Tema da corrupção e conflitos éticos perde relevância na discussão para as legislativas no X e notícias online, revela análise da LLYC

A conversa sobre as eleições, no X e nas notícias online, apresenta-se menos intensa do que em 2024, mas mais diversa. Descubra sobre o que mais falam os portugueses, de acordo com a LLYC.

Apesar de estar diretamente ligado à queda do Governo e de ter marcado o início da atual campanha eleitoral, o tema da corrupção e dos conflitos éticos foi menos discutido pelos portugueses no X e nas notícias online do que nas legislativas do ano passado.

Num recuo expressivo, o tema que representou 8,18% das menções nos dois meses que antecederam as eleições de 2024, e que foi o quarto mais discutido, desce agora para 3,99%, passando para o 11º lugar. Os temas relacionados com corrupção e conflitos éticos ficaram fora dos 10 assuntos que mais mobilizaram os portugueses, o que revela um enfraquecimento da sua centralidade no debate público.

Por outro lado, economia e impostos são o território com maior relevância nas discussões no X e nas notícias online sendo que, com 23,75% do total de publicações, este tema reforçou a sua centralidade no debate público, destacando-se como picos de conversa os reembolsos do IRS inferiores ao esperado e as mexidas no IRC. Este já tinha sido também o tema mais relevante na análise realizada no contexto das eleições legislativas de 2024.

As conclusões são do estudo “Eleições Legislativas 2025 — Análise da Conversação Social”, da LLYC, que incidiu sobre a conversação social no X (ex-Twitter) e nos meios de comunicação social online. O estudo considerou 18 territórios de conversa e analisou 184 mil publicações e 19,3 mil perfis ao longo de cerca de dois meses (14 de março de 2025 a 9 de maio de 2025).

A área da saúde subiu um degrau face a 2024, apresentando-se agora como o segundo tema mais discutido pelos portugueses no X e notícias online, para o que ajudou a discussão de temas como o encerramento das urgências dos hospitais do SNS, a falta de profissionais de saúde, o regresso das Parcerias Público-Privadas ou a saúde obstétrica.

O tema dos debates e eventos políticos foi o terceiro assunto mais relevante nos dois meses que antecederam as eleições, ocupando 10,8% de toda a conversação. Desta vez, a conversação esteve mais dispersa nos temas e manteve-se estável ao longo dos últimos dois meses, embora os principais picos de conversa tenham surgido durante os debates — em particular nos debates entre Pedro Nuno Santos e André Ventura, entre o líder do PS e Luís Montenegro e durante o debate televisivo com os oito partidos com assento parlamentar.

Também novo, o tema da defesa nacional ganhou relevância, surgindo em quarto lugar, registando 10,3% das menções e estando presente em 7,8% dos perfis, numa ativação que revela uma “preocupação crescente com a soberania do país e o papel de Portugal nas alianças militares internacionais, introduzindo uma dimensão geopolítica até agora pouco presente no debate eleitoral”.

Este ano o tema das tarifas impostas pelos EUA é novo no ranking, ocupando o quinto lugar e destacando-se sobretudo nos perfis de jornalistas e media, onde representa 20,4% da conversa.

Do total de 18 territórios de interesse abarcados no estudo, surgem depois, entre os mais discutidos, outras eleições, justiça, ambiente, habitação, migração, corrupção e conflitos éticos, regionalização, forças de segurança, equilíbrio orçamental, educação, privatização de empresas, TGV/LAV e Aeroporto de Lisboa.

O estudo mostra assim uma “reconfiguração das prioridades no debate público face aos dois meses que antecederam as eleições anteriores, tendo temas como justiça, defesa nacional e migração assumido um peso significativamente maior, passando de questões marginais a tópicos com forte presença na conversa social”, refere a LLYC.

A análise evidencia também desde logo que, este ano, a conversa sobre as eleições apresenta-se menos intensa do que em 2024, com uma quebra no volume total de publicações no X e notícias online — de cerca de 200 mil para 184 mil. Mas, por outro lado, verifica-se uma maior diversidade temática, com o número de territórios de conversa relevantes a aumentar de 15 para 18, o que evidencia uma dispersão dos focos de atenção no debate público.

Este ano foi também registada uma menor ativação dos políticos. Em comparação com as eleições de 2024, a atividade média dos candidatos e partidos políticos no X caiu cerca de 28% (de 268 para 195 tweets por perfil). No entanto, e apesar da descida, os políticos continuam a ser 2,2 vezes mais ativos do que os jornalistas e cerca de 19,1 vezes mais ativos do que os opinion makers.

Os opinion makers também reduziram a média de publicações por perfil (14,7 para 10,2). Por outro lado, a sociedade civil apresenta uma leve subida (de 8,7 para 9,4), assim como os jornalistas/media (78,4 para 89,2).

Analisando por comunidades políticas, a comunidade política de Centro-Esquerda, Esquerda e Esquerda Radical concentra grande parte da sua conversa no Serviço Nacional de Saúde e em debates e eventos políticos, sendo a que mais aborda estes temas. Economia e impostos é a temática com maior peso interno, mas com menor destaque face à comunidade de centro-direita e direita. A habitação também assume um papel relevante, embora com um peso ligeiramente inferior à comunidade de direita. É importante destacar ainda o maior envolvimento nas eleições autárquicas e presidenciais.

Já a comunidade de centro-direita e direita dá clara prioridade à economia e impostos, temática com maior peso relativo na sua conversa. Habitação e defesa nacional também se destacam como áreas relevantes, refletindo preocupações com segurança e estabilidade económica. Em menor escala, observa-se também uma maior atenção à privatização de empresas, tema este que está pouco presente nas restantes comunidades.

Por seu turno, a comunidade de extrema-direita fala sobretudo sobre economia e impostos, tal como as restantes, mas diferencia-se claramente pelo forte foco em migração, corrupção e justiça. Estes temas assumem um peso muito superior face às outras comunidades, “refletindo uma agenda marcada por preocupações com segurança, integridade institucional e controlo migratório”, lê-se no estudo.

Presença dos líderes e partidos nas redes

O estudo da LLYC sobre as Eleições Legislativas 2025 incluiu também uma análise à presença e alcance dos partidos com assento parlamentar e dos seus líderes nas diferentes redes sociais e plataformas como X, Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok e Threads.

A análise constatou desde logo que o PCP lidera em volume de publicações no Facebook, X e Instagram. Por outro lado, AD e Chega destacam-se pelo engagement no Facebook, mas apresentam menos publicações que os partidos de esquerda nesta rede. No X, AD e CDS-PP apresentam níveis de engagement altos, mas baixo volume de publicações, descreve o estudo.

“O LinkedIn é a maior aposta da IL, com um volume expressivo. No Threads, o PS destaca-se com a melhor performance: não só é quem publica mais como quem tem a melhor taxa de engagement. No TikTok, Chega e IL lideram com as taxas de engagement mais estáveis. AD e CDS-PP têm taxas mais elevadas unicamente por terem um volume de seguidores muito inferior aos dos dois primeiros partidos mencionados”, prossegue.

Entre os candidatos, no Facebook, Pedro Nuno Santos e Mortágua publicam mais, mas Inês Sousa Real tem a taxa de engagement superior, “graças a um alto de interações vs. total de seguidores”. No Instagram, André Ventura destaca-se como o candidato com mais publicações, mas isso não se traduz numa taxa de engagement superior. No X, Mortágua é a mais ativa, mas Rui Rocha e Luís Montenegro apresentam os melhores níveis de engagement.

O LinkedIn tem baixo volume, mas Rui Rocha destaca-se em engagement. No Threads, Pedro Nuno Santos segue a tendência do PS e lidera em performance. No TikTok, Ventura publica mais, mas é Montenegro quem gera mais engagement.

 

Este estudo, que abarca um total de 18 territórios de interesse e foi construído através da análise de tweets e notícias online sobre os temas-chave das eleições legislativas, entre os dias 14 de março e 9 de maio de 2025. Os dados foram obtidos com recurso à ferramenta da Brandwatch, que detém mais de 1,3 mil milhões de posts disponíveis.

A análise foi conduzida pela LLYC, através de uma equipa multidisciplinar de consultores de assuntos públicos, data scientists e especialistas em comunicação digital. Foram utilizadas plataformas como a Brandwatch e a Welov, bem como tecnologias de Inteligência Artificial (IA), Processamento de Linguagem Natural (NLP) e Análise de Redes Sociais (SNA), com o objetivo de estruturar, interpretar e visualizar grandes volumes de dados não estruturados, como as conversas nas redes sociais, descreve a consultora.

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Só quatro países da UE desceram emissões e aumentaram riqueza no final de 2024

Portugal fica sensivelmente a meio da tabela, registando uma subida das emissões no trimestre (2,36%), que foi contudo superada pela aumento do PIB.

As emissões de gases com efeito de estufa geradas pela economia da União Europeia atingiram as 897 milhões de toneladas de equivalente de dióxido de carbono (CO2) no quarto trimestre de 2024, uma subida de 2,2 % face ao período homólogo.

A subida, divulgada esta quinta-feira pelo Eurostat, verificou-se ao mesmo tempo que o produto interno bruto (PIB) da UE registou um aumento de 1,5% no trimestre, em comparação com o mesmo período de 2023.

Os dois setores económicos responsáveis pelo aumento de emissões entre os trimestres foram os agregados familiares, que aumentaram o respetivo contributo em 5,2%, e o fornecimento de eletricidade, gás, vapor e ar condicionado, que subiu 4,6%.

Seis países contrariam a tendência

No quarto trimestre de 2024, registou-se uma diminuição das emissões de gases com efeito de estufa em seis países da UE. As maiores reduções de gases com efeito de estufa foram estimadas para a Estónia (-11,3 %), Finlândia (-6,1 %) e Suécia (-2,3 %). Luxemburgo, Áustria e Letónia fecham o grupo das descidas. Nestes dois últimos países a quebra de emissões foi acompanhada de quebras na riqueza.

Portugal fica sensivelmente a meio da tabela, registando uma subida das emissões no trimestre (2,36%), que foi contudo superada pela subida do PIB.

 

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Algarve lança debate estratégico sobre o futuro digital

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  • 15 Maio 2025

O Congresso de Segurança & Integridade Digital assinalou, para muitos, o início de uma nova etapa para o Algarve, em que a região assume a ambição de estar na linha da frente da transição digital.

No Algarve, como em qualquer outra região do país, a transformação digital já deixou de ser uma hipótese distante. Está a acontecer nos serviços públicos, nas empresas, nas escolas e no quotidiano das pessoas. Esse o ponto de partida do Congresso de Segurança & Integridade Digital, que decorreu no dia 12 de maio, no Hotel Tivoli Marina Vilamoura.

Organizado pela Associação dos Empresários do Algarve (AEA), o congresso trouxe à região um debate urgente: como é que protegemos os nossos dados, os nossos negócios e os nossos serviços num mundo cada vez mais digital? E como é que fazemos isso com responsabilidade, sem perder de vista o lado humano e ético da inovação?

O encontro também mostrou as oportunidades que o digital pode trazer à região. Os Bairros Comerciais Digitais são um bom exemplo: um projeto pensado para dar nova vida ao comércio local, com ferramentas modernas que ajudam as lojas a vender mais, a comunicar melhor e a fidelizar os seus clientes. Mais do que uma digitalização apressada, trata-se de repensar os negócios com tempo, apoio e segurança.

Olhar sobre o futuro

Ao todo, foram quatro painéis que abordaram os temas centrais da nova era digital: a transição tecnológica no território, o futuro da segurança, o impacto da inteligência artificial e os caminhos para um desenvolvimento mais justo e equilibrado.

A inteligência artificial, concretamente, foi abordada, de uma maneira geral, como uma ferramenta poderosa que pode — se bem utilizada — melhorar a gestão pública, reforçar os cuidados de saúde, dar apoio ao setor turístico ou até proteger o ambiente. A condição? Que seja usada com ética, com debate público e com visão. O futuro é digital, sim, no entanto o digital só vale a pena se for seguro, ético e inclusivo.

João Guerreiro, presidente da Associação dos Empresários do Algarve (AEA), sublinhou a importância de um evento como este para “elevar o país” na transição digital — um esforço que, segundo o responsável, deve ir além da política e do imediato, mobilizando energias para um objetivo comum: preparar melhor o presente e o futuro digital de Portugal. “A digitalização da economia e da vida social traz inúmeras vantagens, da eficiência à criação de novas oportunidades de negócio. Mas também impõe desafios sérios: desde a segurança dos dados à privacidade dos utilizadores, passando pela resiliência dos sistemas”, complementou Susana Silva, da organização.

Digitalizar para incluir e cidades mais seguras

O dia começou com o painel “A Transição Digital no Território”, moderado por Francisca Sousa, gestora da Aceleradora do Comércio Digital do Algarve. A conversa centrou-se na forma como a digitalização está a moldar — e a equilibrar — o desenvolvimento regional.

Francisco Sousa, diretor do Departamento de Administração e Sistemas da Câmara de Loulé, adiantou que o município tem apostado em soluções digitais para combater as desigualdades internas: “Dois terços do nosso concelho são zonas de baixa densidade, com má cobertura móvel. Era preciso fazer mais”. A resposta veio com o Programa Digital para o Interior de Loulé, um projeto estruturante que já está a expandir a cobertura de comunicações móveis para 98% do território, incluindo freguesias como Alte, Ameixial ou Salir. “Queremos atrair investimento, fixar pessoas, apoiar a população local e preservar o nosso património ambiental.”

A perspetiva de Marlene Guerreiro, vice-presidente da Câmara de São Brás de Alportel, mostrou como o digital pode ser uma ferramenta de proximidade. “A digitalização foi um processo natural. O comércio local precisava de se dar a conhecer e chegar aos clientes.” O segredo, diz, está em adaptar a tecnologia à identidade de cada território. A responsável acredita que “quanto mais o digital for ao encontro da essência das coisas, mais sucesso terá”.

Fernanda Ferreira Dias, diretora-geral das Atividades Económicas do Ministério da Economia, apresentou o novo Mapa do Comércio, Serviços e Restauração, uma plataforma pública com informação georreferenciada sobre os estabelecimentos comerciais do país: “É uma espécie de Google Maps do comércio, útil para planeamento urbano, políticas públicas ou investimento privado”. A ferramenta foi lançada oficialmente a 23 de abril.

Nuno Gonçalves, vice-presidente do IAPMEI, o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, reforçou que não faltam fundos para a transição digital, mas sim capacidade para os aplicar eficazmente. “Temos mais de 40 programas ativos para capacitar empresas, municípios e cidadãos. Mas os desafios são reais: baixa literacia digital, exigência de resultados rápidos e mais recursos financeiros”. Apesar disso, deixou uma nota de otimismo: “Projetos como os de Loulé e São Brás mostram que é possível construir soluções que respondam às necessidades locais”.

A sessão da manhã encerrou com o tema “Cidades Seguras – o futuro da segurança no território”, moderado por Cláudio Martins, administrador de uma empresa tecnológica, que destacou o impacto da segurança urbana na atratividade da região e a sua relevância ao nível nacional: “A segurança das nossas cidades não é apenas um tema regional, é uma preocupação nacional e cada vez mais urgente”.

Ricardo Mendes, da Bosch, destacou os avanços tecnológicos na vigilância urbana, especialmente no uso de análise preditiva e sensores inteligentes: “Hoje, já não falamos apenas de câmaras de videovigilância, mas de sensores de vídeo capazes de detetar comportamentos anómalos e reagir automaticamente”. Explicou também que os sistemas mais avançados conseguem detetar armas, reconhecer padrões de movimento e identificar pessoas ou objetos com base em atributos como a cor da roupa ou a presença de óculos: “A nossa missão é que o sistema reaja sem depender do operador. A predição é o futuro da segurança”. Os desafios legais e éticos, a importância da proteção de dados e da cibersegurança são pontos essenciais deste novo paradigma.

Hernâni Borges, coordenador de projetos na SystemsIT, centrou-se no processo de implementação destas tecnologias nas cidades. Destacou que, até há poucos anos, estes projetos eram difíceis de concretizar: “Há quatro ou cinco anos era praticamente impossível implementar este tipo de soluções. Hoje, com enquadramento legal e projetos técnicos rigorosos, é uma realidade”. Sublinhou a importância de uma abordagem técnica criteriosa, ajustando os sistemas às necessidades específicas de cada local: “Não se trata de pôr câmaras ao acaso. É um investimento de milhões e tem de ser planeado com critérios técnicos e legais muito claros”. O especialista referiu ainda a colaboração com a Polícia de Segurança Pública (PSP) para mapear zonas e tipologias de crime, otimizando a eficácia da vigilância.

Mónica Rocha, diretora da área de Administração Pública Local na Altice Portugal, falou sobre o papel da conectividade 5G na transformação das cidades seguras. Salientou que esta tecnologia permite viabilizar projetos de segurança em zonas remotas, com mobilidade, fiabilidade e segurança superiores às soluções tradicionais: “O 5G permite fazer em zonas remotas o que antes só era possível com fibra”. Isto tem especial relevância para o território algarvio, marcado por uma grande dispersão populacional e zonas rurais ou de baixa densidade onde soluções fixas são caras ou impraticáveis. A mobilidade e autonomia do 5G reduzem custos e aceleram implementações, assegurou.

João Gabriel, especialista em cibersegurança da BPO Consulting, reforçou que a proteção das cidades não se esgota na vigilância física: a componente digital é fundamental. Alertou para o risco crescente de ataques a infraestruturas críticas e à manipulação de dados sensíveis: “Não adianta termos a melhor infraestrutura física se os dados estão vulneráveis”, destacando a importância de políticas de segurança integradas, desde o dispositivo até à cloud, com formação de utilizadores, segmentação de redes e resposta a incidentes em tempo real. “A segurança é um processo contínuo. É preciso preparar as pessoas, os sistemas e os processos”, rematou.

Inteligência artificial e o seu impacto na sociedade e digitalização e planeamento territorial

A tarde arrancou com um debate animado sobre os efeitos da IA nos vários setores. O painel contou com intervenções de Alexandre Pereira, administrador da Tecnovia Indústria, e Ricardo Raimundo, professor universitário especializado em gestão e marketing.

Alexandre Pereira, com décadas de experiência no setor da construção, sublinhou o papel da IA na segurança, eficiência e sustentabilidade das obras: “A inteligência artificial já nos ajuda na monitorização de máquinas, previsão de atrasos e até na segurança dos trabalhadores, identificando comportamentos inseguros em tempo real”.

Por sua vez, Ricardo Raimundo destacou o impacto da IA na personalização e na gestão empresarial, mas também alertou para a sua integração consciente: “A inteligência artificial permite uma hiperpersonalização do produto, conhecendo padrões e comportamentos. Mas temos de garantir que ela amplifica, e não substitui, a inteligência humana”.

O painel foi unânime na conclusão: a IA não deve ser temida, mas sim compreendida e usada como ferramenta estratégica — um amplificador da capacidade humana, não o seu substituto.

O quarto e último painel do congresso foi dedicado à reflexão sobre o futuro do desenvolvimento territorial, com particular enfoque no Algarve. Moderado por André Telheiro Santos, empresário e dirigente associativo, o debate contou com a participação do professor universitário Fernando Seara, do comentador Pedro Costa e do ex-ministro Rui Gomes da Silva.

Pedro Costa abordou a transição digital como uma “verdadeira revolução industrial” e destacou que, pela primeira vez, Portugal pode entrar entre os primeiros na corrida global. No entanto, alertou para os riscos de concentração em gigantes tecnológicos e defendeu que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) oferece uma oportunidade para reequilibrar o mercado, promovendo a digitalização do comércio local e reforçando o planeamento estratégico, especialmente em regiões com desafios estruturais como o Algarve. Costa realçou que a gestão de dados deve ser colocada ao serviço do ordenamento do território, permitindo decisões mais informadas, eficazes e adaptadas às realidades locais.

Rui Gomes da Silva, por sua vez, foi mais incisivo quanto às desigualdades estruturais e à lentidão do Estado em adaptar-se aos desafios contemporâneos. Ironizou que vivemos com “uma administração do século XIX, leis do século XX e tecnologia do século XXI”, o que gera fricções graves na capacidade de resposta pública e de atração de investimento. Gomes da Silva alertou que 40% das empresas existentes hoje poderão desaparecer em 10 anos se não se adaptarem tecnologicamente. E reforçou que a justiça e o sistema fiscal continuam a ser os dois principais bloqueios à competitividade do país. Concluiu com uma reflexão política, apelando à coragem dos decisores para “inventar o futuro”, num tempo em que o poder formal nem sempre coincide com o poder real.

A fechar o painel, Fernando Seara trouxe uma visão crítica ao debate, assumindo-se como cético face ao entusiasmo generalizado com a inteligência artificial. Afirmou, sem rodeios, que a IA será “o maior fator de desigualdade social da história do planeta”, considerando que a sua massificação poderá agravar clivagens existentes e marginalizar ainda mais os territórios e cidadãos que não acompanharem esta transformação. O professor alertou que, apesar de inevitável, a inteligência artificial coloca desafios profundos ao nível jurídico, ético e político, que ainda estão longe de estar resolvidos — quer em Portugal, quer ao nível internacional.

Do ponto de vista territorial, Seara defendeu que os municípios devem assumir um papel proativo na digitalização, não apenas como utilizadores de tecnologia, mas como motores de inovação social e agentes de mitigação das desigualdades. Concluiu com um apelo à ação prática e corajosa por parte dos líderes locais, defendendo que “não basta falar do futuro — é preciso construí-lo com decisões concretas, centradas nas pessoas e não apenas nos sistemas”.

Um Algarve com uma voz forte

A sessão de encerramento ficou a cargo de Diogo Agostinho, Chief Operating Officer do ECO que apelou “a um Algarve capaz de unir esforços e encontrar uma voz que tenha peso em Lisboa”. Numa intervenção sobre a importância da segurança digital e na criação de condições para atrair talento para a região, não deixou de destacar a necessidade de uma cultura de ambição do Algarve. Na mesma linha, João Guerreiro, presidente da AEA rematou: “O futuro constrói-se com ambição, mas também com capacidade de execução partilhada“.

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Portugal regista quarta maior queda na produção industrial na UE em março

Atividade industrial contraiu 4%, em março, face ao mês anterior, contrariando o movimento de recuperação registado no contexto europeu, revela o Eurostat.

A produção industrial em Portugal desceu 4% em março, face ao mês anterior. Trata-se da quarta maior quebra entre os países da União Europeia e contrariou o movimento de subida da região, revelam os números do Eurostat.

O indicador vinha de dois meses de crescimento, após dois anos de abrandamento. No entanto, março ficou marcado por uma forte contração, que compara com subidas mensais de 4,8% e 4,7% em janeiro e fevereiro, respetivamente.

Apenas Luxemburgo (-6.3%), Dinamarca e Grécia, ambos com quedas de 4,6%, registaram quebras mensais mais pronunciadas do que Portugal. Já a União Europeia marcou um crescimento de 1,9%, enquanto a Zona Euro viu a atividade industrial acelerar 2,6%.

Em termos homólogos, a descida é ainda mais expressiva. A produção industrial nacional registou um travão de 5,6% face a março de 2024, enquanto os países da União Europeia registaram um crescimento homólogo de 2,7%.

O mês de março ficou marcado pelo anúncio de novas tarifas aduaneiras por parte da nova administração republicana nos EUA, com impacto na indústria. Os primeiros anúncios feitos por Trump foram, porém, muito vagos, deixando dúvidas sobre o real impacto das medidas.

Enquanto a procura de carros, por exemplo, acelerou, com os consumidores a anteciparem a entrada em vigor das novas taxas e a consequente subida de preços, outros setores sentiram os efeitos causados, com clientes norte-americanos a colocarem algumas encomendas em pausa, à espera de maior visibilidade sobre as tarifas.

Segundo os dados do Eurostat, os maiores aumentos mensais na União Europeia foram registados pelos bens de capital (3%) e pelos bens de consumo duradouro (2,8%) e não duradouro (1,3%).

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Ações da Benfica SAD disparam 7,8% para máximos de três anos

Os títulos da SAD benfiquista voltam a subir e já acumulam ganhos de 22% apenas em maio, superando largamente o desempenho em bolsa dos seus rivais do Sporting e do FC Porto.

As ações da Benfica SAD estão a negociar esta quinta-feira com uma valorização 7,8%, cotando atualmente nos 4,7 euros, o valor mais elevado desde janeiro de 2022.

Este comportamento de subida dos títulos foi acompanhado por um volume de negociação significativamente acima da média, com cerca de 4.830 ações a mudarem de mãos, num montante global superior a 22 mil euros – um valor que supera em 35% o volume médio diário dos últimos três meses.

O desempenho das ações da Benfica SAD durante esta manhã reforça a tendência de forte valorização dos títulos da sociedade desportiva encarnada desde o arranque do ano, mas sobretudo durante o mês de maio, após a compra de uma participação de 3,28% na SAD benfiquista por 7,07 euros por ação por parte dos norte-americanos da Lenore Sports Partners.

Desde o início de maio que as ações da Benfica SAD já acumulam uma subida de 27%, enquanto no acumulado do ano os ganhos ascendem a 44,6%. Estes números destacam o crescente interesse dos investidores e a dinâmica positiva que se instalou na bolsa de Lisboa em torno do clube da Luz.

O catalisador deste rally bolsista tem sido, em grande medida, a entrada da Lenore Sports Partners, um grupo de investidores norte-americanos liderado por Jean-Marc Chapus e Elliot Holton Hayes, no capital da Benfica SAD.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A operação ficou marcada pela aquisição, em leilão, de mais de 753 mil ações que pertenciam a Luís Filipe Vieira, antigo presidente do clube, representando 3,28% do capital social da SAD. Com esta compra, os norte-americanos passaram a deter uma participação qualificada de 5,24% na sociedade, tornando-se um dos principais acionistas da Benfica SAD.

A valorização das ações da Benfica SAD contrasta com o desempenho das restantes sociedades desportivas portuguesas cotadas em bolsa, como a Sporting SAD e a FC Porto SAD, cujos títulos registaram quedas nas últimas sessões, com as ações da SAD leonina a contabilizaram uma valorização de apenas 2,4% este ano enquanto os títulos da SAD do dragão afundam mais de 15,6% em 2025.

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Metablue procura capital para termómetro que usa IA para detetar otites

As oitites são infecções comuns na infância e quando não tratadas podem dar origem a doenças mais graves. A Metablue quer entrar com o dispositivo de deteção precoce no mercado europeu e americano.

Depois de um piloto na Guarda, a Metablue está a levantar 200 mil euros de capital para concluir o processo de certificação médica do termómetro que usa inteligência artificial (IA) para detetar otites e prosseguir com a aprovação junto da Food and Drug Administration (FDA), para entrada do Otitest na Europa e Estados Unidos.

“Já levantámos 400 mil euros em capital privado. Estamos agora a angariar mais 200 mil euros, até setembro, com o objetivo principal de concluir o processo de certificação médica e prosseguir com o processo de aprovação junto da FDA, para entrada nos mercados europeu e americano”, revela Raul Almeida, CEO da Metablue, ao ECO. “Já realizámos a pré-submissão à FDA e estamos em contacto com um organismo notificado europeu. Já temos o orçamento dos testes necessários para cumprir a legislação europeia e americana. Idealmente, cumpriríamos com o timing em oito a 12 meses”, precisa.

Parte na Agenda Mobilizadora Health from Portugal (HfPT), integrada no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), liderada pela Prologica e dinamizada pelo Health Cluster Portugal, o Otitest já teve um piloto na ULS da Guarda, entre entre 2021 e 2022, junto a 60 doentes — estando, nesta fase a recrutar 500 participantes (entre doentes e não doentes) para testes, através do 2CA-Braga e da ULS Braga, para um novo piloto.

Mas foi a sua inclusão no PRR que “transformou o projeto por completo”, não só “pelo investimento, mas pelo acesso a uma rede de parceiros robusta, com diferentes valências, como o INL, a Everythink, o 2CA Braga, o IPCA, e a Wiselife”, aponta o CEO. Não só permitiu “uma evolução do protótipo”, como foi criada uma “gaming app que permite avaliar o impacto da otite na audição da criança e acompanhar a sua evolução”. Neste momento, o Otitest encontra-se “em fase de novos ensaios clínicos” e em preparação para a certificação médica junto dos reguladores europeus e americanos.

O que faz o termómetro?

O aparelho desenvolvido pela Metablue Solution, um spin-off da Universidade do Porto, é um dispositivo médico, conectado, semelhante a um termómetro de ouvido que permite a deteção precoce de infeções no ouvido em crianças e bebés.

“A tecnologia combina sensores térmicos e óticos com Inteligência Artificial para interpretar sinais clínicos de otite média e indicar a sua probabilidade. O dispositivo é acompanhado de uma aplicação que permite aos pais visualizarem os resultados e acompanharem a evolução da saúde auditiva ao longo do tempo, com especial atenção às fases do ano em que as otites são mais prevalentes”, descreve o CEO.

“Há ainda a possibilidade de aceder a jogos interativos e didáticos, dedicados às crianças, sobre cuidados básicos de higiene para proteção dos ouvidos, e que integram audiometria para monitorizar possíveis impactos auditivos das otites”, refere ainda Raul Almeida.

A otite é uma infeção muito comum em bebés e crianças, “afetando cerca de 90% das crianças até aos sete anos, com grande impacto, provocando uma elevada taxa de idas à urgência, absentismo escolar e laboral por parte dos pais”, destaca. E se recorrentes ou não tratadas, são infeções que podem provocar perda auditiva, mastoidite, meningite ou labirintite.

“É crucial estar atento aos primeiros sintomas da otite, como dor de ouvido, febre, irritabilidade, e perda de apetite. Se existirem sinais é importante que a criança seja observada pelo médico. Ao primeiro sinal, pais e cuidadores poderão realizar sucessivas medições com o Otitest de forma acessível, fiável e remota, e enviar cada resultado ao seu médico de família ou pediatra”, explica Raul Almeida.

Objetivos para a injeção de capital

O novo capital que pretendem angariar tem objetivos claros: “Finalizar os testes clínicos, executar testes de segurança elétrica e compatibilidade eletromagnética (EMC), testes de biocompatibilidade, e implementação de um sistema de gestão da qualidade (QMS) de acordo com os requisitos regulamentares para, assim, assegurar a certificação CE e aprovação pela FDA”, elenca o CEO.

Mas também “reforçar a equipa, sobretudo data scientists e business developers, com o propósito de melhorar os modelos de IA do Otitest, consolidar o plano de comercialização, e preparar a próxima ronda de investimento, centrada na entrada no mercado”, explica.

Da esquerda para a direita, Faustino Pinto, Nayara Hernandez e Raul Almeida.

Hoje a equipa é formada por três elementos — “um engenheiro biomédico [Raul Almeida] que, em criança, sofreu múltiplos episódios de otite, tendo inclusive sido sujeito a cirurgia auditiva, e que pretende que outras famílias ajam rápido e não enfrentem complicações; um software developer [Faustino Pinto] que, prestes a ser pai, assume com humor o seu lado ‘hipocondríaco’ e deseja que o bebé não enfrente dificuldades auditivas; e uma designer de produto [Nayara Hernandez] cuja missão é empoderar mães e famílias migrantes que nem sempre são incluídos na inovação feita em Portugal” —, contando ainda com “um grupo sólido de advisors clínicos e tecnológicos”.

Mas com a futura ronda, um dos objetivos é “reforçar a equipa com perfis nas áreas de data science e business development, fundamentais para escalar a tecnologia e estruturar um plano de comercialização robusto. Queremos ainda envolver mais famílias, garantindo que o Otitest evolui a partir das suas realidades e necessidades concretas”, diz.

Uma “parte adicional do financiamento” será dedicada à “adaptação da tecnologia ao segmento veterinário, através do desenvolvimento do OtiVet respondendo, assim, a uma necessidade semelhante no cuidado auditivo de cães e gatos”, revela o responsável.

(notícia atualizada precisando os números do piloto na Guarda e da existência de um segundo em Braga)

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Startups portuguesas: inovação, resiliência e o desafio de crescer num ecossistema em maturação

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  • 15 Maio 2025

No quarto episódio do podcast Heróis PME, discutiu-se o ecossistema de startups em Portugal. O talento nacional, a burocracia, a internacionalização e o papel da inovação tecnológica foram os temas.

Portugal tem hoje cerca de 4.700 startups e poderá atingir as cinco mil ainda este ano. A convicção é de João Silva, que marcou presença no quarto episódio do podcast Heróis PME, promovido pela Yunit Consulting com o apoio do ECO. Para o Head of Data & Tech and Public Policies, que destaca o papel desta associação e o impacto da Web Summit na articulação entre empreendedores, investidores e entidades públicas, “a maturidade do ecossistema é visível, mas persistem desafios estruturais como a burocracia, o acesso a financiamento e a retenção de talento”.

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A mesma opinião foi partilhada por todos os participantes neste episódio, que contou ainda com a presença de Manuel Saraiva, Head of Sales and Business Development, BRAINR, empresa que foi uma das finalistas na categoria Startup da edição de 2024 dos Heróis PME, e de Inês Martins, Coordenadora de Marketing na Yunit Consulting.

A perspetiva otimista de João Silva é sustentada pelo investimento crescente neste tipo de empresas, com o ano de 2024 a apresentar um aumento de 130% face ao anterior. Apesar das oscilações globais, fruto de um contexto internacional de alguma incerteza, os hubs tecnológicos em Portugal continuam a aumentar, com Lisboa e Porto à frente, mas com muitos bons projetos noutras regiões. “Temos o talento, as ideias e um ecossistema que tem evoluído muito, mas precisamos de estabilidade, estratégias claras e uma mentalidade mais profissionalizada para competir a nível internacional”, complementou Inês Martins.

BRAINR: um caso de sucesso com ADN industrial

Um exemplo prático de como inovação e indústria – um setor historicamente pouco digitalizado – podem andar ‘de mãos dadas’ é a BRAINR, startup especialista no desenvolvimento de software para a indústria alimentar. Criada a partir de uma necessidade interna do Grupo Lusiaves – empresa do setor avícola e agroalimentar -, a BRAINR desenvolveu uma solução tecnológica para digitalizar e simplificar operações fabris.

O sucesso e a relevância dentro de portas conduziram à autonomização da startup, que agora dá resposta às necessidades de empresas de norte a sul do país. “Atualmente, 25% das refeições produzidas em Portugal incluem ingredientes processados em fábricas que usam o sofware da BRAINR”, salienta Manuel Saraiva. O também fundador desta startup acrescenta, contudo, que, apesar do crescimento acelerado do negócio, o percurso não foi isento de desafios. “A maior dificuldade foi manter o foco no produto, sem cair na tentação de moldá-lo demasiado às exigências de cada cliente”.

Hoje, a startup já está presente em África e em processo de expansão para os Estados Unidos, onde trabalha com parceiros que detêm mais de 90% do mercado em nichos industriais. O objetivo passa por continuar a crescer e a escalar para, em breve, e como assume Manuel Saraiva, “ser o primeiro unicórnio de Leiria”. Uma meta que, apesar de assumida em jeito de brincadeira, é “muito séria e realista”, acrescenta o responsável da BRAINR.

Financiamento e burocracia continuam a travar o crescimento

A necessidade de apoio estratégico e financeiro é partilhada por muitas startups. Inês Martins alerta, contudo, para o baixo nível de aproveitamento dos mecanismos de incentivo fiscal, de que é exemplo o SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial) que permite recuperar até 82.5% dos custos com o desenvolvimento de novos produtos e processos que gerem avanços no conhecimento técnico-científico. “Apenas 0,62% das empresas em Portugal recorre a este benefício”, aponta a coordenadora de marketing da Yunit Consulting. Na sua opinião, isto acontece porque “falta informação, clareza legislativa e simplificação de processos”.

Este é, aliás, uma das missões da Yunit Consulting. “Apoiamos as startups em várias frentes, desde a definição estratégica ao acesso a financiamento”, sublinha Inês Martins que defende que é importante que as empresas procurem apoio junto de quem conhece bem os programas. “As startups precisam de focar-se na inovação. A parte burocrática deve ser tratada por quem conhece bem o sistema”, reforça.

“O crescimento das startups portuguesas é, muitas vezes, feito de ‘navegar à vista’”, acrescenta João Silva. Na sua perspetiva, à burocracia e ao acesso limitado a capital junta-se a escassez de talento qualificado, uma barreira transversal a praticamente todos os países, mas que em Portugal se acentua com a competição internacional que ainda capta muito talento formado por cá, mas que procura melhores oportunidades noutros mercados. “Formamos excelentes profissionais, mas continuamos a perder muitos para o estrangeiro”, alertou ainda o representante da Startup Portugal, referindo-se à necessidade de criar políticas públicas eficazes como, por exemplo, regimes de stock options mais claros e atrativos. “Portugal é pequeno pelo que quem quer ser unicórnio por cá tem de pensar em escalar desde o primeiro dia”, acrescenta Manuel Saraiva.

Ainda assim, e apesar de todos os desafios, os convidados do podcast Heróis PME estão otimistas. “Temos talento, temos ideias e um ecossistema em maturação. O que falta é criar as condições certas para que as startups não apenas sobrevivam, mas escalem e liderem”, conclui João Silva.

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Eurostat confirma PIB da Zona Euro a crescer 1,2% no primeiro trimestre

  • Joana Abrantes Gomes
  • 15 Maio 2025

Boletim do Eurostat mostra Portugal com um crescimento de 1,6% em termos homólogos, mas um decréscimo de 0,5% na variação em cadeia.

O Eurostat confirmou esta quinta-feira que as economias da Zona Euro e da União Europeia (UE) tiveram um crescimento homólogo de 1,2% e 1,4% no primeiro trimestre, respetivamente, com Portugal a apresentar a oitava maior subida do Produto Interno Bruto (PIB).

Fonte: Eurostat

Na variação em cadeia, o PIB aumentou 0,3% tanto na área da moeda única como na UE, quando, no último trimestre de 2024, tinha crescido 0,2% na Zona Euro e 0,4% no conjunto dos 27 Estados-membros do bloco comunitário.

Entre os 21 Estados-membros para os quais há dados disponíveis, a Irlanda (10,9%), a Polónia (3,8%) e a Lituânia (3,2%) registaram os melhores desempenhos, enquanto as economias da Áustria (-0,7%) e da Alemanha (-0,2%) mantêm-se em recessão, tendo o PIB da Hungria recuado 0,4% e o da Eslovénia 0,8%, na variação homóloga. Portugal teve um crescimento de 1,6% face há um ano, acima da média da UE e da Zona Euro.

Nos primeiros três meses do ano, face ao quarto trimestre de 2024, a Irlanda (3,2%) registou o maior aumento, seguida da Polónia (0,7%) e da Espanha, da Bulgária e da Lituânia (cada uma com 0,6%). A Hungria (-0,2%), Portugal (-0,5%) e a Eslovénia (-0,8%) foram os únicos Estados-membros que registaram um recuo em relação ao trimestre anterior.

No que se refere à taxa de crescimento do emprego, incluída neste boletim, mas sem dados por Estado-membro, a Zona Euro registou uma subida homóloga de 0,8% e trimestral de 0,3%, com a UE a apresentar uma média, respetivamente, de 0,6% e 0,2%.

(Notícia atualizada às 10h45)

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Greve da Função Pública na sexta-feira pode afetar educação, saúde, Fisco e registos

  • Lusa
  • 15 Maio 2025

O STTS convocou greve para esta sexta-feira para os trabalhadores da Administração Pública, devido à degradação das condições de trabalho e falta de valorização.

Os trabalhadores da Administração Pública vão estar em greve no dia 16 de maio e são esperados impactos em serviços públicos nos setores da educação, saúde, Autoridade Tributária e Instituto dos Registos e do Notariado (IRN).

O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Serviços e de Entidades com Fins Públicos (STTS), que convocou esta greve, indicou à Lusa que é esperada uma “adesão em massa”.

“A greve é nacional, para todos trabalhadores, independentemente do vínculo e da carreira”, recordou Mário Rui, salientando que na educação, por exemplo, estão abrangidos assistentes operacionais, técnicos auxiliares, assistentes técnicos e professores, enquanto na saúde poderão aderir à greve profissionais como médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares de saúde e assistentes operacionais.

O dirigente sindical salientou que é esperada uma adesão maior do que a que se verificou em fevereiro, na última greve, apontando que já existe um maior interesse por parte dos trabalhadores, que tiram dúvidas e têm acesso a mais informação.

O STTS convocou esta greve para sexta-feira para os trabalhadores da Administração Pública, devido à degradação das condições de trabalho e falta de valorização.

Num comunicado, a estrutura sindical disse que os trabalhadores da Administração Pública estão “fartos de baixos salários, de desvalorização das carreiras, de promessas vazias e de uma gestão que não reconhece a importância dos serviços públicos para a sociedade”.

A greve dos trabalhadores abrangidos pelo âmbito estatutário do sindicato, “independentemente da natureza do vínculo, cargo, função ou setor de atividade, vinculados em regime de emprego público ou em regime laboral comum, integrados nas carreiras gerais, carreiras subsistentes, carreiras não revistas, incluindo a carreira de Polícia Municipal, e carreiras especiais”, decorre entre as 00h00 horas e as 24h00.

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Em três anos, mais de 2.700 médicos pediram para exercer no estrangeiro

  • ECO
  • 15 Maio 2025

Número aumentou de ano para ano entre 2022 e 2024. Impacto no SNS é “brutal”, segundo o bastonário Carlos Cortes, que justifica o cenário com a "falta de condições de trabalho” e “as remunerações”.

Entre 2022 e 2024, 2.719 médicos solicitaram à Ordem certidões de Good Standing — ou seja, certidões que comprovam as suas competências — para poderem exercer a profissão no estrangeiro, avança o Diário de Notícias (acesso pago). O número tem vindo a aumentar de ano para ano: em 2022 foram registados 803 pedidos de certidões para emigrar; em 2023, 944; e, em 2024, 972.

A Secção Regional do Sul — a região do país com maior carência de recursos humanos — é a que tem recebido maior número de pedidos para saídas, num total de 1.442 médicos em três anos, seguindo-se a Secção Regional do Norte (1.149 pedidos). A Secção Regional do Centro é a que gere menos pedidos (128), não tendo chegado sequer à meia centena em que cada um destes anos.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, alerta que “o impacto desta emigração é brutal para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e para “os utentes”. “No último concurso de colocação para especialistas, a Ordem lançou um questionário aos médicos que não escolheram especialidade e percebemos, naquele momento, que muitos deles iam emigrar”, conta, justificando esta intenção “com a falta de atratividade das remunerações no SNS, nas condições de trabalho e, no que respeita aos médicos internos, até já na formação”.

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Cenário de empate técnico na reta final, com AD a cair e PS a disparar

  • ECO
  • 15 Maio 2025

A distribuição dos 19,1% de indecisos põe o melhor resultado do PS (29,4%) acima do pior resultado da Aliança Democrática (28,2%), desfazendo as certezas sobre uma vitória de Luís Montenegro.

Ao 13.º dia da sondagem da Pitagórica para o Jornal de Notícias, a TSF, a TVI e a CNN Portugal, a diferença entre a Aliança Democrática (31,5%) e o PS (26,3%) nas intenções de voto encurtou de 8,5 para 5,2 pontos percentuais, o que deixa as duas principais forças políticas em empate técnico a dois dias do final da campanha. Além do crescimento dos socialistas nesta reta final, também o Chega (18,3%) e a Iniciativa Liberal (7%) sobem nas intenções de voto, assim como os indecisos, que ainda são 19,1%.

Fazendo a distribuição de indecisos, a coligação do PSD e do CDS teria entre 28,2% e 34,8% se as eleições fossem agora, enquanto o partido liderado por Pedro Nuno Santos teria entre 23,2% e 29,4%. Ou seja, o melhor resultado do PS (29,4%) está acima do pior resultado da Aliança Democrática (28,2%), o que desfaz a certeza sobre a vitória de Luís Montenegro verificada nas sondagens anteriores.

À esquerda, o Livre continua a liderar, com 4,4% das intenções de voto, mas regista uma queda acentuada de 0,9 pontos percentuais face à sondagem anterior. O Bloco de Esquerda (BE) também piorou e está agora com 2,4%, menos 0,8 pontos percentuais. Já a CDU subiu 0,5 pontos percentuais e alcança 3,7% das preferências dos eleitores inquiridos, ficando à frente dos bloquistas. O PAN mantém-se inalterado nos 1,1%.

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Governo sem pedidos de empresas para via verde da imigração

  • ECO
  • 15 Maio 2025

Só a Confederação dos Agricultores de Portugal está a acompanhar seis processos para emissão de vistos, que envolvem cerca de 150 trabalhadores da Europa de Leste, Ásia e Norte de África.

A Direção-Geral dos Assuntos Consulares (DGAC) ainda não recebeu qualquer pedido de vistos no âmbito do Protocolo de Cooperação para a Migração Laboral Regulada, que foi assinado a 1 de abril com cinco confederações empresariais, avança o Público (acesso condicionado) esta quinta-feira.

Só a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) afirmou estar neste momento a acompanhar seis processos para emissão de vistos, que envolvem cerca de 150 trabalhadores, provenientes da Europa de Leste, Ásia e Norte de África, mas nenhum foi concluído, nem enviado para a DGAC, “devido à necessidade de troca de informação com as empresas requerentes”. Assim, o Governo vai terminar o seu mandato sem a emissão de qualquer visto no âmbito de um programa que foi uma das grandes bandeiras da sua política migratória e que levou ao reforço de cinco consulados.

Segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), “têm estado a decorrer contactos informais com as entidades empresariais signatárias com vista a esclarecer procedimentos e regras”, sendo que o MNE só trata dos procedimentos relativos ao processamento de vistos de entrada em Portugal, com o protocolo a prever que este processo decorra em 20 dias.

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