Luís Cortes Martins, managing partner da Serra Lopes, Cortes Martins, acredita que 2021 será um ano de recuperação. Para o advogado, os grandes fundos internacionais estão atentos a Portugal.
O managing partner da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados, Luís Cortes Martins, mostrou-se confiante com o novo ano e acredita que, depois do travão económico provocado pela pandemia, irá ser um ano de recuperação. Áreas como agrobusiness, energia, bancário, telecomunicações, saúde, ambiente, digital e laboral foram destacadas pelo advogado.
À Advocatus, perspetiva que o M&A vai marcar o ano de 2021, pois “há muitos investidores interessados em investir”, estrangeiros e não só. “Os grandes fundos internacionais estão atentos, como se viu no caso da Brisa este ano”, refere.
Que setores, tendo em conta o contexto atual, podem ter mais movimento em 2021?
Prever o que vai acontecer em 2021, nas atuais circunstâncias, traduz-se num exercício de alto risco. Mas nesta profissão estamos habituados a isso. Creio que o consenso generalizado, e espero que se revele verdadeiro, é o de que, depois do travão económico provocado pela pandemia, iremos ter um ano de recuperação.
"Assistimos em Espanha a um movimento grande de concentração na Banca, incentivado pelo próprio BCE, e que se poderá estender a Portugal. ”
Desde logo em vários setores exigentes que se mostraram mais resilientes durante a pandemia: o Agrobusiness que teve um excelente ano e continua em expansão, a Energia, com particular ênfase para o setor das renováveis, o setor Bancário que enfrenta vários desafios, e também oportunidades, poderá mexer, as Telecomunicações com o advento do 5G, a grande Distribuição com a entrada de novos players, a Saúde que é um setor sobre pressão e cada vez mais importante. O Ambiente, o Digital e o Laboral são áreas onde também poderão existir dinâmicas interessantes, que decorrem de preocupações acrescidas, respetivamente, com a Sustentabilidade, a Cibersegurança e o Emprego.
Que tipo de operações podem vir a acontecer?
Creio que operações de todo o tipo. Seguramente M&A pois há muitos investidores interessados em investir, principalmente estrangeiros mas não só. Os grandes fundos internacionais estão atentos, como se viu no caso da Brisa este ano, há uma grande apetência por ativos no setor das infraestruturas. As concentrações podem também acontecer. Assistimos em Espanha a um movimento grande de concentração na Banca, incentivado pelo próprio BCE, e que se poderá estender a Portugal. E, depois, temos empresas exportadoras de média dimensão muito interessantes. Estou expectante. Agora tudo depende da evolução da Pandemia e da retoma da confiança. Julgo que haverá uma recuperação assimétrica, mas se a vacinação for um êxito será normal que se siga uma fase de alguma euforia. Esperemos que seja assim.
Embora a instabilidade da política fiscal e uma burocracia ainda muito pesada sejam fatores menos positivos, creio que os investidores olham para Portugal como uma economia aberta.
Portugal continua a ser apetecível para os investidores?
Portugal é extremamente apetecível. Temos a prova disso no passado. Embora a instabilidade da política fiscal e uma burocracia ainda muito pesada sejam fatores menos positivos, creio que os investidores olham para Portugal como uma economia aberta, com uma capacidade de inovar transversal em diversos setores de atividade e, muito importante, que respeita o investimento estrangeiro. E o país tem excelentes recursos humanos que podem ser aproveitados. Além disso, possuímos condições logísticas e de comunicações de excelência e uma posição geoestratégica privilegiada.
Vamos ver também como recuperará o Turismo que é um setor fundamental para a economia como um todo. Em suma, ainda que tenhamos um sistema de justiça que necessita de melhorar, temos, por exemplo, uma lei de arbitragem moderna e uma prática consolidada que são amigas do investimento. Temos segurança, que é um valor muito importante, e, temos sol, que é sempre um condimento muito agradável no contexto europeu….Finalmente, creio que na equação dos investidores, o atual contexto de alguma instabilidade política em Espanha (nosso vizinho e principal parceiro comercial), poderá ter o efeito de redirecionar algum investimento para Portugal.
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“Os grandes fundos de investimento estão de olho em Portugal”, diz Luís Cortes Martins
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