Agora, passados quase cinco anos em que esta contribuição adicionou 180 milhões de euros aos seus cofres do Estado, o chamado Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário (ASSB) tem os dias contados.

O Tribunal Constitucional (TC) tem dado razão a alguns bancos que lutam na Justiça pelo fim desta lei. Num de três acórdãos dos juízes do Palácio Ratton, lê-se que a cobrança deste adicional em 2020 viola “o princípio da proibição da retroa­tividade dos impostos” — o que significa que, quando for declarada força geral de lei, os bancos podem pedir a devolução do que pagaram nesse ano. Já os outros dois acórdãos consideram todo o adicional como inconstitucio­nal “por violação do princípio da igualdade, na dimensão de proibição do arbítrio, e por violação do princípio da capacidade contributiva, enquanto decorrência do princípio da igualdade tributária”.

Para que a lei seja considerada inconstitucional com força obrigatória geral e deixe de poder ser aplicada, falta apenas mais um acórdão em que o objeto que serve de base ao pedido “seja idêntico” ao dos restantes acórdãos, revela o Expresso. Na prática, o objeto é o mesmo (o ASSB), mas os acórdãos manifestam-se sobre artigos diferentes: três sobre o mesmo, relativo ao que foi pago em 2020, mas apenas dois sobre os artigos específicos que criam o adicional para futuro (o outro acórdão considera inconstitucional o artigo geral da lei). Esta diferença pode levar a uma leitura jurídica de que o objeto não é exatamente o mesmo, pelo que “caberá ao Ministério Público, se decidir espoletar o processo de generalização, defender fundamentadamente que o objeto do juízo de inconstitucionalidade nos três acórdãos é a mesma norma”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Crimes de Sócrates relacionados com casa de Paris prescreveram

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

Crime imputado ao antigo primeiro-ministro por alegado arrendamento fictício de um apartamento em Paris prescreveu este mês. Outros dois crimes aproximam-se da prescrição.

O crime de falsificação de documento imputado a José Sócrates, no âmbito da “Operação Marquês”, devido ao alegado contrato de arrendamento fictício de um apartamento em Paris onde o antigo primeiro-ministro viveu entre setembro de 2012 e julho de 2013, já prescreveu, noticia o Correio da Manhã. O Ministério Público acusava o ex-governante de ser o dono do apartamento, que custou cerca de dois milhões de euros e ficou em nome do amigo, e alegado testa de ferro, Carlos Santos Silva. Agora, Sócrates e também o empresário ficam livres deste crime.

A prescrição deste crime é automática. Para a evitar, Sócrates e Santos Silva teriam de ter sido julgados e condenados até este mês, mas o processo continua no Tribunal da Relação de Lisboa, que invalidou parte da “Operação Marquês”, voltando assim à fase de instrução. A competência para declarar a prescrição cabe ao juiz do processo, seja Ivo Rosa ou outro, o que deverá acontecer em setembro, depois das férias judiciais.

Há ainda outros dois crimes que se aproximam da prescrição, em abril e julho de 2025. Para evitar mais prescrições, teria de haver uma decisão do juiz de instrução e um julgamento realizado em tempo recorde. Em janeiro, as juízas do Tribunal da Relação de Lisboa reverteram parcialmente a decisão instrutória do juiz Ivo Rosa e mandaram Sócrates ser julgado por 22 crimes: três de corrupção, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: imposto da banca, Inapa e urgências

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário, um imposto criado durante a pandemia para os bancos ajudarem ao financiamento da Segurança Social, está quase a cair, após três decisões de inconstitucionalidade pelos juízes do Palácio Ratton, sendo que os bancos podem vir a ser ressarcidos. João Nuno Mendes, então secretário de Estado das Finanças, sugeriu a venda da participação na Inapa à Parpública, em setembro de 2022, mas faltou a ordem do também então ministro Fernando Medina para o efeito. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Tribunal Constitucional deixa imposto adicional sobre os bancos por um fio

O Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário (ASSB) — um imposto criado pelo Governo de António Costa durante a pandemia para os bancos ajudarem ao financiamento da Segurança Social, bastante pressionada com apoios sociais e pagamentos do lay-off — está perto de deixar de poder ser aplicado. Alguns bancos têm lutado na Justiça pelo fim desta contribuição, vendo o Tribunal Constitucional dar-lhes razão em recursos já depois de várias decisões favoráveis à banca em comissão arbitral. Por enquanto, “cai” o que pagaram em 2020, dados os três acórdãos nesse sentido, mas para que a lei — cuja previsão de receita este anos é de 39 milhões de euros — seja considerada inconstitucional com força obrigatória geral e deixe de poder ser aplicada, falta apenas mais um acórdão.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Parpública recebeu sugestão para vender Inapa mas faltou ordem de Medina

Em setembro de 2022, um despacho assinado pelo então secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, afastava a possibilidade de a Parpública conceder suprimentos à Inapa, tal como havia sido noticiado. Porém, no mesmo documento, o governante sugeria à Parpública que avaliasse a possibilidade de vender a participação de cerca de 40% que detém na empresa de distribuição de papel. Faltou a “luz verde” de Fernando Medina, que tutelava o Ministério das Finanças, embora a própria situação da Inapa não facilitasse a sua venda.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Ordem admite mais urgências abertas com menos médicos do que o previsto

O bastonário da Ordem dos Médicos quer rever a forma como são constituídas as equipas nos serviços de urgência de ginecologia-obstetrícia para evitar que hospitais com a mesma dimensão e com atividade idêntica funcionem de forma diferente. “Atualmente, há urgências que fecham com o mesmo número de médicos de outras que continuam abertas. Isto não pode acontecer. A resposta tem de ser mais uniforme no país”, defende Carlos Cortes, que tenciona discutir esta questão com a ministra da Saúde na reunião que tem marcada esta sexta-feira.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionando)

Grandes obras contratadas até junho caem para metade

As obras públicas de grande dimensão (acima de sete milhões de euros) contratadas no primeiro semestre deste ano — em que foram celebrados 32 contratos, segundo o portal Base — totalizaram cerca de 560 milhões de euros, um valor ligeiramente acima do registado no mesmo período de 2023 (551 milhões). Quando comparado com a segunda metade do ano passado (mais de 1,1 mil milhões de euros), o número de grandes empreitadas contratadas representa uma queda para metade. Porém, o valor apurado no segundo semestre de 2023 reflete a contratação de duas das maiores obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Prescrição livra Sócrates dos crimes da casa de Paris

O crime de falsificação de documento de que é acusado José Sócrates no âmbito da “Operação Marquês”, relacionado com a casa de Paris, já prescreveu. Em causa está o alegado contrato de arrendamento fictício do apartamento onde o antigo primeiro-ministro viveu entre setembro de 2012 e julho de 2013. A acusação sustenta que o ex-governante era o dono do apartamento, que custou cerca de dois milhões de euros e ficou em nome do amigo e alegado testa de ferro Carlos Santos Silva. Também o empresário fica livre deste crime, de que era coautor.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

As novas Agendas de Inovação no PT2030

  • Conteúdo Patrocinado
  • 9 Agosto 2024

O PT2030 vai lançar um instrumento de apoio à I&D+I, que seguirá traços das Agendas de Inovação do PRR, apoiando consórcios entre PME, grandes empresas e entidades do sistema científico e tecnológico.

O Portugal 2030 (PT2030), que materializa o Acordo de Parceria estabelecido entre Portugal e a Comissão Europeia para a implementação da política de coesão no país entre 2021-2027, pretende afirmar-se como uma alavanca para um Portugal mais inteligente, investindo na inovação, na digitalização, na competitividade das empresas, nas competências para a especialização inteligente, na transição industrial e no empreendedorismo.

No tocante à inovação e competitividade empresarial, o Regulamento Específico da Área Temática Transição Digital do Portugal 2030 (regulamentado pela Portaria n.º 328-B/2023) avança com um conjunto de instrumentos com forte continuidade com o PT2020 e com o PRR, entre os quais se destaca o sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial”. Este novo sistema de incentivos terá como objetivo o desenvolvimento de atividades desde a investigação até à produção e/ou introdução no mercado de produtos ou processos decorrentes da cooperação entre empresas e entidades não empresariais do sistema de inovação, replicando em grande medida o modelo das Agendas de Inovação do PRR, embora com uma ambição menor e dimensão de investimento inferior.

"O sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial” corresponderá, provavelmente, a um dos instrumentos mais estratégicos do PT2030.”

O sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial” corresponderá, provavelmente, a um dos instrumentos mais estratégicos do PT2030, pela capacidade que incorpora para impulsionar estruturalmente a valorização económica de conhecimento e de tecnologia no país, potenciando a competitividade das nossas indústrias através de uma maior aproximação entre o sistema científico e tecnológico nacional e o tecido empresarial e entre o próprio tecido empresarial, nomeadamente entre PME e grandes empresas.

Um outro aspeto distintivo será a possibilidade de apoio à inovação produtiva pelas grandes empresas, sendo que estes investimentos em inovação produtiva têm de (i) ser complementares às atividades de I&D apoiadas, visando a incorporação dos seus resultados na atividade económica e a sua introdução no mercado ou disponibilização aos potenciais utilizadores, (ii) ter como objetivo a produção de bens de alta ou média-alta intensidade tecnológica ou de serviços intensivos em conhecimento com foco transacionável ou internacionalizável, com elevado nível de incorporação nacional, que permitam completar cadeias de valor e a integração em cadeias de valor globais, (iii) estar inseridos em domínios prioritários de especialização inteligente e (iv) corresponder a um investimento inicial, ou a um investimento inicial a favor de uma nova atividade económica (i.e. criação de um novo estabelecimento ou diversificação da atividade de um estabelecimento existente, aumento da capacidade de um estabelecimento já existente, diversificação da produção de um estabelecimento para produtos não produzidos ou serviços não prestados anteriormente ou alteração fundamental do processo global de produção ou da prestação global dos serviços de um estabelecimento existente).

"Será muito importante aproveitar o momento para capitalizar todas as iniciativas coletivas relevantes que foram colocadas no terreno em Portugal na última década e meia.”

Assumindo a forte seletividade que se pretende imprimir neste processo, será muito importante aproveitar o momento para capitalizar todas as iniciativas coletivas relevantes que foram colocadas no terreno em Portugal na última década e meia (e.g. reconhecimento de clusters, estratégias de especialização inteligente, centros de interface, CoLABs), bem como estimular estrategicamente sinergias e fertilização cruzada entre atividades, setores e domínios tecnológicos.

A dupla transição em curso (digital e climática), a par da penetração crescente da Indústria 4.0 na economia, estão a desestruturar fortemente a forma como as atividades económicas se desenvolvem, alterando os seus fatores-chave de competitividade. A ideia de base subjacente ao novo sistema de incentivos ao “investimento integrado em I&D e inovação empresarial” mostra-se, assim, tremendamente poderosa e oportuna, podendo introduzir um importante elemento de mudança na forma como a política de competitividade é implementada no nosso país, integrando o que frequentemente anda (indevidamente) desintegrado.

"A dupla transição em curso (digital e climática), a par da penetração crescente da Indústria 4.0 na economia, estão a desestruturar fortemente a forma como as atividades económicas se desenvolvem, alterando os seus fatores-chave de competitividade.”

A EY está a acompanhar muito de perto este novo sistema de incentivos, podendo apoiar o ecossistema nacional de inovação na constituição de consórcios completos e na conceção de ideias disruptivas para a preparação de candidaturas ganhadoras ao PT2030.

Francisco Hamilton, Partner EY, Tax Services, e Hermano Rodrigues, Principal EY-Parthenon

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caldea revoluciona o seu programa de espectáculos e workshops no seu 30º aniversário

  • Servimedia
  • 9 Agosto 2024

Caldea comemora o seu 30.º aniversário com um programa de espetáculos e workshops de bem-estar durante o mês de agosto, como atração adicional para a época de verão.

A Gran Laguna será o centro nevrálgico do novo espetáculo que o Caldea estreia esta sexta-feira. Uma proposta que funde dança urbana, dança acrobática e acrobacias aéreas com correias. O grupo de artistas formado por dois acrobatas e cinco bailarinos estreará o novo palco do Gran Laguna e executará uma coreografia ao ritmo de canções emocionantes como “Beautiful Things” de Benson Boone e “Pushin On” de WEI2 e criará figuras impressionantes à volta das luzes e dos jogos de água.

O espetáculo, que pode ser visto até 25 de agosto, terá duas apresentações diárias: às 11h40 e às 21h40. O espetáculo terá uma duração de 12 minutos, divididos em 5 blocos de atuação que combinam as diferentes disciplinas. O espetáculo pode ser visto mediante a aquisição de qualquer tipo de acesso.

Imminent Produccions é a empresa cinematográfica que criou o conceito do novo espetáculo. Com sede em Andorra e Los Angeles, abrange desde o desenvolvimento conceptual à produção audiovisual, tendo participado em filmes, curtas-metragens e documentários nacionais e internacionais. Os bailarinos participam inclusivamente no prestigiado programa America’s Got Talent.

Paralelamente, as “Champagne Sessions” continuarão a ser oferecidas todas as sextas-feiras e sábados, a partir das 19h30, na grande lagoa interior de três níveis, onde os visitantes podem desfrutar de música ao vivo de um saxofonista ou de canto enquanto bebem um cocktail na água.

Como novidade, de 9 a 25 de agosto, haverá um espetáculo especial com um DJ ao vivo e um grupo de bailarinos e acrobatas que executarão uma coreografia na lagoa exterior.

Além disso, o Caldea está a lançar o Mindful Music Experience, um workshop inovador criado expressamente pelo compositor musical David Sitges e pela instrutora Silvia Monné. Tem lugar na água com música ao vivo e a participação ativa dos clientes, para viver uma experiência única no meio aquático. A atividade pode ser desfrutada todas as quintas, sextas, sábados e domingos às 11h, 12h, 16h e 18h.

Há também as tradicionais sessões de mindfulness onde são trabalhados 10 movimentos “mindful” criados pelo mestre Thich Nhat Hanh, combinando alongamentos suaves, posturas conscientes de yoga, técnicas de respiração e técnicas de auto-massagem com pressão de bolas e outros objectos. Neste caso, o workshop realiza-se todas as segundas, terças e quartas-feiras às 11h, 12h, 16h e 18h.

Por fim, o famoso workshop de taças tibetanas também continuará a ser oferecido, proporcionando 45 minutos de quietude absoluta através do som suave das taças tibetanas, que tem um poder curativo e relaxante. Os visitantes podem participar no workshop todos os dias da semana, às 13.00, 17.00, 18.30 e 19.30 horas. Todos os visitantes com Premium Access terão acesso gratuito aos workshops de bem-estar.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 9 de agosto

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

Ao longo desta sexta-feira, 9 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A Iberdrola, a Cox, a Cepsa e o Grupo Térvalis promovem a produção de amoníaco verde a partir do hidrogénio

  • Servimedia
  • 9 Agosto 2024

A procura de amoníaco em 2050 exigirá mais 24 milhões de toneladas para utilizações químicas e mais 44 milhões de toneladas para fertilizantes.

As empresas e instituições já estão a trabalhar em técnicas para a produção renovável e sustentável do amoníaco, de acordo com dados da Comissão para as Transições Energéticas.

É o caso de várias empresas espanholas que estão a investir no desenvolvimento e na produção de amoníaco a partir do hidrogénio verde, que vai desempenhar um papel importante graças às suas novas aplicações no transporte marítimo ou na geração de energia, além de ser um transportador de hidrogénio.

Uma das empresas líderes neste compromisso é a Iberdrola, que obteve recentemente a atribuição de 242 milhões de euros do Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico (MITECO) para um dos projetos que está a desenvolver na sua fábrica de hidrogénio em Puertollano (Ciudad Real).

Esta iniciativa visa a produção de amoníaco e de adubos verdes em Puertollano, em colaboração com a Fertiberia. Além disso, anunciou um projeto de investimento de quase 427 milhões de euros para a produção em grande escala de amoníaco verde em Sines, Portugal. A fábrica ocupará uma área de aproximadamente 21 hectares e terá uma capacidade de produção anual de cerca de 95.000 toneladas de amoníaco verde a partir de eletrolisadores de 137 MW.

Da mesma forma, a Cox, que tem mais de 25 anos de experiência em hidrogénio, desenvolveu um estudo para a produção de amoníaco a partir de hidrogénio verde numa central híbrida com energia solar, eólica, ligação à rede e baterias na África do Sul, uma das regiões do mundo com as melhores condições de sol e vento para o desenvolvimento de energias renováveis.

Uma ferramenta desenvolvida internamente, denominada LHySA, foi utilizada para simular o funcionamento ao longo da vida dos diferentes sistemas que compõem a central híbrida e fornece dados chave de desempenho e eficiência para o dimensionamento e cálculo dos custos de funcionamento da central.

Por outro lado, a Cepsa assinou um acordo para armazenar a sua produção de amoníaco verde nas instalações da Evos em Algeciras, e de metanol verde nas de Roterdão (Holanda), com o objetivo de facilitar o transporte de produtos derivados do hidrogénio verde entre os portos espanhóis e holandeses.

Assim, a empresa continua a promover o Vale do Hidrogénio Verde da Andaluzia através da futura fábrica de metanol verde no porto de Huelva, que terá uma capacidade de produção anual estimada em 300.000 toneladas; e da fábrica de amoníaco verde com uma capacidade de produção anual de até 750.000 toneladas.

Juntamente com eles, o Grupo Térvalis – através da sua filial Fertinagro Biotech -, a Iam Caecius SL e a Energias de Portugal (EDP) vão desenvolver o projeto Ver-Amonia no município de Teruel, em Andorra, para o qual receberam uma subvenção europeia de 53 milhões de euros. Prevê-se que a infraestrutura esteja operacional em 2027 e que produza 15 000 toneladas de amoníaco verde por ano. A instalação será composta por duas fábricas, situadas a poucos quilómetros de distância: uma terá turbinas eólicas e painéis fotovoltaicos (com uma potência total de 35 MW) que gerarão eletricidade para alimentar o processo de eletrólise da outra (25 MW).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Plataforma portuguesa já faz “match” entre 15 mil enfermeiros e turnos

Só entre janeiro e junho, a MyCareForce já possibilitou o preenchimento de 15 mil turnos em unidades de saúde em Portugal. Conta com 17.500 profissionais inscritos, dos quais 15 mil enfermeiros.

De um lado estão os enfermeiros e auxiliares de saúde. Do outro, as unidades de prestação de cuidados de saúde que procuram profissionais para preencherem turnos. A fazer a ponte está, há três anos e meio, a plataforma portuguesa MyCareForce. Em conversa com o ECO, Pedro Cruz Morais, um dos fundadores, adianta que só no primeiro semestre deste ano a plataforma possibilitou o preenchimento de 15 mil turnos. Estão inscritos, neste momento, mais de 17 mil utilizadores, dos quais 15 mil são enfermeiros.

João Hugo Silva (à esquerda) e Pedro Cruz Morais são os líderes e fundadores da MyCareforceDR

“Temos crescido bastante. Éramos dois fundadores em 2021 a levar a empresa para a frente. Ao fim de três anos e meio, temos uma equipa de 30 pessoas, entre Portugal e Brasil. Temos 17.500 utilizadores, dos quais 15 mil são enfermeiros“, avança o responsável da plataforma que “aplica a gig economy [economia de partilha] ao setor da saúde”.

Segundo Pedro Cruz Morais, apesar de a MyCareForce se destacar das agências “mais tradicionais”, por ser tecnologicamente inovadora, engana-se quem acha que só tem profissionais mais jovens. “Temos todas as faixas etárias”, garante o fundador. “Aliás, os primeiros enfermeiros até eram já mais experientes. Acho que isso contribuiu para a validação da plataforma e para crescermos“, sublinha.

E com os tais 17.500 profissionais inscritos e 70 unidades de saúde associadas, a MyCareForce possibilitou, entre janeiro e junho deste ano, o preenchimento de 15 mil turnos, o equivalente a 129 mil horas de trabalho, que se traduzem em 1,7 milhões de euros transacionados, destaca o mesmo.

O primeiro semestre da MyCareForce
15 mil turnos preenchidos
129 mil horas de trabalho
1,7 milhões de euros transacionados

Pedro Cruz Morais acredita que o negócio ainda crescerá mais nos próximos tempos, até porque há cada vez mais unidades de prestação de cuidados (de hospitais públicos e privados a clínicas, passando por laboratórios e residências) a publicar turnos nesta plataforma. “Cada vez publicam mais”, assegura o empreendedor.

Brasil ultrapassa Portugal já em 2025

Ainda que tenha nascido em Portugal, a MyCareForce também já está no Brasil, país onde o potencial de crescimento, prevê Pedro Cruz Morais, é imenso. “A operação no Brasil ainda não ultrapassou a operação em Portugal, mas, pelo potencial que o mercado tem, irá ultrapassar. Ainda não este ano, mas já no início do próximo ano“, projeta o responsável.

Numa entrevista ao ECO na primavera, João Hugo da Silva, também fundador desta plataforma, tinha adiantado que a operação brasileira deveria ultrapassar a portuguesa nos próximos dois anos. As declarações de Pedro Cruz Morais significam, portanto, que tal deverá acontecer mais cedo do que inicialmente previsto.

De resto, a MyCareForce já conta com dez unidades de saúde associadas no Brasil, reconhecendo o referido empreendedor que há sempre desafios ao chegar a um novo mercado, ao “levantar uma operação do zero“. “Mas temos muitas aprendizagens feitas em Portugal e temos agora de construir clientes. Já temos alguma tração“, frisa.

Quanto ao concorrência, tanto no Brasil como em Portugal, Pedro Cruz Morais adianta que a MyCareForce tem de fazer frente às agências tradicionais de outsourcing, mas elege a digitalização e flexibilidade como elementos que põem esta plataforma em vantagem na corrida.

Distinguimo-nos completamente do modo tradicional. Temos tudo digitalizado“, sublinha o fundador, que lembra que, nas demais agências, o processo ainda tende a ser mais moroso e menos ágil.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Empresas entre o aumento de custos e a necessidade de segurar quota de mercado

Com margens de lucro sob pressão, as empresas deverão passar para os clientes o aumento de custos que têm enfrentado. Setores exportadores estão a sacrificar margens para proteger mercado.

Custos mais altos, maior instabilidade e economia a desacelerar. É esta a conjuntura que deverá forçar as empresas a aumentar preços nos próximos meses, para protegerem as suas margens de lucro. Apesar da conjuntura mais difícil que o tecido empresarial enfrenta, nem todos os setores conseguem passar para os clientes o aumento de custos. Setores que dependem de mercados externos estão a ser forçados a sacrificar as suas margens para manter volumes de negócios.

Todos os setores de atividade em Portugal estão a preparar-se para subir novamente os preços de venda ao consumidor nos próximos meses, revela o inquérito de conjuntura de julho, baseado nas respostas de cinco mil empresas, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo estes indicadores, o saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda nos próximos três meses “aumentou significativamente na indústria transformadora, na construção e obras públicas e no comércio e, de forma moderada, nos serviços”.

Perante a instabilidade global, que deve permanecer nos próximos meses (correndo mesmo o risco de se agravar), é muito provável que venha a ocorrer uma transmissão dos expectáveis aumentos de preços no produtor para o consumidor final”, antecipa o presidente do conselho de administração da AEP. “De outro modo, poderá estar em causa a própria sobrevivência de algumas empresas, aquelas com menor capacidade para absorver uma significativa subida de custos sem perda da sua competitividade”, justifica Luís Miguel Ribeiro.

Perante a instabilidade global, que deve permanecer nos próximos meses (correndo mesmo o risco de se agravar), é muito provável que venha a ocorrer uma transmissão dos expectáveis aumentos de preços no produtor para o consumidor final. De outro modo, poderá estar em causa a própria sobrevivência de algumas empresas, aquelas com menor capacidade para absorver uma significativa subida de custos sem perda da sua competitividade.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente do conselho de administração da AEP

A intenção de voltar a agravar preços surge num momento marcado por crescentes riscos geopolíticos e as margens de lucro das empresas não financeiras na Zona Euro atingiram, no 1º trimestre de 2024, valores mínimos dos últimos 15 trimestres, segundo dados do Eurostat. É preciso recuar até ao segundo trimestre de 2020 para encontrar uma margem de lucro mais baixa, realça a Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Segundo a associação, “em Portugal, a trajetória descendente ao longo dos últimos trimestres é semelhante, sendo que a agravar a situação está o facto das margens das empresas não financeiras portuguesas serem significativamente mais baixas face às homólogas dos países da Área Euro“, realça Luís Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da AEP.

“Os custos suportados pelas empresas têm aumentando constantemente, devido aos elevados custos de financiamento, aumentos dos salários bem acima da média dos últimos anos e subida do preço das commodities, destacando-se o preço dos fretes marítimos, que aumentou assinalavelmente em função das tensões geopolíticas no Médio Oriente”, explica o presidente do conselho de administração da AEP.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, causou grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia.

Depois da guerra na Ucrânia, a guerra no Médio Oriente – e a escalada das tensões na região entre Israel e o Irão – tem agravado o sentimento nos mercados e conduzido a novas subidas de preços. “Nos últimos dias, a escalada do conflito no Médio Oriente poderá agravar o aumento dos custos de transportes e logística, por via das alterações das rotas e encarecer as matérias-primas e produtos, tal como aconteceu antes”, refere Luís Miguel Ribeiro.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, causou grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia e forçou vários setores a procurar alternativas, não só de transporte, mas também de fornecimento.

Além dos problemas nos transportes, as empresas estão a ser confrontadas com um abrandamento do ambiente económico. “A atividade económica em Portugal tem vindo a desacelerar, fruto de uma conjuntura desfavorável, sendo que em determinados setores de atividade está mesmo em queda”, nota Luís Miguel Ribeiro”, dando como exemplo a indústria transformadora, “visto que assinala uma diminuição do Valor Acrescentado Bruto há seis trimestres consecutivos, que não teve paralelo noutro ramo de atividade, e deve ser encarado com séria preocupação, até pela relevância da indústria transformadora na economia portuguesa via emprego, exportações, investimento, entre outros fatores, de que é exemplo o elevado potencial na área de um modelo económico mais sustentável.”

“Por tudo isto, é natural que em determinados setores de atividade algumas empresas não tenham margem suficiente para absorver os diversos aumentos dos custos descritos anteriormente, pelo que será necessário repercutir esses custos nos preços ao consumidor final”, acrescenta o mesmo responsável.

O presidente da AEP nota que, “caso as empresas optem por absorver a totalidade dos aumentos dos custos, isso agravará a tendência de queda das margens, o que poderá gerar repercussões no mercado de trabalho, um dos pilares da melhoria da prestação da economia portuguesa nos últimos anos.”

As previsões de crescimento para a economia portuguesa apontam para uma subida do produto interno bruto entre 1,5% e cerca de 2%. A estimativa inscrita no Orçamento do Estado para 2024, e no Programa de Estabilidade, aponta para um crescimento de 1,5%, ficando no entanto abaixo das projeções do Banco de Portugal de 2%. Já a Comissão Europeia vê Portugal a crescer 1,7% este ano, enquanto o FMI projeta um crescimento próximo de 2%.

Estas taxas de crescimento ficam aquém da registada no ano passado. Portugal foi das economias que mais cresceu em 2023 entre 27 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ficando em quinto lugar com uma variação do PIB de 2,3%.

Enquanto a economia dá sinais de enfraquecimento, os preços continuam a descer, mas mantêm-se em níveis próximos de 3% – a taxa de inflação homóloga em junho foi de 2,8% – com os produtos energéticos a continuarem a aumentar.

O setor agrícola – europeu e, particularmente, o português – soube sempre adaptar-se e encontrar caminhos para garantir que nenhum alimento faltasse à mesa dos Estados-membros e que a produção fosse escoada.

Luís Mira

Secretário-Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)

Estando o setor agrícola, como qualquer outro, exposto à conjuntura inflacionista, muitas das vezes o efeito só é sentido bastantes meses após o agravamento da inflação. Por outro lado, e como foi possível confirmar durante os anos de pandemia e o primeiro ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o setor agrícola – europeu e, particularmente, o português – soube sempre adaptar-se e encontrar caminhos para garantir que nenhum alimento faltasse à mesa dos Estados-membros e que a produção fosse escoada. Não será diferente desta vez”, explica Luís Mira, Secretário Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal).

Para o representante dos agricultores, “o importante é que se garanta que os apoios aos agricultores portugueses são pagos a tempo e a horas e que a Política Agrícola Comum é ajustada às necessidades e circunstâncias do setor agrícola nacional.

Quanto às oscilações nos custos de produção, Luís Mira refere que “não só levam mais tempo a repercutir-se nos preços de venda do produtor, como também são influenciados por outros fenómenos mais ou menos imprevisíveis e que impactam a produtividade de determinadas colheitas: é exemplo disso o aumento elevado dos preços do azeite, após a campanha passada, muito impactado pela elevada procura espanhola que se fez sentir na sequência da grande quebra de produção no país vizinho”. “Há ainda que ter em conta que, em muitos casos, estamos a falar de commodities, cujos preços não dependem do produto”, conclui.

Apesar das especificidades que influenciam os preços dos produtos agrícolas, certo é que alterações na base da cadeia de abastecimento irão refletir-se nos preços a que chegam os produtos às prateleiras do supermercado.

Questionada pelo ECO, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição preferiu não fazer comentários sobre possíveis subidas de preços no setor da distribuição, argumentando que as suas respostas “poderiam confundir-se com uma intromissão na política comercial dos seus associados, sobre a qual a APED não pode, nem deve, pronunciar-se ou sugerir qualquer tipo ou forma de orientação. Fazê-lo seria extravasar os limites da sua atuação e dos seus próprios fins enquanto associação representativa de mais de 200 empresas de distribuição.”

Mais custos, preços mais baixos

Apesar do aumento de custos para as empresas ser uma realidade, nem todos os setores veem na subida de preços uma solução. Para setores com maior exposição aos mercados externos, agravar preços para os clientes significa perder competitividade e, provavelmente, volume de negócios.

As empresas [da indústria de mobiliário] gostariam muito (de aumentar preços), mas não têm grande margem. Não é fácil fazer aumentos de preços. No mercado francês há alguma restrição e no mercado alemão”, explica Gualter Morgado, diretor-executivo da APIMA (Associação Portuguesa de Indústrias de Mobiliário e Afins).

De acordo com o responsável, o setor tem “vivido com dificuldades no mercado. Há um esforço na diversificação grande na promoção da internacionalização. Criar alternativas aos mercados em dificuldades.”

Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, alerta para problemas que o setor atravessa.

Com o grosso das suas receitas no exterior, o setor do têxtil e vestuário é outro que não tem margem para subir preços. “A competição internacional está extremamente agressiva”, explica Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, acrescentando que “os preços médios até estão a baixar para competir” com outros players nos mercados.

Segundo Mário Jorge Machado, “a agressividade de preços no mercado internacional é enorme“. Ainda assim, reconhece que as empresas têm enfrentado alguns aumentos de custos, nomeadamente associados a aumentos salariais e energia.

“As empresas estão a sacrificar margens para manter volumes de negócios”, refere o presidente da ATP, notando o momento difícil que o setor atravessar e alertando que poderá haver empresas têxteis e do vestuário “que poderão não aguentar” este “esforço extra para manter quota de mercado”, caso a recuperação económica tarde em chegar.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.