A história fará justiça ao PSD e ao CDS sobre aquilo que o Governo anterior fez na banca. Palavras de Adolfo Mesquita Nunes.
“Se quer um exemplo de que o Governo socialista não conduz bem aspetos relativos ao sistema financeiro, tem na CGD um”, afirma Adolfo Mesquita Nunes, hoje a exercer advocacia, ex-secretário de Estado do Governo PSD/CDS. Na sua opinião, o tempo mostrará que o anterior Executivo fez muito pelo setor bancário.
O Governo não pode considerar que tem uma grande vitória no setor financeiro, que estabilizou o setor financeiro?
O que é que mudou, por obra do Governo, do ponto de vista da estabilidade e da sua solidez? O sistema financeiro e o sistema bancário português não deviam ter sido um caso político, como em determinados momentos foi. Não se devia ter feito política de forma irresponsável com ele. Não considero que hoje estejamos perante uma situação muito distinta daquela que tínhamos. É verdade que o Governo terá logrado obter da Comissão Europeia recapitalização da CGD. Mas eu nunca disse que isso era impossível. O que podemos contestar é se o montante de recapitalização é o que é necessário e contestar se o processo dantesco da nomeação dos administradores da CGD ajuda, ou não, a que a Caixa comece de facto a trabalhar com liberdade e sem estar presa a estes condicionantes públicos de estar nas notícias o dia todos. : quanto é que ganha o administrador, se devia declarar ou não rendimentos. Se quer um exemplo de que o Governo socialista não conduz bem aspetos relativos ao sistema financeiro, tem na CGD um.
Mas em relação aos outros bancos, o sector bancário está manifestamente mais estável hoje do que estava há seis meses?
Mas que medidas é que o Governo socialista aprovou que tenham que ver com essa estabilidade? O que é que do ponto de vista de políticas públicas foi seguido que outro governo não tivesse seguido, que determine que, se tivesse o PSD e o CDS no Governo isso não aconteceria? É essa a pergunta que faço e para a qual não encontro resposta. Por vezes aquilo que acontece em Portugal, para o bem e para o mal, é porque o País melhorou, a situação melhorou por si. Porque os atores públicos e privados trabalharam para isso em conjunto e em sequência temos estabilidade no sistema financeiro. E não porque este governo é muito sério a tratar do assunto e o anterior era uma rebaldaria. Porque não vejo nenhuma mudança política que tivesse determinado essa mudança de apreciação.
Mas o outro Governo não era demasiado ausente no sentido de não apoiar. Os bancos como as empresas precisam por vezes que o Governo, não no sentido de apoiar, mas que crie alguma diplomacia que viabilize soluções.
Não sei de que situação me está a falar. Teremos tempo, na história, para fazer justiça àquilo que foi a atuação do nosso Governo face ao sistema bancário e aos interesses que nele estavam envolvidos. Teremos tempo para apreciar isso com algum rigor histórico. A importância do que foi feito pelo Governo anterior e a atitude que se teve relativamente ao sistema financeiro. Que permitiu que se tornasse mais transparente o que estava a acontecer, que o País pudesse começar a pensar em políticas destinadas a melhorar a regulação, a supervisão e mesmo a relação dos bancos e das instituições financeiras quer com o Estado, quer com os seus clientes, que são os portugueses. Que é onde estão as nossas pensões e os nossos salários. Acho que ainda se fará justiça ao que foi feito pelo PSD e CDS nessa matéria.
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O que mudou na banca por obra do Governo? Pergunta de Adolfo Mesquita Nunes
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