A mytaxi adia o investimento em novas localizações para o próximo ano mas é certo que quer solidificar a operação. Existe a possibilidade de novos produtos, avança o CEO ao ECO.
A mytaxi, empresa que veio emprestar tecnologia aos táxis de Lisboa através da aplicação para telemóvel, esteve no Web Summit. O CEO, Andrew Pennington, afasta a hipótese de expandir a rede até ao Porto e Algarve ainda este ano e avança em entrevista ao ECO: “Se acontecer, será para o ano”. Mas poderá haver mais novidades. “Quero levar o negócio para o próximo nível aqui em Portugal”, assegura.
Em 2017 a mytaxi injetou no setor de táxis em Lisboa mais de um milhão e meio de euros, traduzidos em campanhas, incentivos, atualizações tecnológicas, apoios e incentivos aos motoristas, garante a empresa. Tem para já quatro pessoas ao serviço em Lisboa, 1.200 motoristas e 100 mil downloads da app. Em entrevista, entre novos produtos e novas localizações, o CEO admite que o total do investimento em Portugal pode chegar aos sete dígitos em 2018.
No Web Summit estamos habituados a ouvir falar de startups. O que é que uma empresa da dimensão da mytaxi espera deste evento?
A mytaxi já está em onze países mas ainda só tem seis anos e continuamos a sentir, internamente, que somos uma startup e que há muito a maturar. O crescimento ainda é muito rápido. A conferência é uma oportunidade para fazer contactos com empresas que ajudem a impulsionar o negócio, conhecer a perspetiva dos investidores e concorrentes sobre o mercado e ver o que o futuro reserva. Honestamente podia preencher os quatro dias com encontros, é fantástico.
Há cerca de um ano, a mytaxi fundiu-se com a Hailo e anunciaram o objetivo de ser o “líder em mobilidade na Europa”. Estão perto do objetivo?
Eu diria que sim. Há diferentes maneiras de definir isso mas nós estamos espalhados por onze países diferentes e temos posições muito sólidas em oito desses países.
Portugal é um desses países?
Ainda somos um negócio muito recente aqui, estamos em Portugal há menos de dois anos. Tens de ter suficiente procura para ter condutores “a bordo”, condutores suficientes para aumentar a qualidade do serviço e assim fazer subir a procura. É um ciclo vicioso. Estamos a chegar a esse ponto agora em Lisboa, onde estamos a começar a ver uma boa qualidade de serviço e a crescer da forma que gostávamos que crescesse, até se tornar viral.
Não precisamos necessariamente de ser audíveis sobre o nosso trabalho, escala, ou sobre o que estamos a fazer dada a nossa estrutura acionista.
Em relação ao preço, é uma das maiores preocupações? Como é que compete a esse nível sendo que, geralmente, os preços dos táxis são mais altos do que os da concorrência?
É um dos grandes desafios que temos. Uma vez que só trabalhamos com táxis licenciados, também só trabalhamos com preços de licenciamento pelo que temos menos flexibilidade. Ainda ontem estivemos a fazer uma campanha de 50% de desconto a partir do aeroporto. Provavelmente chamar um táxi nesta situação seria mais barato do que por qualquer outro meio. Faremos promoções como esta. Mas também estamos a desenvolver a tecnologia.
Mais tecnologia?
Lançámos há cerca de dois meses um produto em Varsóvia, na Polónia, chamado mytaximatch, que é um produto de boleias para táxis licenciados. O que isto significa é que, se uma pessoa for daqui para o hotel Intercontinental e outra for daqui para o Four Seasons hotel — que são ao lado um do outro –, e se quiserem partir ao mesmo tempo, podem partilhar a boleia. Isto baixa o custo por passageiro significativamente.
Mas o mytaximatch só está a ser testado em Varsóvia? Ou vai chegar a Portugal?
Em 2018 vamos expandi-lo para o resto da Europa. Quanto a Portugal, espero que sim, mas não vou prometer porque ainda temos de falar com as autoridades para ter a certeza, e ainda não tivemos essa discussão.
Houve protestos agressivos da parte dos taxistas quando a Uber chegou a Portugal. Isto dificultou a entrada da mytaxi no mercado?
A resposta rápida seria “Não”. Os taxistas têm diferentes comportamentos. Na sua vasta maioria são visionários, abertos a mudanças e ficam satisfeitos por adotar nova tecnologia. Em todos os países há uma minoria “barulhenta” que quer competir com isso efusivamente. Uma minoria faz crer que a maioria se comporta dessa forma, e não é justo.
A minha experiência a vir do aeroporto na última noite foi fantástica. O motorista não falava bem inglês mas eu também não falo português. Perguntou-me se eu gostava da temperatura no carro, tinha wi-fi, falou-me do caminho que iria seguir, pegou na minha mala… a experiência foi espetacular. Condutores como este não são notícia. Quando não consegues competir pelo preço, torna-se cada vez mais importante repetir experiências como a que tive na última noite. Podemos justificar a diferença para outros serviços.
Em relação à operação em Portugal, qual é o número de taxistas, clientes e viagens que a mytaxi conseguiu até ao momento?
Geralmente não divulgamos essa informação localmente. Não precisamos necessariamente de ser audíveis sobre o nosso trabalho, escala, ou sobre o que estamos a fazer. Dada a nossa estrutura acionista não necessitamos de angariar fundos. Somos detidos em 75% por um dos maiores fabricantes automóveis do mundo [Daimler]. Eles têm um interesse estratégico neste negócio. Isso significa que tenho simplesmente de lhes pedir dinheiro. Não tenho de ir e pedir a venture capitalists [investidores de capital de risco]. As minhas discussões de financiamento são internas.
O Porto e o Algarve são investimentos para este ano?
Se acontecer, será no ano que vem. Estamos no processo de decidir onde aplicar os recursos para o próximo ano. É uma decisão de alocação de recursos.
Estamos a falar de um investimento de que ordem?
Dependendo da agressividade com que queremos ser no mercado português, estaremos a falar de uma soma de sete dígitos de investimento no total do mercado português. Quero levar o negócio para o próximo nível aqui. Ainda é um negócio novo, ainda não escalámos, queríamos construir alicerces sólidos. Agora temos condições para ser muito mais proeminentes neste mercado.
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Mytaxi sobre expansão para o Porto e Algarve “Se acontecer, será para o ano”
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