Integrações de escritórios são cada vez mais recorrentes. Objetivo? Fazer aumentar o negócio e faturação

Ao longo dos últimos anos várias fusões e integrações têm marcado o setor. A integração da SLCM na Cuatrecasas é o mais recente “casamento” do mercado da advocacia português.

Nos últimos anos tem crescido o número de fusões e integrações entre sociedades de advogados no mercado português. Nem todas são bem-sucedidas, mas existem algumas que se prolongam por vários anos. O objetivo acaba sempre por ser o mesmo: fazer crescer o negócio.

O recente casamento celebrado entre a Cuatrecasas e a Serra Lopes, Cortes Martins & Associados é só mais um entre outros que têm vindo a ser celebrados ao longo das últimas décadas. Essa integração terá efeitos práticos a partir de 1 de janeiro.

Um dos últimos ocorreu em 2020 entre a SRS Legal, fundada há 30 anos por Pedro Rebelo de Sousa, e a AAA, que tinha na altura Gabriela Martins e Dulce Franco na liderança. Mas que não correu como esperado, já que em menos de dois anos as sócias deixaram de o ser para passarem a consultoras.

Em entrevista à Advocatus, em abril, Pedro Rebelo de Sousa admitiu que esta integração foi um desafio. “Não se pode dizer que correu bem ou que correu mal, não… Percebemos que o modelo que tinha de ser utilizado era um modelo diferente”, referiu.

Atualmente, o modelo encontrado foi que alguns advogados ficaram como sócios e outros como consultores, sendo uma situação definitiva. O líder da SRS Legal admitiu que desta fusão surgiu um tipo de dificuldade de compatibilizar perspetivas, de modos de trabalho, mas que foi ultrapassado.

“Às vezes nós acabamos por ser demasiadamente otimistas e na vida nós aprendemos todos que ninguém muda ninguém, nós vamo-nos é adaptando reciprocamente. Acho que foi desafiante a experiência, acho que aprendemos todos muito, claro. Acho que o resultado final é um resultado que acomoda perfeitamente o que as pessoas pretendiam, essencialmente da sua integração. Alguns sócios mantiveram-se sócios da sociedade, outros não”, sublinhou.

A SRS Legal foi fundada em 1992, e nasceu da associação entre a Simmons & Simmons, a J&A Garrigues e a Pinheiro Neto. Todos os membros pertenciam ao Club de Abogados, com presença nos principais países europeus e da América Latina. Conta atualmente com 30 sócios, 120 advogados e cerca de 170 colaboradores.

Outros dos “casamentos” que existiu foi entre a Antas da Cunha Ecija, que resultou da fusão entre a espanhola Ecija e a Antas da Cunha & Associados em 2017, e a Vieira Advogados em 2020. Esta fusão permitiu que a sociedade liderada por Fernando Antas da Cunha estendesse os serviços ao Minho, fortalecendo assim a sua presença a norte, onde já possuía um escritório no Porto.

“Mais do que nós, serão os nossos clientes, os mais beneficiados com esta fusão. Tudo o que fazemos, todas as decisões que tomamos, é a pensar neles e na melhoria do serviço que lhes prestamos. Com eles do nosso lado, certamente atingiremos aquele que é o nosso maior objetivo para os próximos 5 anos: fazer parte do ‘top 10’ da advocacia portuguesa!”, referiu na altura Fernando Antas da Cunha.

A PRA é resultado também da fusão de três sociedades de advogados: Pedro Raposo & Associados, Sá Miranda & Associados e Almeida Correia, Ney da Costa & Associados. A consolidação dos projetos, o somatório das experiências, o aumento das competências e uma maior implantação territorial foram os aspetos que Pedro Raposo, presidente do conselho de administração, considerou que resultaram deste “casamento” e contribuíram para o crescimento da PRA.

Mas muitos outros casamentos marcaram o mercado da advocacia. Em 2004, a Vasconcelos, F. Sá Carneiro, Fontes & Associados fundiu-se com a Uría Menéndez e integrou, poucos anos depois, a Proença de Carvalho & Associados. Em 2012, a Rui Pena Arnaut & Associados concluiu o projeto de internacionalização quando concretizaram a fusão com a CMS; e em 2017 a firma portuguesa ABBC integrou-se na DLA Piper.

Já em 2021, a FCB deu um novo passo na sua internacionalização e passou a integrar a Eversheds Sutherland (Europe), começando a operar no mercado como Eversheds Sutherland FCB.

Cuatrecasas e SLCM juntas a partir do dia 1 de janeiro

O anúncio foi feito a 25 de outubro: a Cuatrecasas e a Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM) assinaram um acordo de integração. Mais uma fusão que veio marcar o mercado da advocacia portuguesa.

“Nós queríamos encontrar alguém que fosse compatível porque, para nós, temos uma sensação que a Cuatrecasas tem uma potência internacional instalada e que não nos podem escapar operações nem clientes internacionais. Mas o nosso foco foi também o mercado nacional. E a SLCM é uma referência em termos de qualidade de serviço. Tem uma clientela muito interessante de cariz nacional e que complementa muito a Cuatrecasas”, referiu Nuno Sá Carvalho, managing partner da Cuatrecasas.

A partir do dia 1 de janeiro que os profissionais da SLCM vão passar a exercer a sua atividade sob a estrutura e a marca Cuatrecasas. Ou seja, o escritório espanhol passa a contar, em Portugal, com uma equipa de mais de 250 pessoas, entre sócios, consultores, associados e profissionais da organização.

Na edição 141 da revista Advocatus, Nuno Sá Carvalho sublinhou que o terceiro desafio que enfrenta é o de acelerar o crescimento da firma em Portugal e, para tal, integraram a SLCM.

“Foi-se tornando para nós evidente que o crescimento que tínhamos tido nos últimos anos – orgânico, contínuo e sustentado -, não era suficiente para atingir as metas do nosso plano estratégico. Queríamos dar um importante salto em frente, mas não era para crescer a todo o custo. Tinha de ser salto de dimensão, sim, mas com foco nos aspetos qualitativos”, referiu.

Segundo os dois escritórios, este acordo vai “potenciar as valências das equipas de ambas” e reforçar o posicionamento da Cuatrecasas no mercado da prestação de serviços jurídicos em Portugal.

Assim, Luís Cortes Martins, até ao momento managing partner da SLCM, passa para o escritório espanhol enquanto senior partner e membro do Conselho de Administração.

Para o advogado, o acordo alcançado “é um novo marco na consolidação do mercado português de advocacia em que ambas as sociedades estão muito focadas na prestação de serviços de valor acrescentado, designadamente na área das empresas, e apostam na excelência, no talento jovem e na internacionalização como alavancas de crescimento”.

Recorde-se que esta não é a primeira fusão da Cuatrecasas. A sua entrada no mercado português ficou marcada pela integração do escritório Gonçalves Pereira, Castelo Branco & Associados na sua estrutura.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Integrações de escritórios são cada vez mais recorrentes. Objetivo? Fazer aumentar o negócio e faturação

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião