A Advocatus esteve à conversa com a managing partner da Gómez-Acebo & Pombo, Mafalda Barreto, que fez um balanço dos 50 anos da firma espanhola.
A Gómez-Acebo & Pombo (GAP_P) comemora este ano o seu 50.º aniversário, sendo que em Portugal, a sociedade de advogados espanhola está há 11 anos. Meio século que segundo Mafalda Barreto, managing partner da firma em Portugal, demonstra que fizeram bem o seu trabalho e que se deu devido aos clientes e aos profissionais que a integram.
“A nossa reputação e posicionamento no mercado ibérico é o resultado de 50 anos de muito trabalho, de um acompanhamento muito próximo dos nossos clientes e de defesa de valores essenciais que nos permitiram consolidar a nossa presença na Península Ibérica e no estrangeiro, sempre com o mesmo espírito”, notou a líder da GA_P em Portugal.
Há 11 anos a operar no país, à Advocatus Mafalda Barreto referiu que os objetivos traçados estão a ser cumpridos. “Vemo-nos como um projeto ibérico, em que as nossas valias multidisciplinares e multijurisdicionais se aliam numa mesma cultura de excelência, rigor e proximidade que nos permitem dar o melhor serviço possível ao cliente, tornando-nos parte da sua equipa e contribuindo para o sucesso dos seus projetos”, acrescentou.
“O valor nasce das pessoas e para as pessoas, que são a inspiração e o impulso para melhorar a cada dia” é um dos princípios que ainda prevalece na estrutura da firma. Proximidade essa que a managing partner refere ser a imagem de marca da GA_P.
“Esta proximidade gera um compromisso com as pessoas, que se tem refletido mais do que nunca no último ano, no qual a Gómez-Acebo & Pombo não implementou quaisquer processos de “redundancy”, mantendo todos os postos de trabalho nos mesmos termos em que os tinha antes da crise. Mantivemos todos os profissionais e temos feito todos os esforços para lhes proporcionar segurança profissional e pessoal”, explicou.
Como exemplo dessa proximidade e compromisso, Mafalda Barreto destacou as cartas enviadas semanalmente a toda a sociedade, durante o período mais duro do confinamento pelo sócio diretor Carlos Rueda, onde partilhava detalhes sobre a situação e o desempenho da firma.
"É realmente uma pena que ser mulher e estar numa posição importante ainda seja uma novidade.”
A preocupação com todos os profissionais, e não só com os advogados, é uma cultura que faz diferença, apontou a managing partner, “principalmente em momentos delicados, como o que atravessamos, em que o nosso estilo de vida, pessoal e profissional foi posto em crise de uma forma abrupta”.
Liderança no feminino
Em Portugal, raras são as firmas que possuem um managing partner do sexo feminino, sendo a Gómez-Acebo & Pombo um marco nesse sentido. Para Mafalda Barreto é uma grande responsabilidade e desafio gerir o escritório, e essa pressão não aumenta por ser mulher.
“É realmente uma pena que ser mulher e estar numa posição importante ainda seja uma novidade. Espero que isto mude em breve, embora pense que já estamos no caminho certo. De qualquer forma, gosto de pensar que, em geral, o acesso de mulheres a cargos de liderança funciona como um elemento motivacional para as gerações que se seguem”, referiu.
Sobre a discriminação entre géneros no setor, como no acesso a cargos, Mafalda Barreto garantiu que nunca se sentiu discriminada, seja junto de clientes, seja no escritório. Ainda assim, não nega que a vida profissional de uma mulher é “fortemente” impactada por fatores externos que são menos presentes no género masculino.
A managing partner mostrou-se também confiante que será uma questão de tempo até que haja um equilíbrio, principalmente nas posições de sócios e de gestão.
“O mais importante é que o caminho já está a ser feito e existem muitos elementos que concorrem, aos dias de hoje, para uma maior equalização dos géneros na profissão jurídica: não só o facto de existir um número de licenciadas em direito muito superior ao de homens licenciados, a evolução de mentalidades que permite uma melhor distribuição das responsabilidades familiares e até o facto de nas empresas termos já um número muito relevante de mulheres em cargos de direção financeira, de recursos humanos e jurídica”, exemplificou.
Para Mafalda Barreto, o setor do direito é uma meio ainda dominado pelo género masculino mas tem existido um esforço por oferecer carreiras atrativas às mulheres, sendo que na firma os próprios clientes exigem equipas equilibradas e diversidade.
“A aposta em modelos de trabalho mais flexíveis, que foram exponenciados pela situação que estamos a viver, poderá ser também um importante driver da mudança. As renúncias pessoais que a carreira num escritório implica, serão necessariamente mitigadas com sistemas em que o trabalho remoto e presencial é combinado, permitindo às mulheres compatibilizar de melhor forma a vida pessoal e familiar, com ganhos evidentes para as organizações e a sociedade”, referiu.
Entre os valores da GA_P está a defesa da igualdade de género, sendo que desde 2010 existe um Comité de Igualdade formado por profissionais da sociedade de diversas categorias em que aplicam um Plano de Igualdade.
Esse plano inclui três objetivos principais: promover a igualdade de oportunidades com base no compromisso da direção e das políticas de RH; promover a participação equilibrada de mulheres e homens em cargos de gestão dentro da sociedade; e promover a igualdade de oportunidades, divulgando e promovendo o compromisso da GA_P, para além de sociedade, com iniciativas de coaching, apoio ao desenvolvimento profissional, entre outros.
Pandemia não afetou faturação
O ano de 2020 foi um ano atípico para todos os setores, incluindo o da advocacia devido à pandemia. Na GA_P o impacto deu-se sobretudo a nível de alteração dos métodos de trabalho e de adaptação à nova realidade.
“Conseguimos responder de imediato e organizamo-nos rapidamente para passar ao regime de teletrabalho sem que a relação com o cliente se visse afetada. Conseguimos garantir a nossa segurança e a dos nossos clientes, mantendo o mesmo nível de atividade”, assegurou Mafalda Barreto.
À Advocatus, a managing partner não conseguiu adiantar o resultado do volume de negócios, mas garantiu que não diminuíram nem a faturação nem o volume de trabalho. “Este foi um ano em que nos podemos orgulhar de termos estado extraordinariamente ativos nas mais diversas áreas de atividade, incluindo em setores como o M&A onde estamos entre as sociedades mais ativas a nível ibérico”, acrescentou.
“O futuro reside numa maior digitalização”
Empenhados em reforçar a sua posição nas jurisdições em que estão presentes, Mafalda Barreto referiu que têm vindo a implementar um projeto de crescimento sustentado, baseado na proximidade aos clientes aliado a uma cultura de excelência e que se tem mostrado extremamente recompensador.
“Continuamos a apostar na inovação a todos os níveis. Uma inovação que nos posicionou como uma das empresas mais inovadoras da Península Ibérica nos prémios do Financial Times e que se refletirá tanto na nossa relação com os nossos clientes como na nossa gestão interna”, acrescentou.
A líder da GA_P assegura que nos próximos anos continuarão a servir os clientes com a excelência e rigor a que os habituaram e garante que deixarão às gerações de advogados que os sucederão uma estrutura capaz de responder às exigências da advocacia do futuro. No que concerne à assessoria, irão apostar num enfoque setorial, com um acompanhamento ao cliente cada vez mais especializado e dinâmico.
“Temos presente que, para nós, o futuro reside numa maior digitalização. A sociedade tem apostado muito neste aspeto nos últimos anos e queremos continuar a fazê-lo, desenhando e implementando novas ferramentas para otimizar a gestão interna da sociedade através da tecnologia”, notou. Segundo avançou Mafalda Barreto, a GA_P irá ainda apostar num modelo misto de laboração: teletrabalho e presença física nos escritórios.
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Em 50 anos, a proximidade continua a ser a imagem de marca da Gómez-Acebo & Pombo
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