Gerir recursos à moda antiga. É na circularidade que está o ganho!
Estima-se que 45% das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE) e 90% da perda da biodiversidade derivam do modelo de produção e consumo linear.
Os atuais padrões de produção e consumo estão a tornar-se insustentáveis para o planeta. Estima-se que 45% das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE) e 90% da perda da biodiversidade derivam do modelo de produção e consumo linear.
Torna-se, por esta razão, urgente pôr fim à prática de ‘extrair-produzir-usar-descartar’.
Grande parte de nós já ouviu falar da política dos 3Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Mas quantos de nós já a pôs verdadeiramente em prática? Refletir sobre como podemos reduzir o nosso consumo é um passo importante. Um pequeno exemplo: se recuperarmos a tradição antiga de levar-se o saco de pano do pão à padaria ou ao supermercado, estamos a reduzir substancialmente o impacte ambiental associado à produção de sacos de plástico e/ou papel.
Não menos importante é também ‘reutilizar e reciclar’ os produtos que consumimos. Se, por um lado, as gerações mais antigas punham realmente em prática a reutilização, por outro, foi necessário mostrar-lhes que há vida também na reciclagem. As gerações mais novas dominam já as cores dos ecopontos, mas têm ainda um caminho a trilhar no sentido de usar e voltar a usar, prolongando o ciclo de vida dos produtos e levando a sério esta circularidade.
Para exemplificar, falemos dos idos anos 90. Muitas vezes era necessário colocar os resíduos para triagem, dentro do carro e percorrer 10 kms para encontrar um ecoponto ou uma estação de tratamento para reciclagem. Sim, esta era a nossa realidade! Hoje, felizmente, é já uma imagem distante e atualmente em Portugal existem mais de 45 mil ecopontos*. São boas notícias, contudo, é importante também lembrar que, nalguns locais mais isolados do País, os ecopontos ainda escasseiam.
Mas, a parte melhor desta circularidade é sabermos que em 1991 apenas 0,3% dos resíduos era recolhido de forma seletiva e que em 2022 este número disparou para 23%. Por outro lado, entristece-nos constatar que destes 23%, somente 8,1% é reciclado**.
Sim, há ainda um caminho longo… Por isso, é elementar que as empresas atualizem os seus modelos de negócio e não adiem mais as políticas de sustentabilidade, assim como é fundamental os governantes colocaram o tema na agenda – de modo sério! – bem como a sociedade civil deve ter esta máxima como primordial, na sua economia doméstica e no seu dia a dia.
É também tempo de as empresas repensarem o seu modelo de negócio. A nova diretiva de reporte corporativo de sustentabilidade (CSRD) vem definir esta mudança de paradigma de uma economia linear para uma economia circular, obrigando as empresas a reportar o seu desempenho em termos de (re)utilização de recursos em toda a sua cadeia de valor.
As empresas que mais rapidamente transitarem para o modelo de economia circular poderão vir a descobrir que é na circularidade que está o ganho, uma oportunidade de criação de valor, que se estima que, na Europa, possa vir a oferecer um benefício económico líquido de 1,8 biliões de euros até 2030.
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