A banca portuguesa continua a apresentar margens financeiras "muito grandes" e deve ter um maior papel no apoio às empresas, especialmente a CGD, que tem como acionista único o Estado,
Em entrevista ao ECO, na véspera do início das diretas do PS, Pedro Nuno Santos diz que respeitando a gestão e autonomia de gestão da Caixa Geral de Depósitos, não se pode ignorar o facto de ter como único acionista o Estado. Por isso, “num diálogo saudável com a empresa, devemos perceber com a empresa as condições que há para se oferecer melhores condições de financiamento às empresas portuguesas”.
Sobre o Banco de Fomento, o candidato a secretário-geral dos socialistas explica que vai ter uma curva de aprendizagem muito grande, mas que pode ter um papel relevante na diversificação do perfil de especialização da economia portuguesa.
Como é que se consegue atrair investimento estrangeiro?
Nós conseguimos atrair investimento estrangeiro durante muitos anos. Continuamos, mas obviamente que precisamos de o fazer do ponto de vista industrial. Eu dou um exemplo, e é mais uma vez o Estado que tem aqui um papel importante desempenhar. Um exemplo concreto para percebermos. O Estado decidiu que nós precisávamos de comprar comboios novos e fez um concurso. Ele foi impugnado, por uma grande parte deles, infelizmente, mas espero que chegue a bom porto, no entanto.
Mas a verdade é que o Estado português, e a CP em concreto, fez um caderno de encargos que deu incentivos muito importantes para que quem concorresse percebesse que a melhor forma de ganhar aquele concurso era com uma fábrica em Portugal. Todos os concorrentes prometeram uma fábrica em Portugal. Nós teremos uma fábrica de comboios em Portugal.
E essa é uma forma muito importante de voltarmos a ter uma empresa. Estamos a falar de um fabricante europeu, uma empresa francesa, a Alstom, um dos maiores fabricantes de comboios do mundo, contestado por outras, uma suíça e a outra espanhola. Quer dizer, a abertura de uma empresa em Portugal vai dar uma grande oportunidade para que muitas das nossas empresas comecem a trabalhar e a fornecer um setor novo. E é assim que nós conseguimos também trazer empresas novas, de setores novos. Isto é um exemplo que eu acho que é um bom exemplo para nós percebermos o que se pode fazer.
A banca está a fazer o seu papel no apoio às empresas? E, já agora, no apoio às famílias?
Temos uma margem financeira muito grande ainda na banca portuguesa.
O sistema bancário português pode e deve ter um maior papel no apoio ao nosso setor empresarial, não tenho dúvidas.
Recuperou, no fundo, as perdas numa década…
Correto, mas temos uma margem financeira grande. Acho que o sistema bancário português pode e deve ter um maior papel no apoio ao nosso setor empresarial, não tenho dúvidas.
E qual é o papel da Caixa Geral de Depósitos no meio disso?
A Caixa ainda mais.
Com os 1.000 milhões de euros que lucra, devia ser mais ativa no financiamento às empresas?
Acho que sim, acho que há um trabalho para fazer. Respeitando a gestão e autonomia de gestão da Caixa Geral de Depósitos, não se pode ignorar o facto de ter como único acionista o Estado. E, por isso, num diálogo saudável com a empresa, devemos perceber com a empresa as condições que há para se oferecer melhores condições de financiamento às empresas portuguesas.
Diferente do que tem sido feito até agora?
Julgo que as margens que a Caixa Geral de Depósitos tem apresentado mostram que a Caixa pode fazer mais com a nossa economia.
Já percebeu para que é que serve o Banco de Fomento?
Eu sei porque é que o Banco de Fomento pode servir. O Banco de Fomento é muito recente, é muito jovem, não tem a experiência que outras instituições tiveram na Europa, que já têm décadas de existência e, por isso, há aqui uma curva de aprendizagem muito importante, mas que pode ter um papel muito relevante nesta estratégia nacional de diversificação do perfil de especialização da economia portuguesa.
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“As margens da Caixa Geral de Depósitos mostram que pode fazer mais para apoiar as empresas”
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