A Europa e o dragão

Se alguma coisa positiva se pode tirar desta história de dragões é a percepção generalizada de que a Liberdade é o valor mais precioso do ser humano, que nenhum estado, ideologia ou regime se pode, al

Em tempos de “cinzentismo” ideológico como o que se tem vivido desde o início do sec XXI na Europa e, também, em Portugal, grassou o politicamente correcto, o diálogo e a apologia do consenso… enfim, tudo o que faz de nós europeus civilizados e nos distingue dos “bárbaros” a leste” e dos “brutos” do outro lado do Atlântico.

Esta civilidade e sofisticação, aliadas às nossas peneiras europeias aristocráticas, permitiu-nos darmo-nos o luxo de não investir na nossa defesa, confiando que os “brutos” do oeste nos defenderiam ao abrigo da NATO (pois é essa a sua obrigação…) e, com essa verba poupada na defesa, comprar gás aos “bárbaros” de leste, mantendo assim “a plebe” mundial calma, satisfeita e agradecida por se poderem relacionar connosco, nobres e cada vez mais sofisticados europeus…

Tal como poucos planos militares sobrevivem ao primeiro contacto com o inimigo e grandes posturas diplomáticas não sobrevivem à exposição à realidade, a História nunca foi capaz de ensinar nada à humanidade. Mais uma vez, foi necessário um Reality Check para que a Europa percebesse que contos de fadas, princesas ingénuas e príncipes encantados só há nos livros e quando o malvado dragão está a solta, só vestindo a armadura, cerrando os punhos e afirmando- nos prontos para nos sujar é que se pode evitar que as labaredas saídas do seu vil nariz nos queimem… a nós e a tudo o que temos como garantido.

É que agora nem os “brutos” estão dispostos a sujar as mãos, nem os “bárbaros” se contentam em levar-nos o gás a casa. E chegamos aqui, à situação em que temos mesmo de arregaçar as mangas porque ninguém se vai por à frente do dragão por nós.

Curiosamente, o dragão conseguiu um feito extraordinário com a sua fúria incendiária. Num único fim de semana, transformou a velha senhora Europa numa ágil e forte guerreira capaz de se afirmar e lutar pelos seus filhos.

Mas fez mais, o dragão lançou um feitiço clarificador sobre a velha senhora Europa e, ao rejuvenesce-la com a sua poção mágica, tornou-a mais forte, ágil e decidida. Toda esta energia recém adquirida fê-la perceber que, na casa de família, ainda há quem defenda o dragão ou quem, pelo menos, ache que o filho é que foi mal comportado e merecia levar umas valentes bofetadas. Nenhuma mãe pode aceitar quem defenda a morte e o sofrimento dos seus filhos.

Se alguma coisa positiva se pode tirar desta história de dragões é a percepção generalizada de que a Liberdade é o valor mais precioso do ser humano, que nenhum estado, ideologia ou regime se pode, alguma vez, sobrepor a isso. Qualquer regime que não tenha por base a liberdade dos cidadãos está, mais cedo do que mais tarde, condenado ao fracasso. Tudo deverá ser feito para preservarmos esse bem!

Esperemos que, quando o dragão voltar derrotado para a sua caverna, a mãe Europa saiba aplicar um exemplar correctivo a quem, na sua casa, não se importou com o sofrimento de um dos seus filhos e achava que o dragão é que era o herói.

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