Dia Internacional das Raparigas nas TIC – A Realidade & Futuro em Portugal
Não menos importante é o papel das empresas que podem impactar a promoção da igualdade de género, estabelecendo políticas de recrutamento e promoção justas e inclusivas.
A celebração do Dia das Raparigas nas TIC é uma ótima oportunidade para chamar a atenção, mais uma vez, para o estado atual da igualdade de género no setor de tecnologia em Portugal. Embora as mulheres estejam cada vez mais presentes na área de TI, a igualdade de género ainda é uma realidade longe de ideal e que implicará um trabalho contínuo para os próximos anos.
De acordo com um relatório publicado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal em 2020, as mulheres representam apenas cerca de um terço da força de trabalho de TI em Portugal. Além disso, as mulheres estão subrepresentadas em cargos de liderança na indústria de tecnologia, com apenas cerca de 22% dos cargos de gestão de TI em empresas portuguesas ocupados por mulheres.
Tudo isto significa que as mulheres ainda enfrentam muitos desafios no setor de tecnologia, incluindo a falta de modelos femininos e mentores, estereótipos de género e discriminação de género. Além disso, a falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e a falta de flexibilidade no trabalho também podem dificultar a retenção de mulheres na indústria — estes são apenas alguns pontos que realçam a desigualdade e que mostram ainda o longo caminho que deve ser percorrido.
O que nos leva a outro ponto relevante: se ainda há tanto caminho a percorrer para que as mulheres presentes no mundo tech possam ter um maior reconhecimento (a todos os níveis), o que pode ser feito para garantir que mais jovens continuam a optar por tecnologia como o caminho a seguir?
Partilho algumas sugestões que a minha experiência no meio me tem indicado:
Em primeiro lugar, é importante combater estereótipos de género em relação ao que é considerado “adequado” para meninas e meninos. Devemos incentivar as raparigas a explorar as suas capacidades em áreas de tecnologia e ciência, e a descobrir que essas áreas são tão adequadas para elas como para os rapazes.
Além disso, é necessário fornecer mais acesso e educação em tecnologia para as raparigas, desde a educação primária até ao ensino superior. Isso pode incluir, a título de exemplo, programas de educação em tecnologia específicos para raparigas, bolsas de estudo e apoio financeiro para as famílias.
Também é importante promover modelos femininos e mentoras na indústria tecnológica, de modo inspirar e orientar as raparigas em tech. Não menos importante é o papel das empresas que podem impactar a promoção da igualdade de género, estabelecendo políticas de recrutamento e promoção justas e inclusivas e proporcionando ambientes de trabalho acolhedores e flexíveis.
Por último, é necessário promover eventos e iniciativas que inspirem e incentivem as raparigas a seguir carreiras em tecnologia. O Dia das Raparigas nas TIC é um exemplo importante deste tipo de iniciativa, que pode ajudar a aumentar a visibilidade e a conscientização sobre a necessidade de igualdade de género na indústria de tecnologia.
Em resumo, para ter mais raparigas a optar pelo setor da tecnologia em Portugal, é preciso trabalhar em conjunto para superar estereótipos de género, fornecer acesso a educação e orientação, promover modelos femininos e mentoras, e criar um ambiente de trabalho inclusivo e acolhedor para todas as pessoas que dele façam parte.
Se olharmos para estas sugestões, de forma objetiva, facilmente as simplificamos em três pilares: acesso (a oportunidades), conhecimento (que mentoras podem facilitar) e reforço (por parte das empresas relativamente a como ter mulheres em tech impacta, para melhor, o ecossistema e os resultados que dele surgem).
O Dia das Raparigas nas TIC é um ótimo lembrete da necessidade contínua de esforços para garantir que o setor de tecnologia seja cada vez mais um espaço equitativo e inclusivo para todos.
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Liliana Castro, Co-Fundadora da Portuguese Women in Tech.
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