Depois de “muita reflexão”, o que esperar da inteligência artificial em 2025?

O mercado a evoluir; as empresas atrasadas, mas "inundadas" de propostas; e um Governo que decidiu pôr mãos à obra. Do potencial da IA às novas tendências, 2025 é o ano de "passar da conversa à ação".

Numa era de incertezas, o novo ano começa com uma certeza absoluta: em 2025, a inteligência artificial (IA) continuará a cativar as atenções, dois anos depois do lançamento do ChatGPT, que colocou este tipo de tecnologias no topo das prioridades e preocupações de muitos líderes.

Por um lado, as empresas continuarão em busca da melhor forma de aplicar IA para gerar eficiências, enquanto, por outro, os políticos procurarão posicionar as suas economias do lado certo da história — o da proeza e da competitividade. Mais e mais pessoas terão contacto pela primeira vez com as potencialidades da IA generativa, o que levará muitos a questionarem o futuro da sua profissão.

Enquanto isso, nos mercados, quatro das maiores tecnológicas norte-americanas — Amazon, Microsoft, Meta e Alphabet — terão de provar aos seus investidores que fez sentido investir mais de 200 mil milhões de dólares (cerca de 192 milhões de euros) em IA em 2024. As necessidades energéticas irão aumentar, suscitando desafios do ponto de vista do fornecimento e das emissões de carbono.

Os EUA e a China continuarão a competir, incluindo no acesso a componentes essenciais no treino de algoritmos. Numa escala diferente, Portugal tentará afirmar-se na cena internacional, usando a língua como vantagem: está previsto o lançamento de uma primeira versão do modelo de IA generativa Amália no final do primeiro trimestre, “que terá capacidade para receber e interpretar instruções em formato de texto e responder com base no conhecimento adquirido, distinguindo as variantes da língua portuguesa”, segundo o Governo.

Ao longo deste ano, estas tecnologias serão postas à prova, à medida que empresas como a OpenAI, que criou o ChatGPT; Anthropic, criadora do modelo concorrente Claude; e muitas outras, quase todas americanas, vão colocando no mercado novos produtos e funcionalidades.

Porém, apesar de todo o entusiasmo, o impacto económico da IA ainda não é visível, como notou em novembro a revista The Economist, ao salientar que, apesar das promessas da IA, a economia mundial não acelerou particularmente nos últimos anos e o crescimento da produtividade mantém-se anímico. Ademais, o desemprego continua em níveis historicamente baixos entre os países da OCDE.

O facto de as empresas serem lentas a adotarem novas tecnologias explica em parte esta tendência, como mostram as estatísticas oficiais, incluindo para Portugal. Este ano, apenas 8,6% das empresas portuguesas afirmaram usar IA, um ligeiro crescimento de 0,7 pontos percentuais face a 2023, de acordo com um inquérito anual do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicado a 21 de novembro. Na Europa, em 2023, só 8% das empresas com mais de dez trabalhadores usavam ferramentas de IA nas suas operações, de acordo com o Eurostat.

Talvez mais surpreendente ainda, entre as empresas portuguesas que afirmaram não usar tecnologias de IA, apenas 9,5% disseram estar a ponderar utilizar esta tecnologia. A “falta de conhecimentos adequados”, os custos “demasiado elevados” e pouca “clareza sobre as consequências legais”, principalmente “em caso de danos causados pelo uso de IA”, estão entre os problemas mais apontados pelos gestores.

Empresas como OpenAI (ChatGPT) e Google (Gemini) estão numa corrida pelo domínio da IA generativa e estão a investir largos milhares de milhões de dólares nesta tendênciaSolen Feyissa via Unsplash

Empresas “inundadas de propostas”

Mesmo com a baixa adesão patente nas estatísticas, as empresas “estão a ser inundadas de propostas e desafios” para transformarem os seus negócios, diz Adolfo Mesquita Nunes, sócio da Pérez-Llorca, uma sociedade de advogados, e especialista na regulamentação da IA.

Mas se o ano que passou ficou marcado por “um grande desconhecimento sobre o que é a IA e o papel que pode desempenhar” nas empresas, 2025 poderá não ser melhor a este nível. Pelo contrário: “Não creio que 12 meses sejam suficientes para encurtar significativamente esta lacuna de conhecimento. Esta realidade vai intensificar-se, porque, do lado da oferta, a produção é muita”, vaticina o advogado.

Será o resultado do “desenvolvimento de novas ferramentas”, conjugado com “notícias de novas fronteiras” a serem “ultrapassadas”. “A pressão mediática vai intensificar-se”, adverte Adolfo Mesquita Nunes.

Aquilo a que se assiste é uma enorme atividade. Todos os dias surgem propostas para fazer transformações digitais de empresas. Existe uma enorme oferta e parece que ainda um pouco desorganizada.

Adolfo Mesquita Nunes

Sócio da Pérez-Llorca

As empresas que conseguirem posicionar-se na dianteira terão vantagens competitivas, diz Rui Teles, administrador da consultora Accenture responsável pela área de dados e IA. Para tal, é preciso “passar da conversa para a ação”. “2024 foi ano de muita reflexão, muitas opiniões, muito debate, mas fez-se pouco. 2025 antevê-se como o ano em que, efetivamente, as empresas vão começar a criar os seus programas de IA de forma mais estruturada e convergente com os objetivos estratégicos que têm”, acredita o especialista.

Da perspetiva do desenvolvimento, o novo ano traz uma “incógnita”: estará esta vaga tecnológica a atingir o pico? Paulo Dimas, CEO do Centro para IA Responsável e vice-presidente de inovação da startup Unbabel, explica que, “depois do crescimento exponencial”, a tecnologia tende a estabilizar “num patamar em que fica mais generalizada”, sem “avanços mais substantivos”.

Prevendo o lançamento pela OpenAI de um novo modelo de linguagem natural este ano, Paulo Dimas diz que “a grande questão é saber se esse salto, desta vez, como houve nas gerações anteriores, vai corresponder a um avanço substantivo”. “Muitos dos benchmarks [indicadores de referência] apontam que estamos a atingir um patamar em que um modelo muito maior não leva a uma melhoria da performance correspondente”, sublinha.

Rui Teles acredita que a excitação com a IA irá prevalecer ao longo deste ano: “Ainda não estamos na curva de frustração. A corrida que efetivamente está a ser feita pelas grandes tecnológicas mundiais relativamente a IA exige muitos investimentos, mas é uma corrida para se atingir determinados níveis de maturidade que o mercado ainda não vai conseguir absorver. Estamos a assistir a uma corrida mais científica do que o que podemos aplicar ao benefício empresarial.”

Nos mercados financeiros, o otimismo é claro. O ramo de investimento do grupo Santander estima que o índice bolsista norte-americano S&P 500 acumule ganhos de 12% em 2025, depois de ter subido mais de 23% em 2024. “Um valor superior à média histórica”, porque, “apesar do rally [período de forte subida das ações] vivido nos últimos meses pelas grandes tecnológicas, este setor continuará a gerar receitas e margens acima da média do mercado”, justifica.

“A IA começa a materializar o seu impacto na inovação, produtividade, em novas formas de se relacionar com os clientes”, declarou Samantha Ricciardi, CEO do Santander Asset Management, numa nota divulgada depois do Natal.

Milhões de utilizadores já usam ferramentas como o ChatGPT em muitas tarefas do dia-a-dia. E alguns até no trabalho, por vezes sem o conhecimento das próprias empresas Jacob Mindak via Unsplash

Outra questão bem diferente é “se os modelos têm a sofisticação suficiente para passarem de protótipos com utilização controlada para uma utilização mais comum e massificada”. Adolfo Mesquita Nunes diz que, para já, “aparentemente”, a IA tem conseguido ir sempre “mais além do que aquilo que se pensava”, sobretudo na atual vaga tecnológica, um sinal de que poderão ainda haver surpresas.

Mas importa não esquecer também a regulação: 2025 é o ano em que entram em vigor as primeiras disposições previstas no Regulamento da Inteligência Artificial, também conhecido por AI Act. Dentro de menos de um mês, a partir do dia 2 de fevereiro, começam a aplicar-se algumas proibições, prevendo-se multas que podem chegar aos 7% do volume de negócios das empresas infratoras. A 2 de agosto, entram em vigor as regras em matéria de governação e as obrigações relativas a sistemas de IA de finalidade geral.

“Aquilo que se espera é que todas as organizações públicas e privadas tratem de estar em conformidade com o novo regulamento. Isto obriga a que cada empresa tenha o risco identificado dos sistemas que utiliza e adote as regras de governança que o regulamento obriga. As empresas já deviam estar a fazê-lo”, defende o advogado, que recorda que na Europa já se discutem outras peças legislativas que vão tocar neste domínio, abordando temas como o da responsabilidade civil.

Muitos dos benchmarks [indicadores de referência] apontam que estamos a atingir um patamar em que um modelo muito maior não leva a uma melhoria da performance correspondente.

Paulo Dimas

CEO do Centro para a IA Responsável

Estado português vai a jogo

No dia 11 de novembro, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, subiu ao palco da Web Summit, em Lisboa, e tirou um coelho da cartola: “No primeiro trimestre de 2025 vamos lançar um LLM português, (Large Language Model), para inovarmos em português, preservando o nosso idioma e utilizando a nossa cultura ao serviço da inovação.” O anúncio foi inesperado.

Após alguma especulação, as primeiras explicações oficiais chegaram duas semanas depois, com o Ministério da Justiça e Modernização a invocar o “desempenho menos positivo” dos modelos de IA existentes no tratamento de texto “noutras línguas” e a redução da “autonomia e soberania de dados” quando está em causa o processamento de “dados sensíveis”. O investimento no Amália (nome completo: Assistente Multimodal Automático de Linguagem com Inteligência Artificial), por via do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), será de 5,5 milhões de euros, “desenvolvido inteiramente por entidades públicas”, garantiu o Governo.

O calendário prevê dois momentos ao longo deste ano. Até ao fim de março, será disponibilizada, gratuitamente, uma versão beta (para testes) do modelo Amália, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros publicada no dia 30 de dezembro. Depois, no final do terceiro trimestre, o modelo deverá ser disponibilizado “em versão base, que terá capacidade para gerar respostas fiáveis e precisas sobre a língua, a cultura e história de Portugal, bem como para responder a questões com total segurança e sem risco para o utilizador”.

Na estrutura do Estado, é a Agência para a Modernização Administrativa (AMA) que “está a coordenar” este projeto, “em conjunto com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), explica Vanda França, da equipa de dados e IA da AMA, em respostas enviadas por email. A agência “espera promover a inovação e a eficiência nos serviços públicos e contribuir para um futuro mais digital e conectado”, acrescenta.

O modelo fará parte de uma “agenda” mais alargada do Governo para IA, que está a ser aguardada com expectativa. E o mercado pede mais. “O Amália é uma boa iniciativa, mas é apenas uma gota no oceano daquilo que Portugal precisa de fazer. Aquilo que o Amália pode dar face ao ChatGPT em português não tem uma diferença assim tão grande”, comenta Rui Teles.

Luís Montenegro, primeiro-ministro, anuncia um modelo de linguagem natural português no palco da Web SummitEPA/ANTONIO PEDRO SANTOS (11 de novembro de 2024)

Não será a primeira incursão do Estado neste tipo de inovações. Como exemplo, desde o início de 2023 que o setor da Justiça conta com o seu próprio “ChatGPT”, batizado de GPJ (Guia Prático da Justiça), um chatbot inteligente que tira dúvidas sobre o sistema judicial em linguagem corrente e que recorre a um dos modelos desenvolvidos pela OpenAI. Este foi mais um projeto desenvolvido no âmbito do PRR.

Em 2025, principalmente após o aparecimento do Amália, poderão surgir mais soluções como essa. Segundo Vanda França, “a AMA está empenhada em promover a modernização administrativa através da implementação de tecnologias de IA” no setor público.

Neste contexto, Paulo Dimas considera que a aplicação de IA na Administração Pública “é uma área a observar” ao longo deste ano, principalmente em setores como o da Saúde, onde “há uma série de oportunidades” para se tornar a máquina do Estado “mais eficiente”. “Há muitos governos a terem iniciativas na área da Administração Pública”, salienta.

O uso de IA pelo Estado é, contudo, uma área sensível em que poderão surgir tensões entre um setor privado tendencialmente mais veloz, e um setor público bastante mais lento e cauteloso. E essas fricções já se começam a fazer sentir.

A Sword Health, empresa portuguesa que aplica IA na área da saúde, propôs recentemente ao Governo a implementação de uma solução tecnológica para aumentar a capacidade de resposta de emergência do INEM. Os alertas de alguns especialistas para os riscos foram mal recebidos pelo seu fundador: “Quando se tenta fazer algo inovador e com verdadeiro impacto nas pessoas, pode-se sempre contar com os típicos Velhos do Restelo, autodenominados ‘especialistas’, a inventar problemas que não existem e que não têm relevância alguma”, escreveu Virgílio Bento, fundador da Sword Health, em dezembro, numa publicação no LinkedIn.

Por sua vez, Nuno Sebastião, fundador da Feedzai, outra empresa portuguesa que aplica IA ao setor financeiro (e que também é acionista da Sword Health), escreveu na mesma plataforma ter participado numa reunião com “membros muito seniores do Governo” sobre o uso de IA e de IA generativa na “máquina administrativa como um todo. Mas saiu do encontro “profundamente desapontado” com os “especialistas” que defendiam “que fosse o Estado a correr o risco”, a “pagar a conta” e a “criar mais uma agência”, desabafou.

“Acredito ser imperioso ouvir quem realmente está no terreno, não tem qualquer dependência da máquina do Estado e quer genuinamente contribuir para a sociedade”, apelou o empreendedor português.

Hoje, percebe-se que não foi esse o caminho escolhido pelo Governo de Luís Montenegro, com o Amália a ser financiado por fundos europeus e desenvolvido por instituições públicas. Tanto a Sword Health como a Feedzai são consideradas “unicórnios” portugueses, o nome dado às startups que alcançaram avaliações superiores a mil milhões de dólares.

Questionada se a AMA contará com o apoio de privados na implementação de soluções de IA, Vanda França remete para a “agenda” que irá ser apresentada pelo Governo: “Aguardamos a apresentação da Agenda de IA para poder analisar os novos desafios e encontrar também, de acordo com o quadro legal em vigor, as parcerias para o efeito”, sublinha.

Todavia, para a especialista, “é crucial que esta implementação seja acompanhada de medidas rigorosas de regulamentação e de proteção de dados” para garantir que “a utilização da IA respeita os direitos fundamentais e os princípios democráticos”. “Cientes dos desafios que esta matéria acarreta, estão a ser desenvolvidas orientações no âmbito dos deveres éticos e jurídicos, de análise e monitorização de riscos, e mecanismos de verificação e validação de soluções de IA”, revela a responsável da AMA.

2024 foi ano de muita reflexão, muitas opiniões, muito debate, mas fez-se pouco. 2025 antevê-se como o ano em que, efetivamente, as empresas vão começar a criar os seus programas de IA de forma mais estruturada e convergente com os objetivos estratégicos que têm.

Rui Teles

Administrador da Accenture responsável pela área de dados e IA

Vídeo e agentes brilham em 2025

Lá fora, depois de grandes avanços no campo da voz e da música, começa “a ser normal um modelo gerar vídeo” com alguma qualidade — são os casos do Sora, desenvolvido pela OpenAI, e do Veo, criado pela Google. O ano novo trará mais inovações como estas e “vamos passar a poder usar imagens e vídeos, a compor pequenos vídeos, coisas fantásticas, apesar de todas as limitações que têm”, nota Paulo Dimas.

A tendência seguinte serão os programas dotados de IA que “colaboram uns com os outros”, uma área emergente chamada de IA agêntica (“Agentic AI”) e que será “absolutamente transformadora para o futuro”, diz o executivo da Unbabel. “Quando usamos o ChatGPT, estamos a falar com um único agente. O que se observou é que, quando temos vários agentes a colaborar, que usem modelos de linguagem mais pequenos, o resultado é melhor do que quando se usa um modelo de linguagem maior”, explica.

Segundo Paulo Dimas, iremos poder delegar nestes programas várias “tarefas do dia-a-dia”, como “tratar dos emails, responder a alguns e organizar o calendário”, tudo de forma automática. Alguns destes programas, como o que está a ser desenvolvido pela Google DeepMind no Projeto Mariner (demonstração no vídeo abaixo), serão capazes de usar autonomamente o browser do computador. Outros, como o Project Astra, juntam IA generativa e realidade aumentada e funcionam como assistentes pessoais no dia-a-dia.

Este tipo de aplicações irão espoletar novos riscos, “a partir do momento em que estes agentes passam a interagir com a realidade, como alterar a nossa agenda e interagir com a nossa conta bancária”, nota o especialista. Ademais, “quando estas interações envolvem outros seres humanos, entramos ainda noutro domínio de risco”, frisa Paulo Dimas.

Vanda França também salienta que os agentes de IA “com mais autonomia” serão uma de “várias tendências globais” que a AMA espera que “se intensifiquem”. “Diferentes dos agentes tradicionais, esses sistemas atuarão de forma proativa, planeando e executando tarefas de maneira independente”, explica.

Outra tendência que “ganhará protagonismo” em 2025 é a IA “multimodal”, capaz de “analisar textos, imagens, gráficos e tabelas simultaneamente”. “Abrirá novas oportunidades no processamento de dados complexos, exigindo investimentos em infraestrutura tecnológica robusta para gerenciar grandes volumes de dados não estruturados”, prevê a responsável.

Em 2025, embora estes temas tenham sempre um desenvolvimento muito mais ágil do que podemos prever, espera-se que várias tendências globais em IA se intensifiquem, refletindo o rápido avanço e a crescente adoção desta tecnologia em diversos setores.

Vanda França

Agência para a Modernização Administrativa (AMA)

Ansiedade prevalece no trabalho

Os agentes de IA e a multimodalidade serão fatores que se irão somar à ansiedade dos cidadãos com o futuro do trabalho, apesar de os especialistas não anteciparem uma vaga súbita de desemprego. Na verdade, a adoção de IA pelas empresas tem sido até mais lenta do que a dos próprios trabalhadores, como apontava em dezembro o Financial Times, com alguns a usarem estas ferramentas muito antes de estarem regulamentadas ou previstas nos procedimentos internos das companhias.

Mas há uma visão generalizada de que serão necessárias novas competências no mercado laboral. “Tudo isto vai criar uma nova realidade. A forma como trabalhamos vai efetivamente ser diferente. Temos de pensar as funções na organização e focar mais nisso do que propriamente na forma como esta tecnologia nos vai substituir”, defende Rui Teles, insistindo que, no próximo ano, “repensar o trabalho e as próprias profissões do futuro vai ter de passar das opiniões à prática”.

“O próprio ensino, toda a geração em fase de ensino, já está a adotar esta tecnologia. Quando saírem deste ciclo, vão esperar que as organizações tenham empregos já formados. Em três a cinco anos, teremos de ter as empresas já preparadas”, adverte o administrador da Accenture. Essa realidade na educação “é mais invisível”, mas representa também a tendência “mais transformadora de todas” na ótica de Paulo Dimas: “A velocidade de aprendizagem com estas novas ferramentas é muito maior.”

Adolfo Mesquita Nunes fala mesmo num “desafio que não pode ser ignorado, que é o da capacitação”: “Se uma organização não tem gente com capacidade e formação para perceber como é que a IA vai transformar um setor da sociedade, em que é que vai ser impactada se não aderir a ela, se a empresa não conseguir fazer isso, o risco de ficar para trás é enorme”, aventa.

Por todos estes motivos, a IA tem pela frente mais um ano para brilhar, mas terá de continuar a dar provas concretas da sua utilidade. É certo que o assunto está definitivamente na agenda dos líderes políticos e gestores, e também de muitos cidadãos. Mas, sem retornos, os investidores poderão arrefecer. E a longa história da IA tem-se feito disso mesmo: verões quentes, cheios de entusiasmo, seguidos de rigorosos invernos tecnológicos.

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