O trabalho pós-pandemia: modelos híbridos e digital
De forma cada vez mais corrente, as empresas estão a planear uma nova combinação entre trabalho remoto e presencial, através de modelos virtuais híbridos.
Há uma tendência, pelo menos, que parece começar a sedimentar-se, quanto à futura organização das entidades produtivas: o teletrabalho híbrido. De forma cada vez mais corrente, as empresas estão a planear uma nova combinação entre trabalho remoto e presencial, através de modelos virtuais híbridos, em que alguns colaboradores trabalham nas instalações da empresa, enquanto outros trabalham a partir de casa, alternando-se nalguns dias da semana.
Muito se tem dito e escrito sobre o Futuro do Trabalho e das organizações empresariais, quanto à gestão dos respetivos recursos humanos.
O Futuro do Trabalho tem sido debatido por diversas instâncias internacionais e à escala nacional. A nível internacional, tem merecido a atenção da Organização Internacional do Trabalho, da OCDE, da União Europeia ou mesmo do Banco Mundial. À escala nacional, tem sido objeto de amplo debate político, tem justificado uma “corrida à proposta legislativa” e tem sido abordado pelo Governo, que está a ultimar o seu Livro Verde Sobre o Futuro do Trabalho.
O trabalho remoto faz obviamente parte dessa equação. Mas as alterações que se anteveem envolvem, também, uma diferente cultura empresarial, assente em modelos híbridos e na capacitação digital especializada.
Quanto ao trabalho remoto, a massificação do teletrabalho, por força da pandemia, evidenciou as suas vantagens e desvantagens. De um lado, a autonomia de quem trabalha, a redução de tempo de deslocação casa-trabalho, a possibilidade de oferta de mão-de-obra perante empresas geograficamente distantes e a conciliação entre a vida privada e familiar. Pela negativa, evidenciaram-se os efeitos nefastos do isolamento, o trabalho para além do horário normal, a conectividade excessiva, a violação da privacidade do trabalhador e do seu agregado familiar, bem como questões associadas às despesas de consumo energético e à ausência de regras claras em matéria de segurança e saúde no trabalho.
Seja como for, o trabalho remoto terá vindo para ficar.
O que tem sido destacado, no essencial, é que se conseguirmos capitalizar as vantagens do teletrabalho e minimizar as suas desvantagens, podemos ter empregos de mais qualidade e garantir níveis de produtividade e de conciliação da vida profissional e pessoal mais eficazes. E podemos ter, também, sociedades com mais coesão territorial, mais emprego nas zonas rurais, mais oportunidades para pessoas deficientes e com capacidade de trabalho reduzida, mais digitalização e menos emissão de CO2.
O teletrabalho pode, em suma, fora do contexto pandémico e com os filhos a frequentar normalmente as escolas, ser globalmente positivo. E Portugal – que foi o primeiro país da União Europeia a consagrar o teletrabalho no seu Código do Trabalho (em 2003) – não deve perder esta oportunidade.
A este propósito, há uma tendência, pelo menos, que parece começar a sedimentar-se, quanto à futura organização das entidades produtivas: o teletrabalho híbrido.
De forma cada vez mais corrente, as empresas estão a planear uma nova combinação entre trabalho remoto e presencial, através de modelos virtuais híbridos, em que alguns colaboradores trabalham nas instalações da empresa, enquanto outros trabalham a partir de casa, alternando-se nalguns dias da semana. Este novo modelo garante melhor balanço entre a vida familiar e profissional; previne o isolamento e problemas de ordem psicológica; mantém o trabalho em grupo e a criatividade dele decorrente.
Mais do que optar por um sistema de exclusividade, as empresas que não dependem do contacto presencial com os seus clientes, nem de trabalho físico presencial, podem apostar num modelo híbrido e flexível.
Este modelo, aliado à aposta na formação em matéria de digitalização, e-commerce e utilização de novas tecnologias, pode criar uma nova cultura empresarial.
Repensar a organização pós-pandémica é olhar para estas pequenas-grandes oportunidades. Por um lado, moldar o modelo híbrido que melhor se adequa a cada empresa. Por outro lado, promover uma nova cultura partilhada que aposta na capacitação digital de todos os trabalhadores e no seu sentimento de pertença a uma instituição, quer estes trabalhem presencialmente, remotamente ou de forma combinada.
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