O líder da PLMJ aponta que em 2022 continuarão a existir grandes operações de reestruturação e haverá um enorme dinamismo por estruturas de financiamento sustentável.
Bruno Ferreira, co-managing partner da PLMJ, considera que face às perspetivas macroeconómicas do país e enquadramento global, 2022 será um ano de crescimento do volume de negócios.
O líder da PLMJ aponta ainda que continuarão a existir grandes operações de reestruturação e haverá um enorme dinamismo por estruturas de financiamento sustentável.
Que balanço faz do ano de 2021 no que toca ao mercado da advocacia de negócios?
Os últimos dois anos foram muito desafiantes e implicaram uma mudança no nosso modo de viver e trabalhar, algo que também alterou a advocacia, não só nas dinâmicas internas, mas também na forma de trabalhar com os clientes. Estreitou-se muito a relação e, perante desafios tão exigentes das empresas, consolidou-se o papel dos advogados como verdadeiros parceiros, muito para lá de uma lógica de mera prestação de serviços jurídicos.
Vemos com bons olhos algumas mudanças que vieram para ficar, como o acelerar da digitalização e de dinâmicas mais eficientes de trabalho, que trouxeram para a realidade do dia-a-dia temas como teletrabalho, reuniões online e a incorporação definitiva de um mindset mais tecnológico.
Pensando no tipo de trabalho e operações, se 2020 acabou por ser uma boa surpresa face ao grande susto que foi o início de março, com a pandemia e confinamentos, em 2021 assistimos ao acelerar da economia e a um cenário de recuperação da atividade. Foi um ano em que aconteceram muitas das transações (M&A) que ficaram na gaveta em 2020, destacamos também operações de grande dimensão acompanhadas pela nossa equipa de Insolvências e Reestruturações que junta as nossas áreas de Corporate M&A e Insolvência. Sem surpresas face ao contexto económico, a área de Laboral também esteve muito ativa, bem como o setor da Energia, onde estamos com projetos muito fortes. Destacaria também a área de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais, com a estruturação de financiamentos.
O que mudou no vosso escritório em termos de estratégia em 2021?
Não diria que mudou a estratégia de fundo, diria que acelerámos algumas mudanças. Sobretudo no que diz respeito ao que dizia em cima, sobre dinâmicas mais eficientes de trabalho, digitalização e um mindset mais tecnológico e sustentável.
Foi também o ano em que demos um nome ao trabalho que já vínhamos desenvolvendo cada vez mais: lançámos a nossa área de Responsible Business, através da qual constituímos equipas para acompanharem as empresas na construção e implementação das suas estratégias de crescimento assentes em fatores ESG. Foi um grande passo e estamos muito orgulhosos com os resultados que alcançámos em menos de seis meses.
Internamente, foi o ano em que publicámos o nosso primeiro relatório de sustentabilidade, depois de ouvirmos o que os nossos stakeholders queriam de nós, onde estávamos bem e onde temos trabalho a fazer. Incluiu clientes, colaboradores, universidades e fornecedores. Ouvimos, refletimos e comprometemo-nos com objetivos quantitativos e qualitativos em matéria de saúde e bem-estar, diversidade e inclusão e responsible business. O relatório está publicado no nosso site porque queremos que o escrutínio da nossa ação nestas matérias seja fácil e transparente.
Uma nota sobre o responsible business: como advogados do tecido empresarial português, achamos que temos uma oportunidade e uma responsabilidade de contribuir para negócios prósperos e sustentáveis. Podermos oferecer soluções de financiamento sustentável, apoiar desenhos de governance das instituições que são adequados aos objetivos de negócio e de boa gestão, promover a interligação dos projetos com a comunidade onde se inserem, tudo isto faz parte de uma ética de negócios que é a nossa e que queremos promover em todo a assessoria jurídica que prestamos.
Quais são as expectativas para 2022 em termos de volume de negócios?
Face às perspetivas macroeconómicas do país e ao enquadramento global, 2022 será seguramente um ano de crescimento do volume de negócios.
Que tipo de operações podem vir a acontecer?
O contexto de financiamento e circulação de capital é muito favorável ao crescimento das transações: face à necessidade de apoiar as economias, as taxas de juro devem permanecer baixas, o que se traduz num custo baixo de acesso a capital. Por outro lado, a injeção de fundos públicos nas economias, em Portugal através do PRR, trará um grande dinamismo às empresas e ainda que indiretamente alimentará o seu apetite por fusões e consolidações.
Continuarão certamente as grandes operações de reestruturação e haverá enorme dinamismo – como aliás já se nota – por estruturas de financiamento sustentável (green bonds, blue bonds, etc.).
Na PLMJ, trabalhamos muito com investidores internacionais e o que temos sentido no tipo de trabalho que nos tem chegado é que Portugal permanece um destino de investimento atrativo e não só em termos de Imobiliário e Turismo. A pandemia acelerou a digitalização, o trabalho remoto, a flexibilidade. E Portugal tem condições únicas na Europa – a começar por talento e infraestruturas de telecomunicações – para ser um hub de investimento estrangeiro, por exemplo na investigação científica.
Será também um ano forte nas telecomunicações, depois do leilão do 5G, onde assistimos a uma diversificação dos operadores no mercado, que começarão agora a fazer os investimentos necessários para operacionalizarem os resultados do leilão.
Estamos otimistas com o ano que está para começar.
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