“Parece Lisboa há uns anos”. Maleo expande para responder à procura por escritórios no Porto

A 8.ª localização da gestora de centros de escritórios (e primeira fora de Lisboa) deve ser inaugurada no Porto em outubro. Cidades universitárias como Braga, Aveiro ou Coimbra são o passo seguinte.

A saída do elevador para o 2.º andar da Maleo Offices no Parque das Nações surpreende. Ao invés dos espaços de trabalho, modernos e clean, dos outros andares que a empresa de centros de escritórios gere, surge um pequeno espaço com paredes de tijolo, t-shirts de futebol autografadas e colocadas em molduras e neons de marcas de bebidas. Criada a ilusão, o espaço seguinte ajuda a explicar o conceito: um Sports Lounge onde os trabalhadores das empresas que arrendam espaço à Maleo podem conviver em eventos (também disponíveis para outras empresas).

O espaço na zona oriental de Lisboa é um dos sete que a Maleo gere na capital, cobrindo um total de 17.500 metros quadrados que 150 empresas recorrem para colocar mais de 3.000 colaboradores a trabalhar, e a conviver. Há uma copa, terraços, espaços de reunião e formação.

Em entrevista ao ECO, Nishel Rajani, CEO da Maleo, explica que o modelo deverá ser repetido no oitavo centro, a 300 quilómetros de distância, com a empresa criada em 2019 a expandir para o Porto em outubro.

Rajani começa por dizer que combinou divulgar detalhes com o parceiro da nova operação, mas confirma: “Sim, vamos crescer para o Porto, com um modelo de negócio que é inovador em relação à relação que temos tido com os proprietários dos edifícios.”

Nishel Rajani, CEO da Maleo Offices em Portugal, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Tradicionalmente, o negócio dos escritórios ‘flexíveis’ é feito com um arrendamento tradicional que o operador faz num edifício e a seguir faz o seu negócio, as suas obras e opera o seu negócio, explica. “O que vamos fazer no Porto já vai de encontro ao que acreditamos ser o futuro deste negócio que é a parceria com o proprietário, muito mais do que só sermos o cliente dele que paga uma renda e em que um não quer saber do outro, porque cada um tem o seu negócio independente.”

“Neste caso é de sermos parceiros para enriquecer um destino, ou um edifício, ou um complexo que já exista, que não tem flexible offices e que não tem, portanto, a área dos serviced offices e que nós acabamos por complementar isso, enriquecendo o empreendimento”, sublinha. “Faz com que o proprietário nos envie pedidos de clientes que querem espaços ou mais pequenos ou com serviços que não tem para dar, e também faz com que nós enviemos para o proprietário clientes que estão connosco num espaço mais flexível e que entretanto querem crescer para um espaço tradicional.”

O CEO adianta que a Maleo vai arrancar no Porto com um espaço existente, “uma pequena operação, ou que nós consideramos pequena na escala das outras que temos, com cerca de 1.000 metros quadrados, e o objetivo é crescer até aos 5.000 dentro do mesmo espaço”.

Questionado sobre o tipo de clientes que estão a afetar a dinâmica de procura na Invicta, Rajani diz que “o Porto parece Lisboa há uns anos“.

Quando as multinacionais começaram a descobrir talento em Portugal, vieram para a capital. “No Porto estamos a sentir procura que não existia há uns anos, no Porto o que existia era a procura por coworking por startups. Neste momento já sentimos multinacionais a querer abrir, ter escritórios no Porto e a tendência é mesmo os flex offices permanentes.”

“Ou seja, temos empresas que talvez há cinco anos nunca imaginaríamos que iriam para uma solução mais flexível, empresas mais tradicionais que queriam ter o seu escritório e o seu arrendamento tradicional, as suas obras, e hoje sentimos que estão a procurar uma solução flex, contratos de um, dois, três anos em vez de cinco ou dez anos”, adianta.

A Maleo está a iniciar obras no espaço com uma abertura prevista para setembro ou outubro. “A procura que temos sentido é claramente multinacional, empresas tecnológicas principalmente, farmacêuticas, seguros, finanças, banca, e em termos de geografias, origens bastante dispersas.”

Nishel Rajani diz que cerca de 85% dos trabalhadores dos clientes atuais em Lisboa são portugueses, com empresas multinacionais como a Airbus, Tripadvisor, Lenovo, Unbabel, Visa, AWS ou MTV atraídas a Portugal pelo talento local.

“Obviamente que a atração é uma poupança de renda, mas também existe um tema de encontrarem talento versus escassez noutros sítios. Portugal tem um talento muito interessante por causa do tema linguístico“, sublinha. “Temos salários relativamente acessíveis para esta realidade multinacional e temos um grande leque de pessoas com estas capacidades.”

“Sentimos algumas das grandes empresas, e até a propósito dos escritórios flexíveis, grandes empresas a começarem a desafiar-nos para ir para cidades onde existem universidades e abrir um centro lá para poderem recrutar pessoas”, revela.

Aveiro, Braga, Coimbra são bastante óbvias. Obviamente o Algarve não tanto, talvez Faro, mas não tanto, até pela sazonalidade e a dificuldade em termos de alojamento”, conclui.

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