Inflação desacelera para 2,4% em fevereiro à boleia dos preços da energia

O índice dos produtos energéticos diminuiu de 2,4% para 1,5% em fevereiro e ajudou a taxa de inflação a desacelerar para 2,4%, menos uma décima face a janeiro.

A taxa de inflação homóloga voltou a desacelerar em fevereiro para os 2,4%, de acordo com a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelada esta sexta-feira. A evolução significa menos 0,1 pontos percentuais face a janeiro. A descida deve-se sobretudo à energia. “A variação do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para 1,5% (2,4% no mês anterior)”, avança o INE.

“A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá diminuído para 2,4% em fevereiro de 2025, taxa inferior em 0,1 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior”, avança o INE.

Já a inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, terá registado uma variação de 2,4%, uma desaceleração de 0,3 pontos percentuais face aos 2,7% do mês anterior.

O INE revela ainda que a variação do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para 1,5%, uma forte desaceleração face aos 2,4% de janeiro.

os produtos alimentares não transformados, em contra corrente, aceleraram para 2,4% face aos 1,8% de janeiro, acrescenta o comunicado do INE.

O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, o indicador que será utilizado para fazer a comparação com os restantes países europeus, cuja estimativa rápida será divulgada segunda-feira, terá registado uma variação homóloga de 2,4%, uma desaceleração face aos 2,7% do mês anterior.

Na variação mensal, o IPC registou uma taxa de variação de -0,13%, que compara com uma taxa de -0,45% em janeiro. Mas se em termos homólogos os produtos energéticos deram um contributo positivo para a desaceleração, em termos mensais o cenário é exatamente o contrário com um agravamento de 0,87% que contrasta com a desaceleração de 0,46% em janeiro.

(Notícia atualizada com mais informação)

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INE revê em ligeira alta crescimento do quarto trimestre para 2,8%

PIB avançou 1,9% em 2024, impulsionado sobretudo pelo consumo. Taxa homóloga da reta final do ano foi revista em uma décima face à estimativa divulgada em janeiro.

A economia portuguesa cresceu 1,9% em 2024, puxada sobretudo pelo consumo, confirmou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). O organismo de estatística reviu, contudo, em ligeira alta a taxa de crescimento homóloga do quarto trimestre para 2,8%, mantendo a estimativa de 1,5% para a variação face ao terceiro trimestre.

Na globalidade de 2024, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou para 1,9%, após a subida de 2,6% em 2023. O INE reviu em 0,1 pp. a estimativa de crescimento de 2023, por incorporação de nova informação. Em termos nominais, o PIB aumentou 6,3% em 2024, atingindo cerca de 285 mil milhões de euros.

O contributo da procura interna foi determinante para a evolução registada, passando de um crescimento de 1,7% em 2023 para 2,5% em 2024, sobretudo resultado do consumo das famílias e, em menor grau, do consumo público.

O consumo privado cresceu 3,2%, em termos reais, mais 1,3 pontos percentuais (pp.) do que no ano anterior, com as despesas das famílias com bens não duradouros e serviços a acelerar fortemente de 1,3% em 2023 para 3,4% em 2024, dos quais 2,3% foram com bens alimentares, enquanto a componente de bens duradouros desacelerou de 7,6% para 1,6% em 2024.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Paralelamente, o consumo público acelerou em termos reais, registando uma taxa de variação de 1,1% (0,6% no ano anterior). Por outro lado, o investimento desacelerou ao aumentar 1,7%, após um crescimento de 2% em 2023.

Por outro lado, a procura externa líquida apresentou um contributo de -0,6 pontos percentuais (pp.) para a variação anual do PIB, após o contributo de 0,9 pp. em 2023, refletindo a desaceleração das exportações e a aceleração das importações.

O crescimento das exportações de bens e serviços desacelerou de 3,8% para 3,4% em 2024 (exportações de bens cresceram 3,8%, enquanto as de serviços desaceleram significativamente, passando de um crescimento de 11,5% para 2,7%), enquanto as importações de bens e serviços aceleraram de 1,8% em 2023 para 4,8%.

Consumo privado compensa redução do investimento na reta final do ano

A economia afinal cresceu 2,8% no quarto trimestre, mais uma décima do que a estimativa divulgada em janeiro e uma taxa superior em 0,9 pp. à verificada no trimestre precedente. Esta evolução deve-se à aceleração da procura interna, uma vez que a aceleração do consumo privado (crescimento de 5% face a 3,8% no trimestre anterior) permitiu compensar a queda de 0,9% do investimento (face a um crescimento de 1,9%). Por seu lado, o consumo público desacelerou ligeiramente para uma variação de 0,9% (1,0% no trimestre precedente).

Por sua vez, o contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi menos negativo, devido a um crescimento de 4,1% das exportações de bens e serviços e de 4,7% das importações de bens e serviços.

Comparando com o trimestre anterior, o PIB avançou 1,5%, após uma taxa de 0,2% no trimestre anterior. O contributo da procura externa líquida para a taxa de variação em cadeia do PIB passou a positivo, tendo as importações de bens e serviços registado uma diminuição no quarto trimestre.

Já o contributo positivo da procura interna para a variação em cadeia do PIB diminuiu para 0,6 pp. devido à redução do investimento, refletindo “sobretudo o contributo negativo da variação de existências associado em grande medida ao comportamento dos fluxos de comércio internacional”.

(Notícia atualizada às 11h51)

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Abreu assessora Panattoni no processo de aquisição de imóveis à Saint-Gobain em Santa Iria de Azóia para projeto Panattoni Park Lisbon-City

A assessoria jurídica realizada pela Abreu Advogados à Panattoni Ibéria iniciou-se em março de 2021 e envolveu todo o trabalho jurídico, desde a due diligence aos ativos imobiliários.

A Abreu Advogados assessorou a Panattoni Ibéria, promotora logística e industrial na Europa, no processo de aquisição de um terreno da antiga fábrica de vidro conhecida como Covina à Saint-Gobain, situado em Santa Iria de Azóia, cujo negócio foi formalizado no início deste ano. Seguir-se-á o processo de licenciamento da construção do projeto Panattoni Park Lisbon-City, com vista à implementação do primeiro parque logístico da empresa na zona da Grande Lisboa.

O parque logístico será desenvolvido em três lotes com uma área total de 212 380 m². Terá cinco armazéns com uma área bruta locável total de 85.485 m² e o seu processo de construção está planeado para ser realizado em duas fases, com a 1ª fase a iniciar em fevereiro de 2025 e a 2ª fase em meados deste ano. A Panattoni prevê também que o processo de construção do projeto irá resultar na criação de 200 novos postos de trabalho.

A assessoria jurídica realizada pela Abreu Advogados à Panattoni Ibéria iniciou-se em março de 2021 e envolveu todo o trabalho jurídico, desde a due diligence aos ativos imobiliários, passando pela negociação e celebração do Contrato Promessa de Compra e Venda e formalização da compra e venda dos três imóveis envolvidos, bem como a negociação de todos os documentos necessários, incluindo pedido de informação prévia junto da Autoridade Tributária.

“Queremos expressar o nosso mais sincero agradecimento à Abreu Advogados pelo aconselhamento integral nesta operação. O seu apoio foi fundamental em todas as fases do processo, desde a Due Diligence até à negociação contratual, o controlo do seu cumprimento e, por fim, no encerramento da escritura. Para nós e para o setor imologístico, o Panattoni Park Lisbon-City representa um marco emblemático, não só pela sua localização estratégica, dimensão e versatilidade, mas também pelo seu impacto na revitalização do tecido industrial local, consolidando-se como uma referência no mercado”, explica Gustavo Cardozo, Managing Director and Partner da Panattoni Iberia.

“O Panattoni Park Lisbon-City representa um marco significativo para o setor logístico e imobiliário em Portugal. Foi um privilégio coordenar esta operação com a equipa da Abreu Advogados e contribuir para o sucesso de um investimento estratégico como este”, refere Pedro Pais de Almeida, sócio da Abreu Advogados.

A equipa da Abreu Advogados que assessorou a Panattoni Ibéria foi coordenada por Pedro Pais de Almeida, sócio, e contou com o apoio de Diogo Belard Correia (Sócio Contratado), Joana Maldonado Reis (Sócia Contratada), Madalena Bernardes Coelho (Sócia Contratada), Ana Luísa Ferreira (Advogada Principal), Guilherme Mata da Silva (Advogado Principal), Filipa Vicente Silva (Associada Sénior) e Manuel Santiago (Associado).

A Panattoni foi fundada em 1986 nos EUA e tem crescido de forma consistente para se tornar o maior promotor industrial privado do mundo, servindo mais de 2.500 clientes e desenvolvendo mais de 54 milhões de metros quadrados em projetos mundialmente.

Tem escritórios na Polónia, Eslováquia, Hungria, Áustria, Portugal, Alemanha, Chéquia, França, Suécia, Itália, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, Dinamarca e Espanha. Desde a sua criação, a empresa desenvolveu projetos na Europa que totalizam mais de 20 milhões de metros quadrados de espaço logístico.

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Grupo IAG aumenta lucros para recorde de 2.732 milhões de euros

Contas anuais confirmam bom momento do grupo de companhias aéreas que está interessado na TAP.

O grupo IAG, dono da British Airways, Iberia ou Aer Lingus, fechou 2024 com um crescimento de 9% das vendas, para 32.100 milhões de euros. Os lucros aumentaram 2,9% para um recorde 2.732 milhões, levando a empresa a anunciar uma remuneração total aos acionistas de 1.435 milhões de euros.

“Estes resultados destacam a qualidade dos nossos negócios e a eficácia da nossa estratégia, sustentada pela execução bem-sucedida do nosso programa de transformação em todo o Grupo. Estamos a alcançar margens e retornos de nível mundial, em linha com os objetivos que definimos para o mercado há pouco mais de um ano”, afirmou Luis Gallego, CEO do grupo IAG, citado em comunicado.

O resultado operacional disparou 22,1% para 4.283 milhões, levando a margem de rentabilidade para os 13,8%. O grupo que está interessado na privatização da TAP reduziu ainda a dívida líquida em 1.728 milhões para 7.517 milhões de euros.

“Estamos particularmente satisfeitos por anunciar que a IAG está a propor um dividendo final que eleva o nosso dividendo total para o ano a 435 milhões de euros e pretende devolver até mais 1.000 milhões de euros de capital excedente aos acionistas num prazo de até 12 meses”, anunciou Luis Gallego.

As ações da IAG saltaram cerca de 5%, com os investidores a reagirem de forma positiva aos resultados e ao novo pacote de remuneração acionista.

Olhando para o resto do ano, o grupo assinala que “mantém-se uma forte procura por parte dos clientes” e espera que os custos (exceto combustível) sejam idênticos a 2024.

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⛽ Carnaval traz descida dos preços dos combustíveis. Diesel desce três cêntimos e gasolina 2,5

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá pagar 1,634 euros por litro de gasóleo simples e 1,737 euros por litro de gasolina simples 95.

Os preços dos combustíveis vão descer na próxima semana. O gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá descer três cêntimos e a a gasolina 2,5 cêntimos, de acordo com os dados publicados pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP).

Quando for abastecer, passar a pagar 1,634 euros por litro de gasóleo simples e passará a pagar 1,737 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), valores próximos dos praticados no início de janeiro. Caso estas descidas se venham a confirmar é necessário recuar a 4 de dezembro de 2023 para encontrar uma decida do gasóleo de 3,1 cêntimos. Mas na gasolina a 28 de outubro do ano passado os preços desceram 3,1 cêntimos face à semana anterior.

Estes valores já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras e a revisão das medidas fiscais temporárias para ajudar a mitigar o aumento dos preços dos combustíveis.

Os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent esta sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. Além disso, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, o gasóleo subiu 0,5 cêntimos e a gasolina desceu 1,1 cêntimos, um desempenho inferior às expectativas do mercado, que apontavam para uma descida de 1,5 cêntimos da gasolina e a manutenção dos preços do diesel.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, está esta sexta-feira a descer 0,9% para os 73,37 dólares por barril e caminha para a primeira descida semanal num mês devido às preocupações com a economia dos Estados Unidos, as tarifas e a perspectiva de paz na Ucrânia. Os investidores temem ainda que a OPEP+ avance com a redução de produção prevista para abril, embora a Reuters tenha avançado que o grupo de produtores de petróleo está hesitante relativamente à medida devido aos movimentos de preços.

Segundo fontes citadas pela Reuters, a OPEP+ está a observar as movimentações da Administração Trump à espera para ver as consequências das negociações de paz com a Rússia, o regresso da pressão máxima sobre as exportações de petróleo do Irão e, mais recentemente, da proibição da Chevron fazer negócios com a Venezuela, o que afetará também as exportações do país.

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IL exige que Montenegro escolha entre cargo ou a empresa. Chega pede demissão do primeiro-ministro

Iniciativa Liberal exige explicações ao primeiro-ministro sobre a avença da Solverde à Spinumviva. Chega pede demissão de Montenegro ou a apresentação de uma moção de confiança.

A Iniciativa Liberal defendeu esta sexta-feira que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem de decidir entre manter-se no cargo ou a empresa familiar, enquanto o Chega pede a demissão do Chefe de Governo. As posições surgem após a notícia de que a Solverde paga uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva, a sociedade da família de Montenegro.

“Chegamos a um momento em que o senhor primeiro-ministro tem de decidir se quer ser primeiro-ministro de Portugal ou se quer ter atividade empresarial. As duas coisas não são acumuláveis”, afirmou o líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha.

Para o liberal, se Montenegro “quer continuar a ser primeiro-ministro” tem de “pedir desculpa aos portugueses” pela “falta de transparência”, explicar “quem são os clientes, que trabalhos concretos foram feitos para esses clientes, quanto é que a empresa recebe e, sobretudo, a partir de 2024 quem é que prestou os serviços a estes clientes”.

“Temos de perceber tudo sobre esta empresa”, indicou, considerando que o primeiro-ministro “tem de desligar-se desta empresa, seja por via direta, seja por via de participações de familiares”. Rui Rocha defendeu que a urgência das explicações faz com que “qualquer sítio seja bom” para as dar.

Por outro lado, o líder do Chega, André Ventura, pediu a demissão do primeiro-ministro. “A menos que o primeiro-ministro esteja confortável em ser o novo José Sócrates da política portuguesa, só há um caminho para Montenegro sair disto com o mínimo de credibilidade e integridade. Deve apresentar hoje a demissão ao Presidente da República ou uma moção de confiança no Parlamento”, escreveu numa mensagem publicada na rede social X.

O Expresso noticia esta sexta-feira uma relação comercial que o primeiro-ministro manteve em segredo quando foi confrontado com a lista de clientes da Spinumviva, de que foi sócio direto até 2022 e que depois vendeu a respetiva quota à mulher (apesar de estar em comunhão de adquiridos). A Solverde explica que a sociedade da família de Montenegro presta serviços relacionados com proteção de dados e compliance através de terceiros.

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Drones da Tekever e viaturas pesadas da Toyota Caetano na ‘lista de compras’ de Macron em Portugal

  • ECO
  • 28 Fevereiro 2025

Além da aquisição de drones à Tekever e de viaturas pesadas para uso militar à Toyota Caetano, setores da metalomecânica, têxteis e alimentar vão oferecer-se como parceiros do setor francês da defesa.

Depois de um primeiro dia a cumprir uma agenda exclusivamente institucional, o segundo e último dia da visita do Presidente francês a Portugal vai ser mais focado nos investimentos entre Portugal e França. De acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago), além de vários acordos bilaterais, Emmanuel Macron vai assinar uma carta de intenções sobre armamento, em que se inclui a aquisição de drones à Tekever, que lidera o mercado europeu dos sistemas aéreos não tripulados.

Embora a empresa liderada por Ricardo Mendes não confirme ainda oficialmente o negócio, a operação será uma contrapartida no âmbito da aquisição de 36 viaturas blindadas de combate por parte do Exército português, cujo protocolo já foi assinado a 26 de outubro na presença do ministro da Defesa, Nuno Melo. Antes da chegada de Macron ao país, um comunicado do Palácio do Eliseu dava conta que seria formalizada “uma intenção e um acordo já anunciado para a aquisição de até 36 Caesar pelos portugueses”, equipamentos produzidos pela KNDS em França.

Outro negócio que está em cima da mesa passa pela compra, por parte dos franceses, de viaturas pesadas para uso pelos militares gauleses, num acordo a ser assinado com a Toyota Caetano. Já em áreas como a economia azul, o ecossistema de inovação, as energias renováveis, as infraestruturas e a mobilidade inteligente estão previstos igualmente protocolos de cooperação entre empresas dos dois países.

Estas parcerias deverão marcar a cimeira de negócios que tem lugar esta manhã no Palácio da Bolsa, no Porto, e que vai ser encerrada por Macron e Montenegro. Ao Jornal Económico (acesso pago), o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, Armindo Monteiro, disse que “os setores da metalomecânica, dos têxteis e alimentar” agregam a “linha da frente” da estratégia nacional, que pretende concluir com a indústria de Defesa francesa uma parceria que as leve a tomar parte na cadeia de fornecimento.

Do lado da metalomecânica, temos grandes capacidades nas áreas dos carros de combate, das peças de substituição e das munições; no que se refere aos têxteis, e com o contributo do CITEVE [Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário], temos fortes valências na área dos têxteis técnicos; e, finalmente, o setor agroalimentar pode ter um grande contributo no segmento das rações de combate“, afirmou Armindo Monteiro.

No seminário económico Portugal-França, que decorre esta sexta-feira no Palácio da Bolsa, Luís Montenegro e Emmanuel Macron vão ainda presidir à assinatura de um acordo que permitirá um investimento de 16 milhões de euros à startup SEAentia, especializada na aquacultura de corvina, para a implementação de uma infraestrutura no porto de Peniche.

Quem integra a comitiva de empresários franceses que acompanha a visita de Macron a Portugal é Ben Smith, CEO da Air France – KLM, reiterando o grupo que está “muito interessado” na privatização da TAP. “Esta é uma oportunidade para reafirmarmos o nosso interesse na empresa e no país. Portugal é um mercado prioritário para a Air France-KLM”, referiu ao ECO fonte oficial da companhia.

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Cidade do Futuro: Quais as necessidades urgentes?

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  • 28 Fevereiro 2025

A conferência Cidade do Futuro, promovida pelo ECO e pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, juntou vários especialistas para discutirem a mobilidade, a sustentabilidade e a inovação urbana.

As cidades do futuro precisarão, inevitavelmente, de uma preparação antecipada por parte de todos os órgãos de poder, que devem tomar decisões conscientes, principalmente junto das forças locais, para tornarem os municípios cada vez mais adaptados para pessoas e às suas necessidades.

Essas necessidades passam por alguns temas que, mais do que tendências, são também urgências para as comunidades, nomeadamente a mobilidade, a sustentabilidade e a inovação urbana. Estes três pontos foram discutidos na conferência Cidade do Futuro, uma iniciativa do ECO em parceria com a Câmara Municipal de Viana do Castelo, que reuniu vários especialistas nestas temáticas.

O peso dos projetos na notoriedade das cidades

De acordo com Luís Nobre, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, antes de resolver qualquer questão, o território deve preocupar-se em ter notoriedade, que advém “de um conjunto de fatores, como a identidade, a sua dinâmica e a amplitude que os seus agentes económicos tem”.

Neste sentido, o presidente apresentou alguns dos projetos em que a autarquia está envolvida, como SUSTMARE, “o centro que temos com um conjunto de empresas na área da energia da economia do mar”, o CorPower, “dedicado à produção de energia através das ondas”, e referiu ainda o projeto NordicEPODT, com um “investimento de mais de 50 milhões e criação de mais 500 postos de trabalho”, bem como o Viana S+T+ARTS, que foi mais detalhado por Marta Monteiro, Chefe de Divisão de Projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Luís Nobre, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo

Este projeto incide sobre o antigo matadouro e o edifício vai absorver um pouco de tudo“, disse Marta Monteiro, referindo-se ao facto de este ser um espaço de cocriação, experiências artísticas, aplicações criativas de tecnologias emergentes, como a realidade virtual e Inteligência Artificial, tratamento de dados, demonstrações científicas, educação para a ciência, tecnologia e arte, exposições, residências para profissionais, incubadora de eco-startups, espaços públicos de interação, entre outros espaços que estimulem a mudança em Viana do Castelo. “Não vamos criar nada do zero, vamos utilizar muita tecnologia que já existe no mercado, mas que não está ainda a ser muito utilizada”, explicou.

Marta Monteiro, Chefe de Divisão de Projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo

A tecnologia é, sem dúvida, um dos pilares das cidades do futuro, mas também da sustentabilidade, de acordo com Hermano Rodrigues, Principal da EY-Parthenon: “A componente de ciência, tecnologia, de investigação, desenvolvimento e de inovação são um vetor fundamental”. Durante o primeiro debate da conferência, dedicado ao tema Cidade Sustentável, o especialista acrescentou ainda que “Portugal está bastante bem posicionado do ponto de vista tecnológico” com redes sofisticadas e competitivas.

“Este avanço para o 5G tem permitido incorporar uma integração muito grande das pessoas com objetos. A sensorização é cada vez mais forte e a sua integração em nuvem, bem como a utilização dos dados para gerar resultados é cada vez maior. Temos também capital humano bastante capacitado nos domínios das tecnologias de informação e comunicação”, acrescentou, lembrando os projetos-pilotos que as empresas de telecomunicações têm desenvolvido, e, numa ótica coletiva, destacou o cluster dedicado às cidades inteligentes.

Cidades sustentáveis precisam de mobilidade verde

Por sua vez, Pedro Diez Gaspar, Future Business Technology Director no CEiiA, destacou a importância de se desenvolver projetos colocando sempre o cidadão “no centro do que se está a desenhar”. Nesse sentido, apresentou o projeto AYR, “destinado a ajudar as cidades a fazer a sua descarbonização através da mobilidade”.

"Há 20 ou 30 anos atrás, praticamente não se falava na necessidade de se fazer ciclovias. Hoje há uma orientação estratégica do governo para que, até ao fim da década, 10% das deslocações sejam feitas de modo ativo e em bicicleta.”

José António Baptista da Costa, CEO da Sextante Motriz

“Quando a União Europeia lançou o Green Day e o New European Bauhaus, este projeto foi escolhido entre outros 2100 projetos apresentados por 27 países. Este foi um dos dez selecionados pela União Europeia, precisamente por trazer este conjunto de coisas: a descarbonização, a sustentabilidade, a inclusão“, contou.

Para José António Baptista da Costa, CEO da Sextante Motriz, “uma das dimensões fundamentais é a mobilidade”: “A mobilidade será cada vez mais multimodal. Hoje, andar a pé nas cidades ganhou um peso que não tinha no passado. Há 20 ou 30 anos atrás, praticamente não se falava na necessidade de se fazer ciclovias. Hoje há uma orientação estratégica do governo para que, até ao fim da década, 10% das deslocações sejam feitas de modo ativo e em bicicleta“.

“Isto leva à necessidade de redesenho das cidades para dar resposta a estas novas exigências. Tem que se melhorar o transporte público, dar possibilidade de as bicicletas andarem nas estradas sem os ciclistas serem atropelados, e os passeios têm que passar a ser confortáveis. O redesenho leva a que, para que isso seja possível, se tire espaço ao automóvel e se aumente fortemente o transporte público, já que é a âncora de todos estes processos“.

A mesma linha de pensamento foi apresentada por Adelino Ribeiro, Comunicação e Formação do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, que deu o seguinte exemplo: “Nós vimos de um passado onde tudo era pensado do eixo da via para a fachada. Ou seja, priorizava-se o espaço para os veículos passarem e o que sobrasse é que ficava para as pessoas (passeios). Se não sobrasse nada, acontecia o que se vê nas nacionais, ou seja, não têm passeios”.

"Nós vimos de um passado onde tudo era pensado do eixo da via para a fachada. Ou seja, priorizava-se o espaço para os veículos passarem e o que sobrasse é que ficava para as pessoas (passeios). Se não sobrasse nada, acontecia o que se vê nas nacionais, ou seja, não têm passeios.”

Adelino Ribeiro, Comunicação e Formação do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade

“Agora estamos numa versão contrária, que passa por olhar da fachada para o eixo da via, isto é, pensar nos projetos para pessoas e só depois no automóvel. Por exemplo, em Pontevedra há uma estrada muito estreita, na qual o carro vai a 30km/h porque não pode andar a mais velocidade. Ninguém buzina porque sabem que não se pode andar a mais e, se se atravessar um miúdo, a verdade é que o carro consegue travar. Então a conclusão é que esta é uma solução que funciona porque a cidade é das pessoas”, afirmou.

Descarbonização de frotas e aposta no transporte público pode ser solução?

Ainda no segundo painel de debate, também Hélder Rodrigues, Coordenador na Direção de Sustentabilidade e Mobilidade na ADENE (Agência para a Energia), alertou para a urgência de tornar as “cidades mais cicláveis, mais amigas da mobilidade leve”, mas lembrou que a realidade é bem diferente: “Sabemos, até pelos Censos, que cada vez andamos mais de carro. Felizmente, o desenho das cidades começa a descolar um bocadinho disto, mas a má notícia é que as políticas de mobilidade, normalmente, demoram muitos anos”.

Por essa razão, o especialista da ADENE reforçou a necessidade de haver “políticas de incentivo à procura dos transportes públicos e de descarbonização de frotas”: “É neste contexto que surge esta iniciativa do Move+, que começou muito focado nas frotas de ligeiros, frotas de mercadorias e que chegou, no ano passado, às frotas de pesados de passageiros, onde tentamos perceber qual é o desempenho energético daquelas frotas e perceber o que é que se pode melhorar, quer ao nível da tecnologia, seja da frota em si”.

"O hidrogénio assenta aqui numa maior flexibilidade por parte dos operadores e utilizadores, já que esta tecnologia consiste num pequeno pack de baterias que gere a energia e faz a transformação do hidrogénio em eletricidade, posteriormente armazenada em pequenas baterias.”

Nuno Lago de Carvalho, CCO da CaetanoBus

Além desta iniciativa, foi também apresentada a solução do metroBus, equipada com a mais recente geração da tecnologia de pilha de combustível a hidrogénio da Toyota, desenvolvida pela CaetanoBus, e explicada por Nuno Lago de Carvalho, CCO da empresa. “Criamos uma diferenciação do produto, baseada na estratégia de descarbonização e em várias tecnologias. O hidrogénio assenta aqui numa maior flexibilidade por parte dos operadores e utilizadores, já que esta tecnologia consiste num pequeno pack de baterias que gere a energia e faz a transformação do hidrogénio em eletricidade, posteriormente armazenada em pequenas baterias“, esclareceu.

Este projeto poderá ser uma solução para aumentar a frota de transportes coletivos, sem impacto ambiental, ao mesmo tempo que se atrai mais pessoas para escolherem esta opção de mobilidade, ao invés de veículo próprio. Quem o diz é Álvaro Oliveira Costa, Professor da FEUP, que considera que “autocarros cheios” não incentivam a população a escolher esta opção.

“Há ruturas no sistema de transporte público que são gravíssimas. É preciso perceber que interessa haver procura, mas interessa haver mais oferta do que procura. Um autocarro vazio cria valor porque as pessoas sabem que têm uma opção. Já um autocarro cheio não cria valor, a não ser para quem já lá está”, disse.

"É preciso perceber que interessa haver procura, mas interessa haver mais oferta do que procura. Um autocarro vazio cria valor porque as pessoas sabem que têm uma opção. Já um autocarro cheio não cria valor, a não ser para quem já lá está.”

Álvaro Oliveira Costa, Professor da FEUP

A aposta numa mobilidade verde e coletiva também foi mencionada por Cristina Pinto Dias, Secretária de Estado da Mobilidade, que encerrou a sessão dizendo que é preciso ter “uma mobilidade com mais pessoas a andar a pé, de transporte público, de bicicleta, com intermodalidade” e ainda partilhou os três pilares em que centra a estratégia do governo para a mobilidade.

Cristina Pinto Dias, Secretária de Estado da Mobilidade

“Primeiro, acelerar a transição para modos de transporte mais sustentáveis, promovendo políticas tarifárias equitativas, justas e atrativas e aumentando a cobertura e acessibilidade das redes de transporte. Segundo, reforçar a competitividade e a inovação na mobilidade, promovendo medidas que apoiem a conectividade e multimodalidade da oferta. E, terceiro, reforçar a capacitação das entidades da mobilidade em Portugal a reestruturação de modelos de negócio, fortalecendo o setor para garantir eficiência, resiliência e resposta às necessidades vossas, das nossas pessoas presentes e futuras”, concluiu.

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Portugal “tem de estar a reciclar 65% das embalagens” até ao final do ano

  • Conteúdo Patrocinado
  • 28 Fevereiro 2025

A segunda edição do ECO Cidade aconteceu em Matosinhos e reuniu vários especialistas para debaterem sobre sustentabilidade, reciclagem e os desafios das cidades no futuro.

As metas ambiciosas de gestão de resíduos obrigam a que haja um planeamento para que se cumpram e uma orientação para que os cidadãos saibam como contribuir para este objetivo. Temas como o financiamento, os incentivos para os consumidores e o envolvimento dos municípios neste processo foram discutidos na segunda edição do ECO Cidade, que decorreu em Matosinhos.

“Os municípios, pela proximidade às pessoas, são a força motriz para melhorar o serviço prestado aos cidadãos e são fundamentais para implementar sistemas de incentivos para a população fazer reciclagem”, começou por dizer Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde.

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde

A CEO alertou, ainda, para o facto de o país, “até ao final deste ano, ter de estar a reciclar 65% das embalagens”, mas estar “muito aquém” dessa meta: “Em Portugal, nós estamos a aterrar 35 milhões de euros em embalagens que não vão para processos de reciclagem. Isso impede a criação de valor económico, deixa uma forte pegada ambiental, e impede que o país avance na economia circular”.

O encontro de várias especialistas nesta segunda edição foi, por isso, parabenizado por Carlos Mouta, Vice-Presidente da Câmara de Matosinhos, que considera que o “objetivo comum” desta reunião “é construir um futuro mais sustentável para as nossas cidades”. “Vemos um momento de grandes desafios, mas o que nos junta hoje impõe delinear um conjunto de estratégias para melhorar”, disse.

Valores de contrapartida inalterados estagnam avanços

Este encontro resultou num debate, que contou com a presença de Ana Isabel Trigo Morais; Maria Manuela de Carvalho Álvares, Vereadora da Câmara Municipal de Matosinhos; Fernando Leite, CEO da LIPOR; Luísa Magalhães, Diretora Executiva da SmartWaste; e Miguel Pinto, Vice-Presidente da Associação Empresarial de Portugal.

“O desafio perante as metas e perante os problemas dos aterros é implementar um sistema nacional de recolha de biorresíduos”, começou por dizer Ana Isabel Trigo Morais, que também afirmou, no entanto, que os estudos feitos para projetar preços para 2024 e 2025 “não eram os melhores”.

A CEO da Sociedade Ponto Verde acrescentou ainda que “o processo a que se assistiu para definir o preço dos serviços foi pouco rigoroso e estruturado, com poucos dados, e que não dá segurança para se fazer um game changer. Nesse sentido, tocou também no problema da inalteração dos valores de contrapartida: “a não alteração dos preços de contrapartida não estava a equilibrar a equação porque não era possível manter os preços estabilizados”.

Quando há um serviço que é prestado ao longo de muitos anos e, durante esse tempo, assistimos a uma conjuntura que todos os anos se altera, mas, mesmo assim, há um preço que fica fixado durante cerca de sete anos, alguma coisa está mal. Por causa dos acordos que temos com a União Europeia, foi sempre exigido aos sistemas que fossem crescendo no setor das embalagens e fomos aprendendo que os modelos de recolha poderiam ser melhorados se os fizéssemos porta a porta. Mas estas recolhas têm custos mais elevados“, disse, por sua vez, Fernando Leite, CEO da LIPOR.

O responsável pela LIPOR alertou ainda para a percentagem de 25% de material que lhes chega sem condições para ser reaproveitado e reforçou, por isso, a necessidade de os materiais recolhidos pela Sociedade Ponto Verde serem melhor triados: “Sendo rejeitado [o material], tem custos para o sistema. Por isso, é importante a chamada de atenção ao governo para que percebam que estes sistemas só têm duas fontes de receita – as tarifas que os municípios cobram e os valores de contrapartida que a Sociedade Ponto Verde dá“, explicou.

“Para conseguirmos compatibilizar com as metas, temos de ter investimento. Por isso, também achamos que fazia sentido haver uma atualização nos valores de contrapartida. Eles acabam por ser uma gota de água quando comparado àquilo que precisamos“, corroborou Maria Manuela de Carvalho Álvares, Vereadora da Câmara Municipal de Matosinhos.

Relativamente à recolha porta a porta, a vereadora expôs outro problema, desta vez relativo aos contratos que os municípios têm, que, no caso de Matosinhos, ainda tem três anos para terminar, “e não tinha previsto tudo o que o PERSU pede”. “Não estava previsto o porta a porta e os biorresíduos, por isso, ou fazemos um declínio do contrato ou não conseguimos trabalhar para essas metas”, afirmou.

O peso das empresas na transição climática

Para que as metas sejam alcançadas, há intervenientes que têm um peso considerável neste processo, nomeadamente as empresas. No entanto, Miguel Pinto, Vice-Presidente da Associação Empresarial de Portugal, explicou que, apesar de reconhecerem que as metas de transição climática e sustentabilidade são fulcrais para um futuro coletivo, esse processo é “difícil” para uma PME.

“A transição climática tem de ser feita com os parceiros empresariais. Para as grandes empresas, que têm recursos e conhecimento para fazer este caminho, é mais fácil. Mas quando falamos de PME, tem de haver alguns incentivos do Estado e de fundos europeus. Muitas vezes, por falta de conhecimento ou de incentivos, as empresas têm dificuldade em avançar”, afirmou.

Conferência ECO Cidade – Matosinhos

Por essa razão, Luísa Magalhães, Diretora Executiva da SmartWaste, defendeu a colaboração entre todos para se conseguir chegar aos objetivos: “Só sentando à mesa todos os membros da cadeia de valor é que se pode implementar a mudança. No que toca a gestão de resíduos, uma parte fundamental é a educação e a sensibilização. Na SmartWaste tentamos juntar os diferentes elos da cadeia e depois ver qual a melhor forma de promover essa eficiência”.

Além disso, reforçou a importância do financiamento, que poderá ser reforçado com o sistema Pay As You Throw, mas também da tecnologia, para melhorar esta transição. “A digitalização é um ponto fundamental. Tendo uma melhoria na recolha de dados, podemos ver para onde caminhamos e, focando no setor da gestão de resíduos, podemos falar da sensorização nos contentores e dos mercados digitais em termos de reutilização”, disse.

No encerramento da sessão, Emídio Sousa, Secretário de Estado do Ambiente, também destacou a reutilização como essencial para haver menos resíduos em aterro. “Quando um produto termina o seu ciclo de vida, ele não deve ir para aterro, ele deve ser decomposto. Todos os materiais que o compõem estão lá e nós temos de tirar esses materiais para uma nova vida. Devemos pensar que temos ali matéria-prima e valor. É este o futuro dos resíduos, é uma nova área de negócios que temos de aprender a otimizar”, concluiu.

Emídio Sousa, Secretário de Estado do Ambiente

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O império do jogo que paga 4.500 euros a empresa familiar do primeiro-ministro

A relação entre a Solverde e a empresa familiar de Luís Montenegro é marcada pela aproximação da renovação das concessões dos casinos de Espinho e do Algarve, ativos do grupo.

Com um volume de negócios que ultrapassou os 146 milhões de euros em 2023, mais 7,1% face ao ano anterior, e um crescimento de 11,6% dos lucros para 14,59 milhões de euros, o grupo Solverde confirma-se como um dos gigantes do setor do jogo e da hotelaria em Portugal.

Este grupo económico, que detém cinco casinos e quatro hotéis em Portugal, é também um dos clientes da Spinumviva, a empresa familiar do primeiro-ministro Luís Montenegro.

Segundo revela o Expresso esta sexta-feira, a Solverde paga mensalmente 4.500 euros à Spinumviva por “serviços especializados de compliance e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”.

Esta ligação comercial ganha contornos particularmente sensíveis num momento em que se aproxima o final das concessões dos casinos de Espinho e do Algarve (ativos da Solverde), previsto para o final de 2025, cuja decisão sobre renovação caberá ao governo liderado por Montenegro — precisamente o homem que entre 2018 e 2022 representou o grupo nas negociações anteriores com o Estado.

Um negócio de casinos e hotéis detido pela família Violas

A Solverde foi fundada a 12 de abril de 1972 por Manuel de Oliveira Violas, tendo-se consolidado como um dos principais grupos empresariais portugueses no setor do jogo e hotelaria, que é comprovado por um crescimento de 7,4% do EBITDA ajustado em 2023 (últimas contas conhecidas) para mais de 33 milhões de euros e rácio de autonomia financeira de 73,25% (um aumento de 6,34 pontos percentuais face a 2022).

Contudo, o risco de delinquency (atrasos em pagamentos) é classificado como “elevado” pela Informa D&B, refletindo litígios trabalhistas por via de 31 ações judiciais ao longo dos últimos cinco anos.

Com sede em Espinho, o grupo detém a concessão de cinco casinos estrategicamente localizados em território nacional: Espinho, Vilamoura, Monte Gordo, Praia da Rocha (Algarve Casino) e Chaves. Em 2017, antecipando tendências de mercado, a Solverde expandiu a sua operação para o mundo digital com o lançamento do seu casino online — um investimento que rondou os 2 milhões de euros e criou cerca de 40 postos de trabalho em Espinho. Este empreendimento digital tornar-se-ia conhecido como “o sexto casino da Solverde”.

Luís Montenegro admitiu ser amigo pessoal dos acionistas do grupo Solverde, os irmãos Manuel e Rita Violas, e prometeu impor a si próprio uma “inibição total de intervir em qualquer decisão” relacionada com a Solverde.

Complementando a operação de jogo, a empresa explora quatro unidades hoteleiras: Hotel Casino Chaves, Hotel Apartamentos Solverde em Espinho, Hotel Solverde em Vila Nova de Gaia, e Hotel Algarve Casino na Praia da Rocha.

A trajetória financeira do grupo Solverde tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia. Em 2022, o grupo atingiu um volume de negócios de 136,6 milhões de euros, representando um aumento de 60% face a 2021, e superando em 14% os resultados de 2019, último ano pré-pandemia. Este crescimento foi impulsionado principalmente pelo desempenho do casino online, que faturou 48 milhões de euros em 2022 (um crescimento de 288% comparado com 2019), segundo o relatório e contas de 2022 do grupo

O grupo Solverde é detida integralmente pela Violas SGPS, a holding familiar controlada em partes iguais pelos irmãos Manuel Soares de Oliveira Violas e Rita Celeste Soares Violas e Sá. Esta holding estende as suas ramificações para além do setor do jogo e da hotelaria, mantendo participações maioritárias em oito empresas, incluindo a Cotesi (têxteis), o Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP) e a Viacer, que por sua vez controla 56% do grupo Super Bock. A Violas SGPS ainda detém participações minoritárias em sete empresas, entre as quais a Companhia de Seguros Caravela e as empresas brasileiras Aquiraz e Agesco.

Além dos indicadores financeiros, o grupo Solverde e a família Violas têm estado sob escrutínio público por outras razões. Em 2021, Manuel Violas, presidente do grupo, foi identificado nos “Pandora Papers” como proprietário da Marplex Enterprises Limited, uma empresa offshore criada em 2010 nas Ilhas Virgens Britânicas. Quando questionado sobre o propósito desta sociedade, o empresário declinou esclarecimentos.

Como o Expresso noticiou esta sexta-feira, a Solverde tem uma relação comercial com a Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro, desde julho de 2021. Este contrato, inicialmente de 2.500 euros mensais, foi renovado e aumentado para 4.500 euros em 2022, quando Montenegro assumiu a liderança do PSD e transferiu a sua participação na empresa para a esposa e filhos.

Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022, representando a empresa nas negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação dos contratos de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve até 2025. Estas concessões terminam no final deste ano, momento em que o Governo, agora liderado por Luís Montenegro, terá de decidir sobre o futuro dessas licenças.

No debate da moção de censura apresentada pelo Chega, Luís Montenegro admitiu ser amigo pessoal dos acionistas da empresa, os irmãos Manuel e Rita Violas, e prometeu impor a si próprio uma “inibição total de intervir em qualquer decisão” relacionada com a Solverde ou outras empresas com que “estiver ligado por relações familiares, de amizade ou razões profissionais”. No entanto, até ao momento, não houve qualquer pedido formal de escusa por parte do primeiro-ministro sobre qualquer matéria.

O grupo Solverde consolidou-se como um dos principais operadores no setor do jogo e hotelaria em Portugal. Contudo, as relações comerciais e pessoais com o atual primeiro-ministro, levantam questões sensíveis sobre transparência e potenciais conflitos de interesse no horizonte das decisões governamentais sobre as concessões de jogo que expiram no final de 2025.

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Xiaomi reduz em 35% preço de elétrico de luxo para competir com Tesla e Porsche

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2025

Corte no preço para 529 mil yuan (69.530 euros) provocou uma reação imediata no mercado, com mais de 6.900 encomendas nos primeiros dez minutos.

A Xiaomi anunciou esta sexta-feira uma redução de 35% no preço do elétrico de luxo SU7 Ultra, para reforçar a competitividade face à Tesla e à Porsche no mercado de gama alta.

O anúncio do corte no preço para 529 mil yuan (69.530 euros) provocou uma reação imediata no mercado, com mais de 6.900 encomendas nos primeiros dez minutos, informou a empresa nas redes sociais.

“A nossa missão é permitir que mais pessoas que nos seguem possam comprar carros de luxo”, disse o fundador da Xiaomi, Lei Jun.

A estratégia visa atrair clientes de marcas como a BMW, Audi e Mercedes-Benz, ao mesmo tempo que reforça a posição da Xiaomi no segmento de luxo, disse o fundador da tecnológica chinesa no evento de lançamento do telemóvel Mi 15 Ultra, em Pequim.

Em 2024, a versão padrão do SU7 já tinha ultrapassado o Tesla Model 3 na China, enquanto o SU7 Ultra, antes do desconto, estava na mesma faixa de preço que o Tesla Model S Plaid.

Em outubro, a Xiaomi afirmou que o seu modelo superava o Porsche Taycan Turbo em termos de aceleração e velocidade máxima.

Entre as atualizações, o SU7 Ultra oferece materiais considerados de luxo, melhores assentos e um sistema de áudio de alta qualidade.

A Xiaomi também está a manter uma edição limitada do modelo ao preço original de 814.900 yuan (108 mil euros), embora sem revelar as especificações exatas.

Lei Jun sublinhou que os compradores que fizerem encomendas do SU7 Ultra antes do final de março receberão benefícios adicionais, como o acesso vitalício gratuito ao sistema de condução inteligente Xiaomi HAD, que custa 26 mil yuan (3.411 euros).

Lei referiu-se ainda à concorrência com a Tesla, notando que a empresa exige um pagamento adicional de mais de 60 mil yuan (7.873 euros) pela recente atualização do sistema de condução automática assistida Autopilot na China.

Algo que gerou críticas entre os condutores de veículos Tesla no gigante asiático pela falta de funcionalidades prometidas pelo fundador, Elon Musk.

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SEAentia levanta 16 milhões para aquacultura de corvina em Peniche

Reforçar equipa, de seis para 28, e avançar para a construção de uma aquacultura no Porto de Peniche, com capacidade de produção de 700 toneladas ano, estão entre os objetivos desta injeção de capital

A SEAentia, empresa, especializada em aquacultura de corvina utilizando Sistemas de Aquacultura em Recirculação (RAS) situados em terra, levantou 16 milhões de euros para reforçar equipa e avançar para a construção de uma aquacultura no Porto de Peniche, com capacidade de produção de 700 toneladas ano.

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e o presidente francês, Emmanuel Macron, vão esta sexta-feira presidir à assinatura deste acordo de investimento, durante o seminário económico Portugal-França, que decorre no Palácio da Bolsa, no Porto.

“A SEAentia tem sete anos de vida, tendo dedicado esse tempo a I&D para aperfeiçoamento dos protocolos e procedimentos de produção de corvina em RAS, visto ser a primeira empresa à escala mundial a fazê-lo”, diz João Rito. “Atualmente, já temos dados e experiência para avançar com a implementação de um projeto com escala comercial, ou seja, que produzirá corvinas de alta qualidade e de forma sustentável para fornecer os mercados”, começa por referir João Rito, presidente da SEAentia, ao ECO.

Esta injeção de capital irá permitir a “construção de uma unidade totalmente nova com a tecnologia mais avançada de produção RAS, que será construída no porto de pesca de Peniche. Um edifício com 8.750 m2 e capacidade de produção de 700 toneladas de corvina por ano“, adianta o responsável.

A aposta passa igualmente pelo reforço da equipa, atualmente de seis pessoas, para 28 pessoas.

Esta injeção de capital conta com o contributo do fundo Indico Blue, da Indico Capital Partners — um fundo de 50 milhões de euros focado na economia azul — e do Programa Mar2030, podendo o mesmo vir a ser reforçado em mais oito milhões de euros.

“Este investimento na SEAentia leva o total de investimentos da Indico a mais de 100 milhões de Euros desde 2019, representando um marco histórico para a Indico e consolidando o seu papel como um dos principais investidores em projetos inovadores e sustentáveis na Europa”, diz Stephan de Moraes, Presidente da Indico Capital Partners, citado em comunicado.

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