Empresas entre o aumento de custos e a necessidade de segurar quota de mercado

Com margens de lucro sob pressão, as empresas deverão passar para os clientes o aumento de custos que têm enfrentado. Setores exportadores estão a sacrificar margens para proteger mercado.

Custos mais altos, maior instabilidade e economia a desacelerar. É esta a conjuntura que deverá forçar as empresas a aumentar preços nos próximos meses, para protegerem as suas margens de lucro. Apesar da conjuntura mais difícil que o tecido empresarial enfrenta, nem todos os setores conseguem passar para os clientes o aumento de custos. Setores que dependem de mercados externos estão a ser forçados a sacrificar as suas margens para manter volumes de negócios.

Todos os setores de atividade em Portugal estão a preparar-se para subir novamente os preços de venda ao consumidor nos próximos meses, revela o inquérito de conjuntura de julho, baseado nas respostas de cinco mil empresas, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo estes indicadores, o saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda nos próximos três meses “aumentou significativamente na indústria transformadora, na construção e obras públicas e no comércio e, de forma moderada, nos serviços”.

Perante a instabilidade global, que deve permanecer nos próximos meses (correndo mesmo o risco de se agravar), é muito provável que venha a ocorrer uma transmissão dos expectáveis aumentos de preços no produtor para o consumidor final”, antecipa o presidente do conselho de administração da AEP. “De outro modo, poderá estar em causa a própria sobrevivência de algumas empresas, aquelas com menor capacidade para absorver uma significativa subida de custos sem perda da sua competitividade”, justifica Luís Miguel Ribeiro.

Perante a instabilidade global, que deve permanecer nos próximos meses (correndo mesmo o risco de se agravar), é muito provável que venha a ocorrer uma transmissão dos expectáveis aumentos de preços no produtor para o consumidor final. De outro modo, poderá estar em causa a própria sobrevivência de algumas empresas, aquelas com menor capacidade para absorver uma significativa subida de custos sem perda da sua competitividade.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente do conselho de administração da AEP

A intenção de voltar a agravar preços surge num momento marcado por crescentes riscos geopolíticos e as margens de lucro das empresas não financeiras na Zona Euro atingiram, no 1º trimestre de 2024, valores mínimos dos últimos 15 trimestres, segundo dados do Eurostat. É preciso recuar até ao segundo trimestre de 2020 para encontrar uma margem de lucro mais baixa, realça a Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Segundo a associação, “em Portugal, a trajetória descendente ao longo dos últimos trimestres é semelhante, sendo que a agravar a situação está o facto das margens das empresas não financeiras portuguesas serem significativamente mais baixas face às homólogas dos países da Área Euro“, realça Luís Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da AEP.

“Os custos suportados pelas empresas têm aumentando constantemente, devido aos elevados custos de financiamento, aumentos dos salários bem acima da média dos últimos anos e subida do preço das commodities, destacando-se o preço dos fretes marítimos, que aumentou assinalavelmente em função das tensões geopolíticas no Médio Oriente”, explica o presidente do conselho de administração da AEP.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, causou grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia.

Depois da guerra na Ucrânia, a guerra no Médio Oriente – e a escalada das tensões na região entre Israel e o Irão – tem agravado o sentimento nos mercados e conduzido a novas subidas de preços. “Nos últimos dias, a escalada do conflito no Médio Oriente poderá agravar o aumento dos custos de transportes e logística, por via das alterações das rotas e encarecer as matérias-primas e produtos, tal como aconteceu antes”, refere Luís Miguel Ribeiro.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, causou grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia e forçou vários setores a procurar alternativas, não só de transporte, mas também de fornecimento.

Além dos problemas nos transportes, as empresas estão a ser confrontadas com um abrandamento do ambiente económico. “A atividade económica em Portugal tem vindo a desacelerar, fruto de uma conjuntura desfavorável, sendo que em determinados setores de atividade está mesmo em queda”, nota Luís Miguel Ribeiro”, dando como exemplo a indústria transformadora, “visto que assinala uma diminuição do Valor Acrescentado Bruto há seis trimestres consecutivos, que não teve paralelo noutro ramo de atividade, e deve ser encarado com séria preocupação, até pela relevância da indústria transformadora na economia portuguesa via emprego, exportações, investimento, entre outros fatores, de que é exemplo o elevado potencial na área de um modelo económico mais sustentável.”

“Por tudo isto, é natural que em determinados setores de atividade algumas empresas não tenham margem suficiente para absorver os diversos aumentos dos custos descritos anteriormente, pelo que será necessário repercutir esses custos nos preços ao consumidor final”, acrescenta o mesmo responsável.

O presidente da AEP nota que, “caso as empresas optem por absorver a totalidade dos aumentos dos custos, isso agravará a tendência de queda das margens, o que poderá gerar repercussões no mercado de trabalho, um dos pilares da melhoria da prestação da economia portuguesa nos últimos anos.”

As previsões de crescimento para a economia portuguesa apontam para uma subida do produto interno bruto entre 1,5% e cerca de 2%. A estimativa inscrita no Orçamento do Estado para 2024, e no Programa de Estabilidade, aponta para um crescimento de 1,5%, ficando no entanto abaixo das projeções do Banco de Portugal de 2%. Já a Comissão Europeia vê Portugal a crescer 1,7% este ano, enquanto o FMI projeta um crescimento próximo de 2%.

Estas taxas de crescimento ficam aquém da registada no ano passado. Portugal foi das economias que mais cresceu em 2023 entre 27 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ficando em quinto lugar com uma variação do PIB de 2,3%.

Enquanto a economia dá sinais de enfraquecimento, os preços continuam a descer, mas mantêm-se em níveis próximos de 3% – a taxa de inflação homóloga em junho foi de 2,8% – com os produtos energéticos a continuarem a aumentar.

O setor agrícola – europeu e, particularmente, o português – soube sempre adaptar-se e encontrar caminhos para garantir que nenhum alimento faltasse à mesa dos Estados-membros e que a produção fosse escoada.

Luís Mira

Secretário-Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)

Estando o setor agrícola, como qualquer outro, exposto à conjuntura inflacionista, muitas das vezes o efeito só é sentido bastantes meses após o agravamento da inflação. Por outro lado, e como foi possível confirmar durante os anos de pandemia e o primeiro ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o setor agrícola – europeu e, particularmente, o português – soube sempre adaptar-se e encontrar caminhos para garantir que nenhum alimento faltasse à mesa dos Estados-membros e que a produção fosse escoada. Não será diferente desta vez”, explica Luís Mira, Secretário Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal).

Para o representante dos agricultores, “o importante é que se garanta que os apoios aos agricultores portugueses são pagos a tempo e a horas e que a Política Agrícola Comum é ajustada às necessidades e circunstâncias do setor agrícola nacional.

Quanto às oscilações nos custos de produção, Luís Mira refere que “não só levam mais tempo a repercutir-se nos preços de venda do produtor, como também são influenciados por outros fenómenos mais ou menos imprevisíveis e que impactam a produtividade de determinadas colheitas: é exemplo disso o aumento elevado dos preços do azeite, após a campanha passada, muito impactado pela elevada procura espanhola que se fez sentir na sequência da grande quebra de produção no país vizinho”. “Há ainda que ter em conta que, em muitos casos, estamos a falar de commodities, cujos preços não dependem do produto”, conclui.

Apesar das especificidades que influenciam os preços dos produtos agrícolas, certo é que alterações na base da cadeia de abastecimento irão refletir-se nos preços a que chegam os produtos às prateleiras do supermercado.

Questionada pelo ECO, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição preferiu não fazer comentários sobre possíveis subidas de preços no setor da distribuição, argumentando que as suas respostas “poderiam confundir-se com uma intromissão na política comercial dos seus associados, sobre a qual a APED não pode, nem deve, pronunciar-se ou sugerir qualquer tipo ou forma de orientação. Fazê-lo seria extravasar os limites da sua atuação e dos seus próprios fins enquanto associação representativa de mais de 200 empresas de distribuição.”

Mais custos, preços mais baixos

Apesar do aumento de custos para as empresas ser uma realidade, nem todos os setores veem na subida de preços uma solução. Para setores com maior exposição aos mercados externos, agravar preços para os clientes significa perder competitividade e, provavelmente, volume de negócios.

As empresas [da indústria de mobiliário] gostariam muito (de aumentar preços), mas não têm grande margem. Não é fácil fazer aumentos de preços. No mercado francês há alguma restrição e no mercado alemão”, explica Gualter Morgado, diretor-executivo da APIMA (Associação Portuguesa de Indústrias de Mobiliário e Afins).

De acordo com o responsável, o setor tem “vivido com dificuldades no mercado. Há um esforço na diversificação grande na promoção da internacionalização. Criar alternativas aos mercados em dificuldades.”

Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, alerta para problemas que o setor atravessa.

Com o grosso das suas receitas no exterior, o setor do têxtil e vestuário é outro que não tem margem para subir preços. “A competição internacional está extremamente agressiva”, explica Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, acrescentando que “os preços médios até estão a baixar para competir” com outros players nos mercados.

Segundo Mário Jorge Machado, “a agressividade de preços no mercado internacional é enorme“. Ainda assim, reconhece que as empresas têm enfrentado alguns aumentos de custos, nomeadamente associados a aumentos salariais e energia.

“As empresas estão a sacrificar margens para manter volumes de negócios”, refere o presidente da ATP, notando o momento difícil que o setor atravessar e alertando que poderá haver empresas têxteis e do vestuário “que poderão não aguentar” este “esforço extra para manter quota de mercado”, caso a recuperação económica tarde em chegar.

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#5 As férias de Madalena Tomé. Um mergulho com Simone Biles

  • ECO
  • 9 Agosto 2024

CEO da SIBS tem curiosidade em assistir ao documentário "O Regresso de Simone Biles". Vai manter contacto com as equipas nas férias até porque a reta final de ano promete novidades importantes.

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

As férias de Madalena Cascais Tomé incluem a família, os amigos e muitos livros. Mas, em plenos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a CEO da SIBS está com curiosidade em ver o recente documentário sobre “O regresso de Simone Biles”, a ginasta norte-americana que “rompeu com os estereótipos e trouxe para discussão temas muito importantes como a questão da saúde mental em ambiente sob pressão”. Mantém sempre o contacto com as suas equipas, até porque a reta final do ano que traz “novidades importantes” no portefólio da empresa líder nos pagamentos em Portugal.

Que livros, séries e podcasts vai levar na bagagem e porquê?

Livros fazem sempre parte da minha “mala”. De preferência em formato tradicional. Este verão levarei certamente alguns livros de ficção, em particular dois que estou ansiosa por ler, “A elegância do ouriço” de Muriel Barbery, “O Rouxinol” de Kristin Hannah, e “Violeta” de Isabel Allende, por quem me recomendou. Ler um bom livro de ficção é algo que me prende e me distrai em completo, e que só consigo fazer nas férias. Outros livros que seguem comigo são “Of Paradise and Power – America and Europe in the new world order”, de Robert Kagan, um livro ímpar sobre ideais, poder e ética, fundamental para desafiar a nossa perspetiva sobre as relações entre estes dois espaços económicos, e a “A Última Lição de Sobrinho Simões”, escrito por Luís Osório, com reflexões sobre a sabedoria acumulada ao longo de uma vida dedicada ao estudo e à compreensão do mundo. Espero conseguir chegar ao livro “De bom a Excelente”, de Jim Collins, que apesar de não ser recente ainda não consegui ler, mas sobre o qual tenho muita curiosidade uma vez que resulta de um longo trabalho de investigação e análise a cerca de 1.500 empresas para aferir o que as difere para alcançar o sucesso sustentável ao longo dos anos, e também ao livro “Right kind of wrong, the science of failing well”, da Amy Edmondson, baseado em anos de pesquisa abrangendo várias industrias, e que explora a importância do fracasso para a inovação e para o conhecimento.

Sobre podcasts, o “CEO é o Limite” e o “Money Money Money” do Expresso, bem como o “Money Bar”, estão entre a minha lista de podcasts que ouço regularmente. São podcasts enriquecedores e educacionais, têm sempre algo a acrescentar. Também os podcasts “Bloomberg Businessweek” e “TWiT – This Week In Tech” são muito interessante, com perspetivas sobre tendências dos mercados e tecnológicas.

Há alguns filmes e séries, que estou com alguma curiosidade em ver, nomeadamente o documentário recente sobre “O Regresso de Simone Biles”, que mostra como ela marcou o desporto, rompeu com estereótipos e trouxe para discussão temas muito importantes como a questão da saúde mental em ambiente sob pressão.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Nas férias descanso e tenho mais tempo para estar com a minha família e amigos. No entanto, mantenho sempre o contacto com as equipas, é importante que um CEO se mantenha disponível para os temas mais urgentes. Tento aproveitar ao máximo para descansar de forma a “recarrega baterias” e preparar o regresso.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira pessoal?

Totalmente. As férias, sem a azáfama da rotina e do dia-a-dia, com muita praia, sol e mar, são para mim um lugar de descanso e de lazer. Mas são também um bom momento para fazer balanços e refletir sobre o futuro. Volto novamente de férias com uma perspetiva renovada.

Descobrir e inovar consiste em olhar para o mundo e para as questões em aberto e ter a disciplina e energia de pensar diferente e explorar novas soluções. Nas férias existe mais tempo para o fazer. Para além de ter novas experiências e de estar em novos ambientes, que trazem sempre inspiração e novas ideias.

Que temas vão marcar o setor na rentrée?

Considero que os temas que vão marcar a rentrée são já os da ordem do dia mas que estão em constante mudança e atualização, desde a Inteligência Artificial à Cibersegurança. Em setembro muitas das empresas, incluindo a SIBS, vão entrar em ciclo de orçamentação e planeamento, pelo que existirão certamente avaliações de cenários e projeções sobre a evolução da Economia.

A partir de setembro teremos também a visão mais completa sobre novos órgãos e instituições Europeias, e começaremos a ter novamente evoluções na discussão de algumas matérias regulamentares fundamentais, e que poderão moldar o futuro dos serviços digitais na Europa, incluindo o Euro Digital. Na SIBS, teremos novidades importantes até ao final do ano, incluindo novas funcionalidades nas nossas soluções de pagamento e digitalização, e evoluções no contexto dos pagamentos na Europa.

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Itália, Equador e Tailândia dão três golpes contra as transmissões ilegais de futebol na Internet

  • Servimedia
  • 9 Agosto 2024

A LALIGA junta-se a outras competições e organismos europeus que apelam à X para que tome mais medidas na Pluta contra a pirataria.

As autoridades de Itália, do Equador e da Tailândia empreenderam nos últimos dias três importantes ações contra a fraude audiovisual, reforçando a luta que se trava a nível mundial neste domínio para fazer face a um problema que, no caso do futebol espanhol, provoca a perda de cerca de 600 milhões de euros por ano.

De facto, a associação patronal do futebol espanhol juntou-se recentemente a 14 organizações, como a Premier League, a Bundesliga e a Serie A italiana, para enviar uma carta a Linda Yaccarino, CEO da X, a rede social detida por Elon Musk, para exigir “atenção imediata” às “falhas na luta contra a fraude audiovisual” na plataforma e “solicitar urgentemente uma reunião com os seus representantes devido ao que consideramos uma situação inaceitável”. A carta critica ainda “a atitude da X relativamente à remoção de conteúdos ilegais em direto”, porque “é claramente insuficiente e inadequada”.

Este é mais um exemplo dos esforços conjuntos globais que estão a ser desenvolvidos em todo o mundo contra o flagelo da pirataria audiovisual, que a LALIGA lidera em Espanha. Por exemplo, no Equador, foi levada a cabo uma importante operação contra a pirataria em coordenação com vários operadores de Internet, como a Celerity, a Xtrim e a Netlife, que, na sequência de uma resolução judicial, bloquearam vários endereços IP para impedir a difusão de conteúdos audiovisuais ilegais.

Como resultado desta operação, a MagisTV, uma das plataformas “piratas” latino-americanas mais populares a nível internacional, que oferece conteúdos protegidos por direitos de autor roubados de outras fontes em troca de uma assinatura, foi bloqueada no Equador. A plataforma disse em comunicado que, devido ao bloqueio, “não pode oferecer um sinal ao vivo” do conteúdo, reconhecendo que se trata de um “serviço ilegal de IPTV”, o que pode “levar a este tipo de inconveniência” para os seus utilizadores.

A LigaPro, congénere da LALIGA no Equador, emitiu outro comunicado em que se congratula com esta ação, depois de ter sido vítima de uma fraude que “causa muitos danos à indústria do futebol e, por conseguinte, aos nossos clubes e jogadores”.

Entretanto, o Departamento de Investigações Especiais (DSI) da Tailândia descobriu uma rede ilegal de streaming e apostas em linha. As autoridades tailandesas acreditam que a rede utilizava uma lavagem de carros como cobertura para transmitir jogos de futebol no estrangeiro para os seus 30.000 membros, causando prejuízos superiores a 74,7 milhões de euros, de acordo com os meios de comunicação social locais.

Neste contexto, os detidos foram acusados de violação dos direitos de transmissão do último campeonato europeu de futebol na Alemanha e de branqueamento de capitais.

Segundo o meio de comunicação social italiano Repubblica, a autoridade para a garantia das comunicações em Itália (Agcom) quer obrigar a Google a introduzir mais medidas de luta contra a fraude audiovisual. Neste contexto, pede à empresa americana que limite a pesquisa de sítios que ofereçam serviços de IPTV em território italiano. Uma ação contra este tipo de sítios foi também implementada no passado pelo Reino Unido.

Para tentar evitar este tipo de roubo, a Itália, um dos países com uma das legislações mais avançadas em matéria de luta contra a fraude audiovisual, lançou o sistema Piracy Shield, que permite bloquear as retransmissões nos 30 minutos seguintes ao envio de um aviso pelo organismo governamental correspondente aos operadores que alojam os conteúdos ilegais em streaming.

Estas últimas operações levadas a cabo em vários países marcam a luta contra a fraude audiovisual a nível internacional, evitando assim riscos para os utilizadores, como no caso daqueles que contratam serviços ilegais contra pagamento.

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Arranca a nova época de futebol. E as marcas também entram em jogo

A dar nome às competições ou a "colocar" o seu logótipo nas camisolas dos clubes de futebol, o que têm as marcas a ganhar com os seus patrocínios no mundo do futebol português?

O pontapé de saída para a nova época do futebol português é dado esta sexta-feira, com o confronto entre o campeão em título Sporting CP e o Rio Ave, mas não são só as equipas que “entram em campo”. Muitas são as marcas que fazem questão de não serem apanhadas fora de jogo, associando-se tanto às competições – e até dando-lhes nome – como aos clubes de futebol.

Uma aproximação e envolvimento com o público, o aumento da notoriedade e visibilidade da marca, a possibilidade de comunicar mais criativamente ou o fortalecimento da presença no mercado são alguns dos benefícios que as marcas apontam para se associarem ao mundo desportivo do futebol português. Mas há outros fatores que explicam a associação das marcas, como a demonstração de apoio ao desporto nacional ou a promoção de iniciativas de responsabilidade social.

Para a Liga Portugal – entidade organizadora da Liga Portugal Betclic (primeira liga), Liga Portugal Meu Super (segunda liga) ou Allianz CUP (taça da liga) – estes patrocínios “têm uma importância fulcral ao nível do posicionamento e fortalecimento da marca Liga Portugal e das suas competições”, existindo “uma partilha de valores entre a marca Liga Portugal e os seus parceiros que sai reforçada com estas parcerias”, explica João Medeiros Cardoso, diretor-geral da Liga Portugal Comercial.

João Medeiros Cardoso, diretor-geral da Liga Portugal Comercial.

“Adicionalmente, o facto de termos marcas de referência tanto a nível nacional como a nível internacional, com estratégias de comunicação e ativação diferenciadas, permite que a marca Liga Portugal e as suas competições cheguem a um público extremamente abrangente e diversificado. Este é um aspeto fundamental para afirmar o futebol e as competições organizadas pela Liga Portugal enquanto indústria de entretenimento transversal a várias gerações e setores“, acrescenta.

O que têm as marcas a ganhar?

Por parte da Betclic – que dá nome à primeira liga portuguesa -, Ricardo Domingues, diretor de mercados internacionais, começa por referir que o posicionamento estratégico da marca de apostas desportivas não passa apenas por apoiar o futebol mas sim por “estar lado a lado com o desporto português“, pelo que a marca é também patrocinadora das ligas masculinas e femininas de Basquetebol.

Mas esta parceria tem “dado oportunidade para comunicar de forma ainda mais criativa“, revela Ricardo Domingues, quer seja através das campanhas regulares da marca ou com novas ações criadas para ativar o patrocínio.

No entanto, “o atual naming da competição [Liga Portugal Betclic] não é o melhor para o recall da marca“, observa, apontando que “LP Betclic” ou “Liga Betclic” parecem designações “bastante mais impactantes que o nome oficial”. Esta é, aliás, uma reflexão que a marca já está a fazer, mas a garantia dada por Ricardo Domingues é a de que “a Betclic é um parceiro ativo do futebol português e que tudo fará para contribuir de forma positiva para o desporto nacional”.

Ricardo Domingues, diretor de mercados internacionais da Betclic

Já a Allianz, que dá nome à taça da Liga (Allianz CUP) desde 2018, considera que a parceria reflete o seu compromisso com o desporto e a comunidade, “reforçando a marca Allianz junto de um público vasto e diversificado“.

“Investimos neste patrocínio porque acreditamos nos valores que o desporto representa, tais como a determinação, o trabalho em equipa e a excelência – valores que também são fundamentais para a Allianz”, explica José Francisco Neves, diretor de marketing da Allianz Portugal, que faz um balanço “extremamente positivo” deste investimento.

A Allianz CUP “não só nos proporciona uma plataforma para aumentar a nossa visibilidade, notoriedade e reconhecimento de marca, mas também nos permite envolver de forma significativa com os nossos clientes, parceiros e a comunidade em geral. Este patrocínio tem sido uma excelente oportunidade para fortalecer a nossa presença no mercado e para demonstrar o nosso apoio contínuo ao desporto e à cultura em Portugal“.

“Quando nos associamos ao desporto nacional estamos presentes onde os portugueses estão e, nestes casos, ligados de uma forma mais lúdica e descontraída, derrubando assim algumas barreiras muitas vezes associadas à atividade seguradora“, acrescenta.

De uma forma genérica, “o potencial para as marcas patrocinadoras deste tipo de competições é enorme“, uma vez que “as competições desportivas, especialmente aquelas com grande visibilidade mediática, oferecem uma exposição significativa e a oportunidade de se conectarem com um público diversificado”, bem como “proporcionam um excelente retorno sobre o investimento em termos de marketing e comunicação, ajudando a diferenciar a marca num mercado competitivo“, diz ainda José Francisco Neves.

José Francisco Neves, diretor de marketing da Allianz Portugal

Mas para lá do apoio e naming de competições, muitas marcas apostam também em patrocinar os clubes de futebol.

A Betano, por exemplo, é patrocinadora do Sporting CP, FC Porto e SL Benfica desde a época 2021/22, sendo a marca que aparece na parte da frente dos equipamentos dos leões e dos dragões. O balanço feito destas relações “é muito positivo”, sendo que a marca “tem vindo ao longo do tempo a ganhar preponderância como patrocinadora em cada um dos clubes, sendo hoje, destacadamente, uma das principais marcas no território do futebol”, diz José Almeida, marketing manager da Betano Portugal.

“Do ponto de vista do negócio, estes patrocínios permitem-nos melhorar a experiência dos nossos clientes, uma vez que nos disponibilizam ferramentas e experiências premium que valorizam a experiência de entretenimento de quem nos segue“, refere o responsável.

José Almeida aponta ainda um objetivo “muito relevante” para o patrocínio, relacionado com o “aumento dos índices de notoriedade da marca“, em particular junto dos adeptos de futebol que são o público-alvo preferencial da marca.

“E, claro, existe também uma dimensão muito relevante relacionada com o impacto que estes patrocínios têm na imagem da Betano, nomeadamente a associação a determinados atributos que vêm fortalecer o nosso posicionamento“, acrescenta.

José Almeida, marketing manager da Betano Portugal

Já a Emirates, patrocinadora oficial do Benfica desde o início da temporada 2015/16, diz que o seu patrocínio ao clube da Luz demonstra o “compromisso com o país e com as comunidades locais“, e que o mesmo permite “conectar e envolver uma base de adeptos estimada em 14 milhões que vêm de todo o mundo para apoiar as Águias”.

De uma forma mais genérica, a Emirates refere que o seu portefólio de patrocínios permite uma interação com o público global e uma aproximação às pessoas. “O futebol é um desporto verdadeiramente global que sempre foi uma parte importante da nossa carteira de patrocínios, uma vez que somos patrocinadores oficiais de algumas das melhores clube do mundo. No caso de Portugal, o nosso objetivo é aproximarmo-nos dos milhões de sócios e adeptos portugueses para desfrutarmos, em conjunto, de paixões partilhadas“, diz David Quito, country manager da Emirates em Portugal.

David Quito, country manager da Emirates em Portugal

Em jeito de síntese, o diretor-geral da Liga Portugal Comercial considera que os patrocinadores encontram na Liga Portugal a “oportunidade de gerar notoriedade para as suas marcas“. No entanto, as mais-valias “vão muito para além desse aspeto”.

“Hoje as parcerias comerciais entre a Liga Portugal e as marcas patrocinadoras contemplam um conjunto de ativos que podem ser rentabilizados através da estratégia de comunicação e ativação destas marcas, gerando o esperado retorno para as mesmas. Ativos relacionados com experiências e conteúdos que permitem criar laços emocionais entre a marca e os seus consumidores que, no final do dia, são os nossos adeptos”, acrescenta João Medeiros Cardoso.

Como vão ser ativados estes patrocínios?

“Tal como temos vindo a fazer em todas as épocas, durante a próxima final four, pretendemos proporcionar momentos de celebração que vão muito além dos jogos que decorrem no relvado“, começa por referir José Francisco Neves. Nesse sentido, a Allianz vai promover momentos entre os seus colaboradores, para as famílias e adeptos, bem como “diversas atividades que acontecem na Fan Zone, durante aquela que já é considerada ‘a semana do futebol’, na cidade de Leiria”.

A Allianz vai também voltar “a converter golos em ações de responsabilidade social“. Todos os anos a marca tem feito uma ativação com ligação direta ao futebol onde converte os golos marcados durante a final four da competição em ações de responsabilidade social. Esta ação já possibilitou a reflorestação de florestas ardidas ou a entrega de alimentos para o Banco Alimentar e de tricicletas para o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA).

“Além disso, levámos pessoas com incapacidades ao estádio, criámos momentos únicos durante a entrada dos jogadores em campo com idosos e crianças em contexto mais desfavorecido. Este tipo de ações serão sempre oportunidades para refazer ou fazer mais e melhor, durante as próximas épocas“, acrescenta o diretor de marketing da Allianz Portugal.

“Não pretendemos revelar as surpresas que estamos a preparar, mas podemos assegurar que continuaremos a manter o nosso ADN para amplificar todas as nossas ações no âmbito deste patrocínio“, diz por sua vez Ricardo Domingues, diretor de mercados internacionais da Betclic.

Além de ter o seu logótipo estampado nas camisolas do equipamento do clube das águias, a Emirates diz desfrutar da “imensa visibilidade de marca no Estádio do Sport Lisboa e Benfica”, tendo também direito a “ações promocionais – como os ‘Match Day Sponsors‘ e outras – nos minutos que antecedem os jogos no Estádio da Luz“.

Além disso, a marca dispõe da “possibilidade de capitalizar oportunidades de marketing nas plataformas de media do Benfica“, sendo que a companhia aérea “também recebe direitos de acesso aos jogadores e de hospitalidade interativa“, explica David Quito.

Por parte da Betano, José Almeida diz que a marca é “um patrocinador muito ativo, que trabalha de forma muito próxima com os clubes e que procura inovar constantemente nas várias iniciativas” que desenvolve ao longo do ano, mas não adianta que ativações podem ser esperadas este ano.

Ao invés disso, recorda, a título de exemplo, a campanha “Um amor partilhado”, desenvolvida na época passada, assim como “dezenas de ativações dentro e fora dos estádios” e colaborações com os clubes em “diversas iniciativas de responsabilidade social, como o novo espaço sensorial no Estádio do Dragão ou a celebração do dia Internacional das Línguas Gestuais”.

Quanto ao investimento…

Nenhuma das marcas revelou qual o investimento feito no âmbito dos seus patrocínios. No entanto, Ricardo Domingues, por parte da Betclic, refere que, no momento do acordo a três anos feito com a Liga Portugal, foi anunciado que esse “seria o patrocínio mais completo na história do futebol português” e que essa “continua a ser uma realidade”. O responsável acrescenta ainda que a marca tem vindo a reforçar o investimento no sentido de ser “uma das principais marcas no ecossistema desportivo em Portugal”.

Esta informação é corroborada por parte da Liga Portugal, com João Medeiros Cardoso a avançar que neste momento tem lugar o “mais robusto acordo de naming sponsor celebrado em Portugal (Liga Portugal Betclic)”, assim como “o acordo de naming sponsor com maior longevidade em Portugal (Allianz CUP)”.

Além disso, foi celebrado este ano um novo acordo de naming sponsor para a segunda liga, que se passou a designar “Liga Portugal 2 Meu Super” – com a rede de supermercados a suceder à Sabseg que dava nome à competição desde 2020 – “o que evidencia a atratividade deste tipo de acordos para as marcas patrocinadoras“, acrescenta o responsável.

O +M também contactou o Meu Super, mas não conseguiu obter respostas até ao momento da publicação deste artigo.

Entre as outras principais patrocinadoras da Liga Portugal encontram-se marcas como Abanca, Puma, Continente, Super Bock, Kinto, Solinca, Domino’s, Under Blue, Skoiy ou Leroy Merlin.

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Preços do gás atingem máximos, mas analistas antecipam alívio

Das temperaturas mais quentes a tensões geopolíticas, são vários os motivos para os preços do gás estarem a subir. Mas uma maior oferta deverá trazer alívio no médio prazo.

Os preços do gás natural na Europa têm vindo a subir nos últimos meses e atingiram, esta quinta-feira, o valor mais elevado desde o final do ano passado. Os analistas contactados pelo ECO/Capital Verde apontam riscos que colocam pressão sobre a cotação do gás nos próximos meses, pelo que podem existir mais subidas. No entanto, veem um cenário de maior alívio no médio prazo.

Os contratos futuros de gás natural que são referência na Europa, os holandeses Title Transfer Facility (TTF), atingiram os 38,451 euros por megawatt-hora (MWh) esta quinta-feira. Esta fasquia está muito longe do registado no pico da crise energética, em 2022, quando os mesmos contratos chegaram a fechar nos 172 euros por MWh, nesse mês de agosto.

“Poderemos afirmar que a cotação do gás natural na Europa está atualmente sujeita a diversas pressões ascendentes. (…) No curto prazo espera-se que os preços permaneçam voláteis e tendam a subir“, escreve João Queiroz, responsável de trading do Banco Carregosa, em resposta ao ECO/Capital Verde. Também Henrique Tomé, analista da corretora XTB, considera que situações de tensão no leste da Europa podem “trazer momentos de maior volatilidade nos preços”. No entanto, “espera-se que essa volatilidade seja limitada a curto prazo“, remata.

Gráfico da plataforma ICE (ice.com)

O episódio que mais recentemente trouxe inquietação aos mercados foi a alegada tomada de controlo, por parte de militares ucranianos, de uma infraestrutura por onde o gás russo passa para abastecer a Europa, na cidade ucraniana de Sudzha. De acordo com a Reuters, que cita analistas da Energy Aspects, “há o risco de que a Gazprom use o conflito como desculpa para cortar o fornecimento”. Ainda assim, as autoridades ucranianas afirmam que os fluxos de gás vindos da Rússia se mantêm, para já, constantes.

O atual acordo de trânsito de gás entre a Rússia e a Ucrânia expira no final de 2024, o que adiciona um “risco significativo” de aumento de preços no caso de uma interrupção no fornecimento”, continua Queiroz. “As autoridades europeias negoceiam para tentar manter o fluxo de gás após o vencimento do acordo, mas ainda não existe qualquer probabilidade de sucesso”, remata.

Além disso, a Noruega, atualmente o principal fornecedor da Europa, está prestes a entrar num período mais intenso de manutenção, já no final de agosto. “Qualquer trabalho adicional não esperado nem planeado teria impacto na volatilidade dos preços. Durante os períodos de manutenção, a capacidade de exportação é mais reduzida, não existindo margem para acomodar eventuais ajustes que resultem num acréscimo da procura”, alerta Queiroz.

EPA/INGO WAGNEREPA/INGO WAGNER

Assim, nos próximos três a seis meses, existe uma “relevante probabilidade” dos preços estarem “suportados e voláteis devido aos riscos contínuos de interrupção no fornecimento através da Ucrânia e às manutenções na Noruega” identifica o responsável de trading no Banco Carregosa. O preço de referência na Holanda já subiu aproximadamente de 40% desde abril. Os preços podem variar, neste mesmo horizonte, 35 e 45 euros por megawatt-hora, prevê João Queiroz, “dependendo da severidade das interrupções e das condições climatéricas”.

Clima, Médio Oriente e mais procura preocupam

Mas o que justifica a tendência ascendente que já se verificava antes da instabilidade na cidade ucraniana? O crescendo é, em parte, justificado pela recuperação mais lata dos mercados acionistas, enquadra João Queiroz. “Tendo em conta que os preços estão a ser negociados em valores tão baixos, poderá haver sempre momentos de recuperação”, corrobora Henrique Tomé, que destaca que os preços estão 90% abaixo dos picos de 2022.

Há ainda que ter em conta o habitual efeito de sazonalidade. “Durante o período do verão, é normal verificarmos a recuperação nos preços das matérias-primas energéticas”, aponta o analista da XTB. Queiroz indica mesmo que o clima mais quente do que o normal na Europa e na Ásia aumentou a procura por gás natural para a produção de eletricidade, especialmente para arrefecimento de ar ambiente.

"Durante o período do verão, é normal verificarmos a recuperação nos preços das matérias-primas energéticas.”

Henrique Tomé

Analista da XTB

Mas a geopolítica também já estava a fazer a sua parte antes deste episódio na Ucrânia entrar em jogo: o conflito no Médio Oriente tem riscos de fornecimento associados. O escalar das tensões entre Israel e grupos como o Hezbollah, assim como a instabilidade em torno do Estreito de Ormuz, “aumentam o potencial de risco de interrupções no fornecimento de gás”, aponta o mesmo responsável do Banco Carregosa. Ao mesmo tempo, diversas unidades globais de gás natural liquefeito, incluindo na Malásia e Austrália, estão a operar com capacidade reduzida, “o que constrange ainda mais a oferta”.

Do lado da procura, a Europa está a competir com a Ásia por gás natural liquefeito (GNL) e as importações europeias estão mais baixas. A pesar nas contas está ainda a “elevada procura” do Japão e da Coreia do Sul numa altura em que a oferta não aumentou.

Economia mais fraca e reservas maiores retiram pressão

A aliviar a pressão em torno dos preços do gás estão essencialmente dois fatores: as previsões de aumento da oferta e a provável queda da procura, decorrente do abrandamento económico.

Devemos esperar um maior aumento dos inventários num futuro próximo e ainda há espaço para mais quedas no preço“, afirma Henrique Tomé. A 12 meses, a capacidade de reabastecer os inventários durante o verão de 2025 pode não ser tão limitada”, considerando os contributos dos EUA e do Qatar, explica João Queiroz. “Os EUA e o Qatar têm-se posicionado para serem os maiores contribuidores da Europa e globais a partir de meados de 2025 o que poderá mitigar o potencial de valorização desta mercadorias a médio prazo”, afirma.

"Os EUA e o Qatar têm-se posicionado para serem os maiores contribuidores da Europa e globais a partir de meados de 2025 o que poderá mitigar o potencial de valorização desta mercadorias a médio prazo.”

João Queiroz

Responsável de Trading no Banco Carregosa

Por outro lado, tem sido recorrentes os sinais de abrandamento económico na economia global e as matérias-primas energéticas como o gás ou o petróleo são vulneráveis a estas mudanças. “Ora, se tivermos em conta o cenário em que o abrandamento económico deverá permanecer, ou até mesmo intensificar-se, estes tipos de matérias-primas ficarão expostas a momentos de novas pressões de baixa nos preços”, prevê Henrique Tomé.

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Salário líquido tem a maior subida de sempre, mas ainda perde dois euros por ano para a inflação

Ordenado médio líquido dos trabalhadores dependentes subiu, em termos reais, 6,12% para 1.137 euros no segundo trimestre, mas ainda está a contrair 0,18% por ano devido ao aumento do custo de vida.

O salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem fixou-se em 1.137 euros no segundo trimestre, a maior subida homóloga de sempre, quer em termos nominais (8,91%), quer em termos reais (6,12%), mas ainda não recuperou o poder de compra de 2021 que foi ceifado pela onda inflacionista, segundo as contas do ECO com base nos novos dados publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), juntamente com as estatísticas do emprego.

Desde 2011, início da série estatística do INE, que o ordenado médio líquido do trabalho dependente, já depois dos descontos para o IRS e contribuições sociais, não subia tanto. No segundo trimestre, aumentou 8,91%, de 1.044 euros para 1.137 euros, na comparação com o mesmo período do ano passado. Descontando a inflação de junho, que se cifrou em 2,79%, o crescimento real dos salários médios líquidos foi de 6,12%.

Apesar disso, os vencimentos ainda não superaram a crise inflacionista, pelo que ainda estão a contrair 0,18% por ano desde 2021. Isto significa uma desvalorização de cerca de dois euros anuais num ordenado médio líquido de 1.137 euros por mês.

Os dados mais recentes do INE revelam ainda que, pela primeira vez, no último ano, os salários das mulheres subiram mais do que os dos homens em termos percentuais. No segundo trimestre, o vencimento líquido das trabalhadoras por conta de outrem teve um aumento de 87 euros face ao período homólogo, passando de 959 para 1.049 euros, o que corresponde a uma subida de 9,07% em termos nominais e de 6,28% em termos reais, isto é, descontando o impacto da inflação. Já o salário dos trabalhadores cresceu 102 euros, de 1.135 para 1.237 euros mensais, o que traduz uma variação nominal de 8,99% e real de 6,20%.

Tanto homens como mulheres ainda não conseguiram recuperar o poder de compra de 2021, sendo que as trabalhadoras saem mais penalizadas neste campo: enquanto o salário real dos homens regista uma correção anual média de 0,08% desde o segundo trimestre de 2021, o que representa uma perda de 0,99 euros, o salário real das mulheres regista uma contração anual média de 0,27%, isto é, de 2,83 euros, desde então.

Maiores aumentos para militares e agricultores

Analisando a variação das remunerações médias líquidas por grupos de profissões, o INE mostra que, no segundo trimestre do ano, a classe das Forças Armadas continua a beneficiar do maior incremento salarial. A folha de vencimento destes profissionais subiu de 1.285 euros para 1.516 euros, um aumento de de 231 euros, o que corresponde a um crescimento homólogo de 17,98%.

Em termos reais, e descontando o impacto da inflação de 2,79%, o impulso no ordenado foi inferior, de 15,19%, cerca de 2,5 vezes acima da média nacional (6,12%). Ainda assim, conseguiram recuperar o poder de compra de 2021. Olhando para os últimos três anos, a folha e vencimento destes profissionais estava a subir, anualmente, 3,77%.

No ranking dos maiores aumentos, surge, em segundo lugar, o grupo dos agricultores e pescadores. Estes trabalhadores auferiam, em média, 853 euros, no segundo trimestre, o que traduz um crescimento de 100 euros, ou de 13,28%, face ao salário de 753 euros que ganhavam no mesmo período do ano passado.

Se subtrairmos o efeito da inflação, o aumento salarial destes profissionais é menos expressivo: 10,49%. Mas, tal como nas Forças Armadas, os agricultores e pescadores não sofreram perdas devido ao impacto da inflação. Desde 2021 que os seus ordenados médios líquidos estão a subir 2,99% por ano.

A completar o pódio dos maiores aumentos estão os técnicos de nível intermédio, que tiveram um incremento salarial de 108 euros, ou de 9,74%, o que elevou o ordenado de 1.109 para 1.217. Em termos reais a subida foi de 6,95%. Também neste caso, houve recuperação do poder de compra com estes profissionais a ganhar 0,39% por ano desde 2021.

Trabalhadores não qualificados e da montagem com subidas salariais mais modestas

Em sentido oposto, os grupos profissionais com aumentos salariais menos significativos, em termos homólogos, foram os trabalhadores não qualificados. Entre abril e junho, o vencimento destes profissionais alcançou 689 euros, uma subida de 3,45%, ou de 23 euros, face ao ordenado de 666 euros registado um ano antes. Contabilizando o impacto do Índice de Preços no Consumidor (IPC), o incremento salarial recua para 0,66%. Esta classe de trabalhadores não conseguiu superar a onda inflacionista. Desde 2021 que estes funcionários estão a perder anualmente 0,13% do seu salário.

Os operadores de máquina e de montagem e os administrativos completam a lista das três classes profissionais com crescimentos remuneratórios mais modestos.

No caso dos trabalhadores de montagem, o ordenado deu um salto de 52 euros, ou 5,6%, evoluindo de 929 euros para 981 euros. Em termos reais, a subida foi de apenas 2,81%. No entanto, e ao contrário dos trabalhadores não qualificados, estes profissionais viram o salário ganhar poder de compra desde 2021 ao beneficiar de um incremento anual de 1,38%.

O pessoal administrativo teve direito a um aumento de 66 euros ou de 7,45%, o que elevou o ordenado médio líquido de 886 para 952 euros. Em termos reais, a trajetória foi inferior, de 4,66%. Ainda assim, têm conseguido recuperar o poder de compra, uma vez que o ordenado está a evoluir positivamente em 0,35% por ano.

Quase todas as classes profissionais conseguiram recuperar o poder de compra de 2021, exceto os especialistas das atividades intelectuais e científicas, onde se enquadram os professores e médicos, os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores e os trabalhadores não qualificados, que viram o ordenado encolher anualmente 0,38% 0,34% e 0,13%, respetivamente.

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Marcelo diz que havia “expectativas muito altas” sobre plano para a saúde

  • Lusa
  • 8 Agosto 2024

O Presidente da República vê como um "caso de sucesso pleno" a resolução das listas de espera de cirurgia para doentes oncológicos que ultrapassaram o tempo máximo recomendado.

O Presidente da República considerou esta quinta-feira que foram criadas “expectativas muito altas” quanto ao plano de emergência do Governo para a saúde e disse esperar que os constrangimentos nas urgências deste ano “não se repitam” no próximo.

“Sendo certo que era um plano para dois anos, faseado ao longo de dois anos, criou expectativas muito altas quanto ao calendário fixado. E as pessoas, naturalmente, pensaram que esse plano de emergência poderia ser todo cumprido ao mesmo ritmo e ser cumprido não em dois anos, faseadamente, mas em poucas semanas ou em poucos meses, sobretudo calhando no período que é um período sempre complicado, como é o verão”, salientou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas, ao lado do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que visitaram o hospital Santa Maria, em Lisboa. Marcelo disse ver como um “caso de sucesso pleno” a resolução das listas de espera de cirurgia para doentes oncológicos que ultrapassaram o tempo máximo recomendado, uma das 54 medidas do plano de emergência para a saúde do Governo PSD/CDS-PP.

Para o Presidente da República, o que importa “é ir acompanhando agora as várias outras medidas para ver se é possível, e se é possível dentro de que prazos – e naturalmente que o Governo quererá que seja rápido as circunstâncias podem permitir que seja mais rápido ou menos rápido – em que medida é que o calendário é cumprido, em algumas medidas ou noutras medidas”.

Interrogado sobre a alegada recusa do hospital das Caldas da Rainha em atender uma grávida que tinha sofrido um aborto espontâneo, o chefe de Estado recusou-se a comentar casos concretos e lembrou que estão a decorrer averiguações. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que é “uma exigência e um desafio” que as causas que levam “à capacidade de resposta das urgências mudem para melhor o mais rapidamente possível”, salientando que alguns pacientes que recorrem a serviços de urgência “deviam ser tratados nos cuidados primários”.

O chefe de Estado acrescentou que, nalguns casos, as urgências não têm “capacidade para corresponder igualmente por todo o país às necessidades dos portugueses”.

“Ora, bom, tudo isso preocupa os portugueses, tudo isso preocupa o Governo, tudo isso preocupa as oposições, tudo isso preocupa o Presidente da República, no sentido de que é preciso encontrar soluções o mais rápido possível para que a situação não se verifique no ano que vem. E eu ouvi a senhora ministra [da Saúde] dizer que para o ano, espero bem, que aquilo que se vive este ano já não seja vivido. A senhora ministra espera e eu espero”, afirmou.

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Trump propõe três debates televisivos com Kamala Harris em setembro

  • Lusa
  • 8 Agosto 2024

“Acordámos com a [estação de televisão) Fox para 4 de setembro, com a NBC (…) para 10 de setembro e com a ABC para 25 de setembro”, declarou o republicano.

O candidato republicano às eleições presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump, propôs esta quinta-feira a realização em setembro de três debates televisivos com a adversária democrata, Kamala Harris, após o abandono da corrida pelo Presidente em exercício, Joe Biden.

“Acordámos com a [estação de televisão) Fox para 4 de setembro, com a NBC (…) para 10 de setembro e com a ABC para 25 de setembro”, declarou Trump, numa conferência de imprensa que está a dar em Mar-a-Lago, a sua propriedade no Estado da Florida.

Espero que ela aceite”, acrescentou o ex-presidente norte-americano (2017-2021), naquela que é a sua primeira aparição pública desde que a atual vice-presidente do país, Kamala Harris, se tornou a candidata presidencial do Partido Democrata e escolheu o governador do Minnesota, Tim Walz, como seu candidato a vice-presidente.

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Governo cria Estrutura de Missão para a Comunicação Social

  • Lusa
  • 8 Agosto 2024

O #PortugalMediaLab vai assegurar a coordenação da execução e monitorização das políticas públicas no domínio da comunicação social, apoiando a conceção e concretização do Plano de Ação para os Media.

O Governo decidiu criar uma Estrutura de Missão para a Comunicação Social para “assegurar a coordenação da execução e a monitorização das políticas públicas” nesta área, tendo aprovado esta quinta-feira a resolução de Conselho de Ministros.

Esta estrutura de missão, designada por #PortugalMediaLab, “tem a missão de assegurar a coordenação da execução e a monitorização das políticas públicas no domínio da comunicação social, apoiando a conceção e a concretização do Plano de Ação para os Media“, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

O plano de ação “será posteriormente aprovado em Conselho de Ministros, assim como o Plano Nacional para a Literacia Mediática”.

A medida foi anunciada esta quinta-feira pelo ministro da Presidência na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, onde explicou que esta “é a estrutura operacional que apoia o Governo para as políticas de comunicação social, é criada a partir do serviço que hoje está integrado na secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros, que vai ser extinta neste outono”.

Para o Governo, “faz sentido que as políticas da comunicação social tenham uma entidade específica e especializada que se encarrega de, com os recursos que existem hoje – ou seja não há criação de mais despesa -, ter uma condução de política específica”, disse António Leitão Amaro.

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Carlos Mineiro Aires renuncia a presidente do Conselho Superior de Obras Públicas

  • ECO
  • 8 Agosto 2024

O presidente do Conselho Superior de Obras Públicas sai do cargo a 1 de setembro de 2024, sem sequer ter cumprido meio mandato.

Carlos Mineiro Aires está de saída da presidência do Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP), segundo o comunicado do Conselho de Ministros, divulgado esta quinta-feira. O Governo aceitou o “pedido de renúncia ao mandato”, indica a nota, acrescentando que a decisão produz efeitos “a 1 de setembro de 2024”.

Mineiro Aires tinha sido designado para o cargo em julho de 2022 para um mandato de cinco anos, que podia ser renovável por uma única vez. O comunicado não justifica a razão da renúncia.

O engenheiro, de 72 anos, preside ainda à comissão de acompanhamento da Comissão Técnica Independente para a ampliação da capacidade aeroportuária da região de Lisboa. Em março deste ano, em declarações aos jornalistas, disse que Luís Montenegro “não pode ser permeável a pressões de uma companhia estrangeira [ANA] a operar em Portugal com um contrato que prejudica os interesses nacionais”. E considerou ainda que “a pressão feita” por José Luís Arnaut, presidente da ANA, a Montenegro “até limita gravemente a atuação do primeiro-ministro”.

O CSOP, criado em 2018, é um “órgão independente de consulta em matéria de infraestruturas, designadamente aeroportuárias, rodoviárias, ferroviárias, portuárias, ambientais, energéticas e de comunicações”. A principal missão é ajudar o Governo “na tomada de decisões sobre os programas de investimento e projetos de grande relevância, cabendo-lhe emitir parecer de caráter técnico, económico e financeiro sobre os projetos que sejam submetidos à sua apreciação”.

 

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Empresa californiana investe 25 milhões em nova base logística em Santarém

  • Lusa
  • 8 Agosto 2024

O projeto da Panattoni prevê a construção de um armazém multi-inquilino com uma superfície bruta alugável de 34.344 metros quadrados e contará com 48 docas de carga e descarga.

Uma empresa californiana vai investir 25 milhões de euros na construção de uma base logística no município de Santarém, junto ao acesso à autoestrada 1 (A1), com a conclusão do projeto prevista para o terceiro trimestre de 2025.

O projeto da Panattoni prevê a construção de um armazém multi-inquilino com uma superfície bruta alugável de 34.344 metros quadrados e contará com 48 docas de carga e descarga, 35 metros de cais de manobra, altura livre de 10,6 metros e potência elétrica de 800 kW em todo o parque. Em declarações à Lusa, Pedro Almeida, sócio gerente do Fort Projects, empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto, a nova infraestrutura terá um “impacto muito significativo” na região de Santarém, nomeadamente na criação de novos postos de trabalho.

“Estamos a falar de dezenas de postos de trabalho e vai beneficiar também empresas mais pequenas localizadas nesta região. No meu ponto de vista, este projeto poderá ser uma referência para novas construções na região”, defendeu. Segundo o responsável, os locais onde normalmente costumam ser construídas estas plataformas logísticas “estavam esgotados” e iniciou-se uma procura por novas localizações, tendo Santarém surgido como uma localização “estratégica” devido às acessibilidades.

“Estas plataformas têm de estar próximas das autoestradas, caso contrário têm um impacto muito significativo nas populações. Santarém, desse ponto de vista, é excelente porque tem um acesso direto à autoestrada”, afirmou. No site oficial da Panattoni é referido que o município de Santarém foi escolhido por estar “estrategicamente situado” junto à A1 e pela sua proximidade a Azambuja, “onde se encontram as maiores plataformas logísticas do país”.

Também em declarações à Lusa, o vice-presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Leite, adiantou que o concelho “está a ser cada vez mais procurado pelas empresas pela sua localização geográfica” e é “muito requisitado pela componente industrial”. Sobre este projeto em concreto, o autarca salientou que irá criar riqueza e ajudará a “fixar pessoas na região”, através de novos postos de trabalho.

Segundo a empresa, o projeto “já começou com o início da fase de movimentação de terras e prevê-se que esteja pronto no terceiro trimestre de 2025”. Este é o terceiro projeto da empresa californiana em Portugal, que tem atualmente duas construções em desenvolvimento, em Valongo (distrito do Porto) e em Santa Iria de Azoia (distrito de Lisboa).

A Panattoni é uma empresas privada de promotores imobiliários criada em 1986 na Califórnia, nos Estados Unidos da América, e desde 2005 que opera na Europa.

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Ministro da Agricultura não quer regiões “umas contra as outras” por destilação do vinho

  • Lusa
  • 8 Agosto 2024

"Não quero andar aqui a pôr as regiões umas contra as outras, mas é verdade que a produção de vinho numa região é diferente da de outra região", referiu José Manuel Fernandes.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, disse esta quinta-feira que não quer “andar a pôr as regiões umas contra as outras” devido ao preço por litro da destilação do vinho, admitindo que há diferenças na produção.

O governante, que visitou a fábrica de conservas Ramirez, em Matosinhos, respondeu assim a críticas sobre o preço aplicado à destilação do vinho, um método para aproveitar o álcool da produção, que está com elevados stocks e dificuldades de escoamento. A Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (Fenadegas) contestou o preço pago pelo litro de vinho destilado, notando ser um “total desrespeito” pelas denominações de origem, e antecipou a revolta dos agricultores.

“Eu não quero andar aqui a pôr as regiões umas contra as outras, mas é verdade que a produção de vinho numa região é diferente da de outra região”, referiu. “Se perguntar a uma região se aceitava que o que ela paga e que está cativado pudesse ir para outra, tenho dúvidas que houvesse essa aceitação e é impossível termos um algoritmo que traduzisse com absoluta justiça” aquilo que é “o preço por litro”.

O governante lembrou que Portugal conseguiu 15 milhões de euros provenientes de verbas europeias para apoiar neste esforço, sendo que, o diploma que foi publicado em Diário da República, em 5 de agosto, que define as normas de execução do apoio em causa, determina que todo o vinho a destilar seria pago a 0,42 euros por litro.

O ministro disse ainda que, em relação ao Douro, onde também se têm registado manifestações, foram adicionados 0,33 euros a este valor. O governante pretende ainda “aumentar enormemente a fiscalização no que diz respeito à entrada ilegal de vinho” em Portugal. “Eu entendo muito bem as dificuldades”, assegurou, adiantando que está “permanentemente no terreno”, acrescentando que “começa a haver quase desespero” no setor, voltando a realçar que esta medida é um “paliativo”.

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