As ações são a melhor solução para investir no longo prazo
Nos últimos 100 anos, qualquer investimento que tenha sido realizado por período de 30 anos no mercado de ações rendeu, no mínimo, 7,8% ao ano.
O tempo é o melhor amigo dos investidores. Além de ajudar a curar os dores mais profundas (quedas momentâneas do mercado) e minguar a incertezas de curto prazo (volatilidade), tem a capacidade magistral de potenciar os ganhos (pelo efeito da capitalização do capital).
Esta máxima é espelhada pela evolução do principal índice acionista norte-americano (S&P 500), que agrega as 500 maiores empresas dos EUA ao longo dos últimos 100 anos.
Segundo dados recolhidos por Ben Carlson do A Wealth of Common Sense, um investimento no S&P 500 por um qualquer período de dez anos entre 1926 e 2023 gerou, na melhor das hipóteses, ganhos médios de 21,4% por ano (ocorreu entre 1949 e 1959). Em contrapartida, o pior desempenho registado em qualquer período de 10 anos no último século gerou perdas anuais médias de 5% por ano (como sucedeu no período que terminou no verão de 1939, após o período da Grande Depressão financeira de 1929).
No entanto, o único outro período a 10 anos no último século que o mercado apresentou perdas ocorreu logo após a explosão da bolha das dotcom na década e 2000, que contou ainda com os efeitos da crise financeira de 2008.
O poder do tempo nestas estatísticas é bem notório: além destes dois períodos muito particular (o primeiro que contou com a maior crise financeira de que há memória, e o segundo caso que contou com uma crise no início e outra no final), o tempo foi sempre capaz de sarar as perdas momentâneas dos mercados e revelou-se numa ferramenta essencial para alavancar e capitalizar os ganhos.
Mas ainda mais relevante para as contas de qualquer investidor que pretenda investir as suas poupanças no longo prazo é o efeito do tempo num horizonte temporal ainda mais extenso que 10 anos.
Se o prazo do investimento for estendido para um período de 30 anos, a rendibilidade mínima que um investidor teria alcançado no último século a investir no S&P 500 seria de 7,8% ao ano. Foi o que aconteceu, por exemplo, a todos aqueles que aplicaram as suas poupanças em setembro de 1926, pouco tempo antes do boom da década de 1920. Estes investidores, apesar de terem chegado a registar perdas de 80% do seu investimento durante um período, mesmo assim, em 1956, 30 anos depois, teriam acumulado ganhos de 850%.
Isto significa que, nos últimos 100 anos, na pior das hipóteses, qualquer investimento que tenha sido realizado por um período de 30 anos na bolsa ganhou, em média, 7,8% ao ano – e na melhor das hipóteses enriqueceu a um ritmo médio de 14,8% ao ano.
Os investidores nacionais são, por norma, avessos ao risco. Têm medo de perder dinheiro, de correr riscos com potenciais perdas mesmo que isso possa significar ganhos substanciais.
Por isso, não é de estranhar que os certificados de aforro, os depósitos a prazo, alguns produtos de “capital garantido” e os planos de poupança-reforma (PPR) mais defensivos sejam os instrumentos financeiros prediletos dos portugueses, independentemente dos objetivos e prazos de investimento estipulados, e mesmo que não raras vezes sejam incapazes de oferecer ganhos acima da inflação.
As ações, pelo contrário, continuam a ficar de fora das preferências dos investidores. Mesmo que o plano de investimento tenha um período temporal de médio e longo prazo, como é a construção de um complemento de reforma, e mesmo quando as estatísticas mostram a sua capacidade de gerar riqueza para os investidores.
De acordo com um estudo realizado pelos economistas Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton da London Business School em 2002 e atualizado todos os anos, que tomam como referência o desempenho de 35 mercados mundiais (o português incluído) durante 122 anos, as ações tendem a apresentar uma rendibilidade média anual de 5,3% acima da inflação. Nenhum outro ativo chega sequer perto.
É certo que “rendibilidades passadas não são garantias de ganhos futuros”, mas é claro como a água o efeito perverso e até ruinoso na carteira dos investidores que o “conservadorismo exacerbado” dos ativos de sempre gera num plano de investimento de longo prazo.
(Conteúdo integrante da edição de 13 de fevereiro da newsletter de finanças pessoais do ECO, Portefólio Perfeito, que pode subscrever neste link.)
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