Digi sem acordos de roaming nacional com as operadoras

Apesar de os ter incentivado, a Anacom confirma que ainda não existe nenhum acordo de roaming nacional em Portugal. Digi queixa-se de que ofertas são "caras".

O roaming nacional, que permite aos clientes de uma operadora usarem as redes das empresas concorrentes, foi uma das grandes bandeiras da anterior administração da Anacom para incentivar a partilha de infraestruturas no país. Mas, quase três anos depois de concluído o leilão do 5G, continua a não existir qualquer acordo desse tipo celebrado em Portugal.

“Não existem acordos de roaming nacional em Portugal”, confirmou ao ECO, esta segunda-feira, fonte oficial da autoridade das comunicações — que, nas regras do leilão realizado entre 2020 e 2021, incluiu a obrigação de as operadoras já estabelecidas (Meo, Nos e Vodafone) darem aos chamados “novos entrantes” o acesso a acordos de roaming nacional durante dez anos, prazo que poderá ser estendido se necessário.

O objetivo do regulador, então liderado por João Cadete de Matos, era permitir que empresas como a romena Digi, que comprou licenças 5G e está a preparar a entrada no mercado nacional, pudessem assinar contratos com as concorrentes para acelerar a sua cobertura no país. Porém, “ao que sabemos, a opção da Digi em Portugal tem sido a instalação de infraestrutura própria”, reconhece a Anacom, presidida atualmente por Sandra Maximiano.

Não existem acordos de roaming nacional em Portugal.

Fonte oficial da Anacom

Digi diz que ofertas “são caras”

A empresa, por sua vez, explicou recentemente porque ainda não assinou nenhum acordo de roaming nacional em Portugal: são caros e não compensam.

Durante a apresentação de resultados do primeiro trimestre pelo grupo romeno, Serghei Bulgac, CEO da Digi Communications, explicou aos investidores que, apesar de ter muito interesse em assinar estes acordos com a concorrência, tal não foi possível “devido à falta de ofertas apropriadas recebidas dos operadores existentes”.

“Não existe nenhuma obrigação que nos dê acordos de roaming nacional que possamos usar. Recebemos ofertas para acordos de roaming nacional em Portugal, que são caras e nem nós somos obrigados a aceitá-las, nem os operadores estão obrigados a dá-las. Não existe uma forte obrigação de fornecer acordos funcionais de roaming nacional”, disse o gestor.

“Cabe aos outros operadores, se nos quiserem na sua rede, fornecer uma oferta que funcione. Se não nos querem na sua rede, não nos irão fazer uma oferta”, acrescentou nessa apresentação de resultados aos investidores.

Enquanto era presidente da Anacom, Cadete de Matos foi sempre um firme defensor da partilha de infraestruturas e dos acordos de roaming nacional. Para exemplificar a sua utilidade, queixava-se de que, perto da fronteira, um cliente de uma operadora portuguesa sem cobertura nessa zona é capaz de fazer uma chamada usando a rede de uma operadora espanhola, enquanto deveria poder usar a rede de outra operadora portuguesa presente na região.

Como tal, decidiu incluir no regulamento do leilão a obrigação de as operadoras darem acesso, pelo prazo de dez anos, a acordos de roaming nacional às empresas estreantes no mercado. Em contrapartida, estabeleceu obrigações adicionais de cobertura aos “novo entrantes” que assinarem esses contratos, beneficiando da medida.

Setor já partilha infraestruturas

Apesar da inexistência de acordos de roaming nacional, o setor já partilha infraestruturas. No dia 22 de outubro de 2020, a Nos e a Vodafone assinaram um acordo para “partilha de ativos móveis de abrangência nacional”.

“Nas zonas de menor densidade populacional, tipicamente rurais e no interior do país, a Vodafone e a Nos farão uma utilização comum de infraestruturas de suporte às suas redes móveis (torres, mastros, etc.) e partilharão os seus equipamentos ativos de rádio (antenas, amplificadores e demais equipamentos), sem que haja, porém, partilha de espetro”, explicaram na altura.

Além disso, as duas empresas partilham infraestruturas de fibra ótica desde 2017, tendo expandido esta parceria em janeiro deste ano.

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FC Porto cria empresa para gerir ‘naming’ e bilhética do Dragão

Nascida da cisão da Portocomercial, caberá à recente criada Porto Stadco explorar os negócios em torno do Estádio do Dragão, como o 'naming' e a bilhética. 30% do capital é da Ithaka.

A empresa que vai explorar os negócios do Estádio do Dragão, como os direitos de naming, a bilhética e ‘hospitality’, foi fundada por via de uma operação de cisão simples da Portocomercial a 26 de junho, de acordo com informação obtida pelo ECO. “A nova sociedade adotará o nome de Porto Stadco, S.A. ou outra denominação que venha a ser aprovada pelo registo nacional de pessoas coletivas”, revela o documento a que o ECO teve acesso, notando ainda que esta nova empresa tem um capital social de 100 mil euros representado por 100 mil ações ordinárias, nominativas e tituladas como valor nominal de 1 euro.

Através desta operação, a Portocomercial ficará responsável por apenas duas das três unidades de negócio que detinha até então, deixando a terceira unidade do negócio, que inclui os direitos do naming do estádio a gestão e exploração das áreas VIP do Estádio do Dragão, para a nova empresa.

Desta forma, ficará a cargo da Portocomercial:

  1. Comércio de merchadising oficial do Futebol Clube do Porto através de uma rede de lojas físicas de retalho, bem como por via da loja online oficial do clube e pelo licenciamento de direitos de propriedade industrial;
  2. Exploração da marca Futebol Clube do Porto e dos seus principais suportes publicitários, designadamente pela negociação dos grandes contratos de sponsorização.

Ao cuidado da Porto Stadco ficarão todas as atividades relacionadas com a gestão dos direitos de naming relacionados com a infraestrutura Estádio do Dragão, o museu do clube e tours ou visitas guiadas ao Estádio do Dragão, eventos, concertos e outros espetáculos públicos, catering e fornecimento de alimentos e bebidas, bem como outros patrocínios/sponsorização, e ainda a gestão e exploração das áreas VIP do Estádio do Dragão que incluem o corporate e ofertas inerentes a essa atividade (lugares e espaços, certos direitos a colocação de publicidade em determinados jogos, bilhetes de acesso e viagens com a equipa principal de futebol profissional aquando de deslocações ao estrangeiro para disputa de competições internacionais).

O FC Porto justifica esta operação financeira e, particularmente, a criação e a autonomização da Porto Stadco para “potenciar eventuais parcerias com entidades terceiras” que potenciem essa gestão profissional e orientada, ao mesmo tempo que se autonomiza a um centro de responsabilidade com aferição de resultados individuais.”

A cisão da Portocomercial e a criação da Porto Stadco vem no seguimento de uma acordo estabelecido pela SAD azul e branca com a Ithaka em abril, na altura firmado pela administração de Pinto da Costa, que estabelecia o investimento de 65 milhões de euros desta sociedade de investimento com sede em Espanha no FC Porto. Agora com André Villas-Boas, a SAD do FC Porto está a tentar renegociar os termos do acordo que, para ser rasgado, exige o pagamento de uma indemnização àquela empresa internacional. Mas, até ao momento, não há informação sobre qualquer tipo de desenvolvimento ao acordo fechado pouco antes das eleições que ditaram a derrota do histórico presidente.

Num comunicado enviado à CMVM datado de 18 de abril, a SAD do FC Porto revelava que “a Ithaka terá direito, durante os próximos 25 anos, a 30% dos direitos económicos de uma nova sociedade (a incorporar no Grupo FC Porto), a qual dedicar-se-á a incrementar o potencial comercial do Estádio do Dragão, nomeadamente, nas dimensões referentes ao corporate hospitality, ao sponsorship, à bilhética, aos naming rights do Estádio do Dragão, ao Museu do Futebol Clube do Porto, às visitas ao Estádio do Dragão, à organização de eventos não desportivos e de concertos, bem como de outras receitas, presentes ou futuras, relacionada com o Estádio do Dragão.”

Os documentos consultados pelo ECO revelam ainda que o património da Porto Stadco não terá bens imóveis, “mas os bens em espécie a serem transmitidos pela Portocomercial para a nova empresa serão avaliados e verificados por um revisor oficial por contas sem interesses na Portocomercial.”

A mais recente empresa do clube do dragão tem quase 11 milhões de euros de ativos e um passivo de 10,5 milhões de euros, que se traduz num valor contabilístico de 462 mil euros.

Até à entrada do investimento da Ithaka, a estrutura acionista da Porto Stadco é composta por uma participação e 93,5% da FC Porto SAD, 5% do clube FC Porto e o restante 1,5% do capital é partilhado em tranches iguais pela Porto Estádio, FCP Media e Euroantas.

O ECO questionou o FC Porto SAD sobre esta operação, mas até à hora de publicação do texto não obteve resposta.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 9 Julho 2024

O INE revela o índice de custos de construção de habitação nova e a OCDE divulga o índice de preços no consumidor, referentes a maio. Jerome Powell fala no Congresso sobre política monetária.

O presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed) fala na Comissão Bancária do Senado sobre política monetária. Enquanto o INE revela o índice de custos de construção de habitação nova, a OCDE divulga o Índice de Preços no Consumidor, sendo que ambos os índices são referentes a maio. O Livre reúne-se com o PAN já a pensar nas próximas eleições.

INE revela custos de construção

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar esta terça-feira o índice de custos de construção de habitação nova referente a maio. Em abril, os custos de construção de habitação nova registaram um aumento de 3,4% em termos homólogos, uma aceleração face aos 2,3% observados em março e a maior desde abril do ano passado.

Inflação na OCDE

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga o índice de preços no consumidor relativo a maio. Em abril, a taxa de inflação no conjunto dos 38 países da OCDE fixava-se nos 5,7%. O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, também vai apresentar a sua visão geral sobre mercados de trabalho, empregos e salários.

Montenegro no arranque da Cimeira da Nato

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, participa naquela que é 37.ª Cimeira da Nato e que tem como objetivo celebrar os 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte, constituída em 1949 por doze países, incluindo Portugal. O evento decorre em Washington D.C, nos Estados Unidos da América, e estende-se até 11 de julho.

Jerome Powell testemunha perante o Congresso

O presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, fala na Comissão Bancária do Senado sobre política monetária, declarações que serão ouvidas atentamente pelos investidores, uma vez que as declarações poderão dar pistas que permitam mais clareza sobre a trajetória da política monetária da Fed.

Livre reúne-se com PAN para preparar eleições

O partido Livre reúne-se com o PAN esta terça-feira. O encontro surge a propósito dos pedidos do Livre para se encontrar com outros partidos políticos para analisar o panorama político vigente e pensar nas próximas eleições agendadas (autárquicas de 2025). O Livre também se vai encontrar com o PCP no dia 15 de julho e também deverá reunir com o PS.

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“O setor segurador beneficia de parcerias com sociedades de advogados”

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  • 9 Julho 2024

Leonor Futscher de Deus, diretora da área de seguros da Broseta Abogados Portugal, partilha a sua vasta experiência no direito dos seguros e os desafios enfrentados na sua nova posição.

Recentemente integrada na Broseta Abogados, juntamente com o seu sócio João Espanha, Leonor Futscher de Deus, diretora da área de seguros em Portugal da Broseta Abogados, apresentou, em entrevista ao ECO, algumas questões relacionadas com o direito dos seguros.

Além disso, partilhou a sua vasta experiência nesta temática e quais têm sido os desafios enfrentados desde que assumiu a sua nova posição na Broseta Abogados, sobre a qual destacou o seu crescimento e expansão em Portugal, agora com uma equipa de mais de 30 advogados.

Nesta entrevista, a diretora da área de seguros da Broseta Abogados aborda, ainda, a decisão estratégica de apostar no setor de seguros, detalha o perfil diversificado dos clientes da Broseta e explica como as parcerias com sociedades de advogados podem beneficiar o setor segurador.

A amplitude de serviços oferecidos pela Broseta e a forma como a diversidade da equipa contribui para superar os desafios do mercado também foram mencionados por Leonor Futscher de Deus, que também mencionou a expansão internacional da Broseta e os impactos da Digital Operational Resilience Act (DORA) da União Europeia no setor segurador.

Por que decidiram apostar no setor de seguros dentro da Broseta Abogados?

Foi uma escolha natural. Tanto o João Espanha como eu já trabalhamos há cerca de 20 anos na área da consultoria legal no âmbito do direito dos seguros. A Broseta Abogados, por sua vez, disponibilizava serviços de consultoria na área de compliance, tendo ainda uma forte componente na assessoria e acompanhamento de processos de contencioso na área seguradora.

A junção das várias skills, decorrente da nossa entrada para a sociedade, passou a possibilitar a oferta de uma gama integrada e abrangente de serviços aos nossos clientes do setor segurador, com o apoio de uma equipa ibérica especializada em direito dos seguros.

Leonor Futscher de Deus, diretora da área de seguros em Portugal da Broseta Abogados.
Qual é atualmente o perfil dos vossos clientes no setor segurador?

Prestamos assessoria a clientes de vários quadrantes do setor, sobretudo, empresas. Trabalhamos com seguradores, quer nacionais, quer estrangeiros, nos vários ramos de atividade Vida e Não Vida. Prestamos igualmente assessoria a mediadores de seguro nacionais e estrangeiros.

Fazemos trabalho diversificado, desde suporte jurídico à atividade do dia-a-dia das entidades e apoio em todas as questões regulatórias, passando por operações mais complexas, como a implementação de novos produtos e de novos negócios e a expansão para novos mercados.

Acredita que o próprio setor segurador poderia beneficiar se fizesse parcerias com sociedades de advogados?

Sim, penso que o setor segurador beneficia de parcerias implementadas com sociedades de advogados. No nosso caso, por exemplo, há já muitos anos que trabalhamos no dia-a-dia com vários dos nossos clientes, atuando como uma extensão dos departamentos jurídicos e de compliance destes clientes. Isto permite-nos ter insights muito interessantes e conhecimento de causa na prestação dos serviços.

O facto de as sociedades de advogados trabalharem com vários players do mercado segurador permite-lhes adquirir um know-how altamente especializado, mas, ao mesmo tempo, diversificado, na medida em que, por força do seu trabalho, tomam contacto com as diferentes soluções implementadas pelo setor. Uma coisa é conhecer o texto da lei, outra, diferente, é colocar em prática as exigências legais e regulatórias em função de cada caso concreto e das dinâmicas próprias de cada empresa.

Além dos seguros, a Broseta dispõe, ainda, de mais setores onde atua. Quais os benefícios de ter uma vasta gama de oferta de serviços?

Além da assessoria na área dos seguros nas vertentes que referi acima, a Broseta Abogados presta serviços noutras áreas, nomeadamente, corporate/M&A, fiscal, bancário e financeiro, contencioso e arbitragem, laboral, tecnologia e comunicações, proteção de dados, privacidade e cibersegurança. Dentro destas, a Broseta está também organizada por setores de atividade, como o setor dos seguros, saúde, farmacêutico e biotecnologia, construção e infraestruturas, economia digital, setor financeiro, indústria e setor público.

Isto permite-nos ser uma sociedade full-service. Por exemplo, se uma seguradora vier ter connosco por causa de uma questão regulatória e, entretanto, forem detetados impactos noutras áreas, como proteção de dados ou cibersegurança, ou em qualquer outra vertente empresarial, nomeadamente, questões societárias, laborais ou fiscais, a Broseta Abogados tem a capacidade e está preparada para dar aos seus clientes as respostas que estes precisam.

Termos uma oferta diversificada de serviços permite-nos endereçar as necessidades dos nossos clientes e, assim, prestar-lhes um melhor serviço. Destaco ainda que a Broseta Abogados detém uma empresa do grupo especializada em serviços de compliance. As necessidades das empresas em matéria de compliance aumentaram significativamente nos últimos anos; sobretudo no setor financeiro, mas também noutros setores. Pelo que a incorporação desta valência tem em vista ir também ao encontro das necessidades dos nossos clientes. Num mundo em constante mudança, acreditamos que a capacidade de atender de forma holística e transversal às expectativas dos nossos clientes faz a diferença.

Escritórios da Broseta Abogados.
Como superam os desafios associados a toda essa diversidade?

As nossas equipas são multifacetadas. Além disso, estamos em linha com os nossos colegas dos escritórios localizados noutras jurisdições. Isto permite-nos partilhar ideias e experiências, tendo sempre como objetivo a melhoria da prestação dos nossos serviços aos clientes e a apresentação de soluções que vão ao encontro das suas necessidades e objetivos.

A Broseta Abogados é um escritório ibérico que está em expansão internacional. Quais são os objetivos desta expansão?

A Broseta Abogados tem uma vocação internacional. Num mundo cada vez mais global, consideramos que os nossos clientes precisam de sentir que têm o nosso apoio para expandirem o seu negócio em qualquer parte do mundo.

Atualmente, temos escritórios em Lisboa, Madrid, Valência, Barcelona e Zurique. Temos também uma parceria exclusiva com o escritório FPA Advogados, em Angola, e fazemos parte da Rede Jurídica Ibero-Americana, uma aliança de sociedades de advogados na América Latina com presença em 20 países.

A Broseta Abogados tem em curso um projeto de crescimento para os próximos anos, sendo que o reforço do nosso posicionamento geográfico e a capacitação e crescimento das equipas são dois dos nossos principais objetivos. Recentemente, mudámo-nos para instalações maiores, quer em Lisboa, quer em Madrid. O objetivo é que as equipas continuem a crescer.

A Digital Operational Resilience Act (DORA) da União Europeia trouxe algumas consequências legais para o setor segurador. Pode falar-nos delas?

O Regulamento DORA traz importantes impactos para o setor segurador. Foi concebido para melhorar a resiliência operacional digital na União Europeia e eliminar as assimetrias decorrentes das legislações nacionais dos vários Estados Membros. Abarca não só as empresas de seguros e os grandes mediadores de seguros, mas também uma série de outras entidades financeiras e terceiros prestadores de serviços de TIC (tecnologias de informação e comunicação).

Este Regulamento veio estabelecer uma série de regras sobre segurança dos sistemas de rede e informação, por um lado, e criar mecanismos que permitam às entidades melhor responder e recuperar no caso de perturbações ou ameaças aos seus sistemas, por outro. O objetivo é tornar as entidades do setor financeiro mais resilientes em termos digitais, para que consigam ser mais eficazes a responder em caso de perturbações ou ameaças no domínio das TIC e, assim, evitar que os seus serviços sejam comprometidos.

O Regulamento DORA será aplicável a partir de 17 de Janeiro de 2025 e aplicar-se-á diretamente em todos os Estados Membros a partir desta data. No caso específico do setor segurador, muitas das regras consagradas no Regulamento DORA já resultavam de legislação ou regulamentação em vigor em matéria de serviços de TIC e de subcontratação. Ainda assim, foram acrescentadas várias novas exigências e reforçadas outras já existentes.

Daqui até janeiro de 2025 será um instante. É aconselhável que as entidades sujeitas ao Regulamento DORA comecem por fazer uma gap analysis tendo em vista apurar quais os requisitos que já cumprem e aqueles relativamente aos quais importa atuar. Depois de realizada a gap analysis, recomenda-se a implementação de um plano de ação com definição de prioridades em termos de implementação.

Na Broseta Abogados temos acompanhado alguns processos de implementação do Regulamento DORA, através de uma equipa especializada criada para o efeito, com profissionais com experiência na assessoria de temas relacionados com tecnologias da informação e comunicação, data protection e segurança cyber e digital associados ao setor financeiro. Pelo que estamos por dentro das especificidades e também das dificuldades que o novo enquadramento legal trará para o setor segurador.

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Inteligência Artificial aplicada às PME

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  • 9 Julho 2024

A Inteligência Artificial (IA) é uma tecnologia inovadora que está na ordem do dia. Embora muitas vezes associada a grandes empresas e empresas de tecnologia, a IA tem um importante papel para as PME.

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa distante do futuro para se tornar uma realidade presente, que está a transformar a forma como se vive e se trabalha.

Desde a otimização de processos até à melhoria na tomada de decisões e à personalização do atendimento ao cliente, a IA está a afirmar-se como uma ferramenta essencial para empresas de todas as dimensões. E, prova disso, são os resultados do mais recente relatório sobre PME da Salesforce, que inquiriu 600 profissionais de Tecnologia da Informação (TI) e que deixa claro que as PME estão mais confiantes no potencial da IA generativa do que as grandes empresas.

Entre outros dados revelados pelo estudo, está a conclusão de que, enquanto as PME estão focadas no crescimento através da IA, as grandes empresas estão concentradas na eficiência das operações. Nesse sentido, a análise revela alguns benefícios concretos da aplicação da IA nos respetivos segmentos empresariais:

  • Para as PME: o relatório aponta a melhoria na visão do negócio e insights de operação, assim como o aumento da faturação e melhoria da experiência do cliente.
  • Para as grandes empresas: o estudo destaca a automatização de tarefas de rotina, o aumento da eficiência, a análise da performance, e também a melhoria da experiência do cliente.

Nesse sentido, o investimento em Inteligência Artificial por parte das PME tem vindo a crescer cada vez mais em Portugal e em todo o mundo. Mas como é que esta tecnologia se aplica na rotina das empresas?

  1. Suporte ao cliente e melhor experiência: através da utilização de chatbots para responder a perguntas frequentes e oferecer suporte fora do horário comercial. Com base em dados precisos e em tempo real, as PME podem oferecer experiências de cliente altamente personalizadas e relevantes 24 horas por dia;
  2. Automação de tarefas administrativas: é uma das formas mais imediatas pelas quais as PME podem beneficiar da IA. Através desta ferramenta, as empresas podem conseguir reduzir a carga de trabalho manual, o que permite que os colaboradores se concentrem em tarefas mais estratégicas e estimulantes. Exemplo disso é o facto de os sistemas de IA poderem automatizar processos de faturação e contabilidade;
  3. Análise preditiva: com a IA a fornecer análises avançadas em tempo real, as PME podem tomar decisões mais rápidas e informadas;
  4. Segurança cibernética: implementando sistemas de IA para detetar e responder a ameaças de segurança em tempo real;
  5. Recrutamento: com a aplicação da tecnologia no processo de contratação para agilizar e automatizar diversas fases do recrutamento. Por exemplo, utilizando o poder dos dados para tomar as melhores decisões, podendo auxiliar na procura e triagem de candidatos, bem como na análise de currículos.

A IA em empresas de diversos setores

Além de estar presente em grandes, médias e pequenas empresas, a IA não se aplica apenas em contextos de tecnologia, mas sim aos mais diversos setores, que adotam esta tecnologia.

Dentro das PME, esses exemplos ficam evidentes em setores como o comércio, a saúde, a banca, a educação e os serviços. Essas empresas utilizam IA para análise de dados, automação de processos rotineiros, assistência ao cliente através de chatbots, entre outras aplicações. Alguns exemplos:

  • Comércio: chatbots e assistentes virtuais podem oferecer suporte 24/7 aos clientes, ao mesmo tempo que melhoram a satisfação e fidelidade do cliente. Além disso, lojas de e-commerce implementam sistemas de recomendação baseados em IA para sugerir produtos personalizados aos seus clientes. Há, também, a possibilidade de otimizar stocks com esta ferramenta, prevendo quais os produtos que terão maior saída;
  • Saúde: clínicas médicas usam IA para a análise de imagens médicas, o que auxilia no diagnóstico precoce de doenças. Neste setor, os algoritmos de IA também são usados para melhorar a precisão dos diagnósticos;
  • Banca: pequenas empresas financeiras utilizam algoritmos de IA para avaliar o risco de crédito de forma mais precisa e automatizada;
  • Educação: startups educacionais desenvolvem plataformas de aprendizagem personalizada com o apoio de IA para adaptar o conteúdo às necessidades específicas de cada aluno.

Vantagens competitivas da utilização de IA nas empresas

A adesão da IA justifica-se por diversas variáveis, entre elas as vantagens competitivas que traz às empresas. Há, sobretudo, cinco benefícios a destacar, nomeadamente a inovação, a eficiência, a produtividade, o suporte à criatividade e decisão, e a redução de custos:

  • Inovação: a inovação proporcionada pela utilização de novas tecnologias potencia a transformação digital das empresas e a sua diferenciação. A adoção da IA permite que as empresas inovem os seus produtos e serviços e que criem soluções únicas. Por exemplo, a IA aplicada à área de criação de conteúdos e soluções personalizadas aos clientes permite às empresas revolucionarem a interação junto dos seus clientes e utilizadores, ao mesmo tempo que oferece experiências mais personalizadas, únicas e relevantes, fomentando a fidelização e abrindo novas oportunidades de negócio;
  • Eficiência: através da IA é possível automatizar tarefas rotineiras e repetitivas, minimizando a possibilidade de erros humanos e reduzindo os tempos de implementação. Esta ferramenta também traz a capacidade de processar e analisar grandes quantidades de dados através de algoritmos específicos e suportados em big data. A IA Generativa pode extrair valor real e contextual dos conteúdos armazenados;
  • Produtividade: ajuda a economizar tempo e esforço porque fornece assistência inteligente em tempo real, para análise da performance e em tarefas complexas, como o atendimento ao cliente, a redação de emails, a criação de conteúdo escrito e visual para áreas de vendas e marketing, as traduções e transcrições automáticas, o resumo de conteúdos escritos e verbais, a automação, a análise de dados e muito mais. Ao mesmo tempo, liberta os recursos para tarefas mais estratégicas, processos mais criativos ou que exigem contacto pessoal;
  • Suporte à criatividade e decisão: a IA pode ser uma aliada no desenvolvimento de novas ideias e projetos, já que apoia e estimula as pessoas com informação e sugestões de melhoria;
  • Redução de custos: a automatização de tarefas e a otimização de processos está aliada à redução de custos nas empresas.

Desafios da implementação de IA nas PME

Apesar das várias vantagens associadas ao uso da IA nas empresas, há ainda alguns desafios que devem ser superados na sua implementação. São eles:

  • Custos iniciais: a implementação de soluções de IA pode exigir um orçamento elevado, além dos custos de formação de colaboradores. Tendo em conta que algumas PME têm recursos limitados, estas necessidades podem ser um desafio;
  • Falta de conhecimento técnico: a IA é uma tecnologia complexa que requer conhecimento técnico para ser implementada e gerida de forma eficaz. Muitas PME podem não ter acesso a especialistas em IA, o que dificulta a adoção dessa tecnologia. De acordo com o WORK TREND INDEX DA MICROSOFT, de maio de 2024, apenas 39% dos utilizadores receberam formação em IA no trabalho;
  • Integração com sistemas existentes: a integração de sistemas de IA com sistemas existentes pode ser um desafio, especialmente se a infraestrutura tecnológica da empresa não estiver preparada para suportar a IA;
  • Questões éticas e regulatórias: o desenvolvimento da IA estará sempre dependente de considerações éticas e regulatórias no que toca à sua implementação e consequente desenvolvimento. Existem características fulcrais que os sistemas de IA devem incorporar nos negócios, como a transparência, confiabilidade e a não discriminação. São princípios de conformidade legal e de ética empresarial basilares, com impacto na imagem e credibilidade de cada empresa. Por esse motivo, a utilização de Inteligência Artificial na União Europeia é regulada pela recente Lei da IA, a primeira legislação a nível mundial para esta tecnologia.

Apesar destes desafios, entende-se que a adoção da Inteligência Artificial nas Pequenas e Médias Empresas não é apenas uma tendência, mas uma transformação essencial. O acesso e a progressiva implementação de ferramentas de IA por parte das PME devem começar a ser encarados como algo prioritário, uma vez que é a forma de se manterem competitivas num mercado altamente exigente, volátil e imprevisível como o atual.

Este tema será o mote da segunda MEO Empresas Talks, que se realiza na manhã do dia 17 de julho, nos estúdios do ECO, em Lisboa. Fique a saber mais sobre a aplicabilidade da IA nas empresas, os seus desafios e soluções, nesta talk.

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Metade dos alunos do 9.º ano obteve nota negativa na prova final de Matemática

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

Na prova de Português, em contrapartida, a maioria dos alunos (76%) obteve nota positiva, igual ou acima dos 50%.

Metade dos alunos do 9.º ano de escolaridade que realizaram este ano a prova final de Matemática obteve nota negativa, inferior a 50%, divulgou esta segunda-feira o Júri Nacional de Exames (JNE). Segundo uma nota do JNE, na prova de Português, em contrapartida, a maioria dos alunos (76%) obteve nota positiva, igual ou acima dos 50%.

Ao todo realizaram-se na primeira fase, que decorreu entre 12 e 17 junho, 197.075 provas finais do 3º ciclo do ensino básico, das quais 94.002 a Matemática e 92.142 a Português. A média dos exames de Matemática e Português foi de 51 e 59 pontos, respetivamente, numa escala de 0 a 100.

Face a 2023, a média das provas de Português desceu dois pontos, enquanto a da Matemática subiu oito pontos. O JNE ressalva, no entanto, numa referência ao exame de Matemática, que “o facto de as provas da mesma disciplina não serem comparáveis entre anos letivos não permite concluir que o desempenho dos alunos tenha melhorado”.

Estas estatísticas apenas incluem dados das provas de Português e Matemática efetuadas pela generalidade dos alunos, não englobando os estudantes com necessidades educativas especiais ou que têm o Português como língua não materna. As provas finais do 9.º ano do ensino básico, que em 2024 ainda se realizaram em formato papel, com exceção dos exames de Português Língua Segunda para alunos com surdez severa a profunda, foram feitas em 1.219 escolas em Portugal e no estrangeiro (com currículo português).

Os exames, que têm um peso de 30% na nota final, foram avaliados por 4.874 professores, sendo que cerca de 10 mil docentes estiveram envolvidos na vigilância das provas. O JNE salienta que as provas decorreram “com a normalidade requerida, sem problemas de maior”. A primeira fase é obrigatória para todos os alunos internos que reuniam as condições de admissão.

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Ricardo Valente: Porto avança com literacia financeira nas escolas

  • ECO Seguros
  • 8 Julho 2024

O Vereador da Câmara Municipal anunciou na abertura do Fórum Nacional de Seguros a inclusão de uma disciplina de literacia financeira nas escolas da cidade. Veja a intervenção.

Literacia financeira como disciplina em todas as escolas do município, foi a promessa deixada por Ricardo Valente, Vereador da Câmara Municipal do Porto, durante a sessão da abertura do Fórum Nacional de Seguros 2024, organizada pelo ECOseguros e pela Zest e que teve lugar na Alfândega do Porto.

“Vamos pela primeira vez implementar na cidade um programa municipal de literacia financeira para as crianças da cidade, para que, desde o 1.º ano, tenham uma disciplina que os vai acompanhar desde os 6 aos 18 anos”, afirmou o Vereador, num Fórum em que a literacia financeira foi tema transversal a todos os painéis que se distribuíram por dois dias.

Veja aqui na íntegra a intervenção de Ricardo Valente do FNS2024.

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Autoeuropa aumenta produção para 1.005 carros por dia

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

O aumento da produção diária ocorre, praticamente, em simultâneo com o regime de lay-off a 3.742 dos 4.900 trabalhadores da empresa, num período de oito dias no mês de junho e de 13 dias.

A Autoeuropa está a aumentar os ritmos de trabalho na fábrica de automóveis de Palmela e já contratou mais 36 trabalhadores temporários para atingir uma produção de 1.005 veículos por dia, disse esta segunda-feira à agência Lusa fonte da empresa.

O aumento de produção de 983 para 1.005 veículos por dia, que se verifica desde há cerca de um mês, e que está em período de teste, já suscitou uma reação da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, que, numa comunicação interna, defende um “reforço dos postos de trabalho”.

Tendo em conta o ‘teste’ do aumento de produção para os 1.005 [veículos por dia] que está em curso na área de montagem, alertamos que os impactos nos ritmos de produção das áreas da pintura e carroçarias devem ser considerados com um reforço de postos de trabalho”, sustenta a CT da fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal.

No documento, a que a agência Lusa teve acesso, a CT da Autoeuropa defende também que, caso se mantenha a produção diária de 1.005 veículos, exige que os trabalhadores temporários que, entretanto, reforçaram a área de produção, sejam contratados pela Autoeuropa.

O aumento da produção diária ocorre, praticamente, em simultâneo com a aplicação do regime de lay-off a 3.742 dos 4.900 trabalhadores da empresa, num período de oito dias no mês de junho e de 13 dias no mês de julho, no âmbito de um processo de descarbonização e alterações tecnológicas de infraestruturas, que são necessárias para a produção de novos modelos de automóveis.

Conforme notícia avançada pela agência Lusa, a administração do grupo Volkswagen garantiu à Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa que a fábrica de Palmela “está a ser considerada para receber um carro elétrico”.

Neste momento, a Autoeuropa produz apenas o modelo T-ROC da Volkswagen, que tem sido um dos mais vendidos em toda a Europa. O ano passado a fábrica da Volkswagen/Autoeuropa produziu um total de 220.100 automóveis em 2023, mais 14% do que em 2022.

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“Há uma campanha orquestrada” contra a PGR, diz Lucília Gago

A PGR assume ser da sua "inteira responsabilidade" o parágrafo que levou à demissão de António Costa. E diz que as declarações recentes da ministra da Justiça são "indecifráveis" e "graves".

“Sempre considerei que a discrição é bem melhor do que o espalhafato. Não preciso de popularidade, de estrelato, não tenho o culto da imagem. A minha prioridade é dar o contributo sério e honesto”. As palavras são da titular da investigação criminal que, na sua primeira entrevista desde o início do mandato, em 2018, disse que não se trata de arrogância nem de achar que a Procuradoria-Geral da República (PGR) está acima do escrutínio público.

E justificou, na entrevista à RTP, que não deixou de comunicar, tanto que houve uma duplicação de funcionários da PGR na área da comunicação. Ainda assim admitiu que podia ter dado uma entrevista mais cedo.

Referindo-se ao parágrafo do comunicado relativo à Operação Influencer – que resultou na demissão de António Costa – admite que o parágrafo foi escrito por si e pelo gabinete de imprensa. “Em todas as situações em que os temas são sensíveis, há um acompanhamento muito próximo da minha parte. E esse parágrafo é da minha inteira responsabilidade”, disse Lucília Gago. Sobre a intervenção do Presidente da República no comunicado da PGR, emitido em novembro de 2023, negou qualquer influência de Marcelo Rebelo de Sousa. “Nem uma vírgula”, disse.

"O parágrafo [que levou à demissão de António Costa] é da minha inteira responsabilidade.”

Lucília Gago

Lucília Gago admitiu que escreveu o polémico parágrafo “por razões de transparência”, por que não achou “bem omitir essa referência”. A avaliação de António Costa foi “pessoal” e “política”, diz, e acrescenta que não cabe ao Ministério Público (MP) fazer essa avaliação. “O MP fez o seu trabalho e não tem mais que se preocupar sobre as consequências” para o próprio e para o país. E sublinhou ainda outros exemplos de políticos europeus a “braços” com a justiça – como a própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen – ou dos familiares próximos – como é o caso da mulher do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez – e “não se demitem”.

Ninguém disse que o senhor primeiro-ministro, à data, “fosse suspeito de crimes de tráfico de influências e prevaricação”, frisa. O expediente que chegou à PGR foi encaminhado para o Supremo Tribunal de Justiça e foi uma opção do Supremo, mas com a sua “chancela”, disse. E esse inquérito “não significa que haja indícios fortes de crime e que haja uma acusação”.

Mas dizendo ainda que “poderia haver a prática de indícios como se está a apurar, porque ainda está pendente”. A PGR explicou ainda que “não sabe” nem quer “antecipar se vai haver encerramento do inquérito, a breve trecho, nem qual será o resultado final dessa investigação”.

E alerta: “Não tem de haver um cuidado especial” por o suspeito em causa ser o ex-líder do Executivo. “Não se pode ter dois pesos e duas medidas e dar um tratamento especial a certas pessoas”. E explica que não se “considera responsável pela demissão do ex-primeiro-ministro”.

"[As declarações da ministra da Justiça] foram uma mola impulsionadora.”

Lucília Gago

E esclarece que o estatuto de António Costa “é de testemunha”. Questionada sobre se o processo a Costa pode ser arquivado, responde: Não posso dizer isso”. Diz ainda que, caso este processo não tenha consequências, se recusa a pedir desculpa ao ex-líder socialista. “Não compreendo com toda a sinceridade qual foi a razão de todo o alarido contra a pessoa da PGR e contra a magistratura do MP”. Porque se “deu a entender que existe uma vontade de perseguir políticos e isso é um absurdo”.

Lucília Gago adiantou que não gostaria de comentar as palavras de Marcelo devido ao timing de instauração do inquérito e de buscas e do caso Influencer, que chamou de “maquiavelismo”. Essas frases, disse, “foram ouvidas e causaram perplexidade e surpresa e desconforto. Não só a mim mas a um conjunto de pessoas. Ter de ouvir essas declarações teve um impacto, obviamente”. E admite que não as recebeu com agrado.

Falando de processos mediáticos, considera que faz um acompanhamento com proximidade mas não pode ser totalmente responsável porque são processos complexos, “que não consigo acompanhar com minúcia”.

Quanto à realização de buscas e de fuga de informação em momentos políticos cruciais, a PGR diz que não acredita “que os magistrados escolham datas, no terreno”, antes “pelo contrário”. A líder do MP disse ainda que a imagem da Justiça fica “muito fragilizada”, referindo-se às detenções do caso da Madeira terem estado 15 dias sem medidas de coação. Mas recusando que é o MP que fica mal visto.

Lucília Gago, Procuradora-Geral da RepúblicaLusa

 

Depois da ministra da Justiça ter defendido que era necessário pôr ordem à casa da PGR, Lucília Gago considerou que estas declarações “foram uma mola impulsionadora”. A PGR disse ainda que as palavras de Rita Alarcão Júdice, em entrevista dada ao Observador, eram “indecifráveis” e “graves” e que as ouviu com “incredulidade e perplexidade”.

Acusou ainda a ministra de não lhe ter dito isso na audiência que decorreu entre ambas em março. “Estar a dizer que o MP tem falta de liderança e de falta de capacidade de comunicação. Querendo dizer, nos últimos anos, houve quebra de confiança imputada ao MP e a mim”.

Estas declarações “imputam ao MP a culpa de tudo o que acontece de mau na Justiça”, criticou. “Nunca pensei em demitir-me porque estou perfeitamente consciente de que há uma campanha orquestrada contra mim, na qual também se inscrevem pessoas que tiveram responsabilidades políticas no passado”, referindo-se ao manifesto de 100 individualidades.

No início de julho, Lucília Gago transmitiu ao Parlamento “a disponibilidade para aceitar o convite para a audição que aquela lhe endereçou. Sendo certo que tal audição versará, entre outros temas, sobre o relatório anual de atividades do Ministério Público”. A garantia foi dada depois de o parlamento aprovar o pedido do Bloco de Esquerda (BE) para ouvir a PGR, com abstenção do Chega. O requerimento foi aprovado na primeira comissão por maioria, com os votos a favor do PS, PSD, CDS, IL, PAN e BE. O Livre e PCP não estavam presentes no momento da votação.

No entanto, nessa mesma votação, foi pedido que essa audição de realizasse com caráter “de urgência”, indiciando que a audição se deverá realizar nas próximas semanas, antes da interrupção dos trabalhos parlamentares para férias do verão. O debate do Estado da Nação realiza-se a 17 de julho, o último plenário está marcado para 18 deste mês, o que indica que os trabalhos parlamentares terminem daqui a duas semanas.

"Nunca pensei em demitir-me porque estou perfeitamente consciente de que há uma campanha orquestrada contra mim.”

Lucília Gago

O que dificilmente irá acontecer, já que “a Procuradora-Geral da República informou que o relatório reportado a 2023 se encontra em fase final de elaboração, devendo estar concluído dentro de escassas semanas. Assim, a Procuradora-Geral da República sugeriu que a audição pudesse ocorrer após tal conclusão”, disse em nota enviada ao ECO. O relatório esse que já deveria estar concluído a 31 de maio.

A 24 de junho, o BE entregou um requerimento para prestar “os esclarecimentos que se revelem necessários”. Na iniciativa, subscrita pelo líder Parlamentar do partido, Fabian Figueiredo, e dirigida à presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, os bloquistas lembram que a procuradora-geral da República “termina o seu mandato em outubro deste ano, tendo já manifestado a sua indisponibilidade para continuar no cargo”.

Outra ideia, de acordo com entendimento maioritários dos deputados, é que a audição com Lucília Gago, em princípio, deverá decorrer à porta aberta. Já o requerimento apresentado pela deputada do PAN, Inês de Sousa Real, teve as abstenções do Chega e da Iniciativa Liberal. Inês de Sousa Real falou em sucessivas “violações do segredo de justiça com graves prejuízos para as pessoas envolvidas” e sobre a necessidade de reforço da transparência da ação do Ministério Público.

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Açores e Anacom alertam para necessidade de substituir cabos submarinos interilhas

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

O Governo dos Açores considera "urgentíssimo" assegurar financiamento para o cabo submarino interilhas, que tem de ser assumido pela República.

O Governo dos Açores e a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) alertaram esta segunda-feira para a urgência na substituição dos cabos submarinos interilhas, defendendo que deve ser assegurada a conectividade daquele anel com o sistema nacional.

É muito importante o novo cabo submarino interilhas. É muito urgente que seja feito. Já enviei ao senhor ministro das Infraestruturas uma carta a solicitar a criação de um grupo de trabalho conjunto, com a Anacom, os governos da República e Regional, para darmos início a esse processo”, reiterou o vice-presidente do executivo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM).

O número dois do Governo Regional, que falava aos jornalistas após uma reunião com a presidente da Anacom em Ponta Delgada, considerou “urgentíssimo” assegurar financiamento para o cabo submarino interilhas, que, salientou, tem de ser assumido pela República. Em 9 de maio, o vice-presidente do Governo Regional enviou uma carta ao Governo da República a pedir a “criação urgente” de um grupo de trabalho para analisar “a solução técnica mais adequada” para a substituição dos cabos submarinos interilhas.

Artur Lima disse ainda não ter obtido resposta à missiva, prometendo “fazer mais alguma insistência” e adiantando que “em breve” irá ter uma reunião presencial com o ministro das Infraestruturas. O vice-presidente do Governo dos Açores, que tutela a Ciência, alertou ainda para a importância de o anel interilhas estar conectado com o sistema nacional de cabos submarinos que liga continente, Açores e Madeira (CAM).

Também a presidente da Anacom defendeu que os “dois projetos não podem estar dissociados”, realçando a importância dos cabos para assegurar “comunicações de qualidade” e “fomentar a concorrência” entre operadores. “Não podemos olhar para estes dois projetos de forma isolada. Ganhamos muito mais se olharmos já – e quanto mais rápido melhor – para a construção do interilhas e tentar fazer essa complementaridade que é muito importante”, declarou.

Sandra Maximiano defendeu a necessidade de revisitar o projeto da ligação interilhas para perceber se é “preciso adaptar alguma coisa, nomeadamente o número de pares de fibra ótica”. “Quanto mais cedo melhor. Era um projeto que já devia ter sido pensado na altura em que se pensou o CAM. Não vamos estar a chover sobre o molhado. Agora o que nós queremos é juntar forças e começar a trabalhar nesse projeto”, reforçou.

A presidente da Anacom também esteve reunida com o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, tendo o líder regional destacado o “diálogo profícuo” com a entidade. “Esta reunião reflete o compromisso contínuo de ambas as partes em trabalhar de forma progressiva, aproveitando as oportunidades que se apresentam no desenvolvimento dos Açores”, afirmou Bolieiro, citado em comunicado.

O vice-presidente do executivo açoriano foi ainda questionado sobre o cabo submarino da Google, adiantando que o processo está em andamento e a ser tratado com “discrição”, prometendo um anúncio sobre o assunto “em breve”.

A Google já pediu ao regulador norte-americano uma licença para construir um cabo submarino de fibra ótica de 6.900 quilómetros, que vai amarrar nos Açores e em Sines, afirmando tratar-se da primeira ligação direta entre Estados Unidos e Portugal, segundo um documento que a agência Lusa teve acesso em 4 de julho.

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Sindicatos convocam greve nos aeroportos de Paris a 17 de julho

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

Trabalhadores exigem um “bónus para todos" e querem um plano de contratação “massivo” de 1.000 postos e a garantia de poder gozar folgas durante os Jogos Olímpicos.

Vários sindicatos do gestor dos aeroportos que servem Paris, o grupo ADP, anunciaram esta segunda-feira uma greve no dia 17 de julho, cerca de dez dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos. Os sindicatos que convocaram a greve (CGT, CFDT, FO e Unsa) acusam o diretor executivo da ADP, Augustin de Romanet, de ter dado um incentivo apenas a uma parte dos trabalhadores do grupo, reivindicando agora que seja aplicado a todos.

Os representantes dos trabalhadores defendem que se verificou uma “deterioração das condições de trabalho”, e exigem um “bónus para todos os funcionários”, um plano de contratação “massivo” de 1.000 postos e a garantia de poder gozar folgas durante os Jogos Olímpicos. O grupo ADP emprega 570 mil pessoas em França, concentradas nos aeroportos de Charles de Gaulle-Roissy (403.300), Orly (157.440) e Le Bourget (10.120).

A greve surge pouco antes da realização dos Jogos Olímpicos em Paris, já que o fluxo aumenta consideravelmente neste período, com os trabalhadores a pedir garantias de que os serviços não vão ficar sobrecarregados e de que o esforço será recompensado.

As organizações sindicais já têm vindo a pedir mais meios para organizar o trabalho durante o evento e, numa assembleia geral na sexta-feira, quase 300 funcionários “apoiaram a decisão unânime dos sindicatos de interromper a sua participação em todas as formas de reuniões com a gestão”, disseram os sindicatos. Em reação ao anúncio, a administração sinalizou que “esta greve não deve levar ao cancelamento de voos”.

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Bruxelas cria grupo que vai discutir desafios e oportunidades para setor do vinho

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

O setor enfrenta “desafios significativos” face à quebra no consumo interno, às alterações de consumo e à instabilidade do contexto internacional.

A Comissão Europeia criou um grupo, formado por representantes dos Estados membros, que vai discutir os desafios e oportunidades do setor vitivinícola e apresentar recomendações até ao início de 2025. A primeira reunião está agendada para 11 de setembro.

“Nas últimas duas décadas, o setor vitivinícola da UE [União Europeia] tem tido uma história de sucesso […], com as exportações a triplicarem em valor”, destacou, em comunicado, Bruxelas. Apesar do seu contributo para o Produto Interno Bruto (PIB), este setor enfrenta “desafios significativos” face à quebra no consumo interno, às alterações de consumo e à instabilidade do contexto internacional.

O setor também regista dificuldades de produção e colheitas “cada vez mais imprevisíveis” devido às alterações climáticas, lembrou o executivo comunitário. Segundo Bruxelas, o setor vitivinícola deve assim adaptar-se a estas novas realidades e o enquadramento político deve acompanhar essa transição.

O grupo de trabalho de alto nível será um fórum de debate destas questões, de onde deverão também sair algumas soluções. Até ao início de 2025, este grupo deverá apresentar um conjunto de conclusões e recomendações.

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